Você está na página 1de 3

CAMPUS GARANHUNS

AZEVEDO, Maria Leticia Guilherme de, FILHO, Nelson da silva. Licenciando


(s) em História pela Universidade de Pernambuco (UPE) <Campus Garanhuns>.
Questão dissertativa produzida para a disciplina de História do Brasil II,
entregue/apresentado ao Profº. Dr. Bruno Augusto Dornelas Câmara.

O Imperador e a Assembleia Constituinte ainda em 1823.

Um turbilhão político, por certo essa é a realidade do período pós


independência do Brasil. Os desdobramentos do exercício do Poder Moderador
exercido por D. Pedro, a rixa entre políticos conservadores e liberais, bem como a
rivalidade entre brasileiros e portugueses que estavam radicalizados no Brasil,
culminaram na abdicação do imperador, formalizada no dia 07 de abril de 1831. No
entanto antes que houvesse a abdicação muita água rolou sob a ponte assim a autora
afirma:
A ambiguidade e a tensão entre formas antigas e modernas de
pensar e agir, com pontos de superposição e de ruptura, marcaram os
anos iniciais do Oitocentos. Nos pródomos do Brasil independente e no
período de construção do Estado imperial conviviam propostas liberais
e antidemocráticas. Discutiram-se a legitimidade e a soberania," e lutou-
se para colocar em prática aspectos do direito natural que levaram à
discussão do que se convencionou chamar posteriormente de direitos
civis." P.140.

Para muitos esse seria um período de liberdade. Direitos a “libertação


nacional” tendo em vista os discursos liberais, porém, nem todos experimentaram
esse novo ar já que a escravidão foi uma permanência, o sistema hierárquico, a
burguesia agrária agindo ao seu favor e ao pobre livre restava-lhe sonhar com a sua
chance de participação política na esfera pública, se é que dar para imaginar que a
classe menos abastada teria pensamentos tão ambiciosos tendo em vista que o poder
era regido e perpetuado por uma linhagem sanguínea, acessão de homens pobres
era quase uma utopia. No entanto, a autora revela que “As liberdades ou os direitos
políticos, entretanto, estavam reservados ao grupo considerado mais qualificado para
o exercício da política e dos direitos correlatos” P.141. Os poderes políticos e de
CAMPUS GARANHUNS

representação do povo eram almejados tanto pelos deputados aqueles que


representam o povo e o imperador que, seria o principal representante do povo e
apoiado pela igreja. "O Povo e a Tropa saudaram a formação de uma Constituinte
que definiria os rumos políticos do império luso-brasileiro”. P.139. Em primeiro
momento acredito ser interessante pensar: quem seria esse “povo”? quais os seus
anseios? objetivos? e como seriam favorecidos com a emancipação e constituição?
No entanto, não iremos discutir esses questionamentos no momento.
Por muito tempo acreditou-se que o “sentimento antilusitano” é considerado o
deflagrador do 7 de abril, e é naturalizado, como se fosse partilhado por toda a
sociedade. Nesse contexto, a atuação de grupos políticos na corte se teria
intensificado pelos fatos relacionados à morte de Libero Badaró, em o estopim que
acendeu o sentimento de um certo nacionalismo dos conflitos de rua entre
portugueses e brasileiros, uma delas foi a noite das garrafadas. Ainda permanece uma
visão muito elitista e eurocêntrica, visto que para muitos, e por muito tempo o
sentimento de anti lusitanismo seria a causa da abdicação, porém, não é e não foi
assim tão simples, a atuação política foi muito importante, assim como os atritos entre
os liberais e conservadores, além do receio de que a monarquia absolutista poderia
retornar.
A Constituinte foi regida e pensada por e pelos interesses de quem a redigi-o.
Os conflitos deflagrados e analisados giram em torno de poderes, quem se
beneficiaria com as leis e ações promulgadas. Um cabo de guerra onde em uma das
pontas estaria o Imperador e na outra a Assembleia “[...] quando vier à Assembléia,
deve o Imperador se apresentar coberto ou descoberto, deve ter um assento mais alto
ou igual ao do presidente? [...]” P.65. Mas, nunca pensada e discutida para a jovem
nação que se formava. “D. Pedro I defendia, sem dúvidas, uma monarquia
constitucional, no entanto, em nenhum momento ele se pronunciou a respeito da
possível igualdade entre os três poderes” FLORINDO, Glauber Miranda P. 167. Seu
poder deveria ser superior e os demais estar abaixo de seus olhos. A dissolução da
Assembleia é uma comprovação concreta disso, a ameaça de ver seus poderes
perdidos, consequentemente o controle do Estado faz com que D. Pedro I tome a
iniciativa de dissolução. Uma demonstração do seu absolutismo tal qual as
monarquias europeias só que menos efetivo. Ao menos está é a visão que se tem de
D. Pedro I com a ação de dissolução e demais ações.
CAMPUS GARANHUNS

REFERÊNCIAS:

LUSTOSA, Isabel. Criação, ação e dissolução da Primeira Assembleia Constituinte


(Capítulo 02). In. Trapaças da sorte: ensaios de história política e de história
cultural. Editora da UFMG, pp. 51-79.

FLORINDO, Glauber Miranda. Rupturas e continuidades na Assembleia Constituinte


de 1823: a autoridade do monarca e o lugar do poder local. In. CLIO: Revista de
Pesquisa Histórica – CLIO (Recife. Online), vol. 38, Jul-Dez, 2020, pp. 162-182.

Você também pode gostar