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Extraído de:
Lombard-Platet, V.L.V., Watanabe, O.M., & Cassetari, L. (2015) Psicologia experimental:
manual teórico e prático de análise do comportamento. 5 ed. São Paulo: EDICON. Cap. 9, pp.
71-87.
Confira no texto suas respostas e caso você tenha acertado todas as questões, continue
a ler o texto. Em caso de dúvidas, releia novamente a primeira parte.
O meio mais rápido e eficiente para se estabilizar a frequência de um comportamento,
após a sua instalação no repertório comportamental de um sujeito, é reforçar cada resposta
emitida, ou seja, utilizar um esquema de reforçamento contínuo (ou CRF). No entanto, este não
é o meio mais econômico nem mais adequado para se manter um comportamento depois de
aprendido. Este comportamento, uma vez condicionado, é geralmente reforçado em um
esquema de reforçamento intermitente.
Em relação aos esquemas de reforçamento intermitente, serão analisados quatro
esquemas básicos, divididos em duas classes: os de razão (fixa e variável) e os de intervalo
(fixo e variável).
O diagrama resume os esquemas básicos:
Esquemas de Reforçamento
1. Contínuo ou CRF
2. Intermitentes: em razão (fixa ou variável)
de intervalo (fixo ou variável)
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Exercício 2
Sob este esquema de reforçamento, o reforço é programado para ser liberado após um
número variável de respostas, em torno de uma média.
A sigla que o representa é VR (abreviação de Variable Ratio). O número que se coloca
após a sigla refere-se ao número médio de respostas exigido para a liberação do reforço positivo.
Por exemplo: VR-20 significa que a cada 20 respostas em média, o organismo será reforçado.
Suponha, por exemplo, que programamos reforçar um sujeito quatro vezes, do seguinte
modo: na primeira vez, ele será reforçado após emitir 11 respostas; na segunda vez, após 23
respostas; na terceira vez, após 31 respostas e na quarta vez, após 15 respostas. Quanto dá a
média dessas respostas?
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Temos que somar todas as respostas e dividir o total por 4, que foi o número de reforços
liberados. Então:
11 + 23 + 31 + 15 = 80 : 4 = 20
Portanto, temos nesse caso um VR-20.
Vejamos alguns exemplos de comportamentos reforçados sob um esquema de
reforçamento em razão variável.
Atualmente, não é sempre que as pessoas reforçam nosso comportamento de dizer “bom
dia”. O reforço positivo a ser recebido poderia ser a apresentação de um sorriso, um aceno de
mão ou a retribuição verbal: “bom dia”. Existem ocasiões em que dizemos “bom dia” a duas
ou quatro pessoas para obtermos um reforço; ocasionalmente, temos que dizer “bom dia” duas
ou três vezes, diante da mesma pessoa, até que ela nos reforce. Nesses casos, o comportamento
de “dizer bom dia” está sob um esquema intermitente de razão variável.
Oferecer livros de porta em porta é também um comportamento mantido em VR. Às
vezes oferece-se o livro a cinco pessoas para que um seja vendido (reforço positivo:
apresentação de livro vendido); outras, já para a primeira pessoa que ele é oferecido existe a
venda; depois disso, somente quando ele é oferecido pela décima oitava vez, e assim por
diante... O número de comportamentos a ser emitido varia até que o reforço positivo seja
liberado.
As máquinas tipo caça-níqueis reforçam o comportamento de jogar em um esquema de
reforçamento de razão variável. Isso faz com que o comportamento de jogar acabe ocorrendo
com uma frequência bastante alta e quase sem pausas após reforço. Às vezes, além disso, esse
comportamento deve ser emitido um grande número de vezes para
que possa ser reforçado, o que faz com que seja mantido em VR com valores bastante altos.
Dessa forma, observa-se que o esquema de reforçamento em razão variável gera uma
característica específica em relação ao comportamento por ele mantido. Ele gera alta frequência
de resposta e não gera pausas após reforço.
Da mesma maneira que nos esquemas de reforçamento em razão fixa, deve-se evitar a
distensão de razão, aumentando gradualmente os valores exigidos para se evitar que a resposta
entre em extinção.
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Exercício 3
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ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO DE INTERVALO
Sob este esquema de reforçamento, o organismo é reforçado se emitir pelo menos uma
resposta após um intervalo fixo de tempo.
Assim, se o comportamento de um organismo está sob um esquema de reforçamento de
intervalo fixo 5 minutos, o reforço só será liberado se ele emitir uma
resposta após 5 minutos. Não importam quantas respostas ele emitiu durante os 5 minutos; ele
pode ter emitido 100, 200 respostas durante o intervalo e o comportamento não será reforçado.
Somente a primeira resposta emitida após os 5 minutos será reforçada.
A sigla que representa o esquema de reforçamento de intervalo fixo é FI (abreviação de
Fixed Interval). O número que se coloca após a sigla representa o valor específico do intervalo
de tempo fixo.
Nesse tipo de esquema de reforçamento, o desempenho do sujeito também adquire
características específicas: a frequência de respostas é baixa no início do intervalo e,
geralmente, aumenta conforme se aproxima o final do intervalo.
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Temos muitos exemplos de nossa vida diária, em que o comportamento emitido só será
reforçado após a passagem de um tempo determinado. Por isso, acabamos nos comportando
“na última hora”, ou seja, há um aumento na frequência ou duração da resposta no final do
intervalo.
Um aluno que deve entregar um trabalho a seu professor em uma determinada data está
sendo mantido em um esquema de intervalo fixo quando, por exemplo, a entrega deve ser em
três semanas. Este FI-3 semanas gera um padrão típico de comportamento: há poucas respostas
ou nenhuma resposta no início do intervalo e um aumento na frequência da resposta de fazer o
trabalho no final do período. Assim, na primeira semana da proposição da tarefa, o aluno
começa a procurar algum material, sabe que deve fazê-lo, mas o prazo está longe. Pouco a
pouco ele começa a se comportar mais frequentemente em relação a fazer o trabalho e,
geralmente, nos últimos dias (para não dizer na última noite), ele passa terminando seu trabalho.
Pensemos em um fiscal que costuma passar em um setor de hora em hora, para
inspecionar o trabalho dos operários de uma fábrica. O comportamento de trabalhar dos
operários está colocado sob um esquema de reforçamento de intervalo fixo de uma hora – FI-1
hora. Imagine que esse fiscal marque se o operário está trabalhando ou não e em caso de estar,
o operário receberá um extra em seu salário, se tiver 100% de marcações do fiscal. Esse não
seria um esquema de reforçamento muito adequado à produtividade da fábrica. Por quê? Ele
gera a característica típica desse esquema: trabalhar pouco no início do intervalo e ir
aumentando a frequência da resposta conforme chega o final do
intervalo. Então, os operários poderiam recomeçar a trabalhar somente quando fosse chegando
a hora do fiscal passar...
Se o comportamento do rato albino, no laboratório, for colocado sob um FI-3 minutos,
ele só será reforçado se emitir uma resposta de pressionar a barra, logo após a passagem de três
minutos. Assim, as respostas de pressionar a barra dadas durante os três minutos não serão
reforçadas. Somente a primeira resposta que ele der após os três minutos é que será reforçada.
Olhar o leite contido numa panela que está sobre o fogão e ser reforçado pela
apresentação do leite fervido, pode ser um exemplo de um comportamento mantido sob FI. O
número de vezes que a pessoa olha a leiteira não interfere na apresentação do reforçador
positivo. O reforço só será liberado depois que a leiteira estiver aquecida pelo calor durante um
certo tempo fixo, desde que se mantenha constante o tamanho da panela, a quantidade de leite
colocada, a intensidade do fogo etc. Somente a primeira resposta de olhar o conteúdo da leiteira
é que será reforçada, após ter se passado o tempo necessário para a fervura.
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B. Esquemas de reforçamento de intervalo variável – VI
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o reforço ficará disponível após a passagem de cada período de tempo, mas apenas durante 15
segundos. Assim, se a resposta ocorrer durante esses 15 segundos de disponibilidade do reforço,
a resposta será reforçada. Se o organismo não responder durante os 15 segundos ou responder
após os 15 segundos, ele perderá esse reforço, começando a contar um novo intervalo de tempo,
com outra disponibilidade limitada de 15 segundos e assim por diante.
Isso faz com que a frequência de respostas seja maior, a fim de evitar a perda do reforço
positivo.
No caso do comportamento de fazer sinal para o ônibus, sendo reforçado com a parada
do ônibus, há uma disponibilidade limitada, já que, passado o intervalo necessário para o
surgimento do ônibus, há um período limitado de tempo para fazer o sinal e ele parar. Se o sinal
não for feito nesse período, perde-se o reforço e um novo tempo deve passar para vir o próximo
ônibus...
A disponibilidade limitada pode ser utilizada tanto nos esquemas de reforçamento de
intervalo fixo como nos de intervalo variável.
Exercício 4
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