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RESUMO
2.1. Gótico
Procedente da arquitetura gótica o mobiliário acabou sendo influenciado por suas
características, tendo como reprodução temas religiosos e estruturas que pareciam buscar o céu,
sendo estas minúcias o reafirmamento da inferioridade do homem em relação a Deus. Neste
período temos particularidades significativas, sendo elas a verticalidade e a integração da
tapeçaria aos móveis. (PIERONI, Natalia; 2014)
Os elementos mais valorosos do mobiliário eram os tecidos, cortinados para proteger
das correntes de ar, as colchas e tapeçarias. As camas deixaram os aposentos comuns e
tornaram-se quartos privativos, contando com um dossel, espécie de cortina utilizada para
cobrir a cama sendo apoiada em quatro colunar de madeira, este artigo além de privatizar o
móvel também auxiliava nos invernos rigorosos e contra insetos. Um destaque importante é a
introdução das ferragens, como chaves, cadeados e dobradiças garantindo assim o peso.
(PIERONI, Natalia; 2014)
Em relação as arcas grande maioria são lisas ou divididas em painéis, tendo grandes
ferragens recortadas de ferro forjado. Neste período temos o surgimento dos baús, cofres,
aparadores, armários com divisões, tendo ricas ornamentações com folhagens, portas e
dobradiças de ferro. O aparador é decorrente de um gosto luxuoso, nobre e ambicioso gerado
por influências de uma época estável e de uma economia rendosa, refere-se a um móvel de luxo
ordenado por prateleiras coroados por dosséis de cimalhas góticas ou panejamentos. Entre os
séculos XIV e XV não eram numerosas, os assentos eram em sua maioria constituídos por
bancos, monchos ou tamboretes, arcas e almofadas. (GALVÃO, Arabella; 2016)
3. Mobiliário no Renascimento
No renascimento dispomos de uma mudança de pensamento, agora o homem moderno
deixa de olhar tanto para o alto em busca de Deus passando a valorizar a si mesmo. Período de
grandes influências dos princípios de humanismo, racionalismo e individualismo, este serio o
pontapé para a integração dos moveis a decoração do lar. Uma vez que antes os moveis eram
limitados para usos essenciais de necessidades básicas, agora os moveis irão compor o ambiente
doméstico trazendo o aconchego adquirindo a essência de residência. Em contraste com a
verticalidade do móvel gótico, o móvel renascentista tem uma predominância de linhas e planos
horizontais. (PIERONI, Natalia; 2014)
Há uma retomada da cultura greco–romana com a valorização do belo, simetria e
harmonia, trazendo uma serenidade clássica. A madeira normalmente utilizada é a nogueira,
ganhando destaque no estilo de Luís XIII na França, no qual é empregada para substituir o
carvalho, por ser uma madeira preciosa com o surgimento da marcenaria, destacando também
uma nova técnica destinada a agregar valor estético na peça, que é a marchetaria e aplicação de
bronze. A marchetaria consiste em um trabalho realizado no próprio móvel que é possível
realizar ornamentos. (GALVÃO, Arabella; 2016)
Os móveis dispõe de um revestimento de brocado e veludo, por vezes couro talhado e
policromado. Sendo também utilizadas aplicações complexas de entalhadas com ferro e bronze
sobre veludo. Caracterizado por uma trabalho em madeira muito bem executado e decorado
sendo estes medalhões, elementos da natureza, frisos, elementos geométricos, elementos
mitológicos; coligado também com pinturas da antiguidade ou que traz a valorização da figura
humana. (PIERONI, Natalia; 2014)
Um grande símbolo do mobiliário renascentista é a cadeira Savonarola, invenção
italiana que acabou ganhando destaque em razão a sua leveza e forma em X, tendo seus pés de
apoio parecidos com uma tesoura, sendo uma cadeira dobrável.
Título: Cadeira Savonarola, 2013.
FONTE: https://pin.it/4iHhtOs
Meados do século do XVII surge o estilo barroco caracterizado pela presença do escuro
em contraste com brilho do dourado e a abundância de ornamentos. A igreja protestante
ganhava uma grande força nesse período, sua arquitetura e ornamentos eram minimalistas, e
partindo de uma estratégia da igreja católica, que procurava certificar-se de que seus fiéis não
partiriam para o outro movimento, utilizaram da extravagância em seus interiores e mobiliários,
a fim de expressar a riqueza e a alegria do ouro aos seus membros. (GALVÃO, Arabella; 2016)
No período do reinado de Luís XIII, na França observa-se a transição entre o
renascimento e o barroco de forma simples, linhas retas, espirais, com a presença de talhadas,
mas com a posse de Luís XIV, fica nítida a mudança no estilo, o absolutismo e rigidez do Estado
traduzem-se nos móveis, compondo uma estética simétrica ainda que curvilínea, estampas em
arabescos, folhagens, florais, pés em x, pés com forma semelhante de animais como servo, a
pregnância do luxo e aparência acima da funcionalidade e conforto, as cadeiras com encosto e
braços rígidos, utiliza do ébano, nogueira bronze ou cobre como matéria prima. (GALVÃO,
Arabella; 2016)
No momento de passagem de Luís XIV, após sua morte, para Luís XV, a França é
governada por um regente, assim o estilo de transição do barroco para rococó fica conhecido
como regência, assim gera uma expressão de leveza e liberdade, tornando- se também,
característica dos mobiliários que apresentam linhas leves e graciosas, assimetria, uma forte
influência da cultura asiática, conexão com a natureza. As cadeiras idealizadas para o conforto
além da estética e o luxo, através de suaves curvas nos braços, almofadas. Luís XV assume o
reinado, muda-se para o palácio de Versalhes e mobília todos os cômodos, assim sendo um
período de inovação, novos móveis vão surgindo, dando mais movimento as linhas, sendo
móveis muito mais expressivos e confortáveis. Como podemos ver na cadeira que deixa o
encosto reto e passar ser cabriolé, ou seja, curvo, assim seguindo anatomia do corpo, eram mais
baixas, em begeré toda estofada, por todos lados, ainda com estampas em seda, brocados, que
representava a natureza, eram projetadas bem mais largas até mesmo as chaissé longue, que
eram espécies de sofás maiores, para as proporções das saias femininas composta pelo painer.
(GALVÃO, Arabella; 2016)
6. Bauhaus
Bauhaus foi uma escola modernista de design, artes plásticas e arquitetura, se tornou
uma referência e seus traços podem ser notados em elementos como mobília de casas, objetos
manufaturados, teatro e na arquitetura (GUIMARÃES, Ana Paula, 2012). A metodologia de
ensino e a maneira de entender a relação entre arte, sociedade e tecnologia impactou tanto a
Europa quanto os Estados Unidos. A junção entre a estética e a funcionalidade no
desenvolvimento de elementos e objetos do dia a dia é um dos aspectos do modelo de
pensamento iniciado com Bauhaus.
Com influência do Arts & Crafts, do movimento de vanguarda Expressionista, do
Racionalismo, do Construtivista e no Modernismo, a instituição foi criada em 1919 na
Alemanha. O movimento atendia a três objetivos iniciais, motivar os artesãos a trabalharem
combinando habilidade e técnicas, elevar o status das peças artesanais a de belas-artes e visava
a independência do governo com a venda dos projetos, os principais conceitos agregados eram
a funcionalidade, forma, ergonomia e inovação. Com ateliês ligados ao design de mobiliário e
de acessórios, o estilo Bauhaus foi usado também para o Design de Interior, incorporando aos
produtos conceitos inovadores que os diferenciam, uma particularidade iniciada em Bauhaus,
onde o elemento chave respeita a famosa citação “a forma segue a função”. Isso significa que
a função do objeto que está sendo criado é de maior importância comparada à aparência final
do todo (GUIMARÃES, Ana Paula, 2012).
Segundo o texto de Westwing, loja especializada em alta decoração, o impacto da escola
no Design de móveis é notado na utilização de materiais em sua forma natural, no uso de shapes
simples e com princípios de racionalidade e funcionalidade. O movimento Bauhaus influenciou
a criação e produção de mobiliário moderno, agregando o uso do aço como moldura e suporte
para mesas, cadeiras, sofás e até mesmo lâmpadas. O uso de tubos de aço produzidos em massa
facilitava a produção e contribuía para o aspecto aerodinâmico e moderno do mobiliário. A
instituição influenciou diversos movimentos artísticos, como o Art Déco trazendo linhas retas
e simples, além de tonalidades básicas e discretas na decoração, o que prega o pensamento de
Bauhaus. As cores fortes e marcantes podem aparecer, porém com cuidado na elaboração de
ambientes.
Título: ROHE, Ludwig Mies van der; REICH Lilly.Cadeira Barcelona,1929
FONTE: https://gizmodo.uol.com.br/8-lindos-produtos-da-bauhaus-a-mais-influente-escola-de-design/
7. Cadeiras icônicas
As cadeiras possuem grande destaque na história dos móveis de forma geral. A
civilização egípcia foi a mais antiga cujos móveis puderam ser associados a itens planejados.
Tronos eram feitos para Faraós ou pessoas que faziam parte da nobreza. Apesar de essas
cadeiras não trazerem dados como um nome ou um artista é possível ver que de forma geral
havia padrões na criação das mesmas. Boa parte das poltronas egípcias eram feitas em ouro e
em raros casos madeira de ébano (material incomum na região e por isso valioso), que eram
esculpidos formando imagens de deuses e faraós (também considerados deuses), além de pernas
“bestiais” (PALOMA, K. 2011).
Título: Trono de Tutankhamon
Ao chegar no século 19, com a revolução industrial todos os conceitos até então
conhecidos são mudados, pois agora o mobiliário deveria ser adequado para uma produção em
escala, além da adequação de visual e conceito para algo moderno, como os tempos que haviam
mudado. Antes do surgimento da Bauhaus, a Inglaterra na metade do século XVII, passava por
mudanças, sua economia crescia rapidamente, o elevado aumento da população e a
mecanização dos sistemas de produção, fez com que a produção industrial aumentasse e uma
nova situação política surgisse. Foi no cenário d uma república nova situação política surgisse.
Foi no cenário d uma república que a Bauhaus ficou no centro dos acontecimentos políticos,
sua permanência se deu como motivo de propagação ideológica, até o seu fechamento em 1933
com a chegada do poder nazista (CARDOSO, 2008 Apud. CALEGARI; LIMA; CIVRIANO,
2012). Das curvas clássicas surgiram novos desenhos, linhas e cores projetados no ferro,
concreto, vidro e muitos ângulos retos. É desse sentimento de modificação que surge a Bauhaus:
a escola de Design que revolucionou a forma de criar móveis, e é também o período que trouxe
uma série de cadeiras icônicas para a história do design (WESTWING, 2021). Grandes artistas
como Wassily Kandinsky, Marcel Breuer, Ludwig Van der Rohe, entre outros trouxeram cores
primárias, linhas retas e produtos que utilizam de vários planos retos. Em alguns casos não
existe o uso de linhas retas, mas é possível ver o uso de cores chapadas, sem demasiados
detalhes. Alguns designers também buscaram inspiração em outros artistas, como Gerrit
Thomas Rietveld que se inspirou na obra de Piet Mondrian para a criação de uma cadeira
(PPOW.COM, 2021). A cadeira de Rietveld (imagem 07) e a pintura de Mondrian são práticas
diferentes do cubismo abstrato, na percepção de que uma máquina é sempre a espiritualização
do organismo e que sua construção anda junto a uma obra de arte (DOLZAN, J. E. 2008)
Fonte: https://eeroaarnio.com/products/chairs/ball-chair/
Título: Bubble Chair – Eero Aarnio, 2021.
Fonte: https://eeroaarnio.com/products/chairs/bubble-chair/
Fonte: https://eeroaarnio.com/products/chairs/pastil/
Marcel Lajos Breuer nasceu na Hungria no ano de 1902, e faleceu em Nova York no
ano de 1981, foi um designer e arquiteto que integrou a primeira geração de alunos formados
pela Bauhaus. Aluno na sede da Bauhaus em Weimar no ano de 1924 e tornou-se professor da
mesma no ano de 1928 já sediada em Dessau. Em um primeiro momento de sua vida se dedicou
aos trabalhos de designer de mobiliário, fazendo series de experimentações mesmo ainda
docente.
FONTE: https://pin.it/2209uLL
Em 1925 foi projetada a cadeira que tornou-se o ícone do design mundial, da mesma
forma um símbolo do modernismo da década de 20, a cadeira Wassily, cujo nome é uma
homenagem ao colega Wassily Kandinsky, também professor e colega de Marcel Breuer; que
inicialmente foi chamada de Modelo B3.
FONTE: https://pin.it/3Amj2Ci
Fonte:https://sergiorodriguesatelier.com.br/produtos/chifruda/
9. Considerações finais
ARABELLA, Galvão. História do Mobiliário. Paraná: [s. n.], 2016. Disponível em: <
http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_arabella/wp-
content/uploads/sites/28/2016/08/Apostila-Hist%C3%B3ria-do-Mobili%C3%A1rio.pdf >.
Acesso em: 30 mar. 2021.