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curso

HISTÓRIA DA ARTE
Módulo I – Idade Antiga ao Renascimento
As origens das tradições estéticas

7º Encontro
Arte Paleocristã e Estilo Bizantino
Divisão do Império Romano

O Império Romano foi dividido em 284 d.C. como forma de melhor administrar o poder.
A divisão consistiu em:
Império Romano do Ocidente, tendo como capital Roma. Em 476 (Início da Idade
Média), o líder dos hérulos (germânicos), Odoacro, comandou a invasão e o saque de
Roma, destronando o último imperador romano Rômulo Augusto.
Império Romano do Oriente, com Bizâncio como capital. O Império Romano do
Oriente ou Império Bizantino, perdurou até 1453 (fim da Idade Média), quando foi
tomado pelos turcos-otomanos. Bizâncio ou Constantinopla.
Arte Paleocristã
A arte cristã primitiva
ou a arte Paleocristã é
a arte, pintura,
mosaico e arquitetura
produzidos pelos
cristãos primitivos. A
arte Paleocristã é
dividida em dois
períodos:
fase catacumbária
(após a morte de
Cristo até 313, com o
Edito de Milão) e;
fase basilical (313 até
o início do século V).
A perseguição aos cristãos desenvolvia-se praticamente em todo o Império Romano,
em algumas partes com mais brandura, especialmente em certas regiões da Ásia
Menor, nas quais houve mesmo tolerância com a nova religião, que se misturava
com velhos cultos pagãos locais, vindos dos egípcios e caldeus. Por isso mesmo, ali
são mais precoces as transformações da primitiva arte cristã.
[...] O Papa Gregório, o Grande, que viveu no final do século VI D.C.,
seguiu essa orientação. Lembrou àqueles que eram contra todas as
pinturas que muitos membros da Igreja não podiam ler nem escrever, e
que, para ensiná-los, essas imagens eram tão úteis quanto os desenhos
de um livro ilustrado para crianças. Disse ele: "A
pintura pode
fazer pelos analfabetos o que a escrita faz para os
que sabem ler".
[...] As ideias egípcias sobre a importância da clareza na
representação de todos os objetos tinham retornado com grande
força, por causa da ênfase que a Igreja dava à clareza. Mas as formas
que os artistas usaram nessa nova tentativa não eram as formas simples
de arte primitiva, mas as formas desenvolvidas da pintura grega. Assim,
a arte cristã da Idade Média tornou-se uma curiosa mistura de métodos
primitivos e sofisticados. O poder de observação da natureza, a cujo
despertar assistimos na Grécia, por volta de 500 a.C, voltou a
adormecer por volta de 500 d.C. Os artistas deixaram de cotejar suas
fórmulas com a realidade.
Não mais se dispunham a fazer descobertas sobre o modo de
representar o corpo ou de criar a ilusão de profundidade.

E. H. Gombrich, A História da Arte, Cap. 6, Birfurcação de Caminhos


Fase catacumbária (ressurreição de Cristo até 313)
Sendo uma religião
perseguida, alvo da
vigilância e repressão das
autoridades, as práticas
cristãs se faziam
ocultamente.
Pensou-se, durante muito
tempo, que os fiéis se
reunissem no interior das
catacumbas para
celebração do culto. Está
provado hoje, por
investigações
arqueológicas, que faziam
dentro de residências, em
Roma e outras cidades,
geralmente à noite, sob o
Arcossólio decorado na Catacumba de temor da prisão, tortura e
Marcelino e Pedro (Roma), Séc. V morte.
As catacumbas serviam
apenas para o
sepultamento.
Nos primeiros tempos, os cristãos
eram sepultados nos cemitérios
pagãos. Deixaram de fazê-lo
por dois motivos: primeiro
porque adotaram a prática da
inumação, contrária à
incineração (cremação), usada
pelos pagãos; segundo, porque
os pagãos consagravam os
cemitérios às suas divindades.

Ressurreição de Lázaro, século III.


Cubículo do Sacramento, Catacumba de
São Calixto
Desde os movimentos
iniciais da propagação
da nova fé, os cristãos
defrontaram-se com o
problema de criar a sua
imaginária, em outras
palavras, a
representação de Deus
e de Cristo, da Virgem e
das cenas das Escrituras
Sagradas, ao lado das
verdades e dogmas da
fé.

Como representar, por


exemplo, a
Anunciação, a
Natividade, o Batismo e
a Eucaristia, conforme
os sentimentos e as
Mosaico do século III da Necrópole do Vaticano. A hipótese ideias dos cristãos?
avançada é que é uma representação de Jesus sob o
disfarce do deus-sol Apolo-Helios / Sol Invictus dirigindo a
carruagem
Esses problemas de simbologia e O deus do Sol, Helios,
de plástica foram sendo visto conduzindo uma
quadriga em fogo pelos
solucionados através dos céus, pintado num vaso
tempos, pelos pintores exposto no British Museum
catacumbários, entre sugestões em Londres. Mais tarde,
veio a ser substituído por
e influências inevitáveis do Apollo. O equivalente a
mundo pagão. Helios na mitologia
romana é Sol.

Uma cratera-cálice de figura vermelha


representando o deus do sol Helios. As estrelas são
representadas por jovens meninos que descem ao
oceano. Ática, c. 430 aC (Museu Britânico, Londres).
É conhecido como o monograma mais
Chi-Rho antigo que se refere a Jesus Cristo, sendo
denominado por alguns como o
cristograma, datando do século II. É
composto pelas duas
primeiras letras da palavra Cristo em língua
grega XPICTOC. Os cristãos primitivos o
usavam
como um sinal secreto da sua fé. O Chi-
Rho tem várias formas, como por exemplo,
uma cruz ou um cajado na letra P. O
cajado lembra que Jesus é o bom pastor.
João 10:11, e pode
aparecer com o Alfa e o Ômega, que são
primeira e última letra do alfabeto grego.
Jesus diz que Ele é o alfa e o ômega. As
duas letras expressam a natureza eterna
de Cristo. (Ap 1:8). Em Apocalipse 22:13 vê-
se que, simbolicamente, o Alfa e Ômega
são o começo e o fim, o Eterno.

Detalhe de sarcófago, séc. VI, mármore, Museu O Chi-Rho pode ser visto como a primeira
do Louvre cruz Cristã, embora não seja tecnicamente
uma cruz. Como um símbolo pré-cristão, o
Chi-Rho significava boa sorte, mas tornou-
se um
importante símbolo cristão quando
adotado pelo imperador romano
Constantino.
“O Pão Eucarístico e o Peixe”, Catacumbas de São Calixto, cripta di Lucina, Roma, 32x30 cm,
cerca de séc. III d.C

As primeiras decorações catacumbárias, figurativas ou ornamentais,


são ingênuas e simples, obras de verdadeiros autodidatas. Tendem
inicialmente ao simbólico e abstrato, revelam depois influências do
modelos greco-romanos, que estavam aos olhos de todos.
“Representação de Cristo como o Bom Pastor”
século IV
Museu de Epigrafia
Roma
“Cristo com Barba”
Pintura mural
Catacumbas de Commodilla
Século IV
ἰχθύς

Inicialmente, Jesus foi representado pelo pictograma simbólico do peixe


(em grego peixe é Ichtus, que é um acrônimo, utilizado pelos cristãos
primitivos da expressão "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador"), Cordeiro
de Deus, Pavão, Pomba (Espírito Santo) ou âncora (símbolo da salvação).
O Ichtus e o crucifixo foram os primeiros símbolos cristãos e costumam ser
muito utilizados ainda hoje.
Lázaro - Catacumba Via Latina - Roma

Pastor – Catacumba Priscila - Roma


Teto da Catacumba Priscila - Roma
Muitas vezes são
desenhos de incisão,
executados em afresco
sobre uma camada de
estuque, desaparecidos
em grande parte ou
apenas visíveis hoje, nos
traços gerais. No desenho
e no colorido, os autores
são rudes, sem maior
segurança técnica e
poder de expressão.

Madona com menino Jesus –


Catacumba Priscila - Roma
Os cristãos eram tomados de
natural prevenção contra a
estatuária, temerosos do pecado
da idolatria, que condenavam e
denunciavam nos pagãos. As
estátuas das divindades
mitológicas, nuas, regulares e de
belas de formas que falavam aos
sentidos, eram encarnações do
mal aos olhos cristãos, sugestões
do demônio, tentações da
carne, que cumpria evitar e
destruir.
Sabe-se que, nessa fase e,
principalmente, depois do
reconhecimento, os cristãos
lançaram-se, num zelo fanático e
cego, insuflados pelos
sacerdotes, à destruição de
Iluminatura - Iconoclastia ídolos pagãos.
Quando se amortecem os extremismos
doutrinários dos primeiros tempos e os
perigos da idolatria parecem
atenuados, como também as
prevenções com o naturalismo
sensualista da escultura pagã, surgem
os escultores cristãos primitivos, mesmo
nas catacumbas e durante as
perseguições.
Esses artistas voltam-se, natural e
compreensivelmente para tipos
humanos e os temas ornamentais da
escultura helenística pagã. O
Cristianismo ainda não criara os seus
tipos ou a sua iconografia, valendo-se
dos modelos existentes que jaziam no
subconsciente coletivo e da
experiência de artistas formados
dentro das tradições greco-romanas.
Os escultores, aplicam-se, de modo
especial, à execução de sarcófagos
de mármore, numa literal imitação dos
modelos romanos.
Sarcófago cristão do século IV
Fase basilical
(de 313 até o início do séc. V e Início da Idade Média )

O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de 313 d.C., com o Édito
de Milão, assinado durante o império de Constantino I (do Ocidente) e Licínio (do
Oriente), no mesmo dia em que ocorreu o casamento de Licínio com Constantia,
irmã do imperador da porção oriental do Império. Com este édito, o Cristianismo
deixou de ser proibido e passou a ser uma das religiões oficiais do Império.
Ilustração da Basílica de S. Pedro (Vaticano) como se encontrava ainda
em 1450 – Basílica da época de Constantino.
"De sacris aedificiis a Constantino magno constructis",
publicada em 1693 em Roma, é a história das antigas igrejas construídas pelo Imperador Constatino,
o Grande
Basílicas de San
Vitale e San
Apolinaire

Hagia Sofia
(Instambul)
Invasões Bárbaras
O ramo ocidental da Arte Cristã Primitiva vai
definir-se mais tarde, no século X, através de
lentas e diversificadas elaborações. Nessas
elaborações estilísticas, intervém numerosos
fatores históricos e sociais, como as invasões
dos povos chamados bárbaros, e sensíveis às
influências orientais, particularmente
bizantinas, pela importância econômica e
política de Bizâncio no mundo medieval.

Esse ramo ocidental recebe a denominação


de Arte Românica, porque as suas formas
derivam fundamentalmente de Roma antiga,
apesar das influências diversas que vão
recebendo do decorrer dos tempos.
Esta estela funerária do século III está entre
as mais antigas incrições cristãs, escrita
simultaneamente em grego e latim. A
Antes dessas formas românicas, entre os
abreviatura "D.M." no topo refere-se a Di séculos VI e X havia na Europa ocidental as
Manes, os espíritos tradicionais romanos da artes dos povos bárbaros, os quais, uma vez
morte, mas é acompanhada pelo símbolo instalados nas regiões conquistadas, vão dar
cristão origem às modernas nações europeias. Essas
artes dos povos em migração não possuem,
porém, características definidas.
Constantinopla

Constantinopla, atual Istambul, foi a capital do


Império Romano (330–395), do Império
Bizantino ou Império Romano do Oriente (395–
1204 e 1261–1453), do Império Latino (1204–
1261) e do Império Otomano (1453–1922).
Estrategicamente localizada entre o Corno de
Ouro e o Mar de Mármara no ponto em que a
Mosaico – Imperador Constantino
Europa encontra a Ásia, a Constantinopla
Bizantina havia sido a capital da Cristandade,
sucessora das antigas Grécia e Roma. No
decorrer da Idade Média, Constantinopla foi a
maior e mais rica cidade da Europa. Em todo o
mundo, só a China possuía cidades maiores e
mais ricas.
O Cristianismo tornou-se a única
religião oficial do Império sob
Teodósio I (379-395 d.C.) e todos
os outros cultos foram proibidos.
Inicialmente, o imperador detinha
o controle da Igreja. A decisão
não foi aceita uniformemente por
todo o Império; o paganismo
ainda tinha um número muito
significativo de adeptos. Uma das
medidas de Teodósio I para que
sua decisão fosse ratificada foi
tratar com rigidez aqueles que se
opuseram a ela. O massacre de
Moeda com perfil de Teodósio I, último Tessalônica devido a uma
imperador do Império Romano unido rebelião pagã deixa clara esta
posição do imperador.
ARTE BIZANTINA

A Basílica de Santa Sofia, também


conhecida como Hagia Sofia é um
imponente edifício construído entre
532 e 537 pelo Império Bizantino para
ser a catedral de Constantinopla
(atualmente Istambul, na Turquia) e
que foi convertido em mesquita em
1453 até ser transformado em museu,
em 1935.

A primeira grande igreja no local foi


construída pelo Imperador
Constâncio, filho de Constantino o
Grande, mas foi destruída durante a
Revolta de Nika de 532. O edifício foi
reconstruído em sua forma atual entre
532 e 537 sob a supervisão pessoal do
imperador Justiniano I. É considerada
o exemplo principal da arquitetura
bizantina.
Hagia Sofia 532-537, Istambul - Turquia
A igreja foi dedicada ao Logos, a segunda pessoa da Santíssima Trindade,
com a festa de dedicação tendo sido realizada em 25 de dezembro, a
data em que se comemora o Nascimento de Jesus, a encarnação do
Logos em Cristo. Embora ela seja chamada de "Santa Sofia" (como se
tivesse sido dedicada em homenagem a Santa Sofia), sophia é a
transliteração fonética em latim da palavra grega para "sabedoria" — o
nome completo da igreja em grego é Ναός τῆς Ἁγίας τοῦ Θεοῦ Σοφίας,
"Igreja da Santa Sabedoria de Deus".
Interior e cúpula de Santa Sofia
Capitéis compósitos, Santa Sofia, Istambul - Turquia
A Virgem e Jesus menino entre o Imperador João II e a Imperatriz Irene - Igreja de Santa Sofia
Ao fim do Império Bizantino em 1453,
fugindo da invasão muçulmana, a
tradição das pinturas foi levada para as
regiões previamente influenciadas por
Constantinopla: Veneza no ocidente, os
Bálcãs e a Rússia ao norte e os restos da
cultura que falava grego, principalmente
Creta no Mediterrâneo.

Em Veneza, onde se fundou uma Escola


de São Lucas, um tipo de guilda de
pintores de influência bizantina, existem
referências a encomendas de pinturas
no modelo bizantino, e no restante da
Itália, pronta para o apogeu do
Renascimento, essa influência foi logo
superada por Tiziano, Leonardo,
Mantegna e outros mestres que levaram
a pintura a outro patamar.

Igreja de São Marcos, séc. XII, Veneza


Igreja de São Marcos, séc. XII, Veneza
CURIOSIDADE

Os cristãos possuíam uma


ordem entrar e sair do
templo para que as imagens
colocadas nas paredes
pudessem ter um sentido. A
entrada na igreja era pela
esquerda enquanto que a
saída era pela direita.

Os padres ficavam de costas


para o público, e de frente
para a imagem de Jesus
Cristo. Os cultos iniciavam as
6 horas da manhã para que
a luminosidade do sol
iluminasse a imagem de
Cristo.
Basílica de Santo Apolinário Novo, Ravena, Itália, 504 d.C.
Procissão de mártires, séc. V e VI. Mosaico Ig. São Apolinário Novo, Ravena - Itália
Imperatriz Teodora e séquito, Igreja de São Vital, Ravena - Itália
Imperatriz Teodora (detalhe) e mão de dama de
companhia (detalhe)
Imperador Justiniano e séquito, Ig. de S. Vital, Ravena - Itália
Mausoléu de Galla Placidia, séc. V, Ravena - Itália
Mausoléu de Galla Placidia, séc. V, Ravena - Itália
Mausoléu de Galla Placídia, séc. V, Ravena - Itália
Igreja de Santa Maria Maggiore – Roma – Construída entre 432 e 440
Catedral de São Basílio, Moscou, Russia, 1555
ÍCONES, RELICÁRIOS E ILUMINURAS

Os artistas bizantinos aprenderam


novamente, estudando os antecedentes
clássicos, a representação de figuras
vestidas no estilo de panos ou dobras
molhadas. Eles também tentaram sugerir a
avaliação de luzes e sombras que cria a
ilusão do espaço tridimensional e dá vida à
superfície pintada. No entanto, as imagens
religiosas só seriam aceitas se a figura
humana não fosse representada como uma
presença física tangível. Os artistas
bizantinos resolveram esse problema por
meio da abstração, ou seja, por meio de
desenhos planos que preservaram o
interesse visual da composição, evitando
qualquer modelo concreto e com ela
qualquer aparência corpórea. O fundo
dourado não esconde a falta de paisagem,
mas isso é representado em sua
concepção abstrata. Mais do que o
espaço, as formas da arte bizantina são
cores, cores vivas e irreais, o que significa
um ideal. Assim, sombras e chiaroscuro mal
existem.

Santíssima Trindade, 1410, Andrei Rublev


Têmpera sobre madeira, 1,42m x 1,14m
Galeria Tretyakov, Moscou, Rússia
O anjo da esquerda, o Pai, veste O anjo central, o Filho, traja O anjo da direita, o Espírito
um manto lilás sobre uma túnica a túnica vermelha: símbolo Santo, traz a túnica azul,
azul, símbolo da sua divindade. O da natureza humana símbolo da sua divindade,
lilás é uma cor evanescente, assumida na encarnação; o um manto verde-água,
quase transparente, sinal do manto azul é sinal da cor da vida, do
mistério e da transcendência. natureza divina da qual se crescimento e da
"vestiu" depois da sua vida fertilidade. No campo
na terra e cobre um só espiritual o verde é o
ombro, porque Ele é enviado símbolo da força
pelo Pai. A estola dourada vivificante do Espírito, que
indica a sua missão vitoriosa ressuscitou Cristo e
do Cristo "sumo sacerdote", comunicou ao mundo a
que se deu a si mesmo para plenitude do significado
a salvação do mundo e da Ressurreição.
ressuscitou.
IC XC = «JESUS CRISTO»
CRISTO, A DIVINA SABEDORIA
origem: Tessalônica, séc. XIV, 157
cm x 105 cm x 5 cm, têmpera Igreja
Santa Sofia
Pantocrator (Παντοκράτωρ) é
uma palavra de origem grega
que significa "todo-poderoso" ou
"onipotente". Também possui
variante com acento gráfico no
segundo "a": pantocrátor.
Encontra-se várias vezes no Novo
Testamento em grego. Provém de
pan (tudo ou todo) e krátos (alto,
em cima e, daí, governo e
poder). A mão direita, em
posição de bênção — com o
polegar voltado para si, os dedos
médio e apontador em posição
oblíqua, quase vertical, e os
demais dedos dobrados em
direção à palma da mão
(fechados). Esta posição da mão
direita indica sua dupla natureza -
a divina e a humana - indicada
nos dois dedos erguidos e sua
participação na Trindade como
segunda Pessoa indicada pelos
três dedos unidos nas pontas. Na
mão esquerda, as Sagradas
Escrituras.
As cores, produto da decomposição da luz, têm na
iconografia uma linguagem própria e são portadoras de
uma linguagem mística, transcendente. Eugênio
Troubotzkoï, filósofo russo do início de século XVIII, ao falar
sobre os ícones expressa o seguinte:
“As cores são usadas pelo artista [iconógrafo] com o
objetivo de separar o Céu de nossa existência terrena. Aí
está a chave que permite compreender a beleza inefável
da simbologia do ícone”.
Os iconógrafos, escritores e não “pintores” dos ícones,
posto que estes são escritos e não “pintados”, não podem
usar livremente as cores nem lhes dar tonalidades diversas,
tão pouco podem obscurece-los com sombras, pois
devem aplicar a cor que está previamente determinada.
O II Concílio de Nicéia estabeleceu que...
“Somente o aspecto técnico da obra depende do pintor
[escritor]. Todo o seu plano, sua disposição depende dos
santos Padres.”
É por isso que foram estabelecidos manuais para a
elaboração dos mesmos.
Em primeiro lugar, ao falar sobre as cores dos ícones, é
necessário fazê-lo sobre a sua luz, pois neles a luz não
provêm de um lugar específico como acontece na pintura
ocidental, senão que, neles as figuras estão imersas na luz.

Madona e Menino Jesus em Trono (extraído de Simbologia do Ícone Bizantino, Manuel Vega,
Curvado, séc XIII, National Gallery Eclesia)
of Art Washington DC
Relicário - Tesouro S. Marcos, Veneza Capa de Bíblia com o anjo Gabriel
“Fragmento de um
Pergaminho”
Início do século 11
985-997
26,5 x 19,2 centímetros
Biblioteca Estadual da
Baviera
“Árvore da Vida”
Iluminura
Cerca de 1260
França
Reflexos na
modernidade

As pesquisas formais levadas a cabo pelas vanguardas russas do começo do século XX, o
raionismo (ou raísmo) de Mikhail Larionov (1881-1964) e Natalia Goncharova (1881-1962) e o
Construtivismo de Vladimir Evgrafovic Tatlin (1885-1953), a proliferação de novas formas
artísticas em pintura, poesia e teatro, bem como um renovado interesse pela tradição da arte
folclórica russa, constituíam o ambiente de grande efervescência ideológica e artística pré-
revolucionária em que Malevich vai defender uma arte livre de finalidades práticas e
comprometida com a pura visualidade plástica.
Gravuras de Natalia Goncharova (1881-1962)
Igreja Ortodoxa de São Paulo

Dom Ignatios Huraiki foi enviado pelo Patriarcado Ortodoxo com a missão de
fundar a Catedral Metropolitana Ortodoxa de São Paulo, localizada no início da
Avenida Paulista. Foi ele quem iniciou a Irmandade Ortodoxa de São Paulo,
responsável por captar e administrar os recursos necessários para a construção
da obra.
Inaugurada em 1954, o projeto foi inspirado na Igreja de Santa Sofia, construção
bizantina em Istambul, na Turquia, e ficou sob responsabilidade do engenheiro
Paulo Tafic Camasmie.
Próximo encontro

8º Encontro – Arte Islâmica


Wladimir Wagner Rodrigues
wrodrigu@trf3.jus.br
“Ábside e Cátedra de São Pedro”
Basílica de de São José Latrão
Construída no ano de 161 , pelo imperador Marco Aurélio para abrigar um palácio. Transformada em
templo cristão no século IV.

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