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DIREITOS REAIS

O novo CC preferiu a expressão direito das Coisas. Alguns autores como


Orlando Gomes preferem a expressão direitos reais.

Os Direitos Reais ou Direito das Coisas, enquanto ramo do Direito Civil,


traduzem o conjunto de normas e princípios reguladores das relações jurídicas
referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma
finalidade social.

Conceito. O direito das coisas traduz o conjunto de normas que disciplina as


relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem,
segundo uma finalidade social.

Sob o ponto de vista eficacial a relação jurídica real vincula o sujeito e a


coisa.

Alguns entendem e sustentam na filosofia que mesmo na relação jurídica real


existe sempre um sujeito passivo universal, não aceitando apenas o vinculo
sujeito-coisa.

Sob outra perspectiva, com fundamento na doutrina do professor ARRUDA


ALVIM, poderíamos enumerar as seguintes características dos direitos reais,
para distingui-los dos direitos de natureza pessoal.

Características principais da relação jurídica real

1. Legalidade ou Tipicidade: Todo o direito real é típico, ou seja, está


previsto na lei. Os direitos reais somente existem se a respectiva figura
estiver prevista em lei (art. 1225, CC-02 e arts. 524 e 674, CC-16);

2. Eficácia Erga omnes: Um direito real repercute socialmente impondo


respeito a todas as pessoas. os direitos reais são oponíveis a todas as
pessoas, indistintamente. Ressalte- se, outrossim, que esta eficácia
erga omnes deve ser entendida com ressalva, apenas no aspecto de sua
oponibilidade, uma vez que o exercício do direito real – até mesmo o
de propriedade, mais abrangente de todos – deverá ser sempre
condicionado (relativizado) pela ordem jurídica positiva e pelo
interesse social, uma vez que não vivemos mais a era da ditadura dos
direitos.

3. Publicidade: Primordialmente para os bens imóveis, por se


submeterem a um sistema formal de registro, que lhes imprime esta
característica; Os direitos reais, especialmente os imobiliários
submetem-se a registro público.

1. Taxatividade: A enumeração legal dos direitos reais é taxativa, ou


seja, não admite ampliação pela simples vontade das partes;

2. Inerência ou aderência: O direito real adere à coisa, acompanhado-a


em todas as suas mutações. Esta característica é nítida nos direitos
reais em garantia (penhor, anticrese, hipoteca), uma vez que o credor
(pignoratício, anticrético, hipotecário), gozando de um direito real
vinculado (aderido) à coisa, prefere outros credores desprovidos desta
prerrogativa;

3. Seqüela: Como conseqüência da característica anterior, o titular de um


direito real poderá perseguir a coisa afetada, para buscá-la onde se
encontre, e em mãos de quem quer que seja. É aspecto privativo dos
direitos reais, não tendo o direito de seqüela o titular de direitos
pessoais ou obrigacionais.

POSSE
Bibliografia indicada: Min. Moreira Alves – tratado da posse.

TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE


1. TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY

Savigny escreveu o livro "tratado da posse" aos 24 anos de idade. A concepção


de posse era simples: a posse consistiria na conjugação de 02 elementos:
Corpus
(poder físico, material sobre a coisa)+
Animus
(o poder, o contato direito sobre a coisa, a intenção de tê-la para si).

Por ser carregada de subjetivismo, esta teoria foi duramente criticada por
Ihering. Ademais, não explicava bem a posse indireta, eis que a noção de
"corpus" não estaria nítida – tinha dificuldade de explicar situações
inequívocas de posse, como a indireta (por exemplo – locatário do
apartamento possuidor direto e o locador é possuidor indireto). A despeito de
suas falhas, indiscutivelmente, esta teoria influenciou – e influencia –
inúmeros sistemas no mundo.

1. TEORIA OBJETIVA DE IHERING

Teoria simplificada da posse. Para esta teoria objetiva, a posse traduziria o


simples exercício de poderes de proprietário, ainda que o possuidor no o
fosse. Vale dizer, exerce posse aquele que se comporta objetivamente como
se fosse proprietário, imprimindo destinação econômica à coisa.

Seu pensamento é um pouco diferente do Ihering. A posse não precisa ser


decomposta em dois elementos, por o corpus não seria requisito
independente. Seria um elemento implícito. Posse é, simplesmente uma
análise objetiva, a exteriorização da propriedade. Em outras palavras,
possuidor é a pessoa que exerce de proprietário, imprimindo destinação
econômica à coisa. Por considerar irrelevante a prova de animus (intenção de
ter a coisa como sua), esta teoria conseguiu explicar, de maneira bem mais
satisfatória, a posse indireta.

Direito internacional. Lembra a professora Mariana Santiago que a Teoria de


Savigny influenciou França, Portugal, Itália, Espanha e Argentina, ao passo
que a Teoria de Ihering influenciou Alemanha, Suíça, China, Mexico e Peru.

Direito Brasileiro. A teoria aparentemente adotada é a objetiva de Ihering


nos termos do art. 1196, reconstruída na perspectiva constitucional do
princípio da função social (influência da doutrina sociológica de Hernandes Gil
e Raymond Saleilles).

Art. 1196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o


exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.

OBS: Adverte Orlando Gomes que a teoria Saviniana interferiu em pontos


específicos do nosso sistema a exemplo da disciplina da usucapião (vide, v.g.,
no art. 1238, a referência inequívoca feita ao animus: "possuir como seu").
Para usucapir deve ter posse, tempo e "animus domini".

1. TERORIA DE KOHLER

A posse seria um instituto social, admitida para garantir a paz social (tb.
referida por Beviláqua, in "Direito da Coisas"). Trata-se de teoria sem a
importância das anteriores. Em nosso sentir, identifica-se com a própria
finalidade do direito que é, exatamente, a garantia de pacificação social.

NATUREZA JURÍDICA DA POSSE


Moreira Alves lembra-nos que existem 02 correntes.

1ª Corrente: A posse é um direito, com nítida influencia de Ihering.

2ª Corrente: A posse não é um direito. A posse é uma situação de fato


tutelada pelo direito. "A posse é como se fosse a vida é um fato protegido
pelo direito" (Pablo Stolze). Se a posse em si fosse um direito, seria um direito
real e à luz da tipicidade no art. 1225 estaria prevista neste artigo.

Questões Especiais de Concurso:

1. O que é o "fâmulo gestor ou servo da posse"? R: Trata-se do mero


detentor da coisa, aquele que conserva a posse em nome de outrem (com
mero animus detinendi), a exemplo do motorista particular ou do
bibliotecário (art. 1198).

OBS: Há, vale observar, entendimento no STJ, no sentido de que a ocupação


em área pública traduz mera detenção: MANUTENÇÃO DE POSSE. OCUPAÇÃO
DE ÁREA PÚBLICA, ADMINISTRADA PELA "TERRACAP – COMPANHIA IMOBILIÁRIA
DE BRASÍLIA". INADMISSIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. – A ocupação de
bem público não passa de simples detenção, caso em que se afigura
inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão público. – Não
induzem posse os atos de mera tolerância (art. 497 do Código Civil/1916).
Precedentes do STJ. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 489.732/DF,
Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 05.05.2005, DJ
13.06.2005 p. 310).

Critica. Ver critica de Arruda Alvim, onde diz que área publica pode ser
objeto de posse, não podendo contudo, usucapir. Material de apoio.

2. O que é "constituto possessório ou Cláusula Constituti"? R: Trata-se da


operação jurídica que altera a titularidade na posse, de maneira que, aquele
que possuía em seu próprio nome, passa a possuir em nome de outrem (Ex.:
eu vendo a minha casa a Fredie, e continuo possuindo-a, como simples
locatário).

OBS: Contrariamente a clausula constituti ocorre quando aquele que possuía


em nome alheio, passa a possuir em nome próprio - traditio brevi manu. Ex:
Caso do locatário, que adquire a propriedade da coisa locada.
3. O que é "auto-tutela da posse"? R: Trata-se de meio legítimo de auto-
defesa, exercido segundo o princípio da proporcionalidade, operando-se em
duas situações: legítima defesa e desforço incontinenti. Tais atos de defesa
devem ser moderados, e mediante o uso de meios necessários. A sua
disciplina é feita no art. 1210, parágrafo primeiro do Código Civil: "O
possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo (imediatidade); os atos de defesa
(quando a turbação ou o esbulho está ocorrendo), ou de desforço(se já
ocorreu), não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição
da posse".

4. O que é posse precária? R: É uma posse de favor. A exemplo da posse do


comodato.

6. A posse precária é lícita? R: Clovis Bevilaqua em sua obra de 1958 diz que
"A concessão de uma posse precária é lícita", pois trata-se de uma posse de
favor, podendo perdurar por vários anos não. Nota-se que não há possibilidade
de usucapir, pois falta-se um requisito um necessário (animus domini –
Savigny).

OBS: Não confundir a posse precária com vício da precariedade – que gera a
posse injusta. O vicio da precariedade pode ser evidenciado no momento em
que o detentor quebra a confiança (quebra a boa fé objetiva numa relação de
direito real), resistindo a devolução do bem por exemplo. A partir desse
momento, surge o vício da propriedade e o detentor passa a atuar com animus
domini. O proprietário poderá a seu favor, utilizar-se do arsenal das ações
possessórias.

OBS²: No momento em que aquele que possuía a título de favor rompe a boa
fé objetiva, surgindo o vicio da precariedade e a posse injusta, a doutrina
convencionou denominar esta situação de "interversão da posse".

6. O que é "interversão da posse"? R: Tal expressão traduz a transformação


ou a inversão no título a posse, como se dá na hipótese de o possuidor
precário (titular de uma posse "de favor") passar a atuar na qualidade de
legítimo proprietário. Enunciado CJF 237:

"Art. 1.203: É cabível a modificação do título da posse -


interversio possessionis - na hipótese em que o até então
possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de
oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a
caracterização do animus domini."

"Neste ponto, o detentor, havendo essa mudança, poderá usucapir a


coisa".

7. O que é "patrimônio de afetação"? R: Segundo Hércules Aghiarian, "Este


novo sistema de direito real de garantia oferece oportunidade ao incorporador
para destacar de seu patrimônio, ou de terceiros parceiros, um conjunto de
bens que será reconhecido como patrimônio autônomo. Constituído pelos
recursos obtidos com a comercialização das futuras unidades, pelas
benfeitorias a serem agregadas a suas receitas, ou mesmo o próprio imóvel
sobre o qual venha a ser edificada a incorporação. Este patrimônio constituído
responderá, quando necessário, por quebras e outras indenizações surgentes
por culpa do incorporador, em favor dos referidos promitentes-compradores,
ficando imune, aliás, às responsabilidades pessoais daquele, como se verá"
(fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6408). Consagrado na
Lei nº 10.931/04, o patrimônio de afetação visa a imprimir maior segurança
jurídica nas relações travadas no âmbito do mercado imobiliário,
especialmente em favor do consumidor. Neste sentido, informa o site Precisão
Consultoria: "Esta medida se torna relevante para evitar o que o mercado
apelidou de 'efeito bicicleta' ou 'pedalada', que significa a situação das
empresas em dificuldade econômica que desviam recursos de um novo
empreendimento para um anterior e assim sucessivamente, formando um
ciclo vicioso que tantos prejuízos já causou no passado, ainda vivos na
memória recente do país. Com a nova regra, todas as dívidas, de natureza
tributária, trabalhista e junto a instituições financeiras, ficam restritas ao
empreendimento em construção, não tendo qualquer relação com outros
compromissos e dívidas assumidas pela empresa. Dessa forma, na hipótese de
ocorrer falência da empresa construtora/incorporadora, os compradores
poderão dar continuidade à obra, contratando outra empresa no lugar da
falida, configurando o objetivo de garantir ao consumidor a entrega de imóvel
comprado na planta" (fonte:
http://www.precisao.eng.br/fmnresp/afeta.htm ).

PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES

A) QUANTO AO MODO DE EXERCÍCIO: POSSE


DIRETA E POSSE INDIRETA

Art. 1197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a
indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a
sua posse contra o indireto.

Na posse direta, o possuidor mantém o contato imediato com a coisa; Na


posse indireta esse contato não existe. Ex: Locatário (posse direta) e Locador
(possuidor indireto). Ambos

P: O que é composse? R: Trata-se da situação de posse simultânea prevista


no art. 1199: "Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada
uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos
outros compossuidores".

Nada impede que visando o melhoramento da coisa, promovam a sua divisão


Ex: Numa determinada fazenda de 03 irmãos, sendo possuidores da mesma
área acertem uma divisão entre eles para melhorar a situação econômica da
coisa – COMPOSSE PRO DIVISO (apenas para melhor utilizar a coisa).

COMPOSSE PRO INDIVISO – ocorre quando não ocorre acertamento para


melhor utilização da coisa.

B) QUANTO A
ORIGEM: POSSE
JUSTA E POSSE
INJUSTA
Art. 1200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

Posse Injusta ocorre quando for violenta, clandestina e precária (esta ultima
com vicio).

C) POSSE NOVA E
POSSE VELHA
Ex: No dia 10.10 pessoas violentamente invadem uma fazenda. Durante 08
dias, moderadamente o proprietário utilizando meios moderados tentam
investir contra os invasores sem êxito. No dia 18.10 o proprietário é
efetivamente expulso "esbulhado". A partir desse momento começa a posse
injusta.

OBS: Passado ano e dia a posse não deixa de ser injusta(Se disser isso, não
caberá ação possessória contra os invasores). Este prazo se refere ao direito
do proprietário de obter liminar a ação possessória (art. 924, CPC), mas nada
impede de pedir liminar passado esse período.

O prazo uma vez transcorrido, não oporá a posse justa, outrossim, operado o
tempo de usucapião, este bem poderá ser usucapido.

D) QUANTO AO
ELEMENTO
PSICOLÓGICO:
POSSE DE BOA-FÉ E
MÁ-FÉ
Art. 1201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo
que impede a aquisição da coisa.

Art. 1202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o


momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.

Trata-se da boa fé subjetiva. O possuidor é aquele que desconhece o vício na


sua posse (caso detenha justo título terá em seu favor presunção de boa fé);
Já o possuidor de má-fé tem conhecimento do vício que macula a sua posse
(art. 1201).

Justo Título. A doutrina clássica diz que: O justo titulo seria o ato
formalizado hábil a transferência da posse e da propriedade. Ex: Escritura de
compra e venda registrada; formal de partilha registrado".

Todavia, a doutrina moderna, relativizando a doutrina clássica, á luz do


principio da função social mitiga este entendimento para tornar despicienda a
exigência de uma escritura formal: "torna o conceito menos formalista". O
principio da função social não se coaduna com formalismos inúteis. Enuncia
303 do CJF:

"Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do


possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada
da posse, esteja ou não materializado em instrumento público
ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da
posse".

P: Posse justa é a mesma coisa que boa fé? R: não. A posse de boa ou má-fé
reside no campo psicológico. A posse justa ou injusta pode ser de boa fé ou
não. Ex: Meu avo adquire de forma injusta um terreno. Ao morrer é
transmitido os direitos hereditários para os herdeiros. A posse se transmite
com as mesmas características pela qual foi adquirida, ou seja, de forma
injusta. Os herdeiros ignorando que o seu genitor adquiriu o imóvel de forma
injusta estariam atuando de boa fé – trata-se portanto de posse injusta de boa
fé.

E) EFEITOS DA
POSSE:
1. PERCEPÇÃO DE FRUTOS/PRODUTOS

Art. 1214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela


durar, aos frutos percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a


boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas
da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos
colhidos com antecipação. OBS: Apesar da lei ser omissa, as
despesas da produção e custeio feitas pelo possuidor de boa fé
deve ser ressarcido.

Art. 1215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e


percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se
percebidos dia por dia.

Art. 1216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos


colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua,
deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

Relembrando. O fruto é uma utilidade renovável cuja percepção não diminui


a substancia da coisa principal. Por exemplo: João percebe café de sua
fazenda; bezerros das vacas, etc. Já o produto é uma utilidade não
renovável, de maneira que a sua percepção diminui a substancia da coisa
principal.Ex: carvão Mineral – este produto se esgota.

P: O possuidor de boa fé é obrigado a devolver os produtos percebidos, já


que estes não são renováveis? R: Existem na doutrina duas correntes:

1ª corrente defendida pelos grandes Flavio Tartuce e José Simão – afirmam


que os produtos por esgotarem a coisa principal devem ser devolvidos ao
proprietário ou indenizados se não puder ser devolvidos.

2º corrente capitaneada por Clovis Bevilaqua e Pablo Stolze– defende à luz do


princípio da boa fé a aplicação analógica das regras pertinentes aos frutos
(principio da eticidade).

2. RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA

Art. 1217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da


coisa, a que não der causa.

Art. 1218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da


coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam
dado, estando ela na posse do reivindicante.

À luz do art. 1217, lembrando a doutrina de Carlos Roberto Gonçalves,


podemos afirmar que o possuidor de boa-fé somente responderá quando deu
causa ao dano, ou seja, atuou com culpa ou dolo.

Já o possuidor de má-fé, lembra Flavio Tartuce, responde objetivamente nos


termos do art. 1218.

3.
BENFEITORIAS REALIZADAS NA COISA

Possuidor de Boa Fé.

Art. 1219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias


necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem
pagas, a levantá-las (jus tolendi), quando o puder sem detrimento da coisa,
e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias
e úteis.

Indenização pelas Benfeitorias Realizadas. Aplicável ao possuidor de boa –


fé, conforme art. 1219.

OBS: Direito de Retenção. As benfeitorias voluptuárias poderá ser removida


(justo tolendi) desde que não frature a a coisa principal, mas não dá o direito
de retenção.

Cuidado. Nos casos das Locações, o art. 35 estabelece que as regras é o


contrato.

Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias


necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo
locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e
permitem o exercício do direito de retenção.

Possuidor de Má - Fé.

Art. 1220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias


necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias.

P: É possível Posse de direitos(coisas incorpóreas)? R: também denominada


como quase posse.

No direito comparado, alguns códigos regulam a matéria. Ex; Art. 776 do CC


Colombiano; Art. 437 do CC Chileno; Arts. 715 do CC Chileno.

No Brasil esta matéria não é simples e guarda polemica na doutrina. No


começo do sec. XX, a teoria da posse de direitos era muito forte – quando não
havia o MS, a doutrina como Rui Barbosa, utilizavam a teoria da posse de
direitos para proteger o direito liquido e certo de forma desvirtuada por conta
da inexistência do HC.

A doutrina de hoje em dia, segundo o professor Arruda Alvim, com base no


parágrafo 90 do CC Alemão e, art. 933 do CC da Grécia, podemos concluir que
a posse refere-se a coisas tangíveis, materiais ou corpóreas – predominante no
Brasil, de maneira que, adverte Menezes Cordeiro a tese contrária somente é
admitida em situações excepcionais.

A posse de direito intelectual ou direito autoral são princípios diversos do CC


(que se refere a coisas corpóreas).
Quando for ausente a proteção é possível, como forma excepcional, é
admitida de que o direito é possuído:

- Posse do uso de linha telefônica: Pode usucapir a linha de telefone,


corporificada na sumula 193 dao STJ, Súmula nº 193. O direito de uso de linha
telefônica pode ser adquirido por usucapião. (DJU 6.8.1997)

QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE (ART. 1205)

Art. 1205. A posse pode ser adquirida:

I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;

II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

MODOS DE PERDA DA POSSE (ART. 1223)

Art. 1223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a


vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o
art. 1.196 (Art. 1196. Considera-se possuidor todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade.)

Aula 18.

DIREITO DE PROPRIEDADE
Conceito. O direito de propriedade é um direito complexo, definido no art.
1228 do CC, compreensivo das faculdades reais de usar, gozar e fruir, dispor e
reinvidicar a coisa, segundo uma finalidade social. Quando reunidos esses
direitos, fala-se que o sujeito tem a chamada propriedade plena.

Referência Legislativa.

Art. 1228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas


finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e
das águas.
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por


necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em
caso de perigo público iminente.

§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.

§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao


proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel
em nome dos possuidores.

A propriedade, seguindo um critério de utilidade ela pode ser Horizontal


ou vertical, seguindo sempre a função social.

Art. 1229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo


correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o
proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

Art. 1230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros
bens referidos por leis especiais.

Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais


de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação
industrial, obedecido o disposto em lei especial.

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE

1. DIREITO COMPLEXO: Porque é formado por um conjunto de poderes:


usar, gozar e fruir, dispor e reinvidicar;

2. DIREITO ABSOLUTO: Entende-se absoluto por ter oponibilidade erga


omnes. Outrossim, o absoluto não abrange poder fazer o que quiser
sobre a propriedade
3. DIREITO PERPÉTUO: Porque pode ser exercido indefinidamente e que,
inclusive pode ser passado a gerações;

4. DIREITO EXCLUSIVO: O exercício do direito de propriedade exclui o


direito de terceiro, ressalvada a hipótese do condomínio; de multi
propriedade;

5. DIREITO ELÁSTICO: Segundo Orlando Gomes. A propriedade admite


distensão (prolongamento) para a formação de outros direitos reais,
sem que se descaracterize como propriedade. Ex: Doação de um imóvel
de pai para filho com clausula de usufruto vitalício que, ocorrendo o
falecimento do pai, o usufruto retornará para a propriedade,
constituindo-a de forma plena como se fosse um elástico (distensão).

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE


É fundamental em qualquer prova fazer referencia sobre o referido tema.

Histórico. Antonio Richielli afirma que a primeira constituição que se


preocupou em moldar uma idéia de função social, foi a constituição de
Waimar de 1919 e, durante o século XX, esta idéia foi sendo desenvolvida pela
doutrina consolidando-a neste século.

Essa doutrina desenvolvida no século XX deve respeito a um jurista em


especial: León Duguit (As transformações gerais do direito privado – em
espanhol) – traz a idéia de que a propriedade não é mais um simples direito
absoluto; conclui que a propriedade traduz a função social de quem detém a
riqueza.

Tempos depois, outro grande jurista: Pietro Perlingieri, na mesma linha do


doutrinador León Duguit: a função social é um titulo justificativo da
propriedade, ou seja, o direito moderno não consegue mais conceber
propriedade sem função social. Significa então que exercer propriedade é
respeitar valores constitucionais.

O principio da função social por conta disso, vem esculpido em nossa CF nos
artigos:

Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade;
Assim, o nosso CC, seguindo a linha da nossa CC, logo após conceituar a
propriedade no art. 1228, em seu primeiro parágrafo já descreve a função
social:

§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades


econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

A função social pode ser ATIVA ou PASSIVA.

Sob o aspecto PASSIVO, o principio da função social impõe ao proprietário um


não fazer. Ex: Não poluir.

Sob o aspecto ATIVO, determina a exploração socioeconômica do bem. Ex:


Plantar, construir, etc.

P: A função social integra o direito de propriedade ou a função social


apenas limita o direito de propriedade? R: As duas linhas são bem
defendidas. Posto exista pensamento no sentido de a função social integrar o
conceito de propriedade, existe interessante corrente doutrinária (Arruda
Alvim e Geraldo Vilaça) no sentido de que a função social não integra a
propriedade, mas apenas limita e condiciona: O fato de o proprietário não
esteja exercendo a função social, não quer dizer que ela ira perder
automaticamente a propriedade, deverá observar um procedimento próprio
com contraditório e ampla defesa.

DIREITOS DE VIZINHANÇA
Conceito. Com base na doutrina de Santiago Dantas (o melhor neste tema)
podemos afirmar que os direitos de vizinhança traduzem um conjunto de
regras que visa a disciplinar conflitos de concorrência entre vizinhos, em prol
da harmonia social.

Natureza jurídica. Carlos Alberto Gonçalves diz que: o direito de vizinhança


são obrigações propter rem (o direito de vizinhança adere a coisa,
acompanhando-a). Ex: Quando se compra um imóvel, o direito de vizinhança
deve ser imposto ao novo proprietário obrigações propter rem.

OBS: Ver material de apoio e introduzir neste apostila – roteiro dos artigos dos
direitos de vizinhança, destacando-se: Uso anormal da propriedade, a
passagem forçada e o direito de construir.

1. USO ANORMAL DA PROPRIEDADE

Referencia Legislativa.
Art. 1277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as
interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas
pela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a


localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os
limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.

Art. 1278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as
interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o
possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.

Art. 1279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o
vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.

Art. 1280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a
demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo
dano iminente.

Art. 1281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer
obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o
prejuízo eventual.

Conceito. Significa o exercício do direito de propriedade em desconformidade


com a sua finalidade social. Quem usa a sua propriedade de maneira anormal
pode responder por dano material ou moral.

OBS: Segundo Arnoldo Wald: O critério utilizado para se aferir o uso


anormal da propriedade, segundo o parágrafo único do art. 1277 é o da
finalidade social em face do zoneamento urbano, e não o critério da pré-
ocupação
(quem construiu primeiro).

P: O que é ação de Dano Infecto? R: Trata-se de uma ação judicial que visa a
acautelar proprietário que se encontre na iminência de sofrer prejuízo em
face das condições do prédio vizinho (art. 1280).

1. PASSAGEM FORÇADA

Referencia Legislativa.

Art. 1285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto, pode,
mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo
rumo será judicialmente fixado, se necessário.

§ 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à


passagem.

§ 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso à via
pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3º Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia
passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a
dar uma outra.

Conceito. A passagem forçada é o direito que assiste ao dono do prédio


encravado de reclamar do vizinho que lhe deixe passagem, mediante
pagamento de indenização.

OBS: À luz do principio da função social, com base na doutrina de Carvalho


Santos e no Enunciado 88 do CJF, admite-se passagem forçada também,
quando o acesso existente é inadequado.

CJF: Nº 88. "O direito de passagem forçada, previsto no art. 1.285 do CC, também é garantido
nos casos em que o acesso à via pública for insuficiente ou inadequado, consideradas,
inclusive, as necessidades de exploração econômica".

P: Passagem forçada é a mesma coisa que servidão? Não.

OBS: Nos termos dos parágrafos 2º e 3º do art. 1285, caso o encravamento


decorra de alienação parcial o novo proprietário (adquirente) sofrerá a
passagem. Ex: A vendendo parte do seu imóvel para B e nesta parte existia
uma saída para via publica, é sobre este novo proprietário que deverá ser
feita a passagem e não procurá-la por outro proprietário.

1. DIREITO DE CONSTRUIR

O direito de construir vem regulado a partir do artigo Art. 1299 a 1313. Será
colocado os mais importantes:

Art. 1299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo
o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

Art. 1300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas,
diretamente, sobre o prédio vizinho.

Art. 1301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e
meio do terreno vizinho (zona urbana; na zona rural são 3 metros - art. 1303). Visa o direito a
privacidade. Conta-se da divisa e não da residência.

§ 1º As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não
poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.

§ 2º As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores
de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros
de altura de cada piso.

Exceções:
- Se abrir uma parede de tijolos de vidro opaco, o STF Súmula nº 120.
Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser levantada a menos de metro e
meio do prédio vizinho, não importando servidão sobre ele.

- Abertura para luz e ar (Ex. comungol).Pode ser feito a menos de metro e


meio, desde que respeite o parágrafo 2º, do art. 1301.

P: A proibição do CC abrange também a visão indireta ou oblíqua? R: No


caso da visão indireta que não é frontal, o STF editou uma sumula sobre isso,
mantendo a proibição: Súmula nº 414. Não se distingue a visão direta da
oblíqua na proibição de abrir janela, ou fazer terraço, eirado, ou varanda, a
menos de metro e meio do prédio de outrem. No entanto, o professor Pablo
diz que tem a impressão que esta sumula esta prejudicada por conta do
parágrafo 1º do art. 1301 (tendo a impressão de que permitiu).

OBS: Enquanto a obra irregular estiver sendo feita cabe o embargo, por meio
da ação de nunciação de obra nova; mas uma vez concluída a obra, o
proprietario prejudicado poderá ajuizar ação demolitória com prazo de ano e
dia (art. 1302 e Resp 311 507 AL.)

Art. 1302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se
desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá,
por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou
dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.

Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade,
altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro,
ainda que lhes vede a claridade.

MODOS DE PERDA DA PROPRIEDADE IMOBILIARIA.


Tema bastante importante. São dois artigos importantes que caem ipsi literis.

Art. 1275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

I - por alienação;

II - pela renúncia;

III - por abandono;

IV - por perecimento da coisa;

V - por desapropriação.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão
subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.

Abandono do imóvel.
Art. 1276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o
conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do
Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.

§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer
que ele se localize.

§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,


cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

OBS: Este parágrafo 2º é alvo de inúmeras criticas doutrinárias. Diz o


professor que este artigo é flagrantemente inconstitucional. Trata-se de uma
forma velada de confisco, a presunção teria que ser relativa e não absoluta.
Por conta disso, a Jornada diz que:

Nº 243. A presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a
contrariar a norma-princípio do art. 150, IV, da Constituição da República.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE


IMOBILIARIA.
Tem-se fundamentalmente 03 modos:

1. REGISTRO.

O Direito adotou o sistema Romano: Para que haja a aquisição da propriedade


é preciso que exista um título e uma solenidade. Em geral o titulo é um
contrato.

Quem não registra o contrato não é dono – esta é uma solenidade exigida para
aquisição da propriedade. Não basta apenas o título, deve ter a solenidade
que é o registro público. O registro que importa é o registro no CARTÓRIO
IMOBILIÁRIO.

OBS: O registro no cartório de registro e documentos não basta.

Art. 1245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no
Registro de Imóveis.

§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como
dono do imóvel. Trata-se de uma presunção relativa de veracidade.

§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do


registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do
imóvel.
Art. 1246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do
registro, e este o prenotar no protocolo.

OBS: A regra geral do sistema de registro imobiliário brasileiro é no sentido da


presunção relativa de veracidade do ato registrado. Significa portanto que o
apartamento que esta em seu nome firma uma presunção relativa de
veracidade.

Exceção: No Brasil existe um tipo de registro que cria uma presunção absoluta
de veracidade de domínio. É utilizado para imóveis rurais. A dificuldade é
muito grande para conseguir fazer um registro torrens –este registro firma
uma presunção absoluta de veracidade.

1. ACESSÃO.

Conceito. A acessão, natural ou artificial, traduz modo de aquisição de


propriedade, mediante união física de uma coisa à outra, com conseqüente
aumento de volume da coisa principal. É um modo de adquirir propriedade
imobiliária e não se confunde com benfeitoria por dois motivos básicos:

• A acessão pode ser natural e a benfeitoria nunca;


• A acessão indica um aumento de volume, um ganho de propriedade.

A acessão pode se dar de forma natural ou artificial:

Art. 1248. A acessão pode dar-se:

I - por formação de ilhas; Forma Natural

II - por aluvião; Forma Natural

III - por avulsão; Forma Natural

IV - por abandono de álveo; Forma Natural

V - por plantações ou construções. Forma Artificial

DAS ILHAS

Art. 1249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares


pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras
seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos
aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas
testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;

II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-


se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio


continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se
constituíram.

DA ALUVIÃO

Aluvião própria. Aluvião se dá quando o aumento de propriedade ocorrer de


maneira lenta, contínua.

Art. 1250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por


depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo
desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem
indenização.

Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de


proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de
cada um sobre a antiga margem.

Aluvião imprópria. Decorre da retração de águas dormentes.Ex: Numa


fazenda A tem-se uma lagoa que faz divisa com outra fazenda B. A água da
superfície da lagoa vai secando e vai fazendo margem para a fazenda A.

DA AVULSÃO

Art. 1251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se
destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a
propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.

Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do


prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer(concordar) a que
se remova a parte acrescida.

Critica a este parágrafo único. Como o antigo proprietário vai retirar a parte
de terra?

DO ÁLVEO ABANDONADO
É o leito do rio que seca.

Art. 1252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários


ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos
terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios
marginais se estendem até o meio do álveo.

DAS CONSTRUÇÕES E PLANTAÇÕES

Art. 1253. Toda construção ou plantação existente em um terreno


presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o
contrário.

Art. 1254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio


com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade
destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por
perdas e danos, se agiu de má-fé.

Tem-se a velha e clássica regra da vis (força) atrativa do solo. Aquilo que se
constrói e planta se torna de propriedade do dono do solo.É aplicável nos arts.
1254 e 1255.

Art. 1255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio


perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.

Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder


consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou
ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da
indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.

Ver material de apoio.

Art. 1256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as


sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.

Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de


construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.

Art. 1257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não


pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os
empregou em solo alheio.

Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá


cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-
la do plantador ou construtor.

Art. 1258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo


alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor
de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção
exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também,
o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.

Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste


artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que
invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção
exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção
invasora sem grave prejuízo para a construção.

Art. 1259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio


exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo
invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão
acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área
remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu,
pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.

1. USUCAPIÃO.

P: Usucapião é gênero masculino ou feminino? R: Embora exista divergência


liguistica e o legislador prefira a utilização do gênero feminino, Caldas Aulete
prefere usar o tema masculino. Para o concurso é preferível o uso do gênero
feminino, embora a matéria seja polemica.

Essência. A usucapião tem em sua essência o decurso do tempo, razão por


que, quanto a natureza jurídica é uma forma de prescrição aquisitiva.

As causas que suspendem, interrompem ou impedem o prazo prescricional do


Código Civil são aplicáveis ao usucapião.

Conceito. Trata-se de um modo originário de aquisição de propriedade ou


outros direitos reais, por meio da posse pacífica e contínua, por determinado
lapso de tempo previsto em lei.

REQUISITOS

1. Coisa suscetível de ser usucapida. Nem tudo é passível de usucapião


(Ex: Bens Públicos).

OBS: Existe entendimento forte, no próprio STF (RTJ 106.770) bens gravados
com clausula de inalienabilidade não são suscetíveis de serem usucapidos.

OBS: José Carlos de Morais Salles (mais completo livro de ususcapião) lembra
citando jurisprudência (JTJ 157.198) sustenta eu é forte o entendimento no
sentido de que o condômino pode usucapir área comum, desde que exerça
posse exclusiva.
Seguindo essa linha, o herdeiro pode usucapir bem de inventário, desde que
se configure os requisitos do usucapião.

1. Posse mansa, contínua e com animus domini.

OBS: Vale lembrar que o artigo 1243 admite a ACESSIO POSSESSIONIS (a soma
de posses) para efeito de usucapião.

Art. 1243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes,
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam
contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

1. Tempo previsto na lei.

P: É possível usucapir coisa obtida criminosamente? R: Rau Chaves escreveu


obra clássica a respeito do tema intitulada "A usucapião e o crime". Diz que o
criminoso poderá usucapir coisa adquirida criminosamente. Pontes de Miranda
diz que é possível adquirir o usucapião extraordinário (aquele que independe
da boa ou má fé) de coisa criminosamente. Na mesma linha, a jurisprudência
que segue a linha do usucapião extraordinário (Resp. 247.345 MG; AC
1900.12799 do TJRS).

OBS: Vale acrescentar que enquanto a prescrição penal não tiver se operado
ou estando ainda em curso a própria ação penal o direito do usucapienti não
pode ainda ser reconhecido pois se se trata de produto de crime.

ESPÉCIES DE USUCAPIÃO DO CODIGO CIVIL


1. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA

É aquele que independe de justo título e de boa fé. CC

Art. 1238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer
ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços
de caráter produtivo (chamada de POSSE TRABALHO).

1. FORMAS ESPECIAIS DE USUCAPIÃO

É a reprodução integral da CF (art. 191 para rural e art. 183 para urbano):

RURAL.

Art. 1239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

OBS: O enunciado 313 da 4ª Jornada diz que: 313. "Quando a posse ocorre
sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da
usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se
quer usucapir". Serve para a área urbana ou rural.

Usucapião Indígena. Não deve ser confundido com o usucapião rural. O


Estatuto do índio, em seu art. 33, diz que o índio pode adquirir em 10 anos.

URBANO.

Art. 1240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a


ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor


mais de uma vez.

Ver artigos 09 e 10 do Estatuto da Cidade.

Da usucapião especial de imóvel urbano

Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.

§ 1º O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil.

§ 2º O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.

§ 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu
antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por
população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são
susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua
posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante
sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.

§ 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor,


independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo
deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de
execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.

§ 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por


maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou
ausentes.

OBS: No STF RE 305.416 RS, discute-se o usucapião especial de imóvel urbano


de apartamento. O Min. Marco Aurelio diz que é possível. Atualemente o
recurso encontra-se com vistas aos MIn. Carlos Ayres.

1. USUCAPIÃO ORDINÁRIO

Art. 1242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com
justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.

Ex: A compra um imóvel, mas não sabia que o titulo tinha um vício. Neste
caso, exercido função social da posse, o prazo cai para 5 anos.

COMENTÁRIOS AOS INUSITADOS, SENÃO, DESASTRADOS PARÁGRAFOS 4º E


5º DO ART. 1228.

§ 4º O proprietário (imóvel rural) também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de
considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.

A doutrina não consegue entender a natureza jurídica.

• Arruda Alvim e outros afirmam que esses parágrafos consagram uma


FORMA ESPECIAL DE USUCAPIÃO.
• Uma outra linha da doutrina (Monica Castro) afirma que se trata na
verdade de uma DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL.
• Uma terceira linha, defendida por Freddie Diddier, consagrada nos
enunciados, afirmam que os parágrafos traduzem uma EXCEÇÃO
PROCESSUAL:

CJF, Nº 310. Interpreta-se extensivamente a expressão "imóvel reivindicado" (art.


1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no possessório.

O parágrafo 4ª remete a lembrança dos sem terra.

A polemica dos artigos ainda não estão resolvidas.


§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome
dos possuidores.

O pagamento da indenização é feita por quem? R: a posição que esta sendo


consolidada, defendida por Arruda Alvim, diz que os próprios possuidores
pagaram ao proprietário. Significa dizer que o proprietário não receberá nada,
porque quem ocupa essa área são possuidores de baixa renda.

Nº 84: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º
e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios
responsáveis pelo pagamento da indenização.

Tentando resolver esse problema, o enunciado 308 diz que:

A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5º)
somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas
de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha
havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa
renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.

Como se obriga um município ou a união, não tendo previsão legal prevendo


isso? Como fica a lei de responsabilidade fiscal? E o contraditório e a ampla
defesa?

Na pratica esses artigos estão fadados ao insucesso.

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AÇÕES POSSESSÓRIAS – ASPECTOS PROCESSUAIS

1. A primeira coisa a saber é: o que é uma ação possessória?

A posse é um fato (não é direito). A pessoa esta com a coisa em mãos agindo
como se fosse dono dela. Esse fato (posse) quando se soma a um outro fato
ela gera direitos. Exemplos:

• 1º fato (posse) + 2º fato (tempo): pode gerar a aquisição da


propriedade de um imóvel
• 1º fato (posse) + 2º fato (boa-fé): pode gerar a direito a frutos
• 1º fato (posse) + 2º fato (ato de violência): pode gerar direito a
proteção possessória.

Posse é um direito que aliado a outro fato (ato de violência) gera um direito a
proteção possessória.

Assim, a ação possessória é a ação pela qual se exercita um direito a proteção


possessória que decorre do fato de ser possuidor e ter sofrido uma espécie de
violência.
Esse ato de violência pode ser de três espécies, que, presente um deles, gera
o direito a proteção possessória:

• Ameaça
• Esbulho (privação da posse)
• Turbação

Embora tenha o objetivo de proteção, no final das contas, embora tenha três
espécies de violência, a possessória quer sempre a mesma coisa, proteger o
possuidor.

• Quando se quer proteger contra o esbulho, tem a ação de reintegração


de posse
• Quando se quer proteger contra turbação, tem a ação de manutenção
de posse
• Quando se quer proteger contra ameaça, tem a ação de interdito
proibitório

1. Fungibilidade

Uma ação possessória é substancialmente igual a outra, pois todas visam a


proteção da posse. Por isso se diz (e o CPC admite isso) que as ações
possessórias são fungíveis. O autor pode ingressar com ação de esbulho, mas
pode ser caso de turbação – o juiz Irã analisar os fatos e dará o direito
necessário.

1. Outros meios de defesa

Existem algumas ações que servem a proteção da posse, mas não são
possessórias, por não veicular a posse. Parecem possessória, mas não o são
(tem apenas o caráter de proteger a posse), porque não veiculam o direito a
ação possessória. Ex: ação de despejo (ação pessoal) que tem por objetivo de
valer o direito do locador, mas também serve para proteger o direito do
possuidor; Nuciação de Obra nova.
1. P: As ações possessórias são reais ou pessoais? R: Nenhum. As ações
possessórias são possessórias, ou seja, tem regime próprio. Outrossim,
pode ser mobiliária ou imobiliária.

1. Competência nas ações possessórias

Se a possessória for imobiliária a competência é da situação da coisa e é


absoluta.

Se a possessória for mobiliária a competência é a regra geral, ou seja, do


domicílio do réu. Trata-se de uma competência relativa.

1. Temos que aprender a distinguir:

• Direito a proteção possessória que é objeto da ação possessória –


chamado de ius possessiones. Nas ações possessórias, não se discute o
direito de possuir, discute-se a posse e não o direito de possuir. Trata-
se de uma ação pura, imaculada: só se discute posse.

Em ação possessória não se discute domínio. Não obstante, é certo que o


possuidor, além de ter direito a proteção possessória, ele é também titular do
domínio. Geralmente quem entra com ação possessória alega além de ser
possuidor, também é dono (esse ultimo fato é irrelevante para ação
possessória).

• Outra coisa, que é bem diferente: direito de possuir que é anterior ao


direito de proteção possessória. O direito de possuir pode derivar do
contrato, pode derivar da lei, pode ser de direito real, pessoal. Ele é
chamado de ius possidendi. É objeto das chamadas ações petitórias
(ex: ação de usucapião, ação reinvidicatória, etc) que servem para
veicular o direito de possuir.

1. Papel do domínio na ação possessória

P: Será que há algum caso em que o domínio é relevante em possessória?


R: Há dois casos que compreende exceção:
- 1º caso: Se ambas as partes alegarem domínio, a jurisprudência
firma-se no sentido de que é preciso dar a posse a quem tiver o
domínio.

- 2º caso: Se ambas as partes não conseguem provar a posse. É preciso


dar a quem tiver o domínio.

Assim, define o STF: Súmula nº 487. Será deferida a posse a quem,


evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada.

O NCC pretendeu eliminar completamente o domínio em ação possessória. Só


que não é possíve, porque esses dois fatos acima podem acontecer.

1. Como se aplica o art. 923 na ação possessória (interpretação)

CPC, Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu,
intentar a ação de reconhecimento do domínio.

Na literalidade da lei: se há uma ação possessória pendente, não pode autor


ou réu, propor uma ação petitória sobre aquele bem. Esse artigo define o
seguinte: quando terminar a ação possessória, discute-se a ação petitória.

Se a ação possessória pendente for uma ação em que a alegação de domínio é


irrelevante, essa proibição não se aplica, seria algo desproporcional.
Interpreta-se, portanto, o art. 923 em que nas ações possessórias o domínio é
irrelevante. Ele (art. 923) só vai se aplicar na pendência de ações possessórias
nas quais o domínio for relevante.

1. Interpretação da Súmula nº 228 do STJ: É inadmissível o interdito


proibitório para a proteção do direito autoral. (DJU 20.10.1999)

Não cabe ação possessória para proteger direitos autorais. Direitos autorais
não são objetos de posse (esta recai sobre coisas materiais).

Direitos não são possuídos, posse é somente aquilo que se tenha matéria.

A proteção dos direitos autorais encontra-se no art. 461 do CPC.

1. Possuidor direito e indireto.


As vezes a posse é dividida entre dois sujeitos. Possuidor direto e indireto:
ambos são possuidores. Embora só um tenha a coisa em suas mãos. Ambos
podem se valer das ações possessórias.

Ex: Locador é possuidor indireto, o inquilino é possuidor direto. Ambos podem


ingressar com ação possessória, inclusive um contra outro.

1. Função Social da Posse

Numa ação possessória eu tenho de provar a posse e a violência.

Hoje em dia, muita gente defende que é preciso provar um terceiro


elemento, que decorreria diretamente da constituição, trata-se, portanto, de
um pressuposto constitucional: fala-se que é preciso provar a função social da
posse, pois somente a posse exercida com função social é digna de proteção.

Fala-se que a função social da propriedade exige-se a função social da posse,


por isso é preciso exigir como pressuposto da ação possessória o cumprimento
da ação possessória.

Ver artigo do professor no site: reflexo da função social da posse nas ações
possessórias.

1. Tutela antecipada da evidência

As ações possessórias tem uma grande peculiaridade: Possibilidade de uma


tutela antecipada possessória – liminar possessória.

Essa tutela antecipada dispensa a demonstração de perigo, apenas o fumu


boni iure. Assim, basta ao autor provar a posse e a violência. Trata-se de uma
grande peculiaridade, pois apara se obter uma tutela antecipada contra o réu,
tem-se que demonstrar o perigo, o que não ocorre nesse caso.

Isso é que torna as ações possessórias diferente: Tutela antecipada que


dispensa o perigo é uma tutela antecipada da evidência (caiu no MP).

Essa tutela pode ser dada:

• Com audiência de justificação de posse:


• Sem audiência de justificação de posse:

P: Nessa audiência de justificação da posse, para que o juiz conceda ou


não a liminar, o réu participa dessa audiência de justificação? R: Participa,
podendo até inquirir as testemunhas que o autor por ventura leve. Assim,
existe o contraditório nessa audiência.

Peculiaridade: Não cabe tutela antecipada possessória contra o poder


público sem ouvi-lo. O poder público tem de ser ouvido antes de conceder
tutela antecipada. CPC, art. 928:

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.

1. Prazo de ano e dia

O CC de 1916 previa o seguinte: O possuidor só teria esse direito ao


procedimento especial da possessória se ele entrasse com a ação possessória
se ele entrasse com ano e dia a contar da violência. Ultrapassado esse prazo,
seria ação possessória comum;

O CPC de 1973 repete essa assertiva.

No entanto, com o advento do NCC, não fala mais no prazo de ano e dia. Daí,
surge o problema: o prazo de ano e dia ainda existe? A previsão do CPC é
suficiente para suprir a omissão do NCC? R: Ainda se admite o prazo de ano e
dia com base no CPC, não obstante a omissão legislativa do NCC, pois é ele
que vai disciplinar se o procedimento é ordinário ou comum.

P: Se entra com possessória ultrapassado o prazo o procedimento é


ordinário. Mas cabe tutela antecipada na ação possessória comum? R:
Cabe. É aquela tutela antecipada comum que cabe para qualquer pessoa em
qualquer processo, que deve ser exigido a provação da urgência e
demonstração de perigo. Mas aquela tutela diferenciada não (esta tutela só
cabe para ano e dia).

1. Resposta do Réu na ação possessória

Com a resposta do réu a ação possessória vira ordinária. Assim, as nuancias da


ação possessória só tem de diferente dos procedimentos comuns até a defesa,
após esta, segue o caminho normal.
1. Peculiaridades.

1. Ação possessória é ação dúplice: O Réu na ação possessória, na sua


contestação, pode pedir duas coisas:

• Proteção possessória em face do autor


• Indenização

OBS: O autor da ação possessória também pode pedir proteção possessória


e indenização. Só que o autor da ação possessória ainda pode fazer outros
dois:

• Pedir a demolição de eventuais construções


• Pedir uma multa para o caso de nova violência

Assim, o autor pode formular até 04 pedidos. E o réu em sua defesa 02


pedidos.

P: Cabe reconvenção em possessória? R: Cabe reconvenção, desde que, se


peça algo distinto da proteção possessória e da indenização. Ex: Pode se pedir
uma resolução contratual entre os litigantes.

1. É na defesa da ação possessória que o réu alega o direito de


retenção

P: E na defesa da ação possessória o réu pode alegar usucapião? R: Pode


até alegar, mas pode ser que isso seja irrelevante, por ser matéria de
domínio.

Postado por Dayvid C. Pereira às 09:21 1 comentários Links para esta postagem

AÇÃO DE USUCAPIÃO – ASPECTOS PROCESSUAIS

1. Natureza Jurídica

Trata-se de uma ação meramente declaratória. O objetivo é declarar a


aquisição de um direito real por usucapião. Não se adquire o bem com ação,
posto que o bem já foi adquirido pelo usucapião.

É importante perceber que a ação de usucapião é uma ação para reconhecer


que o Autor é um titular de qualquer direito real (enfiteuse, usufruto,
propriedade, etc).

Trata-se de uma ação real, que pode ser mobiliária ou imobiliária, conforme
o bem usucapido.
1. Procedimentos de Usucapião

Existem vários procedimentos para ação de usucapião.

1. Se o objetivo é ingressar com ação de usucapião de móvel: o


procedimento é comum, não tendo nenhuma diferença com as ações
comuns. Livros mais antigos acabam por colocar como se fosse
procedimento sumário, mas não o é, pode ser sumário, mas não
necessariamente.

2. Se o objetivo é ingressar com ação de usucapião de imóvel: Pode


assumir 1 de 03 procedimentos:

1. Se pretendo ir ao judiciário pretender usucapião comum de


imóvel (ordinário ou extraordinário) previsto no CC, o
procedimento é especial, previsto nos artigos 941 a 945 do CPC;

2. Se pretendo ir ao judiciário pretender usucapião especial de


imóvel rural (previsto na CF para pequenas propriedades Rurais,
na qual se trabalha nela), a Lei que regula é a Lei 6.969/81.

3. Se pretendo ir ao judiciário pretender usucapião especial de


imóvel urbano (previsto na CF, para pequenas propriedades), a
Lei que regula é a do Estatuto da Cidade.

P: E se quiser obter o reconhecimento de terra devoluta? R: A CF diz que as


terras devolutas pertencem ao poder público e esse é o entendimento que
prevalece. O problema é que até 1988 era possível usucapir terra devoluta, a
partir dessa data é que surge as discussões doutrinárias. Desta feita, pode ser
que até 1988 o cidadão já tenha usucapido a terra devoluta e desta é que
surge a dúvida maior: Pode o cidadão ingressar com ação de usucapião dessa
terra? O procedimento para reconhecer a usucapião de terra devoluta é o
procedimento da Lei 6.969/81 que também regula o usucapião de terra
devoluta. Trata-se de uma pegadinha.

1. Competência

A ação de usucapião de móvel, mobiliária, segue a regra geral de que deve ser
proposta no domicilio do réu.

Já a ação de usucapião imobiliária, a competência é a do foro da situação da


coisa que tem competência absoluta.

OBS: Na ação de usucapião especial de imóvel Rural vale a regra de que um


juiz estadual pode julgar causa envolvendo ente federal, se lá não houver
sede da justiça federal. Portanto, é uma das ações que podem tramitar na
justiça estadual mesmo que envolver ente federal. Trata-se de outra
pegadinha. Veja a Súmula 11 do STJ: "A presença da União ou de qualquer de
seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro
da situação do imóvel". (DJU 1.10.1990)

1. Legitimidade Ativa

Quem vai propor a ação de usucapião é o sujeito que diz ser o usucapiendi.

OBS: Lembre-se, porém que se a ação de usucapião for imobiliária, será


preciso o consentimento do cônjuge para propor ação imobiliária (CPC, art.
10), outrossim, essa exigência não se aplica se o casamento for em regime de
separação absoluta.

Os herdeiros também podem propor a ação de usucapião.

P: E se se tratar de usucapião especial, os herdeiros herdam a usucapião


especial?R: A usucapião especial é muito personalíssima. A dúvida surgiu
quanto a sucessão aos herdeiros, que acabou sendo dizimada com o Estatuto
da Cidade, que trouxe uma previsão específica para usucapião de imóvel
urbano, em seu art. 9º, que pode ser aplicado por analogia ao usucapião
especial rural:

§ 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno


direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por
ocasião da abertura da sucessão.
1. Legitimidade ativa para usucapião coletivo

O Estatuto da Cidade previu essa possibilidade, onde várias pessoas que


ocupam uma grande área em condomínio.

A Associação de Moradores tem legitimidade para ingressar no pólo ativo e/o


passivo na ação de usucapião. Trata-se de uma legitimidade extraordinária.

1. Legitimidade passiva para Usucapião de Imóvel

1. Réus certos. Deve ser citados necessariamente.

• Deve ser citado aquele sujeito em cujo nome o imóvel está


registrado.
• Deve ser citado também todos os confinantes (vizinhos que faz
fronteira).

OBS: Lembre-se que os cônjuges devem ser citados, porque se trata de ação
real imobiliária (art. 10 do CPC).

OBS²: Se por ventura não souber onde os réus se encontrem, a citação deve
ser feita por edital, se eles não aparecerem, o juiz terá de nomear curador
especial.

1. Quanto aos réus incertos

Independentemente da segunda observação, em toda ação de usucapião tem


que se fazer citação por edital. Tem por objetivo de citar os terceiros
interessados.

Se nenhum deles comparecerem, não se nomeia curador especial. O curador


especial é para apenas réus certos.

1. Além disso, em toda ação de usucapião tem de intimar por CORREIO


todas as fazendas públicas.
1. STF, Súmula nº 263. O possuidor deve ser citado,
pessoalmente, para a ação de usucapião.

A dúvida surge: O possuidor não é o autor da ação de usucapião? R: Eu posso


ter usucapido a coisa e não ser mais o possuidor dela. A lógica da sumula é: se
o autor da ação não é mais o possuidor da coisa, ele tem de citar o atual
possuidor da coisa.

A sumula se referia ao Código de Processo Civil de 1939 (Decreto-Lei nº 1.608)


- art. 177, inciso I; e art. 455, § 2º, onde dizia que devem ser citados todos os
interessados, sem mencionar quais eram, portanto, era um sistema aberto
que precisava de interpretação.

Outrossim, com o advento do CPC de 1973, houve previsão expressa de quais


pessoas deveriam ser citadas, revogando por via de conseqüência a referida
sumula do STF.

1. Litisconsórcio necessário por força de Lei.

O autor tem de citar todos os réus certos, por ser litisconsórcio necessário
simples, por força de lei.

O litisconsórcio necessário é simples porque na ação de usucapião o juiz vai


acertar a relação com o sujeito cujo nome está registrado o imóvel, e vai
acertar a relação com cada um dos vizinhos estabelecendo os limites do
imóvel. Assim, conclui-se que a ação de usucapião também tem fins
demarcatórios sendo por conta disso que ocorre a citação dos confinantes.

1. Peculiaridades do Processo de Usucapião

2. Na ação de usucapião de Imóvel é preciso juntar a planta do imóvel.


Essa planta é um documento indispensável para a propositura da ação
de usucapião.

3. Esse documento não se aplica, não se exige na ação de usucapião


especial Rural.Lei 6969/81:
Art. 5º Adotar-se-á, na ação de usucapião especial, o procedimento
sumaríssimo, assegurada a preferência à sua instrução e julgamento.

§ 1º O autor, expondo o fundamento do pedido e individualizando o imóvel,


com dispensa da juntada da respectiva planta, poderá requerer, na petição
inicial, designação de audiência preliminar, a fim de justificar a posse, e, se
comprovada esta, será nela mantido, liminarmente, até a decisão final da
causa.

4. A ação de usucapião Rural é isenta de custas, porque a Lei dispensa.

5. Em toda ação de usucapião de imóvel o MP intervém.Tem a função de


fiscalizar os registros públicos, por conta disso, se faz a necessidade do
ingresso do parquet no processo.

6. O usucapião pode ser alegado como defesa. Ex: Se terceiro entra com
ação reivindicatória, o réu na defesa pode alegar o usucapião. Desta
feita, o usucapiendo pode ingressar com ação de usucapião ou como
defesa:

- Se ele entra com a ação e ganha, ele pode ir ao registro público colocar o
bem em seu nome.

- Se ele utiliza o usucapião como defesa, ele não pode transferir o bem
em seu nome, somente se pode fazer isso com a ação de usucapião.
Nota-se que na defesa, o MP não é obrigado a intervir, justamente
porque não ocorre nenhum registro.

1. A usucapião especial (rural ou urbana) alegada em matéria de defesa se


for acolhida, permite a mudança no registro. Neste caso, o MP deve
intervir, porque por ter conseqüência registrais. Lei 6969/81: Art. 7º
A usucapião especial poderá ser invocada como matéria de defesa,
valendo a sentença que a reconhecer como título para transcrição no
Registro de Imóveis. Esta regra é idêntica ao Estatuto da Cidade.

Assim: O MO deve intervir nas ações de usucapião de imóvel; na defesa de


usucapião de imóvel ele não intervém, a não ser de usucapião especial. No
caso de usucapião de móvel ele não intervém a não ser que tenha incapaz e
será por esse motivo que ele intervirá.

1. Na ação de usucapião Rural pode cumular com proteção possessória.


Lei 6969/81: Art. 9º O juiz de causa, a requerimento do autor da ação
de usucapião especial, determinará que a autoridade policial garanta a
permanência no imóvel e a integridade física de seus ocupantes,
sempre que necessário.
2. Até 1994, a ação de usucapião de imóvel prevista no CPC, exigia
uma audiência preliminar de justificação de posse.

O autor tinha que provar por testemunha a sua posse e somente se ficasse
provado minimamente a ação prosseguia, se não conseguisse a ação era
extinta. Era uma espécie de filtro, para evitar ações temerárias.

Essa audiência foi extinta, não há mais essa obrigatoriedade. Não há mais
essa audiência de justificação de posse na ação de usucapião como filtro da
ação.

O Problema surge: na ação de usucapião rural, por conta daquela previsão de


liminar possessória, ainda se permite (não se obriga) uma audiência de
justificação de posse para ver se a liminar será concedida ou não. A audiência
de justificação de posse na usucapião especial rural tem outro objetivo: É
para ver se a liminar será ou não concedida. Essa audiência tem outra
natureza. Isso foi pergunta para defensor público do Ceará.

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