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AS DUAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CELULARES REVERSÍVEIS SÃO:

1. TUMEFAÇÃO CELULAR

2. DEGENERAÇÃO GORDUROSA
AS DUAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CELULARES REVERSÍVEIS SÃO:

1. TUMEFAÇÃO CELULAR – é resultado da falência das bombas de íons


na membrana plasmática, dependentes de energia, levando a uma
incapacidade de manter a homeostase iônica e de fluido;
• É a primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular;
• Quando afeta muitas células de um órgão, causa alguma palidez e
aumento do turgor e do peso do órgão;
• Em microscopia pode revelar vacúolos pequenos e claros no
citoplasma (segmentos distendidos e separados do RE). Não é letal e
designa-se por degeneração hidrópica ou degeneração vacuolar.
AS DUAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CELULARES REVERSÍVEIS SÃO:

2. DEGENERAÇÃO GORDUROSA – ocorre na lesão hipóxica e em várias


formas de lesão metabólica ou tóxica e manifesta-se pelo surgimento de
vacúolos lipídicos, grandes ou pequenos, no citoplasma;
• Esta ocorre sobretudo em células envolvidas e dependentes do
metabolismo de gordura (ex.: hepatócitos e miócitos);
• As células lesadas podem exibir uma coloração eosinofílica que se
torna muito mais pronunciada com a progressão para necrose.
FIBRAS MUSCULARES
CARDÍACAS SECCIONADAS
LONGITUDINALMENTE

FIBRAS MUSCULARES CARDÍACAS


SECCIONADAS
TRANSVERSALMENTE
ALTERAÇÕES CELULARES REVERSÍVEIS

• Gerada pela fosforilação oxidativa que ocorre


Energia do na mitocôndria dependente de O2
ATP

Controle do volume
celular normal e
• Para cada 1 ATP, saem 3 Na e entram 2 K mecanismos de
Funcionamento
da bomba de
tumefação celular
Na/K
aguda

• A água se move de fora para dentro da célula,


Gradiente de
pela p osmótica produzida pela presença de
concentração PTN e Na intracelular
Consequências da
entrada de cálcio
na célula
Geração de radicais livres

NEUTRALIZAÇÃO DOS RADICAIS LIVRES –


LESÃO CELULAR POR RADICAIS LIVRES
SEM LESÃO CELULAR
Alterações celulares reversíveis
1. TUMEFAÇÃO CELULAR, DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA (BALONOSA, VESICULAR,
VACUOLAR)

✓Macroscopia: palidez, tumefação do órgão.

✓Microscopia: diluição do citoplasma, dilatação de organelas.

✓ Localização mais comum: endotélio, epitélio, pneumócitos, células epiteliais dos


túbulos renais, neurônios e células da glia

EXEMPLOS:

Febre aftosa, mixomatose, intoxicação por Palicourea marcgravii, indigestão por


sobrecarga do rúmen
TUMEFAÇÃO CELULAR
AGUDA NORMAL Degeneração balonosa, estomatite
papular, mucosa oral, vaca

O acentuado padrão lobular


e a palidez discreta no
fígado da esquerda são
resultados da tumefação
celular aguda (degeneração
hidrópica) e necrose de
hepatócitos centrolobulares.

Enquanto nas áreas


Células infectadas por alguns tipos de vírus,
centrolobulares (à direita)
como o vírus da estomatite papular, são
vários hepatócitos estão
incapazes de regular seu volume e, em certos
necrosados, na interface do
estágios da infecção, sofrem tumefação. Essas
tecido normal e necrosado
células podem se tornar muito grandes
(setas) diversas células
(degeneração balonosa) e eventualmente
ainda estão sofrendo
romper. Algumas delas possuem corpos de
tumefação celular aguda
inclusão viral (setas). Coloração H&E
(degeneração hidrópica).
Coloração H&E.
McGavin – Bases da Patologia Veterinária
FEBRE AFTOSA
A úlcera na mucosa do coxim dental superior que começam como
vesículas preenchidas por fluido, que se rompem, geralmente por
traumas à mastigação ou à preensão. observadas em todas as mucosas
do corpo, incluindo o coxim dental, a língua, a gengiva, as bandas
coronárias e os tetos.

A patogênese e os mecanismos de lesão na febre aftosa de bovinos e suínos (menos


comumente em ovinos e caprinos) provavelmente são similares àqueles observados na
doença vesicular suína e no exantema vesicular dos suínos. Em resumo, o vírus entra
em contato com as células-alvo por inalação ou ingestão, estabelece uma infecção local
na mucosa oronasofaríngea, especialmente da tonsila, e nas células linfoides,
A mucosa apresenta um grande foco de uma vesícula
macrófagos e células dendríticas da submucosa, dissemina-se pelos vasos linfáticos até
os linfonodos regionais, para manter e amplificar a infecção, e, então, se dissemina prévia, que agora é parcialmente preenchida por edema,
sistemicamente, infectando, replicando e lisando as células epiteliais do estrato fibrina, debris celulares e células inflamatórias agudas,
esponjoso da mucosa e da pele, formando vesículas (Fig. 4-40). As proteínas do formando uma pústula. Coloração H&E.
capsídeo usadas pelo vírus em sua adesão e ligação às células-alvo do hospedeiro
parecem incluir VP1-4, usando as α-integrinas (Vβ1, Vβ3 e Vβ6) expressas pelas células
McGavin – Bases da Patologia Veterinária
do hospedeiro como receptores.
MIXOMATOSE Lebre ibérica com lesões compatíveis com mixomatose. (A) Blefarite e
conjuntivite com secreção seropurulenta. (B) Mixomas na base da
orelha esquerda (setas).

profa. Marilene Brito - UFRRJ

(C) Acantose* severa da pele palpebral, com hiperceratose. (D)


Degeneração em balão das células epidérmicas e corpos de inclusão
eosinofílica intracitoplasmática na pele da pálpebra (pontas de seta).
*espessamento do estrato espinhoso (pele).
Genetic characterization of a recombinant myxoma virus leap into the Iberian hare (Lepus
granatensis) April 2019. DOI: 10.1101/624338 License CC BY-ND 4.0
A PATOGÊNESE DA MIXOMATOSE NODULAR.

No local da inoculação (A), a replicação viral ocorre


primeiro nas células da epiderme periférica e, a
seguir, nas células mais profundas da derme (B). Isso
inicialmente induz apenas uma inflamação primária
leve e atrai principalmente neutrófilos nos primeiros
momentos. As células residentes do Complexo
Principal de Histocompatibilidade 2 (MHC-2) positivas,
como as células de Langerhans, também são
infectadas (C). Quando essas células migram para o
linfonodo de drenagem para apresentar epítopos virais
na zona de células T, elas também trafegam vírus vivos
e os linfócitos também são infectados com MYXV (D).
Isso resulta em morte celular disseminada na zona de
células T de muitos órgãos linfoides e também permite
que MYXV se espalhe de uma maneira associada a
células quando esses linfócitos T infectados migram
através do sangue e da circulação reticuloendotelial.
Uma vez no sangue e na linfa, o MYXV se espalha por
meio de leucócitos infectados para diferentes órgãos,
como fígado, baço, outros nódulos linfáticos
distantes, testículos e epiderme (E). A replicação do
MYXV nesses órgãos induz um forte influxo de células
polimorfonucleares (PMN) e na pele são formadas
lesões secundárias que contêm altos títulos virais,
favorecendo a disseminação com sucesso por vetores
Spiesschaert et al. Veterinary Research 2011, 42:76 http://www.veterinaryresearch.org/content/42/1/76 mecânicos (F).
A ingestão da P. Marcgravii é a terceira causa mais comum de morte em bovinos,
perdendo apenas para o botulismo e para a raiva no Brasil (BARBOSA 2004).
Do grupo das plantas que causam “morte súbita”, isto é, uma intoxicação que se caracteriza
por evolução geralmente superaguda. Para bovinos geralmente é de 1 a 10 minutos, no
máximo até 85 minutos (TOKARNIA & DÖBEREINER, 1986).
Possui Ácido Monofluoracético (MA) que age se ligando à acetil coenzima A, formando o
fluoroacetilCoA, que por sua vez, substitui a acetilCoA no ciclo de Krebs e reage com
citratosintase, produzindo o fluorocitrato. O fluorocitrato é o metabólito ativo do MA e
responsável pelo bloqueio da aconitase, impedindo a conversão do citrato em isocitrato.
Consequentemente há o acúmulo de citrato e lactato nos tecidos corpóreos
ocasionando efeitos cardiotóxicos e neurotóxicos em bovinos, ovinos, equinos, caprinos,
culminando em morte. Combinado ao cálcio pode levar a hipocalcemia e agravar os sinais
clínicos da intoxicação.
(https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/67/o/dissertacao_05_03_16_(1).pdf)

Intoxiccação
por Palicourea
marcgravii
A lesão renal típica de envenenamento por P.
marcgravii áreas multifocais de degeneração
hidrópica vacuolar de células do túbulo
contorcido distal com picnose nuclear (setas). Tropical Animal Health and Production (2020) 52:3527–3535. https://doi.org/10.1007/s11250-020-02388-2
Acidose ruminal

Epitélio ruminal com degeneração hidrópica e necrose de


ceratinócitos com úlcera focalmente extensa e intenso
infiltrado neutrofílico. Observa-se ainda despren-dimento
da camada mucosa do órgão. HE. 10X.

https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/67/o/Antonio_Dionisio_Feitosa.pdf
O fígado realiza muitas funções
importantes, incluindo as seguintes:
• Metabolismo da bilirrubina
• Metabolismo dos ácidos biliares
• Metabolismo dos carboidratos
• Metabolismo lipídico
• Metabolismo dos xenobióticos
• Síntese das proteínas
• Função imunológica
As gorduras ingeridas na alimentação

No intestino são hidrolisadas em ácidos graxos e glicerol

vão ao fígado via sistema porta e inicam os processos de

Mas, os ácidos graxos podem ser oriundos também de depósitos de gordura do organismo.

Em todos estes processos metabólicos, é essencial o fornecimento de ATP como fonte


de energia pela mitocôndria assim como o fornecimento de O2 à célula e à
mitocôndria.
Qualquer desequilíbrio levam à degeneração gordurosa.
No centro, o lóbulo tem uma
veia central que é um afluente
da veia hepática; e, nos
ângulos do hexágono,
apresenta os tratos portais.

Os tratos portais contêm


ductos biliares, ramos
da veia porta, artéria
hepática, nervos e vasos
linfáticos, todos
sustentados por um
SUBUNIDADE FUNCIONAL CLÁSSICA estroma colagenoso.
DO FÍGADO, O LÓBULO HEPÁTICO É
UMA ESTRUTURA HEXAGONAL COM
LARGURA DE 1 A 2 MM.
Veia
Central
Células de hepática
Kupffer

O sangue flui para os sinusoides vindo


Cordões de dos ramos terminais de distribuição da
hepatócitos artéria hepática e das veias portais que
deixam os tratos portais e formam um
Sinusóides perímetro externo do lóbulo. O sangue
portal e o sangue arterial hepático
misturam-se nos sinusoides. O sangue é
Canalículos
biliares drenado dos sinusoides para as veias
centrais e para as veias sublobulares
Ramo da progressivamente maiores, e então para as
artéria veias
hepática hepáticas.
Duto biliar

Veia portal
hepática
Veia porta,
artéria hepática
e duto biliar

Veia central
ou centro
lobular
Alterações celulares reversíveis
2. DEGENERAÇÃO GORDUROSA (esteatose hepática):

➢ Acúmulo de triglicerídeos e outros metabólitos lipídicos dentro de células de


órgãos parenquimatosos

➢ Pode ocorrer no miocárdio, músculo esquelético e rins, mas o mais comum é


no fígado

➢ MACROSCOPIA aumentados, amarelados, macios, friáveis, bordos arredondados, ao corte


a textura é gordurosa ou untuosa

➢ MICROSCOPIA Padrão centrolobular e perilobular

Corte de congelação (ou fixação em ósmio)

Coloração: Sudam III e Red Oil Red O

OBS: Infiltração gordurosa será usada para designar o aparecimento de células adiposas num tecido onde elas
normalmente não são encontradas
Esteatose hepática
Macroscopicamente, estão
aumentados, amarelados,
macios, friáveis, e os bordos dos
lobos são arredondados e largos
em vez de afilados e planos.
Quando cortados, a superfície
de corte pode sofrer protusão, e
o parênquima hepático é macio,
friável e apresenta textura
Fígado untuosa devido ao lipídio dentro
dos hepatócitos.

Além disso, um corte


transversal de 1 cm de
espessura de um lobo hepático
pode flutuar no formol,
indicando a presença de lipídios
no interior dos hepatócitos.
Fígado Pulmão

É importante diferenciar essas lesões macroscópicas


daquelas presentes em hepatopatias por glicocorticoides
(esteroides) em cães. O fígado na hepatopatia por
glicocorticoides também fica aumentado e apresenta as
bordas arredondadas, mas apresenta coloração que tende
do bege-claro a marrom-esbranquiçado; é firme e não
untuoso. Os fragmentos cortados não flutuam no formol.
Essas lesões macroscópicas se devem ao acúmulo de
glicogênio e água no citoplasma dos hepatócitos
(A cortesia de Dr. M.A. Wallig, College of Veterinary Medicine, University of Illinois. B cortesia de
Dr. J. M. Cullen, College of Veterinary Medicine, North Carolina State University.) McGavin,
Mecanismos Gerais
 desequilíbrio entre a produção e liberação de substâncias

Metabolismo
anormal

Célula normal Acúmulo de gordura


Cordões de hepatócitos Cordões de hepatócitos com
normais degeneração gordurosa
Sudam IV

A gordura é identificada pela coloração com Sudan IV ou Oil Red O (coram a


gordura em vermelho-alaranjado). Os corantes de gordura, que são soluções
alcoólicas de corantes solúveis em gordura, incluem Sudan III, Scharlach R e
Oil-RedO.
Na intoxicação por
tetracloreto de carbono, a
célula pode evoluir
diretamente para necrose
ou pode sofrer apenas
degeneração gordurosa
METABOLISMO NORMAL DA GORDURA

➢ As gorduras chegam ao fígado sob a forma de ácidos graxos (AG) livres:

✓ Liberadas da célula adiposa

✓ Livres ou já ressintetizadas em triglicerídeos (quilomícron) no retículo

endoplasmático das células intestinais, a partir da absorção.


CAPTAÇÃO
1. Excesso
de AGL da
dieta ou C
armazenado
A
T
2. Diminuição A
da oxidação B
ou uso de
O
AGL
L
I
3. Síntese S
deficiente M
de 4. Problemas na O
apoproteína combinação de
triglicerídeos com
5. Liberação apoproteínas
deficiente de
lipoproteinas
dos
hepatócitos SECREÇÃO (Modificado de Kumar V, Abbas A, Fausto N, et al: Robbins & Cotran
pathologic basis of disease, ed 8, Philadelphia, 2009, Saunders.)
METABOLISMO NORMAL DA GORDURA

Em todos estes processos metabólicos, é essencial o fornecimento

de ATP como fonte de energia pela mitocôndria assim como o

fornecimento de O2 à célula e à mitocôndria.

Qualquer desequilíbrio entre a síntese e consequente acúmulo

intracelular de gordura e sua oxidação ou liberação pela célula levam à

degeneração gordurosa.

Isto pode ocorrer por vários mecanismos, descritos a seguir.


CAUSAS DE DEGENERAÇÃO GORDUROSA
1- Oferta excessiva de ácidos graxos ao fígado
cães diabéticos
bovinos com cetose
gansos superalimentados
toxemia da prenhez em ovelhas.
2 - Síntese excessiva de triglicerídeos
No homem, após a ingestão de álcool.
3 - Decréscimo na oxidação dos AGs
Cofatores como a carnitina, toxinas bacterianas
CCl4 (tetracloreto de carbono), Hipóxia
Hepatócitos das regiões centrolobulares
4 - Falta de PTN na dieta
5 - Distúrbio na combinação de Lipídios com PTN
Animais caquéticos
Jejum prolongado
Deficiência de cobalto (emagrecimento, perda de apetite)
6 - Interferência na liberação de lipoproteínas pelo hepatócito.
TOXEMIA DA PRENHEZ

Déficit energético

Aumento da mobilização de
energia do tecido adiposo

Degeneração gordurosa
CETOSE

Início da
lactação

Alta produção
leiteira

Mobilização de
lipídios

Degeneração
gordurosa

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