DIREITO ADMINISTRATIVO
ACUMULAÇÃO DE CARGOS
Possibilidade de acumulação de cargos mesmo que a jornada semanal ultrapasse 60h
Tema polêmico!
A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da
CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional,
pois inexiste tal requisito na Constituição Federal.
O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no exercício
das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública.
STF. 1ª Turma. RE 1.094.802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2018.
STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.746.784-PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/08/2018 (Info 632).
TEMAS DIVERSOS
Concessionária de energia elétrica não pode cobrar a multa do art. 4º,
parágrafo único do DL 2.432/88 dos órgãos públicos usuários do serviço
DIREITO CIVIL
PRESCRIÇÃO
Prazo prescricional na responsabilidade contratual é de 10 anos
e na responsabilidade extracontratual é de 3 anos
Importante!!!
É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em
inadimplemento contratual.
É adequada a distinção dos prazos prescricionais da pretensão de reparação civil advinda de
responsabilidades contratual e extracontratual.
Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade CONTRATUAL, aplica-se a regra geral (art.
205 CC/2002) que prevê 10 anos de prazo prescricional e, quando se tratar de
responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002, com
prazo de 3 anos.
Para fins de prazo prescricional, o termo “reparação civil” deve ser interpretado de forma
restritiva, abrangendo apenas os casos de indenização decorrente de responsabilidade civil
extracontratual.
Resumindo. O prazo prescricional é assim dividido:
• Responsabilidade civil extracontratual (reparação civil): 3 anos (art. 206, § 3º, V, do CC).
• Responsabilidade contratual (inadimplemento contratual): 10 anos (art. 205 do CC).
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.280.825-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018 (Info 632).
CONTRATO DE LOCAÇÃO
A averbação do contrato com cláusula de vigência no registro de imóveis
é imprescindível para que a locação possa ser oposta ao adquirente
LEASING
É possível a descaracterização do leasing se o prazo de vigência do arrendamento não respeitar
a vigência mínima estabelecida de acordo com a vida útil do bem arrendado
quando se tratar de bem com vida útil igual ou inferior a cinco anos, e (ii) de três anos, se o
bem arrendado tiver vida útil superior a cinco anos.
Caso concreto: o bem arrendado (pá-escavadeira) possui vida útil superior a cinco anos.
Apesar disso, o ajuste previa o arrendamento pelo prazo de apenas dois anos. Logo, foi
desrespeitada a Resolução, ficando descaracterizado o contrato de arrendamento mercantil.
Ficando descaracterizado o leasing, é possível cobrar ICMS sobre esta operação.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.569.840-MT, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 16/08/2018 (Info 632).
ALIMENTOS
O juiz não pode liberar o devedor de alimentos da prisão alegando que ele pagou quase toda a
dívida e que, portanto, deve ser aplicada a teoria do adimplemento substancial
Importante!!!
A teoria do adimplemento substancial não tem incidência nos vínculos jurídicos familiares,
revelando-se inadequada para solver controvérsias relacionadas a obrigações de natureza
alimentar.
STJ. 4ª Turma. HC 439.973-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 16/08/2018 (Info 632).
DIREITO DO CONSUMIDOR
DIREITO À INFORMAÇÃO
A inobservância do dever de informar e de obter o consentimento informado do paciente viola o
direito à autodeterminação e caracteriza responsabilidade extracontratual
Importante!!!
O médico deverá ser condenado a pagar indenização por danos morais ao paciente que teve
sequelas em virtude de complicações ocorridas durante a cirurgia caso ele não tenha
explicado ao paciente os riscos do procedimento.
O dever de informar é dever de conduta decorrente da boa-fé objetiva e sua simples
inobservância caracteriza inadimplemento contratual, fonte de responsabilidade civil per se.
A indenização, nesses casos, é devida pela privação sofrida pelo paciente em sua
autodeterminação, por lhe ter sido retirada a oportunidade de ponderar os riscos e vantagens
de determinado tratamento que, ao final, lhe causou danos que poderiam não ter sido
causados caso não fosse realizado o procedimento, por opção do paciente.
O dever de informação é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente sobre os
riscos do tratamento, suas vantagens e desvantagens, as possíveis técnicas a serem
empregadas, bem como a revelação quanto aos prognósticos e aos quadros clínico e cirúrgico,
salvo quando tal informação possa afetá-lo psicologicamente, ocasião em que a comunicação
será feita a seu representante legal.
Para que seja cumprido o dever de informação, os esclarecimentos deverão ser prestados de
forma individualizada em relação ao caso do paciente, não se mostrando suficiente a
informação genérica (blanket consent).
O ônus da prova quanto ao cumprimento do dever de informar e obter o consentimento
informado do paciente é do médico ou do hospital, orientado pelo princípio da colaboração
processual, em que cada parte deve contribuir com os elementos probatórios que mais
facilmente lhe possam ser exigidos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.540.580-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF
5ª Região), Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2018 (Info 632).
PLANO DE SAÚDE
Plano de saúde não pode negar tratamento prescrito por médico sob o fundamento
de que sua utilização está fora das indicações descritas na bula (uso off-label)
Importante!!!
A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo
médico sob o pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações
descritas na bula/manual registrado na ANVISA (uso off-label).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.721.705-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/08/2018 (Info 632).
PLANO DE SAÚDE
Direito de o ex-empregado continuar beneficiário em plano de saúde coletivo empresarial
Nos planos de saúde coletivos custeados exclusivamente pelo empregador não há direito de
permanência do ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa como beneficiário,
salvo disposição contrária expressa prevista em contrato ou em acordo/convenção coletiva
de trabalho, não caracterizando contribuição o pagamento apenas de coparticipação,
tampouco se enquadrando como salário indireto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.594.346-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588).
STJ. 2ª Seção. REsp 1.680.318-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/08/2018 (recurso
repetitivo) (Info 632).
DIREITO EMPRESARIAL
SOCIEDADES
A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, atual BM&F BOVESPA, não responde pelos
prejuízos causados pela venda indevida de ações mediante uso de procuração falsa
Se o autor da ação judicial reside no exterior ou se muda para fora do país durante a
tramitação do processo, ele precisará prestar uma caução que seja suficiente para pagar as
custas processuais e honorários advocatícios caso ele perca a ação (art. 83 do CPC/2015).
Não é necessária a prestação de caução para o ajuizamento de ação por sociedade empresarial
estrangeira devidamente representada no Brasil.
Ex: MSC Mediterranean Shipping Company S.A., empresa estrangeira, ajuizou, na justiça
brasileira, uma ação de cobrança. O STJ afirmou que não se deveria exigir caução para a
propositura da demanda, considerando que a autora, apesar de estrangeira, possuía uma
agência de representação no Brasil (a MSC Mediterranean do Brasil Ltda.).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.441-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/08/2018 (Info 632).
SUSPENSÃO DO PROCESSO
É admissível a emenda à inicial para a substituição de executado pelo seu espólio, em execução
ajuizada em face de devedor falecido antes do ajuizamento da ação
Se a ação é proposta contra indivíduo que já estava morto, o juiz não deverá determinar a
habilitação, a sucessão ou a substituição processual. De igual modo, o processo não deve ser
suspenso para habilitação de sucessores. Isso porque tais institutos são aplicáveis apenas para
as hipóteses em que há o falecimento da parte no curso do processo judicial.
O correto enquadramento jurídico desta situação é de ilegitimidade passiva, devendo ser
facultado ao autor, diante da ausência de ato citatório válido, emendar a petição inicial para
regularizar o polo passivo, dirigindo a sua pretensão ao espólio.
Ex: em 04/04/2018, o Banco ajuizou execução de título extrajudicial contra João. A tentativa
de citação, todavia, foi infrutífera, tendo em vista que João havia falecido em 04/03/2018, ou
seja, um mês antes. Diante disso, o juiz deverá permitir que o exequente faça a emenda da
petição inicial para a substituição do executado falecido pelo seu espólio.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.559.791-PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/08/2018 (Info 632).
DIREITO PENAL
Importante!!!
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo para
justificar a prisão preventiva do réu.
O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a decretação da prisão preventiva “se
o CRIME envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência”.
Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em CRIME (não abarcando contravenção
penal). Logo, não há previsão legal que autorize a prisão preventiva contra o autor de uma
contravenção penal. Decretar a prisão preventiva nesta hipótese representa ofensa ao
princípio da legalidade estrita.
STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 26/06/2018 (Info 632).
LEI DE DROGAS
A condenação pelo art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio)
NÃO configura reincidência
O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui
natureza jurídica de crime.
O porte de droga para consumo próprio foi somente despenalizado pela Lei nº 11.343/2006,
mas não descriminalizado.
Obs: despenalizar é a medida que tem por objetivo afastar a pena como tradicionalmente
conhecemos, em especial a privativa de liberdade. Descriminalizar significa deixar de
considerar uma conduta como crime.
Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº
11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência.
Argumento principal: se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não
configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de
reincidência, considerando que este delito é punido apenas com “advertência”, “prestação de
serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções menos graves e nas quais não
há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo
descumprimento.
Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo
fortemente questionada.
STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/10/2018.
STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018
(Info 632).
PRISÃO PREVENTIVA
Não se pode decretar a preventiva do autor de contravenção penal
mesmo que ele tenha praticado o fato no âmbito de violência doméstica e
mesmo que tenha descumprido medida protetiva a ele imposta
Importante!!!
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo para
justificar a prisão preventiva do réu.
O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a decretação da prisão preventiva “se
o CRIME envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência”.
Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em CRIME (não abarcando contravenção
penal). Logo, não há previsão legal que autorize a prisão preventiva contra o autor de uma
contravenção penal. Decretar a prisão preventiva, nesta hipótese, representa ofensa ao
princípio da legalidade estrita.
STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 26/06/2018 (Info 632).
PROGRESSÃO DE REGIME
A inexistência de estabelecimento penal adequado ao regime prisional determinado para o
cumprimento da pena não autoriza a concessão imediata do benefício da prisão domiciliar
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS
É possível a descaracterização do leasing se o prazo de vigência do arrendamento não respeitar
a vigência mínima estabelecida de acordo com a vida útil do bem arrendado