Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Bruno Gallina
Passo Fundo
2015
Bruno Gallina
Passo Fundo
2015
Bruno Gallina
Banca Examinadora:
Passo Fundo
2015
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Plano Espiritual por ter me dado esta oportunidade e me guiado por estes caminhos.
À minha família, minha base, que sempre esteve comigo e sempre confiou em mim. Aos meus pais, Cleuza e Valcir, por todo amor, carinho e dedicação
ao longo destes anos. Obrigado por sempre estarem ao meu lado. Ao meu irmão, Maick, pelo carinho, apoio e parceria sempre. Obrigado ainda às tias, tios,
dinda e primos, vocês também fazem parte desta caminhada.
A você, Andrigo, meu companheiro de todas as horas, que sempre esteve comigo e me acompanhou desde o início desta jornada. E ainda, por colaborar
diretamente para o desenvolvimento deste trabalho. As medições e levantamentos não seriam possíveis sem a tua ajuda. Obrigado por todo carinho, amor e
apoio.
Aos meus colegas e amigos que a arquitetura me trouxe, com quem compartilhei esta caminhada, e que, mesmo sem qualquer laço sanguíneo, tornaram-
se meus irmão,: Edinei de Leon Lago, o “Edh”, Jean Paulo DaCampo, o “Nêne”, Mariane Turi e Samueli Signor, a nossa Samu, por todos os momentos que
passamos, pelo apoio e amizade. Obrigado, de verdade!
A todos os professores da Escola de Arquitetura e Urbanismo da IMED, por compartilharem seus conhecimentos, de forma a nos dar suporte a nossa
formação profissional.
À minha orientadora, professora Liliany Schramm da Silva Gattermann, com quem compartilhei o que era uma ideia, e assim, me auxiliou no
desenvolvimento deste trabalho. Obrigado por ter dedicado parte do teu tempo, por cada sugestão, correção e conselho. Sem a tua ajuda e dedicação, tudo
isso não seria possível.
À minha coorientadora, professora Anicoli Romanini, por todo o seu empenho e dedicação. Tenha certeza que cada palavra tua foi fundamental para o
desenvolvimento deste projeto. Obrigado!
À professora Marcele Salles Martins, que, mesmo sem qualquer compromisso formal, me guiou com suas sugestões e esclarecimentos. As conversas
contigo foram essenciais para o bom andamento desta etapa. Muito obrigado!
Ás minhas queridas mestras e amigas Graziela “Docinho” Rossato Rubin e Linessa Busato por todos os ensinamentos e pela grande amizade que
ultrapassou os limites acadêmicos.
Ao pessoal da Secretaria Municipal de Planejamento, em especial às minhas colegas, Arq. Chris Bilibio e Arq. Vanessa Palauro, pelos esclarecimentos e
apoio para a realização deste trabalho.
E a todos que de alguma forma contribuíram para que este sonho se tornasse realidade, meu muito obrigado!
iv
Resumo
É notório que o caos na mobilidade urbana, mesmo em médias cidades, tem dificultado o direito de ir e vir dos cidadãos. Isso se deve a uma política desenfreada ao
incentivo ao transporte individual e ao sucateamento do transporte coletivo urbano. Desta forma, esse trabalho visa mitigar os conflitos no trânsito, através da criação de
uma rede integrada de mobilidade para o Município de Passo Fundo, e assim qualificar os deslocamentos urbanos e direcionar o crescimento da cidade de acordo com
esses eixos de transporte propostos. Como embasamento deste trabalho, realizou-se a análise de estudos de caso, sendo dois quanto à rede integrada de transporte, a fim
de identificar os componentes e a funcionalidade do sistema, e dois quanto a projetos arquitetônicos: de uma estação de BRT e de um Terminal de ônibus urbano, que
apresenta fluxos e um programa de necessidades mais adequado ao projeto aqui desenvolvido. Houve ainda levantamentos e diagnósticos das áreas de intervenção, de
legislações, e de conceitos pertinentes ao tema. Assim, como resultado destas análises, apresenta-se o estudo preliminar para o desenho de uma rede integrada de
mobilidade para o município de Passo Fundo, de forma a integrar os diversos meios de transporte possíveis.
Palavras-chave: Mobilidade Urbana, Bus Rapid Transit, Rede Integrada de Mobilidade, Passo Fundo
Abstract
It is clear that the chaos in urban mobility, even in medium-sized cities, has hindered the right of movement of citizens. This is due to unbridled political encouragement to
private transport and the scrapping of urban transportation. Thus, this work aims to mitigate conflict in traffic, by creating an integrated network of mobility for the city of
Passo Fundo, and so qualify urban displacement and direct the growth of the city according to these proposed transport routes. As basis of this work, there was the
analysis of case studies, two on the integrated transport network in order to identify the components and functionality of the system, and two as the architectural designs: a
BRT station and an urban bus terminal, which features a better flow and needs of the project program developed here. There was also surveys and diagnostics of
intervention areas, laws, and concepts pertinent to the subject. Anyway, as a result of these analyzes, we present the preliminary study for the design of an integrated
network of mobility for the city of Passo Fundo, in order to integrate the various possible means of transport.
Keywords: Urban Mobility, Bus Rapid Transit, Mobility Integrated Network, Passo Fundo
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Espectro de qualidade dos transportes públicos sobre pneus ............................................................................................................................................................. 9
Figura 2 - Mapa da Rede Integrada de Transporte de Curitiba ............................................................................................................................................................................ 14
Figura 3 - Rede esquemática demonstrando a integração e a funcionalidade da rede .................................................................................................................................... 14
Figura 4 - Mapa esquemático ilustrando o modelo tronco-alimentador ............................................................................................................................................................ 15
Figura 5 - Sistema trinário de circulação .................................................................................................................................................................................................................... 15
Figura 6 - Sistema Trinário e o uso do solo .............................................................................................................................................................................................................. 16
Figura 7 - Eixo estrutural ................................................................................................................................................................................................................................................ 16
Figura 8 - Modelo de implantação das terceiras faixas através do desalinhamento das estações. ............................................................................................................... 16
Figura 9 - Tipologia das vias dedicadas ao BRT......................................................................................................................................................................................................... 17
Figura 10 - Estação-tipo na Linha Verde Sul .............................................................................................................................................................................................................. 17
Figura 11 - Estação tubo ................................................................................................................................................................................................................................................. 18
Figura 12 - Terminal de integração .............................................................................................................................................................................................................................. 18
Figura 13 - Modelo esquemático de um terminal de integração .......................................................................................................................................................................... 19
Figura 14 - Plano Diretor Cicloviário de Curitiba.................................................................................................................................................................................................... 19
Figura 15 - Ciclofaixa...................................................................................................................................................................................................................................................... 20
Figura 16 - Evolução da Rede Integrada de Transporte.......................................................................................................................................................................................... 20
Figura 17 - Mapa Corredores Transmilênio e regiões de alimentação ............................................................................................................................................................... 21
Figura 18 - Rede Troncal Transmilenio ...................................................................................................................................................................................................................... 22
Figura 19 - Corredor típico Transmilenio.................................................................................................................................................................................................................. 22
Figura 20 - Estação Simples Transmilênio .................................................................................................................................................................................................................. 23
Figura 21 - Portais de integração .................................................................................................................................................................................................................................. 23
Figura 22 - Bicicletário implantando em um dos Portais ........................................................................................................................................................................................ 24
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número de veículos em circulação no município .................................................................................................................................................................................. 2
Tabela 2 - Dimensionamento dos espaços................................................................................................................................................................................................................. 28
Tabela 3 - Dimensionamento dos espaços................................................................................................................................................................................................................. 32
Tabela 4 - Comparativos dos estudos de caso ......................................................................................................................................................................................................... 34
Tabela 5 - Características Operacionais das linhas urbanas .................................................................................................................................................................................. 47
Tabela 6 - Linhas do transporte coletivo que atendem o lote .............................................................................................................................................................................. 57
Tabela 7 - Linhas do transporte coletivo que atendem o lote .............................................................................................................................................................................. 62
Tabela 8 - Linhas do transporte coletivo que atendem o lote .............................................................................................................................................................................. 68
Tabela 9 - Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................................................................................................................................................................ 71
Tabela 10 - Programa de necessidades e pré-dimensionamento .......................................................................................................................................................................... 73
Tabela 11 - Classificação por tipo de veículo ............................................................................................................................................................................................................ 76
Tabela 12 - Classificação de serviços........................................................................................................................................................................................................................... 78
Tabela 13 - Zonas criadas e as respectivas diretrizes ............................................................................................................................................................................................. 84
Tabela 14 - Zoneamento proposto para o Terminal de Integração .................................................................................................................................................................... 86
Tabela 15 - Zoneamento proposto para a Estação BRT ........................................................................................................................................................................................ 87
xi
SUMÁRIO
1.1. JUSTIFICATIVA
1. INTRODUÇÃO
O rápido crescimento das grandes cidades aliado ao amplo A mobilidade é tema recorrente nos debates sobre questões
incentivo ao uso do transporte individual e a baixa atratividade do urbanas. É através dela que ocorre a vida nas cidades, que se
sistema de transporte coletivo criou uma deficiência na mobilidade determina a localização das mais diversas atividades e que se
urbana, especialmente em grandes e médias cidades. determina o rumo do desenvolvimento urbano de cada lugar.
Dentro deste cenário, baseia-se esse estudo, pois visa qualificar os As facilidades para a aquisição do carro próprio e a má qualidade do
deslocamentos urbanos através de um sistema BRT, aliando outros transporte coletivo fizeram com que o transporte motorizado
meios de transporte como a bicicleta, o passeio peatonal e mesmo individual se apresentasse como resposta para os deslocamentos
o veículo particular. Ainda, a elaboração de diretrizes de uso do urbanos, e desta forma, sua priorização culminou na imobilidade
solo a fim de direcionar o crescimento da cidade de acordo com que as médias e grandes cidades vivem atualmente.
Wright e Hook (2008) comentam que o BRT não trata apenas de de investimentos nessa área. Os últimos grandes investimentos em
um meio de transporte, mas sim de um conjunto de ferramentas infraestrutura datam da década de 1980, com a retirada dos trilhos
para a modificação do espaço urbano, que incluem integração do centro da cidade e a abertura das vias perimetrais Leste e Sul.
multimodal, políticas de uso do solo e restrições aos veículos Desde então, mudanças pontuais vem sendo implantadas,
particulares. Para Jaime Lerner (2011), em seu livro Acupuntura basicamente com pavimentação e alteração no sentido de vias.
Urbana: “o caminho é dar ao ônibus a mesma (ou melhor) Segundo dados do IBGE, enquanto em 2005, o município contava
performance que um metrô, ou seja, metronizar a superfície”. com cerca de 40.000 automóveis, em 2014, esse número quase
dobrou, chegando a mais de 75.000 unidades emplacadas no
município.
2
Tabela 1 - Número de veículos em circulação no município mitigar os problemas relacionados à mobilidade urbana no
Categoria 2014 2005
município de Passo Fundo. A ideia central é organizar o espaço
Automóvel 74.856 41.315
Caminhão 3.649 2.523 urbano de maneira mais justa, a fim de priorizar quem transporta
Caminhão trator 1.145 690 mais, oferecendo maior conforto e eficiência. Devido a isso, a
Caminhonete 9.118 2.784
Camioneta 4.536 proposta baseia-se no transporte coletivo urbano, no pedestre e
Micro-Ônibus 241 140 nos transportes não motorizados, de forma a permitir uma cidade
Motocicleta 16.539 6.932
mais humana e igualitária, promovendo maior integração entre as
Motoneta 3.517 909
Ônibus 380 306 pessoas e o meio urbano e reduzindo congestionamentos e,
Trator de rodas 31 2 consequentemente, a poluição sonora e atmosférica.
Utilitário 888
Outros 3.025 1.2. OBJETIVOS
Fonte: Autor, 2015, com base nos dados do IBGE
Da mesma forma, o transporte coletivo nunca recebeu melhorias 1.2.1. Objetivo Geral
significativas. As alterações basicamente ocorreram através de
Desenvolver o projeto de uma rede integrada de transporte
ampliação de linhas e horários. Sabe-se que enquanto um ônibus
multimodal, qualificando o transporte coletivo através de um
articulado transporta mais de 120 passageiros, seriam necessários
sistema BRT (Bus Rapid Transit), na racionalização do sistema e no
entorno de 40 automóveis, como lotação de três passageiros, para
transporte não-motorizado.
transportar o mesmo número de pessoas. Logo, se tem uma
questão lógica, onde se toma menos espaço, se consome menos 1.2.2. Objetivos Específicos
Este trabalho pretende utilizar das ferramentas do urbanismo e lazer, da cidade de Passo Fundo;
contemporâneo para apresentar uma solução sustentável para
3
Desta forma, o trabalho se desenvolverá em duas escalas: a forma a Rede Integrada impactará positivamente nos seus
macroescala, onde se apresentam o desenho da rede, as diretrizes deslocamentos.
de uso de solo e as alternativas aos demais meios de transporte no
O segundo grupo é formado por pessoas que eventualmente
meio urbano, como o tráfego misto e o sistema cicloviário.
utilizam o transporte público, aí inclui-se uma gama variada de
Já, a microescala se baseia no desenho urbano dos eixos e no pessoas, desde idosos, pessoas do lar, ou alguém que está
detalhamento dos equipamentos de integração, a saber, um momentaneamente sem o seu veículo particular ou que necessita
terminal tipo e uma estação tipo. fazer um itinerário fora de sua rotina. Ainda, considerando Passo
Fundo, segundo Silva, Spinelli e Fioreze (2009), um polo de serviços,
O objetivo principal é utilizar-se dos dois maiores eixos urbanos do
especialmente pela educação, pela saúde e pelo comércio, inclui-se
município a fim de priorizá-los e qualificá-los para o transporte de
nesta categoria pessoas oriundas de outros municípios da região.
massa. Cada extremidade contará com um Terminal de Integração
que possibilitará a conexão entre linhas locais, o pedestre, o O terceiro grupo são os clientes em potencial da Rede. São aqueles
automóvel, a rede cicloviária – também apresentada neste projeto – que utilizam o veículo particular para realizar seus trajetos diários.
e o BRT. Ao longo dos corredores, o usuário contará com estações Sabe-se que, pouco a pouco, serão atraídos para o sistema, de
adequadas para o acesso. forma que percebam as vantagens da Rede Integrada de Transporte
sobre o transporte particular. Aspira-se uma adesão de, ao menos,
O público-alvo divide-se em três grupos. Primeiramente, os que já
50% deste público.
utilizam o transporte coletivo diariamente para suprir as suas
necessidades de locomoção, seja para fins de trabalho ou estudo.
Esses serão os beneficiários diretos do projeto, pois são
conhecedores do sistema atual e conhecem suas deficiências, desta
5
2.1. A Mobilidade Urbana e o Novo Urbanismo Cabe ainda destacar alguns dos princípios que Lucchese
(2010) classifica como comuns ao Novo Urbanismo:
O Novo Urbanismo baseia-se na carta lançada em 1996, nos
Estados Unidos, surgindo como resposta à ocupação suburbana das Facilitar o trânsito de pedestres através da criação de vias
cidades. De acordo com Macedo (2007), esta carta estabelece peatonais com traçados simples e rápidos, evitando a
parâmetros para o desenvolvimento das cidades, quanto à formação dependência de outros meios de transporte.
Promover a qualidade do projeto arquitetônico e otimização dos espaços que em muitos casos são ocupados por
urbanístico de maneira que preveja a demanda futura da amplas vias destinadas ao tráfego de veículos.
região.
2.2. O Bus Rapid Transit – BRT
Aumento da densidade a fim de um melhor aproveitamento
2.2.1. Histórico
do espaço, da proximidade de serviços básicos e de um
melhor aproveitamento das redes de infraestrutura. O BRT tem sua origem em 1937, quando a cidade de Chicago, nos
Estados Unidos, converteu três linhas férreas em corredores
Transporte público ambientalmente adequado: que não
expressos para ônibus. Esse projeto incentivou outras cidades
interfira diretamente no trânsito, não prejudicando o fluxo
como Washington e St. Louis, também nos Estados Unidos, a
deste.
incluirem faixas destinadas a ônibus no seu planejamento. No
Esses princípios são aplicados conforme cada situação específica, de entanto, apenas nos anos de 1960 o conceito de faixas exclusivas
forma a transformar a cidade existente numa cidade compacta. passou a ser amplamente difundido, quando Nova Iorque, em 1963,
Assim, de uma forma mais geral, são aplicadas as diretrizes quanto passou a implantá-las, no contrafluxo de algumas vias em
ao uso misto e de uma maior densidade. determinada região da cidade.
De acordo com Romanini (2014), o principal ponto do Novo O conceito começou a tomar proporções internacionais, chegando
Urbanismo é a escala humana, de forma que o espaço seja a Europa, primeiramente em Paris, na França (1964), em Liege, na
planejado em torno das pessoas enquanto usuários destes. Não se Bélgica (1966) e em Runcorn, no Reino Unido (1971). As faixas
trata necessariamente da retirada do tráfego de veículos, sendo exclusivas só chegaram aos países em desenvolvimento em 1972,
somente necessária sua restrição ou diminuição quando obstruir o quando na cidade de Lima (Peru) foi implantada a Vía Expressa, um
trânsito dos usuários, assim sendo, há sim a necessidade de serviço básico e eficaz. Londres foi a pioneira em implantar a
primeira rua exclusiva para ônibus e táxis, em 1972, rua esta onde
7
já ocorria grande fluxo destes tipos de transporte. Em seguida, foi linhas diretas. Em 1992, esse tipo de estação foi sendo implantada
Los Angeles, com a via El Monte, com 11 quilômetros de extensão nos demais eixos, com a chegada dos veículos bi-articulados.
(WRIGHT; HOOK, 2008).
Nos anos de 1980, apesar da crise do petróleo, o primeiro sistema
No entanto, somente na década de 1970, surgiu o conceito de BRT de vias guiadas foi implantado na cidade de Essen, na Alemanha,
como se conhece hoje, quando, entre 1972 e 1974, Curitiba como alternativa ao sistema ferroviário leve. Essa inovação foi ainda
implantou o que, na época, foi denominado metrô de superfície. implantada em outras cidades, no entanto, devido ao maior custo,
Naquele período, a cidade passava por rápido crescimento não possuiu adesão na maioria dos corredores.
demográfico e contava com mais de 600.000 habitantes, portanto,
O conceito do BRT somente foi amplamente replicado a partir dos
passava a sofrer problemas urbanos, inclusive na questão de
anos de 1990, quando a crise do petróleo começou a ser superada.
mobilidade.
A implantação em massa iniciou-se na América Latina, que viu
A primeira resposta à questão foi a implantação de um sistema crescente a competitividade entre o transporte público e o veículo
metroviário, entretanto, devido a limitações financeiras, o projeto particular.
estava impossibilitado de sair do papel. Então, sob a liderança do
Quito inaugurou a primeira linha em 1996, na tecnologia de
prefeito Jaime Lerner, iniciou-se a idealização de corredores
trólebus elétrico, e mais dois corredores na tecnologia tradicional
exclusivos como alternativa de baixo custo e de alta eficiência, bem
em 2001 e 2005. A Colômbia é um dos países que mais implantou o
como a criação de zonas de pedestre, ampliação de espaços verdes
sistema no continente, sendo vários de projeção internacional,
e políticas sociais inovadoras. (WRIGHT; HOOK, 2008).
como o caso de Bogotá, que passou por uma total reestruturação
Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (2015), urbana, e ainda hoje, tem seu sistema – o Transmilenio – ampliado e
em 1991, foram introduzidas as estações-tubos, com a criação das modernizado. Outros sistemas de destaque são o Metrobús, na
8
Cidade do México, o Mío, de Cali, na Colômbia e o Transantiago, infraestrutura segregada com prioridade de passagem, operação
em Santiago do Chile rápida e frequente e excelência em marketing e serviço ao usuário”
(WRIGHT; HOOK, p.1, 2008).
Em 1999, o BRT chegou a Ásia, na cidade de Kunming. A partir
desta, expandiu-se rapidamente por todo o continente. Atualmente, O BRT apresenta-se como uma dentre várias possibilidades de
cidades na África e na Oceania também contam com o BRT como modais de transporte, como o VLT, o monotrilho e o metrô. No
meio de transporte. Na Europa e na América do Norte, desde o entanto, de acordo com WRIGHT; HOOK (2008), ele tem um
início da década, já havia corredores em pleno funcionamento. custo de 4 a 20 vezes menor se comparado ao veículo leve sobre
trilhos e de 10 a 100 vezes menor quanto a um sistema de metrô,
Após décadas sem investimentos no setor, o Governo Federal,
além disso se apropria de características destes sistemas como uma
motivado pelos eventos esportivos, passou a investir, junto aos
estação de acesso mais qualificada, incluindo o pagamento
estados e municípios, na mobilidade urbana. O BRT se apresentou
antecipado na própria estação e as vias exclusivas de circulação.
como meio de qualificação do transporte em diversos municípios.
O Rio de Janeiro, por exemplo, já concluiu duas linhas – a De acordo com o Manual do BRT (WRIGHT; HOOK, 2008),
TransOeste e a TransCarioca, possui mais duas em obras, a existem características importantes a serem consideradas na
TransOlímpica e a TransBrasil. Belo Horizonte implantou o Move BH; elaboração do projeto, dentre as quais, se destacam:
Recife, o Via Livre; Uberaba, o Vetor, dentre outros (Global BRT
a) Infraestrutura física: Vias segregadas ou faixas exclusivas,
Data, 2015).
preferencialmente no canteiro central; Rede integrada de
2.2.2. Funcionamento corredores e linhas; Estações com acesso em nível ao veículo e que
proporcionem segurança e conforto; Estações e terminais que
Numa visão geral, “o Bus Rapid Transit (BRT) é um sistema de
facilitem a integração entre serviços e modais, Qualificação do
transporte urbano que proporciona mobilidade urbana rápida,
espaço público próximo ao BRT.
confortável e com custo eficiente através da provisão de
9
O Manual ainda classifica o transporte coletivo sobre pneus em seis Outra questão fundamental trata da racionalização do sistema
tipos, de acordo com as características que cada um apresenta, através de uma operação tronco-alimentadora. Conforme
como é possível verificar no gráfico abaixo: WRIGHT; HOOK (2008), nesse tipo de sistema, linhas
alimentadoras através de veículos menores percorrem áreas
residenciais, conduzindo o usuário até um terminal mais próximo,
onde este fará a integração com linhas troncais, que, com veículos
maiores, o conduzirá à área central, a outros terminais, ou a
importantes polos de atratividade. Dessa forma, torna-se possível
adequar a oferta e a demanda de acordo com as características de
cada local sem sobrecarregar os eixos principais, além disso,
10
aumenta-se o volume de passageiros transportados por veículo e a) Radial: Realiza a ligação da área central (onde há a concentração
torna possível a redução da frota. de atividades como comércio e serviços) a um bairro (ou bairros)
da cidade;
2.3. Transporte Público Urbano
b) Diametral: Linha que faz a ligação de duas regiões passando pela
Segundo Ferraz e Torres (2004), o transporte público urbano é o
região central da cidade;
meio no qual várias pessoas são transportadas simultaneamente em
um mesmo veículo. c) Circular: linha que faz a ligação de várias regiões, formando um
circuito fechado com a forma de um círculo;
Rodrigues (2008) comenta que o transporte público de passageiros
tem a função de integrar os diversos espaços urbanos, e assim d) Interbairros: linha que faz a ligação de diferentes bairros sem
proporcionar à população os deslocamentos necessários para a passagem pela área central. Têm o objetivo de atender a demanda a
realização de suas necessidades, como o trabalho, o estudo e o polos de atratividade com viagens diretas;
lazer, entre outras, dessa forma, é um dos serviços mais
e) Local: linha que faz a ligação entre uma determinada região local,
importantes nas grandes e médias cidades.
onde se encontra um ou mais bairros, também com o objetivo de
Ferraz e Torres (2004) classificam as linhas de transporte público atender à demanda de polos atrativos com viagens diretas.
em dois tipos:
Segundo a função: as linhas podem ser definidas em convencional,
Segundo o traçado: As linhas de transporte público podem ser troncal, alimentadora, expressa e especial. São classificadas em:
categorizadas em radial, diametral, circular, interbairros e local.
a) Convencional: tem a função de captar os usuários em sua região
Assim sendo:
de origem, conduzi-los até o destino final e distribuir usuários ao
longo do itinerário;
11
b) Troncal: linha que, com veículos de grande capacidade, tem o necessita-se de transbordo, o que, em um sistema de linhas
papel de ligar duas regiões, ou polos de atratividade, onde há convencionais, não ocorre. Porém a concentração de usuários na
grande demanda de usuários por meio de um corredor. linha troncal acaba por viabilizar a utilização do sistema tronco-
alimentador (FERRAZ e TORRES, 2004).
c) Alimentadora: recolhe os usuários num determinado bairro e os
transporta até uma estação (terminal) com linha troncal; 2.4. Transporte Público no Brasil
d) Expressa: opera com poucas ou nenhuma parada intermediária De acordo com Brasileiro (1996), até meados da década de 50, o
de forma a reduzir o tempo de viagem; transporte coletivo era operado basicamente por permissionários
individuais, através de veículos de pequeno porte, como ônibus
e) Especial: linha que opera em horários de pico ou em eventos
menores, micro-ônibus e kombis.
especiais, que tem a função de suprir excessos na demanda,
Segundo Azambuja (2002), a Constituição Federal de 1946
f) Seletiva: linha com veículos de maior qualidade, com tarifa mais
estabeleceu autonomia municipal, tratando o transporte coletivo
cara. Tem a função de complementar o transporte coletivo
como um serviço de interesse comum, e passou a determinar a
convencional.
responsabilidade sobre ele aos prefeitos municipais. No entanto,
A sobreposição de linhas convencionais num dado corredor de somente a partir de 1955, o transporte coletivo deixou de ser
transporte acarreta na ineficiência do sistema. Como solução para responsabilidade do estado, passando para cada município o dever
essa situação, muitas vezes, adota-se o sistema tronco-alimentador, de organizá-lo. Isso ocorreu devido a pouca atenção dada pelo
que compreende a implantação de veículos com maior capacidade governo estadual, que priorizava o transporte individual e os
nos corredores de transporte. As linhas troncais são conectadas preparativos para as eleições municipais, onde o tema seria posto
em estações e terminais às linhas alimentadoras (FERRAZ e nos planos de campanha de cada candidato.
TORRES, 2004). Dessa forma, em grande parte dos casos,
12
Entretanto, os municípios não dispunham de recursos financeiros, Nos anos 80, a iniciativa privada ganhou força e o Governo Federal
técnicos e humanos para coordenar o transporte coletivo urbano, passou a dar menos atenção ao tema. A Constituição Federal de
sendo que este funcionava de forma deficitária. Em meados da 1987 passou a responsabilidade sobre o transporte urbano
década de 1970, o Governo Federal passou a centralizar a novamente aos municípios. Assim, hoje o transporte coletivo é
organização do transporte público. Para isso houve a criação das visto como um problema local, salvo em regiões metropolitanas e
regiões metropolitanas, do FDTU – Fundo de Desenvolvimento dos aglomerados urbanos, sendo de dever de cada município a sua
Transportes Urbanos, das EMTUs – Empresas Metropolitanas de gestão.
Transportes Urbanos, da EBTU – Empresa Brasileira de
Atualmente, o tema volta a ser amplamente discutido numa
Transportes Urbanos e das STUs – Superintendências de
tentativa de sanar, ou ao menos mitigar, a falta de investimentos nas
Transportes Urbanos. Assim, de acordo com Brasileiro (1996):
décadas passadas. Eventos esportivos como a Copa do Mundo e os
A política federal do período de 1976/84 foi Jogos Olímpicos fomentaram as discussões e a destinação de verbas
orientada para a reorganização do setor privado de
ônibus, propondo para isso: a racionalização dos para esse fim através de programas como o PAC (Programa de
itinerários, dos pontos de parada e terminais; o
reagrupamento dos proprietários individuais em Aceleração do Crescimento) e o Pró-Transportes.
empresas de transportes (estabelecendo uma frota
mínima para a empresa continuar operando); a
adoção de subsídios para a renovação da frota de
ônibus; e uma política de formação de recursos
humanos com a criação de organismos de tutela
eficientes. Isso fez com que o setor privado investisse
na renovação e ampliação das frotas. Ainda, foram
definidos novos tipos de contratos, chamados de
"permissão condicionada", onde os poderes públicos
municipais definiam um prazo, que variava de cinco a
sete anos, para as empresas operarem em
monopólio, contemplando não mais linhas isoladas,
mas sim setores de operação definidos pelas cidades.
13
Segundo o Manual de Desenvolvimento Urbano Orientado ao 2.6.1. Rede Integrada de Transporte – RIT
Transporte Sustentável (EMBARQ BRASIL, 2014), DOTS se
Localização: Curitiba/PR – Brasil
caracteriza como:
Início de Implantação: 1970
Um modelo de planejamento e desenho urbano
voltado ao transporte público, que constrói bairros
compactos e de alta densidade, oferece às pessoas a. Implantação
diversidade de usos, serviços e espaços públicos
seguros e atrativos, favorecendo a interação social.
O objetivo da Rede Integrada de Transporte (RIT) é permitir ao
usuário a possibilidade de compor o próprio trajeto com o
O desenvolvimento orientado ao transporte propõe uma cidade
pagamento de apenas uma tarifa. A integração ocorre nos terminais
conectada, através de diretrizes para o desenvolvimento de áreas
e estações, onde o passageiro pode desembarcar de uma linha e
com diferentes usos e funções. Essas diretrizes baseiam-se em sete
embarcar em qualquer outra dentro daquele espaço sem um novo
elementos: a) Transporte Coletivo de Qualidade; b) Mobilidade não
pagamento (URBS, 2015)
motorizada; c) Gestão do Uso do automóvel; d) Uso misto e
edificações eficientes; e) Centros de bairros e pisos térreos ativos; De acordo com o Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba
f) Espaços públicos e recursos naturais e g) Participação e (2015), ao todo, são 14 cidades interligadas por esta rede de linhas
escala de planejamentos, estudos e propostas. Linha Verde, totalizando 81km, somados a uma gama de linhas
14
A RIT baseia-se no modelo tronco-alimentador (Figura 4), onde à via central, com sentido único e opostos e tem como objetivo a
veículos menores captam e distribuem usuários entre o bairro e o rápida ligação bairro-centro e centro-bairro.
terminal de integração mais próximo e veículos de maior
capacidade percorrem os eixos principais, promovendo maior
frequência e reduzindo a sobreposição de linhas.
As canaletas exclusivas são componentes do sistema trinário e são A partir de 2010 houve o início da inclusão de uma terceira faixa
referências de desenvolvimento, pois trazem os mecanismos do junto às estações, a fim de promover a possibilidade de
planejamento integrado através do uso do solo e densidade ultrapassagem e a implantação de linhas expressas, conforme pode-
demográfica (Figuras 6 e 7), além de possuir grande parte de se observar na Figura 8.
equipamentos e infraestrutura urbana (IPPUC, 2015).
Estações e Terminais
Figura 9 - Tipologia das vias dedicadas ao BRT
Fonte: URBS, 2015 As estações tubo (Figura 11) são pontos de parada de ônibus em
forma de tubo da Rede Integrada de Transporte da Grande
Linha Verde (Figura 10) – Trecho Sul já em operação e Norte em
Curitiba. Foram criadas em 1991 para atender aos expressos e às
construção – se trata da urbanização da BR-116, que cruza a malha
linhas diretas (ligeirinho) Curitiba. Distam entre 400m e 800m uma
urbana, criando uma barreira de desenvolvimento. Este eixo possui
da outra e tem planta linear, onde o acesso e o pagamento
outra configuração. Foram agrupadas as vias locais, as vias
antecipado da tarifa se dão por uma ou por ambas as extremidades,
estruturais e a canaleta do BRT na mesma via. As estações são mais
e o acesso ao BRT ocorre em nível pelas portas laterais.
distantes (quase 1000m) e realizam também integração com linhas
alimentadoras.
18
Possuem estrutura metálica, fechamento em vidro, portas Transporte (expressas, alimentadoras, linhas diretas e interbairros).
automáticas, catracas de acesso, posto para cobrador e acesso por Possibilitam a implantação de linhas alimentadoras mais curtas, com
escadas e plataforma elevatória. É formada por módulos, onde a melhor atendimento aos bairros, ampliando o número de viagens a
demanda determina seu tamanho. Nos tubos que passam mais de partir da diminuição do tempo de percurso.
um ônibus, há a integração tarifária em que o passageiro
A concentração de demanda nestes espaços facilita a substituição
desembarca de um ônibus e pode embarcar em outro sem precisar
de modal nos corredores; promove a estruturação dos bairros,
pagar a passagem novamente.
onde se localizam as mais diversas atividades e serviços em seu
entorno.
De acordo com a Urbanização de Curitiba S/A (2015), os terminais Figura 12 - Terminal de integração
Fonte: Kekanto, 2015
(Figuras 12 e 13) são equipamentos urbanos onde ocorre
integração entre as diversas linhas que formam a Rede Integrada de
19
c. Rede Cicloviária
Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (2015), Figura 14 - Plano Diretor Cicloviário de Curitiba
Fonte: IPPUC, 2013
O Plano Diretor Cicloviário de Curitiba (Figura 14) prevê
investimentos de mais de R$ 90 milhões para ampliar a malha
20
2.6.2. Transmilenio
a. Implantação
Corredores Exclusivos
Estações e Terminais
Atualmente, o sistema conta com 344km de vias com algum tipo de 2.6.3. Terminal Urbano Pirituba
prioridade ao ciclista. Há ainda as Ciclorutas Zonales, que são uma
Arquitetura: Una Arquitetos
alternativa de revitalização e organização do espaço, principalmente
Área do terreno: 14 507 m2
em áreas descobertas pelo Transmilenio, onde se necessita chegar
até um dos corredores troncais da cidade. Área construída: 5 763 m2
a. Implantação
Para maior conforto térmico, foram empregadas telhas termo- 2.6.4. Estação BRT Move Área Central
acústicas na cor branca, sendo feitas em perfis de chapa dobrada,
Arquitetura: B&L Arquitetura
com apoios metálicos. A captação e escoamento das águas pluviais
Área construída: 6.492 m2
se dão através das vigas-calha, que descem através de tubulações
Local de implantação: Belo Horizonte, MG
dentro dos pilares (CORBIOLI, 2004). As faixas de rolamento
Data do projeto: 2013
foram pavimentadas em concreto e as áreas de pedestres em
a. Implantação
ladrilho hidráulico.
A área central conta com muitos edifícios tombados, bem como
regras definidas pelo órgão municipal do patrimônio, entre elas a
que garante a visibilidade do conjunto arquitetônico e a
preservação do traçado viário original (MELENDEZ, 2015).
e. Análise
b. Função
d. Forma
Linear
Malha
Malha
Radial
Corredores 6 11 N/D N/D
Estação-tipo
N/D
N/D
Programa de Vias exclusivas para ônibus, Vias exclusivas para ônibus, Catracas, plataforma elevatória, Plataformas, Adm, Apoio,
necessidades Estações qualificadas, Terminais Estações qualificadas, Terminais bancos, sinalização indicativa Bilheterias, Serviço
Organização Organização radial Organização em malha Linear Linear, Malha
(Ching)
Passarela
Cobertura
Habitabilidade N/D N/D Telhas termo-acústicas, Espaços Abertos
ventilação cruzada
Sistema estrutural N/D N/D Estrutura Metálica a cada 12m Estrutura metálica a cada 28m
e Modulação alternados
Estrutural
3. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE
IMPLANTAÇÃO
3.1. Contextualização regional
pendentes que criam depressões fechadas (coxilhas) (PMPF, 2015). (2015), em 2005, Passo Fundo contava com pouco mais de 40.000
automóveis. Num período de nove anos, o número de veículos
quase dobrou, ultrapassando 70.000 unidades emplacadas no
município, como demonstra o gráfico a seguir.
37
Figura 41 - Frota do município de Passo Fundo É possível apontar, ainda, a diversidade e a densidade que os usos
Fonte: Autor, 2015, com base nos dados do IBGE
do tipo comércio e serviço apresentam ao longo desses eixos. À
medida que se distancia do centro, mais rarefeito e menos
3.2. Contextualização Urbana
diversificado se tornam, e ainda, apresentam finalidades distintas das
3.2.1. Os Eixos Estruturantes áreas mais centrais.
Segundo Silva, Spinelli e Fioreze (2009), Passo Fundo, pela sua Na Avenida Brasil, por exemplo, enquanto a área central apresenta
tradição histórica e pela posição geográfica, se caracteriza como uma alta densidade e propicia o uso misto, principalmente voltado
terra de passagem. A estrada das tropas deu origem a Rua do para o comércio de vestuário e eletroeletrônicos, a parte oeste
Comércio, atualmente a Avenida Brasil, direcionando o baseia-se em revendas de automóveis (a). Esse tipo de comércio
crescimento no sentido leste-oeste. A ferrovia cruzava ocorre nos demais eixos também, embora com menor intensidade.
perpendicularmente esse eixo, orientando a organização urbana no Ainda, quanto a Avenida Brasil Oeste, esta promove a ligação entre
38
a área central e diversos bairros, incluindo os setores 8 e 9, Santa subcentro em desenvolvimento entre as ruas Castro Alves e
Marta e Integração, respectivamente, que se caracterizam como um Álvares Cabral (b). Neste eixo concentram-se equipamentos
dos principais vetores de crescimento da cidade. Encontram-se importantes, como a Prefeitura Municipal e o CAIS Petrópolis, além
neste setor comércios e serviços de grande porte, além de ser de possuir um forte polo de atratividade o Hipermercado Bourbon,
caminho para importantes indústrias do município. Está em construído em 1999. Há ainda outro shopping, atualmente em
elaboração pela Prefeitura Municipal de Passo Fundo e por uma construção, no bairro Petrópolis. Também caracteriza-se por ser
empresa contratada um plano urbanístico para esses setores, caminho de instituições de ensino como a Universidade de Passo
buscando ordenar e qualificar o crescimento desta região. Fundo, Faculdade Ideau e do Instituto Federal Sul Rio-grandense.
b. Sistema Viário
a. Histórico
b. Situação Atual com 70% dos serviços, seguida da Codepas, com 20% e da
Transpasso, com menos 10%.
O transporte coletivo é operado por três empresas, sendo a
Coleurb, a detentora da maior parte da operação, seguida da
Codepas e da Transpasso. O serviço de controle e gerenciamento
está sob responsabilidade da Prefeitura Municipal através da
Secretaria de Transportes e Serviços Gerais – STSG, que dentre
esta, possui diversas outras funções. Esta mantém alguns meios de
controle sobre o sistema, como o controle da frota e vistorias
periódicas, e, anualmente, um levantamento onde se anotam os
Figura 50 - Gráfico com a distribuição por empresas de acordo com
odômetros e os registros de catracas, permitindo uma estimativa indicadores operacionais
Fonte: PMPF, 2014
de demanda transportada e quilometragem percorrida.
A frota, de acordo com os registros da STSG, possui 152 veículos,
A STSG também mantém certo controle sobre a criação ou sendo distribuídos da seguinte maneira:
Indicadores Operacionais
A distribuição das linhas por faixa horária pode ser observada no Desta forma, observa-se que de um total de 41 linhas, 51% destas
gráfico abaixo: tem um tempo de espera entre 20 e 49 minutos.
Como conclusão, a NT-06 (2014), apresenta que: integração tarifária penaliza os usuários que não
contam com uma linha direta para todos os seus
A cobertura espacial da rede de linhas é bastante destinos desejados, gerando pressões para a criação de
abrangente, mas fica prejudicada pela ausência de uma novas linhas, mesmo em casos de baixa demanda.
política de integração tarifária que possibilite maior
acessibilidade para toda a área urbana. A falta de
51
3.3.1. Terreno 1 – Terminal Oeste O fato de sua excelente localização e facilidade de acesso em
relação tanto a Avenida Brasil Oeste – para acesso do BRT, quando
O terreno escolhido para o projeto do Terminal de Integração
das linhas alimentadoras provenientes dos setores 8 e 9 (Santa
Oeste está localizado na confluência das Avenidas Brasil Oeste, da
Marta e Integração respectivamente) justificam sua escolha.
Rodovia RST-153 (Avenida Nossa Senhora Aparecida) e da Rodovia
Ressaltando a proximidade a áreas de ocupação prioritária já
RS-324 (Avenida Perimetral Sul Deputado Guaraci Barroso
determinadas pelo Plano Diretor do município.
Marinho) (Figura 57).
a. Entorno
De acordo com a Figura 59, nos lotes com testada para as rodovias Devido à baixa diversidade do uso do solo, o terminal integrado,
e para a Avenida Brasil, predomina o uso do tipo comércio de enquanto equipamento urbano terá uma função, não apenas de
grande porte, onde se incluem concessionárias de automóveis e transporte, mas também de indutor do desenvolvimento da região,
máquinas agrícolas, comércio de equipamentos pesados ou em através do adensamento e do uso misto, garantidos pelas diretrizes
atacado e oficinas mecânicas de maior porte. Nas faces voltadas propostas neste projeto.
para o interior do bairro, prevalece o uso do tipo residência
unifamiliar de um pavimento.
b. Terreno
Levantamento fotográfico
Não há pontos de táxi nas proximidades. Há apenas um ponto de realizado de forma individual através do sistema fossa-filtro-
ônibus, localizado na rua lateral voltada para a RST-153. Em um raio sumidouro. A Figura 65 demostra a distribuição das redes no local.
de 400m, há 10 linhas que atendem o lote, sendo listadas na Tabela
6.
Redes de infraestrutura
3.3.2. Terreno 2 – Terminal Leste O lote situa-se a menos de 600m da interseção da Avenida
Brasil com a BR-285, em localização estratégica para atender ao
Para o Terminal Leste foi escolhido o lote situado na Avenida Brasil
setor 11 – composto pelos bairros São José, Coronel Massot e
Leste esquina com a Rua Claro Gomes e fundo com a Rua Moron
Leonardo Ilha e parte do setor 5, englobando o Loteamento Parque
(Figura 66).
Farroupilha, bem como as instituições de ensino: a Universidade de
Passo Fundo, o Instituto Federal Sul-Riograndense e a Faculdade
Ideau, a um shopping center, atualmente em construção, ao lado do
terreno escolhido e fácil acesso ao Aeroporto.
a. Entorno
b. Terreno
Levantamento fotográfico
Redes de infraestrutura
3.3.3. Terreno 3 – Terminal Sul Vila Mattos, bem como pelo fato de estar alocado em uma área de
ocupação prioritária, onde será possível induzir o crescimento da
Para o Terminal Sul, foi escolhido o terreno localizado no
região.
cruzamento da Avenida Presidente Vargas e Rua Cintia de Oliveira
da Silva (Figura 75). a. Entorno
A Figura 77 mostra a predominância do tipo residencial unifamiliar Como possível analisar nos mapas acima, nota-se a predominância
de um pavimento. É possível verificar, ainda, a presença de algumas dos vazios sobre os cheios, já que a área em frente ao lote foi
indústrias de pequeno porte naquela região. enquadrada, pelo PDDI, em Zona de Recuperação Ambiental, na
qual nada se pode edificar. No entanto, a área onde o terreno está
inserido está demarcada como Área de Ocupação Prioritária,
consequentemente, assim que loteada, a área estudada passará a ter
uma maior densidade populacional. O Terminal Integrado passará a
exercer um o papel de um subcentro, fomentando o uso misto e o
desenvolvimento da região, de acordo com as diretrizes propostas
neste trabalho.
b. Terreno
Tem uma topografia mais suave nos acessos, mas à medida que se
aproxima do centro fica mais acentuado, chegando a ser 5m abaixo
do nível da rua. Está localizado dentro da Macrozona Urbana, na
Zona de Ocupação Extensiva que, conforme o PDDI do Município
Figura 77 - Uso do Solo
Fonte: Autor, 2015
66
Sistema Viário
O Art. 35 determina a elaboração do Plano Diretor de c) Manual do BRT – Elaborado pelo Institute for
Mobilidade, bem como suas diretrizes básicas.
Transportation e Development Policy: Consulta às diretrizes
No Anexo 2 – Tabelas de Usos não há especificações para a básicas para a elaboração de um projeto de linhas de BRT
atividade denominada Terminal de Transbordo ou similar, desta
forma, adota-se como Conforme, quanto ao Anexo 4 – Uso do
Solo.
4.2. Fluxograma
Desta forma, o sistema foi subdividido em dois subsistemas, de Quanto à operação, esta se classifica em:
acordo com as características de cada serviço: a. BRT, onde a linha opera exclusivamente no corredor, sendo o
a. O subsistema Estrutural é destinado a atender a grande demanda embarque, desembarque e pagamento realizado nas estações.
dos principais eixos de circulação. É servido por veículos de médio b. Mista, quando a linha opera tanto dentro como fora do corredor
e grande porte. Compreende os serviços Troncais, Perimetral e BRT, a fim de alcançar outros polos. Possui portas em ambos os
Coletores. lados, sendo a esquerda ao nível da estação e pagamento externo e
a direita ao nível do passeio, com pagamento embarcado.
b. Já, o subsistema Local cumpre itinerários menores, alimentando a c. Comum, de forma tradicional, com embarque em pontos comuns
rede estrutural. Opera com veículos menores e envolve os serviços e pagamento embarcado.
Alimentadores e Radiais.
Quanto ao tipo de veículo:
Tabela 11 - Classificação por tipo de veículo
Número de Posição do
Veículo Comprimento PBT Potência
Passageiros Motor
Número de Posição do
Veículo Comprimento PBT Potência
Passageiros Motor
Central ou
Articulado 18-21m 158 30ton 300 cv
traseiro
usuário ao acessar a estação. A cobertura foi elevada, deixando um vão livre superior entre o
fechamento em vidro e a mesma, priorizando a ventilação natural.
O cobogó surgiu na década de 1920, em Recife, como forma de
Já a plataforma de embarque ganha formas transparentes. Deste
permitir uma permeabilidade visual, ventilação e iluminação. Desde
modo, a edificação acontece através de traçados modernistas e
então, tornou-se elemento presente na arquitetura moderna
minimalistas, como na Glass House (1949), de Philip Johnson (b), na
brasileira, tornando-se um componente ícone deste movimento no
Casa Farnsworth (1951), de Mies van der Rohe (a), bem como na
Brasil (DELAQUA, 2015). Partindo destes princípios, utilizou-se
Casa de Vidro (1951), de Lina Bo Bardi (c) (Figura 91).
placas metálicas perfuradas para o fechamento da edificação,
realizando a transição entre o opaco (do módulo de acesso) e o
translúcido (da plataforma), de forma a remeter a este elemento,
favorecendo não somente às questões de conforto térmico, como
também, criando um ambiente com diferentes sensações e cenários
conforme a insolação e a iluminação. Figura 91 - Casas de vidro
Fonte: a) Kramer, 2015, b) Robbins, 2015, c) Selmie, 2015
82
5.3. Diretrizes Urbanas Desta forma, há o incentivo ao uso misto e o controle para uma
densidade adequada, além de oferecer espaços públicos de
A fim de utilizar-se do potencial oferecido pela infraestrutura
qualidade, permitindo deslocamentos eficientes e de ampla
proposta, aplicam-se diretrizes urbanas voltadas para o
conectividade e favorecendo a interação social.
Desenvolvimento Orientado ao Transporte (DOT).
Assim, as Avenidas Brasil e Presidente Vargas passam a ter o Coronel Pelegrini e José Bonifácio, passam a ter característica
Corredor BRT, margeadas por vias de tráfego misto, que dão Arterial, conduzindo o tráfego misto em sentidos opostos de
acesso aos lotes. O novo zoneamento se aplica aos lotes com circulação.
testada para as vias citadas. Para compor o sistema trinário de
circulação, as Ruas Independência, Uruguai, Morom, Paissandú, As diretrizes propostas são apresentadas na Figura 96.
5.4. Zoneamento
O Terminal de Integração apresentado será o Terminal Oeste. No entanto, este se compõe por módulos, o que faz possível, mediante
adaptações, a sua implantação nos demais terrenos.
Será apresentada uma estação-tipo de BRT, que deve ser adaptada conforme a necessidade de demanda e a especificidade de cada local.
Tabela 15 - Zoneamento proposto para a Estação BRT
Estação BRT
Critérios Avaliação
Funcionalidade Plataforma linear com acesso em uma das extremidades e área para embarque e desembarque em ambos os sentidos.
Flexibilidade para a implantação de acordo com cada situação.
Sistema construtivo O sistema construtivo se constitui em estrutura metálica com fechamentos em vidro e o bloco de acesso em concreto aparente.
Conclusões A proposta se apresentou mais viável devido a atender os parâmetros de funcionalidade necessários para o bom andamento das
atividades da estação.
Fonte: Autor, 2015
88
Detalhamento Urbano da Avenida Brasil Leste entre as ruas Olavo Bilac e Afonso Pena. Configuração padrão para toda Avenida Brasil Leste.
Detalhamento Urbano da Avenida Presidente Vargas entre as ruas Artur Bernardes e Ipiranga. Configuração padrão para toda Avenida
Presidente Vargas e Avenida Brasil Oeste no trecho compreendido pela Rua Livramento e RS-324.
6. CONCLUSÕES
Muito mais que um meio de transporte, o que se propõe neste
Por meio deste estudo desenvolveu-se a proposta da Rede
trabalho é uma nova visão de cidade. Visão esta que prioriza a sua
Integrada de Mobilidade para o município de Passo Fundo, de forma
história, que mantém seus espaços públicos e que valoriza o seu
que cumpra todos os objetivos previamente definidos.
cidadão. Assim sendo, pretende-se mudar a imagem da cidade,
O BRT cortará a cidade de leste a oeste e do sul ao centro, através da requalificação de seus maiores eixos, de forma a induzir
atingindo os eixos de maior demanda, e, através de uma gama de o desenvolvimento do município de forma mais sustentável,
linhas alimentadoras e perimetrais, conectar toda a malha urbana, impactando positivamente nos deslocamentos de cada pessoa, e
servindo a um público-alvo amplo e variado. Aliado a isso, há ainda consequentemente, numa maior qualidade de vida. Dar o espaço
a infraestrutura cicloviária, as diretrizes de uso do solo e de necessário a cada modal e priorizando quem transporta mais é a
alternativas viárias aqui propostas, a fim de direcionar o forma de trazer esse impacto para a vida de Passo Fundo.
crescimento da cidade orientado aos eixos de transporte.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CODEPAS (Passo Fundo). A Codepas. 2015. Disponível em:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:
<http://www.codepas.com.br/site/a-codepas/>. Acesso em: 15 abr.
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
2015
equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. 76 p.
CORBIOLI, Nanci. Estruturas leves e transparência. Projeto
Design, São Paulo, v. 291, p.01-02, maio 2004. Mensal. Disponível
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077:
em: <http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/una-
Saída de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 2001. 35 p.
arquitetos-terminal-de-03-06-2004>. Acesso em: 17 mar. 2015.
MELENDEZ, Adilson. BRT À MODA MINEIRA, UAI. Projeto RIO GRANDE DO SUL. Fee-rs - Fundação de Economia e
Design, São Paulo, v. 419, p.1-2, 2015. Mensal. Disponível em: Estatística. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Perfil
<http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/gustavo-penna- Socioeconômico de Passo Fundo. 2015. Disponível em:
bl-estacoes-brt-move-belo-horizonte>. Acesso em: 15 mar. 2015. <http://www.fee.rs.gov.br/perfil-
104
socioeconomico/municipios/detalhe/?municipio=Passo+Fundo>. <http://www.archdaily.com.br/12802/classicos-da-arquitetura-casa-
Acesso em: 05 abr. 2015. de-vidro-lina-bo-bardi>. Acesso em: 13 Jun 2015.
ROBINS, Greg. Clássicos da Arquitetura: Casa Farnsworth /
Mies van der Rohe. 15 Mai 2013. ArchDaily Brasil. Disponível em: SILVA, Ana Maria Radaelli da; SPINELLI, Juçara; FIOREZE, Zélia
<http://www.archdaily.com.br/40344/classicos-da-arquitetura-casa- Guareschi (Org.). Atlas Geográfico de Passo Fundo, 2009.
farnsworth-mies-van-der-rohe>. Acesso em: 13 Jun 2015. Passo Fundo: Méritos; Imed, 2009. 88 p.
RODRIGUES, M. A. Análise do Transporte Coletivo Urbano
com Base em Indicadores de Qualidade. 2008. 94 f. TCE-RS - TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO (Rio Grande do
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil – Área Engenharia Sul). Diagnóstico do Transporte Coletivo Urbano por
Urbana) – UFU – Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, Ônibus no Estado do Rio Grande do Sul em 2014. 2014.
2008. Disponível em:
<http://portal.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/text
ROMANINI, Anicoli. Princípios Do Novo Urbanismo No os_diversos_pente_fino/final.pdf>. Acesso em: 02 maio 2015.
Desenvolvimento De Bairros Sustentáveis Brasileiros. 2014. X
NUTAU/USP. Disponível em: TRANSMILENIO (Bogotá). Transmilenio. Disponível em:
<http://www.usp.br/nutau/anais_nutau2014/trabalhos/Nova <http://www.transmilenio.gov.co/>. Acesso em: 29 mar. 2015.
pasta/romanini_anicoli.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2015.
TRAVEL TO PARANA (Org.). Linha Verde. Disponível em:
SELMIE. Clássicos da Arquitetura: Casa de Vidro / Lina Bo <https://traveltoparana.wordpress.com/2010/01/15/curitiba-is-the-
Bardi. 15 Maio 2013. ArchDaily Brasil. Disponível em: first-brazilian-city-to-win-the-sustainable-transport-award/>. Acesso
em: 04 abr. 2015.
105
Mercearia/ Hortifrutigrangeiros
8. ANEXOS Mini-Mercado
Padaria/ Confeitaria
Anexo I – Anexo II do PPDI de Passo Fundo
Peixaria
USO ATIVIDADE Sapataria
RESIDENCIAL Serviço Autônomo sem sede, sem depósito e sem
R.1 Residencial Tipo I atendimento ao público
Residência unifamiliar CS.2 Comércio Varejista e Serviços Tipo II
R.2 Residencial Tipo II Academia de ginástica
Residência multifamiliar horizontal Agência de Turismo/ Publicidade
R.3 Residencial Tipo III Beneficiamento, manipulação de cosméticos, perfumarias e
Residência multifamiliar vertical afins
R.4 Residencial Tipo IV Brinquedos/ Artigos Plásticos
Habitação de interesse social Casa Lotérica
R.5 Residencial Tipo V Com. Aparelhos e Equipamentos Elétricos /Eletrônicos
Chácara familiar Com. Aparelhos e Equipamentos Médicos e Odontológicos
COMÉRICO E SERVIÇOS Com. De Artigos Camping/ Caça/ Pesca
CS.1 Comércio Varejista e Serviços Tipo I Com. de Componentes e Equipamentos para Informática
Açougue/ Comércio de Embutidos Com. de Ferragens/ Ferramentas/ Material Elétrico
Alfaiate/ Bordadeira/ Costureira/ Crocheteira Com. Jogos/ Fitas/ DVD
Armazém Com. Material Fotográfico/ Estúdio/ Filmagem
Bar diurno Comércio de Bebidas
Bomboniere Comércio de Confecções/ Calçados/ Armarinhos/
Cafeteria Acessórios
Chaveiro Conserto de Elétricos/Eletrônico/Equipamentos
Comércio de Alimentos Especializado Escritório Sede de Empresa
Comércio de Refeições Embaladas Estética Animal/ Artigos e produtos veterinários p/ animais
Comércio de Sorvetes e Gelados domésticos
Instituto de Beleza/ Manicure e Pedicure/ Depiladora/ Farmácia/ Drogaria/manipulação
Bronzeamento/Barbeiro Floricultura
Lancheria Lavanderia/ Tinturaria
Massagista/ Massoterapeuta Livraria/ Papelaria/ Revisteira/ Bazar/Decoração
Móveis / Acessórios
107
9. APÊNDICES