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Fichamento Detalhado

Texto: Capítulo III - Objeto da linguística

(Introdução, Curso de Linguística Geral)

Lido: A LÍNGUA: SUA DEFINIÇÃO


Primeira Parte: Linguística, língua, linguagem e som (§§ 1 - 17)
a) No início do texto, autor formula sua posição (§§ 1 – 2):
A princípio, questiona-se qual seria o objeto da linguística, ressaltando que este não é dado
previamente para análise de diversos pontos de vista, mas sim é pela percepção de um ponto
de vista o modo como sucede o estudo de uma palavra, por exemplo, não havendo
considerações de maior ou menor valor.

b) Em seguida o autor define os conceitos centrais de sua posição (§§ 3 – 13): O


conceito de que o fenômeno linguístico apresenta duas faces correspondentes e de
necessidade mutua de realização quer dizer...

b1) Não ser possível separar o som das impressões acústicas, ou da articulação, ou dos
órgãos vocais, pois desse modo estaria reduzindo a língua.

b2) O som, unidade complexa acústico-vocal, somado a uma ideia resulta numa unidade
complexa, fisiológica e mental, isto é, a linguagem.

b3) A linguagem tem um lado individual e um lado social.

b4) A linguagem implica em um sistema estabelecido e uma evolução, isso significa que é
difícil diferencia-los, assim como a história (pois é tanto uma instituição atual, quanto um
produto do passado, e desse modo analisar apenas as condições permanentes é falho).

b5) Não é possível que uma parte ofereça de modo integral o objeto da Linguística. O
dilema está em não perceber a dualidade, ou encontrar um aglomerado confuso de noções
heteróclitas, as quais não se diferenciam muito bem, e por essa razão, outras disciplinas
podem de modo errôneo reivindicar a linguagem. É necessário analisar primeiro a língua, e
pensar que configura uma norma para todas as outras manifestações da linguagem.

b6) O que é língua? Parte essencial da linguagem. É tanto um produto social da faculdade da
linguagem, quanto convenções sociais, o que permite seu funcionamento. Introduz uma
ordem natural, a qual é aceita unicamente. Algo adquirido e convencional.

B7) A linguagem é multiforme e heteróclita, de domínio individual e social, e não compete a


uma única categoria. O seu exercício é dado pela natureza.

c) Por fim, o autor diferencia sua posição de dois outros autores (§ 14 - 17):

c1) O primeiro autor considerado é Whitney, o qual considera como meramente


acaso e comodidade a escolha dos aparelhos vocais como instrumento da língua,
enxerga a mesma como uma instituição social de mesma espécie que as outras. A língua
é uma convenção e a natureza do signo convencional é indiferente. Saussure dirá que a
língua não é uma instituição social igual às outras, ademais a escolha dos órgãos vocais
foi imposta pela natureza.
c2) A Linguagem articulada: Em latim, articulus significa “membro, parte,
subdivisão numa serie de coisas”. Na linguística: articulação pode remeter tanto a
divisão da cadeia falada em silabas, quanto a subdivisão da cadeia de significações em
unidades significativas (em alemão, gegliederte Sprache). Nesse segundo modo, pode-se
dizer que a linguagem não é natural ao homem, mas a faculdade de constituir uma
língua (um sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas).
c3) O segundo autor é Broca o qual descobriu que a faculdade de falar se localiza na
terceira circunvolução frontal esquerda (e outros autores se apoiaram nisso para dar à
linguagem um caráter natural), dado comprovada pelo que se relaciona a linguagem
(falada e escrita) e observações de afasia por lesões desses centros de localização, os
quais indicam: Perturbações diversas na linguagem oral são encadeadas de muitos
modos pela escrita, e em casos de afasia e agrafia, a faculdade de proferir sons ou signos
é menos atingida do que a de evocar por um instrumento os signos duma linguagem
regular. Dessa forma, é possível acreditar que acima desses diversos órgãos, existe uma
faculdade maus geral, a que comanda os signos (portanto, linguística).
c4) A língua faz a unidade da linguagem, para tanto a faculdade – natural ou não –
de articular palavras não se exerce senão com ajuda de instrumento criado e fornecido
pela coletividade.

Lido: LUGAR DA LINGUA NOS FATOS DA LINGUAGEM.


Segunda Parte: Fala, língua e fato social (§§ 1 - 22)
a) Circuito da fala (§§ 1 – 8):
Para encontrar a esfera que corresponde à língua dentro da linguagem, é preciso
reconstituir o circuito da fala, o qual exige no mínimo dois indivíduos para ser
completo.
Suponhamos que duas pessoas, A e B, conversem:
Fenômeno psíquico - Ponto de partida = cérebro de A, onde os conceitos (fatos de
consciência) associam-se (suscitam) às imagens acústicas correspondentes
(representações dos signos linguísticos) para exprimi-los. Parte psíquica são as imagens
verbais (que não é som, pois está associado) e conceitos.
Processo fisiológico - Seguinte = Cérebro transmite aos órgãos da fonação um impulso
correlativo da imagem. Partes fisiológicas são fonação e audição.
Processo puramente físico - Seguinte = as ondas sonoras se propagam da boca de A até
o ouvido B. Parte física são as ondas sonoras.
Em B, o processo acontece numa ordem inversa: do ouvido ao cérebro
(transmissão fisiológica da imagem acústica), no cérebro associação psíquica dessa
imagem com o conceito correspondente.
Estes são os elementos essenciais. Contudo, havia a sensação acústica pura, a
imagem muscular da fonação, e a identificação desta sensação com a imagem acústica
latente.
O circuito também pode se dividir em:
 Parte exterior (vibração dos sons inda da boca ao ouvido) e parte interior
(resto).
 Parte psíquica (executivo e receptivo) e outra não-psíquica (incluindo os
fatos fisiológicos, os quais os órgãos são a sede, e os fatos físicos
exteriores ao indivíduo).
 Parte ativa (o que vai do centro de associação de A ao ouvido de B) e
outra passiva (ouvido de B ao seu centro de associação).
Ademais, há uma faculdade de associação e de coordenação (papel principal na
organização da língua enquanto sistema) que se manifesta desde que não se trate mais
de signos isolados.
b) Fato social da linguagem (§§ 9 - 18)
Parágrafo 9: Necessário abordar o fato social da linguagem.
Parágrafo 10, 11, 12 e 13: Os indivíduos unidos pela linguagem reproduzirão
aproximadamente os mesmos signos unidos aos mesmos conceitos. Por que essa
realização? Qual parte do circuito pode ter relação? A parte física não tem, uma vez que
perceber o som é diferente de compreende-lo e entender o fato social. A parte psíquica
também não tem relação total, pois o lado executivo não é feito pela massa (sendo
sempre individual e dela o individuo é senhor, chamada fala).
Parágrafo 14: As marcas semelhantes a todos são formadas pelo funcionamento das
faculdades receptiva e coordenativa. E como apresentar esse produto social de maneira
conseguir entender a língua desembaraçada do restante? Em uma comunidade, um
sistema gramatical existe em todos os cérebros dos indivíduos (pois a língua só existe
completamente pela massa), a totalidade das imagens verbais armazenadas nesse grupo
atingiria o liame social que constitui a língua.
Parágrafo 15: Como separar a língua da fala? Separa o que é social do que é
individual e do que é essencial do acessório e mais ou menos acidental.
Parágrafo 16: A língua não é uma função do falante, mas um produto registrado
passivamente, sem premeditação, e a reflexão ocorre ao classifica-la.
Parágrafo 17: A fala é um ato individual de vontade e inteligência, precisando
diferenciar as combinações feitas pelo falante usando o código da língua com o intuito
de se auto expressar, do mecanismo psicofísico que permite exteriorizar essas
combinações.
Parágrafo 18: Não se pode definir termos nesse estudo, pois as percepções mudam
de língua para língua.
c) Recapitulando as características da língua (§§ 19 - 22)

 Objeto bem definido no conjunto heteróclito dos fatos linguísticos.


 Localizada na parte do circuito em que uma imagem auditiva se associa com um
conceito.
 Parte social, exterior ao indivíduo.
 Existe por meio de um contrato estabelecido entre os membros de uma
comunidade (por isso um indivíduo não pode modifica-la nem cria-la).
 É necessário aprende-la gradualmente.
 Mesmo sem a fala, a língua pode manter-se caso haja a compreensão dos signos
vocais que ouve.

 Pode-se estuda-la separadamente (diferente da fala).


 É possível assimilar o organismo linguístico das línguas mortas.
 Só é possível estudar a ciência da língua quando os seus elementos são postos e
não estão misturados.

 Linguagem é heterogênea e a língua é por natureza homogênea: constitui-se num


sistema de signos, em que na essência só existe a união do sentido e da imagem
acústica (partes do signo igualmente psíquicas).

 A língua é um objeto de natureza concreta.


 Os signos linguísticos não são abstrações.
 As associações, de consentimento coletivo e cujo conjunto constitui a língua, são
realidades que tem sede no cérebro.
 Signos da língua são tangíveis, a escrita pode fixa-los em imagens
convencionais. Ao contrário da fala, a qual é difícil categorizar todos os
pormenores (por exemplo, a fonação duma palavra, etc.).
 Na língua não existe senão a imagem acústica e esta pode traduzir-se numa
imagem visual constante.
 Imagem acústica: soma de um número de elementos ou fonemas, suscetíveis de
serem evocados por um número correspondente de signos na escrita.
 Possibilidade de representar fielmente em dicionários e gramática, depositando
as imagens acústicas e a escrita dessas imagens.

Lido: LUGAR DA LÍNGUA NOS FAOS HUMANOS, A SEMIOLOGIA.


Terceira Parte:
Parágrafo um: A língua é classificável entre os fatos humanos, enquanto a linguagem
não.
Parágrafo dois: língua constitui uma instituição social, diferenciado por traços de outras
instituições. Para entender, precisa numa nova ordem de fatos.
Parágrafo três: língua, sistema de signos que exprimem ideias, sendo comparável à
escrita... sendo principal desses tipos de sistemas.
Parágrafo quatro: “uma ciência que estude a vida dos signos no seio da vida social”,
chamada de Semiologia, parte da psicologia social. Ensina no que consiste os signos,
que leis os regem. A linguística é parte dessa ciência geral.
Parágrafo cinco: O psicólogo determina o lugar exato da semiologia, o linguista define o
que faz da língua um sistema especial no conjunto dos fatos semiológicos. É a semiótica
que permite a linguística ser estudada com ciências.
Parágrafo seis: a língua não pode ser vista como uma ciência autônoma é estudada em
função de outra coisa, sob outros pontos de vista.
Parágrafo sete: o psicólogo estuda do mecanismo do signo no indivíduo, método fácil,
mas que não passa de execução individual, portando não atinge o signo.
Parágrafo oito: o signo sempre escapa a vontade individual ou social, estando nisso sua
essência.
Parágrafo nove: considerar o que a língua tem em comum com outros sistemas de
ordens.

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