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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA


Máquinas Eléctricas II
3ºAno
GRUPO I

Tema:
Resumo da cadeira de Máquinas Eléctricas I
- Electromagnetismo, Transformadores, Autotransformadores e Máquinas de Indução.

Discentes: Docentes:
IAVANO, Abudo Eng.o Martinho Gafur

NHONE, Américo Eng.o Daniel Mbaze

MAGENGE, Anselmo

NEVES, Aquimo

Songo, Julho de 2021


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO
CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA
Máquinas Eléctricas II
3o Ano
GRUPO I

Tema:
Resumo da cadeira de Máquinas Eléctricas I
- Electromagnetismo, Transformadores, Autotransformadores e Máquinas de Indução.

Trabalho elaborado pelos estudantes do 1o


Grupo, da cadeira de Máquinas Eléctricas II
do curso de Engenharia Eléctrica, do
Instituto Superior Politécnico de Songo, a ser
entregue ao Engo. Martinho Gafur e Engo.
Daniel Mbaze, para fins de avaliação.

Songo, Julho de2021


Resumo

A energia eléctrica é a forma de energia mais utilizada do mundo porque ela é única forma de
energia cujo controlo, transporte e conversão em outras formas de energia são relativamente
fáceis. A engenharia eléctrica engloba a produção, transporte, distribuição e utilização de
energia eléctrica e as máquinas eléctricas são amplamente empregadas em todas áreas que
abrangem a engenharia eléctrica.
A energia mecânica pode ser convertida em energia eléctrica, e vice-versa, através das
máquinas eléctricas.
Uma máquina eléctrica é um dispositivo que pode converter tanto a energia mecânica em
energia eléctrica (gerador), a energia eléctrica em energia mecânica (motor), assim como
converter energia eléctrica CA de um nível de tensão em energia eléctrica CA de outro nível de
tensão (transformador).
Em muitos casos é encontrada a seguinte classificação para as máquinas eléctricas:
✓ Máquinas estáticas: transformadores;
✓ Máquinas rotativas: geradores e motores, que podem ser de corrente contínua ou de
corrente alternada.
Todas as máquinas – tanto as rotativas quanto as estáticas – funcionam segundo a lei de
Faraday de indução electromagnética e a lei de Lenz.
Nas máquinas rotativas, existe sempre uma parte fixa - estator - e uma parte móvel - rotor. Nos
geradores, o movimento de rotação do rotor provoca o aparecimento de uma f.e.m. no estator.
Nos motores, a aplicação de uma f.e.m. ao estator provoca o movimento de rotação do rotor.
Utilizam-se os termos indutores e induzido para representar a causa e o efeito, respectivamente,
de um gerador ou de um motor. No caso dos motores, o indutor é o estator, provocando uma
força de rotação induzida no rotor (sendo este o induzido).
Índice

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos...................................................................................................................... 1

1.1.1. Objectivo geral ....................................................................................................... 1

1.1.2. Objectivos específicos ........................................................................................... 1

1.2. Metodologia de investigação ......................................................................................... 2

2. RESUMO DE ALGUNS TÓPICOS DA CADEIRA DE MÁQUINAS ELÉCTRICAS I .. 3

2.1. Electromagnetismo ........................................................................................................ 3

2.1.1. Circuito magnético ................................................................................................. 3

2.1.2. Densidade de Fluxo Magnético ............................................................................. 3

2.1.3. Relação entre o campo e a corrente ....................................................................... 5

2.1.4. Permeabilidade ....................................................................................................... 6

2.1.5. Curva de Magnetização.......................................................................................... 7

2.1.6. Curva de Histerese ................................................................................................. 9

2.1.7. Circuitos Magnéticos de Excitação Constante ..................................................... 11

2.1.8. Circuitos Magnéticos – Excitação CA ................................................................. 14

2.1.9. Tensão Induzida e Indutância .............................................................................. 15

3. Transformadores ................................................................................................................. 19

3.1.1. Definição .............................................................................................................. 19

3.1.2. Classificação dos transformadores ....................................................................... 19

3.1.3. Aspectos construtivos dos transformadores ......................................................... 20

3.1.4. Transformador Ideal............................................................................................. 21

3.1.5. Transformador Real ............................................................................................. 23

3.1.6. Circuitos equivalentes aproximados de um Transformador ................................ 23

4. Autotransformadores .......................................................................................................... 28
4.1. Classificação................................................................................................................ 28

4.2. Equacionamento do autotransformador ...................................................................... 29

4.3. Rendimento do autotransformador .............................................................................. 29

4.4. Vantagens e desvantagens dos autotransformadores .................................................. 30

4.5. Aplicações ................................................................................................................... 31

4.6. Autotransformador como regulador de tensão ............................................................ 31

5. Máquinas de Indução .......................................................................................................... 32

5.1. Construção da máquina de indução (como motor)...................................................... 32

5.1.1. Rotor em curto-circuito (ou rotor em gaiola de esquilo) ..................................... 32

5.1.2. Rotor bobinado..................................................................................................... 33

5.2. Princípio de Funcionamento........................................................................................ 34

5.3. Número de polos e velocidade de sincronismo ........................................................... 36

5.4. Frequência eléctrica no rotor ....................................................................................... 37

5.5. Binário do motor de indução ....................................................................................... 38

5.6. Circuito equivalente das máquinas de indução ........................................................... 39

5.7. Perdas e diagrama de fluxo de potência ...................................................................... 41

5.8. Fluxo de potências e conjugado nas máquinas de indução ......................................... 42

5.9. Rendimento da máquina de indução ........................................................................... 44

5.10. Ensaios nas máquinas de indução ............................................................................ 45

5.10.1. O ensaio sem carga ou a vazio (𝒔 ≈ 𝟎)............................................................ 45

6. Conclusão ........................................................................................................................... 49

7. Bibliografia ......................................................................................................................... 50
Lista de tabelas

Tabela 1: Analogia entre circuitos eléctricos e magnéticos ....................................................... 11


Tabela 2: Equacionamento ......................................................................................................... 29

Lista de figuras

Figure 2-1-Estrutura de um circuito magnético simples. ............................................................. 3


Figure 2-2-Forca 𝐅 na presença de linhas de fluxo magnético ................................................. 4
Figure 2-3-Área elementar ds ...................................................................................................... 5
Figure 2-4-Bobina com N espiras ................................................................................................ 6
Figure 2-5-Domínio em uma amostra não magnetizada e curva de magnetização ..................... 8
Figure 2-6-Laço de Histerese ....................................................................................................... 9
Figure 2-7-Curvas de magnetização de diversos materiais........................................................ 10
Figure 2-8-(a) Circuito Eléctrico / (b) Circuito Magnético ....................................................... 11
Figure 2-9-Analogia entre circuito eléctrico e circuito magnético ............................................ 12
Figure 2-10-Espraiamento do Fluxo no Entreferro e Fluxo de Dispersão ................................. 12
Figure 2-11-Circuito eléctrico mostrando a relutância de dispersão ......................................... 13
Figure 2-12-Um núcleo magnético com entreferro ................................................................... 14
Figure 2-13-Circuito magnético excitado por tensões AC e DC ............................................... 15
Figure 2-14-Perda por histerese. ................................................................................................ 16
Figure 2-15-Correntes parasitas e o efeito da laminação ........................................................... 17
Figure 3-1-Partes construtivos de um transformador. Fonte: (Chapman, 2013) ....................... 21
Figure 3-2-Transformador Ideal. Fonte: (Chapman, 2013......................................................... 22
Figure 3-3-Transformador real em vazio ................................................................................... 23
Figure 3-4-Modelo aproximado do circuito Referido ao lado primário e ao lado secundário de
um transformador. .............................................................................................................. 23
Figure 3-5-Ensaio de transformador a vazio .............................................................................. 24
Figure 3-6-Ensaio de transformador em curto-circuito ............................................................. 25
Figure 3-7-tipos de construção de transformadores ................................................................... 26
Figure 4-1-Autotransformador ................................................................................................... 28
Figure 4-2-autotransformador ligado como elevador (à esquerda) e abaixador (à direita). ...... 28
Figure 4-3-Efeito da relação de transformação no rendimento do autotransformador. ............. 29
Figure 4-4-Autotransformador como regulador de tensão......................................................... 31
Figure 5-1-Rotor gaiola de esquilo. ........................................................................................... 33
Figure 5-2-Rotor bobinado ........................................................................................................ 33
Figure 5-3-Bobina num campo magnético girante. ................................................................... 35
Figure 5-4-Princípio de funcionamento das máquinas de indução. ........................................... 35
Figure 5-5-Modelo de transformador para um motor de indução, com rotor e estator conectados
por meio de um transformador ideal com relação de espiras ............................................. 39
Figure 5-6-Circuito equivalente duma fase do estactor. ............................................................ 40
Figure 5-7-Circuito equivalente por fase da máquina de indução ............................................. 41
Figure 5-8-Diagrama do fluxo de potência de um motor de indução. ....................................... 42
Figure 5-9-circuito de teste ........................................................................................................ 46
Figure 5-10-circuito equivalente resultante do motor. ............................................................... 46
Figure 5-11-Ensaio de rotor bloqueado para um motor de indução: (a) circuito de teste ......... 47
Figure 5-12-Ensaio de rotor bloqueado para um motor de indução: (b) circuito equivalente do
motor de indução ................................................................................................................ 48
Lista de Abreviações

CA – Corrente alternada

CC – Corrente Contínua

𝓕 - Força magnetomotriz

fcmp – força do campo.

Fmm – força Magnetomotriz

𝓵𝒎 - caminho médio através do núcleo

ℓ𝑒 – Comprimento do entreferro

rad/s – Radianos por segundo

ℜd - relutância de dispersão

ℜe - relutância do entreferro

ℜn - relutância no núcleo

𝕽𝒏 ′ - Relutância no núcleo sobre o qual é enrolada a bobina e

rpm – Rotações por minuto

rps – Rotações por segundo

𝑺𝒆 – Área do entreferro

SI – Sistema Internacional

𝑺𝒏 - Área do núcleo
1. INTRODUÇÃO
Actualmente, podemos considerar as máquinas eléctricas (motores, geradores e
transformadores) como parte integrante do nosso dia-a-dia. Para gerar energia, transportar e
distribuir ao consumidor torna se possível através das máquinas eléctricas e essas máquinas
podem ser estáticas ou rotativas, possuem um circuito magnético responsável pela geração e
transferência da energia. Do mesmo modo, as máquinas eléctricas usadas nas indústrias e nos
aparelhos electrodomésticos das residências utilizam também material magnético para formar
campos magnéticos que agem como meio para a transferência e conversão de energia.

Para se perceber o funcionamento das máquinas eléctricas, é fundamental que se compreendam


os princípios do electromagnetismo. Que é a base do funcionamento de todas as máquinas
eléctricas.

O presente trabalho aborda temas relacionados com cadeira de Máquinas Eléctricas I,


nomeadamente, Electromagnetismo, Transformadores, Autotransformadores e Máquinas de
Indução. Apresentando as suas generalidades, o princípio de funcionamento de cada máquina,
a construção, circuito equivalente, os seus testes, assim a finalidade de cada máquina. Em
seguida, apresentam-se as várias particularidades dos transformadores de potência, e por
último, sintetizam-se as principais conclusões do trabalho.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral


✓ Fazer um resumo da cadeira de Máquinas Eléctricas I.

1.1.2. Objectivos específicos


✓ Apresentar as noções fundamentais sobre Electromagnetismo
✓ Apresentar os conceitos, constituição, funcionamento dos Transformadores
✓ Descrever as noções fundamentais sobre Autotransformadores
✓ Apresentar os conceitos, constituição, funcionamento das Máquinas de Indução

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1.2. Metodologia de investigação
A metodologia empregada para este trabalho pautou-se pela pesquisa bibliográfica, isto é, pela
busca de informações concernentes ao tema em fontes consagradas. Conforme apontado por
Macedo (1994, p. 13), trata-se da "selecção de documentos que se relacionam com o problema
de pesquisa (livros, verbetes de enciclopédia, artigos de revistas, trabalhos de congressos, teses,
etc.) ”, do fechamento dessas referências e, finalmente, da redacção das ideias que
comuniquem os objectivos do estudo.

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2. RESUMO DE ALGUNS TÓPICOS DA CADEIRA DE MÁQUINAS
ELÉCTRICAS I

2.1. Electromagnetismo

2.1.1. Circuito magnético


Um circuito magnético é chamado de dispositivo no qual as linhas de força do campo
magnético são canalizadas traçando um caminho fechado ou sendo um caminho para o fluxo
magnético, analogamente ao caminho estabelecido por um circuito eléctrico para a corrente
eléctrica.

Materiais ferromagnéticos são utilizados para sua fabricação, pois possuem uma
permeabilidade magnética muito maior do que o ar ou o espaço vazio e, portanto, o campo
magnético tende a ficar confinado dentro do material, denominado núcleo. O chamado aço
eléctrico é um material cuja permeabilidade magnética é excepcionalmente alta e, portanto,
adequado para a fabricação de núcleos.

Figure 2-1-Estrutura de um circuito magnético simples.

Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

2.1.2. Densidade de Fluxo Magnético


Para se chegar definição da densidade de fluxo magnético iremos adoptar a seguinte situação:

Considerar um condutor de comprimento ℓ colocado entre os pólos de um imã, sendo


percorrido por uma corrente ⃗I e fazendo um ângulo reto com as linhas de fluxo magnético
como mostrado na figura 2.2a. Observa-se experimentalmente que o condutor sofre a acção de
uma força⃗⃗⃗
F, cujo sentido está mostrado também na figura 2.2a sendo sua magnitude dada por:”

F = B. I. ℓ (Equação 2.1)

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Figure 2-2-Forca 𝐅⃗ na presença de linhas de fluxo magnético
Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

A equação apresentada anteriormente é uma proposição da lei de Ampere para o caso


específico de um condutor fazendo um ângulo recto com as linhas de fluxo. Uma proposição
mais geral, dada para qualquer orientação do condutor em relação as linhas de fluxo é a
seguinte ( ⃗I é o vetor de magnitude ℓ na direção da corrente):

⃗F⃗ = I. ⃗⃗
ℓ × ⃗B⃗ (Equação 2.2)

Conforme se pode observar na figura 2.2b, a fora faz um ângulo recto com o condutor e o
campo. A lei de Ampere (definida pelas duas equações anteriores) que estabelece o
desenvolvimento de uma força na presença de um fluxo magnético, é a razão fundamental para
o funcionamento dos motores eléctricos.

O Fluxo Magnético φ através de um superfície aberta ou fechada é definido como sendo o


⃗⃗ Através desta superfcie, ou seja:
fluxo de B

⃗⃗. dS⃗⃗ = ∫ B
φ = ∫s B ⃗⃗. n
⃗⃗dS⃗⃗ (Equação 2.3)
s

sendo n
⃗⃗ o vector unitário para fora da área elementar dS da superfície conforme apresentado
na Figura 2.3

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Figure 2-3-Área elementar ds
Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Um caso particular de grande interesse é dado pelas seguintes características: ⃗B⃗ é constante em
⃗⃗ é também perpendicular superfície da área dada por A.
magnitude e em qualquer lugar e B
Neste caso tem-se que:

φ
φ = B. A ⇒ B= (Equação 2.4)
A

Como no SI a unidade do fluxo magnético φ é o Weber (Wb), pode-se dizer que a unidade da
densidade de fluxo magnético no SI é também dada por Wb/m2

2.1.3. Relação entre o campo e a corrente

2.1.3.1. Intensidade de Campo Magnético e Força Magnetomotriz


A relação entre um campo magnético e uma corrente eléctrica é dada pela Lei Circuital de
Ampère. Uma das formas desta lei é:

∮H ⃗⃗ = I
⃗⃗⃗. dℓ (Equação 2.5)

onde ⃗H
⃗⃗ é definido como Intensidade de Campo Magnético (unidade A/m) devido a corrente
⃗⃗⃗ ao
I. A análise desta equação nos permite dizer que a integral da componente tangencial de H
longo de um caminho fechado é igual corrente envolvida pelo caminho.

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Se o caminho fechado for uma bobina com N espiras ( Figura 2.4) a corrente atravessará este
caminho fechado N vezes (o número de espiras) com a equação acima se tornando:

Figure 2-4-Bobina com N espiras


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

∮H ⃗⃗ = I. N = ℑ
⃗⃗⃗. dℓ (Equação 2.6)

Nesta equação 2.6, ℑ é conhecida como Força Magnetomotriz (fmm). Sua unidade deveria ser
amperes como a corrente eléctrica I. Entretanto como na maioria dos circuitos magnéticos
diversas espiras de uma bobina irão envolver o núcleo, ℑ será citado como tendo a unidade
Amperes Espiras ( l A), ou seja N possui uma unidade a dimensional denominada espira.

2.1.4. Permeabilidade
Define-se permeabilidade magnética (µ) de um dado material como a habilidade deste material
ser magnetizado ou a habilidade de conduzir linhas magnéticas de força em comparação com o
ar e o vácuo.

A intensidade de campo magnético ⃗H


⃗⃗ Produz uma indução magnética ⃗B⃗ em toda a região onde

ela existe, sendo que ⃗B⃗ e ⃗H


⃗⃗ estão relacionados da seguinte maneira:

⃗B⃗ = μ. ⃗H
⃗⃗ (Equação 2.7)

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onde µ é a Permeabilidade do meio definida em henries por metro (H/m). Para o espaço livre
se tem:

B = μo . H (Equação 2.8)

onde o μo é definida como permeabilidade do espao livre, tendo o valor de 4. π. 10−7 H/m. A
permeabilidade dos materiais ferromagnéticos (Fe, Co, Ni, e suas ligas) é usualmente expressa
pela permeabilidade relativa (μR = μo /µ ) pois a permeabilidade destes materiais Ø da ordem
de 1010 ou mais vezes a permeabilidade do ar. Para os materiais usados em máquinas elétricas,
valores tpicos de µr estªo na faixa de 2000 a 6000.

Em relação permeabilidade do espao livre a lei circuital de ampŁre pode ser escrita da
seguinte maneira:

A permeabilidade dos materiais vale portanto: µ= μR . μo e então:

⃗B⃗ = μ. ⃗H
⃗⃗ = μR . μo . ⃗H
⃗⃗ (Equação 2.9)

Em relação à permeabilidade do espaço livre a lei circuital de ampére pode ser escrita da
seguinte maneira:

∮𝐻 ⃗⃗ = 𝜇𝑜 . 𝐼
⃗⃗ . 𝑑ℓ (Equação 2.10)

2.1.5. Curva de Magnetização


A Curva de Magnetização é dada pela variação de B x H em um material ferromagnético, de
corrente do fato da permeabilidade não ser constante, mas uma função de H. Nos materiais
ferromagnéticos existem movimentos de rotação de elétrons não balanceados e também uma
tendência a que os átomos vizinhos se alinhem de modo a que seus efeitos magnáticos se
somem. Seja uma amostra de material ferromagnético não magnetizado. A fim de explicar a
curva de magnetização, usaremos o conceito de domnios (regiões da ordem de 1 milésimo de

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polegada de extensão com uma orientação pré-definida). Neste caso a amostra não exibe
campo magnético externo resultante.

Figure 2-5-Domínio em uma amostra não magnetizada e curva de magnetização


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Se um campo magnético externo for aplicado amostra, haverá uma tendência para os
minúsculos mãs alinharem-se com o campo magnético aplicado ou polarizarem-se exatamente
como uma agulha magnética tende a alinhar-se com o campo da terra. Para valores baixos de H
(região 1) os domnios aproximadamente alinhados com o campo aplicado crescem em
detrimento dos domnios adjacentes e menos favoravelmente alinhados em uma transformação
elástica reversivel. Isto resulta em um aumento na densidade de fluxo B.

A partir da (região 2), quando H é aumentado, a direção de magnetização dos domnios


desalinhados desvia-se em uma transformação irreversvel, contribuindo para um rápido
aumento de B. Em valores mais altos de H (região 3), as direções de magnetização giram até
que as contribuições de todos os domnios estejam alinhados com o campo aplicado. A partir de
um certo valor, pode-se aumentar H sem que ocorra efeito algum dentro do material
ferromagnético, sendo que neste caso o material é dito estar saturado (região 4). Aos
magnéticos comerciais (usualmente denominados como ferro) tendem a saturar em densidade
de fluxo de 1 a 2 teslas. A densidade de fluxo em um material ferromagnético é a soma dos
efeitos devidos intensidade do campo H aplicada e a polarização magnética M produzida
dentro do material. Esta relação pode ser expressa por:

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𝐵 = 𝜇𝑜 . (𝐻 + 𝑀) (Equação 2.11)

2.1.6. Curva de Histerese


Como a permeabilidade dos materiais magnéticos (alto µ) não é constante e sim uma função de
H, a expressão B = µ H, não pode ser calculada. Deve ser obtida experimentalmente, através de
curvas levantadas para cada material. Todo material ferromagnético após ter sido submetido
magnetização, quando não está mais sujeito ao campo externo, não retorna ao seu estado
original. Se uma amostra for saturada (ponto 1 da figura 2.6) e depois o for campo removido,
se tem o caminho 1 a 2 representando o que irá ocorrer com B x H. A ordenada no ponto 2 é
denominada de magnetismo residual (Mr). Se um H positivo crescente for aplicado novamente,
tem-se a trajetria 2-3-1. Uma fora magnetizante negativa (fora coercitiva - Fc) é necessária
para trazer a densidade de fluxo até zero (ponto 4). Um grande H negativo produz saturação na
direção oposta (ponto 5). Invertendo-se a fora magnetizante tem-se a trajetria 5-1.

Figure 2-6-Laço de Histerese


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

∆𝐵
Podemos obter, através de uma aproximação linear o valor de 𝜇 = ∆𝐻 para um ponto (bico) da

curva de histerese.

∆𝐵 ∆𝐵 ∆𝐵
𝜇1 = ∆𝐻1 𝜇6 = ∆𝐻 6 𝜇7 = ∆𝐻7
1 61 7

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Assim, a permeabilidade varia dinamicamente apresentando menores valores na região de
saturação pois ∆H aumenta com ∆B praticamente constante.

As curvas B x H dos materiais magnéticos são indispensáveis nos cálculos e projectos com
estes componentes, sendo normalmente fornecidas pelos fabricantes como parte de suas
especificações.

A figura 2.7 apresenta curvas de indução de alguns materiais e nela pode-se identificar as
principais regiões de trabalho.

Figure 2-7-Curvas de magnetização de diversos materiais

Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Observando-se as curvas de indução, pode-se notar que a mesma é sempre constituída de duas
parcelas Bo + Bi , com:

B=B0 + BI (Equação 2.12)

Onde:

B0 = indução ocorrida pelo ar

BI = indução intrínseca do material

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2.1.7. Circuitos Magnéticos de Excitação Constante
A figura 2.8 apresenta a analogia que se pode fazer entre circuitos eléctricos alimentados por
uma tensão constante e circuitos magnéticos onde o fluxo também é constante. Já a tabela 1
apresenta um resumo das equaıes análogas para estes dois casos.

Figure 2-8-(a) Circuito Eléctrico / (b) Circuito Magnético


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Tabela 1: Analogia entre circuitos eléctricos e magnéticos


ELÉTRICO MAGNÉTICO
Densidade de corrente: J (A/m2) Densidade de fluxo magnético: B (Wb/m2)
Corrente: I (A) Fluxo magnético: ∅ (Wb)
Intensidade de campo Eléctrico: ε (V/m Intensidade de campo Magnético: H (A/m)
Tensão ou fem: E (V) Força magnetomotriz: ℑ (A . e)
Condutividade: σ (A/Vm) Permeabilidade: µ (Wb/Am)
Resistência: R (Ω) Relutância: ℜ (A.e/Wb)
1 1
Resistividade:𝜌 = Relutividade =
𝜎 𝜇

Condutância: G (S) Permeância: P (Wb/Ae)


R=R.I 𝔤 = 𝑁. 𝐼 = ℜ. 𝜑
1 ℓ 1 ℓ𝑚
𝑅= . ℜ= .
𝜎 𝑆 𝜇 𝑆
𝐽 𝐵
𝜀. ℓ = . ℓ = 𝑉 = 𝐼. 𝑅 𝐻. ℓ𝑚 = . ℓ = 𝔤 = 𝜑. ℜ
𝜎 𝜇 𝑚

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2.1.7.1. Relutância Magnética
É definida como a oposição que um determinado trecho do circuito magnético oferece à
circulação do fluxo magnético.

𝑙
ℜ = 𝜇.𝐴 (Equação 2.13)

i φ

E NI R
R

Figure 2-9-Analogia entre circuito eléctrico e circuito magnético


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

2.1.7.2. Deformação do fluxo no entreferro e fluxo de dispersão


A deformação, frangeamento ou espraiamento de fluxo deve-se as linhas de fluxo que
aparecem ao longo dos lados e das quinas das partes magnéticas separadas pelo ar, provocando
um aumento da área percorrida pelas linhas de fluxo, conforme mostra a figura (2.10a). Já o
fluxo de dispersão, conforme apresentado na mesma figura (2.10b), diz respeito as linhas de
fluxo produzidas por uma bobina que retornam através de uma curta trajetória no ar, sem
passar pelo núcleo.

Figure 2-10-Espraiamento do Fluxo no Entreferro e Fluxo de Dispersão


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

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Para levar em consideração a deformação das linhas de campo devido ao entreferro
(espraiamento) na resolução de problemas, deve-se aumentar cada dimensão pelo comprimento
do entreferro. Desta maneira, se tivermos uma secção retangular, a área do núcleo (Sn), será
dada por:

Sn = a x b (Equação 2.14)

Sendo a área do entreferro ( Se ) dada por:

𝑆𝑒 = (𝑎 + ℓ𝑒 ) × (𝑏 + ℓ𝑒 ) (Equação 2.15)

Onde:

ℓ𝑒 - é o comprimento do enteferr. Para uma secção circular tem-se:

𝑆𝑛 = 𝜋𝑟 2 e 𝑆𝑛 = 𝜋(𝑟 + ℓ𝑒 )2 (Equação 2.16)

Na resolução de exercícios, para se considerar as dispersões magnéticas, ou seja, as linhas de


campo não confinadas no núcleo, pode-se considerar um ramo paralelo a fmm ou seja:

Figure 2-11-Circuito eléctrico mostrando a relutância de dispersão


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Onde:

ℜd : relutância de dispersão; ℜn : relutância no núcleo

ℜ′𝑛 : relutância no núcleo sobre o qual é enrolada a bobina e

ℜe : relutância do entreferro.

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2.1.7.3. O Entreferro
O entreferro (também conhecido como air gap) é o termo utilizado, em circuitos magnéticos,
para denominar o espaço entre o indutor e o circuito ferromagnético a que está acoplado.

Por exemplo num motor, chama-se entreferro ao espaço entre o rotor e o estator. Num indutor
com núcleo ferromagnético, chama-se entreferro ao espaço entre os enrolamentos e o núcleo.

Apesar de ser inevitável, o entreferro nem sempre é uma característica parasita dos circuitos
ferromagnéticos. Por exemplo, num inductor, o aumento do entreferro evita a saturação do
núcleo, e diminui o efeito de Histerese magnética. Por outro lado, diminui a permeabilidade
magnética (tipicamente para gases, uma vez que depende da substância que preenche o
entreferro).

Figure 2-12-Um núcleo magnético com entreferro


Fonte: «https://es.wikipedia.org/w/index.php?title=Circuito_magnético&oldid=131379631»

2.1.8. Circuitos Magnéticos – Excitação CA


Os circuitos magnéticos dos transformadores, das máquinas CA e de muitos outros dispositivos
electromagnéticos são excitados por fontes CA e não CC. Com excitação CC, a corrente em
regime permanente é determinada pela tensão aplicada e a resistência do circuito, com a
indutância só entrando no processo transitório. O fluxo do circuito magnético se ajusta então de
acordo com este valor de corrente de modo a que a relação imposta pela curva de magnetização
seja satisfeita. Com excitação CA, entretanto, a indutância influi no comportamento do regime

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 14


permanente. Para análises exactas não se pode considerar a indutância constante, pois a
operação normal no circuito magnético está além da porção linear de curva de magnetização.

2.1.9. Tensão Induzida e Indutância


Seja o núcleo abaixo sujeito ao fluxo 𝜑 devido a corrente i em uma bobina com N espiras.
Determinemos o valor e o sentido da tensão induzida na bobina, bem como o valor da
indutncia, presente no circuito devido bobina excitada por uma corrente alternada.

Figure 2-13-Circuito magnético excitado por tensões AC e DC


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Consideremos o fluxo na referência, 𝜑 = 𝜑𝑚 𝑠𝑖𝑛 𝑤𝑡, a tensão induzida na bobina com N


espiras é dada pela seguinte equação:

𝑑𝜑
ℯ = 𝑁 𝑑𝑡 = 𝑁𝑤𝜑𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝑤𝑡 (Equação 2.17)

considerando 𝐸𝑚 = 𝑁𝑤𝜑𝑚 tem-se: ℯ = 𝐸𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝑤𝑡 = 𝐸𝑚 𝑠𝑖𝑛(𝑤𝑡 − 90) sendo que o valor


𝐸𝑚 𝑁2𝜋𝑓𝜑𝑚
eficaz é dado por : 𝐸𝑓 = = , ou ainda:
√2 √2

𝐸𝑒𝑓
𝐸𝑒𝑓 = 4,44. 𝑁. 𝑓. 𝜑𝑚 ⇒ 𝜑𝑚 =
4,44. 𝑁, 𝑓

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 15


Para uma excitação CA, o fluxo dependerá da frequência e da tensão aplicada. Se a queda na
resistência da bobina for desprezada, a corrente que flui será a requerida para estabelecer o
fluxo especificado acima.

𝑑𝑖
Pela definição de indutância, a tensão em seus terminais é dada por 𝐿 𝑑𝑡 que combinando com a
𝑑𝑖 𝑑𝜑 𝑑𝜙
Lei de Faraday fornece: ℯ = 𝐿 𝑑𝑡 = N , resultando em: L=N 𝑑𝑖
𝑑𝑡

Perdas no Núcleo

Em equipamentos electromagnéticos excitados por corrente alternada temos presente a perda


por histerese e por correntes parasitas.

Perda por Histerese

Quando um material ferromagnético fica sujeito a uma força magnetomotriz variável, e esta
fora é aumentada até um valor máximo (produzindo uma densidade máxima de campo
magnético Bm), quando esta fmm é reduzida, nem toda energia do campo magnético é
devolvida ao circuito. Parte dela é dissipada no núcleo.

Figure 2-14-Perda por histerese.


Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos – DLSR/JCFC – UNESP/FEG/DE

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 16


Fórmula empírica para analisar a perda por histerese

A histerese pode ser avaliada pela fórmula empírica de Steinmetz em Watts. Quando uma
amostra é submetida a uma tensão alternada tem-se:

𝑃𝑛 = 10−7 . 𝜇. 𝐵𝑚
𝑛
. 𝑓 [𝑊] (Equação 2.18)

Onde:

µ: coeficiente de Steinmetz = 0,003 para núcleo de Fe com pouco silício 0,001 para núcleo de
chapas de aço silício Bm: valor máximo de indução em Gauss n: 1,6 para Bm < 104 Gauss e 2
para Bm > 104 Gauss f: frequência da rede (Hz) V: volume do núcleo (cm3) Um detalhe
interessante é que assim como uma tira metálica se aquece quando é repetidamente flexionada,
o material magnético se aquece quando é ciclicamente magnetizado.

Perda por Correntes Parasitas

Se considerarmos um núcleo ferromagnético macio atravessado por um fluxo magnético


variável teremos tensões induzidas V que provocam correntes parasitas I localizadas, sendo
que a potência P = v2/R aparece como calor .

Figure 2-15-Correntes parasitas e o efeito da laminação

Fonte: Electrotécnica Geral – VII. Circuitos Magnéticos - DLSR/JCFC - UNESP/FEG/DE

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 17


A perda de potência pode ser reduzida diminuindo V ou aumentando R. Se em vez do núcleo
sólido, for utilizado um núcleo laminado, a tensão induzida efectiva é diminuída e a resistência
da trajectória efectiva é aumentada. Desta forma, um núcleo formado pela agregação de
lâminas finas apresenta uma grande redução na perda por corrente parasita. Esta perda é dada
por:

𝑃𝑒 = 𝐾𝑒 . 𝑓 2 . 𝐵𝑚
2
(Equação 2.19)

Onde e Kg depende da resistividade do material do núcleo e da espessura das laminações,


sendo que:

𝑒2
𝐾𝑒 ≅ 𝐾. (Equação 2.20)
𝜌

e: espessura das laminas

ρ: resistividade do material

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 18


3. Transformadores

3.1.1. Definição
Transformador é um aparelho estático que transporta energia eléctrica, por indução
electromagnética, do primário (entrada) para o secundário (saída), os valores da tensão e da
corrente são alterados, porém, a potência, no caso do transformador ideal, e a frequência se
mantêm inalterados (Eurico G. de Castro Neves, 2013, Pág. 80)

Um transformador é um dispositivo utilizado para converter energia eléctrica CA com um nível


de tensão em energia eléctrica CA com um outro nível de tensão mantendo constante a sua
frequência, por meio da acção de um campo magnético.

O transformador modifica os níveis de tensão e corrente eléctrica, mantendo a potência


eléctrica praticamente constante, de um circuito a outro, modificando também os valores das
impedâncias eléctricas de um circuito eléctrico. O transformador mais simples consiste em dois
enrolamentos, o enrolamento primário, também chamado de enrolamento de entrada e o
enrolamento secundário, conhecido também por enrolamento de saída.

3.1.2. Classificação dos transformadores


Existem vários critérios de classificação do transformador, e abaixo são apresentados alguns
destes critérios.

1. Quanto ao tipo

✓ Transformador de dois ou mais enrolamentos;


✓ Autotransformador.

2. Quanto à finalidade

✓ Transformador de potência;
✓ Transformador de força;
✓ Transformador de distribuição.
✓ Transformadores de instrumentos ou medida.

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 19


3-Quanto ao número de fases

✓ Transformador monofásico e transformador polifásico. O nosso estudo cinge-se


essencialmente nos transformadores de potência e este tem como funções:
✓ Isolar electricamente dois circuitos;
✓ Fazer o casamento de impedâncias entre uma fonte e a sua carga;
✓ Ajustar a tensão de saída de um estágio de um sistema à tensão de entrada do estágio
seguinte.

3.1.3. Aspectos construtivos dos transformadores


O transformador é constituído por:

➢ Núcleo é o sistema que forma o circuito magnético do transformador, constituído


normalmente por chapas de aço, figura 3.1(a).

➢ Enrolamentos: Constituem o circuito eléctrico do transformador, são feitos de condutores


de cobre, com secção circular (para diâmetros inferiores a 4mm) e ou de secção rectangular
quando se requerem secções maiores. Os condutores são cobertos por uma capa isolante,
que pode ser de verniz para transformadores de baixas potências, ou varias camadas de
fibra de algodão ou cinta de papel. Segundo a disposição relativa dos enrolamentos de alta
e baixa tensão, os enrolamentos podem ser concêntricos ou alternados, figura 3.1(b).

➢ Sistema de refrigeração: Para potências pequenas, a superfície externa da máquina é


suficiente para efectuar a refrigeração do transformador, dando lugar aos transformadores a
seco. Para potências elevadas se aplica como meio refrigerante o óleo, resultando nos
transformadores a óleo. O óleo tem uma dupla função de refrigerante e de isolante, e deve
possuir uma capacidade térmica e uma rigidez dieléctrica maior que a do ar, figura 3.1(c).

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 20


Figure 3-1-Partes construtivos de um transformador. Fonte: (Chapman, 2013)

Vantagens dos transformadores a seco comparativamente à óleo

✓ Não propagam fogo;


✓ Não derramam contaminantes;
✓ Não derramam produtos inflamáveis;
✓ Requerem baixa manutenção.

3.1.4. Transformador Ideal


Um transformador ideal é um dispositivo sem perdas com um enrolamento de entrada e um
enrolamento de saída.

Um transformador ideal, como apresentado na figura 3.2, deve respeitar as seguintes


premissas:

1. Todo o fluxo deve estar confinado ao núcleo e enlaçar os dois enrolamentos;

2. As resistências dos enrolamentos devem ser desprezíveis;

3. As perdas no núcleo devem ser desprezíveis;

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 21


4.A permeabilidade do núcleo deve ser tão alta que uma quantidade desprezível de f.e.m é
necessária para estabelecer o fluxo.

Figure 3-2-Transformador Ideal. Fonte: (Chapman, 2013

O transformador mostrado na figura acima tem 𝑁1 Espiras de fio no lado do enrolamento


primário e 𝑁2 Espiras de fio no lado do secundário. A relação entre a tensão Aplicada no lado
do enrolamento primário do transformador e a tensão) produzida no lado do secundário é:

𝑉1 𝑁 𝐼
= 𝑁1 = 𝐼2 = 𝑎 (Equação 3.1)
𝑉2 2 1

Onde

a- é a relação de transformação ou transformação de transformador.

𝑁1 -é espiras de fio no lado do primário;

𝑁2 -é espiras de fio no lado do secundário;

𝑉1 - é a tensão aplicada no lado do primário;

𝑉2 - é a tensão aplicada no lado do secundário;

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 22


Relação de transformação

Transformação de impedância em um transformador

𝑉2
Impedância da carga: 𝑍𝑙 = (Equação 3.2)
𝐼2

𝑉1
Impedância da entrada do circuito: 𝑍1 = = 𝑎2 𝑍𝑙 (Equação 3.3)
𝐼1

3.1.5. Transformador Real


É construído por duas ou mais bobinas de fio fisicamente enroladas em torno de um núcleo
ferromagnético, como mostra a figura 3.3:

Figure 3-3-Transformador real em vazio


Fonte: (Chapman, 2013

3.1.6. Circuitos equivalentes aproximados de um Transformador

Figure 3-4-Modelo aproximado do circuito Referido ao lado primário e ao lado secundário de um transformador.
Fonte: (Chapman, 2013)

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 23


Resistência equivalente do primário: 𝑅𝑒𝑞,𝑃 = 𝑅𝑝 − a2 𝑅𝑠 (Equação 3.4)

Reactância equivalente do Primário: 𝑋𝑒𝑞,𝑃 = 𝑋𝑝 − 𝑎2 𝑋𝑠 (Equação 3.5)

𝑅𝑝
Resistência equivalente do Secundário: 𝑅𝑒𝑞,𝑆 = − 𝑅𝑠 (Equação 3.6)
𝑎2

𝑋𝑝
Reactância equivalente do Secundário: 𝑋𝑒𝑞,𝑆 = − 𝑋𝑠 (Equação 3.7)
𝑎2

3.1.6.1. Determinação dos valores dos componentes do modelo de transformador


É possível determinar experimentalmente os valores das indutâncias e resistências do modelo
de transformador. Uma aproximação adequada desses valores pode ser obtida com apenas dois
testes ou ensaios, o ensaio a vazio e o ensaio de curto-circuito.

3.1.6.2. Ensaio a vazio no transformador


Uma tensão plena de linha é aplicada a um lado do transformador. A seguir, a tensão de
entrada, a corrente de entrada e a potência de entrada do transformador são medidas. A partir
dessa informação, é possível determinar o factor de potência da corrente de entrada e
consequentemente a magnitude e o ângulo da impedância de excitação.

Figure 3-5-Ensaio de transformador a vazio


Fonte: (Chapman, 2013)

1
A condutância da resistência de perdas no núcleo: 𝐺𝑐 = 𝑅 (Equação 3.8)
𝑐

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 24


1
E a susceptância do indutor de magnetização: 𝐵𝑀 = 𝑋 (Equação 3.9)
𝑀

1 1
Admitância total de excitação: 𝑌𝐸 = 𝐺𝑐 − 𝐵𝑀 = 𝑅 − 𝑋 (Equação 3.10)
𝑐 𝑀

Ivz
O módulo da admitância de excitação: |YE | = (Equação 3.11)
Vvz

Pvz
O factor de potência (FP): FP = V (Equação 3.12)
vz Ivz

3.1.6.3. Ensaio em curto-circuito no transformador


No ensaio de curto-circuito, os terminais de baixa tensão do transformador são colocados em
curto-circuito e os terminais de alta tensão são ligados a uma fonte de tensão variável, como
mostrado na figura 3.6. A tensão de entrada é ajustada até que a corrente no enrolamento em
curto-circuito seja igual ao seu valor nominal. A tensão, a corrente e a potência de entrada são
novamente medidas.

Figure 3-6-Ensaio de transformador em curto-circuito


Fonte: (Chapman, 2013)

Vcc
O módulo das impedâncias em série referidas ao lado primário: |ZEE | = (Equação 3.13)
Icc

Pcc
O factor de potência da corrente: FP = V (Equação 3.14)
cc Icc

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 25


3.1.6.4. Regulação de tensão de um transformador

𝐕𝐩
𝐕𝐒,𝐕𝐙 −𝐕𝐒,𝐏𝐂 −𝐕𝐒,𝐏𝐂
𝐚
𝐑𝐓 = ∗ 𝟏𝟎𝟎% == ∗ 𝟏𝟎𝟎% (Equação 3.15)
𝐕𝐒,𝐏𝐂 𝐕𝐒,𝐏𝐂

𝐕𝐩
= 𝐕𝐒 + 𝐈𝐒 (𝐑 𝐞𝐪. + 𝐣𝐗 𝐞𝐪. ) (Equação 3.16)
𝐚

3.1.6.5. Eficiência de um transformador


PSaida PSaida Vs Is cos θs
η=P ∗ 100% = P ∗ 100% = V ∗ 100% (Equação 3.17)
entrada Saida +PCu +Pnú s Is cos θs +PCu +Pnú

3.1.6.6. Transformador Trifásico


Os transformadores trifásicos que podem ser construídos de uma ou duas maneiras. Uma
forma é simplesmente tomar três transformadores monofásicos e liga-los em um banco
trifásico. Outra forma é construir um transformador trifásico que consiste em três conjuntos
de enrolamentos que envolvem um núcleo comum. Esses dois tipos de construção de
transformadores são mostrados na próxima figura 3.7:

Figure 3-7-tipos de construção de transformadores


Fonte: (Chapman, 2013)

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 26


3.1.6.7. Ligações em um transformador trifásico.
✓ Ligação Estrela - Estrela (Y–Y)- é pouco usada na pratica.
✓ Ligação Estrela - Triângulo (Y–Δ) - Essa ligação também é mais estável em relação a
cargas desequilibradas, porque o lado Δ redistribui parcialmente qualquer desequilíbrio
que possa ocorrer.
✓ Ligação Triângulo - Estrela (Δ –Y) -
✓ Ligação Triângulo - Triângulo (Δ–Δ) - Esse transformador não apresenta nenhum
deslocamento de fase e não tem problemas de cargas desequilibradas ou harmónicas

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 27


4. Autotransformadores
Autotransformador é definido como um transformador que só tem um enrolamento. Assim,
um transformador de enrolamentos múltiplos pode ser considerado um autotransformador, se
todos os seus enrolamentos são ligados em série, em adição (ou oposição) para formar um
único enrolamento, conforme se pode ver na figura abaixo.

Figure 4-1-Autotransformador

A formação do primário e secundário é feita por meio de um tap o que faz o


autotransformador ser acoplado eléctrica e magneticamente. O tap pode ser fixo, deslizante
ou seleccionável por meio de contactos, permitindo a obtenção de diversos níveis de tensão.

4.1. Classificação
Da mesma forma que corre com os transformadores convencionais podem ser
autotransformadores podem ser abaixadores ou elevadores.

Figure 4-2-autotransformador ligado como elevador (à esquerda) e abaixador (à direita).Fonte:


(Chapman, 2013)

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 28


4.2. Equacionamento do autotransformador

Tabela 2: Equacionamento

4.3. Rendimento do autotransformador


O autotransformador transfere parte dos seus kVA por condução. Consequentemente, para
os mesmos kVA de saída, um autotransformador é algo menor (menos ferro usado) que um
transformador convencional isolado. Assim as perdas no núcleo são significativamente
menores para a mesma potência saída num autotransformador.

O autotransformador possui apenas um enrolamento, por definição, em comparação aos dois


do transformador convencional isolado. Além disso a corrente que circula em parte do
enrolamento é a diferença entre as correntes primárias e secundária. Estes dois factores (um
só enrolamento a menor corrente) tendem a reduzir também as perdas variáveis.

Figure 4-3-Efeito da relação de transformação no rendimento do autotransformador. Fonte: Kosow pag.560

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 29


O efeito disto é que o autotransformador possui rendimento excepcionalmente altos (99% e
maiores) próximos dos 100%. Este rendimento vária com a relação de transformação,
como mostrado na figura (4.3) Ele será mais alto quando a relação de transformação se
aproxima a unidade, pela razão mostrada acima-a). Nela, toda a energia é transferida
condutiva mente e a corrente no transformador é extremamente pequena (quase zero, à
execução da corrente de excitação que é muito baixa). As perdas variáveis no cobre do
enrolamento do transformador são praticamente nulas, devido a resistência relativamente baixa
do enrolamento e a pequena corrente de excitação.

4.4. Vantagens e desvantagens dos autotransformadores


Vantagens
✓ Corrente de excitação menor;
✓ Menor custo;
✓ Maior rendimento;
✓ Redução no peso e no tamanho de equipamento;
✓ Redução de perdas.

Desvantagens
✓ Corrente de curto-circuito mais elevada;
✓ Existência de conexão eléctrica entre os enrolamentos de maior e menor tensão
✓ Perda de isolamento entre os circuitos primário e secundário;
✓ Não permite certas conexões trifásicas;
✓ Maiores correntes de falta, devido a reduzida impedância série

O primário e o secundário conjugados conductivamente, o que é um perigo à


segurança das pessoas.

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 30


4.5. Aplicações
✓ Autotransformadores são usados de preferência quando as tensões são aumentadas ou
abaixadas apenas porum pequeno valor. Um exemplo típico será para a
compensação de quedas de tensão em certos pontos da rede de distribuição
eléctrica, que têm "pontos mortos" em redes locais.
✓ Também podem ser usados como transformadores reguladores em redes de alta tensão
e de transformação de tensão desde 220 KV até 750 KV.
✓ Pequenos autotransformadores também são utilizados de forma similar como
potenciómetros rotativos, para operar como transformadores com núcleo toroidal de
saída variável.
✓ O autotransformador é usado nas partidas dos motores de indução e dos motores
síncronos.
✓ São utilizados, também, na interligação de redes de sistemas eléctricos de alta
tensão de níveis diferentes.
Exemplo: interligação dos sistemas de alta tensão de 345 KV e 230 KV.
✓ Arranque para lâmpadas de valor de sódio, etc.

4.6. Autotransformador como regulador de tensão


Uma das aplicações mais importantes dos autotransformadores é como reguladores de
tensão. Este equipamento é utilizado para controlar a magnitude da tensão em pontos
pré-determinados de um sistema eléctrico, como barramentos de carga ou redes especiais de
uma subestação.

Figure 4-4-Autotransformador como regulador de tensão.


Fonte: (Chapman, 2013)

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 31


5. Máquinas de Indução
A máquina eléctrica mais frequentemente utilizada na prática, sobretudo na indústria, é a
máquina de indução, também chamada de máquina assíncrona, sobretudo operando em
regime de motor, sendo assim conhecida como motor de indução, ou ainda motor
assíncrono. Embora seja possível usar uma máquina de indução como motor ou como gerador,
ela apresenta muitas desvantagens como gerador e, por isso, ela é usada como gerador somente
em aplicações especiais. Por essa razão, as máquinas de indução são usualmente referidas
como motores de indução. O seu largo emprego se justifica pela sua robustez (não existe partes
que se desgastam facilmente, tais como comutador e escova), pelo seu baixo custo, pouca
necessidade de manutenção e possibilidade de emprego em praticamente qualquer aplicação,
incluindo ambientes hostis, ambientes explosivos, ambientes com poeiras, aplicações navais,
etc...

Uma máquina com apenas um conjunto contínuo de enrolamentos amortecedores é


denominada máquina de indução. Essas máquinas são denominadas máquinas de indução
porque a tensão do rotor (que produz a corrente do rotor e o campo magnético do rotor) é
induzida nos enrolamentos do rotor em vez de ser fornecida por meio de uma conexão física de
fios. A característica que diferencia um motor de indução dos demais é que não há necessidade
de uma corrente de campo CC para fazer a máquina funcionar.

5.1. Construção da máquina de indução (como motor)


Um motor de indução tem fisicamente o mesmo estator que uma máquina síncrona, com uma
construção de rotor diferente. Há dois tipos diferentes de rotores de motor de indução, que
podem ser colocados no interior do estator. Um deles é denominado rotor gaiola de esquilo e o
outro é denominado rotor bobinado.

5.1.1. Rotor em curto-circuito (ou rotor em gaiola de esquilo)


Os rotores de motor de indução do tipo gaiola de esquilo, consistem em uma série de barras
condutoras que estão encaixadas dentro de ranhuras na superfície do rotor e postas em curto-
circuito em ambas as extremidades por grandes anéis de curto-circuito. Essa forma construtiva
é conhecida como rotor de gaiola de esquilo porque, se os condutores fossem examinados

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 32


isoladamente, seriam semelhantes àquelas rodas nas quais os esquilos ou os hamsters correm
fazendo exercício.

5.1.2. Rotor bobinado


Um rotor bobinado tem um conjunto completo de enrolamentos trifásicos que são similares aos
enrolamentos do estator. As três fases dos enrolamentos do rotor são usualmente ligadas em Y
e suas três terminações são conectam aos anéis deslizantes no eixo do rotor. Os enrolamentos
do rotor são colocados em curto-circuito por meio de escovas que se apoiam nos anéis
deslizantes. Portanto, nos motores de indução de rotor bobinado, as correntes no rotor podem
ser acessadas por meio de escovas, nas quais as correntes podem ser examinadas e resistências
extras podem ser inseridas no circuito do rotor. É possível tirar proveito desses atributos para
modificar a característica de conjugado versus velocidade do motor.

Os motores de indução de rotor bobinado são de custo maior que o dos motores de indução de
gaiola de esquilo. Eles exigem muito mais manutenção devido ao desgaste associado a suas
escovas e anéis deslizantes. Como resultado, os motores de indução de enrolamento bobinado
raramente são usados.

Figure 5-1-Rotor gaiola de esquilo. Figure 5-2-Rotor bobinado

Fonte: Chapman p.310

A máquina eléctrica mais frequentemente utilizada na prática, sobretudo na indústria, é a


máquina de indução, também chamado de máquina assíncrona, sobretudo quando operando
em regime de motor. Dada que a sua performance como gerador é geralmente inferior à sua
performance como motor, ele raramente é empregado como gerador, mas sim como motor,

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 33


sendo assim conhecida como motor de indução, ou ainda motor assíncrono. O seu largo
emprego se justifica pela sua robustez (não existe partes que se desgastam facilmente, tais
como comutador e escova), pelo seu baixo custo, pouca necessidade de manutenção e
possibilidade de emprego em praticamente qualquer aplicação, incluindo ambientes hostis,
ambientes explosivos, ambientes com poeiras, aplicações navais, etc... Por outro lado, a
variação e controle da sua velocidade não é tão fácil como no caso do motor de corrente
contínua. Os métodos clássicos de controle de velocidade - variação da tensão esta tórica,
comutação de enrolamento, variação da resistência retórica no caso de motores de anéis, etc...-
são em geral pouco eficientes e apresentam baixos rendimentos, o que na actualidade
representa uma séria desvantagem. Sistemas mais modernos empregam conversores estáticos
para a variação da velocidade, sendo que estes permitem a variação simultânea da tensão e da
frequência que são aplicadas ao estator ou ao rotor da máquina. Estes métodos são, assim, mais
eficientes e convenientes; o seu custo todavia ainda é alto em relação a métodos clássicos,
podendo se no entanto observar uma tendência decrescente no custo, motivo pelo qual o seu
uso já é bastante difundido na prática. Desta forma, nos próximos anos, motores de indução ou
síncronos accionados por conversor deverão substituir quase que totalmente os tradicionais
motores de corrente contínua.

5.2. Princípio de Funcionamento


O princípio de funcionamento das máquinas assíncronas baseia-se na criação de um campo
girante no entreferro. Ao se percorrer uma corrente eléctrica nos enrolamentos da máquina,
cria-se um campo magnético que dá origem a um fluxo variável através da secção definida pela
bobina e a fem induzida por este fluxo variável dá origem a uma corrente induzida na bobina,
𝑖𝑟 . Esta corrente cria um campo magnético 𝐵𝑟 que interage com o campo magnético girante
dando origem a um binário que tende a fazer rodar a bobina em torno do eixo ee’.

Se a bobina rodar em sincronismo com o campo girante, o fluxo criado pelo campo girante que
a travessa é constante, a corrente ir anula-se, deixa de existir o binário actuante e a bobina
tende a parar. Mas ao reduzir a velocidade, o fluxo através da bobina deixa de ser constante e
reaparece um binário actuante não nulo. Percebe-se assim que a bobina só se mantém em

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 34


rotação se rodar com uma velocidade que é inferior à do campo girante criado pelas correntes
𝑖1e 𝑖2 .

O campo magnético no rotor na máquina eléctrica é induzido pelo campo magnético (girante)
criado pelas correntes do estator (bobinas 𝐿1 e 𝐿2) e a máquina designasse por máquina
eléctrica de indução ou máquina assíncrona porque o rotor não roda em sincronismo com o
campo girante das correntes do estator.

Figure 5-3-Bobina num campo magnético girante.

Este campo, ao atravessar o rotor, provoca uma variação de fluxo nos condutores da gaiola de
esquilo ou do rotor bloqueado, gerando-se, de acordo com a lei de Faraday, uma força
eléctromotriz induzida nesses condutores.

Como os condutores do rotor, estão em circuito fechado, os mesmos são percorridos por
correntes induzidas. Estas correntes induzidas, de acordo com a lei de Lenz, têm um sentido tal
que, pelas suas acções magnéticas, tende a opor-se a causa que lhes deu a origem.

Figure 5-4-Princípio de funcionamento das máquinas de indução.

Fonte. A. Francisco p. 4

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 35


No rotor vai ser gerado, a cada momento, um campo magnético que tende a opor-se ao campo
magnético girante do estator. Como o campo do estator é girante, e, sabendo que polos de
nomes contrários se atraem, o rotor entra em movimento, tentando acompanhar o campo
girante.

As tensões induzidas no enrolamentos do rotor são igualmente tensões senoidais, as quais por
sua vez fazem com que correntes senoidais circulem nos enrolamentos do rotor, criando um
campo de reacção semelhante ao campo criado pelo estator, mas defasado em relação a este. A
força de atração dos campos do estator e do rotor faz com que surja um torque no eixo do rotor
e o mesmo gire.

5.3. Número de polos e velocidade de sincronismo


O campo magnético no rotor na máquina eléctrica é induzido pelo campo magnético (girante)
criado pelas correntes do estator (bobinas 𝐿1 e 𝐿2) e a máquina designasse por máquina
eléctrica de indução ou máquina assíncrona porque o rotor não roda em sincronismo com o
campo girante das correntes do estator. A velocidade de rotação do campo girante criado pelas
correntes do estator é função da frequência das correntes e do número de pólos do estator (é
uma característica construtiva da máquina e depende do modo como este foi bobinado). A
frequência, f, o número de pares de pólos, p, e a velocidade síncrona, ns, em rotações por
segundo (rps), estão relacionadas pela seguinte equação:

𝑓 = 𝑝𝑛𝑠 (Equação 5.1)

As bobinas do estator estão dispostas de tal forma, que o campo magnético criado gira ao longo
do estator. A velocidade de rotação do campo girante é constante e é denominada velocidade
de sincronismo. Se o rotor girasse em sincronismo com o campo, a sua velocidade seria:

120𝑓
𝑛= [𝑟𝑝𝑚] (Equação 5.2)
𝑝

Em que 𝑓 é a frequência da tensão de alimentação e 𝑝 é o número de pólos do motor.

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 36


Supondo que o rotor gira na velocidade constante de 𝒏 rpm no mesmo sentido que o campo
girante. Seja, 𝒏𝒔 a velocidade síncrona do campo de estator. A diferença entre a velocidade
síncrona e a do rotor é referida comumente como escorregamento do rotor. Normalmente, o
escorregamento, s, é expresso em % da velocidade de sincronismo:

𝑛𝑠 −𝑛𝑚
𝑠= 𝑥100% (Equação 5.3)
𝑛𝑠

Em que 𝑛𝑠 é a velocidade síncrona e 𝑛𝑚 a velocidade mecânica de rotação do rotor.

Essa equação também pode ser expressa em termos da velocidade angular 𝜔 (radianos por
segundo) como

𝜔𝑠 −𝜔𝑚
𝑠= 𝑥100% (Equação 5.4)
𝜔𝑠

Se o rotor estiver girando na velocidade síncrona, então 𝑠 = 0, ao passo que, se o rotor estiver
estacionário, então 𝑠 = 1.

É possível expressar a velocidade mecânica do eixo do rotor em termos de velocidade síncrona


e de escorregamento. Resolvendo as Equações (5.3) e (5.4) em relação à velocidade mecânica,
como

𝑛𝑚 = (1 − 𝑠)𝑛𝑠 ou 𝜔𝑚 = (1 − 𝑠)𝜔𝑠 (Equação 5.5)

5.4. Frequência eléctrica no rotor


O movimento relativo entre o fluxo do estator e os condutores do rotor induz tensões de
frequência 𝑓𝑟 dada por

𝑓𝑟 = 𝑠𝑓 (Equação 5.6)

sendo chamada de frequência das correntes no rotor.

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 37


5.5. Binário do motor de indução
Com o rotor girando no mesmo sentido de rotação que o campo do estator, a frequência das
correntes do rotor será 𝑠𝑓 e elas produzirão uma onda girante de fluxo que irá girar com 𝑠𝑛𝑠
rpm em relação ao rotor no sentido para frente. Entretanto, superposta à essa rotação, está a
rotação mecânica do rotor a 𝑛 rpm.

𝑠𝑛𝑠 + 𝑛 = 𝑠𝑛𝑠 + 𝑛𝑠 (1 − 𝑠) = 𝑛𝑠 (Equação 5.7)

Assim, em relação ao estator, a velocidade da onda de fluxo produzida pelas correntes do rotor
é a soma dessas duas velocidades sendo igual a da equação 5.7, as correntes do rotor produzem
uma onda de fluxo no entreferro que gira na velocidade síncrona e, portanto, em sincronismo
com a onda produzida pelas correntes do estator. Como os campos do estator e do rotor giram
sincronicamente cada um, eles estão estacionárias entre si, produzindo um conjugado constante
que assim mantém a rotação do rotor. Esse conjugado, que existe em qualquer velocidade
mecânica 𝑛 do rotor que seja diferente da velocidade síncrona, é chamado de conjugado
assíncrono.

O binário assíncrono depende da desfasagem entre as fmm do rotor e do estator, 𝜃𝑟 , e é


proporcional à corrente do rotor, 𝐼𝑟 :

𝑇 = −𝐾𝐼𝑟 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑟 (Equação 5.8)

onde K é constante e 𝜃𝑟 é o ângulo que indica de quanto a onda de fmm do rotor está adiantada
em relação à onda resultante de fmm no entreferro.

A corrente do rotor é igual ao negativo da tensão induzida pelo fluxo de entreferro dividida
pela impedância do rotor, ambas na frequência de escorregamento. O sinal negativo é
necessário porque a corrente induzida no rotor tem o sentido que desmagnetiza o fluxo de
entreferro, ao passo que a corrente do rotor tem o sentido de magnetização do entreferro.

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 38


5.6. Circuito equivalente das máquinas de indução
Para funcionar, um motor de indução baseia-se na indução efectuada pelo circuito do estator de
tensões e correntes no circuito do rotor (acção de transformador). Como as tensões e correntes
no circuito do rotor de um motor de indução são basicamente o resultado de uma acção de
transformador, o circuito equivalente de um motor de indução será muito semelhante ao
circuito equivalente de um transformador. Um motor de indução é denominado máquina de
excitação simples (em oposição a uma máquina síncrona que é de excitação dupla), porque a
potência é fornecida somente ao circuito de estator do motor. Como um motor de indução não
tem um circuito de campo independente, seu modelo não contém uma fonte de tensão interna.

Figure 5-5-Modelo de transformador para um motor de indução, com rotor e estator conectados por meio de um
transformador ideal com relação de espiras
Fonte. S. Chapam p. 316

A troca de energia entre o estator e o rotor de uma maquia de indução realiza-se através do
entreferro. O campo magnético girante criado no estator induz um campo girante no rotor que
se opõe ao primeiro.

Consideremos o caso duma máquina assíncrona trifásica com os enrolamentos do estator


ligados em estrela funcionando em regime estacionário. Uma das fases do estator, alimentada
pela tensão simples V1, pode ser representada pelo circuito monofásico da figura 5.6.

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𝑉̂2

Figure 5-6-Circuito equivalente duma fase do estactor.


Fonte. Fitzgerald p. 302

𝑅1 = Resistência efectiva (resistência em AC) de um enrolamento do estator

X1 = reactância de dispersão do estator;

𝑋𝑚 = reactância de magnetização associada ao campo girante

𝑅c = resistência equivalente das perdas no ferro.

O circuito que representa o estator da máquina assíncrona é exactamente igual ao usado para
representar o primário de um transformador. Considerando que o rotor tem o mesmo número
de fases e de pólos que o estator, o circuito equivalente dum dos circuitos do rotor será
acrescentado ao circuito da figura 5.7, sendo alimentado com a tensão V2.

O circuito equivalente da figura 5.7 pode ser usado para determinar uma ampla variedade de
características de desempenho das máquinas de indução.

A tensão induzida no rotor é função do escorregamento e, a frequência das correntes no rotor é


𝑓𝑟 = 𝑓𝑠 ; nestas condições, a reactância deve ser afectada pelo escorregamento s e a equação
que rege o circuito do é dada pela equação 5.9.

𝑇 = −𝐾𝐼𝑟 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑟

̅2 = 𝐼2̅ (𝑅2 + 𝑗𝑋2 )


𝑈 (Equação 5.9)
𝑠

Da equação 5.9, a impedância do rotor vista pela tensão 𝑢2 é:

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 40


𝑅
𝑍̅2 = 𝑠2 + 𝑗𝑋2 (Equação 5.10)

Em que 𝑅2 representa a resistência efectiva de um enrolamento do rotor e X2 representa a


reactância de dispersão desse enrolamento.

A impedância (equação 5.11) pode ser escrita na seguinte forma:

1−𝑠
𝑍̅2 = 𝑅2 + 𝑅2 𝑠 + 𝑗𝑋2 (Equação 5.11)

Figure 5-7-Circuito equivalente por fase da máquina de indução


Fonte. Fitzgerald p. 306

5.7. Perdas e diagrama de fluxo de potência


Um motor de indução pode ser descrito basicamente como um transformador rotativo. Sua
entrada é um sistema trifásico de tensões e correntes. Em um transformador comum, a saída é
uma potência eléctrica presente nos enrolamentos do secundário. Em um motor de indução
comum, os enrolamentos do secundário (rotor) estão em curto-circuito, de modo que não há
saída eléctrica. Em vez disso, a saída é mecânica. A relação entre a potência eléctrica de
entreferro e a potência mecânica de saída desse motor está mostrada no diagrama de fluxo de
potência da figura (5.8)

A potência de entrada de um motor de indução 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 é na forma de tensões e correntes


trifásicas. As primeiras perdas encontradas na máquina são perdas 𝐼 2 𝑅 nos enrolamentos do
estator (as perdas no cobre do estator 𝑃𝑃𝐶𝐸 ). Então, certa quantidade de potência é perdida
como histerese e corrente parasita no estator (𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 ). A potência restante nesse ponto é
transferida ao rotor da máquina através do entreferro entre o estator e o rotor. Essa potência é

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 41


denominada potência de entreferro (𝑃𝐸𝐹 ) da máquina. Após a potência ser transferida ao rotor,
uma parte dela é perdida como perdas 𝐼 2 𝑅 (as perdas no cobre do rotor 𝑃𝑃𝐶𝑅 ) e o restante é
convertido da forma elétrica para a forma mecânica (𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣 ). Finalmente, as perdas por atrito e
ventilação (𝑃𝐴𝑒𝑉 ) e as perdas suplementares 𝑃𝑠𝑢𝑝𝑙𝑒𝑚 são subtraídas. A potência restante é a
saída do motor 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 .

Figure 5-8-Diagrama do fluxo de potência de um motor de indução.


Fonte. S. Chapman p. 322

Quanta maior a velocidade de um motor de indução, maiores serão as perdas por atrito,
ventilação e suplementares. Por outro lado, quanto maior for a velocidade do motor (até 𝑛𝑠 ),
menores serão suas perdas no núcleo. Portanto, essas três perdas são algumas vezes
combinadas e denominadas perdas rotacionais. As perdas rotacionais totais de um motor são
frequentemente consideradas constantes com a velocidade variável, porque as diversas perdas
variam em sentidos opostos com mudança de velocidade.

5.8. Fluxo de potências e conjugado nas máquinas de indução


Numa máquina com 𝑛 fases, o circuito da figura (5.8) lida com uma potência que é 1/n da
potência total da máquina. A resistência de carga, (1 − 𝑠)/𝑠 , varia com o escorregamento e a
potência nela dissipada é igual a 1/𝑛 da potência mecânica total da máquina, 𝑃𝑚:

1−𝑠
𝑃𝑚 = 𝑛𝐼22 𝑅2 (Equação 5.12 )
𝑠

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 42


Se o circuito equivalente da fig.3.7, for examinado com atenção, poderemos usá-lo para
deduzir as equações de potência e conjugado que governam o funcionamento do motor. A
corrente de entrada de uma fase do motor pode ser obtida dividindo a tensão de entrada pela
impedância equivalente total:

𝑉
𝐼1 = 𝑍 ∅ (Equação 5.13)
𝑒𝑞

em que

1
𝑍𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑗𝑋1 + 1 (Equação 5.14)
𝐺𝑐 −𝑗𝐵𝑀 +𝑅
2 +𝑗𝑋
𝑠 2

Portanto, as perdas no cobre do estator, as perdas no núcleo e as perdas no cobre do rotor


podem ser obtidas. As perdas no cobre do estator nas três fases são dadas por

𝑃𝑃𝐶𝐸 = 3𝐼12 𝑅1 (Equação 5.15)

As perdas no núcleo são dadas por

𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 = 3𝐸12 𝐺𝐶 (Equação 5.16)

de modo que a potência de entreferro pode ser encontrada como

𝑃𝐸𝐹 = 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑃𝑃𝐶𝐸 − 𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 (Equação 5.17)

No circuito equivalente do rotor. O único elemento do circuito equivalente em que a potência


de entreferro pode ser consumida é no resistor 𝑅2 /𝑠. Portanto, a potência de entreferro também
pode ser dada por

𝑅2
𝑃𝐸𝐹 = 3𝐼22 (Equação 5.18)
𝑠

As perdas resistivas reais do circuito do rotor são dadas pela equação

𝑃𝑃𝐶𝑅 = 3𝐼𝑅2 𝑅𝑅 (Equação 5.19)

Como a potência não se altera quando é referida de um lado para outro em um transformador
ideal, as perdas no cobre do rotor também podem ser expressas com

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 43


𝑃𝑃𝐶𝑅 = 3𝐼𝑅2 𝑅2 (Equação 5.20)

Depois que as perdas no cobre do estator, no núcleo e no cobre do rotor são subtraídas da
potência de entrada do motor, a potência restante é convertida da forma eléctrica para a
mecânica. Essa potência convertida, algumas vezes denominada potência mecânica
desenvolvida, é dada por

𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝑃𝐸𝐹 − 𝑃𝑃𝐶𝑅 ; 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝑃𝐸𝐹 − 𝑠𝑃𝐸𝐹 ; 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣 = (1 − 𝑠)𝑃𝐴𝐺 (Equação 5.21)

Finalmente, se as perdas por atrito e ventilação e as perdas suplementares forem conhecidas, a


potência de saída poderá ser obtida por

𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣 − 𝑃𝐴𝑒𝑉 − 𝑃𝑠𝑢𝑝𝑙𝑒𝑚. (Equação 5.22)

O conjugado induzido 𝜏𝑖𝑛𝑑 de uma máquina foi definido como o conjugado gerado pela
conversão interna de potência eléctrica em mecânica. Esse conjugado difere do conjugado
realmente disponível nos terminais do motor em um valor igual aos conjugados de atrito e
ventilação da máquina. O conjugado induzido é dado pela equação

𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣
𝜏𝑖𝑛𝑑 = (Equação 5.23)
𝜔𝑚

Esse conjugado é também denominado conjugado desenvolvido da máquina.

(1−𝑠)𝑃𝐸𝐹 𝑃𝐸𝐹
𝜏𝑖𝑛𝑑 = 𝜏𝑖𝑛𝑑 = (Equação 5.24)
(1−𝑠)𝜔𝑠 𝜔𝑠

A última equação é especialmente útil porque expressa o conjugado induzido directamente em


termos de potência de entreferro e velocidade síncrona, que não varia. Portanto, o
conhecimento de 𝑃𝐸𝐹 Fornece diretamente 𝜏𝑖𝑛𝑑 .

5.9. Rendimento da máquina de indução


O rendimento da máquina indução funcionando como motor é:

𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝜂=𝑃 𝑥100% (Equação 5.25)
𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 44


5.10. Ensaios nas máquinas de indução
Os parâmetros de circuito equivalente, necessários para o cálculo do desempenho de um motor
de indução submetido a uma carga, podem ser obtidos dos resultados de um ensaio a vazio, de
um ensaio de rotor bloqueado e das medidas das resistências CC dos enrolamentos do estator.

5.10.1. O ensaio sem carga ou a vazio (𝒔 ≈ 𝟎)


O ensaio a vazio (ou sem carga) de um motor de indução mede as perdas rotacionais do motor
e fornece informação sobre sua corrente de magnetização. O circuito de teste para esse ensaio
está mostrado na figura (5.9a), Wattímetros, um voltímetro e três amperímetros são
conectados a um motor de indução, que é deixado livre para girar. As perdas por atrito e
ventilação são a única carga do motor. Desse modo, toda a 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣 desse motor é consumida por
perdas mecânicas e o escorregamento do motor é muito pequeno (possivelmente tão baixo
quanto 0,001 ou menos). O circuito equivalente desse motor está mostrado na figura (5.9b)
Com seu escorregamento muito pequeno, a resistência correspondente à potência convertida,
𝑅2 (1 − 𝑠)/𝑠, é muitíssimo maior do que a resistência 𝑅2 correspondente às perdas no cobre do
rotor e muito maior do que a reatância 𝑋2 do rotor. Nesse caso, o circuito equivalente reduz-se
aproximadamente ao último circuito da figura (5.10b), no qual o resistor de saída está em
paralelo com a reatância de magnetização 𝑋𝑀 e as perdas no núcleo 𝑅𝐶 . Nesse motor em
condições a vazio, a potência de entrada medida pelos instrumentos deve ser igual às perdas do
motor. As perdas no cobre do rotor são desprezíveis porque a corrente 𝐼2 é extremamente
pequena (devido à elevada resistência de carga 𝑅2 (1 − 𝑠)/𝑠. Portanto, elas podem ser
ignoradas. As perdas no cobre do estator são dadas por

𝑃𝑃𝐶𝐸 = 3𝐼12 𝑅1 (Equação 5.26)

Assim, a potência de entrada deve ser igual a

𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑃𝑃𝐶𝐸 + 𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 + 𝑃𝐴𝑒𝑉 + 𝑃𝑑𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑠

𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 3𝐼12 𝑅1 + 𝑃𝑟𝑜𝑡 (Equação 5.27)

em que 𝑃𝑟𝑜𝑡 são as perdas rotacionais do motor:

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 45


𝑃𝑟𝑜𝑡 = 𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 + 𝑃𝐴𝑒𝑉 + 𝑃𝑑𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑠 (Equação 5.28)

Figure 5-9-circuito de teste


Fonte. S. Chapman p. 381

Figure 5-10-circuito equivalente resultante do motor.


. Fonte. S. Chapman p. 381

Máquinas Eléctricas II - 2021 Pág. 46


5.10.1.1. Ensaio de rotor bloqueado (𝒔 = 𝟏)
Esse ensaio corresponde ao ensaio de curto-circuito de um transformador. Nesse ensaio, o rotor
é bloqueado ou travado de modo que não possa se mover, uma tensão é aplicada ao motor e a
tensão, corrente e potência resultantes são medidas. A figura (5.11) mostra as ligações usadas
no ensaio de rotor bloqueado. Para executar esse ensaio, uma tensão CA é aplicada ao estator e
o fluxo de corrente é ajustado para ser aproximadamente o valor de plena carga. Quando a
corrente está em plena carga, a tensão, a corrente e a potência do motor que estão presentes são
medidas. O circuito equivalente desse ensaio está mostrado na figura (5.12) Como o rotor não
𝑅2
está se movendo, o escorregamento é 𝒔 = 𝟏) e portanto a resistência é simplesmente igual a
𝑠

𝑅2 (um valor bem pequeno). Como os valores de 𝑅2 e 𝑋2 são muito baixos, quase toda a
corrente de entrada circulará através delas, em vez de fluir através da reatância de
magnetização 𝑋𝑀 , que é muito maior. Portanto, o circuito nessas condições assemelha-se a
uma combinação em série de 𝑅1 , 𝑋1 , 𝑅2 𝑒 𝑋2 .

Figure 5-11-Ensaio de rotor bloqueado para um motor de indução: (a) circuito de teste
. Fonte. S. Chapman p. 384

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Figure 5-12-Ensaio de rotor bloqueado para um motor de indução: (b) circuito equivalente do motor de indução

.Fonte. S. Chapman p. 384

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6. Conclusão
Com a realização deste trabalho foi possível notar que, todas as máquinas eléctricas têm como
princípio de funcionamento a indução electromagnética. Assim sendo notou-se quando
abordou-se sobre electromagnetismo que os circuitos magnéticos e eléctricos têm aspectos
similares e interrelacionados, e que para o desenvolvimentos ou o estudo de máquinas
eléctricas é necessário o domínio do electromagnetismo.

Os transformadores desenvenenam um papel muito importante no sistema energético, desde os


diferentes tipos existentes conforme a sua classificação como por exemplo os transformadores
de potência até os autotransformadores, sendo uma máquina estática transportam energia
eléctrica, por indução electromagnética, do primário (entrada) para o secundário (saída), os
valores da tensão e da corrente são alterados, porém, a potência, no caso do transformador
ideal, e a frequência se mantêm inalterados. São usados para converter energia eléctrica CA
com um nível de tensão em energia eléctrica CA com um outro nível de tensão mantendo
constante a sua frequência, por meio da acção de um campo magnético. Para que haja
transporte e distribuição com grandes rendimentos são usados estes dispositivos.

Depois dos transformadores terem alterado o nível de tensão e da corrente ao longo do


caminho chega a ser usada para alimentação de dispositivos eléctricos, que podem ser
monofásicos e trifásicos como por exemplo as máquinas de indução também chamada de
máquina assíncrona que é frequentemente a mais utilizada na prática, sobretudo na indústria,
operando em regime de motor, embora seja possível usar uma máquina de indução como motor
ou gerador, ela apresenta muitas desvantagens como gerador e, por isso, ela é usada como
gerador somente em aplicações especiais. Devido a sua construção elas são mais usadas no
regime motor.

Assim sendo, o grupo conclui dizendo que, a cadeira de máquinas eléctricas 1 contribuiu
bastante com conhecimentos referentes a nossa área em que estamos sendo formados.

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7. Bibliografia
[1] Fitzgerald, A.E. (2003). «1». Electric Machinery (6a Ed. edición).McGrawHill. ISBN 0 07-
366009-4.

[2] «https://es.wikipedia.org/w/index.php? title=Circuito_magnético&oldid=131379631»

[3] Chapman, S. J. (2013). Fundamentos de Maquinas Eléctricas (5 ed.).

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