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LEI 9.

455/97
Define os crimes de tortura e dá outras providências.

A CF 88 veda a prática de tortura, bem como considera inafiançável e insuscetível de graça ou


anistia.
Além disso, o STF já decidiu que o condenado pela prática de tortura também não pode ter o
benefício do indulto.
Sendo assim, podemos anotar que, o CONDENADO pela prática de TORTURA não pode ser
beneficiado com FIANÇA, INDULTO, GRAÇA ou ANISTIA!
“TORTURA não tem FIGA!”
F - iança
I - ndulto
G - raça
A – nistia

- Vamos aos crimes de tortura:

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

O verbo é CONSTRANGER, através de VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA.


Deve causar na vítima SOFRIMENTO FÍSICO ou MENTAL.
A conduta é DOLOSA!

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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É a chamada TORTURA CASTIGO, é crime próprio!
Só pratica quem tem PODER, AUTORIDADE, sobre outra pessoa (que é a vítima).
O sofrimento deve ser INTENSO.

Então, notamos que há 4 modalidades de tortura:


Tortura prova ou persecutória
Tortura para a prática de crime ou tortura crime
Tortura discriminatória
Tortura – castigo

Os crimes de tortura admitem TENTATIVA e são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA!!!

Voltamos ao estudo da lei, ainda em seu artigo 1º:


§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.

Tortura de pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.


Qualquer um pode praticar, mas a vítima tem que ser pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança!

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Omissão perante tortura!


É punível com DETENÇAO.
Crime omissivo.
Quem deve evitar a tortura? QUALQUER PESSOA QUE TEM CONDIÇÕES DE IMPEDIR A
PRÁTIVA.

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Quem deve apurar? Somente autoridade!

Tortura qualificada:
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Se da tortura RESULTA lesão corporal de natureza grave ou gravíssima: reclusão de 4 a 10 anos!


Se RESULTA morte: reclusão de 8 a 16 anos!
Então, a TORTURA somente será QUALIFICADA quando resultar em LESÃO CORPORAL GRAVE
OU GRAVÍSSIMA, ou, em MORTE.

Casos de aumento de pena:


§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;

I – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de


60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

Então, são casos de aumento de pena:


Crime praticado por AGENTE PÚBLICO!
Crime cometido contra CRIANÇA, GESTANTE, DEFICIENTE, ADOLESCENTE OU IDOSO.
Crime cometido MEDIANTE SEQUESTRO.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
A perda do cargo, função ou emprego público é AUTOMÁTICA!
A interdição para o exercício é pelo dobro do prazo da pena, ou seja, multiplica a pena por dois e
terá o prazo da interdição.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.


Já falamos sobre isso, mas só para você lembrar que o STF entende que o condenado por tortura também não terá o

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benefício do indulto... Pois vai cair na sua prova!

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
Embora o STJ já tenha decidido algumas vezes que não é obrigatório que o cumprimento da pena
inicie em regime fechado.
Lembre-se que, a conduta da omissão perante a tortura não se enquadra nesse parágrafo, é a
hipótese do parágrafo segundo.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
A extraterritorialidade da lei 9.455/97, se a vítima for brasileira independente do país onde esteja a
lei brasileira será aplicada.

AGORA, um tema polêmico!


Tortura é imprescritível?!
A resposta é: CLARO que não! Tortura prescreve! Não há previsão na Constituição Federal da
imprescritibilidade do crime de tortura... Por mais que alguns constitucionalistas insistam em dizer
que tortura não prescreve, PRESCREVE SIM!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO LEI 9.455/97


1) De acordo com a Lei nº 9.455/1997, se do crime de tortura resultar lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de:
a) quatro a dez anos.
b) seis a doze anos.
c) um a quatro anos.
d) seis a vinte anos.

2) Se, com o objetivo de obter confissão, determinado agente de polícia, por meio de grave
ameaça, constranger pessoa presa, causando-lhe sofrimento psicológico,:
a) e a vítima for adolescente, o crime será qualificado.
b) estará configurada uma causa de aumento de pena.
c) a critério do juiz, a condenação poderá acarretar a perda do cargo.
d) quem presenciar o crime e se omitir, incorrerá na mesma pena do agente.

3) Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo

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resultado morte a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a perda do
cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por:
a) Cinco anos.
b) Dez anos.
c) Vinte e quatro anos.
d) Doze anos.

4) Um cidadão penalmente imputável, com emprego de extrema violência, submeteu pessoa


homossexual a intenso sofrimento físico e mental, motivado, unicamente, por discriminação à
orientação sexual da vítima.
Assertiva: Nessa situação, é incabível o enquadramento da conduta do autor no crime de tortura em
razão da discriminação que motivou a violência.

5) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve
perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram
o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além
de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os
cinco guardas municipais responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas.

6) A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

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GABARITO
1 – A - Conforme Art. 1º, II, §3º
2 – B - Conforme Art. 1º, II, §4º
3 – C - Conforme Art. 1º, II, §5º
4 – CERTO – A tortura discriminatória se dá somente em razão de discriminação racial ou religiosa.
5 – CERTO – Os três guardas deram cobertura, ou seja, tinham funções no ato criminoso de
tortura. Eles não foram omissos, foram co-autores.
6 – ERRADO – A interdição é pelo dobro do prazo da pena aplicada.

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