Você está na página 1de 66

República Federativa do Brasil

Dilma Vana Rousseff


Presidenta

Ministério do Meio Ambiente


Izabella Mônica Vieira Teixeira
Ministra

Agência Nacional de Águas


Diretoria Colegiada
Vicente Andreu Guillo (Diretor-Presidente)
Dalvino Troccoli Franca
Paulo Lopes Varella Neto
João Gilberto Lotufo Conejo
Paulo Rodrigues Vieira

Secretaria-Geral (SGE)
Mayui Vieira Guimarães Scafuto

Qualificação de Dados
Procuradoria-Geral (PGE)
Emiliano Ribeiro de Souza

Hidrológicos e Reconstituição de
Corregedoria (COR)
Elmar Luis Kichel

Vazões Naturais no País


Auditoria Interna (AUD)
Edmar da Costa Barros

Chefia de Gabinete (GAB)


Horácio da Silva Figueiredo Junior

Coordenação de Articulação e Comunicação (CAC)


Antônio Félix Domingues

Coordenação de Gestão Estratégica (CGE)


RESUMO EXECUTIVO Bruno Pagnoccheschi

Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos (SPR)


Ney Maranhão

Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica (SGH)


Valdemar Santos Guimarães

Superintendência de Gestão da Informação (SGI)


Sérgio Augusto Barbosa

Superintendência de Apoio à Gestão de Recursos Hídricos (SAG)


Rodrigo Flecha Ferreira Alves

Superintendência de Implementação de Programas e Projetos (SIP)


Ricardo Medeiros de Andrade

Superintendência de Regulação (SRE)


Francisco Lopes Viana

Superintendência de Usos Múltiplos e Eventos Críticos (SUM)


Joaquim Guedes Correa Gondim Filho

Superintendência de Fiscalização (SFI)


Flavia Gomes de Barros

Superintendência de Administração, Finanças e Gestão de Pessoas (SAF)


Luís André Muniz
BRASÍLIA
2011
© Agência Nacional de Águas – ANA, 2011
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.
CEP: 70610-200, Brasília – DF.
PABX: (61) 2109-5400 | (61) 2109-5252
www.ana.gov.br

RHA Engenharia e Consultoria SS Ltda – RHA, 2011


Rua Voluntários da Pátria nº 233 , Sala 134
CEP: 80020-942, Curitiba – PR.
PABX: (41) 3232-0732
www.rhaengenharia.com.br

Equipe editorial:
Bolivar Antunes Matos
Candice Schauffert Garcia
Flávio Hadler Tröger

Supervisão editorial:
Bolivar Antunes Matos
Flávio Hadler Tröger

Elaboração dos originais:


Agencia Nacional de Águas
RHA Engenharia e Consultoria

Revisão dos originais:


Núcleo de Estudos Hidrológicos da Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos

Produção:
RHA Engenharia e Consultoria – www.rhaengenharia.com.br
Textos: Candice Schauffert Garcia
Projeto gráfico: Fabiano Cardoso
Capa: Fabiano Cardoso
Diagramação: Fabiano Cardoso
Mapas temáticos: Claudia Ione Scheeren dos Santos
Revisão: Candice Schauffert Garcia
AGRADECIMENTOS

Fotografias:
A Agência Nacional de Águas agradece aos órgãos abaixo listados pelo fornecimento de informações a este Banco de imagens da ANA
projeto.

Todos os direitos reservados.


• CEEE-GT (Companhia Estadual de Geração e Transmissão de
Energia Elétrica) do Estado do Rio Grande do Sul É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte.

• COPEL – Companhia Paranaense de Energia


• CPFL Geração de Energia S/A
• DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
• Funceme - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
• Itaipu Binacional
• ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
EQUIPE TÉCNICA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS EQUIPE TÉCNICA – RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA SS LTDA

Coordenação Geral – Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos Coordenação Geral


Laertes Munhoz da Cunha
Ney Maranhão – Superintendente
Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares – Superintendente Adjunto
Coordenação Executiva
Candice Schauffert Garcia
Coordenação Executiva
Flávio Hadler Tröger – Coordenador do Núcleo de Estudos Hidrológicos Coordenação Técnica
Bolivar Antunes Matos – Gestor do Contrato
Laertes Munhoz da Cunha
Irani dos Santos
Equipe técnica Candice Schauffert Garcia
Alexandre Abdalla Araujo Heinz Dieter Oscar August Fill
Cláudio Bielenki Junior Luiz Fujio Kamogawa
Fernanda Abreu Oliveira de Souza
Marcos Irineu Pufal Equipe Técnica Colaboradores
Saulo Aires de Souza Artur Sass Braga Ana Paula Marés Mikosik
Teresa Luisa Lima de Carvalho Augusto dos Santos Pereira André Nagalli
Camila Strapasson dos Santos Angela D. Lima Santa Barbara
Cesar Augusto Crovador Siefert Carolina Mesquita
Colaboradores Claudia Ione Scheeren dos Santos Fábio Manasses
Alexandre do Prado Diego Alessandro da Silva Ferreira Nataniel Edgar Bassi Massulini
André Raymundo Pante Diego Sami Frantz Raquel Canale
Antonio Cardoso Neto Eduardo Vedor de Paula Sabina Dessartre Mendonça
Carlos Alberto Perdigão Pessoa Felipe Costa Abreu Lopes
Eurides de Oliveira Felipe Vanhoni Jorge
Flávio Hermínio de Carvalho Fernando Helmuth Syring Marangon
Gabriel Meldau Lemos Gilson Bauer Schultz
João Augusto Bernaud Burnett Jefferson de Souza
João Bosco Rondon Santos Jéssica Guerreiro de Miranda
Joaquim Guedes Correa Gondim Filho Jonas Heitor Kondageski
José Aguiar de Lima Júnior Jorge Festa
Klaus Reitz Karen Estefania Moura Bueno
Ligia Maria Nascimento de Araújo Letícia Nunes da Costa
Luciana Roberta Sarmento da Silva Luciana Zabrocki Borges
Márcia Regina Silva Cerqueira Coimbra Roberto Fabris Goerl
Márcio Tavares Nóbrega Rodrigo Marcos de Souza
Maria Célia Alencar Machado da Silva Ronald Eugenio Manz
Raymundo Nonato Borges
Valdemar Santos Guimarães Consultores
Walszon Terlizzie Araújo Lopes Eloy Kaviski
Edson Manasses
Fabiano Saraiva
Marcos Vinicius Andriolo

Responsável Técnico RHA Engenharia e Consultoria SS Ltda


Candice Schauffert Garcia
CREA PR–67059/D
Sumário Sumário
01. APRESENTAÇÃO 9 10.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 69
02. QUALIFICAÇÃO DE DADOS HIDROLÓGICOS E RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS 11 11. PRECIPITAÇÃO MÉDIA 71
2.1. RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS 11 11.1. BASE DE DADOS 71
2.2. QUALIFICAÇÃO DE DADOS HIDROLÓGICOS 12 11.2. MÉTODOS 71
11.2.1. Inverso do Quadrado da Distância (IQD) 72
03. OBJETIVO 14
11.3. PRECIPITAÇÃO MÉDIA 72
3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14
11.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 73
04. DESCRIÇÃO DO PROJETO 16
12. SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS 75
4.1. PRINCIPAIS ETAPAS DO PROJETO E ATIVIDADES 16
12.1. INTRODUÇÃO 75
4.1.1. Coleta de Dados 16
12.2. CARACTERIZAÇÃO DO SEUCA2 75
4.1.2. Elaboração e Tratamento da Base Cartográfica 17
12.5. ATUALIZAÇÃO DOS DADOS CLIMATOLÓGICOS E PLUVIOMÉTRICOS 77
4.1.3. Consistência de Dados 18
12.6. RECONSTITUIÇÃO DAS BASES CARTOGRÁFICAS 78
4.1.4. Preenchimento e Extensão de Séries Pluviométricas 23
12.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 80
4.1.5. Geração de Séries de Totais de Precipitação Médios Mensais 23
4.1.6. Geração de Vazões Naturais / Preenchimento e Extensão de Séries Fluviométricas 23 13. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE SÉRIES FLUVIOMETRICAS 84
4.1.7. Qualificação das Séries Hidrológicas 26 13.1. BASE DE DADOS 84
4.1.8. Armazenamento e Disponibilização de Resultados 27 13.2. MÉTODOS 84
4.2. PRODUTOS 28 13.3. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE SÉRIES FLUVIOMÉTRICAS 84
13.3.1. Formação dos grupos para preenchimento e extensão das séries fluviométricas: 85
05. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 30
13.4. RESULTADOS 85
06. BASE CARTOGRÁFICA E ESTAÇÕES HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS 32
14. RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS 88
6.1. BASE CARTOGRÁFICA 32
14.1. ÁREAS DOS ESPELHOS DE ÁGUA 88
6.2. REDES PLUVIOMÉTRICA E FLUVIOMÉTRICA 34
14.2. RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES 89
6.2.1. Rede Pluviométrica 34
14.3. PLANILHAS PARA A RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS 90
6.2.2. Rede Fluviométrica 37
14.4. RESULTADOS 91
6.3. RESERVATÓRIOS 39
6.4. DISTÂNCIAS ENTRE AS SEÇÕES DE INTERESSE 41 15. AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS SÉRIES HIDROLÓGICAS 93
6.5. ARQUIVOS DIGITAIS 41 15.1. ANÁLISE DE ESTACIONARIEDADE 93
15.2. TESTES ESTATÍSTICOS 93
07. 07ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS 43
15.2.1. Detecção e Teste de Tendências e Shifts em Séries Hidrológicas 94
7.1. BASE DE DADOS 43
15.2.1.1. Determinação e Teste de Tendências 94
7.2. MÉTODOS 43
15.2.1.2 Determinação e Teste para “shifts” na Média 94
7.2.1. Grupos Homogêneos 43
15.2.1.3 Determinação e Teste para “shifts” na Variância 95
7.2.1.1. Análise de Componentes Principais 44
15.2.1.3 Determinação e Teste para “shifts” na Variância 95
7.2.1.2. Formação dos Grupos Homogêneos 45
15.2.1.4 Subdivisão da Série em Duas Amostras 95
7.2.1.3. Aplicativo Computacional para Geração dos Grupos Homogêneos 45
15.3. RESULTADOS 95
7.2.2. Curva Duplo Acumulada (CDA) 46
15.4. ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS 96
7.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 47
15.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 101
08. ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS OPERATIVOS 50
16. QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES HIDROLÓGICAS 103
8.1. VALIDAÇÃO DOS DADOS OPERATIVOS DOS ESTUDOS DO ONS 50
16.1. MÉTODOS 103
8.1.1. Métodos 50
16.2. QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS 103
8.1.2. Análise dos Dados Operativos 50
16.2.1. Índice de Qualidade Geral das Séries Pluviométricas – Índice Q 104
8.2. IDENTIFICAÇÃO DE RESERVATÓRIOS POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVOS 51
16.2.2. Índices de Estacionariedade: Tendência e Saltos – Índice E 104
8.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 53
16.2.3. Intervalo de Notas de Qualificação 105
09. ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS FLUVIOMÉTRICOS 56 16.3. QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES FLUVIOMÉTRICAS 105
9.1. BASE DE DADOS 56 16.3.1. Índice de Qualidade das Estações Fluviométricas 105
9.2. MÉTODOS 56 16.3.2. Análise de Estacionariedade: Tendência e Saltos 106
9.2.1. ANÁLISE DAS CURVAS DE DESCARGA 57 16.4. FICHAS DE QUALIFICAÇÃO 106
9.2.2. ANÁLISE DE COTAS E VAZÕES 58 16.4.1. Séries Pluviométricas 106
9.3. RESULTADOS 60 16.4.2. Séries Fluviométricas 107
10. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS 63 16.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS 111
10.1. BASE DE DADOS 63 16.5.1. Análise dos Resultados da Qualificação das Séries Pluviométricas 111
10.2. MÉTODOS 63 16.5.2. Análise dos Resultados da Qualificação das Séries
10.2.1. Modelo Multivariado Sazonal Mensal Auto-Regressivo de Ordem 1 * SMMAR(1) 63 Fluviométricas 113
10.2.2. Modelo da Ponderação Regional por Médias (PRM) 63 17. CONSIDERAÇÕES FINAIS 117
10.2.3. Modelo da Ponderação Regional por Correlação (PRC) 63
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 122
10.3. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS 64
10.4. ORGANIZAÇÃO DOS DADOS 65
10.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS 65
01
APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO

O Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição de Vazões Naturais no País foi


desenvolvido no âmbito do Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos - PROÁGUA
Nacional, mediante recursos do Banco Mundial1. O PROÁGUA Nacional teve como objetivo geral contribuir
para a melhoria da qualidade de vida da população, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do
País, mediante planejamento e gestão dos recursos hídricos simultaneamente com a expansão e otimização
da infra-estrutura hídrica, de forma a garantir a oferta sustentável de água em quantidade e qualidade
adequadas aos usos múltiplos.

Dentro deste contexto, a Agência Nacional de Águas – ANA, atendendo às atribuições que lhe são conferidas
pela Lei 9.984/ 2000, contratou o Projeto em epígrafe, em função da importância estratégica desses dados
nos estudos de planejamento e gestão de recursos hídricos. Conforme os termos do Contrato nº 016/
ANA/2009 a empresa responsável pela realização dos estudos foi a RHA Engenharia e Consultoria SS Ltda
(RHA), com sede em Curitiba, Estado do Paraná, Brasil.

Os estudos previstos no Projeto destinam-se a disponibilizar séries confiáveis de precipitação e vazão,


com níveis de qualidade definidos e com períodos homogêneos, provendo uma base de informações para a
tomada de decisões e o planejamento dos usos da água.

O Projeto contempla bacias em praticamente todo o território nacional sobre as quais se considera o
desenvolvimento de etapas relativas à coleta de dados, análise de consistência pluviométrica e fluviométrica,
preenchimento e extensão de séries mensais, geração de totais de precipitação médios mensais, reconstituição
de séries de vazões naturais médias mensais, qualificação das séries hidrológicas e armazenamento dos
resultados e produtos correspondentes. O presente documento tem como objetivo consolidar o conhecimento
utilizado em cada uma destas etapas, bem como o de disseminar as metodologias e resultados produzidos,
constituindo-se em uma referência técnica para futuros trabalhos, no âmbito dos setores relacionados ao
uso dos recursos hídricos.

Cataratas do Iguaçu, Foz do Iguaçu – PR / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA 1
Acordo de empréstimo nº 4310-BR.
9
02
QUALIFICAÇÃO DE QUALIFICAÇÃO DE DADOS
HIDROLÓGICOS E RECONSTITUIÇÃO DE
DADOS HIDROLÓGICOS E VAZÕES NATURAIS

RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES
NATURAIS
2.1. RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS

O gerenciamento dos recursos hídricos e a tomada de decisão relativamente à projetos relacionados


ao uso da água, devem ter por base as características de disponibilidade e variabilidade deste recurso
intrínseco nas séries hidrológicas naturais, ou seja, aquelas séries observadas sem a influência
direta ou indireta das ações antrópicas impostas às bacias hidrográficas. Dada a necessidade
de implantação de obras hidráulicas que sustentam as necessidades vitais do ser humano e o
desenvolvimento nacional, muitas das séries fluviométricas observadas não retratam mais, em sua
totalidade, as suas características hidrológicas naturais, devendo, portanto, ser submetidas ao um
processo de reconstituição de vazões naturais. A reconstituição das vazões naturais tem, portanto a
finalidade de resgatar as características originais de magnitude e variabilidade das vazões afetadas
pelas ações antrópicas nas bacias (ONS, 2005).

Os reservatórios construídos ao longo dos cursos de água, independentemente do fim a que se


destinam, comumente são os responsáveis pela maior alteração no regime das vazões no trecho
de jusante. A função de regularização das vazões exercida pelos reservatórios de abastecimento e
de geração de energia consiste basicamente no armazenamento de água nas épocas de hidrologia
favorável, para suprimento da deficiência de água em épocas de estiagem. Os reservatórios operados
para o controle de cheias mantêm-se com um volume vazio (volume de espera) para reter parcela
do volume afluente, por ocasião de ocorrência de enchentes, minimizando eventuais inundações
para jusante. Além disto, o espelho de água formado pela acumulação produz o fenômeno da
evaporação que ocorre a uma taxa diferenciada da evapotranspiração original sobre a área alagada,
proporcionando alteração na disponibilidade final do recurso hídrico no trecho a jusante. Outro
aspecto que influencia nas condições naturais das séries de vazão é a intervenção do ser humano
no corpo hídrico com a retirada de água para determinado fim (usos consuntivos), sendo que
posteriormente parcela da mesma água é devolvida ao próprio rio, ou então, em alguns casos,
esta água é destinada para outro corpo hídrico, configurando o que se chama de transposição de
bacia. Estas situações e a operação imposta pela própria razão da existência dos reservatórios
artificiais alteram o regime natural das vazões, impedindo muitas vezes que as séries fluviométricas
observadas sejam utilizadas no gerenciamento, planejamento e tomadas de decisão, relativamente
aos recursos hídricos, sem um processamento prévio que lhe devolva, o tanto quanto possível, as
suas características naturais.

A gestão dos recursos hídricos deve ser calcada em séries hidrológicas que apresentem condições
naturais, de modo a possibilitar a inferência estatística sobre os eventos de interesse. Desta forma
as modificações causadas pela ação do homem, seja com a construção de reservatórios, seja pelos
usos consuntivos que se estabelecem na bacia, ou por qualquer outra interferência na mesma,
devem ser consideradas quando do processo de reconstituição de vazões naturais. No entanto,
a complexidade das relações que governam o ciclo hidrológico impede que se consiga reproduzir
exatamente as vazões que a natureza produziria na bacia sem interferência humana.

Os estudos de reconstituição de vazões naturais têm como meta aproximar-se ao máximo desta
situação, contemplando as variáveis que mais interferem no mecanismo de geração de vazões.
Os efeitos de armazenamento dos reservatórios de montante (registre-se que reservatórios de
pequena regularização podem modificar as vazões em pequenas escalas de tempo e qualquer
alteração ser insignificante na escala mensal), a evaporação líquida decorrente da substituição da
evapotranspiração pela evaporação nas áreas alagadas, os usos consuntivos e a deformação dos
hidrogramas devido às alterações dos tempos de propagação das vazões.

Os estudos de reconstituição de vazões naturais podem ser realizados na escala diária ou mensal.
Quanto menor for a escala de tempo considerada maior a dificuldade de reproduzir as condições
naturais, uma vez que aspectos como os relacionados à propagação de vazões, às variações de
volumes acumulados na calha do rio e áreas alagadiças, à variabilidade diária das vazões de usos
consuntivos e das evaporações tornam-se mais significativos e muitas vezes impossíveis de serem
corretamente avaliados.

Curupa, SC / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA


10 11
02
QUALIFICAÇÃO DE DADOS
HIDROLÓGICOS E RECONSTITUIÇÃO DE
OBJETIVO
VAZÕES NATURAIS

2.2. QUALIFICAÇÃO DE DADOS HIDROLÓGICOS

Os avanços tecnológicos relacionados aos equipamentos de aquisição e transmissão de dados


hidrométricos, bem como os avanços da informática, com reflexos na capacidade de armazenamento
e na velocidade de processamento de softwares e aplicativos, motivam as pesquisas e o
desenvolvimento de modelos que buscam melhor representatividade do ciclo hidrológico. Entretanto,
ao não se dispor de dados e séries hidrológicas de qualidade, estes avanços tecnológicos não se
traduzem na qualidade dos resultados obtidos. Sob esta ótica é importante ter-se previamente
ciência da qualidade dos dados disponíveis para análise, de modo a que se possa, tanto quanto
possível, no desenvolvimento de um projeto, selecionar uma rede de informações confiável que
possibilite a geração de resultados mais próximos à realidade física dos processos considerados.

Sabe-se que diversos fatores podem contribuir para a obtenção de séries hidrológicas de qualidade.
Dentre estes fatores pode-se salientar a escolha do local para a instalação das estações, o tipo de
instalação existente, a precisão dos instrumentos de aquisição de dados, a formação e responsabilidade
dos observadores, a rotina de operação e a periodicidade de visita das equipes de manutenção, os
erros de digitação das cadernetas de campo e o ajuste de curvas de descarga, no caso de estações
fluviométricas. Entretanto, os dados observados, quando submetidos a uma análise de consistência
local e/ou regional, retratam de alguma forma a qualidade da série e um diagnóstico, relativo à
qualidade dos mesmos, pode ser definido através de índices previamente selecionados e com base
na subjetividade da equipe de analistas envolvidos no processo de consistência.

Tendo por base o estudo de consistência desenvolvido, podem-se criar índices que permitam
qualificar, por conceito ou nota, as séries hidrológicas analisadas. De maneira geral os instrumentos
de medição instalados na estação, o tamanho da série original, os coeficientes de correlação dos
modelos que permitiram o preenchimento e extensão das séries, o número ou percentual de dados
consistidos, preenchidos e estendidos, a homogeneidade e estacionariedade das séries, bem como
a proximidade com outras estações constituem-se em elementos a serem considerados quando da
definição do método de qualificação das séries.

Lagoas Naturais, Osorio – RS / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

12 13
03
OBJETIVO DESCRIÇÃO DO PROJETO

O objetivo geral do Projeto é qualificar séries mensais de precipitação e vazão no País e reconstituir séries
de vazões naturais em estações fluviométricas selecionadas.

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Obter a precipitação média, com períodos homogêneos, nas áreas de drenagem das estações
fluviométricas selecionadas;

• Obter séries temporais, com períodos homogêneos, nas estações fluviométricas selecionadas;

• Reconstituir séries de vazões naturais em estações selecionadas;

• Fornecer um grau de qualidade aos dados pluviométricos, em função da precisão, da estacionariedade,


da representatividade, da consistência, da extensão e outros parâmetros propostos;

• Fornecer um grau de qualidade aos dados fluviométricos, em função da precisão, da estacionariedade,


da representatividade, da consistência, da extensão, dos efeitos dos usos múltiplos e outros
parâmetros propostos;

Rio Nhundiaquara, Morretes – PR / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

14 15
04 04
DESCRIÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO DO PROJETO

4.1. PRINCIPAIS ETAPAS DO PROJETO E ATIVIDADES Estes dados serviram como insumos para as atividades de consistência, preenchimento e
extensão das séries pluviométricas e fluviométricas, determinação da evaporação líquida
O Projeto foi estruturado e desenvolvido em etapas que agregam diversas atividades. As etapas
consideradas foram: i) Coleta de Dados; ii) Análise de Consistência; iii) Preenchimento e Extensão de
dos reservatórios e estimativa dos usos consuntivos nas bacias de interesse. A compilação
Séries; iv) Geração de Séries de Totais de Precipitação Médios Mensais; v) Reconstituição de Séries de destas informações também contribuiu como mais um subsídio para a seleção das estações
Vazões Naturais; vi) Qualificação das Séries Hidrológicas; vii) Armazenamento e Disponibilização de fluviométricas de apoio e rede pluviométrica principal, ademais de nortear a definição dos
Resultados. Estas etapas encontram-se detalhadas conforme apresentado na seqüência. períodos homogêneos a serem reconstituídos para as séries de vazões naturalizadas, em
cada uma das Regiões Hidrográficas.
4.1.1. Coleta de Dados
C. COLETA DOS DADOS CADASTRAIS E OPERATIVOS DOS RESERVATÓRIOS
Etapa de iniciação do Projeto, relativa ao levantamento e interpretação dos dados e informações
recebidos do contratante no período de interesse do Projeto (1931-2007). O principal produto desta Na atividade de coleta de dados cadastrais e operativos foram considerados os reservatórios que
fase foi a identificação e solicitação de eventuais complementações necessárias para o desenvolvimento exercem uma regularização mensal das vazões afluentes e, conseqüentemente, afetam o regime das
das etapas subseqüentes. Dizem respeito a esta etapa as seguintes atividades, detalhadas à seqüência: vazões no vale a jusante nas bacias de interesse do Projeto. Como dado cadastral levantado tem-se:
i) identificação como nome, rio, bacia município; ii) localização por coordenadas geográficas ou utm; e
A. Pesquisa Bibliográfica para Levantamento e Coleta de Estudos Hidrológicos Similares; iii) curvas cota-área-volume, com indicativos níveis operativos característicos e volume útil. Como dado
operativo entende-se: i) série diária (ou pelo menos mensal) de níveis de água do reservatório; ii) série
B. Coleta de Dados Hidrometeorológicos (Pluviométricos, Fluviométricos e Climatológicos); diária (ou ao menos mensal) de vazões defluentes do reservatório; série diária (ou ao menos mensal)
C. Coleta de Dados Cadastrais dos Reservatórios; das vazões afluentes ao reservatório.

D. Coleta de Dados Hidrometeorológicos e de Dados Operativos de Estudos Anteriores (ONS); D. COLETA DE DADOS HIDROMETEOROLÓGICOS E DE DADOS OPERATIVOS DE ESTUDOS
ANTERIORES (Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS)
E. Coleta de Dados de Censos Demográficos, Agropecuários, Industriais e Limites de Município.
Tendo em conta a similaridade de objetivos entre o Projeto atual e os estudos recentes desenvolvidos
A. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA PARA LEVANTAMENTO E COLETA DE ESTUDOS HIDROLÓGICOS para o ONS (2002, 2005 e 2008), visando à consistência e a reconstituição de vazões naturais em locais
SIMILARES de aproveitamentos hidrelétricos nas principais bacias exploradas pelo setor energético, da abrangência
espacial e temporal destes estudos e da participação da ANA nos mesmos, considerou-se como de
O objetivo principal desta atividade consistiu em identificar as estações hidrológicas e reservatórios fundamental importância para o Projeto dispor das informações hidrometeorológicas das estações e dos
contemplados nos estudos anteriores, verificar eventuais especificidades quanto aos métodos de dados operativos dos reservatórios destes estudos.
consistência, de reconstituição de vazões naturais empregados e de qualificação das séries hidrológicas,
certificando-se com relação à disponibilidade das séries consistidas no Banco de Dados do Sistema de E. COLETA DE DADOS DE CENSOS DEMOGRÁFICOS, AGROPECUÁRIOS, INDUSTRIAIS E LIMITES DE
Informações Hidrológicas da ANA. A compilação das informações, com foco nestes atributos, contribuiu MUNICÍPIO
na definição da rede pluviométrica considerada, na formação de rede fluviométrica de apoio, na
identificação de reservatórios potencialmente relevantes no processo de reconstituição de vazões e Para a geração das vazões naturais nas seções das estações consideradas, foi considerada entre
na avaliação de métodos teóricos e aplicativos computacionais empregados no Projeto. Considerou-se outros aspectos, a vazão estimada para usos consuntivos em cada sub-bacia. Na obtenção da série
que as estações que figuravam nos 218 estudos avaliados tinham potencial para credenciarem-se a mensal de vazões de usos consuntivos foi utilizado o modelo SEUCA - Sistema para Estimativa de
formar as referidas redes de estações, desde que apresentassem boa distribuição espacial em relação Usos Consuntivos da Água, desenvolvido, mediante contratação do ONS, para subsidiar seus estudos
às bacias de interesse do projeto e período de observação favorável à consistência e a extensão de de consistência e reconstituição de vazões naturais. Da análise preliminar do relatório sobre o modelo
séries conforme pretendido. SEUCA e do correspondente manual do Sistema identificaram-se as informações pertinentes ao uso do
modelo, as quais complementam as informações e os dados disponibilizados. Essas informações foram
B. COLETA DE DADOS HIDROMETEOROLÓGICOS (PLUVIOMÉTRICOS, FLUVIOMÉTRICOS E coletadas e/ou complementadas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e outros
CLIMATOLÓGICOS) órgãos responsáveis por informações pertinentes ao modelo SEUCA, como o Ministério das Cidades
(Sistema Nacional de Informações de Saneamento - SNIS), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada –
Esta atividade teve como objetivo a apresentação da disponibilidade dos dados hidrometeorológicos, no IPEADATA e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos – ABIMAQ.
período de interesse do Projeto (1931-2007), observados em estações que retratam o comportamento
hidrológico das bacias principais selecionadas para análise. Como principais produtos desta etapa 4.1.2. Elaboração e Tratamento da Base Cartográfica
citam-se a análise dos dados hidrometeorológicos disponibilizados pelo contratante2, a construção de
diagramas de barras representativos da disponibilidade de cada tipo de dado de modo a orientar para Esta etapa trata das questões relativas à organização dos dados espaciais de suporte ao Projeto,
a necessidade de coletas adicionais e a organização das informações para atendimento às demais ou seja, a base cartográfica utilizada, bem como das informações georreferenciadas resultantes dos
atividades do projeto. Os dados hidrometeorológicos considerados foram as séries históricas de trabalhos desenvolvidos no decorrer dos trabalhos. Para alcançar este objetivo buscou-se o registro das
precipitação, cotas, vazões, resumo de descarga e os dados das normais climatológicas relativas à fontes de dados secundárias, das técnicas de tratamento e análise dos dados e dos resultados obtidos.
temperatura média mensal, à umidade relativa média mensal, velocidade dos ventos e ao número de
A abrangência geográfica do projeto estende-se por todas as Regiões Hidrográficas do território brasileiro
horas de insolação média mensal.
definidas na Resolução nº. 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH. Esta resolução
institui a Divisão Hidrográfica Nacional com a finalidade de subsidiar o Plano Nacional de Recursos
Hídricos. Em virtude da extensão geográfica do projeto e da disponibilidade de dados cartográficos foi
adotada como base cartográfica de suporte aos trabalhos a Carta Internacional ao Milionésimo.

2
Foi avaliado para definição das redes hidrometeorológicas do Projeto todo o Banco de Dados do Sistema de Informações
Hidrológicas – Hidro, da Agência Nacional de Águas.

16 17
04 04
DESCRIÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO DO PROJETO

Todos os dados obtidos de fontes secundárias foram integrados e organizados em um Sistema de 4°) Os valores considerados inconsistentes ou duvidosos com base na análise e verificações
Informações Geográficas – SIG a fim de efetuarem-se as análises e derivações decorrentes do efetuadas pelas técnicas aplicadas, foram assinalados e substituídos por outros que atendessem
desenvolvimento dos trabalhos. Neste ambiente foram, também, desenvolvidos os mapas ilustrativos as condições de homogeneidade esperadas. Eventualmente, caso as verificações ainda
das bacias hidrográficas, estações fluviométricas, estações pluviométricas e demais informações
apontassem suspeitas quanto à consistência aplicada aos dados observados, a seqüência de
pertinentes. Em razão das características de robustez e operacionalidade intrínsecas, foi aplicada na
discretização da topologia hídrica a metodologia de Otto Pfafstetter. A lógica da ottocodificação confere procedimentos foi retomada até o objetivo ser alcançado.
ao método facilidades na implementação de consultas tabulares com a mesma consistência topológica O processo de consistência pluviométrica está esquematizado na Figura 4.2.
das consultas espaciais.

Como resultado dos trabalhos da base cartográfica obteve-se em plataforma SIG o panorama espacial
do projeto em toda sua extensão.

4.1.3. Consistência de Dados

Nesta etapa os dados coletados pluviométricos, fluviométricos e operativos passaram por análise de
consistência apropriada, levando em consideração estudos anteriores já realizados, como o contratado
pela ANEEL em 1999, os contratados pelo ONS em 2002, 2005 e 2008 e demais estudos relevantes
realizados pelas empresas operadoras da rede hidrometeorológica. Os dados consistidos nestes estudos
foram comparados com os dados brutos do banco de Dados ANA3, analisados e validados quanto à sua
compatibilidade local e regional, verificando-se a necessidade de sua alteração. Nos casos em que foi
confirmada a coerência desses dados, buscou-se utilizar os mesmos no presente Projeto. Os períodos
das séries que não foram objeto de consistências anteriores foram consistidos. Dizem respeito a esta
etapa as seguintes atividades, detalhadas à seqüência:

A. Análise de Consistência de Dados Pluviométricos;

B. Análise de Consistência de Dados Fluviométricos;

C. Análise de Consistência de Dados Operativos;

D. Avaliação dos Dados Hidrometeorológicos e Operativos Trabalhados em Estudos Anteriores.

A. ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS

É objeto da análise de consistência pluviométrica os dados disponíveis das estações selecionadas para
compor a rede principal do Projeto (2.549 estações), no período de janeiro de 1931 a dezembro de
2007. Nesta atividade foram adotados os seguintes procedimentos:

1°) Identificação de erros grosseiros, na escala diária, para cada uma das séries selecionadas,
considerando valores incompatíveis (negativos ou muito elevados) ou, eventualmente, distorções
significativas observadas quando da comparação com as demais séries;

2°) Identificação de grupos que apresentassem características de homogeneidade, sendo ao menos


uma delas uma estação principal. Neste procedimento foi previsto a adoção de modelo baseado em
técnicas de análise estatística multivariada (análise dos componentes principais) de modo a identificar
estações pluviométricas homogêneas. Sobre o grupo identificado a análise foi complementada pelos
critérios de distribuição espacial e período de observação;

3°) Verificação da homogeneidade dos dados consistidos pela construção de curvas duplo acumulativas,
na escala mensal, para cada estação de cada grupo, em função das demais estações do correspondente Figura 4.2 – Seqüência do Processo de Consistência de Dados Pluviométricos
grupo;

3
Sistema de Informações Hidrológicas – Hidro, da Agência Nacional de Águas.
18 19
04 04
DESCRIÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO DO PROJETO

É objeto da análise de consistência fluviométrica os dados disponíveis das 230 estações selecionadas
para compor a rede principal do Projeto, bem como das 404 estações selecionadas para a rede
de apoio, no período de janeiro de 1931 a dezembro de 2007. Para a análise de consistência, foi
adotada a seguinte seqüência de procedimentos:

1°) Identificação de grupos de estações que apresentassem características de homogeneidade,


preferencialmente todas em uma mesma sub-bacia, sendo ao menos uma delas uma estação
principal;

2°) Análise do histórico disponível para as estações de modo a identificar situações que explicassem
eventuais divergências nos dados observados;

3°) Identificação de erros grosseiros na leitura de cotas, na escala diária, para cada uma das séries
selecionadas, considerando valores incompatíveis (erros de metro, erro de complemento, erros de
leitura de cotas negativas) quando comparados com os correspondentes das demais séries;

4°) Definição das curvas de descarga, minimizando desvios das correspondentes medições,
identificando validades e necessidades de extrapolações, de tal forma a gerar vazões compatíveis
com as vazões de postos de montante e jusante ou das proximidades da estação em estudo;

5°) Construção de curvas de permanências adimensionais (vazão uniforme) e de vazão específica,


na escala mensal e período comum, para todas as estações de cada grupo homogêneo;

6°) Construção de curvas duplo acumulativas, na escala mensal, para cada estação de cada grupo
homogêneo, em função das demais estações do correspondente grupo, verificando a compatibilidade
entre as observações tratadas;

7°) Traçado de fluviogramas simultâneos, na escala diária e mensal, entre grupos de estações
homogêneas, verificando eventuais incompatibilidades entre registros observados ou indícios de
problemas na definição das curvas de descarga;

8°) Compatibilização da série diária de vazões com a correspondente série mensal.

A Figura 4.3 mostra de forma esquemática o processo de consistência dos dados fluviométricos.

Figura 4.3 – Seqüência do Processo de Consistência de Dados Fluviométricos

20 21
04 04
DESCRIÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO DO PROJETO

C. ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DOS DADOS OPERATIVOS D. AVALIAÇÃO DOS DADOS HIDROMETEOROLÓGICOS E OPERATIVOS TRABALHADOS EM
ESTUDOS ANTERIORES
Tendo em vista o interesse do Projeto, foram objeto de consistência os dados operativos disponíveis
unicamente de usinas hidrelétricas operados pelo ONS (152 reservatórios). Para a análise de
Nos estudos desenvolvidos para o ONS, em 2002 e 2005 foram trabalhadas e consistidas séries
consistência realizada, foram considerados consistidos, após verificação, os dados oriundos dos
pluviométricas, fluviométricas e de dados operativos na escala diária, com compatibilização
estudos desenvolvidos para o ONS em 2002 e 2005. Nesta etapa também foram identificados
dentre todos os reservatórios artificiais (cerca de 5.000 reservatórios) aqueles que exercem uma dos mesmos na escala mensal. Estes estudos tiveram o acompanhamento da ANA, juntamente
regularização mensal das vazões afluentes jusante nas bacias de interesse do Projeto. Nestes casos, com outros órgãos ligados aos recursos hídricos no País. Para a validação desses dados, e
foram consideradas as vazões afluentes, vazões defluentes, níveis de água e, conseqüentemente, uso no presente Projeto, foram revistos e ou aplicados procedimentos usuais na análise de
variações mensais de armazenamento, sobre os quais os seguintes procedimentos foram adotados: consistência tais como, curvas duplo-acumulativas, curvas de permanência e fluviogramas
simultâneos.
1º) Verificação do balanço hídrico em cada reservatório;
4.1.4. Preenchimento e Extensão de Séries Pluviométricas
2º) Comparação de vazões médias mensais afluentes e defluentes com vazões médias mensais de
estações localizadas a montante e a jusante, do respectivo reservatório; Esta atividade objetiva a obtenção de séries pluviométricas completas, abrangendo períodos homogêneos
definidos em conjunto com o Contratante para cada região hidrográfica. Esses períodos, nunca inferiores
3º) Compatibilização das diferenças entre vazões afluentes e defluentes com a respectiva variação a 30 anos, foram determinados em função da disponibilidade de dados levantados nas bacias de interesse
de armazenamento no mês considerado. do Projeto no Banco de Dados da ANA.
A Figura 4.4 mostra de forma esquemática os procedimentos nesta atividade. Considerando os grupos de estações pluviométricas homogêneas definidas na etapa de consistência, o
preenchimento e extensão das séries pluviométricas foi realizado para 2.4164 estações através da adoção
de modelos baseados em estatísticas das séries envolvidas: Modelo Multivariado Sazonal Mensal Auto-
regressivo de Ordem 1; Modelo da Ponderação Regional por Médias e Modelo da Ponderação Regional
por Correlação. Os três modelos utilizados têm características comuns relativamente à consideração
da sazonalidade das precipitações e ao ajuste com base nos períodos comuns de dados das mesmas
estações, todas pertencentes ao mesmo grupo homogêneo.

4.1.5. Geração de Séries de Totais de Precipitação Médios Mensais

Esta etapa consistiu em determinar, para cada uma das 230 bacias correspondentes às estações
fluviométricas selecionadas, o vetor de precipitação média mensal, tendo por base as séries mensais
de precipitação em estações internas à bacia e em seu entorno. Para tanto, com base no contorno da
bacia e nos totais precipitados observados nas estações pluviométricas (2.416 estações), foi calculada
sobre uma malha de pontos pré-determinada a precipitação pelo método da interpolação pelo inverso
do quadrado da distância.

4.1.6. Geração de Vazões Naturais / Preenchimento e Extensão de Séries Fluviométricas

Como produto final desta etapa está a geração de vazões naturais em períodos homogêneos nas bacias de
interesse do Projeto. Primeiramente, definiu-se uma estimativa de vazões não regularizadas, para cada
estação considerada, utilizando os modelos: i) Modelo Multivariado Sazonal Mensal Auto-regressivo de
Ordem 1 (SMMAR 1); ii) Modelo da Ponderação Regional por Médias (PRM) e iii) Modelo da Ponderação
Regional por Correlação (PRC). Para tanto, a aplicação dos modelos a uma determinada estação fez uso
das séries explicativas (séries independentes) constituídas pelas séries fluviométricas consistidas, as
séries de vazões naturais em usinas hidrelétricas disponibilizadas pelo ONS e as séries de precipitação
média. Para esta primeira estimativa foram identificados nas séries fluviométricas consistidas os
períodos de observação não afetados de forma significativa pela existência de reservatórios a montante.
A partir da análise individual de cada bacia de interesse com relação à disponibilidade de dados e a
localização dos reservatórios potencialmente significativos foram definidos os métodos de reconstituição
adotados no Projeto.

As séries finais resultantes da aplicação destes métodos mantêm preservados os valores


observados com características naturais, bem como preservam os volumes correspondentes
aos períodos observados afetados por reservatórios. Da maneira como foi idealizado o processo
de reconstituição de vazões ocorre de forma concomitante com o preenchimento e extensão
das séries fluviométricas.

Figura 4.4 – Seqüência do Processo de Consistência de Dados Operativos


4
No decorrer do Projeto ocorreu o descarte das estações que não atenderam de forma ótima as necessidades do estudo, fina-
lizando a rede pluviométrica com 2.416 estações.

22 23
04 04
DESCRIÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO DO PROJETO

No processo de reconstituição das vazões naturais, tem-se por base as séries de vazões não regularizadas B. DETERMINAÇÃO DA EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DOS RESERVATÓRIOS
estimadas, e em função da localização da estação frente aos reservatórios das UHEs operadas pelo
ONS e dos reservatórios potencialmente significativos, aplicam-se procedimentos específicos a cada A evaporação líquida é obtida pela diferença entre a evaporação real do reservatório e a
situação, sendo eventualmente consideradas as seguintes séries: evapotranspiração real da bacia hidrográfica no local do reservatório antes da sua implantação,
constituindo-se em uma informação necessária para reconstituição das séries de vazões naturais
i) Séries de vazões de usos consuntivos calculados nos locais de interesse, conforme produtos obtidos nas bacias que abrigam esses reservatórios. O ONS determinou em projetos recentes taxas de
com a aplicação do modelo SEUCA; evaporação líquida mensal, definidas pelo método de Morton (Sistema SisEvapo), para diversos
locais de aproveitamentos hidrelétricos. No presente estudo foram aplicados estes vetores de
ii) Séries de vazões devidas à evaporação líquida nos locais das estações de interesse;
evaporação líquida para todos os armazenamentos de água artificiais, nas bacias onde o SisEvapo
iii) Séries de vazões observadas consistidas nos locais de interesse; mostrou-se adequado. Como para as bacias do semi-árido nordestino a aplicação do SisEvapo não
foi satisfatória, pois a evaporação líquida tende à evaporação real em situações de estiagens quando
iv) Séries de vazões naturais das usinas operadas pelo ONS, localizadas a montante ou jusante das a evapotranspiração praticamente inexiste pela simples falta de água na bacia, fez-se necessário o
estações de interesse; desenvolvimento de nova abordagem para o problema. Buscando reproduzir esta condição física,
de maneira a atender às restrições da aplicação do SisEvapo às bacias do Nordeste foi proposto
Ao longo do processo de reconstituição das vazões naturais, quando necessário, considerou-se o efeito neste trabalho, para as bacias do semi-árido, definir apenas as taxas médias de evaporação e
de propagação para os locais de interesse, utilizando-se dos tempos de propagação das vazões ao evapotranspiração potencial mensal, expressas em milímetros por mês (mm/mês), através do
longo dos cursos de água previamente definidos. modelo SisEVapo. Uma outra aproximação proposta neste estudo, para os diversos espelhos de água
artificiais existentes e não identificados nas bacias em análise, consistiu em distribuir a evolução da
Dizem respeito a esta etapa as seguintes atividades, detalhadas à seqüência: correspondente área alagada proporcionalmente à série de vazões de usos consuntivos determinada
para a respectiva bacia. Nestas situações a taxa de evaporação líquida dos espelhos estaria
A. Determinação do Tempo de Propagação entre Estações Fluviométricas;
representada pela aplicação do SisEvapo ao centróide das respectivas áreas alagadas artificialmente.
B. Determinação da Evaporação Líquida dos Reservatórios;
C. ESTIMATIVA DAS VAZÕES DE USOS CONSUNTIVOS DA ÁGUA
C. Estimativa das Vazões de Usos Consuntivos da Água para as Bacias Consideradas;
A estimativa das vazões de usos consuntivos, para as 230 bacias correspondentes às estações
D. Definição do Método de Reconstituição de Vazões Naturais; fluviométricas selecionadas, foi obtida pela aplicação do Sistema SEUCA, disponibilizado pelo
contratante. A sistemática aplicada consistiu na coleta e organização dos dados para os locais e
E. Geração de Séries De Vazões Naturais / Preenchimento e Extensão de Séries Fluviométricas. períodos contemplados no Projeto, conforme solicitado pelo modelo, de modo a gerar os resultados
pretendidos. Os dados básicos necessários para alimentar o SEUCA foram coletados junto ao
A. DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE PROPAGAÇÃO ENTRE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS IBGE e a outros órgãos (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, Ministério
das Cidades, Instituto de Pesquisa Aplicada – IPEA, etc.) que detêm informações relevantes ao
No modelo da onda cinemática, utilizado no presente trabalho, a velocidade de propagação é calculada processo. A organização dessas informações no modelo se deu por áreas municipais inseridas nas
a partir de dados de medição de vazão na rede de estações fluviométricas nos postos fluviométricos bacias hidrográficas das estações fluviométricas selecionadas, a partir da atualização das bases
escolhidos. A partir dos valores medidos de vazão e da área da seção transversal é possível ajustar municipais ao longo dos censos do IBGE. As séries mensais de precipitação informadas ao Sistema
SEUCA foram as séries consistidas, preenchidas e estendidas das 2.416 estações pluviométricas
uma reta do tipo Q = Qo + c.A, onde a inclinação desta reta define o valor da velocidade
selecionadas no Projeto. As demais informações hidrometeorológicas contempladas consistiram nas
normais climatológicas do período 1931 a 1961 e 1961 a 1990.
de propagação da onda cinemática na seção em estudo. A velocidade média de propagação das vazões A primeira etapa de atualização do banco de dados do SEUCA referiu-se ao cadastro de novos
em um trecho é definida pela média entre as velocidades de propagação obtidas para as seções municípios, seguida da inclusão dos dados históricos dos mesmos relativos aos censos agropecuários,
(estações fluviométricas) de extremidade do trecho considerado. Relacionando a velocidade média de industriais e demográficos publicados desde 1931 pelo IBGE. A segunda etapa referiu-se à inclusão
propagação com o comprimento do respectivo trecho de rio, têm-se uma estimativa do correspondente no SEUCA dos dados censitários publicados pelo IBGE após a última versão do SEUCA disponível,
tempo médio de propagação das vazões entre as duas seções. A aplicação do método da onda ou seja, 2005.
cinemática, neste contexto, cria um deslocamento temporal das vazões com pequeno abatimento de
picos. Adicionalmente, com o intuito de atender à atividade de coleta dos dados de censos demográficos,
foi realizada a reconstituição da base cartográfica de divisão municipal e localização das respectivas
sedes para 1931, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1985, 1991, 1996, 2000 e 2005 na área de
abrangência das bacias de interesse. Dado que a escala de trabalho do Projeto é 1:1.000.000 foram
consideradas para esta reconstituição somente a árvore de genealogia da evolução dos municípios
brasileiros, e não seus memoriais descritivos.

A partir da entrada no modelo dos dados comentados anteriormente foi realizada a estimativa das
vazões mensais de usos consuntivos (irrigação, animal, rural, urbano e industrial) para cada uma das
230 bacias fluviométricas principais. As bacias que contavam com trechos internacionais, tiveram
a sua proporção de área internacional determinada e, os valores de usos consuntivos calculados
no trecho brasileiro, pela aplicação do SEUCA, foram estendidos proporcionalmente para as áreas
internacionais.

24 25
04 04
DESCRIÇÃO DO PROJETO DESCRIÇÃO DO PROJETO

D. DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS A. AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS SÉRIES HIDROLÓGICAS

A intervenção do homem sobre os corpos hídricos, como retiradas de água para abastecimento, A precipitação e a vazão, variáveis que compõem as séries hidrológicas, são consideradas variáveis
para consumo industrial e irrigação, bem como a construção de reservatórios, independente do aleatórias quando tratadas sob a ótica da Estatística. Devido às ações antrópicas sobre as bacias
fim a que se destinam, alteraram o comportamento hidrológico das vazões, atribuindo às mesmas hidrográficas e eventuais mudanças climáticas no planeta, suspeita-se sobre alterações na tendência
características não naturais. Restabelecer as condições originais das séries hidrológicas, através da central e na variabilidade das variáveis hidrológicas, por exemplo, sobre a precipitação e a vazão,
reconstituição de vazões é uma processo consagrado, necessário ao planejamento e à gestão dos a partir da década de 70. Diversos testes estatísticos, paramétricos e não-paramétricos, podem ser
recursos hídricos. aplicados para verificar se a hipótese de igualdade entre as médias e as variâncias das variáveis
consideradas, nos períodos anteriores ou posteriores a 1970, são estatisticamente indistinguíveis
Buscando tentar reproduzir o mais fielmente possível as condições naturais das séries de vazões ou apresentam alguma diferença significativa, ao nível de significância adotado. Definindo-se pela
nas seções das estações fluviométricas selecionadas, definidas como estações principais, foram igualdade entre as referidas médias considera-se a série estacionária no que diz respeito a sua
consideradas neste Projeto as correções devidas às acumulações de água e à evaporação líquida nos tendência central. Igualmente, definindo-se pela igualdade entre respectivas variâncias amostrais
reservatórios existentes a montante e as vazões de usos consuntivos referentes ao abastecimento considera-se a série estacionária com relação a sua dispersão.
urbano, ao abastecimento rural, ao abastecimento industrial, à criação animal e à irrigação que
ocorrem nestas bacias. Neste projeto testes estatísticos recomendados na literatura foram aplicados sobre as séries
anuais, preenchidas e estendidas segundo os períodos homogêneos definidos para cada Região
A partir da análise das bacias de interesse com relação à disponibilidade de dados e a localização dos Hidrográfica, de totais de precipitação das estações pluviométricas e de vazões naturais nas estações
reservatórios potencialmente significativos foram consideradas 7 (sete) abordagens distintas, a saber: fluviométricas selecionadas. Foram considerados os testes para tendências e shifts, para a média ou
Reconstituição de Vazões em Bacias sem a Existência de Reservatórios Significativos; Reconstituição para a variância, paramétricos e não-paramétricos como os testes t-student, Mann-Kendall, Mann-
de Vazões em Bacias com a Existência de UHE operada pelo ONS imediatamente a Montante da Whitney e Teste F.
Estação Principal; Reconstituição de Vazões em Bacias com UHE operada pelo ONS a montante da
Estação Principal e com Reservatórios Significativos na Bacia Incremental; Reconstituição de Vazões B. ÍNDICES RELATIVOS À QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
em Bacias com a Existência de UHE operada pelo ONS imediatamente a jusante da Estação Principal;
Reconstituição de Vazões em Bacias com UHE operada pelo ONS a jusante da Estação Principal e i) Séries pluviométricas: A qualificação das séries de precipitação foi composta por índices obtidos
com Reservatórios Significativos na Bacia Incremental; Reconstituição de Vazões em Bacias com da qualidade do ajuste da curva duplo acumulativa perante as demais estações homogêneas
Reservatórios Significativos e sem UHE’s do ONS; e Reconstituição de Vazões em Bacias com dados consideradas, do tamanho da série observada, dos coeficientes de correlação dos modelos que
observados em período totalmente influenciado por efeitos de regularização. permitiram o preenchimento e extensão das séries e do percentual de dados consistidos, preenchidos
e estendidos. As fichas de qualificação foram disponibilizadas para 2416 estações fluviométricas.
E. GERAÇÃO DE SÉRIES DE VAZÕES NATURAIS / PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE SÉRIES
FLUVIOMÉTRICAS ii) Séries fluviométricas; A qualificação das séries fluviométricas naturais de vazão foi composta
por índices relativos à qualidade das curvas de descarga, ao percentual de meses com consistência
A aplicação do método de reconstituição de vazões naturais proposto neste trabalho foi realizada nas cotas diárias, à extensão do período de observação e ao percentual de meses preenchidos e/ou
através de planilhas EXCEL, uma para cada Região Hidrográfica contemplando todas as 230 estações estendidos. As fichas de qualificação foram disponibilizadas tanto para as estações principais (231
fluviométricas principais da região, na qual constam, as séries observadas, as séries geradas, as estações) como para as estações de apoio (cerca de 400 estações).
séries de vazões devidas à evaporação líquida e aos usos consuntivos e, conforme o caso, o(s)
reservatório(s) existente(s) a montante da referida estação. Se necessário o tempo de propagação 4.1.8. Armazenamento e Disponibilização de Resultados
entre seções de interesse também é explicitado.
Etapa final correspondente à disponibilização das informações trabalhadas, conforme preconiza o
Com base nas informações referenciadas no parágrafo anterior aplicam-se os três modelos de Termo de Referência do projeto.
geração de séries sintéticas de vazão, modelo multivariado sazonal (SMMAR) – modelo de ponderação
regional por médias (PRM) e modelo de ponderação regional por correlações (PRC), de modo a A. Elaboração de Manuais Relativos aos Programas e Ferramentas Computacionais;
efetivar o processo de preenchimento e extensão das séries. Sobre essas séries incorporam-se B. Organização dos Dados Coletados e Gerados Para Armazenamento;
as vazões devidas à evaporação líquida e aos usos consuntivos dando origem às séries de vazões
naturais nas respectivas estações. A. ELABORAÇÃO DE MANUAIS RELATIVOS AOS PROGRAMAS E FERRAMENTAS
COMPUTACIONAIS
4.1.7. Qualificação das Séries Hidrológicas
Durante o andamento do projeto e na medida das necessidades a consultora desenvolveu programas
Nesta etapa foram estabelecidos índices relativos à qualidade das séries pluviométricas e computacionais específicos, formando um Sistema de Consistência de Redes Hidrológicas ANA –
fluviométricas e aplicados testes estatísticos paramétricos e não paramétricos para avaliação da SisCORHA, sempre considerando a premissa básica de manter a compatibilidade com o Banco de
estacionariedade das séries hidrológicas. Para cada uma das estações avaliadas foi elaborada uma Dados ANA5 nos processos de importação e exportação da base de dados. Todos os programas e
ficha resumo com a qualificação final atribuída às séries. Dizem respeito a esta etapa as seguintes ferramentas computacionais utilizados durante o desenvolvimento do projeto foram apresentados
atividades, detalhadas à seqüência: com seus respectivos manuais, nos quais consta um resumo do método contemplado e onde estão
definidos os dados de entrada e saída com a respectiva formatação, bem como a compatibilidade
A. Avaliação da Estacionariedade das Séries Hidrológicas; com o banco de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH.
B. Índices Relativos à Qualificação das Séries.

5
Sistema de Informações Hidrológicas – Hidro, da Agência Nacional de Águas.
26 27
04
DESCRIÇÃO DO PROJETO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

B. ORGANIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS E GERADOS PARA ARMAZENAMENTO

Todas as séries trabalhadas foram armazenadas em sua forma original e na forma final consistida,
de modo a preservar a história do projeto desenvolvido. O padrão de armazenamento é o do Banco
de Dados Hidrológico de Referência (ambiente do aplicativo Microsoft Access) da componente do
subsistema “quali-quantitativo” do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos –
SNIRH, conforme consta do Termo de Referência do Projeto.

4.2. PRODUTOS

Os produtos e relatórios previstos durante o desenvolvimento do Projeto estão detalhados nas Tabelas
4.1 e 4.2 a seqüência.

Tabela 4.1 – Produtos do Projeto Tabela 4.2 – Relatórios do Projeto

ITEM PRODUTO RT TÍTULO DO RELATÓRIO


Posicionamento georreferenciado das estações pluvio- 1 Plano de Trabalho.
métricas em base cartográfica, em meio digital, na escala 2 Estudos Hidrológicos Anteriores.
1
1:1.000.000, diferenciando as estações principais e as es-
tações de apoio. 3 Disponibilidade de Dados Hidrometeorológicos.
Posicionamento georreferenciado das estações fluviomé- Dados do Censo Demográfico, Agropecuário, Indus-
4
tricas em base cartográfica, em meio digital, na escala trial e dos Limites de Municípios.
2 1:1.000.000, diferenciando as estações principais e as 5 Base Cartográfica.
estações de apoio e com delimitação e valores das áreas
de drenagem. 6 Consistência de Dados Pluviométricos

Séries de totais mensais de precipitação nas estações plu- Preenchimento de Falhas e Extensão de Dados Plu-
7
3 viométricas principais, com dados preenchidos e estendi- viométricos.
dos, com a indicação do grau de qualificação dos dados. 8 Consistência dos Dados Fluviométricos.
Séries de totais mensais de precipitação nas estações plu- Avaliação da Estacionariedade das Séries Hidrológi-
9
4 viométricas de apoio, com a indicação do grau de qualifi- cas.
cação dos dados e da estação.
10 Consistência de Dados Operativos.
Séries de precipitação média mensal nas áreas de
5 11 Precipitação Média.
drenagem das estações fluviométricas principais.
Preenchimento de Falhas e Extensão de Dados Flu-
Séries de vazões observadas médias mensais nas estações 12
viométricos.
6 fluviométricas selecionadas, com a indicação do grau de
qualificação dos dados e da estação. 13 Métodos de Reconstituição das Vazões Naturais.
Séries de vazões naturais médias mensais, com períodos 14 Reconstituição de Vazões Naturais
homogêneos de, no mínimo, 30 anos de dados, nas es- 15 Qualificação dos Dados Hidrológicos.
7
tações fluviométricas principais selecionadas, com a in-
dicação do grau de qualificação dos dados e da estação. Manual dos Programas e Ferramentas Computacio-
16
nais Desenvolvidos.
Séries de vazões naturais médias mensais nas bacias in-
crementais entre as estações fluviométricas principais, RF Relatório Final.
8
com períodos homogêneos de, no mínimo, 30 anos de RE Resumo Executivo.
dados, com a indicação do grau de qualificação dos dados.
Séries de usos consuntivos correspondentes às bacias das
9
estações fluviométricas principais.
Séries de dados operativos dos reservatórios considera-
10
dos.
Programas e ferramentas computacionais desenvolvidos
11 para a execução do projeto, com os respectivos códigos
fonte, quando for o caso.
Banco de dados único com as séries trabalhadas e seus
12
índices de qualificação.

Rio Pratinha, Cavalcante – GO / Rui Faquini / Banco de Imagens ANA

28 29
05
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
BASE CARTOGRÁFICA E
ESTAÇÕES HIDROMÉTRICAS
SELECIONADAS
Um dos produtos do Projeto é a obtenção de séries pluviométricas e fluviométricas completas, abrangendo
períodos previamente definidos para cada região hidrográfica. Os períodos a serem considerados para
preenchimento e extensão das séries pluviométricas e fluviométricas devem ser compatíveis entre si e
conter no mínimo 30 anos de dados.

A definição destes períodos ocorreu em conjunto com o Contratante atendendo à critérios relacionados
à disponibilidade de dados, à representatividade de épocas de cheias, à distribuição espacial frente as
estações selecionadas e à distribuição temporal frente aos períodos observados dessas estações. Esta
definição foi também subsidiada pela determinação do período crítico, o qual foi determinado por região
hidrográfica a partir das séries de vazões naturais mensais de usinas do Sistema Interligado Nacional –
SIN, disponibilizadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS. A Tabela 5.1 apresenta, por região
hidrográfica, os períodos adotados no Projeto.

Tabela 5.1 - Períodos Considerados por Região Hidrográfica.

REGIÃO HIDROGRÁFICA PERÍODO ANOS


RH Amazônica 1971-2007 37
RH do Tocantins Araguaia 1971-2007 37
RH Atlântico Nordeste Ocidental 1971-2007 37
RH do Parnaíba 1951-2007 57
RH Atlântico Nordeste Oriental 1951-2007 57
RH do São Francisco 1951-2007 57
RH Atlântico Leste 1951-2007 57
RH Atlântico Sudeste 1951-2007 57
RH do Paraná 1941-2007 67
RH do Paraguai 1961-2007 47
RH do Uruguai 1931-2007 77
RH Atlântico Sul 1941-2007 67

Rio Xingu, PA / Rui Faquini / Banco de Imagens ANA


30 31
06 06
BASE CARTOGRÁFICA E ESTAÇÕES BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES
HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS

6.1. BASE CARTOGRÁFICA

O estudo contemplou as 12 regiões hidrográficas brasileiras abrangendo uma área de


aproximadamente 8,5 milhões de Km², sobre a quais foram analisados dados hidrológicos
diários de 230 estações fluviométricas principais, 404 estações fluviométricas de apoio e
2.416 estações pluviométricas, no período de 1931 a 2007.

Os trabalhos foram orientados a partir da Divisão Hidrográfica Nacional instituída pela


Resolução nº 32/2003 do CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos (Figura 6.1).

Fonte: Resolução CNRH/Nº. 32/2003 – Anexo I

Figura 6.1 – Divisão Hidrográfica Nacional

Todavia, como os limites do território nacional não comportam a extensão geográfica


da totalidade da área das bacias hidrográficas abordadas no Projeto, os perímetros das
Regiões Hidrográficas foram transgredidos, em alguns casos, a fim de respeitarem-se
os limites naturais das bacias. Este fato ocorreu nas regiões hidrográficas: Amazônica,
Paraguai, Paraná e Uruguai.

A figura 6.2 na seqüência destaca a área de interesse do Projeto correspondente às bacias


hidrográficas das estações fluviométricas selecionadas como principais. Figura 6.2. Bacias Hidrográficas das Estações Fluviométricas Principais
32 33
06 06
BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES
HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS

O arquivo digital vetorial com a regionalização hidrográfica utilizada no Projeto foi fornecido pela Para a definição das 2.549 estações selecionadas para o Projeto, priorizaram-se as pertencentes ao
Agência Nacional das Águas – ANA, em formato shapefile. Grupo 1, em detrimento dos Grupos 2 e 3, observando-se a situação espacial com relação às bacias
fluviométricas de interesse, a realização de consistências anteriores na série e a densidade ideal
Além da regionalização hidrográfica nacional, outras duas informações de base foram necessárias desejada, de aproximadamente 1(uma) estação pluviométrica para cerca de 3.300 km².
à composição da base cartográfica: a malha hidrográfica e a codificação das bacias hidrográficas.
A rede pluviométrica de 2.549 estações selecionadas foi objeto de análise de consistência através da
Em virtude da extensão geográfica do projeto e da disponibilidade de dados cartográficos, foi adotada identificação de grupos homogêneos e da aplicação da técnica da curva duplo acumulativa, conforme
como base cartográfica de suporte aos trabalhos a Carta Internacional ao Milionésimo - CIM. será apresentado no Capítulo 7 – Análise de Consistência de Dados Pluviométricos. Nesta análise
preliminar, foram identificadas algumas séries para as quais foi impossível a geração de valores
A ANA também forneceu, para a execução dos trabalhos, os arquivos vetoriais relativos ao sintéticos. No total foram observadas 35 (trinta e cinco) estações nesta situação, sendo, portanto
mapeamento na escala do milionésimo em formato shapefile, contendo a malha hidrográfica, a objeto da etapa de preenchimento e extensão o conjunto de 2.514 estações. Após a geração de
codificação e a delimitação das ottobacias da área de abrangência do Projeto. séries sintéticas (Capítulo 10 – Preenchimento e Extensão de Séries Pluviométricas), observou-se a
necessidade de descarte de outras 98 (noventa e oito) estações pluviométricas, em função da baixa
Com base nas informações recebidas foi organizado o ambiente de trabalho em plataforma SIG,
representatividade do modelo.
utilizando-se como referencial geodésico o South American Datum de 1969 – SAD/69. Todos os
dados obtidos de fontes secundárias, no decorrer do Projeto, foram integrados e organizados Desta forma, a rede pluviométrica final do Projeto que subsidiou algumas das atividades chave para
neste Sistema a fim de efetuarem-se as análises e derivações decorrentes do desenvolvimento reconstituição das vazões nas 230 bacias de interesse, como a determinação da precipitação média,
dos trabalhos. Neste ambiente foram, também, desenvolvidos os mapas ilustrativos das bacias a estimativa dos usos consuntivos e a determinação da evaporação líquida nas bacias do semi-árido,
hidrográficas, estações fluviométricas, estações pluviométricas e demais informações pertinentes é formada por 2.416 (duas mil quatrocentas e dezesseis) estações pluviométricas.
como reservatórios, açudes e espelhos de água. Assim, como resultado dos trabalhos da base
cartográfica obteve-se em plataforma SIG o panorama espacial do Projeto em toda sua extensão. A Figura 6.3 apresenta a espacialização da rede pluviométrica final com relação às bacias
principais do Projeto. O Apêndice B – Inventário das Estações Pluviométricas6, contém o
O modelo de projeção cartográfica utilizado foi o Sistema de Projeção Equivalente de Albers com os
seguintes parâmetros: primeiro paralelo – 5°S; segundo paralelo – 42°S; meridiano central – 54°W; inventário destas estações com os respectivos índices de qualidade.
latitude da origem – 32°S; falso norte – 0; falso leste – 0. A avaliação das estações pluviométricas selecionadas, segundo a sua posição com relação às
6.2. REDES PLUVIOMÉTRICA E FLUVIOMÉTRICA bacias fluviométricas de interesse do Projeto, resultou na detecção de algumas inconsistências
relacionadas às informações relativas à localização destas estações, notadamente, a discrepâncias
6.2.1. Rede Pluviométrica entre coordenadas geográficas e códigos de estações.

A rede pluviométrica inicial foi definida pela RHA com 2.549 estações, atendendo Do total de estações, 5 (cinco) apresentaram inconsistências em seu posicionamento, não
critérios relacionados à situação operativa das estações (ativas ou desativadas), período correspondendo as suas coordenadas (latitude e longitude) ao código numérico (2º e 3º dígito) da
estação. São as estações de Brundue (cód. 01142000), Favelândia (cód. 01343006), Novo Planalto
de operação (número de anos do período histórico), período de falhas de observação
(cód. 01349001), Ponte Nova BR-101 (cód. 01840008) e Campo Alegre (cód. 02247121). Em
(meses a serem preenchidos e estendidos segundo os períodos de interesse – Tabela resposta a estes questionamentos a ANA procedeu à correção das coordenadas da estação Campo
5.1) e distribuição espacial em relação à área em estudo (representativas das estações Alegre para latitude 22°12’ e longitude 47°16’ e corrigiu a informação relativa à localização da
fluviométricas principais). O objetivo da rede foi o de formar uma base de dados suficiente estação Brundue no HIDRO para sub-bacia 46.
no que se refere aos quesitos espacialidade, temporalidade e qualidade.
Os quantitativos de estações pluviométricas selecionadas, por região hidrográfica, podem ser vistos
Para seleção da rede pluviométrica inicial foram avaliados os dados pluviométricos de 14.621 na planilha “Rede Hidrométrica.xls”, constante no Anexo I, que ilustra também, a distribuição das
estações que integram banco de dados ANA, correspondentes às sub-bacias 10 a 88. As estações segundo sua localização em relação às bacias de contribuição das estações fluviométricas
estações foram organizadas por Região Hidrográfica segundo os seguintes campos: Sub- principais do Projeto, bem como nos trechos de seus segmentos incrementais. Com base nas
bacia; Código Estação; Nome Estação; Rio; Unidade Federativa; Município; Responsável; coordenadas geográficas constantes no HIDRO7, as estações selecionadas foram localizadas na base
cartográfica no ambiente SIG.
Operadora; Período de Dados Disponíveis em Anos (e Meses) com a Indicação do Número
de Meses (e Dias) Completos; Percentual de Falhas; Indicação das Estações Situadas fora
do Território Nacional; Indicação das Estações sem Dados Disponíveis no Banco de Dados
ANA; Indicação das Estações Consistidas nos Estudos Anteriores Analisados; Indicação das
Estações Situadas nas Bacias Fluviométricas Principais do Projeto; Indicação das Estações
Consistidas em Estudos Anteriores Analisados e cuja Série não foi atualizada no Banco de
Dados ANA.
As estações analisadas foram agrupadas conforme descrito a seqüência:

• Grupo 1: séries com no mínimo 50 anos de observação e no máximo 50% de falhas ;

• Grupo 2: séries entre 30 e 50 anos de observação e no máximo 50% de falhas;

• Grupo 3: demais estações.


6
Apêndice A e Apêncide B acompanham o Relatório em mídia digital.
7
Sistema de Informações Hidrológicas – Hidro, da Agência Nacional de Águas.
34 35
06 06
BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES
HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS

6.2.2. Rede Fluviométrica

As estações fluviométricas definidas para compor a base do Projeto constam do Sistema de Informações
Hidrológicas – HIDRO da ANA. A rede principal de estações fluviométricas selecionadas como
principais é formada por 230 estações (ver Apêndice A – Inventário das Estações Fluviométricas8).
A partir das informações de coordenadas geográficas constantes no HIDRO, as estações foram
localizadas na base cartográfica no ambiente SIG.

Com as estações localizadas na base cartográfica procedeu-se ao reconhecimento das correspondentes


bacias de drenagem. O método de delimitação das bacias de contribuição foi baseado na topologia
hídrica derivada da codificação das ottobacias. No processo de obtenção das bacias de contribuição,
para algumas estações, foram observadas diferenças entre as áreas calculadas e as constantes no
HIDRO. Para as bacias com diferenças de área superior a 5% procedeu-se a verificação da localização
da estação fluviométrica através das informações constantes nas Fichas Descritivas disponibilizadas
pelo contratante.

Nas situações em que foi possível diagnosticar o motivo provável da diferença entre as áreas, por
exemplo, um afluente situado imediatamente à jusante da bacia delimitada que deveria pertencer à
bacia, procedeu-se a alteração da ottobacia de partida para a delimitação da mesma, incluindo-se o
referido afluente. Em outros casos, os croquis de localização permitiram confirmar as coordenadas
e a localização geográfica das estações através da similaridade das feições hidrográficas, ou pelo
fato das estações estarem situadas em sedes municipais. Para esta última situação foram utilizadas
informações de localização das sedes municipais provenientes do IBGE.

As estações com diferenças significativas (maiores que 5%) entre as áreas de drenagem calculadas
e as constantes no HIDRO, cuja localização geográfica não foi passível de confirmação estão
registradas na planilha “Rede Hidrométrica.xls” constante no Anexo I.

Adicionalmente às estações fluviométricas principais foram selecionadas 404 estações fluviométricas


para composição da rede auxiliar (ver planilha “Rede Hidrométrica.xls” - Anexo I), cujo processo de
localização foi semelhante ao aplicado às estações principais.

As estações auxiliares foram definidas procurando atender aos critérios abaixo, considerando-se
sempre os períodos propostos pela ANA, por região hidrográfica, para análise e extensão das séries
(Tabela 5.1):

• Maior período de operação da estação fluviométrica, dentro do período definido para a região
hidrográfica;

• Maior proporção entre dados de cotas observados em relação ao período de operação da estação,
dentro do período definido para a região hidrográfica;

• Maior número de medições de vazão, neste caso durante todo o período de operação da estação;

• Maior “homogeneidade hidrológica” com as estações principais (pertencer ao mesmo curso de


água ou afluentes, possuir área de drenagem semelhante, proximidade e semelhança espacial
entre bacias hidrográficas); e

• Ter sido utilizada em estudos anteriores.

• A Figura 6.4 apresenta a espacialização da rede fluviométrica principal e auxiliar com relação às
bacias principais do Projeto.

Figura 6.3. Estações Pluviométricas Selecionadas 8


Apêndice A e Apêndice B acompanham o Relatório em mídia digital.

36 37
06 06
BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES
HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS

6.3. RESERVATÓRIOS

Buscando-se a identificação dos reservatórios artificiais na área do Projeto utilizaram-se diversas


fontes de dados secundários.

Os espelhos d’água elaborados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos


- FUNCEME, constantes no conjunto de dados disponibilizados pela ANA foram empregados
na composição da base cartográfica. Os arquivos utilizados, em formato shapefile, contêm a
poligonal dos espelhos d’água naturais e artificiais com área superficial maior que 20 (vinte) ha,
aproximadamente. Do conjunto de dados disponibilizados foram selecionados os espelhos d’água
artificiais contidos nas bacias de contribuição das estações fluviométricas principais.

Também se utilizaram as informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, as registradas


no Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico – SIGEL, da Agência Nacional de
Energia Elétrica - ANEEL referentes aos aproveitamentos hidrelétricos, e as disponibilizadas pela
Superintendência de Usos Múltiplos da ANA. Estas informações contemplam o conjunto de Usinas
Hidrelétricas - UHE e Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH em operação na área de abrangência
do projeto.

Completando o rol de elementos relativos aos reservatórios de água foram inseridas na base
cartográfica as informações alusivas aos açudes do Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas – DNOCS.

A Figura 6.5 apresenta a espacialização dos açudes, reservatórios e espelhos de água artificiais com
relação às bacias principais do Projeto.

Figura 6.4. Estações Fluviométricas Principais e Auxiliares


38 39
06 06
BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES BASE CARTOGRAFICA E ESTAÇÕES
HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS HIDROMÉTRICAS SELECIONADAS

6.4. DISTÂNCIAS ENTRE AS SEÇÕES DE INTERESSE

Dispondo-se das informações das bacias de contribuição integradas à base cartográfica de suporte,
foi possível o cálculo das distâncias entre as seções de interesse com vistas à determinação do
tempo de propagação das vazões.

Para a execução deste procedimento foram considerados os limites das ottobacias de contribuição
das estações principais e auxiliares, bem como dos reservatórios significativos. Os comprimentos
dos segmentos dos canais de drenagem nas diferentes seções foram então calculados sobre a base
cartográfica em ambiente SIG, com base no cruzamento das ottobacias de contribuição com a rede
hidrográfica.

6.5. ARQUIVOS DIGITAIS

Os produtos gerados na integração de dados para elaboração da base cartográfica de suporte ao


desenvolvimento do projeto contemplam: arquivos de configuração dos mapas elaborados em
formato MXD; arquivos digitais dos dados em formato shapefile e arquivos digitais para visualização
dos mapas elaborados em formato PDF. Todos os produtos encontram-se no Anexo I - Produtos
Gerados para Elaboração da Base Cartográfica de Suporte ao Projeto, em mídia ótica digital (DVD).

Figura 6.5. Açudes, Reservatórios e Espelhos d Água Artificiais sobre as Bacias

40 41
07
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
PLUVIOMÉTRICOS
DADOS PLUVIOMÉTRICOS

A análise de consistência pluviométrica foi realizada em 2.549 estações distribuídas nas doze regiões
hidrográficas brasileiras. Foram objeto desta análise todos os dados disponíveis destas estações, na base
mensal, no período de janeiro de 1931 a dezembro de 2007.

7.1. BASE DE DADOS

A base de dados utilizada para análise de consistência refere-se aos dados mensais brutos,
correspondentes às estações selecionadas, constantes no Banco de Dados ANA, eventualmente
complementados quando do recebimento de informação adicional. As séries assim formadas na
base mensal foram organizadas em planilhas Excel e constituíram a entrada de dados nos aplicativos
desenvolvidos para geração dos Grupos Homogêneos e Curvas Duplo Acumuladas, conforme
detalhado no item 7.2, “Métodos”.

7.2. MÉTODOS

As séries pluviométricas existem em maior número no Brasil e geralmente tiveram início em período
anterior às séries fluviométricas disponíveis. Por esta razão são comumente utilizadas na extensão
das séries de vazão. As respostas aos diversos problemas de hidrologia aplicada serão tão mais
corretas quanto mais longos e precisos forem os registros destes dados hidrológicos. Em qualquer
caso, pode ocorrer a existência de períodos sem informações ou com falhas nas observações, ou
ainda, os dados de precipitação podem conter erros aleatórios, sistemáticos e/ou grosseiros, devido
a problemas com os aparelhos de registro e/ ou com o operador do posto, devendo ser submetidos
a uma análise e consistência prévias antes de serem utilizados.

Geralmente a consistência pluviométrica se limita à escala mensal, podendo erros grosseiros ser
identificados e supostamente corrigidos na escala diária. O objetivo da consistência é verificar
a homogeneidade dos dados, de forma a corrigir eventuais anomalias ocorridas na estação
pluviométrica, como os erros descritos. Técnicas usuais de consistência resumem-se à curvas duplo-
acumulativas, curvas de permanência, análise de regressão linear simples (diagrama de dispersão)
e múltipla envolvendo chuva e vazão, mapas de isolinhas, métodos de regionalização como o
vetor regional e métodos estatísticos multivariados como a análise de agrupamentos, a análise de
componentes principais, etc.

No presente Projeto, o primeiro passo no processo da consistência dos dados pluviométricos consistiu
na identificação de similaridade regional entre as estações, a partir da formação dos denominados
“Grupos Homogêneos”, obtidos a partir da análise de componentes principais e conveniência
geográfica (critério da distância) do conjunto de estações pluviométricas selecionadas.

A partir destes grupos foram construídas curvas duplo-acumulativas para a avaliação de eventual
inconsistência. Esta análise aplicou-se aos dados disponíveis das séries pluviométricas selecionadas
para o Projeto, no período de janeiro de 1931 a dezembro de 2007.

7.2.1. Grupos Homogêneos

Dentre as etapas que compõem a consistência dos dados, a delimitação de regiões


homogêneas é considerada a mais complexa e sujeita a subjetividades. Uma região é
dita homogênea se existem evidências suficientes de que as diferentes estações do grupo
possuem a mesma distribuição de freqüências. Embora diversas técnicas tenham sido
propostas e estudadas, como a análise de resíduos de regressão (Tasker, 1982 apud
Naghettini et Pinto, 2007), análise de componentes principais (Nathan et McMahon, 1990
apud Naghettini et Pinto, 2007), análise fatorial (White, 1975 apud Naghettini et Pinto,
2007), correlação canônica (Cavadias, 1990 apud Naghettini et Pinto, 2007), análise
discriminante (Waylen et Woo, 1984 apud Naghettini et Pinto, 2007), análise de forma
das funções densidades de probabilidade (Gingras et Adamowski, 1993 apud Naghettini
et Pinto, 2007), etc, nenhuma delas constitui um critério estritamente objetivo ou uma
solução consensual para o problema. Uma primeira fonte de controvérsias a respeito
da correta metodologia a ser empregada na identificação das regiões homogêneas diz
respeito ao tipo de dado local a ser utilizado, fazendo-se distinção entre estatísticas locais
Foz do Rio Ribeira do Iguape, Barra do Ribeira – SP / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA e características locais.
42 43
07 07
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
PLUVIOMÉTRICOS PLUVIOMÉTRICOS

A primeira refere-se a estimadores estatísticos calculados diretamente a partir dos dados hidrológicos As “p” séries longas foram selecionadas a partir do período definido pela ANA, para cada Região
objetos da análise, como a variância e a correlação, e a segunda diz respeito a propriedades Hidrográfica, para preenchimento e extensão das séries pluviométricas (Tabela 5.1).
relacionadas a um certo local específico, como a proximidade entre estações e altitude. Alguns autores,
nominalmente Wiltshire (1986), Burn (1989) e Pearson (1991), propuseram técnicas que fazem uso Sobre estas “p” séries consideradas longas, aplicou-se a técnica de Análise de Componentes
somente das estatísticas locais. Para o presente estudo, objetivando atender às prerrogativas do Principais de modo a identificar “k” séries com poder de explicar no mínimo 95% da variância
Termo de Referência do Projeto, de extensão e preenchimento das séries, considerou-se a aplicação total das precipitações na Região analisada. Desta forma “(p-k)” estações de séries longas foram
de ambos os dados na determinação das regiões homogêneas, em duas etapas consecutivas: descartadas, e as “k” séries que restaram constituíram cada uma a estação dita “principal” de cada
Grupo Homogêneo formado na Região Hidrográfica. Para o descarte das “(p-k)” séries foi aplicado
A primeira, consistindo de uma delimitação preliminar, baseada na análise de componentes principais o critério sugerido por Beale (1967). Este critério indica que a primeira estação a ser descartada é
do conjunto de estações pluviométricas selecionadas para o Projeto, identificando as estações longas aquela que está associada ao maior coeficiente, tomado em módulo, dentre os representados pelo
designadas “principais” dos grupos; auto-vetor associado ao menor auto-valor da matriz das precipitações consideradas. Eliminada uma
estação, o processo se repete até que restem somente “k” estações.
A segunda, consistindo no agrupamento das estações restantes às estações “principais” pelo critério
de proximidade. 7.2.1.2. Formação dos Grupos Homogêneos

7.2.1.1. Análise de Componentes Principais Em cada Região Hidrográfica, para formação dos “k” grupos de estações pluviométricas, consideradas
homogêneas entre si, considerou-se o agrupamento das demais estações (não longas) e das estações
A técnica denominada de Análise de Componentes Principais, popularmente chamada de PCA, é descartadas pelo processo de análise de componentes principais (“p-k” estações), pelo critério da
uma técnica exploratória de sintetização ou de simplificação da estrutura de variabilidade dos dados menor proximidade de cada uma delas em relação às “k” estações (longas) selecionadas. A distância
e constitui-se em um método da Estatística Multivariada. Seu objetivo principal é o de explicar a entre estações, no caso, foi representada por um índice de distância (por definição quanto maior ID
estrutura de variância e covariância de um vetor aleatório, composto por p-variáveis aleatórias, maior a distância entre estações), calculado pela raiz quadrada da soma das diferenças ao quadrado
através da construção de combinações lineares das variáveis originais. entre latitudes e longitudes geométricas das estações “i” e “j” consideradas, ou seja:
Estas combinações lineares são chamadas de componentes principais e são não correlacionadas
entre si. A informação contida nas p-variáveis originais é substituída pela informação contida em
k (k < p) componentes principais não correlacionadas. Desta forma, o sistema de variabilidade do
vetor aleatório composto das p-variáveis originais é aproximado pelo sistema de variabilidade do
vetor aleatório que contém as k componentes principais. A qualidade da aproximação depende do Assim, cada estação não-longa foi direcionada ao grupo da estação longa mais próxima.
número de componentes mantidas no sistema e pode ser medida através da avaliação da proporção 7.2.1.3. Aplicativo Computacional para Geração dos Grupos Homogêneos
da variância total explicada por essas. Quando a distribuição de probabilidades do vetor aleatório
em estudo é normal p-variada, as componentes principais, além de não correlacionadas, são O procedimento descrito, relativo à formação de grupos homogêneos de séries pluviométricas,
independentes e têm distribuição normal. No entanto, a suposição de normalidade não é requisito foi automatizado através de um aplicativo computacional (PANA, SISCORHA). Como produto final
necessário para aplicação da técnica de análise de componentes principais. do aplicativo tem-se a listagem dos grupos homogêneos resultantes da análise realizada. Outras
informações, no entanto estão disponíveis no arquivo de saída e podem ser analisadas com vistas à
Para o presente estudo a obtenção das componentes principais deu-se a partir da matriz de correlação melhor interpretação dos resultados. Dispõe-se da lista das estações longas, da matriz de correlação
Ppxp das variáveis Xi originais, onde i=1, 2, ... p. As variáveis Xi correspondem às séries mensais de entre as séries das estações consideradas e da evolução do percentual da variância explicada à
precipitação das 2.549 estações pluviométricas consideradas. A matriz Ppxp é a matriz de correlação medida que se insere as estações longas que encabeçam os grupos homogêneos, além de resultados
amostral do vetor aleatório X, onde Pij é o coeficiente de correlação amostral entre as i-ésima e matemáticos oriundos da formulação do método.
j-ésima variáveis, conhecido como coeficiente de correlação de Pearson. Sendo os autovalores da
matriz Ppxp denotados por λ1≥λ2≥λ3≥...≥λp e os correspondentes autovetores normalizados por Eventualmente, e por resultado da aplicação direta do sistema computacional utilizado, algumas
e1,e2,...ep, onde ei=[ei1 ei2 ... eip]´e seja Zi=(Xi-µi)/σi, onde E(Xi)=µi e Var(Xi)=σi² para i= 1, 2, Regiões Hidrográficas produziram estações principais (“k” estações) isoladas, sem que nenhuma
... p, então a j-ésima componente principal da matriz Ppxp, j= 1,2, ... p é definida por: outra estação considerada não longa tenha sido agrupada à elas. Nestes casos foi necessário
rearranjar estas estações em outros grupos, para possibilitar a análise posterior dos seus dados pelo
Yj = ej´Z = ej1 Z1 + ej2 Z2 + ... + ejp Zp método da Curva Duplo-Acumulada. O critério adotado para realocar estas estações foi o de maior
Sendo que: proximidade, a partir da inspeção visual das estações localizadas nas suas cercanías, alocando as
estações longas isoladas no grupo da estação vizinha mais próxima.
A variância de Yj é igual a λj, j = 1,2, ..., p, e a covariância entre Yj e Yk é igual a zero, para qualquer
j≠k; A Tabela 7.1 na seqüência apresenta os resultados obtidos com o aplicativo computacional utilizado
e os ajustes realizados, quando necessário, nos grupos homogêneos gerados.
A correlação entre a componente Yj e a variável padronizada Zi é igual a:

, logo as variáveis Zi com os maiores coeficientes na componente principal Yj são as mais


correlacionadas com a componente;

A variância total do vetor aleatório Z = (Z1, Z2, ... ,Zp)´é igual ao traço da matriz Ppxp, que é igual
ao valor p, ou seja, o número de variáveis medidas em cada elemento amostral. A proporção da

variância explicada pela j-ésima componente principal é igual a , ... ,p.

44 45
07 07
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
PLUVIOMÉTRICOS PLUVIOMÉTRICOS

Tabela 7.1 – Grupos Homogêneos A fase de consistência das séries pluviométricas com base na CDA, desenvolvida neste Projeto, teve
como premissas as seguintes considerações:
GRUPOS HOMOG. GERA- ESTAÇÕES LONGAS
REGIÃO HIDROGRÁFICA GRUPOS HOMOG. FINAIS • Os subgrupos de estações homogêneas, sobre as quais foi aplicada a CDA, foram extraídos
DOS ISOLADAS
de grupos maiores de estações homogêneas, obtidos da Análise de Componentes Principais
RH Amazônica 29 1660000; 166000; 1763001 26
aplicada sobre todas as séries pluviométricas consideradas em cada Região Hidrográfica;
RH do Tocantins Araguaia 25 - 25
RH Atlântico Nordeste Ocidental 11 - 11 • Os subgrupos de estações homogêneas, sobre as quais foi aplicada a CDA, foram formados de
RH do Parnaíba 15 - 15
maneira empírica buscando sempre cobrir o maior período de observações de cada estação do
grupo homogêneo, com o menor número de sub-grupos.;
RH Atlântico Nordeste Oriental 13 740008; 739006 11
RH do São Francisco 26 1946000 25 • Cada estação da Região Hidrográfica considerada pertence a apenas um grupo homogêneo,
RH Atlântico Leste 18 1539006 17
porém pode participar de mais de um subgrupo homogêneo;
2041016; 2040004; 2347052; • O número de alterações propostas foi mínimo, tendo em vista a grande variabilidade das
RH Atlântico Sudeste 19 15
2041001 precipitações e a não criação de séries artificiais em demasia;
RH do Paraná 49 2247005; 2043018 47
• As alterações foram propostas preferencialmente para as séries suspeitas, identificadas com
RH do Paraguai 8 - 8
base no seu comportamento isolado ao longo do tempo;
RH do Uruguai 7 - 7
RH Atlântico Sul 25 2851008; 2648002 23 • Uma seqüência exagerada de valores nulos, quando comparados com as demais observações
correspondentes das estações do subgrupo, foi preferencialmente substituída por falhas para
7.2.2. Curva Duplo Acumulada (CDA) posterior consistência ;

A aplicação do método da curva duplo-acumulada (CDA), desenvolvido pelo Geological Survey (USA), • As séries de comportamento errático e sem condições claras de correção foram identificadas
restringe-se às séries mensais e/ou anuais e tem por objetivo a verificação do grau de homogeneidade para provável descarte, sendo desconsideradas em etapas posteriores do processo, como na
dos dados disponíveis em determinada estação, em relação às observações registradas em postos fase de preenchimento e extensão de séries.
vizinhos, supostamente homogêneos entre si.
A geração das CDA’s, em planilhas EXCEL, foi realizada automaticamente por meio de software
Uma vez identificados os postos pertencentes a uma região homogênea, o método consiste em (SISCORHA) desenvolvido para este fim. Cada subgrupo de estações homogêneas deu origem a um
acumular, para cada um dos postos considerados, os valores mensais ou anuais e plotar num gráfico arquivo CDA de saída do aplicativo.
cartesiano, os valores acumulados correspondentes ao posto a consistir contra os valores de outro
posto confiável, adotado como base de comparação. Alternativamente, um aprimoramento do As alterações propostas nas CDAs foram registradas e posteriormente implementadas nas séries
método consiste em obterem-se os valores médios acumulados, correspondentes a todos os postos, pluviométricas correspondentes, de modo a formar a base de dados para a etapa seguinte de
exceto o em análise, e utilizar esta série como base de comparação, em substituição à série do preenchimento e extensão de séries.
posto utilizado como base. Confirmando-se a homogeneidade, os valores do posto a consistir serão
7.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
proporcionais aos observados na base de comparação dando origem a uma relação linear entre as
variáveis envolvidas. A consistência de séries pluviométricas é extremamente complexa dada a variabilidade espacial
e temporal acentuada das precipitações, principalmente ao se tratar de dados na escala diária.
A declividade da reta determina o fator de proporcionalidade entre ambas as séries. Eventualmente,
No entanto, na escala mensal pode-se identificar o comportamento similar do regime pluvial de
se os pontos não se alinharem segundo uma única reta pode ser uma indicação de anomalia,
determinadas estações, geralmente próximas entre si. Desta análise, por exemplo, realizada
conforme segue:
através da curva duplo acumulada, pode-se identificar erros grosseiros e sistemáticos que causam
A mudança de declividade está geralmente associada à presença de erros sistemáticos, tais como descontinuidade na relação linear esperada para a CDA entre estações supostamente homogêneas.
mudanças nas condições de observação da precipitação; Com relação à análise das milhares de CDA’s geradas pode-se registrar:

O alinhamento dos pontos segundo retas paralelas é devido a erros grosseiros tais como os relativos A. As séries resultantes desta análise, através das CDA’s, servem de insumo à etapa seguinte de
à transcrição errônea de um ou mais dados seqüenciais; preenchimento e extensão de séries, ocasião em que as alterações propostas foram validadas
ou revistas;
A distribuição errática dos pontos, sem identificação de qualquer tendência definida, pode indicar o
resultado de uma comparação de postos com regimes pluviométricos distintos. B. Para algumas séries de pequeno período de dados foi considerada inapropriada a geração de
valores sintéticos na etapa de preenchimento e extensão. No total foram observadas 35 (trinta
Complementarmente à aplicação da técnica da curva dupla acumulada, pode-se inferir um e cinco) estações nesta situação, que correspondem a 1,4% do total previsto para o Projeto.
diagnóstico preliminar sobre determinada série pluviométrica, observando o comportamento dos Assim, foram objeto de análise na etapa de preenchimento e extensão 2.514 estações (Capítulo
correspondentes valores acumulados do total mensal de precipitação ao longo do tempo. Sob 10);
a hipótese de estacionariedade é de se esperar que esta relação resulte linear e que eventuais
alterações de declividade, apontem uma suspeita sobre a regularidade da série analisada. C. Alterações de períodos de dados, em determinada estação, somente foram efetuadas quando
eram claros os procedimentos para a correção de tendências distintas;

46 47
07
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
PLUVIOMÉTRICOS
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE
DADOS OPERATIVOS

D. Outros subgrupos distintos dos analisados poderiam ser formados, a critério do analista, mas
dificilmente levariam a conclusões significativamente distintas quanto à qualidade das séries ou
aos dados alterados;

E. Uma avaliação expedita sobre a qualidade dos dados pluviométricos em cada Região Hidrográfica
pode estar baseada na Figura 7.1 apresentada na seqüência. Da simples visualização percebe-se
que a Região Hidrográfica do Paraguai destaca-se das demais e apresenta a pior qualidade dos
dados pluviométricos, ao passo que a Região Hidrográfica do Uruguai assume a posição oposta;

F. Cerca de 65% das séries de cada Região Hidrográfica apresentaram R² > 0,99, em suas
respectivas curvas duplo acumuladas;

G. De forma geral, das 2.549 estações analisadas foram identificados problemas em 416 estações
e alterados os dados relativos a 235 estações, das quais 176 foram devidas ao ajuste de
tendência da curva duplo-acumulada. As correções efetuadas correspondem a 1,8% do total de
dados mensais brutos. O número de alterações propostas foi mínimo, tendo em vista a grande
variabilidade das precipitações e a não criação de séries artificiais em demasia. Entre as Regiões
Hidrográficas destaca-se o Atlântico Nordeste Oriental com o maior percentual de alterações
nos dados mensais em relação ao total de dados mensais brutos (4,6%) e o Atlântico Sul com o
menor percentual (0,6%).

Figura 7.1 – Permanência dos Coeficientes de Eficiência de Nash (R²) associados às


respectivas Curvas Duplo Acumuladas de Dados Brutos

Barra do Rio Trancoso, Trancoso – BA / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA
48 49
08 08
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
OPERATIVOS OPERATIVOS

Este capítulo apresenta o tratamento dispensado aos dados operativos, mais especificamente dos dados 8.2. IDENTIFICAÇÃO DE RESERVATÓRIOS POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVOS
relativos a armazenamentos de água, sejam em reservatórios de usinas hidrelétricas ou de abastecimento,
em açudes ou sob a forma de espelhos de água, na área de influência das 230 bacias fluviométricas principais Os reservatórios são implantados visando diversos objetivos, mas independentemente do fim a
de interesse do Projeto. Os dados analisados referem-se a informações recebidas através da Agência Nacional que se destinam interferem no regime hidrológico da bacia a jusante com maior ou menor grau de
de Águas – ANA, oriundas do ministério de Integração – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos intensidade. Esta interferência deve-se basicamente pela alteração do volume de água liberado para
Hídricos (FUNCEME), do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS e do Departamento Nacional de Obras a atmosfera em forma de vapor e pelo efeito da operação do reservatório, que com variações do
Contra as Secas – DNOCS. armazenamento altera a variabilidade das vazões no trecho rio abaixo. Dependendo da magnitude
do volume armazenado, mais especificamente do volume útil que compreende a faixa de variação
8.1. VALIDAÇÃO DOS DADOS OPERATIVOS DOS ESTUDOS DO ONS do armazenamento, determinado reservatório pode alterar significativamente a vazão registrada ou
definida para uma seção a jusante, ou esta alteração pode ser considerada insignificante, entendida
8.1.1. Métodos
como aquela cuja magnitude é da mesma ordem de grandeza da imprecisão inerente ao processo
O Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS disponibilizou as séries de dados operativos, de geração de vazões.
contemplando vazões naturais, vazões afluentes e vazões defluentes nos locais de aproveitamentos,
A maior dificuldade no que se refere à geração de séries de vazões naturais em trechos de rios com
dos quais a maior parcela foi objeto de estudos anteriores, referentes à análise de consistência e à
reservatórios a montante reside na falta de informações operativas destes empreendimentos. Esta
reconstituição de vazões naturais nas usinas do Sistema Interligado Nacional - SIN.
situação impossibilita a aplicação do método convencional, que contempla indiretamente o cálculo
A verificação e validação desses dados foi realizada sob a ótica de dois procedimentos. O primeiro do balanço hídrico de reservatórios.
consistiu na análise das vazões naturais médias mensais geradas para os locais dos aproveitamentos
Na etapa inicial do Projeto, de Levantamento de Dados, observou-se um grande número de
hidrelétricos, localizados nas 230 bacias fluviométricas de interesse do Projeto, através da geração
armazenamentos sobre as bacias principais, que em função de peculiaridades foram chamados
de fluviogramas simultâneos. Para este procedimento, além das próprias séries de vazões naturais
de espelhos de água, açudes, UHE’s, PCH’s ou simplesmente reservatórios. Para a grande maioria
disponibilizadas pelo ONS, foram criadas séries artificiais mediante a soma algébrica dos valores de
desses armazenamentos não se conhece o volume e dispõe-se apenas da área alagada determinada
vazão natural correspondentes a aproveitamentos localizados em rios distintos de uma mesma bacia.
a partir de “shapes” da FUNCEME com os espelhos de água do País (MINISTERIO DA INTEGRACAO/
O segundo processo de análise consistiu em reconstituir, de maneira simplificada, a vazão natural
FUNCEME, 2008. Mapeamento dos espelhos d’água do Brasil). Uma informação mais completa foi a
nos locais e aproveitamentos, através de dados operativos de reservatórios localizados a montante.
obtida junto ao setor elétrico, onde o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, disponibilizou,
As séries resultantes foram comparadas com as séries de vazões naturais disponibilizadas pelo ONS.
via ANA, séries e dados cadastrais dos reservatórios de UHE’s que compõe o Sistema Interligado
Considerando estas hipóteses simplificadoras, o cálculo da vazão natural em um determinado mês,
Nacional – SIN.
correspondente a uma seção de um barramento qualquer, foi definido pela seguinte equação:
Para a correta consideração dos reservatórios, sobre a área de interesse do Projeto, foi criado um
critério para identificação daqueles potencialmente significativos sob o aspecto de regularização,
para a geração de vazões naturais de determinada estação fluviométrica. O critério adotado para a
identificação dos reservatórios relevantes, está baseado na equação:

QNj = Vazão Natural Média Mensal na seção do aproveitamento j (m³/s);

QAj = Vazão Média Mensal Afluente ao aproveitamento j (m³/s);

ΔV = Variação de volume armazenado no mês, ou seja, Vfinal – Vinicial (m³);


onde,
Δt = Intervalo de tempo, no caso número de segundos de um mês (s);
N = Peso de determinado reservatório, definido pela relação entre o seu volume útil e o maior
i = Reservatórios localizados a montante do reservatório j ( i = 1, 2,...., j-1). volume útil dentre os reservatórios localizados a montante da seção considerada;
As duas análises propostas avaliaram o comportamento hidrológico das séries de vazões naturais no Vútil = Volume útil do reservatório que está sendo avaliado;
âmbito regional da bacia hidrográfica e, eventualmente, correções pontuais puderam ser sugeridas
de modo a garantir a compatibilidade dos dados. = Vazão média de longo período correspondente à estação principal, cuja seção drena os
reservatórios considerados;
8.1.2. Análise dos Dados Operativos
Risco Definido = correspondente ao percentual limite para as diferenças na vazão média mensal da
A menos das simplificações comentadas, é de esperar que a relação entre as séries de vazões
estação principal, atribuídas ao efeito do armazenamento do reservatório em avaliação.
naturais para o mesmo aproveitamento, uma disponibilizada pelo ONS (X) e outra obtida um função
dos dados operativos dos reservatórios de montante (Y), resulte linear e com coeficiente angular Para a interpretação do critério apresentado, considera-se que os reservatórios em geral são
igual a unidade (reta de 45º). Considerando este modelo linear (X = Y), é possível calcular o operados de tal forma que o tempo de enchimento e esvaziamento, ao longo de um ano genérico,
coeficiente de eficiência de Nash (R²) associado, que define o grau de dependência entre as variáveis. em média são iguais, ou seja, correspondem ao período de 6 (seis) meses. Desta forma, o
No caso, sendo R² = 1 indica que as séries seriam idênticas. No entanto, em função das referidas denominador da equação apresentada é o volume médio escoado, em 6 (seis) meses, na seção
simplificações o ajuste linear proposto, do tipo Y = a+b.X, não produz um termo independente nulo considerada. O numerador pode ser entendido como um volume disponível no reservatório em
e nem tão pouco um coeficiente angular exatamente igual à unidade, porém valores resultantes avaliação, corrigido pelo fator “∑N”, que representa um peso sempre maior que a unidade, buscando
para o R², próximos à unidade, validam a série em análise, mostrando a compatibilidade entre levar em consideração os demais reservatórios existentes na bacia. A relação entre o numerador
esta e as eventuais séries correspondentes de aproveitamentos à montante. Registre-se que a e denominador representaria o grau potencial de alteração do reservatório em relação ao deflúvio
conseqüente validação das séries disponibilizadas pelo ONS ficou assegurada pelo excelente ajuste médio na estação considerada.
linear observado.
50 51
08 08
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
OPERATIVOS OPERATIVOS

Para a aplicação do critério sugerido a todos os armazenamentos visualizados na bacia de interesse, Tabela 8.1 – Identificação de Reservatórios Significativos
deve-se dispor da vazão média de longo período correspondente à exutória da bacia (estação
principal), do volume útil associado aos reservatórios em avaliação e do risco a ser considerado. ESTAÇÕES PRINCI- RESERVATÓRIOS SIGNIFICATIVOS C/ DADOS
Como esta etapa do estudo antecedeu a geração de vazões naturais, a vazão média de longo período ESTAÇÕES
REGIÃO HIDROGRÁFICA PAIS INFLUÊNCIA
nas estações consideradas foi obtida dos dados disponíveis no Banco de Dados da ANA, através do PRINCIPAIS DISPONÍVEIS NÃO DISPONÍVEIS
DE ARMAZ.
sistema HIDRO9. Sendo uma estatística mais robusta, o dado obtido, independentemente do grau RH Amazônica 20 - 0 0
de consistência ou eventuais falhas de observação da série acessada, prestou-se perfeitamente ao
RH do Tocantins Araguaia 29 8 1 1
objeto específico agora referido. Os volumes de alguns reservatórios foram disponibilizados, mais
notadamente os pertencentes ao setor elétrico, e outros, por comparação de dados fornecidos e RH Atlântico Nordeste Ocidental 6 1 0 1
investigação via “GOOGLE” e outras fontes da “WEB”, foram determinados. Os demais volumes, RH do Parnaíba 10 7 1 32
correspondentes a espelhos de água com área alagada conhecida, foram estimados através de RH Atlântico Nordeste Oriental 5 3 0 12
equação de regressão. Foi determinada uma equação para cada Região Hidrográfica, onde o volume
RH do São Francisco 85 46 5 73
foi relacionado à área alagada. A equação de regressão adotada é do tipo potência, ou seja:
RH Atlântico Leste 10 7 1 19
RH Atlântico Sudeste 4 1 1 0
RH do Paraná 17 3 27 6
onde “a” e “b” são parâmetros a serem determinados. Considerando o diagrama de dispersão, com RH do Paraguai 23 5 1 0
os pares de pontos grafados, onde a abscissa (X) corresponde à área alagada e a ordenada (Y) ao RH do Uruguai 8 6 5 32
volume, a equação definida correspondeu à uma envoltória de maior volume, na parte baixa da curva,
RH Atlântico Sul 13 6 2 3
de modo a reduzir o risco de eliminação de volumes significativos. Os maiores reservatórios têm,
praticamente, seus volumes sempre conhecidos ou identificados, não necessitando a maximização TOTAL 230 86 44 179
dos mesmos. Com este mesmo objetivo, na determinação do par “X;Y” o volume adotado, na
8.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
representação do diagrama de dispersão, foi sempre o volume total, não o volume útil, sob a hipótese
de que nos açudes, que representam a maioria dos armazenamentos não identificados, praticamente Um primeiro aspecto focado neste capítulo consiste na análise e validação dos dados operativos
não existe volume morto. Acrescente-se que em algumas situações, a vocação regional permitiu que disponibilizados pelo ONS, que se referem às séries de vazões naturais e de dados operativos nos
se assumissem hipóteses que melhor retratam a realidade, como é o caso dos alagamentos do arroz locais de aproveitamentos hidrelétricos, pertencentes ao Sistema Interligado Nacional – SIN. Grande
irrigado no Rio Grande do Sul. Estes podem abranger uma grande área, porém certamente são de parte desta informação foi motivo de estudos desenvolvidos pelo ONS, sob o acompanhamento de
pequeno volume e não devem figurar entre os volumes significativos. outras entidades, entre elas a própria ANA. Uma premissa considerada neste estudo diz respeito à
análise e validação dos dados trabalhados nos estudos do ONS, dado a compatibilidade dos métodos
O risco adotado no critério de identificação dos reservatórios relevantes foi de 10%, tendo em vista
empregados e a forma de acompanhamento contínuo dos trabalhos, que culminaram com a aprovação
que a imprecisão das medidas de nível, da vazão e da própria definição de curvas de descarga
das séries reconstituídas e dos dados operativos. Um segundo enfoque direcionou a análise para os
normalmente leva a dispersão de valores que chegam a percentuais superiores ao considerado.
reservatórios artificiais existentes nas bacias de interesse. Em etapa posterior deste Projeto, mais
A Tabela 8.1, a seguir, resume quantitativamente, por Região Hidrográfica, o número de estações especificamente a relativa à definição do método de reconstituição de vazões naturais adotado para
principais potencialmente influenciadas pelos reservatórios existentes, bem como fornece uma cada uma das bacias principais, é relevante saber da eventual existência de reservatórios, cuja
estatística quanto aos reservatórios significativos com dados disponíveis, que seriam as UHE’s, ou magnitude possa eventualmente alterar o regime hidrológico regional. Dentro deste contexto, a
não disponíveis, que seriam os demais reservatórios e açudes. análise desenvolvida nesta etapa restringiu-se à verificação do grau de regularização exercido pelos
reservatórios sobre as vazões nas exutórias das bacias. Admitiram-se como significativos os efeitos
superiores, em média, a 10% do deflúvio médio anual na bacia considerada.

Como considerações aos estudos desenvolvidos pode-se ressaltar:

A. As séries de vazões naturais apresentadas pelo ONS, relativas às UHE’s pertencentes ao SIN,
mostraram-se consistentes e adequadas para serem consideradas neste estudo;

B. Os meses em que a vazão incremental média mensal entre aproveitamentos consecutivos


apresenta-se como negativa, quando em período coberto pelos estudos do ONS, são devidos
a não consideração do efeito de abatimento das vazões no processo de propagação. Essas
situações ocorrem sempre que as vazões mudam significativamente de um mês para outro.
Nos demais períodos, não cobertos pelos estudos do ONS, mais especificamente entre os anos
de 2002 a 2007, para algumas UHE´s, e entre 2006 e 2007 para outras UHE´s, devem existir
problemas nos dados operativos, não disponibilizados, uma vez que a vazão natural mostra-se
coerente e compatível no âmbito regional;

C. Pelos critérios adotados, para cerca de 60% das bacias selecionadas, conclui-se que as séries de
vazões não são influenciadas, significativamente, pelos efeitos de operação dos reservatórios;

9
Sistema de Informações Hidrológicas – Hidro, da Agência Nacional de Águas.
52 53
08
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
OPERATIVOS
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE
DADOS FLUVIOMÉTRICOS

D. Para as bacias que possuem reservatórios significativos, afetando a variabilidade das vazões, o
método de reconstituição de vazões naturais leva em consideração, direta ou indiretamente, o
efeito de regularização exercido pelos reservatórios. No caso de indisponibilidade de dados, foi
necessário pelo menos estimar a época de entrada em operação desses reservatórios, de modo
a se distinguir a série natural da série regularizada em determinada estação.

E. O critério adotado para a identificação de reservatórios significativos, tendo em vista a


maximização dos volumes estimados, é robusto no sentido de buscar reduzir a eliminação de
reservatórios que deveriam ser considerados.

Acompanham este relatório (Anexo II) as séries de dados operativos dos reservatórios considerados
(ONS).

Serra do Amolar, Pantanal – MS / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

54 55
09 09
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
FLUVIOMÉTRICOS FLUVIOMÉTRICOS

9.1. BASE DE DADOS As curvas de descarga foram grafadas frente às medições, comparadas entre si e analisadas com
relação ao histórico das estações. Com base nestes dados foi tomada a decisão de adotar alguma
A análise de consistência fluviométrica foi realizada em 634 estações distribuídas nas doze regiões
das curvas existentes ou definir novas curvas. Após a definição das curvas de descarga com base
hidrográficas brasileiras, sendo 230 estações principais e 404 auxiliares (Tabela 9.1). Foram objeto
em dados locais, as séries de vazões foram analisadas frente aos dados regionais, o que permitiu
da análise de consistência realizada todos os dados disponíveis destas estações, no período de
detectar e corrigir inconsistências nas curvas de descarga, principalmente nas datas de mudança
janeiro de 1931 a dezembro de 2007.
das validades e nas extrapolações dos tramos inferior e superior das mesmas.
Destaca-se que, independente dos períodos considerados para a análise e reconstituição das vazões
Para a análise regional das séries de cotas e vazões, as estações foram divididas em grupos
naturais (Tabela 5.1), a análise de consistência foi realizada em escala de tempo diária e sobre todo
considerando-se a topologia e a proximidade das estações, os períodos em comum e a influência
o período de operação das estações principais e auxiliares, quando da disponibilidade de dados.
das usinas de montante. As séries de vazões diárias foram analisadas por meio de curvas de
Neste sentido, foram considerados também a base de dados fluviométricos consistidos fornecidos
permanências, curvas duplo-acumulativas e fluviogramas simultâneos. As curvas de permanência
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, objeto de estudos de reconstituição de séries
possibilitaram verificar a coerência das vazões ao longo das bacias e principalmente verificar as
vazões naturais em locais de Aproveitamentos Hidrelétricos.
extrapolações dos tramos inferior e superior das curvas de descarga. As curvas duplo-acumulativas
Tabela 9.1 –Estações Fluviométricas Selecionadas por Região Hidrográfica permitiram verificar a adequação das validades das curvas de descarga e também a sua qualidade.
Os cotagramas e fluviogramas simultâneos, a nível diário, foram utilizados principalmente para
ESTAÇÕES SELECIONADAS
preenchimento e consistência das vazões diárias.
REGIÃO HIDROGRÁFICA
PRINCIPAIS AUXILIARES TOTAL Para o tratamento dos dados foram desenvolvidos aplicativos específicos em planilha EXCEL e
RH Amazônica 20 29 49 utilizados os seguintes programas computacionais: SISCORHA da RHA para leitura, formatação e
RH do Tocantins Araguaia 29 54 83 análise dos dados; HIDRO da ANA para gerenciamento e organização final dos dados; GRAFCHAVE
da COPE/CPRM para definição de curvas de descarga; e SiADH da ANA para determinadas análises
RH Atlântico Nordeste Ocidental 6 14 20
de consistência de séries de vazões.
RH do Parnaíba 10 11 21
RH Atlântico Nordeste Oriental 5 6 11 9.2.1. ANÁLISE DAS CURVAS DE DESCARGA
RH do São Francisco 85 113 198 Para as 634 estações selecionadas foram lidas todas as curvas de descarga disponíveis no banco
RH Atlântico Leste 10 17 27 HIDRO e as curvas disponibilizadas pelos estudos do ONS, as quais foram avaliadas comparativamente
RH Atlântico Sudeste 4 24 28 para cada estação.
RH Atlântico Sul 13 51 64 Com base em indicadores e inspeção visual as curvas foram selecionadas quanto à adequação da
RH do Uruguai 8 27 35 validade e ao melhor ajuste. Quando da inexistência de curvas ou quando as mesmas não eram
RH do Paraná 17 33 50 consideradas adequadas, ajustaram-se novas curvas de descarga pela RHA.
RH do Paraguai 23 25 48 Para todas as curvas de descarga a RHA realizou uma verificação dos períodos iniciais e finais de
TOTAL 230 404 634 validade, que foram determinados levando-se em consideração a maior cota observada entre as
datas da última medição de descarga da última tendência e, a primeira medição de descarga da
9.2. MÉTODOS tendência posterior, ou seja, os períodos de validade foram determinados por meio da análise do
cotagrama de cada estação. Assim, considerou-se como justificativa para a mudança de validade
O tratamento de consistência dispensado às estações principais e auxiliares teve o mesmo nível de a ocorrência de uma enchente, evitando-se a determinação de períodos coincidentes com o início
detalhamento, independente desta classificação. Os dados analisados foram os referentes às séries e término do ano civil (01 de janeiro e 31 de dezembro) ou períodos coincidentes com datas
de dados brutos e consistidos fornecidos pela ANA, os quais constavam do banco HIDRO e que de medições de descarga, excetuando-se casos devidamente justificados, como reinstalações de
eventualmente foram objeto de outros estudos de consistência ao longo do tempo. Também foram seções de réguas.
considerados na análise de consistência os dados fornecidos pelo ONS, oriundos dos estudos de
reconstituição de vazões naturais em locais de Aproveitamentos Hidrelétricos (UHE´s) do Sistema As medições de vazão foram avaliadas quanto à presença de erros grosseiros, como por exemplo
Interligado Nacional. erros de digitação ou medições realizadas na mesma data com erros na velocidade. Quando
detectados com clareza e sendo passíveis de correção estes erros foram sanados, caso contrário as
O objetivo da análise exercida pela RHA nas 634 estações selecionadas foi a revisão e consolidação medições foram excluídas.
das curvas de descarga e das séries diárias de cotas consistidas, objetivando a geração de séries de
vazões observadas nas respectivas estações. Para o ajuste e extrapolação das curvas de descarga a RHA utilizou o programa “Curva-chave para
Windows” (GRAFCHAVE), versão 4.5b, disponibilizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos
Inicialmente o processo de consistência deu origem a planilhas onde foram avaliadas individualmente Minerais - CPRM e amplamente utilizado no Brasil. O programa permite o ajuste das curvas por
as séries diárias de cotas, por estação, comparando-se as cotas brutas com os dados consistidos equação polinomial de até 8° grau e pela equação potencial, e a extrapolação pelos métodos
da ANA e do ONS. Nesta consistência preliminar as séries de cotas foram examinadas localmente, Logarítmico, Stevens e Manning.
através da análise de cotagramas, para verificação da ocorrência de erros grosseiros e/ ou a
existência de períodos com prováveis inconsistências. A correção destas séries procedeu-se na Todas as curvas definidas pela RHA são representadas por uma ou mais equações potencial do tipo
análise regional com a plotagem de cotagramas e fluviogramas simultâneos entre estações vizinhas.
, onde Q é a vazão, h é a cota, e h0, k e m são parâmetros.

No ajuste de novas curvas de descarga a RHA optou pela extrapolação logarítmica pelos seguintes
motivos:

56 57
09 09
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
FLUVIOMÉTRICOS FLUVIOMÉTRICOS

• Permite representar a curva por uma ou mais equações, sendo que a maior parte das curvas Na análise regional foram empregadas duas técnicas consagradas de análise de consistência de
do banco da ANA é representada por equações, e destas, a grande maioria é do tipo potencial. dados fluviométricos, curvas duplo-acumulativas e curvas de permanência, ambas construídas a
A mesma observação pode ser feita com relação às curvas do ONS; partir dos dados diários do período comum de vazões sem falhas nas estações de cada grupo.
Basicamente, as curvas duplo-acumulativas permitiram a verificação/definição dos períodos de
• Permite a extrapolação mesmo na ausência de seções transversais; validade das curvas de descarga das estações envolvidas e as curvas de permanência a verificação
da coerência, principalmente das extrapolações superiores e inferiores, das curvas de descarga.
• Compatibilidade da extrapolação de uma curva definida pela RHA, visto que as curvas do
banco, para as demais validades, são geralmente do tipo potencial; Também na análise regional foram avaliados de forma simultânea os cotagramas diários e os
hidrogramas diários e mensais por grupos de estações. Na avaliação dos hidrogramas foram
• Compatibilidade com estações próximas no mesmo rio, visto que as curvas do banco são do
considerados os efeitos decorrentes da propagação das vazões entre as estações analisadas.
tipo potencial;
O tempo de propagação das vazões nos trechos entre as estações fluviométricas foi obtido
• Limitação de aplicabilidade dos métodos de Stevens e de Manning.
considerando-se o comprimento do rio no trecho, estimado a partir da base cartográfica, e a média
No entanto, para as estações com disponibilidade de seções transversais a RHA testou a aplicabilidade das velocidades de propagação, calculada para cada par de estações envolvidas situadas nas
dos métodos de Stevens e Manning e quando recomendável, utilizou-os como balizadores para a extremidades do trecho considerado.
extrapolação Logarítmica. Neste caso, pode-se “forçar” a tendência da extrapolação no trecho em
Pelo modelo da onda cinemática adotado para este estudo, determinou-se a velocidade de
questão, obtendo-se assim uma curva por equação com o formato desejado. Destaca-se que na
propagação, considerando os dados de medição de vazão nas estações fluviométricas. Com os
existência de seções transversais as mesmas foram utilizadas para definição do h0 no ajuste das
valores medidos de vazão e área da seção transversal é possível ajustar uma reta do tipo Q = Qo +
curvas de descarga.

Os ajustes e extrapolações realizados pela RHA foram verificados também na análise regional, c.A, onde a inclinação desta reta ( ), define o valor da velocidade de propagação da onda
notadamente no comportamento dos fluviogramas simultâneos e nas curvas de permanência. cinemática na seção de interesse.

9.2.2. ANÁLISE DE COTAS E VAZÕES Considerando definidos os tempos de propagação das vazões média diárias, para os trechos
avaliados, tem-se duas situações distintas de aplicação: a) propagação de vazão de montante para
Inicialmente, foram avaliadas as séries de cotas por estação, comparando-se as cotas brutas com jusante e b) propagação de vazão de jusante para montante (retro-propagação).
os dados consistidos da ANA e do ONS. Para tanto, criaram-se séries de “cotas preliminarmente
consistidas”, onde foram adotadas automaticamente as cotas consistidas da ANA, quando a diferença A aplicação do método da onda cinemática, neste contexto, cria um deslocamento temporal das
destas para as brutas era superior a 2 cm. Na ausência de cotas consistidas e nas diferenças de vazões com pequeno abatimento de pico, no caso de propagação para jusante, e manutenção do
até 2 cm foram adotadas as cotas brutas. Quando da existência de séries de cotas consistidas pelo tempo do escoamento superficial para os hidrogramas de cheia.
ONS, as mesmas foram comparadas com as séries brutas e consistidas da ANA, e as correções
adotadas quando pertinentes. Destacam-se as limitações do método devido às simplificações adotadas, tais como considerar que
as características hidráulicas das seções de medições são representativas dos trechos de rios entre
No processo de análise, a partir de inspeção visual dos cotagramas dos dados brutos e consistidos as mesmas, e que a velocidade de propagação não varia com a vazão. No entanto, em face da
gerados no mesmo arquivo, os dados foram criticados e eventualmente as cotas adotadas como escassez de informações para implementação de um método mais sofisticado, o método proposto
“preliminarmente consistidas” pela RHA foram alteradas. Assim, neste processo inicial de análise fornece uma boa aproximação e tem se mostrado de grande utilidade nos processos de análise de
dos cotagramas individualizados por estação o critério dos 2 cm foi adotado sistematicamente. As consistência de dados fluviométricos.
demais modificações realizadas foram decisões do analista, sendo difícil particularizar em função
da diversidade de situações encontradas. No entanto, todas as modificações foram devidamente Para efeito de comparação dos hidrogramas diários, as vazões propagadas para a estação de destino
registradas nas memórias de cálculo ao longo do Projeto. foram corrigidas por relação de áreas de drenagem e por relação de vazões médias. Uma função
objetivo foi utilizada para comparar estes hidrogramas de “vazões transferidas” com o hidrograma
A primeira fase de análise originou séries de “cotas preliminarmente consistidas”, uma vez que observado local. Quanto obteve-se um ajuste adequado, as vazões “transferidas” foram utilizadas
foram adotadas/recusadas consistências realizadas em estudos anteriores. No entanto, as séries de para corrigir/preencher as vazões diárias consideradas inconsistentes. Estas correções foram
“cotas consistidas” finais foram alteradas/preenchidas em pelo menos três momentos distintos: (a) realizadas diretamente na série de cotas por meio de uma rotina criada para gerar cotas consistidas
na análise dos cotagramas individualizados por estação; (b) na análise de grupos, por transferência a partir das vazões transferidas e das curvas de descarga das estações.
de vazões quando o modelo foi considerado adequado; (c) na análise de grupos, por interpolação
direta com base na tendência dos cotagramas e/ou fluviogramas simultâneos. As vazões incrementais foram avaliadas em escala mensal e entre estações nos grupos do tipo 1
e 2, correspondentes a estações no mesmo rio e estações com confluência, respectivamente. Para
A partir dos arquivos das curvas de descarga revisadas e das séries de “cotas preliminarmente obtenção das incrementais, as médias mensais das estações de montante foram calculadas a partir
consistidas” foram geradas séries de vazões, que integraram a análise regional. das vazões diárias propagadas até a estação de jusante.

A análise das estações em grupos, ou análise regional, foi implementada de forma a gerar grupos Inicialmente, os casos com incrementais negativas foram avaliados por inspeção visual nos
de análise de 3 tipos distintos: (1) estações no mesmo rio, (2) estações em confluência e (3) hidrogramas propagados frente ao hidrograma de jusante, verificando-se a validade dos tempos de
estações em bacias diferentes. Nos dois primeiros o processo de consistência considerou o tempo propagação calculados. Quando pertinente os tempos de propagação foram alterados por tentativa,
de propagação entre as estações. no sentido de sincronizar os hidrogramas propagados e locais.

58 59
09 09
ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DE DADOS
FLUVIOMÉTRICOS FLUVIOMÉTRICOS

Este procedimento justifica-se pois a velocidade de propagação é obtida com base na seção de medição • Avaliação crítica e eventual validação de consistências realizadas em estudos anteriores, já incorporados
das estações localizadas no início e final do trecho considerado. Como as estações estão localizadas no banco HIDRO, e também daqueles contratados pelo ONS na revisão das vazões naturais em locais
em locais escolhidos visando atender determinadas recomendações, o trecho entre as mesmas pode de aproveitamentos hidrelétricos;
apresentar características distintas.
• Recuperação de curvas de descarga antigas, principalmente para períodos sem medições de vazão
Os casos de incrementais negativas remanescentes após ajuste dos tempos de propagação foram eliminados, disponíveis, por meio das séries de cotas e vazões existentes no banco HIDRO;
sempre que possível, via modificação nas curvas de descarga ou via alteração na série de cotas. As
modificações nas curvas de descarga foram realizadas somente quando pertinente e sem descaracterizar • Análise regional por comparação dos dados entre estações próximas;
as mesmas frente às medições. As alterações nas cotas foram realizadas somente nos casos em que os
• Aplicação de modelo para transferência de dados de vazão entre estações próximas, considerando o
erros de leitura eram evidentes na comparação dos cotagramas e fluviogramas simultâneos.
tempo de propagação entre estações e relações entre áreas de drenagem e vazões médias;
Para as estações muito próximas entre si, onde a diferença de áreas de drenagem pode ser inferior à
• Estimativa das vazões incrementais médias mensais entre estações, considerando os efeitos devido à
precisão das séries fluviométricas, foi utilizado um critério para tolerância de incrementais negativas.
propagação;
Enquadram-se nesta situação as estações em que a diferença percentual das áreas de drenagem é inferior
ao dobro da soma dos respectivos desvios médios das medições de vazão das estações envolvidas. Assim, • Elaboração e aplicação de critério de tolerância de incrementais negativas considerando-se as
para os grupos do tipo 1 cada estação foi avaliada com a estação vizinha mais próxima, e para os grupos incertezas dos dados fluviométricos observados;
do tipo 2 as estações foram avaliadas considerando-se as estações em confluência. Nos dois casos, a área
incremental entre as estações envolvidas deve ser, em relação à área de drenagem da estação de jusante, • Avaliação e eliminação de incrementais negativas médias mensais;
percentualmente inferior ao dobro da soma dos desvios médios das medições das estações envolvidas.
• Desenvolvimento de um conjunto de ferramentas específicas contemplando todas as fases da análise
A avaliação da precisão das medições de vazão, em cada estação, foi feita por um critério, bastante de consistência realizada.
objetivo, que consiste no cálculo dos desvios médios dos valores medidos em relação à curva de descarga.
Esta incerteza obviamente é transferida à respectiva série de vazões que também podem trazer desvios As séries de vazões finais consistidas, nas 634 estações, são disponibilizadas no Anexo III, em mídia
devidos a outras fontes de difícil identificação. Considerando esses erros, de outras fontes, como sendo digital.
da mesma magnitude dos desvios calculados, pode-se adotar um critério de tolerância na compatibilidade
das séries, que admite eventuais incrementais negativas de valor absoluto máximo igual dobro dos desvios
médios dos valores medidos.

Nos casos em que este critério de enquadramento para tolerância de incrementais negativas foi satisfeito,
foram admitidas somente incrementais negativas percentualmente inferiores à um critério de precisão
dos dados mais restrito, ou seja, a soma dos desvios médios das medições das estações envolvidas. As
incrementais negativas com magnitude superior a este limite foram eliminadas.

Para os casos de incrementais negativas que não foram eliminadas após as correções mencionadas acima,
foi apresentada uma análise detalhada por estação fluviométrica.

9.3. RESULTADOS

Neste trabalho foi realizada a análise de consistência de 634 estações fluviométricas localizadas nas doze
regiões hidrográficas brasileiras.

Foram avaliadas as séries fluviométricas diárias disponíveis entre 1931 e 2007, resultando em 83.502
alterações de dados de cotas, com uma média de 132 dias corrigidos por estação. Para análise regional
das estações foram criados 353 grupos.

Da avaliação das curvas de descarga resultaram 2.416 validades, sendo adotadas 1.799 (74%) curvas já
existentes do banco HIDRO da ANA, 127 (5%) curvas oriundas dos estudos de vazões naturais do ONS, e
490 (20%) novas curvas foram definidas pela RHA.

Com relação a metodologia empregada, destacam-se os seguintes aspectos relevantes:

• Análise de consistência fluviométrica, na escala diária, para o período de operação das estações
compreendido entre 1931 e 2007;

• Para as estações selecionadas, independentemente da classificação principal ou auxiliar, foi dispensado


o mesmo tratamento na análise de consistência;

• O critério para a seleção das estações fluviométricas contempla, na sua maioria, estações com
histórico significativo, na quase totalidade das bacias hidrográficas analisadas;

60 61
10
PREENCHIMENTO E EXTENSÃO PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS
SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS
DAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS

A etapa de preenchimento e extensão das séries pluviométricas contemplou cerca de 2.500 estações,
distribuídas, ao longo das doze regiões hidrográficas brasileiras. As séries consideradas foram inicialmente
analisadas e consistidas, na escala mensal, através de técnicas convencionais em hidrologia (Capítulo 7 –
Análise de Consistência de Dados Pluviométricos).

10.1. BASE DE DADOS

A base de dados utilizada para preenchimento e extensão das séries refere-se aos dados mensais
consistidos das 2.549 estações selecionadas. As séries resultantes da análise de consistência foram
complementadas nos períodos não consistidos com os dados brutos do banco de dados HIDRO. Os
períodos considerados para preenchimento e extensão das séries pluviométricas são compatíveis com
os períodos considerados para as séries fluviométricas, conforme apresentado anteriormente (Tabela
5.1).

10.2. MÉTODOS

Para o tratamento das séries pluviométricas no que tange ao preenchimento e extensão dos dados,
adotaram-se modelos baseados em estatísticas das séries envolvidas. Os três modelos utilizados têm
características comuns relativamente à consideração da sazonalidade das precipitações e ao ajuste
com base nos períodos comuns de dados das mesmas estações, todas pertencentes ao mesmo grupo
homogêneo. Na seqüência apresenta-se uma descrição sucinta dos referidos modelos.

10.2.1. Modelo Multivariado Sazonal Mensal Auto-Regressivo de Ordem 1 * SMMAR(1)

A denominação “Análise Multivariada” corresponde a um grande número de métodos e técnicas


que utilizam simultaneamente todas as variáveis na interpretação teórica do conjunto de dados
obtidos. O modelo SMMAR(1) baseia-se na teoria da distribuição multivariada normal, aplicada a
variáveis independentes normalmente distribuídas. Em síntese, para um dado grupo de estações
(séries históricas mensais de precipitação) o modelo reproduz automaticamente todas as equações
de regressão e aplica, em cada caso, a equação de regressão possível em função da disponibilidade
de dados. O ajuste é feito, um para cada mês, preservando as características sazonais da série em
análise, previamente normalizada pela transformação Box-Cox.

10.2.2. Modelo da Ponderação Regional por Médias (PRM)

É um método simplificado normalmente utilizado para o preenchimento de séries mensais ou anuais


de precipitação, podendo, no entanto também ser utilizado para a extensão de series pluviométricas.
Considere um grupo de N postos, X1, X2,......., XN-1 e Y (pelo menos 3 (três) estações com no mínimo
10 (dez) anos comuns de observação), este último representando a série dependente do grupo
homogêneo. O valor proposto para preenchimento ou extensão da série do posto “Y”, em determinado
mês, é definido por uma média ponderada, onde os pesos correspondem à relação entre a média da
série “Y”, a ser preenchida, e a média da série “Xi”, composta por variáveis explicativas do processo.

O preenchimento efetuado por este método é simples e o resultado estatístico da precipitação não
sofre significativamente com as limitações deste procedimento.

10.2.3. Modelo da Ponderação Regional por Correlação (PRC)

Com as mesmas considerações relativas ao método da ponderação regional por médias, este método
consiste em estabelecer regressões lineares entre o posto com dados a serem preenchidos e/ou
estendidos (posto Y), e cada um dos postos vizinhos (postos Xi, i = 1,2,...,N-1). Para o período comum
de observação, determina-se para cada mês do ano o correspondente vetor de correlação, composto
por N-1 valores determinados pela respectiva correlação linear (ri) entre a série da estação Y com as
correspondentes séries das estações Xi. Ou seja, obtêm 12 vetores de correlação, um para cada mês
do ano, de forma a levar em consideração os eventuais efeitos de sazonalidade da série em análise.
Para um mês específico qualquer, o método é representado pela seguinte equação:

Rio São Francisco, Paulo Afonso – BA / Ricardo Zig Koch Cavalvanti / Banco de Imagens ANA

62 63
10 10
PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS
SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS

Onde, • A partir dos Grupos Homogêneos foram formados subgrupos, buscando-se garantir um número
mínimo de meses11 em comum entre as séries observadas;
y = total mensal precipitado, estimado (preenchido ou estendido) para o posto “Y”, no referido
mês; • Para aumentar o período de observação comum entre algumas estações, considerando o limite
imposto ao aplicativo computacional desenvolvido (PANA, SISCORHA), foram eventualmente
= total médio precipitado na estação “Y”, no mês em referência, correspondente ao período utilizadas estações longas, externas ao Grupo Homogêneo considerado, porém com a maior
comum de observação; proximidade possível a este;
sy = desvio padrão do total precipitado na estação “Y”, no mês em referência, correspondente Séries Sintéticas (Séries “SM”, “SP” e “SC”):
ao período comum de observação;
• Os modelos utilizados (SMMAR, PRM e PRC) são ajustados sobre as séries consistidas;
= total médio precipitado para a estação “Xi” do grupo homogêneo, no mês em referência,
correspondente ao período comum de observação; • O modelo “SMMAR(1)” é validado pelos modelos de ponderação regional, mês a mês, através de
diferenças absolutas e relativas entre os correspondentes valores gerados;
sxi = desvio padrão do total precipitado na estação “Xi”, do grupo homogêneo, no mês em
referência, correspondente ao período comum de observação; • Além do preenchimento e extensão das séries, nesta etapa também é realizada nova consistência
de dados considerados fortemente suspeitos;
xi = total mensal observado na estação “Xi”, no mês em que o total de precipitação na estação
”Y” deve ser preenchido ou estendido; • A identificação de um dado suspeito é realizada com base em diferenças absolutas e relativas
entre os valores propostos pelos modelos e o correspondente valor registrado na série em análise;
ri = correlação linear entre a série de total precipitado na estação “Y” e a correspondente série
na estação “Xi”, considerando o período comum de observação no mês em referência. • Para a alteração de um dado suspeito ou para o preenchimento e a extensão da série em análise
é adotado prioritariamente os valores propostos pelo modelo “PRC”, padronizando desta forma o
Registre-se que a correlação linear entre as séries pluviométricas é igual à correlação linear entre as método de geração de dados para a série em análise;
séries pluviométricas padronizadas.
• No caso de inexistência de valor proposto pela série “PRC” e havendo necessidade de proposição
10.3. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS de algum valor, adota-se o valor fornecido pelo modelo “SMMAR(1)”;
Para o preenchimento e extensão das séries pluviométricas, no âmbito deste Projeto, faz-se a geração 10.4. ORGANIZAÇÃO DOS DADOS
de séries sintéticas de precipitação, em cada uma das estações consideradas, utilizando-se os modelos
previamente descritos. No entanto, para extensão e preenchimento das séries, bem como para a As séries pluviométricas geradas após esta etapa de preenchimento e extensão estão apresentadas
consistência de determinado valor, adotam-se prioritariamente os valores propostos pelo modelo no Anexo IV, através de planilhas Excel, uma para cada região hidrográfica.
de Ponderação Regional por Correlação, por ter sido este o modelo que, de maneira geral, melhor
reproduziu a série original. Na inexistência de valores propostos pelo modelo “PRC”, adota-se os Foram descartadas 98 (noventa e oito) estações pluviométricas nesta etapa, em função da baixa
valores propostos pelo modelo “SMMAR(1)”, que praticamente sempre é capaz de inferir valores, representabilidade do modelo de geração de séries sintéticas. Foram eliminadas as estações cujo
mesmo na ausência de dados observados nas estações de apoio. Eventualmente, por impossibilidades coeficiente de eficiência de Nash (R²) entre a série original e a série gerada pelo modelo “PRC”,
matemáticas, o modelo SMMAR(1) pode não gerar algum valor pontualmente, adotando o programa associada ao ajuste perfeito “Y = X”, resultou inferior a 0,40 (62 estações) e, também as estações com
nestas situações o valor nulo. mais de 4 anos de dados estimados pelo respectivo total médio mensal de precipitação (38 estações).

Os modelos “PRM” e “PRC” necessitam de um número mínimo de observações comuns às séries em As 2416 séries resultantes da etapa de preenchimento e extensão formaram a base de dados para a
análise, bem como o modelo “SMMAR(1)” necessita de no mínimo de pares de anos seqüenciais10 determinação da série da chuva média sobre as bacias correspondentes às 230 estações fluviométricas
(regressivo de ordem 1) para geração de valores até o ano de referência desejado. Assim, para principais.
algumas séries de pequeno período de dados foi considerada inapropriada a geração de valores
10.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
sintéticos. No total foram observadas 35 (trinta e cinco) estações nesta situação, que correspondem a
1,8% do total previsto para o Projeto e que por conseqüência não foram preenchidas nem estendidas Com base nos índices relativos ao número de valores alterados e preenchidos e nos coeficientes de
nesta etapa, sendo descartadas do processo. Na seqüência é apresentado o roteiro seguido para a correlação, nos erros absolutos e nos coeficientes de determinação entre as séries originais consistidas
etapa de extensão e preenchimento de séries pluviométricas, no âmbito do Projeto: pela RHA e as correspondentes séries geradas pelos modelos utilizados nesta fase de preenchimento
e extensão, pode-se fazer uma análise global, por Região Hidrográfica, sobre a validação dos
Formação dos Subgrupos de Estações para Análise:
procedimentos adotados. Como regra geral verifica-se que o número de alterações promovidas em
• O subgrupo de “N” estações a serem preenchidas/ estendidas (estação principal e N-1 estações cada estação é de pequena monta, caracterizando a valorização do dado observado.
de apoio) é selecionado a partir dos Grupos Homogêneos definidos para análise de consistência;
Na seqüência apresentam-se gráficos onde os índices relativos a números de valores mensais alterados
• Para a Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental, em função de peculiaridades locais que e preenchidos são transformados em percentual do número de meses do período considerado para as
se traduzem em variabilidade da precipitação mesmo para estações próximas, foram definidos séries de cada Região Hidrográfica. Este percentual de valores alterados e preenchidos e os índices
Grupos Homogêneos, baseados na correlação entre as séries das estações de apoio com a série da relativos aos coeficientes de correlação, erro absoluto e coeficiente de determinação entre a série
estação cabeça de grupo (série longa); RHA e as correspondentes séries geradas, são apresentados em 17 figuras, através de curvas de
permanência.

10
Exemplo: anos 1991, 1992, 1994, 1995, 1996, 1999, 2000 e 2001, ou seja, pode haver falhas na série, desde que os 11
As estações do subgrupo para estimativa das precipitações de um determinado mês devem possuir um período de
pares formados sejam seqüenciais. observação comum de pelo menos 5 valores mensais.
64 65
10 10
PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS
SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS

Inicialmente mostram-se as curvas de permanência relativas ao percentual de valores alterados. Figura 10.2 - Permanência do Percentual de Valores Preenchidos em Relação ao Comprimento
Na Figura 10.1, observa-se que pouquíssimas estações tiveram um índice superior a 4% de dados Total da Série
suspeitos alterados. Com relação ao percentual de dados preenchidos, Figura 10.2, verifica-se uma
maior diversidade na avaliação das séries por Região Hidrográfica. A bacia do rio Uruguai, mesmo
tendo poucos dados alterados, apresenta o maior percentual de preenchimento e extensão, uma vez
que o período adotado estendeu-se até o ano de 1931. Em contrapartida a Região Hidrográfica do
Tocantins/Araguaia apresentou o menor percentual de meses preenchidos e estendidos. A adequação
dos modelos de geração de séries pluviométricas à série original pode ser avaliada pelo respectivo erro
absoluto e pelo coeficiente de determinação. As Figuras 10.3, 10.4 e 10.5 mostram o comportamento
do modelo “PRC -Ponderação Regional de Correlações”, quando aplicado às séries de cada Região
Hidrográfica, relativamente à correlação linear (r) e ao erro absoluto (EA), entre valores originais e
valores gerados, e ao coeficiente de eficiência de Nash (R²) associado ao ajuste perfeito, que define a
igualdade entre os valores gerados e valores originais. Esta análise recaiu sobre o modelo “PRC” por
ter sido este o de melhor desempenho na reprodução de valores originais. Observa-se que, a menos
da Região Hidrográfica Amazônica, para 90% das séries o coeficiente R² resultou maior do que 0,50,
indicando que o modelo “PRC” explica mais de 50% da variância da série original. Pela equação que
fornece R², apresentada anteriormente, percebe-se que o mesmo pode resultar negativo. A existência
de R² negativo ou de baixa magnitude, por exemplo R² < 0,4, indica que o modelo utilizado não é
recomendável para reproduzir os valores da série em análise. As séries da Região Amazônica, como
esperado, foram na grande maioria destoantes das demais, tanto na análise do “r”, do “EA” ou do
“R²”, provavelmente em função da maior distância e, conseqüentemente, menor homogeneidade,
entre as estações consideradas como representativas da região. As Regiões do Tocantins/Araguaia
e Atlântico Nordeste Ocidental apresentaram o melhor comportamento, com R² mais próximos da
unidade, quando comparado às demais regiões.

Figura 10.1 - Permanência do Percentual de Valores Alterados em Relação ao


Comprimento Total da Série

Figura 10.3 - Permanência dos Valores da Correlação Linear (r) entre a Série Original e a Série
Gerada (PRC)

66 67
10 10
PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DAS
SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS

Figura 10.4 - Permanência dos Valores do Erro Absoluto entre a Série Original e a Série Gerada 10.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
(PRC)
Com relação aos procedimentos adotados para o preenchimento e extensão das séries pluviométricas,
na escala mensal, bem como em relação aos resultados obtidos cabe registrar:

A. As 2.416 séries pluviométricas resultantes desta etapa serviram de insumo para algumas das
atividades chave para reconstituição das vazões nas 230 bacias de interesse, como a determinação
da precipitação média, a estimativa dos usos consuntivos e a determinação da evaporação líquida
nas bacias do semi-árido;

B. Os subgrupos de estações utilizados para o preenchimento e extensão de séries foram criados


preferencialmente por estações pertencentes ao mesmo grupo homogêneo e definidos em função
de períodos comuns de observação. Para aumentar o período de observação comum entre
algumas estações, considerando o limite imposto ao aplicativo computacional12 desenvolvido,
foram eventualmente utilizadas estações longas, externas ao grupo homogêneo considerado,
porém com a maior proximidade possível a este;

C. grande maioria das séries dos subgrupos formados mostraram-se correlacionadas entre si,
validando a aplicação dos procedimentos adotados;

D. Como critério de padronização do método de preenchimento e extensão de séries adotou-se o


modelo “PRC”, que invariavelmente mostrou-se mais adequado a este processo;

E. O modelo ”SMMAR(1)”, apesar da menor aderência aos dados observados, sempre foi capaz de
propor um valor para a série original, sendo portanto utilizado quando da impossibilidade do
modelo “PRC” sugerir um valor de precipitação para determinado mês;

F. Os critérios para a identificação de dados suspeitos foram robustos à medida que privilegiaram
sempre o dado observado;

G. Os parâmetros de controle e comparação foram mantidos constantes para todas as regiões


Figura 10.5 - Permanência do Coeficiente de Eficiência de Nash (R²) correspondente ao ajuste: hidrográficas e, em conjunto com os critérios adotados, deram origem a um pequeno número de
Série Original igual à Série Gerada (PRC) dados alterados, garantindo a parcimônia no processo de consistência pluviométrica;

H. As estatísticas e índices produzidos nesta etapa serviram de insumo à “Qualificação das Séries
Pluviométricas”.

12
As estações do subgrupo para estimativa das precipitações de um determinado mês devem possuir um período de
observação comum de pelo menos 5 valores mensais
68 69
PRECIPITAÇÃO MÉDIA
11
PRECIPITAÇÃO MÉDIA

Este capítulo refere-se à etapa da espacialização da precipitação média mensal, ao longo das 230 bacias que
integram regiões de interesse do Projeto. As séries resultantes de precipitação média, uma para cada bacia
correspondente às estações principais selecionadas, constituem-se em variáveis explicativas no processo de
reconstituição de vazões naturais.

11.1. BASE DE DADOS

A base de dados utilizada para a espacialização da precipitação média refere-se aos dados mensais
consistidos e estendidos das 2.416 estações pluviométricas, conforme resultados obtidos no Capítulo
10. As observações da rede pluviométrica que extrapolaram os períodos a serem considerados no
processo de extensão de séries, em cada Região Hidrográfica, complementaram a base de dados a
partir de 1931. Esta complementação foi importantee para que o maior número possível de dados
fosse utilizado no cálculo da precipitação média nas bacias limítrofes de regiões hidrográficas, cujos
períodos sugeridos pela ANA são distintos entre si.

A Tabela 11.1, na seqüência, apresenta o número de estações pluviométricas consideradas por Região
Hidrográfica.

Tabela 11.1. Número de Estações Pluviométricas com Dados Finais Consistidos e


Estendidos

REGIÃO HIDROGRÁFICA ESTAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS


RH Amazônica 143
RH do Tocantins Araguaia 160
RH Atlântico Nordeste Ocidental 85
RH do Parnaíba 161
RH Atlântico Nordeste Oriental 155
RH do São Francisco 489
RH Atlântico Leste 217
RH Atlântico Sudeste 108
RH do Paraná 528
RH do Paraguai 85
RH do Uruguai 132
RH Atlântico Sul 153

11.2. MÉTODOS

O mapeamento da precipitação mensal é de fundamental importância para o planejamento dos recursos


hídricos, visto que é um dos condicionantes para o comportamento hidrológico da bacia hidrográfica.

O monitoramento da precipitação ocorre, usualmente, através da observação de dados coletados em


campo. A disponibilidade de dados de chuva refere-se tradicionalmente a uma rede de estações, onde
pontualmente são registrados os totais precipitados em intervalo de tempo previamente definidos. No
Brasil, a quantidade de estações de monitoramento é considerada pequena em relação às grandes
extensões territoriais das bacias, comparativamente a países mais desenvolvidos (VIOLA et al., 2010
apud Martinez et al.,2003; Martinez-Cob, 1996; Mello et al., 2007).

Para a obtenção da chuva média sobre uma determinada área, surge a necessidade do uso de
procedimentos que permitam a espacialização da informação, partindo de pontos (estações) localizados
na área de interesse onde existem valores pré-conhecidos. Muitos procedimentos são usualmente
empregados em hidrologia com este objetivo, sendo os mais tradicionais: Inverso do Quadrado das
Distâncias (IQD); Polígonos de Thiessen e Isoietas. Neste projeto adotou-se o método de interpolação
pelo Inverso do Quadrado das Distâncias para a determinação das séries de precipitação média nas
bacias hidrográficas consideradas.

Rio Bigua, Antonina – PR / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

70 71
11 11
PRECIPITAÇÃO MÉDIA PRECIPITAÇÃO MÉDIA

11.2.1. Inverso do Quadrado da Distância (IQD) Na aplicação do método, através do aplicativo computacional desenvolvido (PANA, SISCORHA), o
analista pode interagir no processo de cálculo, informando certos parâmetros, a saber:
Método determinístico que estima o valor de uma variável ao longo do espaço, atribuindo pesos a
cada um dos “n” postos considerados, em função do inverso de uma potência da distância. De acordo i. Número de pontos considerados na construção do contorno da bacia, relativamente ao número total
com Watson e Philip (1985) e Mello et al. (2003), este é um interpolador largamente utilizado com o de pontos levantados;
expoente igual a dois (Inverso do Quadrado da Distância), apresentando bons resultados, sendo muito
difundido por ser um método de interpolação rápido (ISAAKS & SRIVASTAVA,1989). ii. Densidade da malha de pontos sobre a bacia, para os quais será estimado o total precipitado, no
intervalo de tempo considerado, pelo IQD;
No caso, as séries de precipitações médias totais mensais podem ser determinadas empregando-se
o método da interpolação pelo inverso do quadrado da distância, onde o valor estimado h0 de uma iii. Dimensão da área de vizinhança da bacia em estudo, ao longo do contorno da mesma, sobre a qual
grandeza h, para um ponto com coordenadas (x0 ,y0) é calculado em função das distâncias do ponto serão consideradas as estações pluviométricas existentes na aplicação do IQD;
aos demais pontos com dados observados, com coordenadas (xj ,yj), j = 1, ..., n:
iv. Comprimento associado à diferença de um grau em latitude ou longitude, de modo a distinguir esta
distância em função da localização da bacia em estudo.

As séries de precipitação média resultantes estão disponíveis no Anexo V deste Relatório.

11.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


onde wj é o peso atribuído a cada valor observado de precipitação (hj) , calculado por:
Com relação aos procedimentos adotados para a determinação das séries correspondentes à chuva
média nas bacias de interesse cabe registrar:

A. As séries resultantes desta etapa servem de insumo à etapa de geração de séries de vazões
naturais nas bacias hidrográficas principais;

B. O método adotado para este procedimento é um interpolador clássico e robusto na geração de


resultados, sem riscos de descontinuidade nos valores de precipitação gerados nos pontos de
onde d0j é a distância entre os pontos com coordenadas (x0 ,y0) e (xj ,yj): interseção da malha sugerida;

C. Os parâmetros de entrada, definidos para a aplicação do software desenvolvido, dão ao analista


a possibilidade de interagir no processo de cálculo;

D. Pela observação das curvas uni-acumuladas, de cada série de precipitação média, pode-se
As coordenadas x e y utilizadas no cálculo são, respectivamente, a longitude e latitude dos pontos. concluir que as mesmas resultaram homogêneas e, conseqüentemente, validam os procedimentos
adotados para o preenchimento e a extensão das séries observadas;
Para o cálculo da precipitação média em um mês “t” qualquer, são pesquisados os “n” locais com dados
observados naquele mês e, através de um algoritmo apropriado (fundamentado no conhecimento E. Os coeficientes de determinação correspondentes ao ajuste linear das curvas uni-acumuladas
das coordenadas do contorno da bacia hidrográfica), são realizadas “m” estimativas uniformemente resultaram sempre superiores a 0,99, corroborando a análise visual.
distribuídas na área da bacia, onde “m” representa o número de quadrados, de dimensão pré-definida
(função da densidade da malha adotada), com centro geométrico contido internamente ao contorno
da bacia. O valor da precipitação média da bacia no mês “t” é estimado pela média dos valores
calculados:

As estações pluviométricas, utilizadas para determinação da série de totais médios mensais de


precipitação numa dada bacia hidrográfica, são identificadas considerando-se que pertencem a um
contorno que extrapola as dimensões da bacia em questão em um determinado percentual adotado
pelo analista. Desta forma, no cálculo da precipitação média, além das estações pluviométricas
internas podem ser consideradas estações externas à bacia.

11.3. PRECIPITAÇÃO MÉDIA

O método de interpolação pelo Inverso do Quadrado das Distâncias é muito aplicado em Hidrologia
e matematicamente mostra-se robusto, no sentido de não produzir descontinuidades ou saltos
significativos em valores extrapolados. A adoção deste método também condiz com a facilidade de
automação dos procedimentos relacionados ao mesmo.

72 73
12
SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS

12.1. INTRODUÇÃO

No âmbito do Projeto, optou-se por fazer a estimativa do uso consuntivo da água (séries de vazões
de retirada, retorno e consumo) nas 230 bacias de interesse a partir segunda versão do “Sistema
de Estimativa de Uso Consuntivo da Água”, denominado de SEUCA2, desenvolvido pelo Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Trata-se de um Sistema robusto que, com base em um banco de dados relacional projetado para o
armazenamento de informações territoriais, demográficas, econômicas e climatológicas, permite o
cálculo de estimativas dos usos consuntivos animal, população rural, população urbana, industrial e
agrícola, conforme rotinas demonstradas detalhadamente em ONS (2005).

Nesse sentido, o presente resumo trata da apresentação das atividades de atualização do banco de
dados do Sistema em questão, realizadas no âmbito do Projeto, a partir de uma breve caracterização do
Sistema e da descrição das etapas seguidas para atualização dos dados, tratando das especificidades
do banco “atualizado” em relação ao “original”, tanto em termos de volume de informações como
de implicações sobre os resultados obtidos. Também é feita referência à extensão das normais
climatológicas e inclusão dos dados pluviométricos consistidos no Sistema. Por fim, é descrita a
construção da base cartográfica relativa à evolução dos limites e sedes municipais para os anos
censitários, informação essa demandada para a realização dos cálculos pelo modelo SEUCA2.

12.2. CARACTERIZAÇÃO DO SEUCA2

O SEUCA, tal qual concebido em sua segunda versão, é baseado em fluxos de armazenamentos
de dados relacionados a um dado uso consuntivo, cálculos intermediários e resultados para bacias
incrementais no período de interesse. A Figura 12.1 apresenta a interface do Sistema.

Figura 12.1 – Tela Principal do SEUCA2 (Fonte ONS, 2005)

Menu Principal Fluxograma de Cálculo


Barra de Ferramentas Indica função de cálculo
Árvore da Estrutura do Banco de Dados Indica uma tabela do banco de dados

Rio Uruguai, Uruguaiana – RS / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA Formulário Principal

74 75
12 12
SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS

Apesar de uma interface amigável, os procedimentos de cálculo precisam ser compreendidos para que Juntos, os cadastros tb_censoanimal, tb_censodemográfico, tb_censoindustrial, tb_
se possam extrair estimativas de usos consuntivos de uma dada bacia. Inicialmente dois cadastros colheitaestado, tb_colheitamunicipio, tb_irrigacaoestado, tb_irrigacaomunicipio,
devem estar devidamente atualizados para o cálculo de uso consuntivo animal em uma bacia. O computaram 348.235 novos registros, boa parte deles digitados a partir das publicações em meio
primeiro é o Consumo Animal, cadastro em que se registra a vazão de consumo e retorno por tipo de físico dos censos demográficos e econômicos do IBGE realizados entre 1940 e 1985.
animal. O segundo cadastro, Censo Animal, é onde se registram os dados dos censos agropecuários
com o número de animais – bovinos, bubalino, suínos, asininos, caprinos, ovinos, eqüinos, muares e Todos esses registros passaram pelos processos de levantamento de dados, digitação (ou edição para
aves – por município. dados digitais), análise crítica, importação no banco de dados, teste de consistência dos resultados,
crítica e importação finais.
A partir desses dois cadastros, é possível realizar o cálculo da vazão de retirada, retorno e consumo
para o nível municipal, nas mesmas datas de referência dos cadastros dos censos agropecuários. Cabe salientar que a atualização dos dados foi orientada pela busca da manutenção da padronização
do modelo adotado pelo ONS. No entanto, o relatório final Estimativa Das Vazões Para Atividades De
A etapa seguinte exige que estejam atualizados os cadastros Bacia e Bacia/Município, que contém Uso Consuntivo Da Água Em Bacias Do Sistema Interligado Nacional (ONS, 2005), principal fonte de
a razão numérica entre a área do município e a área da bacia. O cálculo da vazão na bacia segue uma informações para a verificação do padrão de dados utilizado, por vezes, se mostrou bastante lacônico
lógica de proporção, ou seja, um município cujo território esteja totalmente contido dentro de uma quanto às soluções aplicadas para imputação de dados faltantes em determinadas publicações
dada bacia terá seus valores de usos consuntivos, anteriormente calculados, totalmente aplicados à censitárias. Assim, foi necessária a tomada de decisão quanto às interpolações, e posteriormente a
bacia em questão. Assim, a vazão em uma bacia qualquer será igual à soma das vazões proporcionais verificação da implicação sobre os resultados, quando da junção do modelo atual com o modelo antigo.
às áreas dos municípios ligados à mesma.
12.5. ATUALIZAÇÃO DOS DADOS CLIMATOLÓGICOS E PLUVIOMÉTRICOS
A etapa descrita procede ao cálculo da vazão de uso consuntivo em dada bacia nas datas de referência
(censos agropecuários) calculadas para o município. Isso implica na necessidade do cálculo de Além da inclusão e atualização de dados censitários, os dados climatológicos das estações cadastradas
interpolações. As funções do SEUCA2 interpolam linearmente para o período intercensitário a variação no SEUCA também demandaram extensão de suas séries históricas. Quanto aos dados pluviométricos,
verificada entre duas datas de referência. a rede de estações originalmente cadastrada no SEUCA2 foi substituída pelas 2.416 estações
pluviométricas consistidas, preenchidas e estendidas no Projeto.
De forma resumida, o modelo acima exposto contém a lógica geral dos cálculos do SEUCA2, não só
para a vazão de uso consuntivo animal, mas para as demais, ou seja, todos os cálculos do Sistema No SEUCA2 foram cadastradas 361 estações climatológicas (Figura 12.2) pelo ONS, que foram
seguem a seguinte rotina: cadastros de vazão de retirada e retorno para dado elemento; cadastro mantidas no Projeto, das quais 344 estão situadas em território nacional e outras 17 estão localizadas
de quantidade desse elemento em determinada data em um município; cálculo da vazão para os em países vizinhos. As variáveis climatológicas cadastradas no SEUCA213 são: Temperatura Média
municípios; cadastro de bacia e município/bacia; cálculo da vazão por bacia para as datas de referência; (°C), Temperatura Máxima (°C), Temperatura Mínima (°C), Umidade Relativa (%), Velocidade do
interpolações. Vento (m/s) e Insolação (horas), sendo que a partir destes dados foram calculados os valores de
Evapotranspiração (mm), conforme descrito em ONS (2005).
O cadastro Consumo Industrial apresenta os valores de vazão de consumo por unidade monetária
nas datas de referência para cada um dos vinte e dois tipos industriais registrados no Sistema – As variáveis climatológicas foram obtidas das Normais Climatológicas do Instituto Nacional de
metalúrgico, metal-mecânico, madeireiro, moveleiro, alimentar, etc. Os valores de uso consuntivos Meteorologia (INMET), conforme descrito em ONS (2005). No banco de dados do SEUCA2 os dados
industriais calculados para os municípios são aplicados às bacias que contém as sedes dos municípios, climatológicos anteriormente mencionados encontram-se armazenados mensalmente, sendo que os
havendo a necessidade de se registrar previamente no cadastro Bacia/Sede quais as sedes municipais valores de cada variável são repetidos para o período 1950 a 2003. É pertinente salientar que para
correspondentes a cada bacia. a estimativa dos usos consuntivos no Projeto estes mesmos dados mensais também foram repetidos
para o período de 2004 a 2007.
A vazão por uso consuntivo da população urbana também apresenta essa mesma relação entre bacia
e sede do município, aplicando à bacia os valores calculados para os municípios.

A vazão de consumo rural não apenas considera o consumo da população total do município, retirada
a população urbana – ambos previamente registrados no banco de dados, mas deduz, ainda, a
população atendida por rede de abastecimento, assim o consumo rural é considerado aquele sem rede
de abastecimento de água, enquanto o consumo urbano é aquele atendido.

O cálculo com maior complexidade e variação quanto ao esquema geral, é o de uso consuntivo por
irrigação. A sua estimativa requer o cadastro de dados de estações climatológicas e inúmeras variáveis
climáticas a elas relacionadas, devendo-se realizar o cálculo da evapotranspiração e do clima no
município para o período de interesse. Paralelamente, com base nos cadastros Cultura, Método de
Irrigação, Área Irrigada Estadual por Tipo de Cultura, Área Colhida Estadual por Tipo de Cultura,
Área Colhida Municipal por Tipo de Cultura, e Área Total Municipal Irrigada, calcula-se a
cultura média e a cultura média superfície, sendo essas o resultado de uma ponderação da retirada e
do retorno de todas as culturas na área de interesse.

Os resultados de clima no município e culturas médias permitem o cálculo de vazão do uso consuntivo
por irrigação no nível municipal. Sendo a seqüência posterior idêntica à estimativa dos demais usos
consuntivos – determinação da vazão por bacia e interpolações. 13
Com relação aos dados pluviométricos, foram cadastrados no SEUCA2 pelo ONS dados mensais de 3.258 estações
pluviométricas, com séries históricas que não apresentavam consistência ou homogeneização. Cabe destacar deste
conjunto, estações com períodos muito curtos, a exemplo da estação 00762001, cuja série apresenta apenas nove
meses de dados observados (julho de 1993 a março de 1994).

76 77
12 12
SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS

As malhas municipais do território nacional correspondentes aos anos de 1997, 2001, 2005 e 2007
foram obtidas junto ao site do IBGE (www.ibge.gov.br) em formato shapefile, na escala 1:500.000.
Quanto à malha municipal do Brasil referente ao ano de 199115, a mesma foi obtida a partir da
publicação do IBGE intitulada “Malha Municipal Digital do Brasil – Situação em 1991 e 1994”. A escala
deste produto foi de 1:500.000.

A partir da base cartográfica de 1991, foram realizadas as reconstituições das bases cartográficas
para os anos de 1985, 1980, 1970, 1960, 1950, e 1940, adotando-se métodos que dessem conta de
representar cartograficamente a constituição territorial. Para tanto, foram considerados dois tipos de
desmembramentos municipais, o simples e o complexo.

O desmembramento simples refere-se àquele em que o município criado é instalado a partir da


cessão territorial de apenas um município original. O desmembramento complexo refere-se àquele
em que o município recém-instalado é oriundo de dois ou mais municípios. Por exemplo, dos 4.491
municípios existentes em 1991, 4.140 (92,19%) vieram de desmembramentos simples, ou existiam
anteriormente ao Decreto-lei no 311. Por sua vez, 388 municípios (7,81%) foram criados a partir de
desmembramentos complexos.

Na Tabela 12.3 está apresentada a evolução municipal brasileira, bem como o reflexo desta evolução
na área de abrangência do Projeto. Na Figura 12.3 está ilustrada a divisão municipal para os anos de
1940 e 2006.

Tabela 12.3 Situação dos Municípios em Anos Censitários no SEUCA2

MUNICÍPIOS MUNICÍPIOS INSERIDOS SEDES MUNICIPAIS NA


DATA
EXISTENTES NO BRASIL NA ÁREA DE ESTUDO ÁREA DE ESTUDO
1940 1.563 1.065 883
1950 1.894 1.325 1.129
1960 2.773 1.978 1.732
1970 3.951 2.734 2.432
1980 3.991 2.764 2.461
1985 4.105 2.854 2.548
1991 4.491 3.115 2.785
1996 4.974 3.505 3.154
2000 5.507 3.840 3.467
2006 5.564 3.880 3.505

Uma vez concluída a construção das bases cartográficas para os anos censitários, as mesmas foram
correlacionadas às 230 bacias de interesse, com o auxílio de recursos de Sistemas de Informações
Figura 12.2 – Estações Climatológicas Cadastradas no SEUCA2 Geográficas. Seqüencialmente, foram calculados os percentuais de cada município nessas bacias
incrementais. Por fim, os dados resultantes foram integrados numa única tabela, a qual substituiu a
12.6. RECONSTITUIÇÃO DAS BASES CARTOGRÁFICAS tabela denominada “tb_baciamunicipio” existente no banco de dados do SEUCA2.
Para a estimativa das vazões dos usos consuntivos por bacia hidrográfica, o modelo SEUCA2 considera No que se refere aos municípios extintos entre 1940 e 2000, adotou-se processo inverso aos de
o percentual de cada município interno à bacia selecionada. Especificamente para as estimativas dos desmembramentos simples e complexo. Neste período ocorreram 16 extinções, sendo 15 resultantes
consumos urbano e industrial, também são utilizadas as posições das sedes municipais. em incorporações simples (a um município) e apenas uma incorporação complexa (a dois municípios).
Em relação às análises temporais dos usos consuntivos foi necessário considerar que desde 1931 A posição das sedes municipais é importante para a estimativa das vazões de usos consuntivos urbano
a transformação da divisão política do Brasil tem sido intensa, mormente no que diz respeito ao e industrial. Neste sentido, fez-se necessário a construção de uma tabela, a qual foi adicionada ao
surgimento de novos municípios. Principalmente nas duas décadas passadas, o crescimento do SEUCA2, contendo a relação de municípios cuja sede municipal esteva inclusa nas bacias hidrográficas
número de municípios, por fracionamento dos existentes, foi bastante significativo. Por isso, diante contempladas pelo Projeto, isto para todos os anos de imputação de dados demográficos e industriais,
da inexistência de representação digital para os municípios brasileiros (malha municipal) anterior a quais sejam: 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1985, 1991, 1994, 2000 e 2001.
1991, a geração de séries de vazões para os municípios implicou na reconstituição dessa malha para
cada ano em que foi realizado censo, quais sejam: 2006, 2000, 1991, 1985, 1980, 1970, 1960, 1950
e 1940.

É pertinente ressaltar que nas versões anteriores do SEUCA, a base cartográfica digital adotada para a reconstituição
14

municipal referiu-se ao ano de 1997, não tendo sido publicado o método de reconstituição.
78 79
12 12
SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS

Sendo assim, as bases cartográficas com a posição das sedes dos municípios existentes em 1991,
2000 e 2006, foram obtidas a partir dos produtos digitais publicados pelo IBGE. Para os demais anos
as bases cartográficas foram reconstituídas por meio da exclusão dos municípios criados nos intervalos
entre os anos considerados (1985, 1980, 1970, 1960, 1950 e 1940).

Assim que concluída a organização das bases cartográficas referentes às sedes municipais, essas
foram correlacionadas às bacias do Projeto. Em seguida os dados tabulares foram organizados numa
tabela única, a qual substituiu a tabela denominada “tb_sedemunicipio” existente no banco de dados
do SEUCA2.

Figura 12.4 – Resultado do SEUCA2 (Vazões de Retirada, Retorno e Consumo), para as


maiores Bacias das 12 Regiões Hidrográficas

Figura 12.3 – Divisão Municipal Brasileira na Área de Abrangência do Projeto em 1940 e


2006

12.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No corpo do presente resumo foram descritos os dados, bem como os procedimentos de coleta e
análise utilizados no modelo SEUCA2, adotado para a estimativa das vazões de usos consuntivos
da água nas 230 bacias de interesse do Projeto. Na Figura 12.4 estão representados os resultados
finais de retirada, retorno e consumo das maiores bacias de cada uma das doze regiões hidrográficas
estudadas.

80 81
12 PREENCHIMENTO E
SÉRIES DE USOS CONSUNTIVOS

EXTENSÃO DE SÉRIES
FLUVIOMETRICAS

Figura 12.4 (continuação) – Resultado do SEUCA2 (Vazões de Retirada, Retorno e


Consumo), para as maiores Bacias das 12 Regiões Hidrográficas

Em relação aos aspectos operacionais da execução dos serviços, conforme se previa, enfrentou-se
uma dificuldade adicional na coleta de dados. Além dos condicionantes impostos pelo grande volume
de informação necessário, esbarrou-se na qualidade, por vezes deficiente, dos dados básicos. Em
particular, destaca-se a baixa densidade dos dados disponíveis para os estados da Região Norte nos
censos anteriores à década de 70. A obtenção das informações demandou um extenso trabalho de
recuperação e digitação, uma vez que não existe material em meio digital relacionado às décadas de
40, 50, 60, 70 e 80.

Rio Olho d Água, Bonito, MS / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

82 83
13 13
PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE
SÉRIES FLUVIOMETRICAS SÉRIES FLUVIOMETRICAS

13.1. BASE DE DADOS 13.3.1. Formação dos grupos para preenchimento e extensão das séries fluviométricas:

A base de dados utilizada para preenchimento e extensão das séries fluviométricas de 634 estações, Para o preenchimento das séries de vazões médias mensais das estações principais sempre se tem
entre estações principais (230) e de apoio (404), no âmbito deste Projeto, é apresentada a seqüência. como uma das variáveis explicativas a série de precipitação média na respectiva bacia. Eventualmente,
As séries de vazões consideradas inicialmente foram analisadas e consistidas conforme apresentado em função da proximidade, consideram-se também as séries de vazões não regularizadas das usinas
no Capítulo 9 – Análise de Consistência de Dados Fluviométricos. sob a responsabilidade ou operadas pelo ONS. As séries de vazões não regularizadas das usinas são
determinadas subtraindo-se dos valores das séries de vazões naturais os respectivos valores de vazões
A. Série de vazões médias mensais, resultantes da consistência de dados das 230 estações devidos à evaporação líquida e aos usos consuntivos, informações estas também disponibilizadas
fluviométricas principais e das 404 estações fluviométricas de apoio selecionadas; pelo ONS. Finalmente, completando as séries de variáveis independentes, pode-se selecionar séries
fluviométricas, limitadas ao período não afetado pela ação de reservatórios de regularização a
B. Séries de vazões médias mensais das usinas hidrelétricas operadas pelo Operador Nacional do
montante, que pela localização mantêm uma certa coerência hidrológica com a série a ser preenchida
Sistema Elétrico – ONS, descontando-se das mesmas mês a mês as vazões devidas à evaporação
e/ou estendida.
líquida e aos usos consuntivos da respectiva bacia;
Para o preenchimento e extensão das séries fluviométricas de apoio, a análise é semelhante diferindo
C. Séries de totais médios mensais de precipitação nas 230 bacias hidrográficas, correspondentes às
apenas pela não consideração de séries pluviométricas no rol das variáveis explicativas, uma vez que
estações fluviométricas principais.
não foram determinadas séries de precipitação média nessas bacias. Registre-se neste caso, que por
13.2. MÉTODOS imposição contratual, foram estendidas e preenchidas as séries fluviométricas observadas, podendo
a série final obtida resultar inconsistente uma vez que pode ser formada por períodos intercalados,
Para o tratamento das séries fluviométricas no que tange ao preenchimento e extensão dos dados, uns afetados e outros não afetados pela existência de reservatórios potencialmente significativos a
adotaram-se os mesmos modelos utilizados para o preenchimento e extensão das séries pluviométricas, montante.
os quais estão baseados em estatísticas das séries envolvidas. Os três modelos empregados, Modelo
Multivariado Sazonal Mensal Auto-Regressivo de Ordem1 - SMMAR (1), Modelo de Ponderação Regional Os três modelos considerados podem propor valores para as falhas de observação ou para os períodos
por Médias – PRM e Modelo de Ponderação Regional por Correlação - PRC, têm características comuns sem observação. A escolha do modelo a ser adotado para o preenchimento e extensão é definida pela
relativamente à consideração da sazonalidade das vazões e ao ajuste com base nos períodos comuns comparação entre os coeficientes de determinação ou coeficientes de eficiência de Nash associados
de dados não afetados significativamente por efeitos de regularização. ao modelo perfeito, aquele que sugere que o valor calculado pelo modelo resulte igual ao valor
observado no respectivo mês. Se em determinado mês o modelo selecionado não oferece o valor
13.3. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE SÉRIES FLUVIOMÉTRICAS da vazão sintética, apresentando falha no procedimento, adota-se o valor proposto pelo modelo de
melhor desempenho, observado na seqüência. Eventualmente, ocorrendo falha nos três modelos a
Tendo em vista o objetivo de reconstituição de vazões naturais nas 230 estações fluviométricas série é preenchida por regressão, tendo como variáveis explicativas outras séries preenchidas pelo
principais, exutórias das bacias de interesse, analisaram-se as bacias consideradas em função dos procedimento padrão.
dados fluviométricos e operativos disponíveis e da localização dos eventuais reservatórios significativos,
relativamente aos objetivos do Projeto. O produto final consiste na geração de séries fluviométricas não regularizadas na escala mensal,
em cada estação considerada, sem falhas e abrangendo o período definido para a respectiva região
Os reservatórios potencialmente significativos foram identificados em etapa anterior do estudo, hidrográfica (Tabela 5.1).
através de um critério que define o percentual médio de alteração na vazão média creditada ao
efeito de regularização de montante. A menos dos reservatórios pertencentes ao Sistema Interligado 13.4. RESULTADOS
Nacional - SIN e coordenados pelo ONS, os demais não dispõem de dados operativos, impossibilitando
o uso direto de informação local. Neste caso buscou-se ao menos a informação relativa à data de inicio Em cerca de 19% das estações ocorreram problemas impedindo o preenchimento e a extensão das
da operação destes reservatórios, ou ao menos dos mais antigos, de forma a identificar o período em séries, através dos modelos de geração de vazões sintéticas utilizados.
que as vazões observadas permaneceram com características de não regularização. Com base neste
Os resultados referentes às estações principais, obtidos nesta fase do estudo, foram reavaliados no
período ajustaram-se os modelos mencionados.
processo de reconstituição de vazões naturais, onde foram identificadas as situações específicas de
Para o preenchimento e extensão das séries fluviométricas não regularizadas, desenvolveu-se um cada estação e valorizados os dados observados, no sentido de preservar os volumes escoados ao
aplicativo computacional contemplando os três modelos apresentados para a geração de séries de longo dos períodos de vazões regularizadas. As estações principais sem séries sintéticas geradas pelos
vazões médias mensais. As séries sintéticas geradas pelos modelos adotados são comparadas entre modelos receberam tratamento especial (Capítulo 14 – Reconstituição de Vazões Naturais), de modo
si, com base nos coeficientes de correlação linear (r), determinados relativamente à série observada, a garantir a disponibilização da respectiva série natural. A Tabela 13.1, a seguir, apresenta um resumo
no erro médio absoluto (EMA) entre os valores gerados e os correspondentes valores observados e no identificando o número de estações associadas ao melhor ajuste, entre os modelos considerados, e a
coeficiente de eficiência de Nash (R²) associado ao ajuste perfeito, ou seja, valor gerado igual ao valor amplitude de variação do coeficiente de eficiência de Nash, R², utilizado como índice da qualidade do
observado. Estas estatísticas são calculadas por: referido ajuste.

No caso das estações de apoio, para as quais não se previa a reconstituição das vazões naturais,
foram preservados os dados observados e a série foi complementada com os valores sintéticos
gerados, quando possível. Na impossibilidade de geração de séries sintéticas, situação que ocorreu
para 57 estações de apoio, a complementação das séries ocorreu após a reconstituição das vazões não
regularizadas nas estações principais, servindo estas de base para a geração dos valores faltantes.

84 85
13 RECONSTITUIÇÃO DE
PREENCHIMENTO E EXTENSÃO DE
SÉRIES FLUVIOMETRICAS
VAZÕES NATURAIS
Tabela 13.1 – Resumo da Geração de Séries Sintéticas para as Estações Principais

ESTAÇÕES C/ MELHOR AJUSTE PELO R2 ASSOCIADO AO


REGIÃO ESTAÇÕES MODELO AJUSTE PERFEITO (X=Y)

HIDROGRÁFICA PRINCIPAIS SEM
SMMAR PRM PRC R2 MÁXIMO R2 MÍNIMO
AJUSTE
1 Amazônica 20 6 5 9 - 0,986 0,833
2 Tocantins Araguaia 29 9 3 16 1 0,988 0,776
3 Atl. Nord. Ocidental 6 2 1 3 - 0,945 0,891
4 Parnaíba 10 1 0 5 4 0,928 0,741
5 Atl. Nord. Oriental 5 2 1 0 2 0,904 0,811
6 São Francisco 85 18 1 37 29 0,988 0,357
7 Atl. Leste 10 2 3 1 4 0,924 0,664
8 Atl. Sudeste 4 0 1 3 - 0,950 0,838
9 Atl. Sul 13 2 4 6 1 0,941 0,435
10 Uruguai 8 6 1 1 - 0,958 0,821
11 Paraná 17 2 2 12 1 0,945 0,643
12 Paraguai 23 13 0 9 1 0,961 0,354

A etapa de Preenchimento e Extensão de Séries Fluviométricas antecede mas também confunde-se,


com a etapa de Reconstituição de Vazões Naturais. Pela forma como foram considerados os critérios
para geração das séries de vazões sintéticas, em cada estação fluviométrica, a série resultante é
uma primeira aproximação para a respectiva série natural reconstituída. Esta, no caso das estações
principais, passa, na nova etapa do estudo, por análises específicas visando a valorização do dado
observado e a compatibilidade com as séries de vazões naturais definidas, pelo ONS, para os locais
de aproveitamentos hidrelétricos.

Para esta fase do estudo, a título de considerações finais, pode-se registrar: i) As séries relativas às
estações principais, ainda em caráter preliminar, podem ser entendidas como séries não regularizadas;
ii) As séries relativas às estações de apoio podem, eventualmente, intercalar períodos de dados com
características de séries não regularizadas com períodos de dados sob o efeito de regularização; iii) As
séries completas relativas as estações de apoio devem ser reavaliadas antes de qualquer uso futuro,
revendo procedimentos e contemplando as novas observações e informações disponíveis; iv) A etapa
de Reconstituição de Vazões Naturais complementa a etapa de Preenchimento e Extensão de séries
fluviométricas das estações principais.

Marimbus, Chapada Diamantina – BA / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA
86 87
14 14
RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS

A etapa final do estudo consiste em disponibilizar séries de vazões naturais correspondentes às 230 estações
14.2. RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES
fluviométricas principais consideradas. Neste processo, parte-se das séries consistidas, séries sintéticas
geradas e séries de vazões naturais nos locais de aproveitamento e contemplam-se os seguintes efeitos O dado observado, quando não afetado por efeitos de regularização, é preservado para a geração da
gerados à montante da seção considerada: correspondente vazão natural, mediante a adição das vazões devidas à evaporação líquida e aos usos
consuntivos. Quando esta situação não se configura, a base de dados a ser utilizada no processo de
• Propagação das vazões ao longo dos cursos de água;
reconstituição das séries de vazões naturais consiste:
• Evaporação líquida conseqüente da inundação de áreas pela totalidade dos reservatórios artificiais;
• Regularização das vazões, exercida pelos reservatórios artificiais, considerados potencialmente A. no conhecimento da existência de eventuais reservatórios relevantes no processo, com ou sem
significativos; dados operativos, para identificação dos períodos afetados ou não pelos efeitos de regularização;
• Vazões de usos consuntivos explorados na bacia. B. nas séries sintéticas15 geradas nos períodos de interesse, utilizadas segundo as diferentes situações
em substituição ao dado observado afetado ou para preenchimento das falhas de observação, de
Os efeitos devidos à evaporação líquida (QEL) e aos usos consuntivos (QUC) são incorporados sobre a série
forma a cobrir a totalidade do período definido pela ANA em cada Região Hidrográfica;
de vazões não regularizadas, ou seja, aquela corrigida preliminarmente (QCP), resultante da correção da
série observada pelos efeitos da regularização. Assim, a série final de vazões naturais (QN) fica definida pela C. nas séries de dados operativos dos reservatórios das UHE’s coordenadas pelo Operador Nacional
equação apresentada na seqüência, onde “i” representa o mês considerado: do Sistema – ONS, utilizadas conforme o caso em substituição às séries sintéticas;
QNi = QCPi + QELi + QUCi D. nas séries fluviométricas consistidas16 nas estações consideradas no estudo (principais e de apoio),
utilizadas para preservar o volume escoado na série não regularizada, através da multiplicação da
A evaporação líquida foi definida considerando todos os espelhos de água artificiais identificados, mediante
série sintética por um fator de correção.
critério semelhante ao utilizado em estudos similares ao Projeto em curso, coordenados pelo ONS,
estabelecendo taxas de evaporação líquida constantes em cada bacia para cada mês do ano, através do Da mesma forma, sobre a série não regularizada assim configurada são adicionados os efeitos de
Sistema de Avaliação da Evaporação Líquida dos Reservatórios do Sistema Interligado Nacional – SisEvapo. evaporação líquida e usos consuntivos, para obtenção da série natural reconstituída.
Neste Projeto, exceção foi dada às bacias inseridas no semi-árido brasileiro, que para a estimativa das
vazões devido à evaporação líquida receberam tratamento diferenciado, no qual o processo físico é retratado Tendo em vista a reconstituição de vazões naturais nas 230 estações fluviométricas principais, exutórias
pela vazão não regularizada que serve como índice de umidade da bacia. das bacias de interesse do projeto, analisaram-se as bacias consideradas em função dos dados
fluviométricos e operativos disponíveis e da localização dos eventuais reservatórios significativos,
As vazões de usos consuntivos (Anexo VI) foram determinadas, conforme detalhado no Capítulo 12 – Séries relativamente aos objetivos do Projeto. Sete situações distintas podem ser identificadas (T - 1 a T –
de Usos Consuntivos, com o emprego do modelo SEUCA (Sistema para Estimativa de Usos Consuntivos da 7), sendo que uma mesma bacia pode cronologicamente se enquadrar em mais de uma delas. São
Água), disponibilizado pela ANA. elas:
A determinação do tempo de propagação de vazões, importante na avaliação de vazões incrementais, • T – 1: Bacias das Estações Fluviométricas Principais sem a Existência de Reservatórios Significativos;
foi baseada no método da onda cinemática. Com relação aos efeitos de regularização de reservatórios, a
abordagem dependeu da situação na qual foi enquadrada a bacia em análise, situação esta definida mais • T – 2: Bacias das Estações Fluviométricas Principais com UHE, operada pelo ONS, imediatamente
adiante neste capítulo. Na seqüência apresenta-se o método de propagação de vazões e o método para o a montante da Estação Principal;
cálculo da evaporação líquida. • T – 3: Bacias das Estações Fluviométricas Principais com UHE operada pelo ONS a montante da
Estação Principal e com Reservatórios Significativos na Bacia Incremental;
14.1. ÁREAS DOS ESPELHOS DE ÁGUA
• T – 4: Bacias das Estações Fluviométricas Principais com Reservatórios Significativos e sem UHE’s
No cálculo das séries de Evaporação Líquida para as 230 bacias principais consideradas no estudo, do ONS;
multiplica-se a taxa de evaporação mensal (m/s) pela área do espelho de água (m²) determinado
para o mês. Uma vez que estão sendo considerados todos os espelhos de água artificiais relacionados • T – 5: Bacias das Estações Fluviométricas Principais com UHE, operada pelo ONS, imediatamente
em etapa anterior deste Projeto, onde a maioria não foi passível de identificação, decidiu-se por a jusante da Estação Principal;
criar critérios para melhor representar a evolução temporal da área alagada nas bacias hidrográficas • T – 6: Bacias das Estações Fluviométricas Principais com UHE operada pelo ONS a jusante da
principais. Os critérios adotados são: Estação Principal e com Reservatórios Significativos na Bacia Incremental;
• Os espelhos de água com data conhecida de implantação têm a evaporação líquida correspondente • T – 7: Bacias em que os dados observados são totalmente influenciados por reservatórios
adicionada pontualmente no mês em referência; considerados significativos, existentes a montante.
• Os espelhos não identificados têm suas respectivas áreas somadas e distribuídas anualmente ao A Tabela 14.1, a seguir, mostra a distribuição das estações principais, segundo as situações descritas
longo do período considerado, proporcionalmente às correspondentes vazões de usos consuntivos. anteriormente, em dezembro de 2007, data final do período considerado no Projeto.
Esta hipótese supõe que o aumento da vazão dos usos consuntivos só é possível com maior
disponibilidade de água reservada;
• A área alagada definida para um ano, correspondente aos espelhos de água não identificados,
é redistribuída mensalmente inversamente à variação de usos consuntivos. Entende-se nesta
situação que ao aumentar o uso consuntivo, consumiu-se mais água armazenada, reduzindo, por
conseqüência, o volume e a área alagada dos reservatórios artificiais;
• A localização das áreas alagadas dos armazenamentos artificiais não identificados é representada
pelo centróide dos espelhos de água pertencentes à bacia incremental. O SisEvapo é alimentado, 15
Remeter ao Capítulo nº 13 – Preenchimento de Falhas e Extensão de Dados Fluviométricos.
no caso, com as coordenadas do centróide para a obtenção do vetor de taxas médias de evaporação 16
Remeter ao Capítulo nº 9 – Consistência de Dados Fluviométricos.
mensal.
88 89
14 14
RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS

Tabela 14.1 – Enquadramento das Estações Principais na Situação para a Reconstituição Completa esta etapa a determinação das vazões naturais correspondentes às bacias incrementais,
de Vazões Naturais, em Dezembro de 2007 entre estações principais. O cálculo dessas incrementais atende a equação:

ESTAÇÕES QUE EM 31/12/2007 SE ENQUADRAM NA SITUAÇÃO DE


REGIÃO RECONSTITUIÇÃO

HIDROGRÁFICA
T-1 T-2 T-3 T-4 T-5 T-6 T-7 sendo,
1 Amazônica 20 0 0 0 0 0 0
2 Tocantins Araguaia 18 6 0 2 3 0 0
= Vazão natural média mensal da bacia incremental entre a estação de
3 Atl. Nord. Ocidental 5 0 0 1 0 0 0 jusante (J) e a estação de montante (M);
4 Parnaíba 3 2 0 1 0 1 3
5 Atl. Nord. Oriental 2 0 0 0 0 0 3
= Vazão natural média mensal da estação de jusante;
6 São Francisco 41 13 0 4 4 0 23
7 Atl. Leste 3 0 0 3 0 0 4
8 Atl. Sudeste 0 3 0 0 0 0 1
= Vazão natural média mensal da estação de montante, propagada até a
estação de jusnte.
9 Atl. Sul 6 1 1 4 0 0 1
10 Uruguai 2 0 3 3 0 0 0
11 Paraná 14 2 0 1 0 0 0
14.4. RESULTADOS
12 Paraguai 13 2 0 7 0 0 1
T O TAL 127 29 4 26 7 1 36 Considerando as estações principais, as séries fluviométricas reconstituídas, conforme os métodos e
os critérios adotados neste Relatório, encontram-se disponíveis em planilhas EXCEL, uma para cada
T O T A L (%) 55,22 12,61 1,74 11,30 3,04 0,43 15,65
região Hidrográfica. Nas mesmas planilhas constam as séries reconstituídas das 36 estações principais
Os reservatórios potencialmente significativos foram identificados em etapa anterior deste Projeto. A que mereceram tratamento especial, em função das especificidades inseridas na situação T – 7.
menos dos reservatórios pertencentes ao Sistema Interligado Nacional - SIN e coordenados pelo ONS, Também são disponibilizadas em planilha Excel à parte, as séries de vazões naturais médias mensais
os demais não dispõe de dados operativos, impossibilitando o uso direto de informação local. Neste nas bacias incrementais. Esses arquivos fazem parte do Anexo VII.
caso buscou-se ao menos a informação relativa à data de inicio da operação destes reservatórios, ou ao
menos dos mais antigos, de forma a identificar o período em que as vazões observadas permanecem
com características de não regularização. Com base neste período foram ajustados os modelos de
geração de séries sintéticas de vazão, servindo estas séries para as etapas de preenchimento e
extensão, bem como para o processo de reconstituição de vazões não regularizadas nas bacias em
estudo.

14.3. PLANILHAS PARA A RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS

Os procedimentos para a reconstituição de vazões naturais, nas estações principais consideradas no


estudo, são aplicados através de planilhas EXCEL, uma para cada Região Hidrográfica.

O preenchimento destas planilhas, com a obtenção das séries de vazões naturais nas estações de
interesse, ocorre de forma manual, sendo a decisão do especialista quanto ao método a ser utilizado,
dentre as possíveis alternativas, e sua implantação durante a análise de cada situação.

90 91
15
AVALIAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS
SÉRIES HIDROLÓGICAS
ESTACIONARIEDADE DAS
SÉRIES HIDROLÓGICAS
15.1. ANÁLISE DE ESTACIONARIEDADE

A análise de estacionariedade sobre as séries pluviométricas e fluviométricas constituiu-se em mais


uma etapa do estudo, sendo a mesma aplicada às séries finais estendidas e preenchidas no caso das
estações pluviométricas (2416 estações) e séries consistidas no caso das estações fluviométricas
(634 estações). Adicionalmente foi realizada a análise de estacionariedade sobre as séries de vazão
natural, obtidas para as 230 estações principais. Os testes de hipótese foram bilaterais, ao nível de
significância de 1%, considerando a hipótese básica como afirmação de não-tendenciosidade ou como
de igualdade das estatísticas, médias e variâncias, resultantes sobre as séries subdivididas. Para a
redundância de análise formulou-se tanto para a tendência como para os saltos testes paramétricos
e não paramétricos.

15.2. TESTES ESTATÍSTICOS

A análise de séries temporais em hidrologia é uma ferramenta essencial na construção de modelos


matemáticos, simulação e previsão de eventos hidrológicos, detecção de tendências e mudanças
bruscas no registro hidrológico e no preenchimento de séries com falta de dados.

Uma série temporal hidrológica é constituída de uma seqüência discreta de medidas feita em intervalos
geralmente regulares de tempo (hora, dias ou anos, por exemplo) de dados como vazão, precipitação
etc.

Segundo Salas (1992), uma série temporal hidrológica é não-estacionária se apresenta tendências,
“shifts” (saltos) e sazonalidade, ou seja, se suas propriedades estatísticas não permanecem constantes
ao longo do tempo.

A preocupação cada vez maior com a mudança climática têm tornado o estudo da ocorrência de
tendências e shifts, uma discussão mais presente em hidrologia.

Uma série é tendenciosa se apresentar uma tendência de crescimento ou decaimento de algum de


seus parâmetros estatísticos (média, variância, etc.). Esta tendência pode seguir uma função, por
exemplo, um polinômio ou uma exponencial, ou ser irregular. Os fatores que provocam a tendência
numa série temporal podem ser naturais ou de origem humana.

Saltos são mudanças bruscas na média ou no desvio padrão da série e podem ocorrer devido tanto à
fatores naturais (como atividade vulcânica) como de origem antropogênica (a introdução de atividades
econômicas que demandam o uso de recursos hídricos, por exemplo). Estas mudanças súbitas podem
afetar tanto a média com a variância da série temporal.

Séries temporais com intervalos de amostragem menores que um ano apresentem em geral
comportamento periódico ou sazonal. Séries temporais podem apresentar periodicidade anual,
semanal ou diurna. A sazonalidade de uma série se caracteriza pela variação da média (ou outro
parâmetro estatístico) em um determinado período, por exemplo, um ano.

Uma série temporal hidrológica tem em geral comportamento estocástico, embora possa possuir
também componentes determinísticas, com a sazonalidade e tendências. Desta maneira, uma série
pode ser vista com uma soma de componentes, sejam componentes sazonais, tendências, saltos
além de uma parte estocástica. A componente estocástica pode ou não ser auto-correlacionada.

Muitos dos modelos utilizados para análise de séries temporais em estatística pressupõem a
independência serial e a normalidade da série, ou seja, que a variável analisada tenha comportamento
compatível com uma distribuição estatística normal ou gaussiana. Caso isto não se verifique, para
alguns casos, existem transformações que buscam converter distribuições não-normais em distribuições
normais. A mais comumente utiliza é a transformação de Box-Cox. Para padronizar os procedimentos,
todas as séries passaram pela transformação de Box-Cox, que é recomendada (Maidment, David R.,
Handbook of Hydrology – capítulo 19) em Hidrologia e que abrange, por exemplo, a transformação
logarítmica que a de uso mais difundido.

Buraco do Padre, Ponta Grossa – PR / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

92 93
15 15
AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS
SÉRIES HIDROLÓGICAS SÉRIES HIDROLÓGICAS

Muitos dos modelos utilizados para análise de séries temporais em estatística pressupõem a independência 15.2.1.3 Determinação e Teste para “shifts” na Variância
serial e a normalidade da série, ou seja, que a variável analisada tenha comportamento compatível
com uma distribuição estatística normal ou gaussiana. Caso isto não se verifique, para alguns casos, Teste F : Considerando uma série anual de tamanho N, normalmente distribuída, a mesma é
existem transformações que buscam converter distribuições não-normais em distribuições normais. A
mais comumente utiliza é a transformação de Box-Cox. Para padronizar os procedimentos, todas as dividida em duas amostras de tamanhos N1 e N2, cujas variâncias amostrais são iguais a e
séries passaram pela transformação de Box-Cox, que é recomendada (Maidment, David R., Handbook of respectivamente. O teste-F pode ser aplicado para se verificar a hipótese básica de igualdade entre as
Hydrology – capítulo 19) em Hidrologia e que abrange, por exemplo, a transformação logarítmica que a variâncias, ou seja, = , considerando um determinado nível de significância denotado por α.
de uso mais difundido. 15.2.1.3 Determinação e Teste para “shifts” na Variância
15.2.1. Detecção e Teste de Tendências e Shifts em Séries Hidrológicas Teste F : Considerando uma série anual de tamanho N, normalmente distribuída, a mesma é dividida
Os testes para tendências e shifts, para a média ou para a variância, são em geral aplicados sobre séries em duas amostras de tamanhos N1 e N2, cujas variâncias amostrais são iguais a e respectivamente.
anuais e diversos tipos de teste paramétricos e não-paramétricos são sugeridos na literatura. Os métodos O teste-F pode ser aplicado para se verificar a hipótese básica de igualdade entre as variâncias, ou
paramétricos exigem a normalidade da variável a ser analisada e os testes não paramétricos não fazem seja, = , considerando um determinado nível de significância denotado por α.
qualquer hipótese sobre a distribuição estatística dos dados. O uso de séries anuais busca atender a
condição de independência e não prejudica a análise de estacionariedade. 15.2.1.4 Subdivisão da Série em Duas Amostras

15.2.1.1. Determinação e Teste de Tendências Para os testes de verificação de eventuais shifts, sejam com relação à média ou à variância, pressupõe-
se a divisão da série original de tamanho N, em duas outras séries de tamanhos N1 e N2, sendo N1 +
Análise de tendência polinomial: Uma tendência pode se detectada ajustando-se uma função linear N2 = N.
em relação ao o tempo (X), do tipo Y = a + b.X, sobre a série independente da variável aleatória em
análise (Y). Nesta função a e b são estimativas para os parâmetros populacionais α e β da regressão linear. A série original é uma série anual composta pelo total anual de precipitação ou pela vazão média
O teste-t pode ser aplicado para a verificação da hipótese básica de que o parâmetro β = 0, ou seja, a anual, conforme estejam sendo tratadas séries pluviométricas ou fluviométricas respectivamente.
hipótese de que a série não apresentaria tendência. Sendo a hipótese básica rejeitada, a um determinado Admitindo a independência entre os valores anuais, somente foram considerados para a formação da
nível de significância, também denotado por α, poderíamos afirmar que há razões para suspeitar sobre a série original os valores resultantes de anos sem falhas de observação.
existência de tendência sobre a série da variável analisada.
Na automatização do processo de análise e para evitar decisões sobre séries de curta duração, admite-
Teste de Mann-Kendall: É um teste não-paramétrico para avaliar a existência de tendência sobre séries se que somente serão aplicados os testes estatísticos para a avaliação de estacionariedade sobre as
temporais, sem especificar se a tendência é linear ou não linear. Considere uma série anual Yt , t = 1, 2 séries compostas por pelo menos 30 (trinta) valores (N ≥ 30).
,3,....., N. Cada valor yT, T = 1, 2, 3,...., N-1 é comparado com todos os valores subseqüentes yt, t = T+1,
T+2, ....., N, e uma nova série zk é gerada por: Na divisão da série, uma vez que não se sabe da eventual ocorrência de shifts e nem mesmo da
época que o mesmo, caso exista, tenha ocorrido propôs-se dividir a série original de várias maneiras,
zk = 1 se yt > yT desde que N1 ≥ 15 e N2 ≥ 15. Desta forma, para uma série de tamanho N, teríamos (N – 29)
alternativas para a divisão da mesma e sobre cada uma delas foram aplicados os testes estatísticos
zk = 0 se yt = yT para a verificação de igualdade entre as respectivas médias e entre as respectivas variâncias.
zk = -1 se yt < yT ,
15.3. RESULTADOS
onde k = 1, 2, 3, ......, (N+1)(N-2)/2. A estatística Mann-Kendall representa o número de diferenças
positivas menos o número de diferenças negativas Os resultados são apresentados em tabelas resumo (Anexo VIII), uma para cada Região Hidrográfica,
onde para os testes comparativos de duas amostras de uma mesma série, é apontado na tabela o
15.2.1.2 Determinação e Teste para “shifts” na Média
percentil mínimo, obtido dentre os (N – 29) percentis resultantes da aplicação do respectivo teste,
Teste t – Student: Considerando uma série anual de tamanho N, normalmente distribuída, a mesma é onde “N” representa o tamanho da série. Na teoria de decisão, este percentil corresponderia ao
dividida em duas amostras de tamanhos N1 e N2, cujas médias são iguais a respectivamente. nível de significância do teste, no caso o limite entre a aceitação e rejeição da hipótese básica, e é
Um teste-t pode ser aplicado para se verificar a hipótese básica de igualdade entre as médias, ou seja, interpretado como a probabilidade de se estar cometendo o chamado erro tipo I, ou seja, de que
estejamos rejeitando, no caso, a hipótese de igualdade entre médias ou entre variâncias quando
, desde que as duas amostras tenham o mesmo desvio padrão “S” (variâncias conhecidas).
na realidade esta hipótese é verdadeira. Assim, aos menores percentis estão associados as maiores
O teste-t pode ser aplicado para a verificação da hipótese básica, de não existência de shifts, a um
possibilidades de ocorrência de shifts na série analisada, sendo o ano de separação da série que
determinado nível de significância denotado por α.
fornece este valor mínimo, a identificação do momento mais propenso à suspeita de uma possível
Teste de Mann-Whitney: O teste U de Mann-Whitney é equivalente ao teste da soma dos postos de alteração mais significativa na evolução dos dados observados.
Wilcoxon para amostras independentes no sentido de que ambos se aplicam às mesmas situações e levam
Uma análise dos resultados apontados permite a emissão de um diagnóstico objetivo sobre o grau de
sempre às mesmas conclusões.
estacionariedade da série analisada. A série está sendo considerada estacionária (E = Estacionária)
O teste da soma de postos de Wilcoxon é equivalente ao teste U de Mann-Whitney, que é incluído em na tendência da média, se os percentis relativos aos dois testes aplicados nesta avaliação resultarem
alguns livros texto e pacotes de computador. A idéia que fundamenta o teste da soma de postos de superiores a 1%, caso contrário assume a condição de não estacionária (NE = Não Estacionária).
Wilcoxon é a seguinte: Se duas amostras são extraídas de populações com mesma mediana e se associam A série está sendo considerada estacionária quanto a saltos isolados na média (N = índice para a
postos a todos os valores individuais combinados em uma única coleção de valores, então os postos altos identificação de saltos NEGATIVO), se os mínimos percentis relativos aos dois testes aplicados nesta
e baixos devem se distribuir igualmente entre as duas amostras. Se os postos baixos se concentrarem avaliação, em função da subdivisão das séries, resultarem superiores a 1%, caso contrário assume a
predominantemente em uma amostra e os altos se concentrarem na outra suspeitamos de que as duas condição de não estacionária quanto aos saltos (PS = Índice Positivo para Saltos).
populações tenham medianas diferentes.
94 95
15 15
AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS
SÉRIES HIDROLÓGICAS SÉRIES HIDROLÓGICAS

A série é considerada estacionária quanto a saltos isolados na variâcia (N = índice NEGATIVO para a
identificação de saltos), se o mínimo percentil relativo ao teste aplicado nesta avaliação, em função da
subdivisão das séries, resultar superior a 1%, caso contrário é considerada não estacionária quanto Estacionariedade das Séries Pluviométricas - Tendência Central
aos saltos (PS = Índice POSITIVO para Saltos). Estes critérios embora subjetivos, fornecem uma 100
possível classificação das séries quanto à estacionariedade. A leitura do diagnóstico a ser apresentado
não pode estar dissociada do critério empregado. 90

80
15.4. ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS
70

Percentual de Séries (%)


O percentil limite, que define o critério para a classificação das séries quanto à estacionariedade,
corresponde ao nível de significância de 1%, critério clássico adotado em estatística na formulação 60
de testes de hipótese. O resultado forte, neste tipo de análise, está sempre associado à rejeição da
50
hipótese básica, tendo em vista que neste caso sabe-se a probabilidade de se estar cometendo o
chamado erro tipo I, ou seja, a probabilidade de se estar rejeitando uma hipótese verdadeira, a qual 40
corresponde ao nível de significância do teste.
30
Pelo exposto, ao se classificar uma série como “Não Estacionária - (NE)”, pode-se estar incorrendo em
20
um erro com a probabilidade de 1%, ao passo que ao aceitarmos a condição de estacionariedade, não
temos como avaliar a probabilidade de estarmos cometendo o chamado erro tipo II, ou seja, o erro 10
de aceitar uma hipótese falsa.
0
Como comentado, os testes paramétricos pressupõem, alem da independência serial, que as séries sejam Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
normalmente distribuídas. Para alcançar esta condição aplicou-se sobre as mesmas a transformação REGIÃO HIDRGRÁFICA
Box-Cox. Registre-se que na transformação, Box-Cox, “λ=0” corresponde à transformação logarítmica,
bastante usual em Hidrologia. Estacionária (E) Não Estacionária (NE)

Um resumo dos resultados relativos às séries pluviométricas explicita que: i) 100% das séries analisadas
mostraram-se estacionárias quanto à tendência central; ii) cerca de 2/3 das séries analisadas não Figura 15.1. Estacionariedade Relativa à Tendência
indicam existência de saltos na média, segundo os critérios utilizados para a análise; e iii) pouco mais
de 60% das séries foram estáveis relativamente a saltos na variância. Individualmente, por Região
Hidrográfica, esses resultados estão apresentados nas Figuras 15.1, 15.2 e 15.3. Pode-se observar que
Estacionariedade de Séries Pluviométricas - "Shifts" na Média
as Regiões Hidrográficas do Atlântico Sul, Uruguai, Paraná e Atlântico Sudeste, nesta ordem, são as 100
que proporcionalmente registram maior índice de significância quanto à possibilidade de existência de
90
saltos na média, contrapondo-se às Regiões Hidrográficas do Parnaíba, Atlântico Nordeste Ocidental,
Tocantins/Araguaia e Atlântico Nordeste Oriental que se mostraram mais estáveis nesta avaliação 80
(Figura 15.2). Quanto à possibilidade de existência de saltos na variância, estatística mais instável do

Percentual de Séries (%)


70
que a média, a Região Hidrográfica que se mostrou mais estável foi a do Tocantins/Araguaia, ao passo
de que a Região Hidrográfica do Paraná foi a que apresentou maior índice POSITIVO nesta análise 60
(Figura 15.3).
50
Um resumo dos resultados relativos às séries fluviométricas explicita que: 40

I. 100% das séries analisadas mostraram-se estacionárias quanto à tendência central; 30

II. cerca de 60% das séries analisadas, sejam as consistidas como as naturais, não indicam existência 20
de saltos na média, segundo os critérios utilizados para a análise; e 10

III. pouco mais de 85% das séries consistidas e pouco mais de 60% das séries naturais foram estáveis 0
relativamente a saltos na variância. Individualmente, por Região Hidrográfica, os resultados Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
relativos às séries consistidas estão apresentados nas Figuras 15.4, 15.5 e 15.6 e os relativos às REGIÃO HIDROGRÁFICA
séries naturais estão apresentados nas Figuras 15.7, 15.8 e 15.9.
Índice NEGATIVO para saltos (N) Índice POSITIVO para Saltos (PS)

Figura 15.2. Estacionariedade Relativa à Saltos da Média (“shifts”)

96 97
15 15
AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS
SÉRIES HIDROLÓGICAS SÉRIES HIDROLÓGICAS

Estacionariedade de Séries Pluviométricas - "Shifts" na Variância Estacionariedade de Séries Fluviométricas Consistidas - "Shifts" na Média
100
120
90

80 100

70
Percentual de Séries (%)

Percentual de Séries (%)


80
60

50 60
40

30 40

20
20
10

0 0
Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
REGIÃO HIDROGRÁFICA REGIÃO HIDROGRÁFICA

Íncide NEGATIVO para Saltos (N) Índice POSITIVO para Saltos (PS) Índice NEGATIVO para saltos (N) Índice POSITIVO para Saltos (PS)

Figura 15.3. Estacionariedade Relativa à Saltos da Variância (“shifts”) Figura 15.5. Estacionariedade Relativa à Saltos da Média (“shifts”)

Estacionariedade das Séries Fluviométricas Consistidas - Tendência Central Estacionariedade de Séries Fluviométricas Consistidas - "Shifts" na Variância
100
120
90

80 100

70

Percentual de Séries (%)


Percentual de Séries (%)

80
60

50 60

40
40
30

20
20
10

0 0
Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
REGIÃO HIDRGRÁFICA REGIÃO HIDROGRÁFICA

Estacionária (E) Não Estacionária (NE) Íncide NEGATIVO para Saltos (N) Índice POSITIVO para Saltos (PS)

Figura 15.4. Estacionariedade Relativa à Tendência Figura 15.6. Estacionariedade Relativa à Saltos da Variância (“shifts”)

98 99
15 15
AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS AVALIAÇÃO DA ESTACIONARIEDADE DAS
SÉRIES HIDROLÓGICAS SÉRIES HIDROLÓGICAS

Estacionariedade das Séries Fluviométricas Naturais - Tendência Central Estacionariedade de Séries Fluviométricas Naturais - "Shifts" na Variância
100 120

90
100
80

Percentual de Séries (%)


70 80
Percentual de Séries (%)

60
60
50

40 40

30
20
20

10 0
Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
0 REGIÃO HIDROGRÁFICA
Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
REGIÃO HIDRGRÁFICA Íncide NEGATIVO para Saltos (N) Índice POSITIVO para Saltos (PS)

Estacionária (E) Não Estacionária (NE)


Figura 15.9 . Estacionariedade Relativa à Saltos da Variância (“shifts”)

Figura 15.7. Estacionariedade Relativa à Tendência 15.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com relação aos procedimentos adotados para a avaliação da estacionariedade de séries hidrológicas,
Estacionariedade de Séries Fluviométricas Naturais - "Shifts" na Média bem como em relação aos resultados obtidos cabe registrar:
120
A. Os resultados da análise de estacionariedade constarão da ficha de qualificação das séries
pluviométricas e fluviométricas, lembrando, no entanto, que a não estacionariedade não implica
100 na má qualidade da série correspondente;

B. A observação de tendências mais significativas, em relação à saltos na média das séries


Percentual de Séries (%)

80 hidrológicas, mostrou-se mais presente nas regiões mais desenvolvidas;

C. Nota-se que as séries fluviométricas observadas consistidas apresentam-se mais estacionárias


60
quanto aos saltos na média e na variância do que as séries naturais.

40

20

0
Amz ToAr ANOc Pba ANOr SFc Ale Ase PR PG Uru Asul
REGIÃO HIDROGRÁFICA

Índice NEGATIVO para saltos (N) Índice POSITIVO para Saltos (PS)

Figura 15.8. Estacionariedade Relativa à Saltos da Média (“shifts”)

100 101
16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS
HIDROLÓGICAS

A ultima etapa do Projeto foi relativa à qualificação das séries hidrológicas em função da estacionariedade,
da representatividade, da consistência e de outros parâmetros propostos. Foram objeto desta avaliação as
séries pluviométricas consistidas, preenchidas e estendidas em 2416 estações e as séries fluviométricas
consistidas em 230 bacias de interesse nas 12 Regiões Hidrográficas brasileiras.

Os resultados da qualificação, bem como dos principais índices da consistência realizada sobre as séries
hidrológicas, estão sintetizados nas fichas de qualificação das séries fluviométricas e pluviométricas,
constantes no Anexo IX.

16.1. MÉTODOS

Tendo por base o estudo de consistência e preenchimento desenvolvido sobre as séries hidrológicas,
foram estabelecidos índices que permitiram qualificar, por nota, as séries pluviométricas e fluviométricas
analisadas. Inicialmente, foram considerados o tamanho da série original, os coeficientes de
correlação dos modelos que permitiram o preenchimento e extensão das séries e o percentual de
dados consistidos, preenchidos e estendidos quando da definição do método de qualificação dessas
séries. Outro fator analisado referiu-se à avaliação da estacionariedade, representada pela tendência
das séries, mediante a aplicação de testes paramétricos e/ou não paramétricos.

Na seqüência são apresentados os índices de qualificação desenvolvidos de forma a refletir a qualidade,


estacionaridade e representatividade, tanto das séries fluviométricas quanto pluviométricas. O
conhecimento da qualidade das séries, com relação aos tópicos acima abordados, facilita a tomada de
decisão, por parte dos usuários das informações hidrológicas, sobre qual(is) estação(ões) empregar
nos estudos hidrológicos, de forma a manter a qualidade e confiabilidade dos resultados. Assim, ao
escolher entre diversas estações passíveis de serem utilizadas, o usuário poderá considerar como um
dos critérios de escolha os índices de qualificação das séries.

16.2. QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS

Entre os índices utilizados para qualificação das séries pluviométricas, tem-se o índice que descreve a
qualidade geral das séries, denominado Índice Q, o qual considera o número de falhas, comprimento
da série, além dos métodos utilizados para a consistência, preenchimento e extensão. Outro índice de
qualificação considerado, Índice E, refere-se à avaliação da estacionariedade das séries considerando
a tendência e a ocorrência de saltos (shifts) na média.

A Figura 16.1 apresenta a hierarquia dos cálculos dos Índices de Qualificação das séries pluviométricas.

Índice Q Índice E

Índice Q-
Índice Q-1
SCP

Índice Índice Índice Índice Índice Índice Índice Índice


QA1 QB1 QC1 QD1 C-SM C-PRC P/E-SM P/E-PRC

Índice Índice Índice Índice


QA1-CP QA1-Dad QB1-CP QB1-Dad

Figura 16.1 - Hierarquia dos Índices de Qualificação das Séries Pluviométricas

Riacho Doce, Divisa ES-BA/ Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA
102 103
16 16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS HIDROLÓGICAS

16.2.1. Índice de Qualidade Geral das Séries Pluviométricas – Índice Q Assim, na ficha de qualificação (Anexo IX) das estações pluviométricas constam dois índices relacionados
com a estacionaridade da série analisada: “Índice para tendência na média”, cujos resultados podem
O Índice Q, que descreve a qualidade geral das séries pluviométricas, é calculado através da média ser “Estacionária” e “Não Estacionária”; e “Índice de Shifts na Média”, cujos resultados podem ser
ponderada entre os Índices Q-1 e QSCP. O Índice Q-1 descreve a qualidade da série bruta do banco “Negativo para Shifts” e “Positivo para Shifts”.
de dados da ANA, enquanto o Índice Q-SCP descreve a qualidade da série consistida, preenchida e
estendida (remeter ao Capitulo nº 10 – Preenchimento e Extensão de Séries Pluviométricas). 16.2.3. Intervalo de Notas de Qualificação

No cálculo do Índice Q-1 efetua-se a análise individual e regional. Na análise individual considera- Após o cálculo da nota representada pelo Índice Q, atribui-se um conceito para cada estação
se o comprimento da série pluviométrica e o número de falhas da série pluviométrica. Na análise pluviométrica baseado na classificação apresentada na Tabela 16.1. Esta classificação também é a
regional, por sua vez, considera-se o coeficiente de determinação (R2) das curvas duplo-acumuladas mesma utilizada na qualificação das estações fluviométricas.
das respectivas séries de dados brutos, bem como o número de dados modificados pela RHA através
da curva duplo-acumulada. Assim, o Índice Q-1 é calculado através da média ponderada de quatro Tabela 16.1 – Conceitos Atribuídos às Estações Pluviométricas e Fluviométricas
sub-índices, os quais descrevem cada um dos aspectos citados anteriormente: Índice QA1; Índice
QB1; Índice QC1 e Índice QD1. INTERVALO DE NOTAS CONCEITO ATRIBUÍDO
1<= Índice Q <1,6 ÓTIMO
O Índice Q-SCP descreve as séries SCP, as quais foram consistidas, preenchidas, e estendidas pela
1,6<= Índice Q <2,2 BOM
consultora. Este índice é calculado através da combinação de 4 sub-índices, descritos a seguir. Cada
um destes sub-índices contempla um aspecto da qualidade da série pluviométrica SCP com relação ao 2,2<= Índice Q <2,8 RAZOÁVEL
processo de consistência, preenchimento e extensão das séries. 2,8<= Índice Q <4 RUÍM

• Índice C-SM – Este índice, que qualifica o processo de consistência realizado através do modelo 16.3. QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES FLUVIOMÉTRICAS
SMMAR, é calculado através de uma equação que relaciona o número de dados consistidos através
do modelo SMMAR com o grau de ajuste deste modelo; Para a qualificação das estações fluviométricas foi definido um “Índice de Qualidade”, obtido a partir
de doze critérios de avaliação segundo determinadas características dos dados observados. Além
• Índice C-PRC - Este índice, que qualifica o processo de consistência realizado através da ponderação desta avaliação de caráter mais geral da qualidade dos dados fluviométricos observados nas estações,
regional por Correlação (PRC), é calculado através de uma equação que relaciona o número de também foi avaliada, a exemplo da qualificação das séries pluviométricas, a estacionariedade das
dados consistidos através do modelo PRC com o grau de ajuste deste modelo; séries de vazões considerando a tendência e a ocorrência de saltos (shifts) na média, resultando em
dois índices complementares de qualificação.
• Índice P/E-SM - Este índice, que qualifica o processo de Preenchimento/extensão através do modelo
SMMAR, é calculado através de uma equação que relaciona o número de dados preenchidos/ Destaca-se que a qualificação das estações fluviométricas foi realizada com base nos dados consistidos
estendidos através do modelo SMMAR com o grau de ajuste deste modelo; no presente Projeto, contendo as correções e preenchimentos realizados na escala diária nos dados
observados entre 1931 e 2007, sem considerar o preenchimento e extensão em escala mensal para
• Índice P/E-PRC - Este índice, que qualifica o processo de Preenchimento/extensão através da períodos uniformes por região hidrográfica, etapa esta apresentada no Capítulo 13 – Preenchimento e
ponderação regional por Correlação – PRC, é calculado através de uma equação que relaciona Extensão de Séries Fluviométricas.
o número de dados preenchidos/estendidos através do modelo PRC com o grau de ajuste deste
modelo. 16.3.1. Índice de Qualidade das Estações Fluviométricas
O Índice Q-SCP, o qual efetivamente qualifica a série pluviométrica SCP, é calculado através da O “Índice de Qualidade” criado para a qualificação das estações fluviométricas utiliza doze critérios de
multiplicação dos 4 sub-índices descritos anteriormente. avaliação, que geram notas parciais variando de 1 a 4, e cuja média ponderada enquadra as estações
em quatro classes, sendo: “1 - Ótimo”, “2 - Bom”, “3 - Razoável” e “4 - Ruim”.
A partir deste ponto, dispõe-se de dois Índices de qualificação: Índice Q-1, o qual descreve a qualidade
da série bruta (Série 1); Índice Q-SCP, o qual descreve a qualidade da série consistida, preenchida, e A Tabela 16.2 mostra os critérios de avaliação e os valores limites utilizados para a classificação e
estendida pela consultora (Série SCP). Estes índices são combinados para originar um Índice único de atribuição das notas parciais. Tomando-se, por exemplo, o “Critério 1 – Tamanho da série observada”,
avaliação da qualidade geral das séries pluviométricas, o Índice Q, o qual é calculado através da média observa-se que séries com menos de 10 anos de dados observados recebem nota parcial 4 - Ruim e
ponderada entre os Índices Q-SCP e Q-1. com mais de 30 anos nota parcial 1 – Ótimo, para este critério. A nota final de determinada estação,
que origina o “Índice de Qualidade”, é obtida pela média ponderada das doze notas parciais, sendo que
os valores de ponderação (pesos) constam da Tabela 16.3.

OndePQ-SCP e PQ-1 representam os pesos atribuídos pelo analista aos Índices Q-SCP e Q-1, respectivamente.

16.2.2. Índices de Estacionariedade: Tendência e Saltos – Índice E

No caso das estações pluviométricas a análise de estacionariedade foi realizada sobre as séries de
precipitação consistidas, preenchidas e estendidas no presente Projeto (remeter ao Capítulo 15 –
Avaliação da Estacionariedade das Séries Hidrológicas), segundo os diferentes períodos uniformes
considerados por Região Hidrográfica (Tabela 5.1).

104 105
16 16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS HIDROLÓGICAS

Tabela 16.2 – Critérios para Qualificação das Estações Fluviométricas

CLASSIFICAÇÃO (NOTA PARCIAL)


Nº CRITÉRIOS PESO
1 - Ótimo 2 - Bom 3 - Razoável 4 - Ruim
1 Tamanho da série observada (anos) >30 20 a 30 10 a 20 <10 3
2 Falhas de observação (%) <1 1a3 3a5 >5 2
3 Valores preenchidos (%) <1 1a3 3a5 >5 1
4 Valores alterados (%) <1 1a3 3a5 >5 1
5 Número de validades da curva de descarga 1 2 3 >3 2
6 Sensibilidade ((Q95(+10mm)-Q95)/Q95*100) >3 2a3 1a2 <1 1
7 Número de medições por ano >9 6a9 3a6 <3 3
8 Desvio médio das medições <3 3a6 6 a 10 >10 2
9 Freqüência na extrapolação inferior (%) <1 1a3 3a5 >5 2
10 Freqüência na extrapolação superior (%) <1 1a3 3a5 >5 2
11 Vazão máxima observada / Vazão máxima medida <1,15 1,15 a 1,5 1,5 a 2,5 >2,5 1
12 Reservatório significativo a montante não - - sim 1

16.3.2. Análise de Estacionariedade: Tendência e Saltos

Na análise de estacionariedade das séries fluviométricas foram aplicados os testes descritos no


Capítulo 15 – Avaliação da Estacionariedade das Séries Hidrológicas.

No caso das estações fluviométricas, a análise de estacionariedade foi realizada sobre as séries
de vazões consistidas no presente Projeto, contendo as correções e preenchimentos realizados na
escala diária. Portanto, os testes foram aplicados para as séries de vazões realmente observadas
na estação entre 1931 e 2007, sem considerar o preenchimento e extensão em escala mensal para
períodos uniformes por região hidrográfica, realizados posteriormente. Como as séries fluviométricas
apresentam diferentes períodos de dados observados e também de falhas de observação, os resultados
da análise de estacionariedade nesta fase também apresentam esta limitação, sendo que em alguns
casos as séries não apresentaram período contínuo suficientemente longo para aplicação dos testes,
constando assim na ficha de qualificação como “não avaliado”.

Assim, na ficha de qualificação (Anexo IX) das estações fluviométricas constam dois índices
relacionados com a estacionaridade da série de vazões observadas: “Índice para tendência na média”,
cujos resultados podem ser “Estacionária”, “Não Estacionária” e “Não Avaliado”; e “Índice de Shifts
na Média”, cujos resultados podem ser “Negativo para Shifts”, “Positivo para Shifts” e “Não Avaliado”.

16.4. FICHAS DE QUALIFICAÇÃO

16.4.1. Séries Pluviométricas

No Anexo IX em mídia digital constam as 2.416 fichas “Resumo de consistência e qualificação da estação
pluviométrica” individualizadas por estação. No Apêndice B – Inventário Estações Pluviométricas18,
consta uma tabela resumo das notas e conceitos finais resultantes do processo de qualificação das Figura 16.2 - Exemplo Ficha de Qualificação Pluviométrica – Estação 1547011
estações pluviométricas. A Figura 16.2 a seqüência apresenta um exemplo das fichas individuais
geradas. 16.4.2. Séries Fluviométricas

No Anexo IX em mídia digital constam as 634 fichas “Resumo de consistência e qualificação da estação
fluviométrica” individualizadas por estação. No Apêndice A – Inventário Estações Fluviométricas19
consta uma tabela resumo das notas e conceitos finais resultantes do processo de qualificação das
estações fluviométricas. As Figuras 16.3 a 16.5 a seqüência apresentam um exemplo das fichas
individuais geradas.

18
Apêndice A e Apêndice B acompanham o Relatório em mídia digital. 19
Apêndice A e Apêndice B acompanham o Relatório em mídia digital.
106 107
16 16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS HIDROLÓGICAS

Figura 16.3 - Exemplo Ficha de Qualificação Fluviométrica


Estação 11400000 (página 2 de 3)

Figura 16.4 - Exemplo Ficha de Qualificação Fluviométrica


Estação 11400000 (página 1 de 3)

108 109
16 16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS HIDROLÓGICAS

16.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

16.5.1. Análise dos Resultados da Qualificação das Séries Pluviométricas

A Tabela 16.3 apresenta algumas estatísticas das notas atribuídas ao Índice-Q nas 12 Regiões
Hidrográficas. O gráfico na seqüência (Figura 16.6) apresenta os histogramas destes Índices para
cada Região Hidrográfica. A Figura 16.7 apresenta a permanência das notas do Índice-Q nas distintas
regiões.

Tabela 16.3 – Estatísticas das Notas Referentes ao Índice Q

MAIOR NOTA MENOR NOTA NOTA MÉDIA DESV PADRÃO


REGIÃO HIDROGRÁFICA
ÍNDICE Q ÍNDICE Q ÍNDICE Q NOTA ÍNDICE Q
RH Amazônica 1,1 2,5 1,6 0,3
RH do Tocantins Araguaia 1,1 2,3 1,3 0,2
RH Atlântico Nordeste Ocidental 1,1 2,1 1,6 0,3
RH do Parnaíba 1 2 1,5 0,2
RH Atlântico Nordeste Oriental 1 2,3 1,5 0,3
RH do São Francisco 1 2,5 1,5 0,2
RH Atlântico Leste 1,1 2,2 1,6 0,3
RH Atlântico Sudeste 1 2,2 1,5 0,3
RH do Paraná 1 2,2 1,4 0,3
RH do Paraguai 1,3 2,2 1,8 0,2
RH do Uruguai 1,2 2,1 1,6 0,2
RH Atlântico Sul 1,1 2,3 1,6 0,4

Observou-se que as Regiões Hidrográficas do Paraná e Atlântico Sul contêm as estações com os
melhores índices de qualificação. Aproximadamente 34% das estações do Paraná apresentam índices
entre 1,0 e 1,2, enquanto a média destes índices é igual a 1,4; para o Atlântico Sul, 31% dos índices
estão contidos neste intervalo. Além disso, deve-se destacar a Região Hidrográfica do Tocantins-
Araguaia, para a qual 28% dos índices são menores que 1,2, enquanto 44% deles estão no intervalo
1,2 – 1,4; esta Região Hidrográfica apresenta a melhor média de índices, igual a 1,3.

Por outro lado, para a Região Hidrográfica do Paraguai nenhuma estação pluviométrica apresentou
índice no intervalo 1,0 – 1,2, enquanto apenas 2,4% das estações apresentaram índice no intervalo
1,2 – 1,4. Para esta mesma Região, a média dos índices é igual a aproximadamente 1,8, a pior média
entre todas as Regiões Hidrográficas.

Porém, estas comparações entre diferentes Regiões Hidrográficas devem ser realizadas com cuidado,
uma vez que estas regiões apresentam diferentes períodos de preenchimento e extensão das séries e
as notas dependem, entre outros índices, do próprio período de análise. Ou seja, quanto mais extenso
este período, menor será a nota atribuída à estação, uma vez que será necessário preencher a série
com um maior número de dados. Cabe ressaltar também que as notas estão condicionadas aos pesos
atribuídos pelos especialistas aos diferentes critérios utilizados na composição do índice Q-1 (Q-A1,
Q-B1, Q-C1 e Q-D1). Na avaliação apresentada os pesos atribuídos foram respectivamente, 3 para o
índice Q-A1, 5 para o índice QB-1 e 1 para os índices Q-C1 e Q-D1.

Como exemplos do mencionado anteriormente citam-se as duas regiões acima comentadas: Tocantins-
Araguaia, cujo período de análise se estende de 1971 a 2007, e Paraná, com período de 1941 a
2007. Neste caso, estações que apresentam as mesmas características (como extensão, número de
dados, número de falhas) recebem diferentes notas, conforme se localizem em uma ou outra Região
Hidrográfica. Comparando as curvas de permanências dos índices referentes às Regiões Hidrográficas
Amazônica, Atlântico Nordeste Ocidental e Tocantins-Araguaia (as quais apresentam o mesmo período
Figura 16.5 - Exemplo Ficha de Qualificação Fluviométrica de análise) é possível perceber que, de forma geral, as séries do Tocantins-Araguaia apresentam as
Estação 11400000 (página 3 de 3) maiores notas quando comparadas às duas primeiras regiões.

110 111
16 16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS HIDROLÓGICAS

Sobre o Índice de Qualidade Geral das 2.416 estações pluviométricas analisadas, resultante da média
ponderada dos Q-1 e Q-SCP, nota-se uma grande concentração de estações na faixa correspondente
aos conceitos “Ótimo” e “Bom”, com freqüência de 1.310 e 1.088 estações, respectivamente. A faixa
“Razoável” teve uma freqüência de apenas 18 estações e a faixa “Ruim” de nenhuma estação. A Região
Hidrográfica com maior concentração de estações com conceito “Ótimo” foi o Tocantins-Araguaia,
com 80,6% das estações, seguido da Região Hidrográfica do Paraná, com 64% das estações, e da
Amazônica, com 58,7% das estações. A Região com pior desempenho foi a do Paraguai, com 27,1%
das estações conceituadas como “Ótimo” e 69,4% das estações conceituadas como “Bom”.

Figura 16.7 – Curvas de Permanência Referentes ao Índice Q - Estações Pluviométricas

16.5.2. Análise dos Resultados da Qualificação das Séries Fluviométricas

A Figura 16.8 mostra a distribuição percentual das estações fluviométricas segundo as notas parciais
obtidas para os doze critérios de avaliação do Índice de Qualidade. De maneira geral, nota-se que
tomados individualmente os critérios utilizados discretizam adequadamente o comportamento das
Figura 16.6 - Histograma das Notas Referentes ao Índice Q – Estações Pluviométricas estações analisadas, com uma boa distribuição das estações nas quatro faixas de avaliação em
praticamente todos os critérios. Observa-se que, em relação à qualificação, os critérios mais restritivos
são o 7 (Número de medições por ano) e o 8 (Desvio médio das medições), onde uma porcentagem
pequena de estações atinge a faixa de nota “Ótimo”.

112 113
16 16
QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES QUALIFICAÇÃO DAS SÉRIES
HIDROLÓGICAS HIDROLÓGICAS

100% 4,0
Ótimo Bom Razoável Ruim
90%
3,5
80%
Notas parciais (% de estações)

70%
3,0

Nota final (ÍNDICE DE QUALIDADE)


60%
2,5
50%

40%
2,0
30%

20% 1,5

10%
1,0
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
0,5
Critérios de avaliação

1 - Tamanho da série observada (anos) 2 - Falhas de observação (%)


3 - Valores preenchidos (%) 4 - Valores alterados (%) 0,0
5 - Número de validades da curva de descarga 6 - Sensibilidade ((Q95(+10mm)-Q95)/Q95*100) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
7 - Número de medições por ano 8 - Desvio médio das medições
9 - Frequência na extrapolação inferior (%) 10 - Frequência na extrapolação superior (%) Permanência
11 - Vazão máxima observada / Vazão máxima medida 12 - Reservatório significativo a montante
Figura 16.9 – Distribuição das Notas Finais do Índice de Qualidade das Estações
Fluviométricas
Figura 16.8. Distribuição das Notas Parciais para os Critérios de Avaliação do Índice de
Qualidade das Estações Fluviométricas

Sobre o Índice de Qualidade das estações fluviométricas, resultante da média ponderada dos doze
critérios apresentados anteriormente, a Figura 16.8 mostra a distribuição percentual das estações
fluviométricas com relação às notas finais obtidas. Nota-se neste caso, a grande concentração de
estações na faixa de nota entre 1,5 e 3,5, correspondente aos conceitos “Bom” e “Razoável”, com
freqüência de 323 e 303 estações, respectivamente. As faixas “Ótimo” e “Ruim” tiveram uma freqüência
de 4 estações em cada uma.

Esta elevada concentração de estações nas duas classes intermediárias deve-se ao fato dos limites
entre classes na nota final terem sido arbitrados a partir dos mesmos limites das notas parciais
definidos para os doze critérios de avaliação. Como os critérios e os referidos limites foram definidos
a partir da opinião de especialistas, os mesmos refletem prioritariamente uma preocupação com a
qualidade dos dados. No entanto, uma redistribuição da freqüência de estações nas quatro classes
do Índice de Qualidade pode ser facilmente obtida pela redefinição dos limites das classes a partir da
interpretação da Figura 16.9. Com relação à estacionariedade das 634 séries de vazões, a avaliação
do “Índice para Tendência na Média” resultou em “estacionária” para 575 e “não avaliado” para 58
estações, sendo que apenas uma estação resultou em “não estacionária”. Para a avaliação do “Índice
de Shifts na Média” o resultado foi de 220, 127 e 287, respectivamente para “negativo para shifts”,
“positivo para shifts”, e “não avaliado”.

114 115
17
CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente Projeto disponibilizou séries confiáveis de precipitação e vazão, com níveis de qualidade definidos
e períodos homogêneos, sobre as doze regiões hidrográficas brasileiras.

O Projeto contemplou a análise de dados hidrológicos de 230 estações fluviométricas principais, 404 estações
fluviométricas de apoio e 2.416 estações pluviométricas. Os estudos realizados consideraram ademais, as
séries de dados operativos de 152 aproveitamentos hidrelétricos do Sistema Interligado Nacional, cuja
operação centralizada está sob a responsabilidade do Operador Nacional de Sistema Elétrico – ONS, além de
informações a respeito da localização e área alagada de diversos açudes e reservatórios artificiais espalhados
pelas bacias hidrográficas consideradas, cujo universo inicial de análise ultrapassou 5.000 espelhos de água
artificiais.

Os estudos desenvolvidos no âmbito deste Projeto atingiram os objetivos propostos, de qualificar séries
mensais de precipitação e vazão no País e reconstituir séries de vazões naturais em estações fluviométricas
selecionadas, resultando na obtenção dos seguintes Produtos:

A. Séries de totais mensais de precipitação nas estações pluviométricas principais, com dados preenchidos
e estendidos, com a indicação do grau de qualificação dos dados e da estação;
B. Séries de totais mensais de precipitação nas estações pluviométricas de apoio, com a indicação do
grau de qualificação dos dados e da estação;
C. Séries de precipitação média mensal nas áreas de drenagem das estações fluviométricas principais;
D. Séries de vazões observadas médias mensais nas estações fluviométricas selecionadas, com a
indicação do grau de qualificação dos dados e da estação;
E. Séries de vazões naturais médias mensais, com períodos homogêneos de no mínimo 30 anos, nas
estações fluviométricas principais selecionadas, com a indicação do grau de qualificação dos dados e
da estação;
F. Séries de vazões naturais médias mensais nas bacias incrementais entre as estações fluviométricas
principais, com períodos homogêneos de no mínimo 30 anos de dados;
G. Séries de usos consuntivos correspondentes às bacias afluentes às estações fluviométricas principais;
H. Séries de dados operativos dos reservatórios considerados;
I. Banco de dados único com as séries trabalhadas e seus índices de qualificação;
J. Programas e ferramentas computacionais desenvolvidos para a execução do Projeto, com os respectivos
códigos fonte;
K. Posicionamento georreferenciado das estações pluviométricas em base cartográfica, em meio digital,
na escala 1:1.000.000, diferenciando as estações principais e as estações de apoio;
L. Posicionamento georreferenciado das estações fluviométricas em base cartográfica, em meio digital,
na escala 1:1.000.000, diferenciando as estações principais e as estações de apoio e com delimitação
e valores das áreas de drenagem;

O principal produto do Projeto consiste nas séries de vazões naturais médias mensais em 230 estações
fluviométricas principais, perfazendo uma área de cerca de 8.500.000 km². O processo de obtenção das
séries de vazões naturais contemplou sete grandes macro-funções, descritas no corpo deste Relatório: i)
Coleta de Dados; ii) Análise de Consistência; iii) Preenchimento e Extensão de Séries; iv) Geração de Séries
de Totais Mensais de Precipitação; v) Reconstituição de Séries de Vazões Naturais; vi) Qualificação das
Séries Hidrológicas; vii) Armazenamento e Disponibilização de Resultados.

Dentro de cada região hidrográfica, o preenchimento e a extensão das séries, a geração de séries de totais
de precipitação médios mensais e a reconstituição das vazões naturais foram realizadas para um mesmo
período, assim definidos: Amazônica (1971 a 2007), Araguaia-Tocantins (1971 a 2007), Atlântico Nordeste
Ocidental (1971 a 2007), Parnaíba (1951 a 2007), Atlântico Nordeste Oriental (1951 a 2007), São Francisco
(1951 a 2007), Atlântico Leste (1951 a 2007), Atlântico Sudeste (1951 a 2007), Paraná (1941 a 2007),
Paraguai (1961 a 2007), Uruguai (1931 a 2007), Atlântico Sul (1941 a 2007).

Poço Encantado, Chapada Diamantina – BA / Ricardo Zig Koch Cavalcanti / Banco de Imagens ANA

116 117
17 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cientes de que a taxa de evaporação líquida fornecida pelo SisEvapo, para as regiões do semi-árido brasileiro, • A base cartográfica apoiada em Ottobacias compilou áreas de drenagem com uma precisão compatível
não representam adequadamente o correspondente processo físico, adotou-se uma alternativa em que a a esta representação;
vazão média mensal não regularizada é um indicativo do estado de umidade da bacia, variável de grande
• Para os espelhos de água considerados com potencial de regularização buscou-se estimar a época de
relevância no método proposto. Fisicamente uma bacia úmida tem maior potencial de evapotranspiração
entrada em operação desses reservatórios, de modo a se distinguir o período em que as séries de
que uma bacia seca e esta foi a idéia retratada na aplicação do método desenvolvido, que garante a validade
vazões das estações de jusante permanecem com características similares às naturais;
das relações intrínsecas ao balanço hídrico da bacia em estudo. Adicionalmente, para os espelhos de água
artificiais, sem dados operativos disponíveis, foi avaliada a época de início de operação, calculados os vetores • As estimativas da evaporação líquida, devido à implantação de reservatórios artificiais, foram
de evaporação, estimados os volumes correspondentes e definido, por um critério específico, se o mesmo estendidas a todos os espelhos de água quando do processo de reconstituição de vazões naturais;
era potencialmente significativo em termos de regularização de vazões para jusante.
• Entre as Regiões Hidrográficas destaca-se o Atlântico Nordeste Ocidental com o maior percentual de
Com relação ao cálculo das vazões de usos consuntivos, através do modelo SEUCA - Sistema de Estimativa de alterações nos dados pluviométricos mensais analisados (17,83%) e o Atlântico Leste com o maior
Uso Consuntivo da Água, diante da inexistência de representação digital para os municípios brasileiros (malha percentual de preenchimento (37,91%) das falhas mensais existentes nas séries analisadas. Com os
municipal) anterior a 1991, a geração de séries de vazões para os municípios implicou na reconstituição menores índices está a do Paraguai em relação à alteração dos dados (1,91%) e a do Parnaíba em
dessa malha para cada ano em que foi realizado censo, quais sejam: 2006, 2000, 1991, 1985, 1980, 1970, relação ao preenchimento (1,05%);
1960, 1950 e 1940. • O método de interpolação pelo inverso do quadrado das distâncias foi adotado para o cálculo da chuva
média nas bacias hidrográficas principais por ser um interpolador clássico e robusto na geração de
Nas etapas de preenchimento e extensão das séries hidrológicas, vale registrar a utilização de três modelos
resultados, sem riscos de descontinuidade nos valores gerados nos pontos de interseção da malha
(Modelo Multivariado Sazonal Mensal Auto-Regressivo de Ordem 1- SMMAR[1], Ponderação Regional por
sugerida;
Médias - PRM e Ponderação Regional por Correlação - PRC) para a geração de séries sintéticas e a seleção
do melhor ajuste pela comparação da performance com o modelo perfeito, que fornece o valor gerado • Da avaliação das curvas de descarga resultaram 2.416 validades, sendo 1.799 (74%) adotadas curvas
igual ao valor observado em condições naturais. O modelo SMMAR[1] baseia-se na teoria da distribuição já existentes do banco HIDRO da ANA, 127 (5%) oriundas dos estudos de vazões naturais do ONS, e
multivariada normal e em síntese reproduz automaticamente todas as equações de regressão para um 490 (20%) novas curvas definidas pela RHA.
dado grupo de estações (séries históricas mensais de precipitação), aplicando, em cada caso, a equação de
• Para todas as estações selecionadas, independentemente de ser considerada principal ou auxiliar, foi
regressão possível em função da disponibilidade de dados. O ajuste é feito, um para cada mês, preservando
dispensado o mesmo tratamento na análise de consistência fluviométrica;
as características sazonais da série em análise, previamente normalizada pela transformação Box-Cox. Os
modelos PRM e PRC são tradicionais e consistem em estabelecer regressões lineares entre o posto com • Para privilegiar o dado disponível no banco de dados da ANA, foram recuperadas curvas de descarga
dados a serem preenchidos e/ou estendidos. Por fim, merece registro, a adoção de uma abordagem única antigas, principalmente para períodos sem medições de vazão, por meio das séries de cotas e vazões
no Projeto, possibilitando melhor análise comparativa com relação à qualidade das séries consideradas. existentes;

No desenvolvimento das diversas atividades do Projeto, em trabalho conjunto entre a RHA Engenharia e • A estimativa das vazões incrementais médias mensais entre estações considerou os efeitos devido à
Consultoria e a Agência Nacional de Águas, algumas considerações técnicas foram adotadas no sentido de propagação;
melhor estimar os efeitos sobre as vazões decorrentes das intervenções humanas no meio físico. Neste • A análise das incrementais levou em consideração a aplicação de um critério de tolerância de
sentido cabe destacar: incrementais negativas em função das incertezas dos dados fluviométricos observados;
• Critério para identificação dos armazenamentos potencialmente significativos em termos de • As séries de vazões naturais resultantes em locais com períodos de observação totalmente, ou quase
regularização nas seções das estações principais de jusante, inclusive para os reservatórios sem que totalmente, afetados por efeitos de regularização merecem tratamentos adicionais quando de
disponibilidade de informações; uma eventual utilização futura;
• Consideração de todos os espelhos de água no cálculo da evaporação líquida, estimando a evolução • As séries de vazões observadas preenchidas e estendidas, correspondentes às estações de apoio,
cronológica de implantação dos mesmos nas bacias consideradas; podem apresentar dados não homogêneos em termos de sua gênese, ou seja, podem misturar períodos
com dados não regularizados com períodos de dados afetados por reservatórios potencialmente
• Cálculo da evaporação líquida de reservatórios localizados em bacias inseridas no semi-árido brasileiro
significativos a montante;
por método que preserva o balanço hídrico regional;
• A observação de tendências significativas, em relação a saltos na média das séries hidrológicas,
• Consistência de séries fluviométricas realizada na escala diária, independentemente da estação ser
mostrou-se mais presente nas regiões mais desenvolvidas;
principal ou auxiliar e do produto final do estudo considerar séries de vazões naturais médias mensais
nas estações principais; • As séries fluviométricas observadas consistidas apresentam maior grau de estacionariedade quanto
aos saltos na média e na variância do que as séries naturais, em função da regularização imposta às
• Critério para a valorização e favorecimento do dado observado, garantindo a preservação de volumes
séries observadas, pelos reservatórios existentes a montante das exutórias das bacias;
escoados durante o processo de reconstituição;
• As séries de vazões naturais nas bacias incrementais entre estações principais, um produto deste
• Compatibilidade dos produtos deste Projeto com as séries de vazões naturais definidas em estudos
projeto, apresentam vários meses de valores negativos, os quais podem ser justificados por: i) a
anteriores, para diversos aproveitamentos hidrelétricos do Sistema Interligado Nacional;
propagação das vazões na escala mensal, como feito para este procedimento, conduz a resultados
• Análise da estacionariedade das séries pluviométricas e fluviométricas, quanto à tendência central e aos distintos dos que seriam obtidos com a propagação das vazões na escala diária, adotado na fase de
saltos (shifts) na média e variância, identificando o ano mais propício à ocorrência da descontinuidade consistência fluviométrica, principalmente em meses de ocorrência de cheias; ii) para o cálculo da
quando esta foi identificada; vazão incremental faz-se uma subtração de valores pertencentes a séries de variabilidades distintas e o
resultado desta subtração tende as apresentar variabilidade maior do que as das séries isoladamente;
• Qualificação das séries hidrológicas mediante critérios objetivos definidos.
iii) pelo método de reconstituição adotado, baseado em modelos de regressão aplicados isoladamente
• Considerando a magnitude do estudo e a grande quantidade de informações analisadas cabe registrar a cada série, não se garante o real crescimento das vazões para jusante, independentemente da
os seguintes aspectos: escala de tempo considerada; iv) os erros amostrais de qualquer série hidrológica, por exemplo para
maior na série de montante e para menor na série de jusante, podem eventualmente contribuir para
a geração de resultados inconsistentes.
118 119
17 REFERÊNCIAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

BIBLIOGRÁFICAS
No desenvolvimento das diversas atividades do Projeto, em trabalho conjunto entre a RHA Engenharia Em
um estudo deste porte, estendendo-se praticamente a todo o território nacional, as hipóteses adotadas são
abrangentes e as avaliações realizadas não esgotam todas as possibilidades para a análise e para a crítica
das séries hidrológicas. Como sugestões para estudos futuros destacam-se as seguintes:

• Utilização das séries de precipitação e vazão resultantes deste Projeto nas estimativas de disponibilidade
hídrica de bacias hidrográficas;
• Atualização do banco de dados ANA com os resultados das séries de precipitação e vazão resultantes
deste Projeto;
• Extensão dos estudos de qualificação de dados e reconstituição das vazões naturais a todas as estações
operadas pela Agência Nacional de Águas;
• Atualização continuada das séries geradas;
• Levantamento em campo das coordenadas das estações, visando eliminar a incerteza quando à
localização das mesmas;
• Determinação da área de drenagem das estações em uma base cartográfica única e em escala
adequada, como por exemplo, com utilização da base SRTM que permite uma precisão compatível
com a escala 1:50.000 (PEREIRA FILHO et al, 2005);
• Realização de estudo específico para as estações eventualmente afetadas por remanso, principalmente
na RH Amazônica, envolvendo levantamento de dados para determinação das respectivas curvas de
descarga, visando a valorização dos dados observados nestas condições;
• Recuperação de dados de estações antigas que ainda não constam da base HIDRO, principalmente as
medições de vazão anteriores a década de 1970;
• Reavaliação das vazões naturais nas bacias incrementais entre estações principais, mediante método
que contemple as séries naturais na escala diária.
• Modificação do Sistema HIDRO para permitir soluções específicas de representação de curvas de
descarga e geração de vazões em estações afetadas por remanso.

Acompanham este relatório em mídia ótica digital os seguintes Anexos e Apêndices:

• ANEXO I. PRODUTOS GERADOS PARA ELABORAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA DE SUPORTE AO


PROJETO;
• ANEXO II. CONSISTÊNCIA DE DADOS OPERATIVOS - SÉRIES DE DADOS OPERATIVOS ONS;
• ANEXO III: CONSISTÊNCIA FLUVIOMÉTRICA - SÉRIES DE VAZÕES CONSISTIDAS;
• ANEXO IV. PREENCHIMENTO E EXTENSÃO SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS – RESUMO SÉRIES ESTENDIDAS
E PREENCHIDAS;
• ANEXO V. PRECIPITAÇÃO MÉDIA - SÉRIES DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA;
• ANEXO VI. USOS CONSUNTIVOS – SÉRIES DE VAZÕES;
• ANEXO VII. RECONSTITUIÇÃO DE VAZÕES NATURAIS – SÉRIES DE VAZÕES NATURAIS;
• ANEXO VIII. ANÁLISE DE ESTACIONARIEDADE SÉRIES HIDROLÓGICAS;
• ANEXO IX. QUALIFICAÇÃO SÉRIES HIDROLÓGICAS - FICHAS DE QUALIFICAÇÃO;
• APÊNDICE A – Inventário Estações Fluviométricas;
• APÊNDICE B – Inventário Estações Pluviométricas.

Rio Tocantins, Lago Tucurui – PA/ Rui Faquini / Banco de Imagens ANA

120 121
18 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, RANIERI C.F.; SILVA, JONATHAS B. G.; RIBEIRO, ARISTIDES.; LEITE, CHRISTIANE C. ; LEAL, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Malha Municipal Digital do Brasil:
BRAULIRO G. Avaliação de desempenho de dois métodos de espacialização da precipitação pluvial Situação em 1991 e 1994. Diretoria de Geociências, Departamento de Cartografia. Rio de Janeiro, 1996. 1
para o Estado de Alagoas. Maringá, Vol. 30 nº 1, 2008. CD-ROM.

BEALE, E. M. L.; KENDALL, M. G. and MANN, D.W. (1967). The Discarding of Variables in Multivariate INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Malha Municipal Digital do Brasil 2000.
Analysis. Biometrika, 54, 357-366. Diretoria de Geociências, Departamento de Cartografia. Rio de Janeiro, 2000. 1 CD-ROM.

CASTRO, FABIO da S.; PEZZOPANE, JOSÉ E. M.; CECÍLIO, ROBERTO A.; PEZZOPANE, JOSÉ R. M.; XAVIER, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento
ALEXANDRE C. Avaliação do desempenho de diferentes métodos de interpoladores para parâmetros Básico, 2000. SEDU/PR, 2002. CD-ROM.
do balanço hídrico climatológico. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Vol. 14 nº 8,
2010. INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ – IPECE. Evolução municipal. Ceará,
2000.
CENTRO DE HIDRÁULICA E HIDROLOGIA PROFESSOR PARIGOT DE SOUZA. Projeto HG-38 - Revisão e
Extensão de Séries Fluviométricas de Estações de Interesse Energético da Região Sul do Brasil: MINGOTI, SUELI A., Análise de dados através de Métodos de Estatística Multivariada – Uma
Relatório Final. Curitiba: CEHPAR, 1979. Abordagem Aplicada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.

Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE. Divisão de Controle de Recursos Hídricos. NAGHETTINI, M. ET PINTO, E. J. A. Hidrologia Estatística. Belo Horizonte: CPRM, 2007.
Sistemática para Análise de Consistência de Dados Fluviométricos. Brasília: DNAEE, 1982.
OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO – ONS. Estimativa das Vazões para Atividades de Uso
ELETROBRÁS. Diretrizes Para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas. Centrais Consuntivo da Água nas Principais Bacias do Sistema Interligado Nacional. Metodologia e Resultados
Elétricas Brasileiras S.A. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2000. 458 p. Consolidados. Relatório Final. 2003. 209p.

HAIR, JOSEPH F.; TATHAM, RONALD L.; ANDERSON, ROLPH E. ; BLACK, WILLIAM. Multivariate Data OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO – ONS. Estimativa das vazões para atividades de
Analysis. Prentice-Hall, Inc. 5th Edition, 1998. uso consuntivo da água em bacias do Sistema Interligado Nacional. Metodologia e Resultados
Consolidados. Relatório Final. 2005. 236 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cartas censo municipal. Rio de Janeiro,
1970. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO – ONS. Revisão das Séries de Vazões Naturais nas
Principais Bacias do SIN - Relatório Executivo. Rio de Janeiro: ONS, 2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de Comunicação Social.
IBGE planeja Censo 2010 em parceria com países do Mercosul, 2007. Disponível em<http://www. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO – ONS. Revisão das Séries de Vazões Naturais nas
ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/ noticia_visualiza.php?id_noticia=1040&id_pagina=1>. Acesso em: Principais Bacias do SIN - Relatório Executivo. Rio de Janeiro: ONS, 2005.
04 setembro 2009.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE METEOROLOGIA – OMM. Guia de Práticas Hidrológicas. 5º Edição, versão
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de População e Indicadores em inglês, 1994.
Sociais - COPIS; Diretoria de Pesquisas - Estimativas populacionais para os municípios brasileiros em
PEREIRA FILHO, D.L.B. ; SANTOS, I. ; FILL, H.D.A. Sistema de ajuste e extrapolação de curva de
01.07.2009 – Rio de Janeiro, 2009, disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
descarga - STEVENS. In: XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 2003, Curitiba. Curitiba : ABRH,
estimativa2009/default. shtm>. Acesso em: 18 agosto 2009.
2003. p. 1-12.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de Agropecuária - COAGRO;
PINTO, N. L. S. et al. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1976.
Diretoria de Pesquisas. Censo Agropecuário 2006. Primeiros resultados - Agricultura Familiar Brasil,
Grandes Regiões e Unidades da Federação – Rio de Janeiro, 2009. REIS, E.; PIMENTEL, M.; ALVARENGA, A. I. Áreas mínimas comparáveis para o período intercensitários
de 1872 a 2000. IPEA/DIMAC, 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de Indústria - COIND;
Diretoria de Pesquisas. Notas Técnicas da Pesquisa Industrial Anual. Rio de Janeiro, 21 de agosto de RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
2008, disponível em <http://www.ibge.gov.br /home/estatistica/economia/industria/pia/empresas/2007/ de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 02 – Estudos Anteriores. Curitiba, 2009.
notatecnica2007.pdf>. Acesso em: 20 agosto 2009.
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de Atendimento Integrado de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 03 – Disponibilidade de Dados Hidrometeorológicos.
- COATI; Centro de Documentação e Disseminação de Informações – CDDI – Coleção Digital de Censos Curitiba, 2009.
Econômicos e Demográficos, disponível em <http://biblioteca.ibge.gov.br>. Acesso em: 16 agosto 2009.
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de Atendimento Integrado - de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 04 – Dados dos Censos Demográfico, Industrial e
COATI; Centro de Documentação e Disseminação de Informações – CDDI – Sistema IBGE de Recuperação Limites de Municípios. Curitiba, 2009.
Automática – SIDRA, disponível em <www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 16 agosto 2009.
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Coordenação de Atendimento Integrado - de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 05 – Base Cartográfica. Curitiba, 2010.
COATI; Centro de Documentação e Disseminação de Informações – CDDI – Banco Multidimensional de
Estatísticas – BME, disponível em <www.bme.ibge.gov.br>. Acesso em: 30 agosto 2009. RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 06 – Consistência de Dados Pluviométricos. Curitiba,
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Divisão Territorial Brasileira. Diretoria 2010.
de Geociências, Departamento de Geografia e Departamento de Estruturas Territoriais. 2002.

122 123
18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Índice de Tabelas

RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição Tabela 4.1. Produtos do Projeto  28
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 07 – Preenchimento e Extensão de Séries Tabela 4.2. Relatórios do Projeto  28
Pluviométricas. Curitiba, 2011.
Tabela 5.1. Períodos Considerados por Região Hidrográfica.  30
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição Tabela 7.1. Grupos Homogêneos  46
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 08 – Consistência de Dados Fluviométricos. Curitiba,
Tabela 8.1. Identificação de Reservatórios Significativos  53
2011.
Tabela 9.1. Estações Fluviométricas Selecionadas por Região Hidrográfica  56
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
Tabela 11.1. Número de Estações Pluviométricas com Dados Finais Consistidos e Estendidos  71
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 09 – Análise de Estacionariedade das Séries
Hidrológicas. Curitiba, 2011. Tabela 12.3. Situação dos Municípios em Anos Censitários no SEUCA2  79
Tabela 13.1. Resumo da Geração de Séries Sintéticas para as Estações Principais  86
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 10 – Consistência de Dados Operativos. Curitiba, Tabela 14.1. Enquadramento das Estações Principais na Situação para a Reconstituição de
2010. Vazões Naturais, em Dezembro de 2007  90
Tabela 16.1. Conceitos Atribuídos às Estações Pluviométricas e Fluviométricas  105
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 11 – Precipitação Média. Curitiba, 2011. Tabela 16.2. Critérios para Qualificação das Estações Fluviométricas  106
Tabela 16.3. Estatísticas das Notas Referentes ao Índice Q  111
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição de
Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 12 – Preenchimento e Extensão Séries Fluviométricas.
Curitiba, 2011.

RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição


de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 13 – Métodos de Reconstituição de Vazões Naturais.
Índice de Figuras
Curitiba, 2011.

RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição


de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 14 – Reconstituição de Vazões Naturais. Curitiba,
2011.

RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição


de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 15 – Qualificação Séries Hidrológicas. Curitiba, Figura 4.2. Seqüência do Processo de Consistência de Dados Pluviométricos 19
2011.
Figura 4.3. Seqüência do Processo de Consistência de Dados Fluviométricos 21
RHA ENGENHARIA E CONSULTORIA. Projeto de Qualificação de Dados Hidrológicos e Reconstituição Figura 4.4. Seqüência do Processo de Consistência de Dados Operativos 22
de Vazões Naturais no País - Relatório Técnico 16 – Manuais dos Programas Computacionais.
Curitiba, 2011.
Figura 6.1. Divisão Hidrográfica Nacional 32
Figura 6.2. Bacias Hidrográficas das Estações Fluviométricas Principais 33
SALGUEIRO, JOÃO H. P. B. Avaliação de rede pluviométrica e análise de variabilidade espacial da
Figura 6.3. Estações Pluviométricas Selecionadas 36
precipitação: estudo de caso na bacia do rio Ipojuca em Pernambuco. Dissertação de Mestrado.
UFPE, 2005. Figura 6.4. Estações Fluviométricas Principais e Auxiliares 38
Figura 6.5. Açudes, Reservatórios e Espelhos d Água Artificiais sobre as Bacias 40
TUCCI, CARLOS E. M. (org), Hidrologia: ciência e aplicação, Coleção ABRH, EDUSP,1993.
Figura 7.1. Permanência dos Coeficientes de Eficiência de Nash (R²) associados
VIOLA, MARCELO R.; MELLO, CARLOS R.; PINTO, DANIEL B. F. ; MELLO, JOSÉ M.; ÁVILA, LÉO F. Métodos às respectivas Curvas Duplo Acumuladas de Dados Brutos 48
de interpolação espacial para mapeamento da precipitação pluvial. Revista Brasileira de Engenharia
Agrícola e Ambiental, Vol. 14 nº 9, 2010
Figura 10.1. Permanência do Percentual de Valores Alterados em Relação ao Comprimento Total da Série 66
Figura 10.2. Permanência do Percentual de Valores Preenchidos em Relação ao Comprimento Total da Série 67
Figura 10.3. Permanência dos Valores da Correlação Linear (r) entre a Série Original e a Série Gerada (PRC) 67
Figura 10.4. Permanência dos Valores do Erro Absoluto entre a Série Original e a Série Gerada (PRC) 68
Figura 10.5. Permanência do Coeficiente de Eficiência de Nash (R²) correspondente ao ajuste:
Série Original igual à Série Gerada (PRC) 68
Figura 12.1. Tela Principal do SEUCA2 (Fonte ONS, 2005) 75
Figura 12.2. Estações Climatológicas Cadastradas no SEUCA2 78
Figura 12.3. Divisão Municipal Brasileira na Área de Abrangência do Projeto em 1940 e 2006 80
Figura 12.4. Resultado do SEUCA2 (Vazões de Retirada, Retorno e Consumo),
para as maiores Bacias das 12 Regiões Hidrográficas 81
124 125
Índice de Figuras

Figura 12.4. (continuação) – Resultado do SEUCA2 (Vazões de Retirada, Retorno e Consumo),


para as maiores Bacias das 12 Regiões Hidrográficas 82
Figura 15.1. Estacionariedade Relativa à Tendência 97
Figura 15.2. Estacionariedade Relativa à Saltos da Média (“shifts”) 97
Figura 15.3. Estacionariedade Relativa à Saltos da Variância (“shifts”) 98
Figura 15.4. Estacionariedade Relativa à Tendência 98
Figura 15.5. Estacionariedade Relativa à Saltos da Média (“shifts”) 99
Figura 15.6. Estacionariedade Relativa à Saltos da Variância (“shifts”) 99
Figura 15.7. Estacionariedade Relativa à Tendência 100
Figura 15.8. Estacionariedade Relativa à Saltos da Média (“shifts”) 100
Figura 15.9. Estacionariedade Relativa à Saltos da Variância (“shifts”) 101
Figura 16.1. Hierarquia dos Índices de Qualificação das Séries Pluviométricas 103
Figura 16.2. Exemplo Ficha de Qualificação Pluviométrica – Estação 1547011 107
Figura 16.3. Exemplo Ficha de Qualificação Fluviométrica – Estação 11400000 (página 2 de 3) 108
Figura 16.4. Exemplo Ficha de Qualificação Fluviométrica – Estação 11400000 (página 1 de 3) 109
Figura 16.5. Exemplo Ficha de Qualificação Fluviométrica – Estação 11400000 (página 3 de 3) 110
Figura 16.6. Histograma das Notas Referentes ao Índice Q – Estações Pluviométricas 112
Figura 16.7. Curvas de Permanência Referentes ao Índice Q - Estações Pluviométricas 113
Figura 16.8. Distribuição das Notas Parciais para os Critérios de Avaliação do
Índice de Qualidade das Estações Fluviométricas 114
Figura 16.9. Distribuição das Notas Finais do Índice de Qualidade das Estações Fluviométricas 115

Anexos
MÍDIA DIGITAL - DVD

Anexo I. Produtos Gerados Para Elaboração Da Base Cartográfica De Suporte Ao Projeto


Anexo II. Consistência De Dados Operativos - Séries De Dados Operativos Ons.
Anexo III. Consistência Fluviométrica - Séries De Vazões Consistidas
Anexo IV. Preenchimento E Extensão Séries Pluviométricas – Resumo Séries Estendidas E Preenchidas
Anexo V. Precipitação Média - Séries De Precipitação Média
Anexo VI. Usos Consuntivos – Séries De Vazões
Anexo VII. Reconstituição De Vazões Naturais – Séries De Vazões Naturais
Anexo VIII. Análise De Estacionariedade
Anexo IX. Qualificação Séries Hidrológicas - Fichas De Qualificação
Apêndices

Apêndice A - Inventário Estações Fluviométricas


Apêndice B - Inventário Estações Pluviométricas

126

Você também pode gostar