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O AUTO DA BARCA DO INFERNO

1. (FUVEST/SP-2007)
E chegando à barca da glória, diz ao Anjo:
Brísida. Barqueiro, mano, meus olhos,
prancha a Brísida Vaz!
Anjo. Eu não sei quem te cá traz…
Brísida. Peço-vo-lo de giolhos!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deus, minha rosa?
Eu sou Brísida, a preciosa,
que dava as môças aos molhos.
A que criava as meninas
para os cônegos da Sé…
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas,
olhos de perlinhas
Gil Vicente, Auto da barca do inferno.
(Texto fixado por S. Spina).

a) No excerto, a maneira de tratar o Anjo, empregada por Brísida Vaz, relaciona-se à


atividade que ela exercera em vida? Explique resumidamente.
b) No excerto, o tratamento que Brísida Vaz dispensa ao Anjo é adequado à obtenção do
que ela deseja – isto é, levar o Anjo a permitir que ela embarque? Por quê?

2. (UNICAMP) Leia o diálogo abaixo, de Auto da Barca do Inferno:

DIABO
Cavaleiros, vós passais
e não perguntais onde ir?
CAVALEIRO
Vós, Satanás, presumis?
Atentai com quem falais!
OUTRO CAVALEIRO
Vós que nos demandais?
Siquer conhecê-nos bem.
Morremos nas partes d’além,
e não queirais saber mais.
(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, em Antologia do Teatro de Gil Vicente. Org.
Cleonice Berardinelli, Rio de Janeiro: Nova Fronteira/ Brasília: INL, 1984, p.89.)
A) Por que o cavaleiro chama a atenção do Diabo?
B) Onde e como morreram os dois Cavaleiros?
C) Por que os dois passam pelo Diabo sem se dirigir a ele?

3.Os excertos abaixo foram extraídos do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.

(…) FIDALGO: Que leixo na outra vida


quem reze sempre por mi.
DIABO: (…) E tu viveste a teu prazer,
cuidando cá guarecer
por que rezem lá por ti!…(…)
ANJO: Que querês?
FIDALGO: Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso
é esta em que navegais.
ANJO: Esta é; que me demandais?
FIDALGO: Que me leixês embarcar.
sô fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
ANJO: Não se embarca tirania
neste batel divinal.
FIDALGO: Não sei por que haveis por mal
Que entr’a minha senhoria.
ANJO: Pera vossa fantesia
mui estreita é esta barca.
FIDALGO: Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia? (…)
ANJO: Não vindes vós de maneira
pera ir neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Vós irês mais espaçoso
com fumosa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso;
e porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso. (…)
SAPATEIRO: (…) E pera onde é a viagem?
DIABO: Pera o lago dos danados.
SAPATEIRO: Os que morrem confessados,
onde têm sua passagem?
DIABO: Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
(…) E tu morreste excomungado:
não o quiseste dizer.
Esperavas de viver,
calaste dous mil enganos…
tu roubaste bem trint’anos
o povo com teu mester. (…)
SAPATEIRO: Pois digo-te que não quero!
DIABO: Que te pês, hás-de ir, si, si!
SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi,
não me hão elas de prestar?
DIABO: Ouvir missa, então roubar,
é caminho per’aqui.

a)Por que razão específica o fidalgo é condenado a seguir na barca do inferno? E o


sapateiro?

b)Além das faltas específicas desses personagens, há uma outra, comum a ambos e
bastante praticada à época, que Gil Vicente condena. Identifique essa falta e indique de
que modo ela aparece em cada um dos personagens

4.O Auto da Barca do Inferno pertence ao movimento literário do Humanismo, em


Portugal, porque Gil Vicente:

1. a) critica a igreja pela venda indiscriminada de indulgências e pela vida


desregrada dos padres.
2. b) preocupa-se somente com a salvação do homem após a morte, sem se voltar
para os problemas sociais da época.
3. c) equilibra a concepção cristã da salvação após a morte com a visão crítica do
homem e da sociedade do seu tempo.
4. d) tem como única preocupação criticar o homem e as mazelas sociais do
momento histórico em que está inserido.
5. e) critica a Igreja, ao defender com entusiasmo os princípios reformistas
disseminados pela Reforma protestante.

5.Uniube-MG Assinale a afirmativa correta a respeito do Auto da Barca do Inferno, de


Gil Vicente:
1. a) O que mais se evidencia é o propósito de sátira social, de tal modo que a
intenção religiosa vê-se sufocada ou pelo menos minimizada pelo gosto de sátira
da própria sociedade.
2. b) O elemento religioso oferece apenas um pretexto, um quadro exterior para a
apresentação no palco de sátiras ou caricaturas profanas.
3. c) A sátira social se liga de modo nítido ao objetivo de edificação espiritual,
colocando-se a questão da salvação post mortem (após a morte), o que demostra
que a intenção religiosa é ainda aqui dominante.
4. d) As personagens são personificações alegóricas (tipos reais caricaturizados), o
que evidencia o propósito de sátira social que, nesta peça, substitui o propósito
de edificação espiritual.
6.UFRS A cena do embarque do frade Babriel é uma das mais importantes do “Auto da
Barca do Inferno”, de Gil Vicente.

Numere as seguintes ações de Babriel de acordo com a ordem em que elas ocorrem na
referida cena.

( ) O frade utiliza-se do hábito na tentativa de alcançar a salvação.


( ) O frade, ao se encontrar com o Diabo, está acompanhado de Florença.
( ) O frade dirige-se à Barca da Glória.
( ) O frade é recebido pelo parvo Joane.
( ) O frade, acompanhado da mulher, acolhe a sentença.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) 2 – 1 – 4 – 3 – 5.
b) 3 – 4 – 2 – 5 – 1.
c) 2 – 1 – 3 – 4 – 5.
d) 5 – 3 – 2 – 1 – 4.
e) 5 – 2 – 3 – 4 – 1.

7.UFRS Em relação ao Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, considere as


seguintes afirmações.

I.Trata-se de um grande painel que satiriza a sociedade portuguesa do seu tempo.


II.Representa a transição da Idade Média para o Renascimento, guardando traços dos
dois períodos.
III. Sugere que o diabo, ao julgar justos e pecadores, tem poderes maiores que Deus.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III.

8.(FFFCMPA/RS-2007) Sobre o Auto da Barca do Inferno (1517), assinale a alternativa


correta.

1. a) Os condenados de Gil Vicente representam a sociedade quinhentista


observada sob o ponto de vista católico, combatendo todos os pecados,
obedecendo à tradição do teatro medieval.
2. b) Na peça em questão, quando o autor analisa o comportamento das
personagens femininas, condena a liberdade amorosa da época.
3. c) Depreende-se da observação do Diabo que o Fidalgo tem diante da Barca do
Inferno uma atitude de extrema humildade e resignação dos pecados cometidos
em vida e que estava preparado para morrer.
4. d) Gil Vicente, na representação do Judeu, revela o preconceito da sociedade em
relação ao judaísmo considerado um crime, embora o Anjo lhe tenha perdoado
todos os pecados.
5. e) Os condenados de Gil Vicente são, todos, apegados aos objetos de seus
pecados, que os levam para o outro mundo. As críticas são basicamente de
corrupção e de pretensão enganadora.
9.(PSIU/UFPI-2006) Sobre Gil Vicente e sua obra Auto da Barca do Inferno, assinale a
alternativa correta.
1. a) Respeita apenas o poder da Igreja.
2. b) Centra suas críticas nos membros das classes baixas.
3. c) Conserva a lei das três unidades básicas do teatro clássico.
4. d) Identifica suas personagens pela ocupação ou pelo tipo social de cada uma
delas.
5. e) Evita fazer um confronto entre a Idade Média e o Renascimento Medievalista
(Teocentrismo versus Antropocentrismo).

10.(PSIU/UFPI-2006) Sobre a obra Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, assinale a


alternativa correta.PROGRESSÃO

1. a) A obra vicentina resume a tradição da cultura europeia, no seu aspecto


popular, cortês, ou clerical.
2. b) A segunda fase da obra vicentina destaca temas religiosos. Essa fase
corresponde ao período de 1502 a 1508.
3. c) A linguagem, em tom coloquial e redondilhas, é o veículo melhor explorado
para conseguir efeitos cômicos ou poéticos.
4. d) Na primeira fase, o autor escreve sobre a educação feminina. Não
conseguindo se estabelecer, escreve a Trilogia das Barcas.
5. e) O Auto da Barca do Inferno é diferente dos demais autos, porque tem o
seguinte enredo: à beira de um rio, dois barcos transportarão as almas para o
lugar que lhes foi destinado em julgamento.

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