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OP=44
Silvina Santana
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Integração Social por Teletrabalho http://portal.ua.pt/projectos/ist/obra11/default4.asp?OP=44
Teletrabalho e incapacidade
Metodologia de recolha e
análise de dados
Conclusões e recomendações
Referências
3.Teletrabalho e incapacidade
Um grupo que tem sido apontado como potencial beneficiário da adopção do teletrabalho é
o constituído pelas pessoas que, por uma razão ou outra, estão relativamente 'amarrados à
casa', nomeadamente, as pessoas física, psicológica ou mentalmente incapacitadas. Os
benefícios que tal modalidade de trabalho pode trazer aos incapacitados têm sido utilizados
como um argumento de peso no apoio ao seu desenvolvimento mas, na prática, o assunto
tem sido pouco investigado.
3.1.Definindo incapacidade
Algumas 'deficiências' são mais visíveis, mais debilitantes ou mais mal compreendidas do que
outras. Mesmo dentro de uma mesma categoria pode existir uma grande variação de pessoa
para pessoa, por exemplo, ao nível da dependência em relação a terceiros que a doença
acarreta ou do tipo de trabalho que permite efectuar. Por outro lado, uma mesma
incapacidade pode manifestar-se de formas muito diversas: para alguns, a artrite traduz-se
em dificuldades em permanecer de pé enquanto a outros impede estarem sentados por
longos períodos de tempo.
Em certas doenças como a epilepsia e a diabetes, os sintomas visíveis podem não existir e a
pessoa pode parecer perfeitamente saudável e capaz de trabalhar. Os indivíduos nestas
situações podem executar uma grande variedade de tarefas sem necessidade de proceder a
qualquer tipo de modificações. No entanto, confrontados com este tipo de situações,
nomeadamente, no caso da epilepsia, alguns empregadores acabam por lhes recusar
emprego, argumentado que podem por em risco quer a sua vida quer a de terceiros.
Por outro lado, certas doenças apresentam um carácter evolutivo, em que as capacidades se
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vão deteriorando ao longo de um período de tempo mais ou menos longo e de duração mais
ou menos imprevisível. Levando a catalogação ao extremo, pode mesmo dizer-se que esta é
a situação em que se encontram muitos trabalhadores de idade mais avançada, os quais, a
partir de determinada altura da sua vida, começam a experimentar problemas de saúde que
lhes dificultam, por exemplo, a movimentação ou a permanência em determinadas posições
ou ambientes por períodos longos de tempo.
3.1.3.Tipos de incapacidade
· comunicação
· mobilidade
· destreza e movimento
· continuidade e velocidade
A difusão alargada do teletrabalho está longe de ter acontecido. A fazer fé nas conclusões
de programas levados a cabo em diferentes países europeus, como o AVISE, também não se
pode afirmar que o teletrabalho está a oferecer novas oportunidades de trabalho às pessoas
portadoras de incapacidade. Existem experiências em curso mas numa escala reduzida.
Ora a passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade baseada nos serviços
implica o advento de uma nova forma de produtividade, focada no valor acrescentado por
cada implicado e não tanto no volume produzido. É, pois, de esperar que, ao
teletrabalhador do futuro, sejam exigidos mais qualificações, maior sentido de
responsabilidade, mais autonomia e maior capacidade de adaptação. Posto isto, parece
evidente que certas pessoas se encontrarão melhor preparadas para teletrabalhar e para
disso tirar partido. Nomeadamente, as pessoas com altos níveis de escolaridade e muito
motivadas poderão ter bastante mais facilidade em se adaptarem às novas condições de
trabalho. Pessoas desfavorecidas, como os desempregados de longa duração ou aqueles que
possuem poucas qualificações ou que não puderam ou souberam actualizá-las, sejam ou não
portadores de incapacidade, experimentarão sérias dificuldades no acesso ao trabalho,
designadamente, ao teletrabalho (Milpied et al., 1996a).
Os problemas específicos dos incapacitados e o seu mais baixo nível de qualificação médio,
quando comparados com o grosso da população activa, a falta de conhecimentos na área da
promoção de capacidades e da procura de encomendas e a não consciencialização atempada
para o problema e a aparente falta de interesse e de necessidade das empresas, apostadas
em assegurar a viabilidade e a sobrevivência em mercados altamente competitivos, leva a
questionar que tipo de oportunidades reais de trabalho para as pessoas portadoras de
incapacidade poderão ser encontradas no futuro e até que ponto o teletrabalho significa
uma mudança na diversidade e na qualidade das opções disponíveis.
Como revela um estudo canadiano, o mercado de trabalho parece ter falta de receptividade
em relação às pessoas portadoras de incapacidade (Lapoint et al., 1998). Este facto acontece
mesmo quando o nível de escolaridade dos incapacitados é semelhante ao da generalidade
da população activa e acentua-se com a idade dos trabalhadores.
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Na Inglaterra, desde 1944 que o governo recomenda às empresas com vinte ou mais
trabalhadores que mantenham uma quota de 3% de incapacitados oficialmente registados na
sua força de trabalho. No entanto, como muitas pessoas nestas circunstâncias não estão
registados, muitas vezes porque não se vêem como deficientes ou não querem ser
catalogadas como tal ou porque desconhecem a existência de programas ou benefícios que
lhes são dedicados, a sua contratação não pode ser utilizada para o preenchimento dessa
quota, tornando o esquema pouco eficiente. Por outro lado, vários autores têm chamado a
atenção para o facto de o início da actividade laboral poder significar a perda da pensão de
invalidez e de outros benefícios para o deficiente, perda que não é, por norma, compensada
com o salário auferido pelo trabalho, ou teletrabalho, efectuado. Assim, o desenvolvimento
de medidas de enquadramento e apoio por parte das entidades públicas responsáveis parece
de vital importância (BT Laboratories, 1991).
· o sector institucional;
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A incapacidade deve ser avaliada em termo das tarefas a serem efectuadas, uma vez que
determinada condição pode ter pouco ou nenhum efeito na capacidade da pessoa para
executar determinado trabalho mas apresentar-se como um obstáculo intransponível à
realização de outro.
O teletrabalhador a partir de casa, pelo contrário, tem um controlo total sobre o seu
ambiente. Num telecentro pensado para ser utilizado por portadores de deficiência, estes
problemas podem ser levantados e resolvidos desde o início, havendo, em princípio, maior
disponibilidade para solucionar os que vão entretanto surgindo.
· Ritmo de trabalho
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O teletrabalho oferece vantagens óbvias neste campo, uma vez que permite ao incapacitado
organizar as tarefas de acordo com as suas condições de saúde, programar melhor eventuais
tratamentos médicos e encaixar as necessárias acções de formação. Por seu turno, a
possibilidade de o empregador oferecer condições adequadas ao teletrabalhador
incapacitado depende muito da natureza do trabalho.
3.3.2.Oportunidades de trabalho
De acordo com os resultados das investigações levadas a cabo no âmbito do projecto AVISE,
o processamento de texto, a preparação de relatórios, a publicação assistida por
computador, a programação, a entrada de dados e o desenho assistido por computador são
os serviços prestados em regime de teletrabalho que se encontram mais divulgados. O leque
encontrado inclui, ainda, o planeamento financeiro, a tradução, as tele-vendas, o
tele-marketing, a tele-informação, a tele-manutenção, o tele-treino, a contabilidade e a
aceitação de encomendas (Milpied et al., 1996b; Milpied et al., 1996c).
De um modo geral, muitas das iniciativas são implementadas sem que sejam efectuados
quaisquer tipo de estudos de mercado e de viabilidade. Sem noção das necessidades
presentes e futuras do mercado e dos problemas a enfrentar e sem capacidade de marketing
e de promoção dos serviços oferecidos, muitos centros acabam por enfrentar sérios
problemas financeiros (Milpied et al., 1996c).
3.3.3.Organização do trabalho
No caso de um telecentro, o que acaba por emergir é uma forma de organização mais ou
menos tradicional, em que existe um responsável e vários trabalhadores. Como, geralmente,
são unidades de pequena dimensão, estes centros não apresentam muitos dos problemas das
grandes empresas.
No que respeita ao teletrabalho a partir de casa, o facto que emerge com mais veemência é
o reduzido contacto físico entre alguns teletrabalhadores e respectivos colegas e
empregadores. Outros recebem visitas regulares de colegas e de clientes, que lhes fornecem
instruções e resolvem problemas técnicos relacionados com o trabalho. Todos os
teletrabalhadores entrevistados em França realçaram a flexibilidade dada pelo trabalho em
casa e o modo como lhes permite gerir os problemas de saúde (Milpied et al., 1996c).
Com base na revisão bibliográfica efectuada, nomeadamente, dos estudos levados a cabo no
âmbito dos projectos AVISE e Emploi-ACCÈS, elaboraram-se os seguintes quadros, que
sintetizam as vantagens e desvantagens/limites do teletrabalho, na opinião das diversas
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Algumas das desvantagens podem ser atenuadas ou ultrapassadas pelo recurso ao trabalho a
partir de telecentros. Para alguns dos intervenientes no processo, designadamente,
associações de pessoas portadoras de deficiência, esta alternativa traz diversas vantagens.
De acordo com os resultados dos estudos efectuados em França, muitas destas associações,
activamente envolvidas e extremamente empenhadas em encontrar soluções válidas para
todo o tipo de incapacidade, demonstram grandes reservas em relação ao teletrabalho e
estão preocupadas com os aspectos psico-sociais (integração do portador de incapacidade no
ambiente de trabalho normal), económicos (obtenção de mercados permanentes e
rentáveis) e organizacionais. A experiência obtida no terreno leva-as, agora, a preterir o
teletrabalho a partir de casa em favor do teletrabalho efectuado em telecentros.
No entanto, um aspecto enfatizado na maioria dos estudos é que cada caso é um caso.
Alguns portadores de incapacidade preferem trabalhar no isolamento das suas casas,
enquanto que, para outros, o contacto social e profissional conseguido pela via da
implementação do teletrabalho a partir de casa se demonstra adequado às suas
necessidades.
Vantagens
Conforto
Menos fadiga
Desaparece a discriminação
Maior motivação
Maior flexibilidade
Ganho de tempo
Aumento da produtividade
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instalação)
Redução do absentismo
Ponto de vista das Solução potencial não só para portadores de
associações de incapacidade sensorial e motora mas também
portadores de para deficientes mentais
incapacidade
Ponto de vista dos Promoção da autonomia e da descentralização
sindicatos
Aumento da produtividade
Desvantagens/Limites
Sentimento de marginalização
Falta de visibilidade
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dos colegas
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Os resultados dos estudos analisados parecem indicar que as condições com impacto na
implementação de esquemas de teletrabalho são, essencialmente, de ordem económica,
humana e legal. Os aspectos político e tecnológico parecem ser secundários.
· Aspectos económicos
As vantagens económicas são, sem sombra de dúvida, um dos mais poderosos motores da
implementação do teletrabalho. Por isso, o facto de nem sempre ser fácil, ou possível,
contabilizar futuros efeitos financeiros pode ser apontado como um factor limitativo da sua
expansão.
· Aspectos legais
· Aspectos humanos
· Aspectos políticos
· Aspectos tecnológicos
De acordo com os estudos analisados, os aspectos tecnológicos não parecem ter uma
importância especial na implementação do teletrabalho.
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Por outro lado, os custos do equipamento adaptado, incluindo os estudos ergonómicos por
vezes requeridos, parecem ser demasiado elevados.
Dado que mesmo tarefas relativamente simples como o processamento de texto beneficiam
com a qualificação do trabalhador, torna-se necessário identificar as debilidades ao nível da
formação dos futuros teletrabalhadores (e.g., português) de modo a combater eficazmente
possíveis fontes de insucesso. O domínio da língua, por exemplo, evita ou reduz,
significativamente, a necessidade de supervisão do trabalho a jusante, tarefa que é
encarada pelos empregadores como gasto de tempo e de dinheiro (Milpied et al., 1996c).
A estratégia de implementação das acções de formação deve ser orientada para o mercado,
no sentido em que deve responder às oportunidades locais de emprego previamente
identificadas. Fundamental parece ser também a existência de uma colaboração estreita
entre as empresas empregadoras e os centros de formação (Milpied et al., 1996a).
3.3.7.Soluções tecnológicas
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Uma tarefa não mencionada, mas que, face ao reduzido poder de intervenção do
incapacitado individual e ao tipo de tarefas descritas, surge como evidente e inevitável, é a
constituição, ou pelo menos o apoio à constituição, e o acompanhamento do funcionamento
de eventuais telecentros.
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