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Psicologia Vocacional

Dons e Habilidades

A psicologia vocacional vem auxiliar a descoberta de aptidões, dons que


cada pessoa tem e que geralmente direciona para uma carreira profissional,
realização pessoal e confiança naquilo que faz. A vocação, aptidão ou o dom, é
tudo aquilo que a pessoa faz com facilidade, não precisando de muito treino
para fazer, e parece que “já nasceu sabendo”. Quando o indivíduo tem dons,
seu trabalho é feito com um diferencial, se destaca do que é comum e as
outras pessoas reparam nisso. O detentor do dom se torna crítico sobre o
assunto que domina, questionando a forma de fazer das pessoas que não tem
o dom, pois tem uma sensibilidade mais aguçada para o assunto, porém pode
ser tachado de orgulhosos por terceiros.

As aptidões são facilmente observadas desde cedo. A partir dos 5 anos,


a criança já começa a manifestar um gosto maior em determinadas atividades,
geralmente nas que praticava sozinha, nos momentos livres. Porém, por
questões culturais da realidade que a criança está inserida, como pais, amigos
e família, podem ser grandes impecílios no desenvolvimento dos dons da
criança, pois eles podem reprimir habilidades que “não convém” com a
ideologia predominante, acabando assim com a confiança sobre a própria
vocação.

Todo indivíduo é capaz de aprender qualquer coisa, desde que esforce e


estude para isso. Porém, quando se tem o dom, o aprendizado se dá de forma
muito mais rápida e com bem menos esforço. É possível ter várias vocações,
mas, em geral, podemos ter por volta de 5 ou 6 mais ou menos.

Para desenvolver uma vocação, é preciso muito mais do que apenas tê-
la. É preciso ter estímulos que a coloquem em prática. Cada pessoa tem
algumas predisposições em fazer algo, porém, se essas habilidades não forem
treinadas, elas podem ou não desenvolver, ou não alcançar o máximo de seu
potencial. O próprio pensamento social pode interferir no desenvolvimento
vocacional, pois muitas vezes os dons são qualificados, taxados e
reconhecidos de maneiras distintas pela sociedade, uns mais exaltados e
outros mais descriminados. São motivações extrínsecas que fazem o indivíduo
pensar mais no dinheiro, status e reconhecimento social, do que na sua
realização profissional fazendo aquilo que realmente gosta e tem o dom.

Existe uma tendência, até mesmo intrínseca de desconfiar dos próprios


dons e habilidades: por serem facilmente praticados eles podem ser rejeitados;
buscam aprender outras coisas, mas acabam descartando que, mesmo dentro
da vocação, há sempre o que aprender. Para desenvolver bem os dons é
preciso ser verdadeiro consigo mesmo, sem criar fantasias; aprender se
autoconhecendo e confiar, sem criar obstáculos para a sua realização.

Quando se consegue empregar os dons em forma de trabalho, eles


deixam de ser apenas um lazer, e se torna uma responsabilidade, uma forma
de contribuir para uma construção social. O trabalho não se torna um fardo,
mesmo sendo cansativo, mas tem um grande valor social, além de fazê-lo com
prazer e facilidade.

O mundo da educação tenta agrupar os dons em grupos, de exatas,


humanas e biológicas, especificando e separando muito os conteúdos. Com
isso é comum crianças abandonarem o gosto pelos estudos por não
encontrarem inspiração para se desenvolverem. Na verdade todas as áreas se
conectam, uma pessoa nunca está dentro apenas de uma dessas áreas, ou
pode até ser que seu dom não se encaixe especificamente em nenhuma delas.
É preciso ver além dessa divisão, e buscar aquilo que se encaixa em cada
perfil vocacional.

Para descobrir como seu dom pode ser útil, é preciso se perguntar “o
que as pessoas e o mundo precisam?”. A partir disso se começa pensar como
utilizar os dons para construir pessoas. Ter autoconfiança pessoal e
profissional, e ter serenidade na vida, a fim de tomar decisões mais assertivas,
que contribuam para o seu bem e o bem do próximo.

Na área de atuação do profissional de educação física, seja na iniciação


esportiva ou técnico do alto rendimento, é papel dele é tratar todos os alunos
com equidade, sem preconceito, buscando sempre a maior interação possível
de todos eles. Por mais que sempre tem alguns que se destacam mais do que
outros, a atenção em alcançar seus potenciais deve ser a mesma, sendo em
qual nível for. A prática de atividade física tem grandes potenciais de gerar
autoconfiança, respeito, coletividade, autoconhecimento, autoestima, prazer,
sociabilidade, autonomia, aprendizagem, raciocínio, entre tantas outras
habilidades, porém quando estimulada de forma correta, quando valoriza o
aprendiz da forma que ele é, com seus dons e facilidades. Quando o estimulo é
dado de forma agressiva, imposta, discriminatória, elegendo apenas quem tem
o dom, a prática da atividade pode trazer muitos malefícios, contrários aos
benefícios que poderiam ser produzidos.

Não existe um dom melhor que o outro, ou mais importante que o outro.
Os dons são apenas diferentes, mas quando vivenciados com inteireza e
dedicação, formam uma grande rede que se complementa e contribui para a
construção de uma sociedade melhor.

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