Aula 01:
Ética e moral
ÉTICA estudo sistemático da argumentação de como devemos agir (filosofia moral). Vem do
grego ethos com “e” curto – costume e ethos com “e” longo – modo de ser ou propriedade do
caráter.
MORAL (definição filosófica): domínio da filosofia que se ocupa dos problemas relativos à
conduta do homem em sua vida pessoal e social. Vem do latim morales, que significa costume,
assim como o ethos com e curto.
Por muitos anos esses termos se confundiram, sobretudo, na antiguidade. A diferença entre esses
termos foi discutida por muitos anos entre os filósofos, porém atualmente convenciona-se que a:
ética corresponde ao conjunto de ações e normas que regem uma sociedade, é algo aplicável a
todos, enquanto que a moral corresponde à conduta de cada um e pode ser motivado pelos
hábitos, costumes, religião. Em suma, a ética é a reflexão da moral e a moral é quem orienta o
que é certo e errado.
Aula 02:
A tomada de consciência em relação à ética em pesquisa é algo recente que data do fim da 2ª
Guerra Mundial, depois do Tribunal de Nuremberg. Antes desse período, as pesquisas podiam
provocar risco ou dano ao voluntário, muitas vezes não havendo beneficio cientifico que
justificasse a pesquisa e na maioria das vezes não havia consentimento do pesquisado, eram
verdadeiras “cobaias”.
No século XX, nos campos de concentração nazistas, os prisioneiros raciais, políticos e militares
foram colocados à disposição dos médicos para todo e qualquer tipo de experimentação (a
justificativa por parte de Hitler era a teoria da EUGENIA). Mediante o advento da comunicação e o
alcance das informações, que mostram ao mundo o conflito entre o interesse científico e o
interesse da sociedade em sua totalidade, e a ética torna-se norteadora da evolução social.
Em 1946 com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Tribunal Militar Internacional, em Nuremberg
julgou vinte e três pessoas - vinte das quais, médicos - que foram consideradas criminosas de
guerra, pelos brutais experimentos realizados em seres humanos nos campos de concentração
nazistas. (Alguns exemplos de experimentos feitos no passado: tempo de sobrevivência em
temperaturas extremas ou com a ingestão de água do mar, ingestão de veneno)
2. O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade, os quais não
possam ser buscados por outros métodos de estudo, e não devem ser feitos casuística e
desnecessariamente.
5. Nenhum experimento deve ser conduzido quando existirem razões para acreditar numa
possível morte ou invalidez permanente; exceto, talvez, no caso de o próprio médico pesquisador
se submeter ao experimento.
6. O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância humanitária do problema que o
pesquisador se propõe resolver.
8. O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente qualificadas. Deve ser
exigido o maior grau possível de cuidado e habilidade, em todos os estágios, daqueles que
conduzem e gerenciam o experimento.
9. Durante o curso do experimento, o participante deve ter plena liberdade de se retirar, caso ele
sinta que há possibilidade de algum dano com a sua continuidade.
10. Durante o curso do experimento, o pesquisador deve estar preparado para suspender os
procedimentos em qualquer estágio, se ele tiver razoáveis motivos para acreditar que a
continuação do experimento causará provável dano, invalidez ou morte para o participante.
O comitê de ética em pesquisa (CEP) é órgão que tem por função proteger o individuo
pesquisado. Deve ser composto por profissionais interdisciplinares (exatas, área da saúde e
ciências humanas) e pelo menos um participante da comunidade. A resolução 196/96 versa sobre
a autonomia do voluntario em relação em seu consentimento para participar da pesquisa. O
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é quem documenta esse acordo.
*Qualquer pessoa pode doar órgão desde que não possua doença ativa (é necessário rapidez para
que a doação tenha sucesso);
*Em vida, não se pode doar órgãos, exceto para parentes de primeiro e segundo grau (forma de
evitar a venda e contrabando).
Logo,
2- doadores vivos, parentes de primeiro e segundo grau do receptor (ex.: fígado, rim)
Esses primeiros transplantes não tiveram sucesso devido a REJEIÇÃO. Em 1983 começou-se a
usar as ciclosporinas para causar imunossupressão e assim houve o primeiro transplante com
sucesso.
Inicialmente fazem-se testes subjetivos (por exemplo, retirar a máscara de ventilação para ver se
o paciente reage, ou coloca água no ouvido), posteriormente, faz o encefalograma para ver a
atividade do encéfalo, fazendo-o de 12/12 horas, duas vezes, até certificar-se que não há
atividade, e assim pode indicar a doação de órgãos.
É vedado ao médico:
Art. 45. Retirar órgão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz, mesmo se houver
autorização de seu representante legal, exceto nos casos permitidos e regulamentados em lei.
- Coração e pulmões:
4 a 6 hr (idade
máxima do
doador=55 anos)
- Fígado e pâncreas:
de 12 até 24 horas
- Córnea: 6 hr até 7
dias (não há idade
máxima)
Tipos de transplante:
A bioética deve discutir os princípios ligados tanto ao início quanto ao fim da vida. Estudiosos
mais antigos acreditavam que os seres vivos surgiam espontaneamente da matéria bruta – a
hipótese da geração espontânea, também chamada de abiogênese. Entretanto, por meio de
diversos experimentos executados por cientistas, como Redi, Needham, Spallanzani e Pasteur, foi
possível descartar essa hipótese, adotando a biogênese, que afirma que os microorganismos
surgem a partir de outros preexistentes. Algumas outras teorias tentam elucidar como se deu o
inicio da vida:
Bioética e espiritualidade:
Além disso:
VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu
benefício, mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar
sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar
tentativas contra sua dignidade e integridade.
VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar
serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas
as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou
quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
Ou seja, se o médico for contra a conduta do aborto (provocado), ele poderá se recusar a
fazer procedimentos como curetagem uterina e outras terapêuticas na presença de outro
médico que o faça. Se não houver outro médico, e a paciente estiver em risco eminente
de morte devido às complicações do aborto (infecção ou sepse), o medico é obrigado a
assisti-la, devendo nesses casos resguardar o sigilo da paciente e procurando não causar
dano mental ou físico ainda maior a esta, mesmo que fira os próprios princípios do
médico.
No Brasil, o aborto é considerado um crime, com penas previstas de 1 a 3 anos de
detenção para a gestante, e de 1 a 4 anos de reclusão para o médico ou qualquer outra
pessoa que realize em outra pessoa o procedimento de retirada do feto (se não houver
consentimento essa pena aumenta para de 4 a 10 anos, em caso de ser menor de 14
anos, ou sofrer de problemas mentais, por exemplo). Porém, não é qualificado como
crime quando ocorre naturalmente ou quando praticado por médico capacitado em três
situações: (1) em caso de risco de vida para a mulher causada pela gravidez, (2) quando
a gestação é resultante de um estupro ou (3) se o feto for anencefálico.
Aula 04:
Bioética e fim da vida
Desde que a medicina se tornou ato profissional, o tema terminalidade da vida tem sido alvo de
muitos debates, uma vez que diante de uma paciente com quadro patológico, a evolução natural
da doença o levará a morte. Os médicos precisam então, procurar meios para lidar melhor com a
morte e o morrer. O desenvolvimento técnico-cientifico levou a crença de que a medicina pode
lutar veementemente contra a morte e o médico tornou-se o protagonista dessa luta, cujo
objetivo principal é evita-la sempre. Porém admitir que a medicina é infalível, pode levar o
médico a uma frustação importante quando se depara com a morte, não sabendo lidar com esta
muitas vezes.
1- Eutanásia: do grego eu=bom, thanatos=morte. Pode ser entendida como a morte de uma
pessoa ao seu pedido por outra pessoa que o acolhe. Na antiguidade essa pratica era
comum, a exemplo dos espartanos que abandonavam RN’s mal-formados, na Ilha de Cós
era oferecido veneno aos mais velhos por acreditar que estes já estavam deteriorando em
sua função social e fisiológica. Pode ser feito através do suicídio, do suicídio assistido e da
eutanásia propriamente dita.
- Alguns países aceitam essa prática, a exemplo da Holanda, EUA, Suiça, Belgica e
Luxemburgo. Porém deve seguir alguns critérios:
b) ter convencimento de que o pedido foi voluntário (não forçado por outrem) e bem
considerado
d) levar em conta a opinião e avaliação clinica de outro médico antes de autorizar a pratica
(essa opinião deve ser por escrito)
OBS.: Os casos que mais geram eutanásia nesses países: câncer, dças cardiovasculares e
neurológicas.
- Platão em sua obra República defende que a medicina deve se ocupar com os bem
constituídos de corpo e de alma, deixando morrer os mal constituídos. Thomas More em
Utopia também defende a mesma ideia.
No Brasil essa prática é considerada crime, porém a pena pode ser diminuída se for
possível provar o pedido do paciente.
Em termos legais:
Art. 41. É vedado ao médico breviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu
representante legal. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os
cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua
impossibilidade, a de seu representante legal.
Art. 2º: O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que
levam ao sofrimento, assegurada à assistência integral, o conforto físico, psíquico, social e
espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da alta hospitalar (tem autonomia para decidir o
local da morte).
A prática médica está passando por consideráveis mudanças, o avanço tecnológico na área do
diagnostico e a intermediação do trabalho médico são fatores que causam impacto, que às vezes
trazem dificuldades para a relação médico-paciente. Deve ser inerente do médico o poder de se
autovigiar para evitar que seus preconceitos e prejulgamento ditem como será a relação médico
paciente.
Bioética clínica: ramo da bioética que se ocupa com os relacionamentos entre pacientes e
profissionais de saúde.
Dilemas:
Modelos de relação:
1) Sacerdotal:
*É o mais tradicional (baseado no modelo hipocrático), o médico tem uma postura paternalista e
é detentor de todo o poder da relação, sendo o paciente apenas espectador/submisso. Essa
relação tem baixo poder de envolvimento.
2) Engenheiro:
*O médico se abstém se seu poder, entregando-o ao paciente. O médico tem apenas o papel de
repassador de informações e segue todas as ações propostas pelo paciente. Tem baixo baixo
envolvimento, pois o médico se acomoda e o paciente é quem toma as decisões.
3) Colegial:
*Não há diferença entre os papeis de médico e paciente, mas o processo de tomada de decisões é
de alto envolvimento. O poder é compartilhado entre médico e paciente de forma igualitária. A
maior restrição desse modelo é que há perda da finalidade da relação médico-paciente,
equiparando-os a uma simples relação de indivíduos iguais.
4) Contratualista:
*O médico preserva sua autoridade enquanto detentor do saber cientifico e das técnicas a serem
realizadas, assumindo responsabilidade pela tomada de decisões, no entanto, o paciente pode
participar ativamente do processo, demonstrando sua aceitação ou não perante seus valores
pessoais e estilo e vida. Tem alto ou médio envolvimento.
A postura dos pacientes vem mudando muito ao longo dos anos, perante a maior procura pelos
órgãos competentes para denuncia de falta de ética na prática médica, sobretudo em situações
em que estão inconformados com seu estado de saúde ou na perda de seus entes queridos , por
isso, se faz necessária a postura do medico mais correta possível evitando punições
desnecessárias.
Hipócrates (séc. IV a.C.): Juramento de Hipocrátes sustenta os princípios que norteam o médico
na sua relação com o paciente.
Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo
por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.
Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente
tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico
comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento); c) na investigação de suspeita
de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo
penal.
Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes
tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo
quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.
Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou imagens que os tornem
reconhecíveis em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos em meios de
comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente.
Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores,
inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em
risco a saúde dos empregados ou da comunidade.
Em resumo, o sigilo médico pode ser quebrado desde que haja perigo para terceiros, mas mesmo
assim, é necessário que o médico informe ao paciente que precisa quebrá-lo.
A professora deu o exemplo de um rapaz que chega para se consultar e acaba descobrindo que
está com AIDS, no entanto ele se nega a usar métodos de prevenção as pessoas com quem se
relaciona acabam contraindo (nesse caso pode quebrar o sigilo).
É vedado ao médico:
Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção,
diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do
paciente.
Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência
ou emergência quando não houver outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.
§ 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou à sua Capítulo V RELAÇÃO COM
PACIENTES E FAMILIARES CÓDIGO DE 28 ÉTICA MÉDICA família, o médico não o abandonará por
este ter doença crônica ou incurável e continuará a assisti-lo e a propiciar-lhe os cuidados
necessários, inclusive os paliativos.
Aula 05:
Paradigma pode ser definido como a forma como a sociedade se organiza e se comporta. Os
modelos de paradigma são: Liberalismo – tem nos direitos humanos a justificativa para valor
central da autonomia do individuo sobre si, das Virtudes – dá ênfase a boa formação do caráter e
da personalidade tanto do médico quanto do paciente, da Causuística – incentiva a analise
sistemática dos casos a fim de reunir características, Narrativo – entende a intimidade e a
identidade experimental pela pessoa ao contarem historias como facilitador da análise ética, do
Cuidado – defende a relação interpessoal com benéfica no cuidado e a PRINCIPIALISTA que será
melhor detalhada.
b) Não maleficência: se baseia no primum non nocere (primeiro não prejudicar). Alguns
autores defendem que é um adendo da beneficência, pois a partir do momento em que
se faz o bem se evita o mal. De uma forma geral, diz respeito a não causar dano
intencional ao paciente.
d) Autonomia: os indivíduos estão aptos a deliberar sobre suas escolhas pessoais podendo
se recusar a qualquer conduta que o médico propor, devendo este respeitá-lo diante da
escolha.
Erro médico e responsabilidades:
O médico pode ser julgado em seus erros tanto pela espera administrativa (advertência,
suspensão e cassação do registro) quanto judicial (pena ou indenização). O nível da punição
depende da gravidade do erro.
Pode ser definido como a conduta do profissional que se caracteriza pela não observância de
capacidades técnicas (imperícia), capaz de produzir dano, invalidez ou morte ao paciente, ou
ainda por meio de negligência (saber da necessidade do procedimento e mesmo assim não
realizar) e imprudência (ação displicente).
Para França (2001), o médico não pode ser imperito, já que ao receber o diploma deve ser capaz
de realizar qualquer procedimento médico. No entanto, outros autores defendem a linha de que
essa garantia é apenas legal, na teoria o médico deveria ser capaz de realizar qualquer
procedimento, mas isso depende muito mais de suas habilidades e da qualidade de sua formação,
o que acaba levando secundariamente a imperícia.
No Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
- evitar a sobrecarga de trabalho, evitar a substituição por outros profissionais, não realizar
procedimentos que não sejam certificados pela literatura, não trabalhar em ambientes sem
recursos, não realizar procedimentos quando não houver boa relação com o paciente ou a família
deste.
O mais importante é o registro no prontuário, é o documento que pode falar contra ou a favor do
médico, sabendo usá-lo é o instrumento de defesa mais adequado.
Atendimento as minorias
ÍNDIOS: A Constituição de 1988 representa uma conquista para esses povos, visto o
reconhecimento de sua cidadania e autonomia. Os indígenas são cidadãos e possuem os mesmos
direitos dos cidadãos comuns. São garantidos o respeito a sua organização social, costumes,
crenças, e tradições e o direito sobre a terra, competindo a União demarcá-las e protege-las. Essa
mesma constituição define a saúde como direito universal, sendo assim os índios também são
alcançados por ela. O subsistema de atenção a saúde dos indígenas foi criado em 1999 por meio
da Lei 9836/99 conhecida como Lei Arouca. É composta por distritos sanitários especiais
indígenas, que se configuram numa rede de atenção implantada nas terras dos índios .
QUAL O OBJETIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS?
O propósito dessa Política consiste em "(...) garantir aos povos indígenas o acesso à atenção
integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde,
contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer a
superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior
magnitude e transcendência entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o
direito desses povos à sua cultura (...)."
Para o alcance desse propósito são estabelecidas as seguintes diretrizes, que devem orientar a
definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e controle das ações de
atenção à saúde dos povos indígenas:
organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos
Sanitários Especiais e pólos-base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de
referência se situam;
preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural;
monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas;
articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde;
promoção do uso adequado e racional de medicamentos;
promoção de ações específicas em situações especiais;
promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades
indígenas;
promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena;
controle social.
OBS.: Dentro da compreensão de saúde, estes brasileiros também têm um longo caminho
pela frente. Universalizar o acesso ao atendimento básico de saúde, ampliar as condições de
infraestrutura como instrumento facilitador do acesso aos serviços de saúde e resgatar a
cultura medicinal, os saberes de cada povo, para retomar o envolvimento dos índios de cada
localidade com os conhecimentos adquiridos por cada etnia ao longo dos séculos, são alguns
dos desafios. Também há a necessidade de oferecer aos índios um atendimento que os
compreenda, os respeite e que possa auxiliar na melhoria das condições de vida das famílias.
NEGROS: A discriminação no sistema público de saúde é mais sentida por negros do que
brancos, segundo números da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) revelada em maio, e isso
mostra que ela tem caráter racial. De toda a população branca atendida, 9,5% saem da
unidade hospitalar com o sentimento de discriminação. O percentual é maior entre pretos
(11,9%) e pardos (11,4%), ambas nomenclaturas adotadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) cuja soma representa a população negra. Há algumas
explicações para a desigualdade racial na saúde. A primeira é o próprio preconceito: a
discriminação aos negros, apesar da miscinegação brasileira, não acabou. A desigualdade
econômica pesa, visto que a população negra tem menos poder financeiro para pagar um
plano de saúde privado do que a branca. Há também o fato de a informalidade no emprego
ser maior entre pretos e pardos – mulheres negras que trabalham como domésticas sem
carteira assinada não têm direito a plano de saúde, por exemplo. E há a questão geográfica.
"A rede do SUS [Sistema Único de Saúde] está mais presente em regiões de classe média, e a
população negra por fatores históricos está concentrada em regiões periféricas. As negras e
pardas tem menos acesso ao alívio para dores do parto normal, e mais dificuldades na busca
por atendimento medico.
Atendimento humanizado, anamnese, realização de exame físico, que seja atento, ouça o
paciente além de registrar, explicar HD, solicitar exames complementares, explicar terapêuticas,
respeitar a autonomia do paciente e oferecer-lhe outras opções, encaminhar para especialistas se
necessário.
Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania.
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras,
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas.
Com a instituição da Lei nº 12.764 em 2012, a pessoa com transtorno do espectro do autismo
passou a ser considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais, o que confere a
estas pessoas o direito ao acesso a várias políticas e benefícios sociais. No âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), o acesso às ações e serviços de saúde devem ser assegurados de modo a
garantir o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional, os medicamentos e as
informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento. Todo projeto terapêutico para a
pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo precisa ser construído com a família e a própria
pessoa. Deve envolver uma equipe multiprofissional e conter proposições que possam melhorar a
qualidade de vida. A postura do médico deve ser tal que se dirija a criança com TEA e não só a
mãe ou o responsável (para mostrar o envolvimento com o paciente), evitar o uso de jalecos
(pode causar estranhamento), falar baixo (muitos tem sensibilidade ao barulho) e ter a vista
objetos sensoriais.
Aula 06:
É vedado ao médico: Art. 80. Expedir documento médico sem ter praticado ato profssional que o
justifque, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade.
Art. 83. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não tenha
prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fazer como plantonista, médico
substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.
Art. 84. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando
houver indícios de morte violenta.
Art. 85. Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao
sigilo profissional quando sob sua responsabilidade.
Art. 86. Deixar de fornecer laudo médico ao paciente ou a seu representante legal quando aquele
for encaminhado ou transferido para continuação do tratamento ou em caso de solicitação de
alta.
§ 1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso, sendo
preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de
registro do médico no Conselho Regional de Medicina.
Art. 88. Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando
solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando
ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.
Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo
paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa.
§ 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que
seja observado o sigilo profssional.
Art. 90. Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente quando de sua requisição
pelos Conselhos Regionais de Medicina. Art. 91. Deixar de atestar atos executados no exercício
profssional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal.
Tipos de receita:
Receita Azul ou B - Notificação de Receita tipo “B1” – Cor Azul Para medicamentos relacionados
nas listas B1 (Substâncias Psicotrópicas) Validade após prescrição: 30 dias. Receita: 60 dias de
tratamento. Limitado a 05 (cinco) ampolas por medicamento injetável.
Notificação de Receita tipo “B2” – Cor Azul Para medicamentos relacionados nas listas B2
(Substâncias Psicotrópicas Anorexígenas). Validade após prescrição: 30 dias. Receita: 30 dias de
tratamento.
Receita Amarela – Notificação de Receita tipo “A” – Cor Amarela Para medicamentos relacionados
nas listas A1 e A2 (Entorpecentes) e A3 (Psicotrópicos). Validade após prescrição: 30 dias. Válida
em todo o território nacional. Quantidade Máxima / Receita: 30 dias de tratamento. Limitado a 5
ampolas por medicamento injetável. (para emitir o médico deve ser cadastrado na Vigilância
sanitária)
OBS.: por uma revogação pelo TST em 15/04/2019 não se pode mais colocar o CID para preservar
o sigilo do paciente.
Luto e bioética
Há uma grande dificuldade dos profissionais de saúde em lidar com a morte, sobretudo, na fase
inaugural da carreira. Isso porque o avanço da medicina e da qualidade de vida proporcionou o
aumento da expectativa de vida e isso gerou uma ideia da medicina centrada em postergar
enquanto puder a vida do paciente e nesse sentido entra a frustração quando não é possível fazê-
lo. As sociedades ocidentais entendem a morte como um processo natural e o encara com um
momento de se resguardar em memória ao falecido, acompanhada da tristeza e da saudade
deste. No entanto, alguma sociedades como a mexicana comemoram com a Festa dos mortos.
No México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena, que honra os falecidos no
dia 2 de novembro. Começa no dia 31 de outubro e coincide com as tradições católicas do Dia dos
Fiéis Defuntos e o Dia de Todos os Santos. É uma das festas mexicanas mais animadas, pois,
segundo dizem, os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa,
música e doces preferidos dos mortos, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar.
Segundo a crença popular, nos dias 1 e 2, chamados de Días de Muertos, os mortos têm
permissão divina para visitar parentes e amigos.
Fases do luto
Negação: Esse momento é marcado pela dificuldade em acreditar que o fato realmente
aconteceu. A dor é intensa e existe uma grande dificuldade para lidar com a perspectiva de um
futuro sem a pessoa.
Raiva: Ao perceber que o fato realmente aconteceu e não existe nada que possa ser feito a
respeito, é comum sentir uma revolta muito grande. Nesse período, a pessoa percebe que não é
possível reverter a situação, e tendência é que a dificuldade em se conformar seja canalizada em
raiva.
Negociação: Nesta fase a pessoa tenta aliviar sua dor e começa a fazer algumas ponderações,
imaginando possíveis soluções e fazendo “acordos” internos. Essa negociação acontece dentro da
própria pessoa e, muitas vezes, é voltada para questões religiosas.
Aceitação: Durante essa fase a pessoa consegue ter uma visão mais realista e passa aceitar o fato.
O desespero em relação a perda dá lugar para uma maior serenidade, e o indivíduo começa a
enfrentar a saudade com mais consciência.
Lembrando que não é necessário passar por todas as fases e nem mesmo nesta ordem!
O luto patológico aparece quando o familiar não consegue conviver com a ausência do ente, na
consegue se desfazer de suas coisas e tem incapacidade de recomeçar a vida (depois de 1 semana
no máximo já é importante retomar a rotina normal – segundo a prof).