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AULA 4

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Profª Lorena Lucena Furtado


CONVERSA INICIAL

Na presente aula, serão abordados demonstrativos e conceitos importantes


para análise econômica-financeira das entidades. Para isso, o Balanço
Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração do
Fluxo de Caixa entram como peças importantes para que o gestor verifique bens,
direitos, obrigações, receitas, despesas e gestão de caixa abordados em tais
demonstrativos financeiros.
Continuando, serão colocadas as motivações para que o gestor tenha
cuidado em manter um caixa adequado e observe as políticas internas de crédito,
estocagem e pagamentos junto a fornecedores de insumos.
Para finalizar a aula, alguns indicadores serão tratados, como os de
liquidez, os patrimoniais, os relativos a Demonstração do Fluxo de Caixa e aqueles
referentes aos perídos de recebimento, pagamento e estocagem.

CONTEXTUALIZANDO

Para fins de subsídio ao gestor financeiro, serão colocadas as seguintes


perguntas: como os demonstrativos contábeis podem auxiliar na gestão financeira
das entidades? Para que serve o Balanço Patrimonial quando destacados os
ativos e as obrigações presentes em uma determinada entidade? Como realizar
a gestão de caixa? Como as receitas e despesas podem ser visualizadas nas
entidades? Para que servem os indicadores financeiros?
Essas são algumas perguntas que ao longo desta aula serão respondidas
e contextualizadas junto a gestão financeira das empresas a fim de garantir
informações de cunho tanto quantitativo quanto qualitativo.

TEMA 1 – BALANÇO PATRIMONIAL

Para entender o que o Balanço Patrimonial representa para a


administração financeira, é necessário primeiro entender que se trata de uma
demonstração estática. Ou seja, quando analisado um balanço, o gestor deve
saber que as informações ali presentes pertencem a um período até a sua data
de emissão. Por exemplo, caso a empresa tenha iniciado suas atividades em
31/12/2016 e retire um demonstrativo no dia 31/12/2017, os valores presentes em
tal demonstração terão seus saldos referentes a bens, direitos e obrigações desse
período, excetuando-se o histórico das transações.

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Pode parecer simples, mas o Balanço Patrimonial precisa ser visto como
algo momentâneo para que o gestor possa analisar, por exemplo, a variação
ocorrida nas contas de investimento ou a situação dos bens imóveis, bem como a
depreciação ali sofrida. Essas são algumas evidências apresentadas no Balanço
Patrimonial.
Também em tal demonstrativo o gestor deve entender que encontra as
obrigações com quem contribui com a continuidade do negócio, ou seja,
investidores, ou sócios, credores, empregados, entre outros.
Pode-se dizer que eles contribuem com a continuidade da entidade, uma
vez que, para gerar caixa, é necessário adquirir insumos de fornecedores para
elaborar determinado produto ou prestar determinado serviço. Desses insumos
virão impostos a recuperar, e dos produtos ou serviços prestados virão impostos
a recolher. A empresa necessita também de empregados para executar a parte
técnica a fim de garantir a gestão dos serviços.
Além do mais, para o início das atividades é necessária a composição de
um capital integralizado pelos sócios. A partir de então, caso haja abertura de
capital, a empresa será também financiada por capital de investidores. Por fim, a
empresa pode nessa conjuntura adquirir capital de terceiros para determinado
financiamento a fim de garantir um projeto.
Todas essas características são encontradas no Balanço Patrimonial e
garantem ao gestor da empresa uma análise sucinta de recursos como caixa,
investimentos, financiamentos e obrigações com terceiros e com os sócios.

1.1 Modelo de Balanço Patrimonial

Para entender o Balanço Patrimonial, é necessário observar as


características das informações encontradas em tal demonstrativo. Primeiro,
estarão presentes os bens, direitos e obrigações da empresa.
Os bens são aqueles que a empresa necessita reter no seu patrimônio para
garantir a venda dos seus produtos ou prestação dos seus serviços. Ou seja, os
bens são os estoques de produtos fabricados ou em fabricação, imóveis, como
máquinas e equipamentos utilizados para a fabricação, terreno de uso tanto para
atividade-fim da entidade quanto para atividade de rendimento caso este seja
arrendado para outros.
Os direitos são aqueles valores a receber, como as duplicatas que foram
emitidas por conta da venda de mercadorias para clientes a prazo, os valores

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pertinentes ao caixa ou os que estão na conta bancária da empresa provenientes
da atividade-fim da empresa, bem como outros valores de direito que podem ser
reconhecidos a longo prazo, como adiantamentos a funcionários.
Já as obrigações são aquelas provenientes dos valores a pagar devido a
contratação de funcionários, venda de determinado produto que gerou um tributo
a recolher ou ainda obrigações com o capital de terceiros, que é o caso de
financiamentos, ou com capital próprio identificado na conta de patrimônio líquido
devido a integralização de capital ou abertura de capital com emissão de ações.
No Patrimônio Líquido, além das informações referentes ao capital
integralizado, haverá informações sobre as reservas de capital, sendo as regras
dispostas em normas, além das reservas de lucros com suas regras encontradas,
geralmente, junto ao estatuto social da empresa.
Além dessas características, todas as contas serão colocadas numa ordem
de liquidez na qual a primeira conta a aparecer será aquela em que a empresa já
esteja com saldo em caixa ou aquela com vencimento a curto prazo.
Assim, será constituído o Balanço Patrimonial: Ativo, com bens e direitos,
Passivo e Patrimônio Líquido, com obrigações.

Tabela 1 – Modelo de Balanço Patrimonial

Ativo Passivo
Ativo Circulante 330.000,00 Passivo Circulante 230.000,00
Caixa 100.000,00 Salários 130.000,00
Bancos 100.000,00 Fornecedores 60.000,00
Estoque de 80.000,00 Impostos a Recolher 20.000,00
Mercadorias
Duplicatas a Receber 50.000,00 Contribuição Social 20.000,00
Ativo Não Circulante 570.000,00 Passivo Não 70.000,00
Circulante
Realizável a Longo 30.000,00 Exigível a Longo 70.000,00
Prazo Prazo
Duplicatas a Receber 30.000,00 Financiamentos 40.000,00
a Longo Prazo
Investimentos 140.000,00 Fornecedores a 30.000,00
Pagar a Longo Prazo
Investimento em 140.000,00 Patrimônio Líquido 600.000,00
Controladas
Imobilizado 300.000,00 Capital Social 350.000,00
Equipamentos de TI 100.000,00 Reservas de Capital 100.000,00
Móveis 120.000,00 Reservas de Lucros 120.000,00
Máquinas 80.000,00 Ajustes de Avaliação 15.000,00
Patrimonial
Intangível 100.000,00 Ajustes Acumulados 15.000,00
de Conversão
Marcas e Patentes 100.000,00 Prejuízos 0
Acumulados
Total 900.000,00 Total 900.000,00

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TEMA 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A Demonstração de Resultado do Exercício existe principalmente para que


o gestor entenda o que está sendo gerado com a atividade-fim da empresa em
termos de receitas e gastos relativos a questões operacionais e não operacionais.
Quando realizado o orçamento empresarial, o gestor tende a elaborar
também tal demonstrativo a fim de visualizar uma previsão de receitas e despesas
a serem geradas para determinada quantidade de produtos elaborados para a
venda ou o serviço a ser prestado. Após a execução do período estipulado para
tal previsão, o gestor pode, com o demonstrativo atualizado, verificar se a previsão
de fato corresponde ao executado, realizando, dessa forma, os ajustes
necessários.
Nesta demonstração existem informações importantes a respeito dos
valores gerados pela entidade, como os gastos para a consecução das receitas
de vendas ou da prestação de serviços e outras receitas realizadas pela empresa.
É importante que para este item a empresa disponha de um sistema de custos
que possa dizer se determinada despesa está atrelada à elaboração do produto
ou serviço ou se está atendendo a outros interesses específicos da empresa.
Portanto, neste demonstrativo o gestor deve dispor de conhecimento sobre
a contabilidade de custos, importante ferramenta de gestão para fins de obter
dados sobre despesas fixas e variáveis, perdas, custos fixos e variáveis, critério
de custeio, entre outras informações.
Para fins de apuração do lucro do período, tal demonstrativo é a fonte, pois,
após verificar quanto da receita com venda de produto ou prestação de serviço foi
gerada após a dedução de despesas operacionais e não operacionais, imposto
de renda e contribuição social, a entidade terá a base para ser distribuída ou
convertida em reserva de capital e de lucros.
Dessa demonstração sairá também a base de cálculo para a apuração do
imposto de renda e da contribuição social do período, principalmente para aquela
empresa que optou pelo lucro real. Para o lucro presumido será atribuída uma
porcentagem fixa que depende exclusivamente da margem de lucro em
determinado período.
Com as informações em mãos desta demonstração, o gestor pode verificar
a margem de contribuição do produto ou serviço prestado, a margem de gastos
operacionais e não operacionais atribuída para a geração da receita, entre outros

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dados importantes para a análise dos resultados pela consecução da atividade-
fim da empresa.

2.1 Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício

Para entender a Demonstração do Resultado do Exercício, é importante


que se avalie com precisão a sua estrutura básica.
A primeira informação disponível será a Receita Bruta, ou seja, o valor
referente a venda do produto ou prestação de serviço sem as devidas deduções.
Estas serão integralizadas posteriormente e integram as devoluções de produtos
que foram vendidos, os abatimentos por conta de descontos e impostos e
contribuições sobre o valor das vendas.
A partir de então, chega-se ao valor da Receita Líquida ou Receita
Operacional Líquida. Como a empresa precisa computar os custos gerados por
conta da elaboração do produto ou serviço, neste momento serão deduzidos os
custos das mercadorias e dos produtos vendidos ou dos serviços prestados.
Nesses custos estarão as informações sobre compras de insumos, estoques de
produtos acabados, estoque de produtos em andamento, entre outros que são
geridos de acordo com a política de estocagem da entidade. Para serviços, as
informações são mais simples.
Após a dedução desses custos, a entidade chegará ao Resultado
Operacional Líquido, de onde é deduzida o que se chama de Despesa
Operacional (gastos com a venda do produto, com a prestação do serviço, com a
área administrativa necessária à atividade-fim). A partir de então, a empresa terá
o Resultado Operacional Bruto.
Algumas empresas dispõem de investimentos em outras entidades ou em
bancos. Neste tipo de investimento, é comum que a tenha receitas, por conta de
juros ou resultados positivos nas empresas investidas, ou o contrário, gerando
despesas. Estas também precisam ser contabilizadas na Demonstração do
Resultado do Exercício como Receitas ou Despesas Não Operacionais ou,
simplesmente, Outras Receitas e Despesas. Isso também vale para quando a
empresa vender um bem ou investimento que gere valores a serem integralizados.
Assim, estará concretizado o Resultado Operacional Antes do Imposto de
Renda e da Contribuição Social, que é a base de cálculo para a provisão desses
tributos.

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Depois da dedução de tais tributos, a empresa poderá identificar a
porcentagem a ser destinada a debenturistas, empregados, administradores,
partes beneficiárias, entre outros, de acordo com a política de distribuição da
entidade, tendo por fim o resultado líquido do exercício.

Tabela 2 – Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício

Receita de Vendas 265.300,00


Receita de Prestação de Serviço 137.000,00
Receita Bruta 402.300,00
(-) ISS Sobre Vendas 39.458,00
(-) ICMS Sobre Vendas 15.696,00
Receita Líquida 347.146,00
Custo dos Serviços Prestados 34.000,00
CMV 76.589,00
Resultado Operacional Bruto 236.557,00
Despesas Administrativas 97.000,00
Despesas com Salários 65.000,00
Resultado Operacional Líquido 74.557,00
Ganhos por Alienação de Bens 5.000,00
Resultado Antes do IRPF e CSL 69.557,00
Provisão para CSL 6.260,13
Provisão de IRPF 6.962,66
Resultado após IRPF e CSL 56.334,21
Participações dos Sócios 39.433,95
Resultado Líquido do Exercício 16.900,26

TEMA 3 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Para saber das informações sobre a estrutura de caixa gerado por uma
empresa, a Demonstração de Fluxo de Caixa vem a ser um instrumento relevante
e útil para identificar fatores relacionados a liquidez e solvência de uma
determinada entidade (Iudicibus; Marion, 2014).
Quando se fala em solvência, o intuito é identificar se a empresa dispõe de
recursos para arcar com suas dívidas, com sobra positiva mesmo após a
consecução de todas as obrigações. Liquidez é a capacidade da empresa em
dispor caixa ou equivalente de caixa na entidade.
O conceito de caixa está é aquele recurso financeiro encontrado a
disposição da empresa de forma imediata. Já o equivalente de caixa são os
direitos que têm por finalidade atender obrigações de curto prazo. Ou seja, são
valores que podem ser convertidos em curto prazo em valores monetários e não
se destinam a investimentos.

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Nesta demonstração, não é possível identificar o que é ativo circulante e
não circulante, uma vez que seu objetivo é identificar os recursos monetários
independentemente da sua conversão. Apenas demonstra em um momento
específico qual foi a geração de caixa indicando de onde este veio: das operações,
de investimentos ou de financiamentos.
Além de tais informações, a Demonstração do Fluxo de Caixa é uma fonte
usual para investidores por permitir analisar a situação futura da empresa através
dos fluxos passados. Essa demonstração é utilizada também para o
desenvolvimento de modelos de precificação da empresa, ou seja, modelos que
ajudam o investidor a identificar o valor da entidade comparando o desempenho
de várias empresas com a mesma natureza, por exemplo, a fim de observar se
há uma expectativa positiva futura.
Além da avaliação para investidores, tal demonstrativo pode apresentar aos
seus diversos usuários, de acordo com Reis (2009, p. 159), as seguintes
informações:

 avaliar a geração futura de caixa para o pagamento de obrigações,


de despesas correntes e de lucros ou dividendos aos sócios;
 identificar as futuras necessidades de financiamento;
 compreender as razões de possíveis diferenças entre o resultado e o
fluxo de caixa líquido originado das atividades operacionais;
 evidenciar o efeito das operações e das transações de investimentos
e financiamentos sobre a posição financeira da empresa. (Reis, 2009)

3.1 Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa

O modelo de fluxo de caixa tem em seu corpo três componentes, chamados


de Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais, Fluxo de Caixa das Atividades de
Investimentos e Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamentos (Iudícibus e
Marion, 2014).
O Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais dispõe de informações
referentes a obtenção de ativo monetário decorrente da atividade-fim da empresa.
Ou seja, nesse demonstrativo estarão informações sobre:

 Recebimento de valores decorrentes da venda de produtos ou prestação


de serviços;
 Recebimento de valores referentes a aluguéis, entre outros classificados
como receitas;
 Pagamento de insumos para a produção de bens;
 Pagamento de tributos referentes a venda de produtos;

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 Pagamento de seguros para proteção de bens imóveis ou outros
necessários a atividade-fim da empresa.

Já o Fluxo de Caixa das Atividades de Investimentos consiste em identificar


valores monetários para fins de geração de fluxos de caixa futuros. É o caso de:

 Pagamentos para aquisição de bens tangíveis e intangíveis tanto para uso


quanto para fins de investimento;
 Entrada de caixa devido a venda de algum imobilizado, intangível ou
qualquer ativo de longo prazo como investimentos.

Quanto ao Fluxo de Caixa Devido a Atividade de Financiamento, estão


relacionados valores provenientes de capital. Para esse tipo de fluxo, as
informações são:

 Valores recebidos devido a emissão de ações ou outros referentes ao


patrimônio;
 Pagamento de juros ou taxas sobre financiamentos;
 Amortização de empréstimos e financiamentos.

Para a elaboração do demonstrativo, existem duas formas: uma conhecida


como método direto, e a outra conhecida como método indireto. No primeiro, mais
utilizado, o regime de caixa está incorporado (receitas e despesas reconhecidas
quando da entrada de valores monetários). Já a construção do modelo indireto se
dá através das adições ou subtrações junto ao Resultado Líquido. Para esta aula,
será identificado o Fluxo de Caixa – Método Direto.

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Tabela 3 – Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto

Atividade Operacional 50.000,00


+Recebimento de Vendas de Produtos 45.000,00
+Recebimento de Prestação de Serviço 35.000,00
(-)Pagamento de Matéria-Prima 15.000,00
(-)Pagamento de Tributos Sobre Vendas 5.000,00
(-)Pagamento de Despesas de Vendas 10.000,00
Atividade de Investimento 30.000,00
Recebimento de Valores de Controlada 60.000,00
Compra de Imóvel 20.000,00
Compra de Veículos 10.000,00
Atividade de Financiamento 20.000,00
(-)Pagamento de Dividendos 30.000,00
+Integralização de Capital 40.000,00
+Ágio na Emissão de Ações 10.000,00
Saldo de Caixa Início do Período 60.000,00
Aumento de Caixa no Período 50.000,00+30.000,00+20.000,00 = 100.000,00
Saldo de Caixa no Final do Período 60.000,00 + 100.000,00 = 160.000,00

TEMA 4 – ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA

Recapitulando, o termo caixa refere-se a recursos monetários com liquidez


imediata e que estão disponíveis na conta Caixa e Bancos. A gestão de recursos
financeiros tem por intuito manter a liquidez da entidade, ou seja, que a empresa
sempre disponha de recursos a fim de que as suas atividades tenham
continuidade para que não dependa exclusivamente de financiamentos.
Deve-se saber sobre o fluxo de caixa pois as entidades dispõem de
obrigações com terceiros e dependem de recursos provenientes das vendas do
seu produto. Para isso, o gestor deve realizar um planejamento detalhado relativo
ao seu ciclo operacional e ao seu ciclo de caixa, o que significa a gestão dos
recursos a serem recebidos e dos recursos a serem pagos.
Para Assaf Neto (2014, p. 637), a definição para o ciclo de caixa é o
“período de tempo existente desde o desembolso inicial de despesas até o
recebimento do produto da venda.”
Logo, a definição está enquadrada desde o momento em que a empresa
realiza desembolso para fins de compra de mercadorias para a produção até após
a venda, quando do recebimento dos valores, gerando, dessa forma, caixa para a
entidade.

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Já o ciclo operacional ocorre desde o período em que a entidade realiza a
compra de mercadorias, independente do desembolso, até o momento em que
ocorre o recebimento pelas vendas.
É importante frisar para esses dois ciclos que, no momento do pagamento
ao fornecedor, a empresa deverá ter recursos financeiros para arcar com a
obrigação. Por esse motivo, é necessário que se façam projeções para o período
que pode ser dado para o recebimento de clientes e o período que pode ser dado
para pagamento dos fornecedores. Da mesma forma, a empresa deve entender
qual é o prazo para elaboração do seu produto a fim de também identificar como
será a sua política de estocagem.
Assaf Netto (2014) coloca algumas estratégias importantes para a gestão
do saldo de caixa, como ter uma política de estocagem adequada e critérios
pertinentes a política de vendas e de crédito. Para o primeiro, o intuito está em ter
um estoque que não venha a causar prejuízos para a entidade por falta ou
excesso, sendo importante ter um orçamento de previsão de vendas que converse
com o que de fato deve estar presente no estoque. Quanto a política de vendas e
crédito, alinhar com o perfil dos clientes colocando prazos equilibrados sem gerar
atrasos para a entidade.

4.1 Planejamento de caixa

Para garantir os aspectos que devem nortear a gestão de caixa é


necessário que se identifiquem quais os aspectos deverão ser observados quanto
a gestão de recursos financeiros, levando em consideração os objetivos
estratégicos da entidade já previstos no planejamento estratégico.
Dessa forma, deve haver uma preocupação do gestor em elaborar um
planejamento de caixa que consista em delinear as decisões acerca dos recursos
financeiros. De acordo com Morante e Jorge (2012), de forma-padrão, o
planejamento de caixa deve enquadrar os aspectos estratégico, tático e
operacional.
O primeiro é de longo prazo e engloba forças internas e externas quanto
aos recursos provenientes da produção e de outras fontes. O segundo,
direcionado a um determinado setor a fim de que este se articule para a geração
do resultado financeiro esperado. O último está relacionado à atividade da
empresa de forma a suportar metas de curto e médio prazo, como é o caso dos
ciclos de caixa e operacional.

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O objetivo é que a empresa possa operar com uma margem de segurança
de recursos em caixa a fim de garantir liquidez e solvência.

TEMA 5 – INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS

Para finalizar o conteúdo desta aula, serão colocados alguns indicadores


importantes para análise da situação econômica e financeira das entidades.
Porém, o gestor deve ter em mente que existem informações qualitativas que não
podem ser encontradas apenas com análise de um número. Logo, o intuito deve
estar em avaliar os demonstrativos financeiros junto a características específicas
gerenciais.

5.1 Indicador de liquidez

Neste item, o objetivo está em analisar a capacidade financeira da empresa


em arcar com obrigações de curto prazo, obrigações de curto e longo prazos e
obrigações de curto e longo prazos sem levar em consideração as vendas que
podem não ser concretizadas devido a sazonalidades. Os índices com valores ≥
1 indicam que a empresa tem capacidade de arcar com as suas obrigações.

Índice de liquidez de curto prazo:

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Índice de liquidez geral:

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒


𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

Índice de liquidez seca:

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒


𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

5.2 Indicador patrimonial

Neste item, será identificada a forma de análise do endividamento. Logo,


serão especificados o grau de endividamento e o grau de imobilização do
patrimônio líquido.
O grau de endividamento identifica quanto foi obtido de capital de terceiros
para cada $ 1,00 de capital próprio. É do tipo quanto menor, melhor:

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𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

O grau de imobilização do patrimônio líquido indica quanto dos recursos


próprios foram destinados ao imobilizado da entidade. Para este e demais
indicadores, é importante verificar os critérios específicos do planejamento e a
política de gestão de caixa da entidade:

𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

5.3 Indicador para análise da Demonstração do Fluxo de Caixa

Entre os apresentados, estão aqueles referentes a taxa de retorno do caixa


e nível de recebimento das vendas.
A taxa de retorno de caixa vem a ser o quanto o ativo é capaz de recuperar
caixa no ano. O indicador é do tipo quanto maior, melhor:

𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑠 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çõ𝑒𝑠


𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Já o nível de recebimento de vendas vem a ser o quanto das vendas gerou


caixa naquele período. É do tipo quanto maior, melhor:

𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠


𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠

5.4 Indicadores de atividade

Para este, são calculados os níveis de giro do ativo e do passivo. Logo,


identifica-se o prazo médio de estocagem, o prazo médio de recebimento, o prazo
médio de pagamento de fornecedores e o giro do ativo.
O prazo médio de estocagem dispõe quantas vezes houve renovação de
estoque no período de um ano. Logo, o cálculo é o que segue:

𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒
𝑥 360
𝐶𝑀𝑉

Onde CMV = estoque inicial + compras – estoque final.


O prazo médio de recebimento dispõe quantos dias levou entre a venda do
produto e o recebimento deste. Logo, o cálculo é o que segue:

𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑥 360
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠

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O prazo médio de pagamento dos fornecedores dispõe quantos dias se
leva em média para efetuar o pagamento aos fornecedores. Logo, o cálculo é o
que segue:

𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
𝑥 360
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎 𝑎 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜

FINALIZANDO

Nesta aula, foram abordadas as características presentes no Balanço


Patrimonial, na Demonstração do Resultado do Exercício e na Demonstração do
Fluxo de Caixa.
Além disso, abordamos o motivo pelo qual deve-se manter uma política
adequada de caixa, uma vez que nas empresas de cunho industrial, principalmente,
fatores como o ciclo operacional e o ciclo de caixa devem caminhar em conjunto a
fim de garantir que existam valores disponíveis quando do pagamento das
obrigações.
Neste sentido, faz-se necessário ter uma política adequada de créditos, de
pagamento junto a fornecedores e de estocagem. Por último, foram destacados
alguns indicadores econômico-financeiros que junto, a informações qualitativas,
são fontes importantes de informações para as diversas partes interessadas.

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REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

HOJI, M. Administração financeira na prática. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2014.

MORANTE, A. S.; JORGE, F. T. Administração financeira. 1. ed. São Paulo:


Atlas, 2012.

REIS, A. C. de R. Demonstrações contábeis: estrutura e análise. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

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