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Sexualidade e Religiões
Prof.: Nathalie Raibolt

Por que estudar religiões dentro do estudo da Sexualidade? Duas coisas


que parecem se distanciar tanto? Muitas vezes a conduta sexual parece ser
motivo de conflitos dentro de muitas religiões, mas na verdade as religiões
sempre foram definidoras de condutas morais e éticas e portanto sempre tiveram
um impacto na definição de uma conduta sexual dita “ideal”.
Logo, saber como cada religião pensa a sexualidade humana será
importante para que consiga se transportar para a realidade do cliente e poder
ajudá-lo a encontrar saídas para possíveis conflitos que derivem de crenças
religiosas.
Certa vez atendi um caso de uma mulher que sofria muito por ter desejo
sexual e sentir-se inadequada dentro das condutas preconizadas por sua
religião. Desde então, percebi que algum conhecimento, mesmo que superficial,
sobre cada cultura religiosa me ajudaria a entender o sofrimentos de minhas
pacientes.
O objetivo deste módulo é faze-lo refletir sobre seus próprios conceitos
religiosos para que, conhecendo-os, possa entender a origem de possíveis
julgamentos que venham a ocorrer em seu conteúdo mental e aceitá-los sem
que os considere como parâmetro na avaliação de seus clientes.
Todo indivíduo que escolhe engajar-se em um relacionamento sexual, traz
consigo os conceitos de comportamento sexual adequado que foram construídos
durante seu desenvolvimento a partir não só da educação recebida de seus pais,
mas também da aprendida nas instituições religiosas.
Sendo assim, se pensarmos num casal que se encontra numa relação conjugal,
imagine as grandes variações possíveis de conceitos e conflitos que podem
decorrer…
Considerando as características demográficas de nosso país, temos
diversas religiões presentes em nossa população. As religiões mais encontradas
atualmente são a Católica e a Evangélica, em grande número, seguidas do
Espiritismo, Umbanda e Candomblé. Estamos num pais de imensa diversidade

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cultural e com influências de muitas culturas. Porém, é inegável que todo
brasileiro é um pouco cristão! Sim, pois estamos imersos na prática da religião
cristã a todo momento, mesmo que ela não seja a praticada por você. Nesse
contexto, comemorações e sacramentos cristãos tendem a soar mais naturais
do que outros rituais com os quais temos experiências mais distantes e
infrequentes.
Além disso, também não podemos nos esquecer que toda religião
também serve como instrumento político ideológico, traçando condutas
“naturais" e esperadas da sociedade. Desta forma desenham um modelo de ser
humano ideal e exercem grande influência na determinação de um caminho para
chegarmos a este “modelo”.
Algumas religiões trataram as manifestações sexuais com maior
naturalidade, como são as afro-brasileiras. Outras exercerão forte controle sobre
a prática sexual, o que, inevitavelmente, irá impactar diferentemente no
comportamento sexual de cada indivíduo.
Sobre a religião Católica, podemos dizer que sempre exerceu forte
controle sobre as práticas sexuais, com várias restrições para seus seguidores.
Para começo de conversa, o modelo de ser humano ideal, Jesus, nasce de uma
mulher virgem. A ausência de sexo para concepção de um ser de pureza
espiritual, já traz a idéia de sexo como algo impuro. Não podemos esquecer,
porém, que a religião é um aspecto cultural de uma sociedade, e como tal, se
desenha dentro de um contexto histórico. Durante a expansão do Cristianismo,
mulheres divorciadas ficavam totalmente desamparadas e a prostituição restava-
lhes como única alternativa. Neste contexto a indissolubilidade do casamento
era coerente com uma proposta de amparo e proteção a mulher, mas por outro
lado, reforçava sua inferioridade em relação aos homens naquele momento.
Assim, o Apóstolo Paulo, sugere que o casamento aconteça caso não seja
possível aplacar os desejos sexuais, porém, o divórcio não seria adequado.
Atualmente, vemos a Igreja Católica tentando se adaptar as novas necessidades
contemporâneas e, assim, novos conceitos e práticas estão sendo incorporados
pelo papa atual, Francisco.

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Com o crescimento da Igreja Católica, muitas variações dentro da
instituição começam a ocorrem, inclusive o casamento não oficial de bispos e
padres que, inclusive tinham filhos. Insatisfeito com as incoerências dentro da
Igreja Católica, Martinho Lutero propõe uma reforma religiosa. Como todos
sabem, esta reforma não ocorreu. Lutero se desliga da Igreja Católica para
fundar a Igreja protestante. Uma das características das igrejas protestantes é a
autonomia. Logo, para cada denominação podemos encontrar orientações
diversas no que tange a sexualidade. Para a maioria, porém, o sexo deve ser
praticado dentro de um relacionamento matrimonial, embora o matrimônio não
seja um sacramento da igreja. Práticas sexuais antes do casamento são
consideradas inadequadas pela maioria delas.
Outra religião frequente no Brasil é o espiritismo. Para os espíritas, o sexo
deve ser praticado com ética, sempre considerando o respeito à parceria e a si
próprio. Não há rituais de casamento na religião espírita, embora a união entre
casais seja considerada uma experiência necessária à evolução da sociedade.
Logo, também podemos identificar que comportamentos adequados são
necessários para que a evolução espiritual aconteça.
Religiões afro-brasileiras, como Umbanda e Candomblé, atribuem
divindade à manifestações da natureza e do corpo. Para elas, os prazeres do
corpo devem ser cultuados e respeitados como valores de seres iluminados.
Exus são seres que fazem a comunicação entre os homens e os seres divinos e
podem ser representados por imagens fálicas. As religiões afro-brasileiras
reconhecem qualquer união entre pessoas que se amem, desta forma, permitem
uma diversidade maior de contexto de práticas, porém, não defendem a troca
constante entre parceiros.
É importante entender que, mesmo que tentemos definir qual a conduta
preconizada por cada religião, jamais iremos esgotar a diversidade de variações
de preceitos dentro de cada religião. Assim como nas religiões cristãs, onde
vemos variações entre ortodoxas e liberais, todas as outras religiões poderão
abarcar uma diversidade de condutas. Considere ainda, que um mesmo
indivíduo pode transitar entre várias religiões por motivos diversos e construir
crenças conflitantes de forma inconsciente.

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Ao final desta reflexão pense bem quais influências e quais crenças você
traz. Lembre-se que o que lhe parece uma boa saída pro cliente pode não ser
compatível com os desejos dele. É preciso reconhecer ter consciência do que,
em você, pode interferir na conduta de seu cliente e evitar que isso ocorra.

"As religiões são caminhos diferentes convergindo


para o mesmo ponto. Que importância faz se
seguimos por caminhos diferentes, desde que
alcancemos o mesmo objetivo?”
Mahatma Gandhi.

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