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Dissertação de mestrado
Novembro de 2014
1
“O teorema espectral e a propriedade de ‘self-adjointness’ para
alguns operadores de Schrödinger”
Comissão Julgadora:
2
3
Agradecimentos
4
5
Resumo
Neste texto são demonstrados, a partir do ponto de vista da teoria dos espa-
ços de Hilbert e da teoria das C∗ -álgebras, teoremas relacionados a operadores
auto-adjuntos em espaços de Hilbert, entre os quais estão o Teorema Espec-
tral, o teorema de Kato-Rellich e a desigualdade de Kato. Também são dadas
aplicações destes teoremas a alguns operadores de Schrödinger provenientes da
Fı́sica-Matemática.
6
Abstract
In this text we prove, within the Hilbert spaces theory and C∗ -algebras points
of view, some theorems which are related to self-adjoint operators acting on Hil-
bert spaces, among which are the Spectral Theorem, the Kato-Rellich theorem
and Kato’s inequality. Also, some applications to Schrödinger operators coming
from the Mathematical-Physics context are given.
7
8
Sumário
Considerações Iniciais 14
Álgebras de Banach e C∗ -álgebras - alguns resultados elementares . . 31
1 O Teorema Espectral 42
O teorema espectral para operadores lineares auto-adjuntos limitados 43
O Cálculo Funcional Boreliano relativamente a operadores lineares
auto-adjuntos limitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Teorema espectral para n-uplas de operadores lineares auto-adjuntos
que comutam dois a dois . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
O teorema espectral para operadores lineares normais . . . . . . . . . 62
O teorema espectral para operadores auto-adjuntos não-limitados . . . 64
O Cálculo Funcional Boreliano relativamente a operadores lineares
auto-adjuntos não-limitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
2 O Teorema de Kato-Rellich 71
5 Apêndice A 116
Teorema espectral para operadores normais via C∗ -álgebras . . . . . . 116
Teorema de Von Neumann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
O Teorema Espectral - uma outra demonstração . . . . . . . . . . . . 123
6 Apêndice B 127
O teorema espectral para coleções de operadores limitados auto-adjuntos
que comutam dois a dois . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
9
10
Introdução
O intuito principal deste texto é fazer uma exposição de alguns tópicos clás-
sicos em teoria de operadores não-limitados auto-adjuntos sobre espaços de Hil-
bert.
11
estimativas utilizamos o Cálculo Funcional estabelecido no capı́tulo 1 (também
utilizamos tal Cálculo para demonstrar o Lema 2.2).
2 Enfatizamos que este texto não possui a pretensão de discutir do ponto de vista da Fı́sica
as aplicações dos teoremas demonstrados; a intenção aqui é somente ilustrar os teoremas com
exemplos advindos da Fı́sica-Matemática
12
13
Considerações Iniciais
Notamos aqui que, quando tratarmos de espaços de medida (M, µ), utiliza-
remos a mesma notação tanto para nos referirmos a uma função f : M −→ C
14
quanto para nos referirmos a sua classe de equivalência relativa a µ (por exem-
plo, nos espaços Lp (M, µ), 1 ≤ p ≤ +∞. Lembramos que L∞ (M, µ) é de-
finido
como sendo o conjunto das funções f mensuráveis tais que kf k∞ :=
inf λ ∈ R, λ ≥ 0 : µ(|f |−1 [(λ, +∞)]) = 0 < +∞; os membros desta álgebra
serão chamados de funções essencialmente limitadas). Também chamamos a
atenção para o fato de que usamos a mesma notação para indicar as normas
do sup e a norma das funções essencialmente limitadas, estando implı́cito pelo
contexto qual delas está sendo usada;
15
(ou seja, operadores T tais que kT k = +∞)3 sobre espaços de Hilbert (e cujo
operador adjunto correspondente esteja bem definido). Ainda notamos também
que, devido ao Teorema do Gráfico Fechado,4 vemos que operadores lineares não-
limitados (ou, equivalentemente, não-contı́nuos) fechados não podem satisfazer
Dom(T ) = X. Aliás, notamos aqui como os operadores não-limitados são entes
bastante naturais, a partir do exemplo de um operador de diferenciação agindo
num espaço de Banach: considere o operador de diferenciação D : C 1 ([−π, π]) ⊆
C([−π, π]) −→ C([π, π]), D : f 7−→ D(f ) := f 0 . Vamos mostrar que este
operador não é limitado. De fato, considere a seqüência {fn }n∈N definida por
sen(nx)
fn (x) := , n ∈ N, x ∈ [−π, π].
n
Vemos que os elementos desta seqüência estão em C 1 ([−π, π]) e que fn −→
0[−π,π] , pois
sen(nx)
1
n
≤ n,
∞
para todo n ∈ N. No entanto, {D(fn )}N é uma seqüência de funções tal que,
para cada x ∈ [−π, π] fixado, o limite limn D(fn )(x) não existe. Logo, não
existe um elemento g em C([−π, π]) que possa satisfazer D(fn ) −→ g, pois a
convergência pontual da seqüência é condição necessária para que haja a con-
vergência uniforme da seqüência. Em particular, não podemos ter D(fn ) −→
D(0C([−π,π]) ) = 0C([−π,π]) , e D não é um operador contı́nuo em C([−π, π]). Para
ver um exemplo de operador não-limitado em espaços de Hilbert, basta tomar o
operador de diferenciação com domı́nio H 1 [0, 1] ⊆ L2 [0, 1] (com√a medida de Le-
besgue e norma induzida de L2 [0, 1]).5 A sequência {φn (x) := 2sen(nπx)}n∈N
é formada somente por elementos de norma 1 e está em L2 [0, 1], mas a sequência
de suas derivadas satisfaz kφn k = nπ, para todo n ∈ N, mostrando novamente
que tal operador não é contı́nuo.
uma prática usual da literatura, ou seja, costuma-se dizer “não-limitado” (unbounded) para
afirmar que um operador não é necessariamente limitado. No entanto, não adotaremos esta
prática ambı́gua neste texto
4 Se T : X ⊇ Dom(T ) −→ Y é uma transformação linear tal que Dom(T ) é fechado em X e
cujo gráfico é fechado - segundo a topologia do gráfico induzida pela norma (x, y) 7−→ kxk+kyk
-, então T é contı́nua
5 Para a definição do espaço de Sobolev H 1 [0, 1], veja o inı́cio do capı́tulo 3
16
adicionais: (iv) P ◦ Q = Q ◦ P = 0B(H) e (v) P 2 = P , Q2 = Q (ou seja, P
e Q são projeções - veja a Definição abaixo). Devido à propriedade (iv), P e
Q são denominadas projeções ortogonais sobre F e F ⊥ , respectivamente. Note
que Im(P ) = F e Im(Q) = F ⊥
17
XII) Definição: Se H é um espaço de Hilbert, então um operador linear
densamente definido A é dito auto-adjunto se A = A∗ .
18
2. (Mf )∗ = Mf ;
3. kMf k ≤ kf k∞ . Se M for σ-finito, e kf k∞ < ∞, então kMf k = kf k∞ ;
4. se M é σ-finito, então σ(Mf ) = {λ ∈ C : µ({x ∈ M : |λ − f (x)| < }) >
0, ∀ > 0} (este último conjunto é chamado de imagem essencial de f , e
será denotado por Imess (f )).
Demonstração de 1:
|ξ|2 χEn −→ |ξ|2 pontualmente e |ξ|2 χEn ≤ |ξ|2 ∈ L1 (M, µ), para todo n ∈ N,
obtemos pelo Teorema da RConvergência Dominada (ou pelo Teorema da Con-
vergência Monótona) que M |ξ|2 dµ = limn M |ξ|2 χEn dµ = 0, o que implica
R
Demonstração de 2:
para todo φ ∈ Dom(Mf ) e, como (f · θ) ∈ L2 (M, µ), segue pela definição de ad-
junto que θ ∈ Dom((Mf )∗ ), com (Mf )∗ θ = Mf θ. Seja, agora, θ ∈ Dom((Mf )∗ ).
Então, existe um único elemento em L2 (M, µ), denotado por (Mf )∗ θ, tal que
hMf φ, θi = hφ, (Mf )∗ θi, para todo φ ∈ Dom(Mf ). Vamos mostrar que f θ ∈
L2 (M, µ). De fato, como para todo ρ ∈ L2 (M, µ) a norma do funcional linear
19
lim(sup |hψ, [(Mf )∗ θ]χEn i| : ψ ∈ L2 (M, µ), kψk = 1 )2 =
n
lim(sup |hψ, (Mf )∗ θi| : ψ ∈ L2 (M, µ), kψk = 1, ψ|M \En = 0 )2 =(∗)
n
Note que em (∗) foi usado que as funções ψ ∈ L2 (M, µ), kψk = 1, ψ|M \En = 0
pertencem ao domı́nio de Mf . Segue, então, que θ é uma função de L2 (M, µ) tal
que f θ ∈ L2 (M, µ). Portanto, concluı́mos que Dom((Mf )∗ ) ⊆ Dom(Mf ). Logo,
Dom((Mf )∗ ) = Dom(Mf ), e como já foi mostrado que Mf ⊂ (Mf )∗ , concluı́-
mos que Mf θ = (Mf )∗ θ, demonstrando que (Mf )∗ ⊂ Mf . Logo, (Mf )∗ = Mf .
Obtemos como corolário deste teorema que, se f é uma função a valores reais,
então Mf é auto-adjunto.
Demonstração de 3:
Z Z Z
2 2 2 2
kMf (χE )k = |f χE | dµ = |f | dµ > r dµ =
M E E
20
Z
r2 |χE |2 dµ = r2 kχE k2 .
M
Demonstração de 4:
ou melhor, Z
1 2
− |λ − f | |φ|2 dµ ≤ 0,
M kLk2
1 2
para todo φ ∈ Dom(Mλ−f ) = Dom(Mf ). Afirmamos que kLk 2 − |λ − f | ≤0
em µ-quase toda parte de M . Suponha, por absurdo, que exista um conjunto
1 2
de medida positiva S ⊆ M de forma que kLk 2 − |λ − f | > 0 em µ-quase toda
parte de S. Pela σ-finitude de M , podemos encontrar um subconjunto E de S
com medida estritamente positiva e finita. Portanto, como também
existe n0 ∈ N tal que +∞ > µ(E ∩ |f |−1 [0, n0 ]) > 0. Assim, χE∩|f |−1 [0,n0 ] ∈
Dom(Mf ) e concluı́mos que
Z
1
− |λ − f | |χE∩|f |−1 [0,n0 ] |2 dµ =
2
M kLk2
21
Z
1
− |λ − f |2 dµ > 0,
E∩|f |−1 [0,n0 ] kLk2
e isto não pode ocorrer. Portanto,
1
|λ − f | ≥
kLk
em µ-quase toda parte de M , estabelecendo que λ não está na imagem essencial
de f . Logo, Imess (f ) ⊆ σ(Mf ).
Alguns fatos que devem ser ressaltados, e que poderão ser utilizados suma-
riamente, são os seguintes:
1. A∗ é um operador fechado;
∗
2. se A for fechável, então A = A∗∗ e A = A∗ ;
3. A é fechável se, e somente se, A∗ for densamente definido.
22
Se A é um operador linear densamente definido num espaço de Hilbert H,
diremos que A é simétrico se o seu adjunto o estende. Como o adjunto de um
operador linear é sempre fechado, temos que todo operador linear simétrico é
fechável. Além disso, A é dito ser essencialmente auto-adjunto se o seu fecho é
um operador auto-adjunto.
Demonstração:
23
2. B ∗ ◦ A∗ ⊂ (A ◦ B)∗ (se A ∈ B(H), então B ∗ ◦ A∗ = (A ◦ B)∗ ).
Demonstração de 1:
Suponha, agora, que A ∈ B(H), e tome ξ ∈ Dom((A + B)∗ ). Então, pela de-
finição de adjunto, h(A + B)u, ξi = hu, (A + B)∗ ξi, para todo u ∈ Dom(A + B).
Ainda, como Dom(A + B) = H ∩ Dom(B) = Dom(B) e ξ ∈ Dom(A∗ ) = H
(pois kA∗ k = kAk < ∞), temos que hu, A∗ ξi + hBu, ξi = hAu, ξi + hBu, ξi =
h(A + B)u, ξi = hu, (A + B)∗ ξi, para todo u ∈ Dom(A + B) = Dom(B).
Mas, pela definição de adjunto, isto é equivalente a dizer que ξ ∈ Dom(B ∗ ) =
H ∩ Dom(B ∗ ) = Dom(A∗ ) ∩ Dom(B ∗ ) e B ∗ ξ = (A + B)∗ ξ − A∗ ξ. Portanto,
(A + B)∗ ⊂ A∗ + B ∗ . Concluı́mos, então, que A∗ + B ∗ = (A + B)∗ .
Demonstração de 2:
1. A é auto-adjunto;
24
2. A é fechado e Ker(A∗ ± λiIB(H) ) = {0};
3. Im(A ± λiIB(H) ) = H.
Demonstração:
2
λ2 kuk
(note que hA∗ u, ui = hu, A∗ ui), o que mostra a injetividade de A∗ + λi. A de-
monstração de Ker(A∗ − λiIB(H) ) = {0} é análoga.
contradizendo
a hipótese.
Logo, Im(A + λiIB(H) ) é denso em H. Seja, agora,
(A + λiIB(H) )un n∈N uma seqüência convergente de elementos de Im(A +
λiIB(H) ). Como A é simétrico, vale que hAu, vi = hu, Avi, para todo v ∈
Dom(A), o que implica
para todo n ∈ N. Por esta última desigualdade, segue que {un }n∈N é uma
seqüência de Cauchy em Dom(A), uma vez que (A + λiIB(H) )un n∈N tam-
bém o é. Logo, da completude de H, segue que {un }n∈N converge
para algum
elemento de H, e concluı́mos que (un , (A + λiIB(H) )un ) n∈N é uma seqüên-
cia convergente de elementos de Gr(A + λiIB(H) ). Como A + λiIB(H) é fe-
chado (pois A é fechado), o limite de (un , (A + λiIB(H) )un ) n∈N também per-
tence a Gr(A + λiIB(H) ). Em particular, o limite de (A + λiIB(H) )un n∈N
pertence à imagem de A + λiIB(H) , e concluı́mos que Im(A + λiIB(H) ) é fechado
em H. Temos, então, que Im(A + λiIB(H) ) é denso e fechado em H, isto é,
Im(A + λiIB(H) ) = H. A demonstração de que Im(A − λiIB(H) ) = H é análoga
à que acabou de ser feita.
25
e a outra inclusão está demonstrada. Voltemos à demonstração original. Seja
ξ ∈ Dom(A∗ ). Da sobrejetividade de A − λiIB(H) , garantimos a existência de
ρ ∈ Dom(A − λiIB(H) ) = Dom(A) tal que (A − λiIB(H) )ρ = (A∗ − λiIB(H) )ξ.
Como A é simétrico, temos que (A∗ − λiIB(H) )(ρ − ξ) = 0. Logo, como
Im(A + λiIB(H) ) = H, pelo que acabou de ser demonstrado temos que Ker(A∗ −
λiIB(H) ) = Ker((A + λiIB(H) )∗ ) = Im(A + λiIB(H) )⊥ = {0}, e obtemos ξ =
ρ ∈ Dom(A − λiIB(H) ) = Dom(A). Portanto, Dom(A∗ ) ⊆ Dom(A) e, como A é
simétrico por hipótese, concluı́mos que A é auto-adjunto.
1. A é auto-adjunto;
2. Im(A ∓ λiIB(H) )⊥ = Ker(A∗ ± λiIB(H) ) = {0}.
qualquer que seja u ∈ Dom(A) (lembre-se que, pelo que comentamos na Obser-
∗
vação XIII, A = A∗ ). Tome w ∈ Dom(A) =: Dom(A − λ) tal que (A − λ)w =
(A∗ − λ)v. Então,
para todo u ∈ Dom(A), mostrando que w − v deve ser ortogonal a todo vetor
de H. Logo, v = w ∈ Dom(A), e terminamos a demonstração.
26
fato de não estarmos lidando com espaços de Hilbert necessariamente separáveis:
XX) Definição: Seja X um espaço normado. Diremos que a famı́lia {xi }i∈I
de elementos de X é somável se existir x ∈ X de forma que, para
Ptodo > 0 dado
exista F ⊆ I finito tal que, para todo F ⊇ F finito, se tenha
( i∈F xi ) − x
<
.
P Nesse caso, diremos que a soma de tal famı́lia é x, e denotaremos x :=
i∈I xi (note que a soma de uma famı́lia somável é única). Se a famı́lia
{kxi k}i∈I for somável, então diremos que a famı́lia {xi }i∈I é absolutamente
somável.
Fato 1: Dada uma famı́lia Γ = {ri }i∈I não-vazia de números reais não-
negativos, se existir M > 0 tal que
( )
X
sup ri : F ⊆ I finito ≤ M,
i∈F
P P
então Γ é somável e i∈I ri = sup i∈F ri : F ⊆ I finito .
Obs.: daqui para frente, denotaremosPo fato de uma famı́lia de números reais
não-negativos {ri }i∈I ser somável por i∈I ri < ∞.
27
P
finalizar
P a demonstração, basta mostrar que i∈I riP é uma cota superior de
P
P i∈F ir : F ⊆ I
P finito . Seja
P F ⊆ I finito.
P Então, i∈F ri ≤ i∈F ∪F ri =
( i∈F ∪F ri ) − ( i∈I ri ) + ( i∈I ri ) < + ( i∈I ri ) e, como e F são arbitrá-
rios, concluiu-se a demonstração.
a) o conjunto
( )
Y
⊕i∈I Xi := (xi )i∈I ∈ Xi : {i ∈ I : xi 6= 0} é finito
i∈I
é denso no conjunto
( )
Y X p
˜lp := (xi )i∈I ∈ Xi : kxi k < ∞ ,
i∈I i∈I
28
para todo (xi )i∈I ∈ ˜lp ): de fato, sejam > 0 e (xi )i∈I ∈ ˜lp . Da somabilidade
p
P {kxi k }i∈I pgarantimos,
de P pelo FatoP2, a existência de Fp ⊆ I finito tal que
p p p
i∈I\Fp kx i k = | i∈Fp kxi k − i∈I kxi k | < . Considere o elemento
(yi )i∈I definido por yi = xi , se i ∈ Fp e yi = 0, se i ∈ I\Fp . Então, (yi )i∈I é
tal que (yi )i∈I ∈ ⊕i∈I Xi e k(yi )i∈I − (xi )i∈I k < .
1. X ∈ S;
29
S.
Mas X\B é uma união disjunta de elementos de S, como já vimos. Portanto,
S
1≤l≤n (Al ∩ X\B) é uma união disjunta de elementos de S, sendo que tais
elementos são todos disjuntos de B. Isto termina a demonstração.
30
“Álgebras de Banach e C∗ -álgebras - alguns resultados elementares”
10
e [3]
31
1. a ∈ A é um elemento normal se aa∗ = a∗ a, isto é, se a comuta com seu
adjunto;
2. a ∈ A é um elemento auto-adjunto se a = a∗ ;
tado agindo sobre um espaço de Hilbert, ele seria chamado de projeção ortogonal. No entanto,
no contexto de C∗ -álgebras abstratas chamaremos tal elemento somente de projeção
32
Logo, σA (a) é um subconjunto compacto de C. Prova-se, inclusive, que σA (a)
é sempre não-vazio.
Uma fórmula extremamente importante afirma que
Com esta fórmula, mostra-se que, se A for uma C∗ -álgebra unital, então rA (a) =
kak, sempre que a ∈ A for um elemento normal ou auto-adjunto. Inclusive,
usando este fato, podemos dar uma aplicação interessante aos operadores auto-
adjuntos sobre espaços de Hilbert (sejam eles limitados ou não). Vamos fazer
uma breve digressão para mostrar um lema e, logo em seguida, mostrar a apli-
cação mencionada:12
33
Demonstração: Se 0 ∈ σ(A), não há nada a demonstrar. Suponha que
0∈ / σ(A). Então, está bem definido e é limitado o operador A−1 . Como A−1
é auto-adjunto,13 rB(H) (A−1 ) = kA−1 k, pelo que acabamos de afirmar. Isto
mostra que σ(A−1 ) contém um elemento não-nulo de C, pois caso contrário,
A−1 seria nulo, um absurdo. Logo, existe 0 6= λ ∈ σ(A−1 ). Pelo Lema A0,
garantimos que λ−1 ∈ σ(A), mostrando que o espectro de A é não-vazio. Isto
estabelece o resultado desejado.
Devido ao fato (não trivial) de que o espectro de todo elemento de uma ál-
gebra de Banach com unidade é não-vazio, prova-se o seguinte resultado:
34
todo elemento não-nulo de A é inversı́vel. Como IA 6= 0, λ = µ. (o espectro de
0A é constituı́do somente pelo 0).
Seja a ∈ G(A) e λ ∈ σA (a). Como todo elemento não-nulo é inversı́vel, devemos
ter λIA − a = 0, pela definição de espectro. Logo, a = λIA . Isto mostra o
resultado, pois então a aplicação que associa cada elemento de A ao seu respec-
tivo elemento do espectro está bem definida, é um homomorfismo de álgebras
isométrico (se a = λIA , então kak = kλIA k = |λ|kIA k = |λ|) e é uma bijeção de
A em C.
É possı́vel, ainda, obter uma outra condição suficiente para que uma álgebra
de Banach unital seja isometricamente isomorfa a C. Para tanto, vamos pre-
cisar do seguinte lema,14 que também será utilizado depois, por uma outra razão:
−1
Demonstração: Suponhamos que
não valha kan k −→ +∞. Então, exis-
tem uma subseqüência ank k∈N de an n∈N e M > 0 tais que ka−1
−1 −1
nk k ≤ M,
para todo k ∈ N. Como an −→ a, sabemos que existe k0 tal que kank0 − ak <
1/M e, portanto, kIA − a−1 −1 −1
nk0 ak = kank0 (ank0 − a)k ≤ kank0 kk(ank0 − a)k < 1.
−1
Concluirı́amos, então, pela série de Von Neumann, que ank a = IA − (IA − a−1 nk 0 )
0
é inversı́vel, e terı́amos, portanto, que a também é inversı́vel, um absurdo.
kakkbk ≤ M kabk,
35
Dado um espaço de Banach X sobre C, representamos por X 0 o seu dual,
isto é, X 0 := {f : X −→ C : f é linear e contı́nuo }. Pelo Teorema de Banach-
Alaoglu, sabemos que a bola unitária {f ∈ X 0 : kf k ≤ 1} (onde k · k é a norma
usual de operador em X 0 ) é um subconjunto compacto de X 0 , quando munido
da topologia fraca-∗.15 Agora, dada uma uma álgebra de Banach com unidade
A, podemos considerar o conjunto
ΩA ⊆ {φ ∈ X 0 : kφk ≤ 1} ⊆ A0
ˆ· : A 3 a −→ â ∈ C(ΩA )
(C(ΩA ) sendo munida da norma do sup kf k∞ := max {|f (φ)| : φ ∈ C(ΩA )},
onde â : φ 7−→ φ(a)) é um homomorfismo contı́nuo de álgebras de norma 1.
Inclusive, prova-se que, numa C∗ -álgebra comutativa A com unidade, para todo
a ∈ A, σA (a) = {φ(a) ∈ C : φ ∈ ΩA }. Conseqüentemente,
36
usando, além da identidade C∗ e a fórmula (R), o fato de que ΩA é um espaço
topológico Hausdorff e compacto, pois invoca-se o Teorema da Aproximação de
Stone-Weierstrass.16
Pelo que foi dito neste parágrafo e pela última frase do parágrafo anterior, po-
demos mostrar que se A for uma C∗ -álgebra comutativa unital e a ∈ A for um
elemento auto-adjunto, então seu espectro está contido em R: seja λ ∈ σA (a).
Então, existe φ ∈ ΩA tal que λ = φ(a). Assim, λ = φ(a) = φ(a∗ ) = φ(a) = λ,
provando o que querı́amos.
37
em C(σC ∗ (a) (a)) satisfazendo tal propriedade).
Já mostramos no caso de álgebras de Banach com unidade que existe uma
“invariância” com respeito ao raio espectral, mas no caso de C∗ -álgebras temos
um pouco mais, como acabamos de afirmar. Para provar este teorema vamos
precisar de alguns lemas:
38
σC ∗ (b) (b) = ∂σC ∗ (b) (b), pois int(σC ∗ (b) (b)) = ∅. Assim,
σB (b) ⊆ σC ∗ (b) (b) = ∂σC ∗ (b) (b) ⊆(∗) ∂σB (b) ⊆B (b),
Para finalizar este resumo sobre C∗ -álgebras, vamos mostrar que todo ∗-
homomorfismo bijetor entre duas C∗ -álgebras unitais é necessariamente uma
isometria:
kφ(a)k2 = kφ(a)∗ φ(a)k = r(φ(a)∗ φ(a)) = r(φ(a∗ a)) ≤ r(a∗ a) = ka∗ ak = kak2 ,
39
para todo a ∈ A. Isto mostra que kφ(a)k ≤ kak, para todo a ∈ A. Como φ−1
está bem definido e é um ∗-homomorfismo entre C∗ -álgebras unitais, concluı́mos
que kφ−1 (b)k ≤ kbk, para todo b ∈ B, estabelecendo o desejado.
40
41
1 O Teorema Espectral
42
As linhas gerais da demonstração do teorema abaixo foram retiradas de [18].
43
para todo 1 ≤ j ≤ k. Portanto, |λj | ≤ k(EAE)|W k ≤ kEAEk ≤ kEkkAkkEk =
kAk (a norma de uma projeção ortogonal é 1), para todo 1 ≤ j ≤ k, o que
implica λj ∈ I, para todo 1 ≤ j ≤ k, pois os auto-valores de (EAE)|W são
reais, uma vez que (EAE)|W é auto-adjunto. Concluı́mos, então, que
X
kp(A)uk = kp(EAE)uk =
ui (p(EAE)e i
=
)
1≤i≤k
s
X
X
X
ui (p(λ i )e i )
=
(p(λ i )ui e i )
=
|p(λi )|2 |ui |2
1≤i≤k
1≤i≤k
1≤i≤k
II) sejam f, g ∈ C(I), sendo (pn )n∈N e (qn )n∈N seqüências de funções poli-
nomiais uniformemente limitadas tais que pn −→ f e qn −→ g em C(I) (tais
seqüências podem sempre ser tomadas de modo que sup{|pn | : n ∈ N} ≤ kf k∞
e sup{|qn | : n ∈ N} ≤ kgk∞ ). Então, ΦC (f · g) := limn ϕ(pn · qn ) = limn (pn ·
qn )(A) = limn [pn (A) ◦ qn (A)] = [limn pn (A)] ◦ [limn qn (A)] = [limn ϕ(pn )] ◦
[limn ϕ(qn )] = ΦC (f ) ◦ ΦC (g); a antepenúltima igualdade vem de
kpn (A) ◦ qn (A) − f (A) ◦ g(A)k ≤ kpn (A) ◦ qn (A) − pn (A) ◦ g(A)k +
kpn (A) ◦ g(A) − f (A) ◦ g(A)k ≤ kpn (A)k kqn (A) − g(A)k +
kpn (A) − f (A)k kqn (A)k ,
para todo n ∈ N (note a independência do resultado relativamente à escolha das
seqüências);
20 Se f ∈ C(I), onde I é um intervalo compacto da reta real, então para todo > 0 dado
44
III) sejam 1C(I) a função identicamente igual a 1 em I (veja as convenções
de notação na Observação III das Considerações Iniciais) e IB(H) a função iden-
tidade de B(H). Então, ΦC (1C(I) ) := 1C(I) (A) = IB(H) ;
IV) seja f ∈ C(I) e (pn )n∈N uma seqüência de funções polinomiais tal que
pn −→ f em C(I). Então, como pn −→ f e ∗ : B(H) −→ B(H) é um opera-
dor linear contı́nuo (de fato, a involução é uma isometria em B(H)), temos que
ΦC f := limn pn (A) = limn (pn (A))∗ = (limn pn (A))∗ = [f (A)]∗ = (ΦC f )∗ .
(Observamos que todos os resultados mostrados até então, e que serão mos-
trados mais adiante, continuariam válidos se trocássemos I por qualquer sub-
conjunto compacto de R contendo o espectro de A).
45
e daı́, λu (f ) = h(g · g)(A)u, ui = h[g(A) ◦ g(A)]u, ui = h[g(A) ◦ g(A)]u, ui =
hg(A)(g(A)u), ui = hg(A)u, (g(A))∗ ui = hg(A)u, g(A)ui = hg(A)u, g(A)ui ≥ 0.
Logo, pelo Teorema Rda Representação de Riesz, existe uma medida µu em I tal
que < f (A)u, u >= I f (x)dµu (x), para toda f ∈ C(I); Cc (I) = C(I), no nosso
caso, pois I é compacto.
Portanto,
e span Ai u : i ∈ N ∪ {0} é denso em Hu , por definição. Vamos, agora, definir
u Ω
uma aplicação Ωu : Gu −→ Cµu (I) por f (A)u 7−→ f . Mostremos que Ωu é uma
transformação linear unitária: Ωu está bem definida, pois se f, g ∈ C(I) (note a
diferença de espaços, aqui: f e g pertencem a C(I), e não a Cµu (I)!) e f (A)u =
g(A)u, então (f −g)(A)u = 0 e, portanto, |f −g|2 (A)u = [(fR − g)·(f −g)](A)u =
(f − g)(A)(f − g)(A)u = 0. Logo, 0 = h|f − g|2 (A)u, ui = I |f − g|2 (x)dµu (x),
e concluı́mos que f = g em quase todo ponto de I, o que implica que f = g
em Cµu (I), e Ωu está bem definida. Que Ωu é linear e sobrejetora é óbvio.
Verifiquemos que Ωu preserva produto interno. De fato,
46
para quaisquer f, g ∈ Cµu (I). Isto também mostra a injetividade.
lim(lim < U xn , U ym >) = lim(lim < xn , ym >) = lim < lim xn , ym >=
m n m n m n
e isso mostra que Ũ preserva o produto interno (em particular, está mostrado
que Ũ é injetora). Para mostrar a sobrejetividade de Ũ vamos usar que E é denso
em H2 e a completude de H1 como espaço métrico. Seja z ∈ H2 e {zn }n∈N uma
seqüência de elementos de E tal que zn −→ z. Da sobrejetividade de U , sabemos
que existe wn ∈ D tal que zn = U wn , para todo n ∈ N. Como kwn − wm k =
kU (wn − wm )k = kU wn − U wm k, para quaisquer m, n ∈ N, e {U wn }n∈N é uma
seqüência de Cauchy em H2 (pois é convergente em H2 ), concluı́mos que existe
w ∈ H1 tal que lim wn := w, pois H1 é completo. Então, da continuidade de Ũ
em H1 vem que Ũ w = Ũ (limn wn ) = limn Ũ wn = limn U wn = limn zn = z. A
unicidade segue do Lema 1.1, já que U é unitária e, portanto, contı́nua em D.
Voltemos à demonstração.
(Ω̃u ◦ A ◦ Ω̃−1 −1
u )(f ) = Ω̃u (A(lim Ω̃u (fn ))) = Ω̃u (A(lim[fn (A)u])) =
n n
47
lim Ω̃u ([idC(I) · fn ](A)u) = lim(idCµu (I) · fn ) = idCµu (I) · f =
n n
MidCµu (I) (f ),
onde a penúltima igualdade (∗) vem de
Z
idC (I) (fn ) − idC (I) (f )
2 = |x(fn (x) − f (x))|2 dµuα ≤
µu µu
x∈I
Z
kAk |(fn (x) − f (x))|2 dµu −→ 0.
x∈I
Agora usaremos o Lema de Zorn para decompor H como uma soma di-
reta de subespaços fechados e dois-a-dois ortogonais. Tomemos uma indexa-
ção (bijetora)
de H, θ : S 7−→ H, θ : α 7−→ uα , e consideremos o conjunto
Σ := B ∈ ℘(S) : (α, β ∈ B, α 6= β) =⇒ (Huα ⊥ Huβ ) (lembre-se da definição
de Hu dada acima), com uma ordem parcial definida pela inclusão S “⊆” (veja
que Σ é não-vazio). SejaS∆ ⊆ Σ uma cadeia em Σ. S Então, ∆ é uma cota
superior de ∆ (note que ∆ ∈ Σ, pois se α, β ∈ ∆, α 6= β, então existem
Bα , Bβ ∈ ∆ tais que α ∈ Bα e β ∈ Bβ ; mas, como ∆ é uma cadeia, deve-
mos ter Bα ⊆ Bβ ou Bβ ⊆ Bα . Suponhamos, sem perda de generalidade, que
Bα ⊆ Bβ . Assim, α, β ∈ Bβ , e Huα ⊥ Huβ pela definição de Bβ ). Concluı́mos,
então, pelo Lema de Zorn, que Σ possui um elemento maximal, M . Afirmamos
que H = ⊕α∈M Huα (note que aqui fizemos uma identificação entre o espaço das
somas finitas de elementos dos subespaços Huα e o espaço ⊕α∈M Huα , via uma
aplicação unitária canônica - observe a definição presente no Fato 7, a), das Con-
siderações Iniciais; adotaremos tal identificação para o resto da demonstração).
Suponhamos, por absurdo, que H 6= ⊕α∈M Huα . Então, existe w 6= 0 tal que
w ∈ (⊕α∈M Huα )⊥ . Mas ⊕α∈M Huα é A-invariante, pois se x ∈ ⊕α∈MP Huα então
existem subconjuntos finitos Fm ⊆ M, m ∈ N de modo que xm := α∈Fm vα ,
com vα ∈ Huα e (xm )m∈N é uma seqüência de elementos de ⊕α∈M Huα que
converge para x (note que todo ponto de ⊕α∈M Huα possui uma base local enu-
merável de abertos). Então,
X X
Ax = A(lim xm ) = lim A(xm ) = lim A( vα ) = lim Avα
m m m m
α∈Fm α∈Fm
P
e, como α∈Fm Avα ∈ ⊕α∈M Huα , para todo m ∈ N (pois cada Huα é A-
invariante), temos que ⊕α∈M Huα é A-invariante. Como A é auto-adjunto
em H, (⊕α∈M Huα )⊥ também é A-invariante. Logo, Ai w : i ∈ N ∪ {0} ⊆
48
obtemos uma aplicação linear unitária Ω. Novamente, devido ao Lema 1.2,
podemos estender Ω a uma única aplicação linear unitária
sendo
⊕α∈M L2 (I, µuα )
o completamento de espaços de Hilbert de ⊕α∈M L2 (I, µuα ), e que coincide
com o espaço ˜l2 construı́do na Observação XXI das Considerações Iniciais.
2
P produto interno em ⊕α∈M L (I, µuα ) é definido por h(fα )α∈M ,2(gα )α∈M i :=
O
α∈M hfα , gα i, quaisquer que sejam (fα )α∈M , (gα )α∈M ∈ ⊕α∈M L (I, µuα ).
(pelo Fato 7, a), com p = 2). Vamos mostrar que Ψ é tal que Im(Ψ) ⊆ L2 (N, µ),
e que esta aplicação preserva produto interno. De fato, vamos mostrar que Ψ
preserva normas. Se (fα )α∈M ∈ ⊕α∈M L2 (I, µuα ), então
XZ
2
k(fα )α∈M k := |fα (x)|2 dµuα =(∗)
α∈M I
XZ Z
|fˆ(α, x)|2 dµ =(∗∗) |fˆ(α, x)|2 dµ =:
α∈M {α}×I M ×I
kfˆk2 .
Vamos mostrar que (∗) e (∗∗) são verdadeiras:
49
1. se α é fixado e E ⊆ {α} × I, então
se α é fixado e F ⊆ I, então
Portanto, como também |fˆ(α, x)|2 = |fα (x)|2 , para cada α ∈ M , para todo
x ∈ I, temos {α}×I |fˆ(α, x)|2 dµ = I |fα (x)|2 dµuα , para todo α ∈ M , pela
R R
definição de integral. Como kfα k2 = I |fα (x)|2 dµuα α∈M é somável em
R
Finalmente, como
XZ
∞ > sup{ |fα (x)|2 dµuα , F ⊆ M finito} =
α∈F I
XZ
sup{ |fˆ(α, x)|2 dµ, F ⊆ M finito},
α∈F {α}×I
nR o
e que a famı́lia {α}×I
|fˆ(α, x)|2 dµ é somável em R. Estes argu-
α∈M
mentos mostram (∗);
2. pelos Fatos 3 e 4, sabemos que só existe uma quantidade enumerável de
elementos desta famı́lia diferentes de 0. Como todos os seus elementos
são positivos e µ é uma medida positiva, podemos aplicar o teorema de
rearranjo de Riemann para séries numéricas e o Teorema da Convergência
Monótona para concluir que
XZ Z
ˆ 2
|f (α, x)| dµ = |fˆ(α, x)|2 dµ.
α∈M {α}×I M ×I
Mostrou-se, então, que Im(Ψ) ⊆ L2 (N, µ), e que Ψ preserva produto interno,
pela identidade de polarização. Usando a definição de Ψ e o fato se ela ser uma
isometria vemos que ela é sobrejetora. Além disso, pelo fato de Ψ ser uma iso-
metria vemos que é, em particular, injetora.
50
Logo, a aplicação definida por Ψ ◦ Ω̃ =: U : H −→ L2 (N, µ) é unitária (pois
é a composição de duas aplicações unitárias). Vamos mostrar que U satisfaz
U ◦ A ◦ U −1 : Dom(Mw ) 3 g 7−→ w · g ∈ L2 (N, µ), onde w é uma função real
em µ-quase toda parte e Borel-mensurável em N (na verdade, vamos mostrar,
ainda, que w = ĥ, onde h := (idCµuα (I) )α∈M , isto é, w age como “cópias”
da identidade em cada “nı́vel” α). Tome L2 (N, µ) 3 Ψ((fα )α∈M ) := fˆ. Pelo
Fato 7, a), sabemos que existe uma seqüência {ln }n∈N em ⊕α∈M L2 (I, µuα ) tal
que ln −→ (fα )α∈M , de forma que existe para cada n ∈ N um conjunto finito
n n n
P
Fn ⊆ M tal que ln := α∈Fn fα com fα 6= 0, se α ∈ Fn e fα = 0, caso
contrário. Além disso, dado n ∈ N, para cada α ∈ Fn existe uma seqüência
{hn,m
α }m∈N em Cµuα (I) tal que hα
n,m
−→ fαn . Logo,
Portanto,
X
(U ◦ A ◦ U −1 )(fˆ) = Ψ(lim lim Ω̃((idC(I) · hn,m
α )(A)uα )) =
n m
α∈Fn
X X
Ψ(lim lim idCµuα (I) · hn,m
α ) = Ψ(lim lim(idCµuα (I) · hn,m
α )) =
n m n m
α∈Fn α∈Fn
X
Ψ(lim (idCµuα (I) · fαn )) =(∗) Ψ((idCµuα (I) · fα )α∈M ) =
n
α∈Fn
w · fˆ.
2
X 2
kAk kfαn − fα k −→ 0,
α∈M
51
onde a desigualdade vem de
Z 1/2
n 2 n 2
idCµuα (I) · (fα − fα )
= |idCµuα (I) | |fα − fα | dµα ≤ kAk kfαn − fα k ,
I
Definamos
SP := {f ∈ B(R) : f |I ∈ P (I)}
e
SC := {f ∈ B(R) : f |I ∈ C(I)} ,
notando que são subespaços vetoriais de B(R). Como A = U −1 Mw U , temos
que p(A) = U −1 Mp◦w U , para todo p ∈ P (I). Para cada p ∈ P (I), associe
um elemento pB ∈ SP tal que pB |I = p (note que tal elemento existe, fazendo
pB (x) = 0 em R\I, por exemplo). Então, pela definição de w, temos que pB ◦w =
p ◦ w, de modo que p(A) = Φ−1 MpB ◦w Φ. Associe, também, para cada f ∈ C(I)
um elemento f B ∈ SC tal que f B |I = f (note, novamente, que tal elemento
52
existe, fazendo f B (x) = 0 em R\I, por exemplo). Tomando uma seqüência
{pn }n∈N de funções polinomiais em I que aproximam uniformemente f , vemos
que pB n ◦ w n∈N
é uma seqüência de funções que aproxima uniformemente f B ◦
w, pois
sup |((pB B
n − f ) ◦ w)(y)| = sup |(pn − f )(x)|,
y∈N x∈I
k(pB B
n − f ) ◦ wk∞ ≤
(∗)
sup |((pB B
n − f ) ◦ w)(y)| = sup |(pn − f )(x)|.
y∈N x∈I
∞
Em (∗) foi usado o seguinte fato: se g ∈ L (N, µ) e M > 0, então kgk∞ ≤ M
se, e somente se, g(x) ≤ M em µ-quase toda parte de N . Como pn (A) =
U −1 MpBn ◦w
U , para todo n ∈ N e pn (A) −→ f (A) em B(H), temos que
f (A) = U −1 Mf B ◦w U.
Tome f ∈ SC . Então,
f |I (A) = U −1 Mf ◦w U.
Isto mostra que ΦB (f ) só depende do comportamento de f sobre I, para toda
f ∈ SC .
U −1 Mf˜·g̃ U = ΦB (f · g) e
U −1 Mf˜U = ΦB (f ),
já que U é unitário (a justificativa para (∗) está na Observação XVIII
das Considerações Iniciais).
53
3. se {hn }n∈N é uma seqüência de funções uniformemente limitada em B(R)
que converge pontualmente para h ∈ B(R), então ΦB (hn )u converge para
ΦB (h)u, para todo u ∈ H. De fato, se u ∈ H, então
Z
M U (u) − M U (u)
2 = |(h̃n − h̃)2 û2 |dµ −→ 0,
h̃n h̃
N
Mostraremos que Λ1 = Λ2 .
Sejam
B := {B ⊆ R : B pertence à σ − álgebra de Borel}
e
J := {B ∈ B : Λ1 (χB ) = Λ2 (χB )} ,
onde χB denota a função caracterı́stica relativa ao boreliano B.
J é uma σ-álgebra:
Xi=n i=n
X i=n
X
Λ1 ( χEi )u = Λ1 (χEi )u = Λ2 (χEi )u =
i=1 i=1 i=1
54
Xi=n
Λ2 ( χEi )u.
i=1
Pi=n
Logo, como i=1 χEi converge pontualmente para χSn∈N En , concluı́mos
que
Xi=n i=n
X
Λ1 (χSn∈N En )u = lim Λ1 ( χEi )u = lim Λ2 ( (χEi ))u =
n n
i=1 i=1
Λ2 (χSn∈N En )u.
Da arbitrariedade de u, segue o resultado.
e
lim Λ2 (hn )v = Λ2 (χL )v.
n
Logo, a expressão f (A) está bem definida, qualquer que seja f ∈ B(R), in-
dependentemente de U . Em particular, χB (A) está bem definida, para todo
B ⊆ R boreliano. Chamaremos o ∗-homomorfismo ΦB de “Cálculo Funcional
Boreliano”.
χB (A) é auto-adjunto, para todo B ⊆ R boreliano, uma vez que (χB (A))∗ =
χB (A) = χB (A). Além disso, χB (A) também é uma projeção, pois χB (A) ◦
χB (A) = (χB · χB )(A) = χB (A). Portanto, pela Observação XVII das Conside-
rações Iniciais, χB (A) é a projeção ortogonal sobre sua imagem (χB (A) é deno-
minada a projeção espectral de A relativa ao boreliano B e, como a aplicação
B 7−→ χB (A) possui certas propriedades que lembram uma medida, ela é cha-
mada de medida espectral). Para ver que a comutatividade de dois operadores
55
lineares limitados e auto-adjuntos A1 e A2 implica a comutatividade dos opera-
dores χB 1 (A1 ) e χB 2 (A2 ), quaisquer que sejam B1 , B2 ⊆ R borelianos, precisa-
mos primeiro definir o conjunto J 0 := {B ⊆ R : A1 ◦ χB (A2 ) = χB (A2 ) ◦ A1 } e
mostrar que ele contém o conjunto B, definido acima. Para ver que J 0 é uma
σ-álgebra, basta argumentar de maneira análoga à feita acima. Para ver que
J 0 contém os intervalos abertos, procedemos da seguinte forma: primeiro, ob-
servamos que A1 comuta com operadores da forma p(A2 ), com p ∈ SP , pois já
observamos que p(A2 ) = p|I (A2 ), na página 53, e A1 claramente comuta com
p|I (A2 ). Como toda função de Cc (R) ⊆ SC é limite uniforme de elementos de
SP e
(pn − f )(A2 ) = (pn − f )|I (A2 ) = ΦC (pn |I − f |I ) −→ 0,
sempre que f ∈ Cc (R) e {pn }n∈N for uma sequência de funções em SP que
converge uniformemente a f (pelo item 1, na página 53), temos que A1 ◦f (A2 ) =
f (A2 ) ◦ A1 , para toda f ∈ Cc (R). Finalmente, como toda função caracterı́stica
relativa a um intervalo limitado é limite pontual de funções de Cc (R), temos
pelo item 3 (página 54) que
A1 ◦ χL (A2 ) = χL (A2 ) ◦ A1 ,
para todo intervalo aberto e limitado, L. Isto mostra que J 0 ⊇ B. Para fi-
nalmente mostrarmos o que queremos, basta fixar um operador limitado auto-
adjunto C que comuta com A1 e repetir os mesmos passos que acabamos de
fazer para ver que
{B ⊆ R : χB (A1 ) ◦ C = C ◦ χB (A1 )} ⊇ B.
56
Defina, agora, V := span{χB : B ∈ S} e A(S) como sendoPa álgebra gerada
por S. Defina também o subconjunto W das funções g := 1≤j≤m aj χB j de
V que possuem a propriedade de os B j ’s serem elementos de S dois a dois dis-
juntos. Vamos mostrar que, na verdade, tem-se W = V. Note que W contém
os geradores de V. Logo, a demonstração estará concluı́da se mostrarmos que
W é um espaço vetorial (para mostrar isto, será importante o fato de A(S) ser
uma álgebra). Com este fim, mostraremos que o conjunto F das funções sim-
ples A(S)-mensuráveis (isto é, as funções f que possuem um conjunto-imagem
finito e tais que f −1 [{c}] é um conjunto pertencente a A(S)), que é um es-
paço vetorial sobre C, coincide com W. A inclusão W ⊆ F é imediata. Para
ver a outra inclusão, tome f ∈ F. Então f é uma combinação linear finita
de funções caracterı́sticas de conjuntos de A(S), sendo estes conjuntos dois a
dois disjuntos. Tais conjuntos são, a saber, da forma f −1 [{c}], com c variando
no conjunto-imagem de f . Agora, pelo resultado demonstrado na Observação
XXII das Considerações Iniciais, sabemos que cada conjunto f −1 [{c}], com c
pertencente ao conjunto-imagem de f , é uma união disjunta de elementos de S.
Logo, f é uma combinação linear de funções caracterı́sticas relativas a conjuntos
dois a dois disjuntos de S. Isto estabelece a outra inclusão e mostra o resultado
desejado.
Q
Vamos definir agora, para cada função f := χB de W, com B := 1≤k≤n Bk ,
o operador (χB )(A1 , ..., An ) := 1≤k≤n χBk (Ak ),22 e estenda esta definição
Q
para todas as funções de W por P linearidade. Notemos Pque tal construção é bem
definida: suponha que f := 1≤i≤p bi χB i e g := 1≤j≤q cj χC j são elemen-
S de W i taisSque f = jg. Suponha também, sem perda de generalidade, que
tos
1≤i≤p B = 1≤j≤q C = I (aliás, sempre que escrevermos um elemento de
W por extenso, faremos esta convenção; faremos também a convenção de que,
sempre que for escrita por extenso uma função de W, nenhum dos elementos de
S relativos aos quais foi escrita tal função
P seja o conjunto vazio).
Note que para cada 1 ≤ j ≤ q fixado, 1≤i≤p bi χB i ∩C j = cj χC j : se x ∈ I não
pertence a C j , então
X
( bi χB i ∩C j )(x) = 0 = (cj χC j )(x).
1≤i≤p
bi 0 = c j .
P
Portanto, ( 1≤i≤p bi χB i ∩C j )(x) = bi0 χB i0 ∩C j (x) = bi0 = cj = (cj χC j )(x). Isto
estabelece a igualdade desejada.
22 Note que tais operadores estão bem-definidos, pois χ
Bi (Ai ) e χBj (Aj ) comutam entre si,
como já provamos
57
Concluı́mos, então, que
X X X
f (A1 , ..., An ) = (bi χB i )(A1 , ..., An ) = ( bi χB i ∩C j )(A1 , ..., An ) =
1≤i≤p 1≤i≤p 1≤j≤q
X X X X
bi χB i ∩C j (A1 , ..., An ) = bi χB i ∩C j (A1 , ..., An ) =
1≤i≤p 1≤j≤q 1≤j≤q 1≤i≤p
X X X
( bi χB i ∩C j )(A1 , ..., An ) = cj χC j (A1 , ..., An ) = g(A1 , ..., An ),
1≤j≤q 1≤i≤p 1≤j≤q
está bem definida. Além disso, tal aplicação é claramente linear. Vamos mostrar
que ela é contı́nua. Como B(I) é um espaço normado (completo) e B(H) é um
espaço de Banach, vamos mostrar que a aplicação ΛI se estende linearmente e
continuamente paraPseu fecho em B(I), utilizando o Lema 1.1 (B.L.T.). Escolha
um elemento f := 1≤i≤p bi χB i de W, e vamos mostrar que kf (A1 , ..., An )k ≤
supx∈I |f (x)| = kf k∞ .23
Sejam Pi := χB i (A1 , ..., An ), para 1 ≤ i ≤ p. Então {Pi }1≤i≤p é uma coleção
de
P projeções auto-adjuntas duas a duas ortogonais e, portanto, o operador P :=
1≤i≤p Pi também é uma projeção auto-adjunta. Logo, P e IB(H) − P também
são ortogonais e
X
kf (A1 , ..., An )uk2 = k bi χB i (A1 , ..., An )uk2 =
1≤i≤p
X
|bi |2 kχB i (A1 , ..., An )uk2
1≤i≤p
X
≤ (max{|bi | : 1 ≤ i ≤ p})2 kχB i (A1 , ..., An )uk2 =
1≤i≤p
58
|f (xi )| = |bi | (lembre-se que, pelo que convencionamos, B i 6= ∅, para todo 1 ≤
i ≤ p). Isto estabelece que existe x ∈ I tal que |f (x)| = max{|bi | : 1 ≤ i ≤ p}.
Concluı́mos, portanto, que
max{|bi | : 1 ≤ i ≤ p} = kf k∞ ,
como querı́amos. Isto conclui a demonstração de que
kf (A1 , ..., An )k ≤ kf k∞ ,
qualquer que seja f ∈ W.
Para podermos finalmente aplicar o Lema 1.1, precisamos mostrar que toda
função f := u+iv ∈ C(I) é limite uniforme de elementos de W. Para tanto, seja
> 0. Como I é compacto, u e v são uniformemente contı́nuas em I e, portanto,
existe δ > 0 tal que x, y ∈ I, |x − y| < δ implica |u(x) − u(y)| < /2 e |v(x) −
v(y)| < /2. Vamos construir uma função s ∈ W que seja uma combinação linear
de funções caracterı́sticas de hiperparalelepı́pedos (não necessariamente con-
tendo suas respectivas fronteiras) e que satisfaça sup {|s(x) − f (x)|
√ : x ∈ I} < .
Para tanto, fixe k ∈ N tal que (max {2kAi k/k : 1 ≤ i ≤ n}) n < 2δ. Fa-
zendo isso, temos a pretensão de construir k n hiperparalelepı́pedos, de dimen-
sões 2kAi k/k, 1 ≤ i ≤ n, de modo que cada um deles esteja contido em uma
bola aberta de raio δ. Esta última
√ exigência é satisfeita devido à desigualdade
(max {2kAi k/k : 1 ≤ i ≤ n}) n < 2δ, que nada mais é do que impor que a “di-
agonal” do hipercubo de lado max {2kAi k/k : 1 ≤ i ≤ n} seja menor do que o
diâmetro da bola de raio δ. Isto de fato é suficiente, pois se x = (xj )1≤j≤n é um
ponto de um tal hiperparalelepı́pedo centrado num ponto p = (pj )1≤j≤n , então
s X s X
kx − pk = 2
|xj − pj | ≤ kAj k2 /k 2 ≤
1≤j≤n 1≤j≤n
q √
n(max {kAj k/k : 1 ≤ j ≤ n})2 = n(max {kAj k/k : 1 ≤ j ≤ n}) < δ.
Portanto, todos os hiperparalelepı́pedos em questão estão contidos em uma bola
aberta de raio δ. Estando estabelecidos quais são os comprimentos das dimen-
sões dos hiperparalelepı́pedos, vamos construir os lados destes, de modo que
recubram I. Cada intervalo Ij , 1 ≤ j ≤ n, está dividido em k segmentos com-
l
pactos de mesmo comprimento, Ijj , 1 ≤ lj ≤ k. Então definiremos cada hiperpa-
Q l
ralelepı́pedo como sendo da forma 1≤j≤n Ijj , onde cada lj é um inteiro entre 1
e k. Tome uma enumeração destes hiperparalelepı́pedos compactos {Pi }1≤i≤kn .
n o
Vamos agora, obter uma coleção de hiperparalelepı́pedos P̃i n
(não ne-
1≤i≤k
cessariamente compactos) de forma que continuem recobrindo I, mas sejam
dois a doisS disjuntos. Defina P̃1 := P1 e,S para cada 2 ≤ i ≤ k n , defina
P̃i := Pi \ 1≤j≤i−1 Pj . Então, vemos que 1≤i≤kn P̃i = I e P̃i ∩ P̃j = ∅, se
i 6= j. Definamos, finalmente,
X
s := [(min {u(x) : x ∈ Pi })χP̃i + i(min {v(x) : x ∈ Pi })χP̃i ],
1≤i≤kn
59
e seja x ∈ I. Então, x ∈ P̃j , para somente um 1 ≤ j ≤ k n e
60
3. agora, ao invés de provar que Ω̃u ◦A◦Ω̃−1
u = MidCµu (I) , como o exposto logo
após o que foi tratado no item acima, devemos provar que Ω̃u ◦ Ai ◦ Ω̃−1 u =
Mπi , para todo 1 ≤ i ≤ n, onde πi é a i-ésima projeção canônica. Para
tanto, basta substituir A por πi (A1 , . . . , An ), e a demonstração segue de
maneira análoga à feita anteriormente. Isso decorre de πi (A1 , . . . , An ) =
Ai e do fato de ΛI ser um homomorfismo de álgebras. Vamos mostrar
que πi (A1 , . . . , An ) = Ai . Para cada 1 ≤ 1 ≤ n, podemos construir uma
seqüência de funções simples relativas a segmentos disjuntos de Ii (este é
um detalhe importante), {sm }m∈N , que converge uniformemente à função
idC(Ii ) . Defina, para cada m ∈ N, a função de n variáveis dada por
gm (x1 , . . . , xn ) := sm (xi ), para todo (xj )1≤j≤n ∈ I - note
P que isto implica
gm (A1 , ..., An ) = sm (Ai ), para todo m ∈ N: se sm = 1≤j≤q aj χBji com
os Bji ’s dois a dois disjuntos, então basta tomar
X Y
gm := aj (χBji χIk ),
1≤j≤q 1≤k≤n,k6=i
pois χIk = 1C(Ik ) . Então, {gm }m∈N é uma seqüência de funções de W (veja
a definição acima) que converge uniformemente à função πi . Portanto,
pela definição de ΛI , temos que πi (A1 , ..., An ) = limm gm (A1 , ..., An ).
Por outro lado, pela definição de gm , temos que limm gm (A1 , ..., An ) =
limm sm (Ai ) = idC(Ii ) (Ai ) = Ai . Logo, pela unicidade do limite, segue
que πi (A1 , ..., An ) = Ai ;
4. em seguida, na aplicação do Lema de Zorn, basta substituir o A que ali
aparece por Ai = πi (A1 , ..., An ), para todos 1 ≤ i ≤ n, e concluiremos
que ⊕α∈M Huα é Ai -invariante, para todo 1 ≤ i ≤ n, pois cada Huα é
πi (A1 , ..., An )-invariante (ou Ai -invariante), para todo 1 ≤ i ≤ n. Logo,
(⊕α∈M Huα )⊥ será Ai -invariante, para todo 1 ≤ i ≤ n. Logo,
61
contradição necessária, analogamente à obtida na aplicação do lema de
Zorn da demonstração anterior.
5. uma última adaptação que vale a pena ser mencionada é que ao invés de
mostrar que U ◦ A ◦ U −1 : Dom(Mf ) 3 g 7−→ f · g ∈ L2 (N, µ), para uma f
real e Borel-mensurável, basta substituir A por πi (A1 , ..., An ), para cada
1 ≤ i ≤ n, e obteremos, finalmente, o:
T ∗ + T ∗∗ T∗ + T T + T∗
A∗ = = = =A
2 2 2
e
[i(T ∗ − T )]∗ −i(T ∗∗ − T ∗ ) i(T ∗ − T ) T − T∗
B∗ = = = = = B,
2 2 2 2i
mostrando que A e B são auto-adjuntos. Para verificar a unicidade basta no-
tar que, se também T = C + iD para certos operadores lineares auto-adjuntos
C, D ∈ B(H), então temos a equação 0B(H) = T −T = (A−C)+i(B −D). Logo,
vale também que (A−C)+i(B−D) = 0B(H) = 0∗B(H) = (A∗ −C ∗ )−i(B ∗ −D∗ ) =
(A − C) − i(B − D), o que implica B = D. Assim, devemos ter também
0B(H) = A − C, isto é, A = C, e está mostrada a unicidade.
62
Seja T um operador normal. Como todo operador linear normal é, em parti-
cular, limitado (por definição), podemos representar T como T = A + iB, sendo
∗ ∗
A = T +T 2 e B = T −T 2i . Como, ainda, T comuta com seu adjunto, temos que
A e B comutam, pois
T + T∗ T − T∗ T 2 − T T ∗ + T ∗ T − (T ∗ )2
AB = = =
2 2i 2 · 2i
T 2 − T ∗ T + T T ∗ − (T ∗ )2 T − T∗ T + T∗
= = BA.
2i · 2 2i 2
Assim, pelo teorema espectral para n-uplas finitas de operadores lineares auto-
adjuntos que comutam dois a dois, garantimos a existência de um espaço de
medida (N, µ) e uma transformação linear unitária U : H −→ L2 (N, µ) tais que
U AU −1 = Mπ̃1 e U BU −1 = Mπ̃2 , onde
Antes de prosseguir, vamos relembrar algo que foi dito na Observação XIII
das Considerações Iniciais, momento em que foram definidos os operadores de
multiplicação. Dissemos lá que o espaço de medida construı́do no decorrer do
Teorema Espectral possui a propriedade de que todo subconjunto seu de medida
estritamente positiva, S, possui um subconjunto E ⊆ S de medida finita e
estritamente positiva. Vamos mostrar, então, que o espaço (N, µ) (sendo N e
µ como acima) possui esta propriedade, assumindo as hipóteses de que H 6=
{0} e A 6= 0. Como H 6= {0} e A é não-nulo, garantimos a existência de
0 6= uα ∈ H e, consequentemente, a existência de um funcional não-nulo λuα :
C(I) 7−→ hf (A)uα , uα i (I sendo um intervalo compacto ou um produto de
intervalos compactos). Note que µ 6= 0, pois se assim não fosse, pelo Fato 1 das
Considerações Iniciais terı́amos
X
0 = µ(N ) = µuα (πα ({α} × I)) ≥
α∈M
µuα (I),
o que implica µuα = 0. Logo, λuα = 0, o que é um absurdo, pois assim terı́amos
0 = λ(1C(I) ) = huα , uα i, e concluirı́amos que uα = 0. Esta argumentação
mostra que existe um elemento no domı́nio de µ que possui medida estritamente
63
positiva. Seja S ⊆ N um conjunto de medida µ(S) estritamente positiva. Se
µ(S) < ∞, não há nada a demonstrar. Suponhamos que µ(S) = +∞. Então
existe um conjunto finito {βi }1≤i≤no ∈ M tal que
X
µuβi (πβ i (S ∩ ({βi } × I))) > 0,
1≤i≤n0
pois caso contrário, terı́amos µ(S) = 0. Além disso, µuα possui a propriedade
de ser finita sobre compactos, o que mostra
X
0< µuβi (πβ i (S ∩ ({βi } × I))) := µ(S ∩ ({βi } × I)) < ∞.
1≤i≤n0
(note que hAu, ui = hu, Aui), temos que (A − iIB(H) )−1 ∈ B(H), com
(A − iIB(H) )−1
≤ 1.
e
(A − iIB(H) )∗ ((A − iIB(H) )−1 )∗ = (IB(Dom(A)) )∗ = IB(H) ,
mostrando que
64
Dom((A − iIB(H) )(A + iIB(H) )),
sabemos que existe uma única aplicação L : H −→ D tal que
e
L[(A − iIB(H) )(A + iIB(H) )] = IB(D) .
Mas
(A − iIB(H) )(A + iIB(H) ) = (A + iIB(H) )(A − iIB(H) )
em D (lembre-se que D é o domı́nio da composição (A − iIB(H) )(A + iIB(H) ) =
(A + iIB(H) )(A − iIB(H) ) - veja a Observação VI). Portanto
65
1. Dom(U −1 Mg U ) = Dom(A), uma vez que u ∈ Dom(A) se, e somente se,
U (u) ∈ Dom(Mg ): se u ∈ Dom(A), então u = (A − iIB(H) )−1 v, para
algum v ∈ H. Portanto, U (u) = U ((A − iIB(H) )−1 v), o que implica
g·(U (u)) = g·(Mf U (v)). Como g·f é uma função essencialmente limitada,
segue que
g · (U (u)) = g · (f · (U (v))) ∈ L2 (M, µ),
mostrando que U (u) ∈ Dom(Mg ). Por outro lado, se U (u) ∈ Dom(Mg ),
então g · (U (u)) ∈ L2 (M, µ), e portanto
(U −1 Mf )[f −1 · (U (u))] = u,
finalizando a demonstração;
2. se u ∈ Dom(A), então existe v ∈ H tal que u = (A − iIB(H) )−1 v. Logo,
(A − iIB(H) )u = ((A − iIB(H) )(A − iIB(H) )−1 )v = IB(H) v = v, e vem que
Au = v + iu. Portanto,
de onde vem que Mg∗ ⊆ Mg . Como foi provado no item 2 da Observação XIII
que Mg ⊆ (Mg )∗ , devemos ter Mg = Mg , uma vez que Dom(Mg ) = Dom(Mg ).
Logo, g = f −1 + i · 1̃C(I) é uma função a valores reais e Borel-mensurável em
N , pelo Corolário do item 3 da Observação XIII, das Considerações Iniciais. Fi-
nalizamos, assim, a demonstração de uma das implicações do Teorema Espectral.
2 2
x x +y −y
Havı́amos notado que g(α, x, y) = x2 +y 2 + x2 +y 2 i em µ-quase toda parte
de N . Impondo-se, agora, a conclusão de que g é real em µ-quase toda parte
de N , concluı́mos que x2 + y 2 − y = 0 em µ-quase toda parte de N e, portanto,
g(α, x, y) = xy em µ-quase toda parte de N . Como a demonstração feita para
operadores não limitados poderia ser feita supondo-se A limitado, poderı́amos
66
ter a impressão de que existe uma contradição com o resultado obtido anteri-
ormente para operadores limitados auto-adjuntos. A razão para tal impressão
é a afirmação do teorema espectral para operadores auto-adjuntos limitados
˜
de que A é unitariamente equivalente à função id(α, x) := x, x ∈ [−kAk, kAk]
em µ̃-quase toda parte de M̃ × [−kAk, kAk] (note que a medida µ̃ em ques-
tão não é a mesma medida µ utilizada acima, proveniente do teorema espec-
tral para operadores normais), pois a função x/y com o domı́nio acima es-
˜ principalmente porque, para cada
pecificado não tem a “cara” da função id,
x ∈ [−kBk, kBk] fixado, limy−→0 |x|/|y| = +∞. Vamos mostrar que esta
aparente contradição não passa de uma ilusão. Seja, então, A um operador
auto-adjunto limitado. Como já observamos anteriormente, podemos escre-
ver (A − iIB(H) )−1 = B + iC, de forma que C = [(A − iIB(H) )−1 − (A −
iIB(H) )−1∗ ]/2i = [(A − iIB(H) )−1 − (A + iIB(H) )−1 ]/2i. Pelo teorema espec-
tral para operadores auto-adjuntos limitados, concluı́mos que A é unitaria-
˜
mente equivalente à função id(α, x) := x, x ∈ [−kAk, kAk] em µ̃-quase toda
parte de M̃ × [−kAk, kAk] e, portanto, pelo Cálculo Funcional desenvolvido, te-
mos que C é unitariamente equivalente ao operador de multiplicação Mf , onde
f (α, x) := 1/(x2 + 1), em µ̃-quase toda parte de M̃ × [−kAk, kAk]. Logo, como
tal operador é claramente inversı́vel em B(L2 (M̃ × [−kAk, kAk], µ̃)), segue que
0∈ / σ(Mf ) = σ(C) = σ(Mπ̃[−kCk,kCk] ), onde π̃[−kCk,kCk] (α, x, y) = y em µ-quase
toda parte de N . Assim, como o espectro do operador Mπ̃[−kCk,kCk] é a imagem
essencial de π̃[−kCk,kCk]
(pelo item 4 da Observação XIII), concluı́mos
que existe
r > 0 tal que µ( (α, x, y) ∈ N : |y| = |π̃[−kCk,kCk] (α, x, y) − 0| < r ) = 0. Por-
tanto, |y| ≥ r > 0 em µ-quase toda parte de N . Isto mostra que |x|/|y| ≤ kBkr
em µ-quase toda parte de N , garantindo que kAk = kMg k = kgk∞ ≤ kBkr <
∞.
67
∗-homomorfismo unital ΦB : B(R) −→ B(H). No caso em que A é um operador
linear não-limitado (i.e., kAk = +∞) podemos também estabelecer a existên-
cia e a unicidade de um ∗-homomorfismo unital Φ0B : B(R) −→ B(H), devido
ao Teorema Espectral que acabamos de provar. Para mostrar a existência,
basta reproduzir a mesma filosofia feita antes: se A = U Mf U −1 definimos
(note que M f +i
1 é limitado, com kM f +i
1 k ≤ 1, pois Im(f ) ⊆ R) e, portanto, como
1”. Φ0B ( f +i
1
) = (A+i)−1 (veja como o membro da direita não depende de U ),
2”. Φ0B é um ∗-homomorfismo unital entre álgebras com involução tal que
Φ0B |C0 (R)
é contı́nuo,
68
(na verdade, Φ0B é contı́nuo sobre todo B(R), pois kΦ0B (f )k ≤ kf k∞ , pela
Observação XIII das Considerações Iniciais) é possı́vel estabelecer a unicidade
do Cálculo Funcional Boreliano para o operador não-limitado A, ou melhor:
se A é um operador linear auto-adjunto não-limitado e Λ01 e Λ02 são aplicações
definidas em B(R) a valores em B(H) satisfazendo as propriedades 1”, 2” e 3’
apontadas acima, então Λ01 = Λ02 . Vamos precisar do seguinte teorema:
Vamos à demonstração.
25 Veja [14]
26 Uma famı́lia de funções A é separante se, dados x, y ∈ X, x 6= y, existe f ∈ A tal que
f (x) 6= f (y). Se tal famı́lia, além de separante, for tal que: para todo x ∈ X, existe f ∈ A
satisfazendo f (x) 6= 0, então esta famı́lia será denominada completamente separante
69
70
2 O Teorema de Kato-Rellich
71
Temos dois casos a considerar:
1. existe n0 ∈ N tal que ∞ > µ(Q ∩ f −1 [0, n]) > 0: a definição de Q implica
que Z Z
2
f |χQ∩f −1 [0,n0 ] | dµ = f dµ <
N Q∩f −1 [0,n0 ]
Z Z
M dµ = M |χQ∩f −1 [0,n0 ] |2 dµ,
Q∩f −1 [0,n0 ] N
ou seja,
Z Z
2
f |χ Q∩f −1 [−n 0 ,0]
| dµ < M |χQ∩f −1 [−n0 ,0] |2 dµ,
N N
lá feito - que utiliza integração em espaços de Banach -, aqui a demonstração é feita utilizando-
se o Teorema Espectral e o Cálculo Funcional Boreliano
72
temos que a imagem de M − γ é densa em H. Para ver que tal imagem é fe-
chada, basta utilizar novamente a desigualdade que obtivemos e proceder como
na demonstração da implicação (2 ⇒ 3) da Observação XIX das Considerações
Iniciais. Logo, γ ∈ ρ(A), estabelecendo o desejado.
Para mostrar (⇐) vamos supor, sem perda de generalidade, que σ(A) ⊆
[0, +∞). Vamos mostrar que A é positivo (i.e., hAu, ui ≥ 0, para todo u ∈
Dom(A)). Pelo Teorema Espectral, A é unitariamente equivalente (via uma
aplicação unitária Ũ : H −→ L2 (M̃ , µ̃)) a um operador de multiplicação Mf
agindo em L2 (M̃ , µ̃), para um certo espaço de medida positiva (M̃ , µ̃) e uma
certa função f , real em µ̃-quase toda parte de M̃ . Pelo item 4 da Observação
XIII, das Considerações Iniciais (veja a Observação Importante presente na de-
monstração, na página 22), temos que σ(A) = σ(Mf ) = Imess (f ). Como por
hipótese, Imess (f ) ⊆ [0, +∞), a definição de Imess (f ) implica que, para cada
x ∈ (−∞, 0), existe um x > 0 tal que µ(f −1 [(x − x , x + x )]) = µ({m ∈ M̃ :
|f (m) − x| < x })} = 0. Além disso, como (−∞, 0) possui uma base enumerável
de abertos B sabemos que, para cada x ∈ (−∞, 0), existe um conjunto Bx ∈ B
satisfazendo Bx ⊆ (x − x , x + x ). Portanto, como
[
f −1 [(−∞, 0)] ⊆ f −1 Bx ,
x∈(−∞,0)
pois a união enumerável de conjuntos de medida nula possui medida nula. Logo,
f ≥ 0 em µ̃-quase toda parte de M̃ . Esta conclusão implica que, se tomarmos
t > 0 e definirmos a função
1/(x + t), se x ∈ [0, +∞)
g(x) :=
0, se x ∈ (−∞, 0)
73
√
1/ x + t, se x ∈ [0, +∞)
h(x) :=
0, se x ∈ (−∞, 0)
p2
E= + V (x),
2m
não pode ser menor do que M , pois caso contrário concluirı́amos que p2 < 0. A
situação análoga na Mecânica Quântica é descrita pelo seguinte:
74
Dom(A + MV ).
e
kvk ≥
A((A − µi)−1 v)
,
e
A(A − µi)−1
≤ 1.
é válida para todo v ∈ Dom(A). Logo, concluı́mos que, para todo v ∈ Dom((A−
µi)−1 ) = H, temos
B(A − µi)−1 v
≤ a
A(A − µi)−1 v
+ b
(A − µi)−1 v
29 Os três últimos teoremas deste capı́tulo são versões detalhadas da exposição feita em [20]
30 Em [20] não é colocada a hipótese de B ser fechado
75
(note que Dom(A(A − µi)−1 ) ⊆ Dom(B(A − µi)−1 ), pois H = Dom(A(A −
µi)−1 ) = Dom(B(A − µi)−1 ), de modo que a evaluação B((A − µi)−1 v) está
bem definida), e desta última equação decorre que
B(A − µi)−1
≤ a
A(A − µi)−1
+ b
(A − µi)−1
≤ a + b(µ−1 ),
para
todo µ >
0. Escolha um µ > 0 suficientemente grande para que tenhamos
B(A − µi)−1
< 1. Então, como B(H) é uma C∗ -álgebra unital, garantimos
que IB(H) + B(A − µi)−1 é inversı́vel em B(H), isto é, −1 ∈ / σ(B(A − µi)−1 )
∗
- veja o primeiro comentário feito a respeito de C -álgebras na introdução (no
entanto, enfatizamos que somente a sobrejetividade de IB(H) + B(A − µi)−1
será usada na demonstração). Devido ao Teorema II da observação XIX das
Considerações Iniciais, temos que o operador A − µi é sobrejetor. Portanto,
A + B − µi = (IB(H) + B(A − µi)−1 )(A − µi), sendo a composta de dois ope-
radores sobrejetores, é também sobrejetor. Argumentando de maneira análoga,
concluı́mos também que A+B +µi é sobrejetor. Logo, novamente pelo Teorema
II, temos que A + B é auto-adjunto em Dom(A + B) := Dom(A).
76
s/(s − t), se s ∈ [M, +∞)
f1 (s) :=
0, se s ∈
/ [M, +∞)
e
1/(s − t), se s ∈ [M, +∞)
f2 (s) :=
0, se s ∈
/ [M, +∞)
pertencem a B(R). Como |f1 | ≤ max {1, |M |/(M − t)} (pois f1 |[M,+∞) ou é
monótona, se t 6= 0, ou é igual a 1 em todos os pontos de [M, +∞). Além disso,
lims→+∞ f1 (s) = 1), pelo Cálculo Funcional desenvolvido, sabemos que
mostrando que |f2 | ≤ 1/(M − t). Novamente pelo Cálculo Funcional obtemos
de maneira análoga à feita acima que
k(A − t)−1 k ≤ kf2 ◦ f k∞ ≤ sup {|f2 (s)| : s ∈ [M, +∞)} ≤ 1/(M − t).
Portanto, temos que kB(A − t)−1 k ≤ a max {1, |M |/(M − t)} + b/(M − t). Se
tivermos
b
a max {1, |M |/(M − t)} + < 1,
M −t
concluiremos que A + B − t é inversı́vel, pois
77
1−a
a+b· = a + (1 − a) = 1;
b
por outro lado, se max {1, |M |/(M − t)} = |M |/(M − t), então
|M | b |M | b 1
a max 1, + =a + < (a|M | + b) · = 1.
M −t M −t M −t M −t a|M | + b
Portanto, se
b b
t < min M, M − max a|M | + b, = M − max a|M | + b, ,
1−a 1−a
78
para todo v ∈ Dom(T ), devido à continuidade da norma).
Vemos que (∗) implica (1 − a)kAvk ≤ (1 + a)kCvk + bkvk e (1 − a)kCvk ≤
(1 + a)kAvk + bkvk, para todo v ∈ D e, portanto, em particular, Dom(A|D ) =
Dom(C|D ), pelo que demonstramos acima.
Vamos à demonstração.
2a b
(∗∗0 ) k(1/n)Bvk ≤ kF (α)vk + kvk,
n(1 − a) n(1 − a)
79
(lembre-se de que Dom(B|D ) ⊇ Dom(C|D )), existem seqüências {vm }m∈N em D
e {Cvm }m∈N em Im(C|D ) tais que vm −→ v e Cvm −→ C|D v. Logo, por (∗∗0 ) e
um argumento análogo ao feito logo no inı́cio da demonstração, concluı́mos que
(1/n)B|D vm −→ (1/n)B|D v
e
(C|D + (1/n)B|D )vm −→ (C|D + (1/n)B|D )v.
Portanto, {vm }m∈N é uma seqüência em D convergente em H e
como querı́amos.
Em resumo, para α = 0, temos que
Portanto,
C|D + (2/n)B|D = C|D + (1/n)B|D + (1/n)B|D =
C|D + (1/n)B|D + (1/n)B|D
é um operador auto-adjunto em Dom(C|D ).
80
Suponha, agora, que 2 ≤ j ≤ n − 1 é um natural que possui a seguinte
propriedade:
X
C|D + (j/n)B|D = C|D + ((j − 1)/n)B|D + (1/n)B|D = C|D + (1/n)B|D
1≤i≤j
C|D + (j/n)B|D
81
para todo v ∈ Dom(A), multiplicando-se os dois membros por 0 < t < 1,
sabemos pelo Teorema de Kato-Rellich que A + tB é auto-adjunto em Dom(A).
Logo, para cada 0 < t < 1, existe yt ∈ Dom(A) tal que (A + tB + i)yt = w.
Defina zt := w − tByt + Byt = (A + tB + i)yt − tByt + Byt = (A + B + i)yt .
Então,
hzt , wi = h(A + B + i)yt , wi = hyt , (A + B + i)∗ wi = 0,
qualquer que seja 0 < t < 1. Ainda, como A + tB é simétrico,
mostrando que
(II) kyt k ≤ kwk
e
(III) k(A + tB)yt k ≤ kwk,
para todo 0 < t < 1. Pela desigualdade triangular e (I) multiplicado por t,
temos
para todo 0 < t < 1, mostrando que sup {(1 − t)kAyt k : t ∈ (0, 1)} < ∞. Logo,
por (I) multiplicado por 1 − t e (II), concluı́mos que
e, portanto, sup {kzt k : t ∈ (0, 1)} = sup {kw − (1 − t)Byt k : t ∈ (0, 1)} ≤ M ,
para algum M > 0 real.
Seja η ∈ Dom(A). Para todo 0 < t < 1,
e concluı́mos que
Logo, o limite lateral limt→1− hη, zt i existe e é igual a hη, wi, para todo η ∈
Dom(A). Seja x ∈ H, e seja > 0. Da densidade de Dom(A) em H, segue que
existe η ∈ Dom(A) tal que
|hx, zt i − hx, wi| ≤ |hx, zt i − hη, zt i| + |hη, zt i − hη, wi| + |hη, wi − hx, wi| ≤
82
M
kx − ηkM + /3 + kη − xkkwk < + /3 + kwk < .
3M 3(kwk + 1)
Isto estabelece que limt→1− hx, zt i = hx, wi, qualquer que seja x ∈ H. Em
particular, tomando x = w, obtemos limt→1− hw, zt i = hw, wi. Como foi visto
anteriormente que hzt , wi = 0, para todo 0 < t < 1, temos que kwk = 0.
Logo, w = 0 e, da arbitrariedade de w, concluı́mos que Im((A + B + i))⊥ =
Ker((A + B + i)∗ ) = {0}. Analogamente, podemos repetir os passos feitos acima
e ver também que Im((A + B − i))⊥ = {0}. Portanto, Im((A + B ± i)) são
densos em H, e temos que A + B é essencialmente auto-adjunto em Dom(A),
pela Observação XIX.
A + B = 0Dom(A) ,
83
84
3 Aplicações do Teorema de Kato-Rellich
85
para toda φ ∈ Cc∞ (Ω), 1 ≤ i ≤ n. Denotaremos gi por Di u. Procedendo de
maneira recursiva, dado um natural m ≥ 1, podemos definir o espaço W m,p (Ω)
como sendo o conjunto das u ∈ Lp (Ω) satisfazendo a seguinte propriedade: para
todo multi-ı́ndice α ∈ Nm , com |α| ≤ m,
Z Z
existem gα ∈ Lp (Ω) tais que uDα φdx = (−1)|α| gα φdx,
Ω Ω
para toda φ ∈ Cc∞ (Ω) (pode-se mostrar que esta propriedade implica a validade
da mesma trocando-se Cc∞ (Ω) por S(Rn ) - usaremos este fato mais tarde, neste
capı́tulo). W m,p (Ω) se torna um espaço de Banach com a norma definida por
X
kukW m,p (Ω) := kDα ukp p L (Ω)
|α|≤m
Seja f ∈ Dom(H0 ), isto é, uma função f ∈ L2 (Rn ) tal que M|ξ|2 (=f ) ∈
L (Rn ). Vamos mostrar que f ∈ H 2 (Rn ). Para tanto, vamos mostrar que
2
(−=−1 Mξi ·ξj =)(f ) = (D̃i D̃j )(f ) (D̃i denota a derivada fraca com respeito à
i-ésima coordenada):
Z Z
(−=−1 Mξi ·ξj =)(f )(x)φ(x)dx = (−Mξi ·ξj =)(f )(x)(=−1 φ)(x)dx =
Rn Rn
Z Z
−xi xj =f (x)=−1 φ(x)dx = =f (x)[(−i)2 xi xj =−1 φ(x)]dx =
Rn Rn
Z Z
=f (x)=−1 (D̃i D̃j φ)(x)dx = (=−1 (=f ))(x)(D̃i D̃j φ)(x)dx =
Rn Rn
Z
f (x)(D̃i D̃j φ)(x)dx,
Rn
86
para toda φ ∈ Cc∞ (Rn ). Isto estabelece
P a inclusão Dom(H0 ) ⊆ H 2 (Rn ) e, em
−1 2 ˜ ), qualquer que seja
particular, que (= M|ξ|2 =)(f ) = − 1≤i≤n D̃i (f ) = −∆(f
f ∈ Dom(H0 ).
Quando se trata de Cc∞ (Rn ), existem certos elementos que sãoR particular-
mente importantes. Tome u ∈ L1loc (Rn ) := {f : Rn −→R C : K |f | dx <
∞, para qualquer K ⊆ Rn } e m ∈ Cc∞ (Rn ) tal que m ≥ 0 e Rn m dx = 1 - por
exemplo, tomando m tal que
( 1
R
e c é uma constante real escolhida de modo que se tenha Rn m dx = 1.
Para cada r > 0, definimos
1 x
mr (x) := n m e u(r) := u ∗ mr ,
r r
sendo u ∗ mr o denominado produto de convolução entre u e mr , definido por
Z
(u ∗ mr )(x) := u(y)mr (x − y)dy,
Rn
n
para todo x ∈ R . Dois fatos importantes a respeito destas funções são que
u(r) ∈ C ∞ (Rn ) e que u(r) −→ u em Lp (Rn ), para todo u ∈ Lp (Rn ), se
32 Em D 0 (Rn ), a continuidade pode ser traduzida da seguinte forma: u é contı́nuo se, e
somente se, para toda seqüência {φj }j∈N em Cc∞ (Rn ) tal que φj −→ 0 em Cc∞ (Rn ), tem-se
que u(φj ) −→ 0 em C, sendo que φj −→ 0 em Cc∞ (Rn ) significa que existem n0 ∈ N e
um compacto K ⊆ Rn tal que supp (φj ) ⊆ K, para j ≥ n0 e kDα φj k∞ −→ 0, para todo
multi-ı́ndice α ∈ Nn
87
1 ≤ p < +∞.
que seja φ ∈ Cc∞ (Rn ), então f = 0 em quase toda parte de Rn (note que
tal proposição continua válida se trocarmos Cc∞ (Rn ) por S(Rn ), uma vez que
Cc∞ (Rn ) ⊆ S(Rn )).33
para todo x ∈ Rn . Como para cada x ∈ Rn fixado, a aplicação y 7−→ ψn (y)mr (x−
y) pertence a Cc∞ (Rn ), temos por hipótese que ((f ψn ) ∗ mr )(x) = 0, para todo
x ∈ Rn . Ainda, como havı́amos observado que ((f ψn ) ∗ mr )(x) −→ f ψn quando
r −→ 0, concluı́mos que f ψn = 0 em quase toda parte de Rn , para cada n ∈ N.
Em particular, f = 0 em quase toda parte de B(0, n), para cada n ∈ N. Logo,
f = 0 em quase toda parte de Rn .
para toda φ ∈ S(Rn ), uma vez que Cc∞ (Rn ) ⊆ S(Rn ).35
88
Sejam A : S(Rn ) −→ S(Rn ) uma aplicação linear contı́nua e B : S(Rn ) −→
S(Rn ) uma aplicação linear contı́nua que satisfazem
Z Z
Aφψdx = φBψdx,
Rn Rn
jS ◦ A = ΛA ◦ (jS )|S(Rn ) ,
já que (jS )|S(Rn ) é uma aplicação injetora (observamos aqui que, se B for um
isomorfismo - ou seja, um isomorfismo algébrico que é um homeomorfismo -
então ΛA será um isomorfismo algébrico; usaremos isto mais tarde). Logo,
como as operações M α : φ 7−→ xα φ, Dα : φ 7−→ Dα φ e = são operadores
lineares contı́nuos em S(Rn ) e satisfazem
Z Z
α
(M φ)ψdx = φ(M α ψ)dx,
Rn Rn
Z Z
(Dα φ)ψdx = φ[(−1)|α| Dα ψ]dx
Rn Rn
e Z Z
(=φ)ψdx = φ(=ψ)dx,
Rn Rn
para todos φ, ψ ∈ S(Rn ), podemos definir as respectivas extensões ΛMα , ΛDα
e Λ= em S 0 (Rn ) (toda a discussão feita neste parágrafo pode ser repetida
substituindo-se S(Rn ) por Cc∞ (Rn ), S 0 (Rn ) por D0 (Rn ) e jS por jD , com exce-
ção da transformada de Fourier).
(∗) jS ◦ A = Λ∆
˜ ◦ (jS )|H 2 (Rn ) ,
89
˜ podemos
De maneira similar, se A := = : L2 (Rn ) −→ L2 (Rn ) e B := =,
definir também a aplicação
˜ ∈ S 0 (Rn ),
Λ= : S 0 (Rn ) 3 u 7−→ u ◦ =
H 2 (Rn ) ⊆ Dom(H0 ):
Seja f ∈ H 2 (Rn ).
Como M|ξ|2 é auto-adjunto em Dom(|ξ|2 ) (que contém S(Rn )), temos que
˜
=(−∆)=˜ −1 = =
˜ −1 (−∆)=,
˜ e da definição da aplicação Λ ˜ vemos que
=
90
˜ −1 é um isomorfismo sobre S(Rn ))
(note que Λ=˜ −1 está bem definida, pois =
compondo os dois membros de (∗ ∗ ∗) com Λ=˜ , obtemos
qualquer que seja ψ ∈ S(Rn ). Por (∗) e (∗∗), o membro da esquerda torna-se
Z Z
˜
f (x)[−∆(=ψ)(x)] dx = [=(−∆f )](x)ψ(x) dx,
Rn Rn
qualquer que seja ψ ∈ S(Rn ). Por outro lado, aplicando (∗∗) no membro da
direita obtemos
Z Z
˜ 2
f (x)[(=(|ξ| ψ))(x)] dx = [|x|2 (=f )(x)]ψ(x) dx,
Rn Rn
Dom(H0 ) = H 2 (Rn ).
Vamos agora demonstrar dois lemas37 que serão necessários para fornecer
uma aplicação do Teorema de Kato-Rellich:
91
Lema 3.1: Seja n um natural tal que 0 < n ≤ 3. Dado a > 0 existe b > 0
tal que kψk∞ ≤ akH0 ψk2 + bkψk2 , para toda ψ ∈ Dom(H0 ).
Defina, para cada r > 0 a função (=ψ)r por (=ψ)r (λ) := rn (=ψ)(rλ), para
todo λ ∈ Rn . Então valem as relações k(=ψ)r k1 = k(=ψ)k1 , k(=ψ)r k2 =
n−4
rn/2 k(=ψ)k2 e k|λ|2 (=ψ)r (λ)k2 = r 2 k|λ|2 (=ψ)(λ)k2 pois
Z Z Z
n n 1
|r (=ψ)(rλ)|dλ = r |(=ψ)(y)| n dy = |(=ψ)(y)|dy,
Rn Rn r Rn
sZ sZ sZ
1
|rn (=ψ)(rλ)|2 dλ = rn |(=ψ)(y)|2 n dy = rn/2 |(=ψ)(y)|2 dy
Rn Rn r Rn
e sZ s
Z 2 2
y
|rn |λ|2 (=ψ)(rλ)|2 dλ = rn (=ψ)(y) 1 dy =
r rn
Rn Rn
sZ
n+4
r(n− 2 ) ||y|2 (=ψ)(y)|2 dy =
Rn
sZ
n−4
r 2 ||y|2 (=ψ)(y)|2 dy.
Rn
Assim, (=ψ)r ∈ L1 (Rn ) e podemos substituir (=ψ) por (=ψ)r em (∗), de onde
obtemos
sZ
1 n−4
k(=ψ)k1 = k(=ψ)r k1 ≤ 2
dλ (r 2 k|λ|2 (=ψ)(λ)k2 +rn/2 k(=ψ)k2 ).
Rn (1 + |λ| )
92
Como n ≤ 3, e a última desigualdade obtida é válida para
qRtodo r > 0, podemos
n−4
1
escolher um r > 0 grande o suficiente para que tenhamos Rn (1+|λ|2 )
dλ r 2 <
a. Assim, concluı́mos a validade da desigualdade
≤ kV1 k22 kφk2∞ + 2kV1 φk1 kV2 k∞ kφk∞ + kV2 k22 kφk2∞ ≤(∗)
kV1 k22 kφk2∞ + 2kV1 k2 kφk2 kV2 k∞ kφk∞ + kV2 k22 kφk2∞ =
(kV1 k2 kφk∞ + kφk2 kV2 k∞ )2 ,
o que mostra Cc∞ (Rn ) ⊆ Dom(V ) (em (∗) usamos a desigualdade de Hölder).
Aplicando o resultado do Lema 3.1 na desigualdade acima obtida, concluı́mos
1
que, tomando a := 1+kV 1 k2
> 0, existe b > 0 tal que
qualquer que seja φ ∈ Cc∞ (Rn ). Para podermos aplicar o Teorema de Kato-
Rellich à última desigualdade, precisamos, antes de mais nada, garantir que
Dom(V ) ⊇ H 2 (Rn ). Tome, então, ψ ∈ Dom(H0 ). Como Cc∞ (Rn ) é denso
em H 2 (Rn ) (este é um fato não-trivial que vamos usar, e que cuja demonstra-
ção pode ser encontrada extraindo-se informações de [15] e [23]), garantimos
a existência de uma seqüência {φn }n∈N em Cc∞ (Rn ) tal que φn −→ ψ em
H 2 (Rn ). Assim, ela é também uma seqüência de Cauchy em H 2 (Rn ). Mas,
então, {V φn }n∈N é uma seqüência de Cauchy em L2 (Rn ), pois
93
para todos m, n ∈ N. Da completude de L2 (Rn ), segue a existência de limn V φn .
Como V é um operador fechado, concluı́mos que ψ ∈ Dom(V ) e limn V φn = V ψ.
Isto mostra que Dom(V ) ⊇ H 2 (Rn ). Além disso, o argumento acima nos mostra
que
kV ψk2 ≤ vkH0 ψk2 + (bkV1 k2 + kV2 k∞ )kψk2 ,
para um certo 0 ≤ v < 1 e um certo b > 0, qualquer que seja ψ ∈ H 2 (Rn ), de
modo que, pelo Teorema de Kato-Rellich, temos que H0 + V é auto-adjunto em
Dom(H0 ) = H 2 (Rn ) e essenciamente auto-adjunto em Cc∞ (Rn ), uma vez que
Cc∞ (Rn ) é um core de H0 .
κ
A função V : Rn 3 x 7−→ V (x) := − kxk , onde κ ∈ R, é denominada po-
tencial de Coulomb, e representa a interação eletrostática entre duas partı́culas
carregadas, em que é feita a aproximação de que uma das partı́culas possui uma
massa muito grande em relação à da outra, de modo que a partı́cula com “massa
grande” permanece em repouso na origem. Se κ = −e2 , onde −e é a carga de
um elétron (e > 0), então V representa o potencial Coulombiano correspondente
ao átomo de hidrogênio.
Como para um r > 0 fixado,
V = V χB(0,r) + V χR3 \B(0,r) ,
V χB(0,r) ∈ L2 (R3 ) e V χR3 \B(0,r) ∈ L∞ (Rn ), vemos pelo Teorema 3.2 que H =
H0 + V (x) é auto-adjunto em H 2 (R3 ), e representa o observável de energia total
do sistema em questão. Além disso, de acordo com a Mecânica Clássica, o átomo
de hidrogênio é instável: conforme o elétron orbita o núcleo ele irradia energia
e colapsa no núcleo. Em Mecânica Quântica, a propriedade de estabilidade do
átomo de hidrogênio é expressa matematicamente pelo fato de o Hamiltoniano
ser um operador auto-adjunto limitado inferiormente. Como σ(H0 ) = [0, +∞)
39
(e, portanto, H0 é limitado inferiormente por 0, pelo Lema 2.2), vemos pelas
estimativas obtidas no Teorema de Kato-Rellich que
σ(H) ⊆ [− max {b/(1 − a), b} , +∞)
38 Tais aplicações foram retiradas de [20], [6], [8] e [12]
39 Pelo que provamos neste capı́tulo e pelo item 4 da Observação XIII
94
e, portanto, H é limitado inferiormente, pelo Lema 2.2. Assim, a Mecânica
Quântica dá a predição (correta) de que o átomo de hidrogênio é estável, que
foi um dos primeiros grandes triunfos desta teoria.
kV φk2L2 (R3 ) ≤ (akV1 kL2 (R3 ) k−∆1 φkL2 (R3 ) +(bkV1 kL2 (R3 ) +kV2 k∞ )kφkL2 (R3 ) )2 =
a2 kV1 k2L2 (R3 ) k − ∆1 φk2L2 (R3 ) + (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )2 kφk2L2 (R3 ) +
2akV1 kL2 (R3 ) k − ∆1 φkL2 (R3 ) (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )kφkL2 (R3 ) .
Mas, desenvolvendo a identidade
2
1
rs − t ≥ 0,
r
onde r, s, t ∈ R, obtemos a desigualdade
1 2
2st ≤ r2 s2 + t .
r2
Fazendo s := akV1 kL2 (R3 ) k − ∆1 φkL2 (R3 ) e t := (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )kφkL2 (R3 ) ,
podemos utilizar esta última desigualdade para obtermos
95
Agora, como
˜ −1 MP3
−∆1 = = ˜
2=
i=1 |yi |
Z 3
!2
X
|yi |2 ˜ y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3 ≤(∗)
|(=φ)(~
R3 i=1
Z 3n
!2
X
|yi | 2 ˜ y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3
|(=φ)(~
R3 i=1
Z 3n
!2
X
2 2
kV1 k2L2 (R3 ) 2 ˜ y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3 +
1+r a |yi | |(=φ)(~
R3 i=1
Z
1 2
1+ 2 (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ ) |φ(~y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3 .
r R3
Finalmente, integrando-se as outras dimensões, obtemos
Z Z
2
|V (~y1 ) φ(~y1 , ..., ~yn )| dy1 dy2 dy3 . . . dy3n ≤
R3n−3 R3
!2
Z Z 3n
X
2
a2 kV1 k2L2 (R3 ) |yi |2 ˜ y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3 . . . dy3n
1+r |(=φ)(~
R3n−3 R3 i=1
+
Z Z
1
1+ 2 (bkV1 kL2 (R3 ) +kV2 k∞ )2 |φ(~y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3 . . . dy3n
r R3n−3 R3
e, pelo Teorema de Fubini, vemos que
Z
kV φk2L2 (R3n ) = |V (~y1 ) φ(~y1 , ..., ~yn )|2 dy1 dy2 dy3 . . . dy3n =
R3n
Z Z
2
|V (~y1 ) φ(~y1 , ..., ~yn )| dy1 dy2 dy3 . . . dy3n ≤
R3n−3 R3
96
Z 3n
!2
X
2
a2 kV1 k2L2 (R3 ) |yi |2 ˜ y1 , ..., ~yn )|2 dy1 . . . dy3n +
1+r |(=φ)(~
R3n i=1
Z
1
1+ (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )2 |φ(~y1 , ..., ~yn )|2 dy1 . . . dy3n =
r2 R3n
3n !
2
X
2 2
kV1 k2L2 (R3 ) 2 ˜ y1 , ..., ~yn )
1+r a |yi | (=φ)(~ +
2
i=1 L (R3n )
1
1 + 2 (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )2 kφ(~y1 , ..., ~yn )k2L2 (R3n ) =
r
2
1 + r2 a2 kV1 k2L2 (R3 ) kH0 φ(~y1 , ..., ~yn )kL2 (R3n ) +
1
1 + 2 (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )2 kφ(~y1 , ..., ~yn )k2L2 (R3n ) .
r
Assim, concluı́mos que, para todo a > 0 existe b > 0 satisfazendo a desigualdade
1
1 + 2 (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )2 kφ(~y1 , ..., ~yn )k2L2 (R3n ) ,
r
para toda φ ∈ Cc∞ (R3n ) e todo 0 6= r ∈ R. Na realidade, argumentando como
na demonstração do Teorema 3.2, garantimos a validade da desigualdade (E)
para toda φ ∈ H 2 (R3n ).
1 + r2 a2 kV1 (~y1 − ~yj )k2L2 (R3 ) k − ∆1 φ(~y1 , ..., ~yn )k2L2 (R3 ) +
1
1 + 2 (bkV1 (~y1 − ~yj )kL2 (R3 ) + kV2 (~y1 − ~yj )k∞ )2 kφ(~y1 , ..., ~yn )k2L2 (R3 ) ;
r
97
procedendo de maneira análoga, também concluı́mos que, para todo a > 0 existe
b > 0 satisfazendo a desigualdade
1
1 + 2 (bkV1 kL2 (R3 ) + kV2 k∞ )2 kφ(~y1 , ..., ~yn )k2L2 (R3n ) ,
r
para toda φ ∈ H 2 (R3n ) e todo 0 6= r ∈ R.
Vamos agora utilizar estes resultados para mostrar o resultado que prome-
temos.
usando que
2
X X
≤(∗∗)
−κ1 V (y k ) + κ2 V (~
y i − ~
y j ) φ
1≤k≤n 1≤i,j≤n,i<j
2
L (R3n )
X X
δ kV (yk )φk2L2 (R3n ) + kV (~yi − ~yj )φk2L2 (R3n )
1≤k≤n 1≤i,j≤n,i<j
98
1 1 X
X X X X
rk2 + rl2 = m ri2 ,
2 2
1≤k≤m 1≤l≤m 1≤k≤m 1≤l≤m 1≤i≤m
2 3n
com rk ≥ 0, para todo 1 ≤ k ≤ m), para toda φ ∈ H (R ), e escolhendo-se a
suficientemente pequeno, mostra-se que existem 0 ≤ a0 < 1 e b0 > 0 satisfazendo
2
Ṽ (~y1 , ..., ~yn )φ
≤ (a0 )2 kH0 φk2L2 (R3n ) + (b0 )2 kφk2L2 (R3n ) ,
L2 (R3n )
para todo v ∈ Dom(A). Assim, como tal desigualdade é válida para r0 s arbitra-
riamente pequenos, vemos que a Definição 2.2 implica a outra, mencionada logo
acima, e que NA0 (B) ≤ NA (B). Para ver a outra implicação basta ver que, se
para todo v ∈ Dom(A). Isto estabelece NA (B) ≤ NA0 (B), e mostra a equivalên-
cia das duas definições.
99
Assim, podemos aplicar o Teorema de Kato-Rellich e concluir, finalmente,
que o operador
H = H0 + Ṽ (~y1 , ..., ~yn )
acima é auto-adjunto em Dom(H0 ) = H 2 (R3n ), e essencialmente auto-adjunto
em Cc∞ (R3n ). Concluı́mos, em particular, que o operador de Schrödinger
X X ne2 X e2
− ∆i − + ,
kxi k kxi − xj k
1≤i≤n 1≤i≤n 1≤i,j≤n,i<j
P
(note que 1≤i≤n ∆i = ∆, onde ∆ é o Laplaciano em 3n dimensões) agindo
em L2 (R3n ) é auto-adjunto em Dom(H0 ) = H 2 (R3n ), e essencialmente auto-
adjunto em Cc∞ (R3n ), uma vez que Cc∞ (R3n ) é um core de H0 .
100
101
4 A desigualdade de Kato40
0, se u(x) = 0
sgn u(x) :=
u/|u|, 6 0
se u(x) =
e
sgn u := u/u .
Estas notações serão utilizadas ao longo do capı́tulo e, como nos dois capı́tulos
anteriores, a medida em questão neste capı́tulo será sempre a medida de Lebes-
gue:
para todo x ∈ Rn .
ρ2 = |ρ|2 + 2
feita em [6]
102
Desta última equação derivam duas outras: a primeira é obtida tomando o
divergente desta:
k∇ρk2 + Re (ρ∆ρ) =
∇ · (Re (ρ(∂i ρ)))1≤i≤n = ∇ · (ρ ∇ρ ) =
k∇ρ k2 + ρ ∆ρ .
A segunda é (lembre-se que ρ não se anula em Rn , e que ρ ≥ |ρ|)
ρ ∆ρ − Re (ρ∆ρ) ≥ 0
Re (ρ∆ρ)
∆ρ ≥ = Re ((sgn ρ)∆ρ).
ρ
Isto mostra o que desejamos. Note que, em particular, também vale a desigual-
dade distribucional
∆ρ ≥d Re ((sgn ρ)∆ρ),
isto é,
Z Z Z
ρ ∆φ dx ≥ Re ((sgn ρ)∆ρ)φ dx = Re (sgn ρ)∆ρφ dx,
Rn Rn Rn
n
para todo K ⊆ R compacto, quando r → 0. Além disso, se {xm }m∈N é uma
seqüência real de elementos não-nulos tal que xm −→ 0, então podemos extrair
uma subsequência {ymj }j∈N de {xm }m∈N tal que u(ymj ) −→ u pontualmente em
103
quase toda parte de Rn e tal que u(ymj ) converge a u em L1loc (Rn ).
segundo os parâmetros r e y. Tome uma bola aberta B(0, a), a > 0 tal que
supp(m) ⊆ B(0, a) e Ω uma bola aberta com raio suficientemente grande para
que se tenha
r1 K + r2 B(0, a) ⊆ Ω,
para todos r1 , r2 ∈ [−1, 1]\{0} (note que, em particular, K ⊂ Ω) e dist(K, ∂Ω) :=
inf{|k − x| : x ∈ ∂Ω, k ∈ K} > 0. Fixe y ∈ supp(m). A função uχΩ pertence a
L1 (Ω), de modo que existe φ ∈ Cc∞ (Ω) tal que
Z Z
|u(x) − φ(x)|dx ≤ |u(x) − φ(x)|dx < .
K Ω 3
Fixe, agora, r ∈ [−1, 1]\{0}. É também verdade que (agora vamos usar a
exigência de que r1 K + r2 B(0, a) ⊆ Ω, para todos r1 , r2 ∈ [−1, 1]\{0})
Z Z
1 x x
|u(x − ry) − φ(x − ry)|dx = − ry − φ − ry dx =
r n u
r r
K rK
Z Z
1 x
x
n u r
−φ dx = |u(x) − φ(x)|dx ≤
r 2 y+rK r r ry+K
Z
|u(x) − φ(x)|dx < .
Ω 3
104
Temos então que, para cada y ∈ supp(m) e todo r ∈ [−1, 1]\{0},
Z
|u(x − ry) − u(x)|dx ≤
K
Z Z Z
|u(x − ry) − φ(x − ry)|dx + |φ(x − ry) − φ(x)|dx + |φ(x) − u(x)|dx <
K K K
Z
+ |φ(x − ry) − φ(x)|dx + .
3 K 3
Vamos mostrar que existe r0 > 0 possuindo a propriedade de que, para todo
r ∈ (−r0 , r0 )\{0}, Z
|φ(x − ry) − φ(x)|dx < ,
K 3
qualquer que seja y ∈ supp(m). Fixe y ∈ supp(m). Estendendo φ continu-
amente ao bordo ∂Ω (fazendo φ = 0 em ∂Ω), temos que φ é uniformemente
contı́nua em Ω (uma vez que este conjunto é compacto), e garantimos a exis-
tência de dist(K, ∂Ω) > δ > 0 de modo que, se x1 , x2 ∈ Ω e |x1 − x2 | < δ,
então
|φ(x1 ) − φ(x2 )| < ,
3(µL (K) + 1)
µL (K) sendo a medida de Lebesgue de K, que é finita. Da compacidade de K,
sabemos que existe um conjunto finito de pontos {ki }1≤i≤p de K satisfazendo
K ⊆ ∪1≤i≤p B(ki , δ/2) (note que ∪1≤i≤p B(ki , δ/2) ⊆ Ω, pois 0 < dist(K, ∂Ω) <
δ
δ). Faça r0 := 2a . Para cada x ∈ K, o vetor x + ry satisfaz, para todo
r ∈ (−r0 , r0 )\{0}, a propriedade de que |ry| = |r||y| < r0 a = δ/2. Além disso,
se x ∈ K, então |x − ki | < δ/2 para algum 1 ≤ i ≤ p e
δ δ
|(x + ry) − ki | ≤ |(x + ry) − x| + |x − ki | < + = δ,
2 2
mostrando que x+ry ∈ B(ki , δ) ⊆ Ω, para todo r ∈ (−r0 , r0 )\{0}. Estes últimos
argumentos nos dizem que se r ∈ (−r0 , r0 )\{0}, a diferença |φ(x − ry) − φ(x)| é
menor do que 3(µL (K)+1) , quaisquer que sejam x ∈ K, y ∈ supp(m) e, portanto,
que Z
|φ(x − ry) − φ(x)|dx < .
K 3
Juntando todos os argumentos acima vemos que, se 0 6= |r| ≤ 1 e |r| < r0 , então
Z
|u(x − ry) − u(x)|dx < + + = .
K 3 3 3
105
e termina a demonstração de que
Z
lim |u(r) − u|dx = 0.
r→0 K
Seja {xm }m∈N uma seqüência como no enunciado. Pelo que acabou de ser
provado é claro que Z
|u(xm ) − u|dx −→ 0,
K
qualquer que seja o compacto K ⊆ Rn . Vamos extrair desta seqüência uma
subseqüência como no enunciado. Rn é σ-compacto com, por exemplo, Rn =
∪l∈N Kl , sendo Kl := B(0, l) = {x ∈ Rn : kxk ≤ l}. Temos que
Z
|u(xm ) − u|dx −→ 0,
K1
pelo que provamos há pouco. Portanto, existe uma subseqüência {xm1k }k∈N de
{xm }m∈N tal que
xm1
u k −→ u
pontualmente em todo ponto de um certo subconjunto A1 ⊆ K1 tal que
µL (K1 \A1 ) = 0.
Logo, existe uma subseqüência de {xm1k }k∈N , digamos, {xm2k }k∈N , tal que
xm2
u k −→ u
µL (K2 \A2 ) = 0.
x j+1
m
u k −→ u
106
pontualmente em todo ponto de um certo subconjunto Aj+1 ⊆ Kj+1 satisfa-
zendo µL (Kj+1 \Aj+1 ) = 0. Tome a seqüência {xmj }j∈N . Então {xmj }j∈N é
j j
Antes de ir para o teorema principal da seção, façamos uma breve pausa para
discutir algumas notações. De acordo com o que foi discutido no capı́tulo ante-
rior à respeito da aplicação jD ,41 podemos identificar as funções u ∈ L1loc (Rn )
com as distribuições jD (u), de acordo com a literatura usual, e é isso o que
faremos agora.
Assim, diremos que uma distribuição u ∈ D0 (Rn ) está em L1loc (Rn ) se existir
alguma f ∈ L1loc (Rn ) tal que u = jD (f ), e representaremos, por um abuso de
notação, u = f . Também estenderemos a filosofia discutida lá para definirmos
a diferenciação em distribuições de D0 (Rn ) por
Dα (u)(φ) := (−1)|α| u(Dα φ),
para todo multi-ı́ndice α ∈ N n e toda φ ∈ Cc∞ (Rn ) (note que também simplifi-
camos a notação aqui, e estamos escrevendo Dα ao invés de ΛDα ).
107
para toda φ ∈ Cc∞ (Rn ) com φ ≥ 0.
Demonstração: Como ψ (r) ∈ C ∞ (Rn ) ⊆ L1loc (Rn ), sabemos pelo Lema 4.1
que Z Z
(∗) (ψ (r) ) ∆φ dx ≥ Re sgn (ψ (r) )∆(ψ (r) )φ dx,
Rn Rn
de modo que podemos extrair uma subseqüência {ψ (1/mk ) }k∈N de {ψ (1/m) }m∈N
tal que ψ (1/mk ) −→ ψ pontualmente em quase toda parte de Rn (extraı́mos tal
subseqüência para aplicar o Teorema da Convergência Dominada, em breve).
Pela desigualdade acima,
Z
|(ψ (1/mk ) ) − ψ |dx −→ 0,
K
quando k → +∞, qualquer que seja o compacto K ⊆ Rn , pelo Lema 4.2. Pelo
que acabamos de argumentar, vemos no membro esquerdo de (∗) que
Z Z
(1/mk )
|(ψ (1/mk ) ) − ψ |dx −→ 0.
[(ψ ) − ψ ]∆φ dx
≤ k∆φk ∞
Rn supp(∆φ)
108
Isto mostra a convergência desejada do membro da esquerda. Novamente, devido
ao Lema 4.2, temos que (usando que ∆ψ (1/mk ) = (∆ψ)(1/mk ) )
Z
(1/mk )
[∆ψ − ∆ψ]φ dx ≤
Rn
Z
kφk∞ |∆ψ (1/mk ) − ∆ψ|dx −→ 0,
supp(φ)
e, portanto,
Z
(1/mk ) (1/mk )
sgn (ψ) [∆ψ − ∆ψ]φ dx −→ 0,
Rn
qualquer que seja > 0. A ideia agora é fazer → 0, para obtermos a desigual-
dade final desejada. Sabemos que é válida a desigualdade
Z Z
ψ1/m ∆φ dx ≥ Re (sgn1/m ψ)[∆ψ]φ dx,
Rn Rn
109
para todo m ∈ N. Temos
Z Z
n ψ 1/m ∆φ dx − |ψ|∆φ dx ≤
R Rn
Z
|ψ1/m − |ψ|||∆φ| dx =
Rn
(1/m)2
Z
|∆φ| dx ≤
supp(∆φ) (|ψ|2
+ (1/m)2 )1/2 + |ψ|
Z
1
k∆φk∞ dx −→ 0,
m supp(∆φ)
R
quando m → +∞, de modo que o membro da esquerda tende a Rn
|ψ|∆φ dx.
Como
sgn1/m ψ −→ sgn ψ
pontualmente, uma aplicação do TeoremaR da Convergência Dominada nos mos-
tra que o membro da direita tende a Re Rn (sgn ψ)[∆ψ]φ dx, quando m → +∞.
Isto encerra a demonstração da desigualdade de Kato.
Logo,
hψ, H0 ψiL2 (Rn ) = hψ(λ), =−1 M|λ|2 =ψ(λ)iL2 (Rn ) =
h(=ψ)(λ), Mλ [Mλ (=ψ)(λ)]iL2 (Rn ) = hMλ (=ψ)(λ), Mλ (=ψ)(λ)iL2 (Rn ) =
kMλ (=ψ)(λ)k2L2 (Rn ) .
Portanto, a função λ(=ψ(λ)) é zero em quase toda parte de Rn , segundo a me-
dida de Lebesgue. Como a função λ 7−→ λ é zero se, e somente se, λ = 0,
temos que (=ψ(λ)) é zero em quase toda parte, segundo a medida de Lebesgue.
Logo, (=ψ(λ)) = 0 ∈ L2 (Rn ) e, como = é um operador unitário em L2 (Rn ) (e,
em particular, é uma aplicação linear injetora), concluı́mos que ψ = 0 ∈ L2 (Rn ).
H = H0 + V,
110
com Dom(V ) = Cc∞ (Rn ) ⊆ L2 (Rn ) é essencialmente auto-adjunto.
para toda φ ∈ Cc∞ (Rn ). Como o Laplaciano comuta com a conjugação com-
plexa, V é uma função a valores reais e β é real, obtemos
Z
0= ψ [(−∆ + V + β)φ] dx,
Rn
(V + β)ψ =d ∆ψ.
111
e m(1/j) (x − y) ≥ 0, qualquer que seja y ∈ Rn , para todo j ∈ N. Notemos
que |ψ|(1/j) ∈ H 2 (Rn ), para todo j ∈ N, pela desigualdade de Young42 , pois
|ψ| ∈ L2 (Rn ) e Dα (m1/j ) ∈ L1 (Rn ), para todo multi-ı́ndice α ∈ Nn . Assim,
concluı́mos que
Z
h|ψ|(1/j) , ∆(|ψ|(1/j) )i = |ψ|(1/j) ∆(|ψ|(1/j) ) dx ≥ 0,
Rn
ou ainda
h|ψ|(1/j) , H0 (|ψ|(1/j) )i ≤ 0.
Argumentando de maneira análoga à feita na desigualdade acima (na qual foi
usada a desigualdade de Kato), vem que
h|ψ|(1/j) , H0 (|ψ|(1/j) )i ≥ 0,
para todo j ∈ N, de forma que temos |ψ|(1/j) = 0 ∈ L2 (Rn ), qualquer que seja
j ∈ N, pelo Lema 4.3. Para cada j ∈ N, existe um subconjunto Aj ⊆ Rn tal que
|ψ|(1/j) = 0 em Aj e a medida de Rn \Aj é 0. Pelo Lema 4.2,
Z
||ψ|(1/j) − |ψ||dx −→ 0
K
A ∩ (∩j∈N Aj ),
possui medida zero, concluı́mos que ψ = 0 ∈ L2 (Rn ). Assim, pelo lema da Ob-
servação XIX, vemos que Im(H + β)⊥ = Ker(H ∗ + β) = {0}, e que Im(H + β)
é densa em L2 (Rn ). Mas, como h(H + β)φ, φi ≥ h(α + β)φ, φi, para toda
φ ∈ Cc∞ (Rn ) (lembre-se de que h−∆φ, φi ≥ 0, para toda φ ∈ H 2 (Rn )), temos
que k(H + β)φk ≥ (α + β)kφk, para toda φ ∈ Cc∞ (Rn ), por Cauchy-Schwartz.
Logo, k(H + β)φk ≥ (α + β)kφk, para toda φ ∈ Dom(H) (pois H + β = H + β),
mostrando que a imagem de H+β é fechada em L2 (Rn ), já que H+β é um opera-
dor fechado (a soma de um operador fechado com um operador limitado é sempre
um operador fechado). Logo, Im(H + β) = L2 (Rn ), e concluı́mos pelo lema da
Observação XIX que H é essencialmente auto-adjunto em Dom(H) = Cc∞ (Rn ).
42 Se u ∈ Lp (Rn ), 1 ≤ p ≤ +∞, e v ∈ L1 (Rn ), então (u ∗ v)(x) está bem definido para quase
112
“Aplicações do corolário da desigualdade de Kato”
113
ak como acima. Se D2 := 1≤k≤n Dk2 , então para toda u ∈ L2loc (Rn ) que
P
X N e2 1 X e2
− + ,
kxk − x0 k 2 kxk − xl k
1≤k≤N 1≤k,l≤N,k6=l
1
onde a(x) = 2 x × B0(os xk ’s, os xl ’s e o x0 são variáveis tridimensionais),
é essencialmente auto-adjunto em Cc∞ (R3N +3 ), pois V = V1 + V2 , com
1 X e2
V1 = ∈ L2loc (R3N +3 )
2 kxk − xl k
1≤k,l≤N,k6=l
sendo positivo e
X N e2
V2 = − ∈ L2 (R3N +3 ) + L∞ (R3N +3 ).
kxk − x0 k
1≤k≤N
114
115
5 Apêndice A45
Vamos agora ao
é uma sub C∗ -álgebra de B(H) que contém IB(H) , dizemos que v ∈ H é um vetor
=-cı́clico se o conjunto =v := {T v : T ∈ =} é denso em H.
[16], e [6]
116
agora, uma transformação linear unitária U : L2 (X, µ) −→ Hn definindo, primei-
o
ramente, uma aplicação unitária Ũ : Cµ (X) −→ Im(U ) := Ũ g : g ∈ Cµ (X) .
Definamos a aplicação
V : =v 3 Tf v 7−→ f ∈ Cµ (X).
117
parcialmente ordenado pela relação de inclusão.
µα (F ) = µ({α} × F ).
118
Portanto,
R como também g(α, R x) = gα (x), para cadaRα ∈ M , para todo x ∈ Xα ,
temos X̃α |g(α, x)|2 dµ = {α}×Xα |g(α, x)|2 dµ = Xα |gα (x)|2 dµα , para todo
α ∈ M , pela definição de integral. Logo,
Z XZ
kgk2 := S |g(α, x)|2 dµ = |g(α, x)|2 dµ =
α∈M X̃α α∈M X̃α
XZ
|gα (x)|2 dµα =: k(gα )α∈M k2 ,
α∈M Xα
2
para todo g ∈ L (X, µ), mostrando que Λ é uma isometria. Concluı́mos, então,
que Λ é uma transformação unitária.
Assim, W := U ◦ Λ é uma transformação unitária. Tomando (gα )α∈M ∈
⊕α∈M L2 (Xα , µα ) e definindo g := Λ−1 (gα )α∈M , f := Λ−1 (fα )α∈M ,
via uma aplicação W : T 7−→ WT . Pelo fato de T ser simétrico, tal operador
está bem definido: se ξ1 , ξ2 ∈ Dom(T ) e (T + iIB(H) )ξ1 = (T + iIB(H) )ξ2 , então
(T + iIB(H) )(ξ1 − ξ2 ) = 0. Como um auto-valor de T deve ser necessariamente
real (de fato, se 0 6= u ∈ Dom(T ) satisfaz T u = λu, para algum λ ∈ C, então
λhu, ui = hT u, ui = hu, T ui = λhu, ui), devemos ter ξ1 − ξ2 = 0, mostrando que
tal aplicação está, de fato, bem definida (note que este argumento é equivalente
ao fato de T + iIB(H) ser injetor e, portanto, WT := (T − iIB(H) )(T + iIB(H) )−1 ).
Além de ser claramente linear notamos, também, que por T ser simétrico, WT
é uma isometria e, portanto, é uma aplicação injetora. Devido a sua definição
vemos que, dado η =: (T + iIB(H) )ξ ∈ Im(T + iIB(H) ) := Dom(WT ), temos que
(IB(H) − WT )η = (T + iIB(H) )ξ − (T − iIB(H) )ξ = 2iξ ∈ Dom(T ). Como tal
argumento é reversı́vel, nota-se que Im(IB(H) − WT ) = Dom(T ). Além disso, se
η ∈ Dom(WT ) e ξ ∈ Ker(IB(H) − WT ), então WT ξ = ξ e
119
Como Im(IB(H) − WT ) é densa em H, concluı́mos que ξ = 0, e que IB(H) − WT
é injetor. Note que para chegar a tal conclusão não usamos a definição de WT ,
mas somente os fatos de que Im(IB(H) − WT ) é densa em H e WT é uma iso-
metria. Chegamos, assim, à conclusão de que, se U : Dom(U ) −→ H é uma
isometria linear tal que Im(IB(H) − U ) é densa em H, então IB(H) − U é injetor.
120
i(IB(H) + U )ξ + i(IB(H) − U )ξ : ξ ∈ Dom(U ) =
{2iξ : ξ ∈ Dom(U )} = Dom(U )
e, se η := (IB(H) − U )ξ, ξ ∈ Dom(U ), então WAU (AU + iIB(H) )η = (AU −
iIB(H) )η = (AU − iIB(H) )(IB(H) − U )ξ = i(IB(H) + U )ξ − i(IB(H) − U )ξ = 2iU ξ.
Logo, devido aos primeiro e último conjuntos que figuram na seqüência de igual-
dades acima, concluı́mos que WAU = U .
Concluı́mos, então, nestes dois últimos parágrafos, que existe uma bijeção
entre os operadores lineares densamente definidos e simétricos
T : Dom(T ) −→ H,
de H, e as isometrias lineares
U : Dom(U ) −→ H
121
Demonstração: Notamos primeiramente que, dado um operador linear
U : H −→ G, onde H e G são espaços de Hilbert, U será uma isometria se,
e somente se, U manda bases (hilbertianas) de H em bases (hilbertianas) em
G. Suponhamos, então, que T possua uma extensão auto-adjunta, S. Então,
Dom(WS ) = Im(S + iIB(H) ) = H e Im(WS ) = Im(S − iIB(H) ) = H, pela
observação XIX). Portanto, como H = Im(T + iIB(H) ) ⊕ Im(T + iIB(H) )⊥ e
W T ⊂ WS ,
122
XIX que AU é auto-adjunto.
123
WMf (f +i)(f +i)−1 ψ = (f −i)(f +i)−1 ψ = φψ, mostrando que WMf ⊃ Mφ . Mas
Dom(Mφ ) = L2 (M, µ), pois |(f − i)(f + i)−1 | = 1. Isto mostra que WMf = Mφ .
124
garantimos que para cada z ∈ / {v ∈ C : |v| = 1} existe um elemento Bz ∈ Λ
satisfazendo Bz ⊆ B(z, z ). Logo, como
[
f −1 [{v ∈ C : |v| =
6 1}] ⊆ f −1 Bz ,
z∈{v∈C:|v|6=1}
(1 − x2 − y 2 )i − 2y −y
i(1 + x + iy)(1 − x − iy)−1 = 2 2
= ,
1 − 2x + x + y 1−x
provando que φ é real em µ-quase toda parte de X (note que φ está bem defi-
nida, pois como já vimos antes, x 6= 1 em µ-quase toda parte de X). Aplicando,
então, o Lema 3, concluı́mos que WMφ = Mf . Assim, WMφ é unitariamente
equivalente a WA e, pelo Lema 4, obtemos que A é unitariamente equivalente a
Mφ , como querı́amos demonstrar.
125
126
6 Apêndice B
Seja {Al }l∈L uma coleção não-vazia de operadores lineares limitados auto-
adjuntos que comutam dois a dois, definidos em H. Definamos Al como sendo a
C∗ -álgebra gerada por Al e IB(H) (que é C ∗ (Al ), seguindo a notação estabelecida
anteriormente), para todo l ∈ L, e A como sendo a C∗ -álgebra gerada por
todos os operadores Al juntamente com o operador identidade IB(H) (note que
Al ⊆ A, para todo l ∈ L). O objetivo, no momento, é mostrar que existe
um ∗-homomorfismo unital de C∗Q -álgebras Γ : C(K) −→ A, onde K é um
subespaço topológico fechado de l∈L σ(Al ). Pode-se mostrar que todos os
elementos φ de ΩC(X) (veja a definição de ΩC(X) no resumo sobre C∗ -álgebras
feito anteriormente) são da forma φ : f 7−→ φ(f ), com φ(f ) = f (xφ ), para
algum xφ ∈ X, quando X é um espaço topológico compacto Hausdorff. E se
X = σ(Al ), por exemplo, tal xφ é único, pois se x ∈ σ(Al ) também satisfizesse
tal propriedade, aplicando-se φ à função idC(σ(Al )) concluı́mos que x = xφ . Isto
nos permite definir uma função
por
i : w 7−→ (il (w ◦ ψl ))l∈L
e mostrar que ela é um homeomorfismo. Que ela está bem definida é decorrência
do fato de todas os il ’s estarem bem definidos. Para ver a continuidade de i
tome {wα }α∈M uma rede de elementos de ΩA tal que wα −→ w em ΩA . Então
para todo l ∈ L
127
wα (Al ) −→ w(Al ) =
(w ◦ ψl )(idC(σAl ) ) = idC(σ(Al )) (xw◦ψl ) = xw◦ψl .
Isto mostra que πl ◦i é contı́nua, para todo l ∈ L e, por um teorema de topologia
geral,47 concluı́mos que i é contı́nua.
Vamos mostrar a injetividade. Se i(w1 ) = i(w2 ), para w1 , w2 ∈ ΩA , então
para todo l ∈ L tem-se que xw1 ◦ψl = xw2 ◦ψl . Logo, para cada l ∈ L, as
aplicações w1 ◦ ψl e w2 ◦ ψl coincidem sobre as funções polinomiais definidas
em σ(Al ). Pelo Teorema da Aproximação de Stone-Weierstrass, concluı́mos que
w1 ◦ ψl = w2 ◦ ψl (em C(σ(Al ))). Da sobrejetividade de ψl , vem que w1 = w2 em
Al . Pela definição de A, concluı́mos que
Q w1 = w2 . Isto estabelece a injetividade
de i. Agora, como ΩA é compacto e l∈L σ(Al ) é Hausdorff, segue que i é um
homeomorfismo sobre sua imagem. Logo, a aplicação
γ : C(i[ΩA ]) −→ C(ΩA )
dada por
γ : f 7−→ f ◦ i
é um ∗-isomorfismo entre C∗ -álgebras. Sejam F um ∗-isomorfismo entre C(ΩA )
e A (faça F := (ˆ·)−1 , por exemplo, i.e, defina F como sendo a inversa da aplica-
ção de Gelfand, estabelecida anteriormente nas informações sobre C∗ -álgebras).
Então, definindo K := i[ΩA ] e
Γ := F ◦ γ,
128
dada por Λ := Γ ◦ R, que é contı́nua, devido à estimativa
kΛ(f )k = k(Γ ◦ R)(f )k = kR(f )k ≤ kf k,
Q Q
para toda f ∈ C( l∈L [−kAl k, kAl k]) (P ⊆ C( l∈L [−kAl k, kAl k])). Pode-
mos mostrar o teorema espectral para uma coleção de operadores lineares auto-
adjuntos que comutam dois a dois, assim como foi feito para o caso em tı́nhamos
apenas um operador linear limitado auto-adjunto, mas fazendo algumas modi-
ficações:
1. assim como a aplicação ΦC definida na página 44, Λ é contı́nuo, e um
∗-homomorfismo unital entre ∗-álgebras, pois é a composta de dois ∗-
homomorfismos contı́nuos unitais;
2. o “K”, agora em questão, permanece sendo um conjunto compacto e Haus-
dorff, e podemos aplicar o Teorema da Representação de Riesz, assim como
feito na página 45. “Hu ” será agora definido por
Hu := {f ((Al )l∈L )u ∈ B(H) : f ∈ C(K)},
e “Gu ” será definido agora por
Gu := {f ((Al )l∈L )u ∈ B(H) : f ∈ C(K)} ,
- de modo que temos Gu denso em Hu . Garante-se, assim, a existência da
aplicação Ω̃u (adaptada, é claro);
3. agora, ao invés de provar que Ω̃u ◦ A ◦ Ω̃−1
u = MidCµu (I) , devemos provar
que Ω̃u ◦ Aj ◦ Ω̃−1
u = Mπj , para todo j ∈ L, onde πj é a j-ésima projeção
canônica. Para tanto, basta substituir A por πj ((Al )l∈L ), e a demons-
tração segue de maneira análoga à feita anteriormente. Isso decorre dos
fatos que πj ((Al )l∈L ) = Aj e Λ é um homomorfismo de álgebras. Vamos
mostrar que πj ((Al )l∈L ) = Aj . Para cada j ∈ L, vemos que
Λ(πj ) = (F ◦ γ ◦ R)(πj ) = F (πj |K ◦ i),
onde
πj |K ◦ i : ΩA −→ R.
Vejamos quem é πj |K ◦ i. Para cada φ ∈ ΩA , vemos que
(πj |K ◦ i)(φ) = πj |K (il (φ ◦ ψl ))l∈L = πj |K (xφ◦ψl )l∈L =
xφ◦ψj = idC(σ(Aj )) (xφ◦ψj ) = (φ ◦ ψj )(idC(σ(Aj )) ) =
φ(Aj ) = (Aˆj )(φ) = (F −1 (Aj ))(φ).
Portanto,
F (πj |K ◦ i) = F (F −1 (Aj )) = Aj
e
πj ((Al )l∈L ) := Λ(πj ) = Aj ,
qualquer que seja j ∈ L;
129
4. em seguida, na aplicação do Lema de Zorn, basta substituir o A que
ali aparece por Aj = πj ((Al )l∈L ), para todo j ∈ L, e concluiremos que
⊕α∈M Huα é Aj -invariante, para todo j ∈ L, pois cada Huα éQ πj ((Al )l∈L )-
invariante, para todo j ∈ L. Assim, da densidade de P em C( l∈L σ(Al )),
temos que
f ((Al )l∈L )w ∈ (⊕α∈M Huα )⊥ ,
Q
para toda f ∈ C( l∈L σ(Al )) (w 6= 0 sendo um elemento que, por hipó-
tese, pertence a (⊕α∈M Huα )⊥ ).
Isto estabelece a contradição necessária, analogamente à obtida na aplica-
ção do lema de Zorn da demonstração anterior;
5. a última adaptação que vale a pena ser mencionada é na página 51. Ao
invés de mostrar que U ◦A◦U −1 : Dom(Mf ) 3 g 7−→ f ·g ∈ L2 (N, µ), para
uma f real e Borel-mensurável, basta substituir A por πj ((Al )l∈L ) = Aj ,
para cada j ∈ L, e obteremos, finalmente, o
130
131
Referências
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[23] Treves, François, “Basic Linear Partial Differential Equations”, Academic
Press, 1975
133