Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORIENTAÇÃO ACADÊMICA:
ENTRE O PRESCRITO E O PRATICADO
EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR
NATAL/RN
2017
Telma Elita da Silva
ORIENTAÇÃO ACADÊMICA:
ENTRE O PRESCRITO E O PRATICADO EM UMA
INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR
NATAL/RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA
ORIENTAÇÃO ACADÊMICA:
ENTRE O PRESCRITO E O PRATICADO EM UMA
INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof.ª Dr.ª Cynara Carvalho de Abreu
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Presidente da Banca
___________________________________
Prof.ª Dr.ª Patricia Borba Vilar Guimarães
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro Interno do Programa
___________________________________
Prof.ª Dr.ª Ana Andrea Barbosa Maux
UNIFACEX
Membro Externo ao Programa
Natal
2017
Dedico este trabalho aos estudantes que
compartilharam comigo os seus saberes e
permitiram que eu compartilhasse os meus com eles.
E assim, despertaram o ser professora, o ser TAE e o
ser aprendiz-pesquisadora.
AGRADECIMENTOS
A nossa construção como ser social é uma construção coletiva, por isso a muitos tenho
que agradecer pelo que sou e realizo, logo, é com esse sentimento de vozes nos atravessando
pela vida que agradeço primeiro a Ele, invisível, mas real na minha vida.
A eles com quem conheci os valores mais profundos na vida terrena: Manuel Martins
da Silva (Vovô), Cristina Martins da Silva (Tia Cristina), Edna Barbosa da Silva Paiva, Dona
Joana Avelino de Souza, Manoel Germano Sobrinho (Seu Mané de G) e Seu Manassés
Nogueira de Morais e que hoje se mostram tão necessários para viver em sociedade.
A ela e a sua família que foi a ponte entre Assú e Natal, Esmeralda Balbino dos Anjos
(Tia Esmeralda). E aos meus com quem mais de perto contei nesta trajetória: Talita Évili da
Silva, Lígia Telma da Silva Albano, Edivan Cavalcanti Albano e Louisi Évili da Silva Albano
e a Ryan Emanuel Silva de Araújo, que na sua inocência de criança rompe barreiras. E
aqueles que não contribuíram diretamente com este trabalho, mas com a caminhada para
chegar até ele.
As companheiras Maria do Socorro Medeiros Vieira dos Santos (Socorro Amor) que
na hora da dor, acolheu-me esquecendo a sua própria dor e a Maria Luciene Urbano de Barros
e Maria Lucineide Cunha (Meire) companheiras de discussões e construções junto ao SNOE.
Às Professoras Dr.ª Cynara Carvalho de Abreu, minha orientadora, pelo aceite do
trabalho e pela colaboração na construção de outros olhares; Prof.ª Dr.ª Tatiana de Lucena
Torres e Dr.ª Maria da Apresentação Barreto pelas contribuições na Banca de qualificação.
Aos membros da banca de defesa, as Professoras Dr.ª Patrícia Borba Vilar Guimarães
e Dr.ª Ana Andrea Barbosa Maux pelo aceite e considerações.
Ao PPGGPI na figura dos colegas de turma com quem construímos conhecimentos e
criamos laço; dos professores que compartilharam seus saberes conosco e da Servidora Ms.
Maria Cilene de Menezes Silva.
Ao CCSA na pessoa da Professora Dr.ª Maria Arlete Duarte de Araújo que me
presenteou com o espaço profissional no NADis e toda a equipe do Núcleo, servidoras e
bolsistas atuais e ex-bolsistas; aos amigos que conheci e reencontrei levando-os para vida:
Jeferson Luís Pires Rocha, Noeli Vitorino Lustosa e Dulceney Vilela da Silva Moreno.
Aos Coordenadores de Curso do CCSA e Orientadores Acadêmicos que emprestaram
suas vozes para construção deste trabalho de compreensão e análise da orientação acadêmica,
e aos estudantes e professores do Centro que dão vida ao NADIS.
Às Professoras: Dr.ª Valéria Rodrigues Leite, com sua colaboração nos relatórios do
SIGAA; Dr.ª Sulemi Fabiano Campos, minha primeira orientadora acadêmica no espaço da
UFRN.
Aos professores Fabiano do Espírito Santo Gomes e Marjory Cristiany da Costa Abreu
que colaboraram para com a validação dos instrumentos piloto da pesquisa.
Enfim, aos sem nomes aqui citados, mas que a vida permitiu o encontro.
RESUMO
Considering the importance of academic advising process on the improvement of the results
achieved by undergraduate courses at UFRN, it was sought to analyse academic advising
practices as they actually happen at CCSA/UFRN in comparison to what was prescribed for
this process in UFRN regulation. In order to do so, we interviewed seven course coordinators
and nine academic advisors, representing, thus, all CCSA presential undergraduate courses.
The information treatment was performed through the content analysis of Bardin (2011) and
the IRaMuTeQ Software. Content analysis revealed the categories: University Teaching /
Academic Advising / Academic Management. And IRaMuTeQ identified three classes:
Academic Advising Agents / Academic Advising Operation / The Role of University
Teachers. These categories and classes revealed the relationship between what is prescribed
and what is practiced in the academic advising in the CCSA / UFRN presential undergraduate
courses. This led to the conclusion that: academic advising is a historical process established
since 1975 by Resolução 110/75-CONSEPE [a resolution by UFRN legislative body] of 19 of
September 1975, contradicting so the institutional presupposition of its non-existence,
revealed by the document "Indicadores Acadêmicos da Expansão na UFRN – Análise e
Encaminhamentos". Also that there is an identity movement between the role of the university
professor prescribed in the norm and the requirements to act in higher education in the current
scenario. As well as, there are planning elements that might be added to the participants‟
suggestions for elaboration of intervention actions for courses improvement, which configures
this work as a diagnostic dissertation.
3 MÉTODO ...................................................................................................................................................67
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................................125
APÊNDICE..................................................................................................................................................131
1 INTRODUÇÃO
1
Relatório de Matrícula 2016 extraído do SIGAA/UFRN.
2
TCG é relação entre o total de diplomados nos cursos de graduação presenciais (DIP) num determinado ano e o
total de vagas de ingresso oferecidas pela instituição (ING5) cinco anos antes, SIGAA.
3
O ENADE é realizado para aferir o desempenho dos estudantes em relação a conhecimentos, competências e
habilidades desenvolvidas ao longo do curso. INEP.
4
O CPC é um indicador de qualidade que avalia os cursos de graduação. Seu cálculo e divulgação ocorrem no
ano seguinte ao da realização do ENADE.
5
O IGC é um instrumento construído com base numa média ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-
graduação de cada instituição.
17
6
MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Ed. revista e modificada pelo autor – 8ª ed. – Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2005. 350p. (Complexidade no sentido de fazermos juntos, uma mesma coisa, com fios
diferentes).
7
A Meta de 90% a ser alcançada no indicador Taxa de Conclusão Média dos Cursos Cursos de Graduação a ser
alcançada em 2014 está descrita na Meta 1, como parte das Metas Globais estabelecidas no Plano de
Desenvolvimento Institucional: 2010-2019. (UFRN/PDI-2010-2019, p. 44). Meta alterada para 70%, a ser
alcançado em 2019. (UFRN/PDI. Novas Metas - período 2015-2019).
19
Nesse capítulo se deu início ao diálogo com as temáticas que auxiliaram ao longo do
caminho, a construção do objeto de pesquisa e tem a intenção de responder ao questionamento
“Quem é o docente universitário?”. Os passos dados na tentativa de responder a esse
questionamento se iniciaram pela legislação maior, que rege o ensino brasileiro, a LDB
9394/1996, de 20 de dezembro de 1996, e, pela lei magna do país, a Constituição Federal de
1988. Em seguida, também serão percorridos os passos teóricos que dialogam nessa
construção geral do “ser docente” numa busca pela caracterização de quem são esses
profissionais de ensino, no cenário universitário, constituídos numa relação entre o processo
identitário e os saberes da profissão.
10
Índice Geral de Cursos (IGC), Conceito Preliminar de Curso (CPC). O cálculo do IGC inclui a média
ponderada dos conceitos preliminares de curso e os conceitos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes).
11
Regido por regulamentos do sistema educativo.
23
Para Veiga (2006) a docência no sentido formal é o trabalho dos professores, e isso
corresponde a uma realidade profissional que engloba um conjunto de funções que
ultrapassam a tarefa de ministrar aulas. E o que faz então os professores universitários?
Conforme a legislação brasileira, ele além de ser o profissional formando em curso de pós-
graduação, papel técnico, também deve ser aquele profissional articulador entre a educação
básica e a educação superior, dando nessa instância, um fazer político e de pesquisador ao
docente universitário. Saber que se estende para a realização de pesquisas que visam o
desenvolvimento da ciência e tecnologia, sem deixar de lado a formação de pessoas para
atuarem no mercado e conviverem na sociedade, promovendo a extensão e a difusão das
conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica
24
geradas na instituição em que trabalha. (Art.43 da Lei nº 9394/1996, instituído pela Lei nº
13.174, de 2015).
Perrenoud (2002; Sacristán, 1999, apud Silva 2015, p. 19) definem o fazer docente,
como uma “semiprofissão”. Eles fazem menção à relação do professor com o sistema
educativo. O que impõe limites na construção e execução do saber. No entanto, Silva (2015)
em investigação com estudantes em estágio docente compreende que a docência é uma
profissão, e que se apóia em um corpo teórico próprio, ou seja, que há um saber próprio para a
docência, situação que a caracteriza como uma profissão.
Diante da discussão sobre a profissão docente questionamos: Quem são então esses
atores12 intitulados de docente? O que os fazem ser chamados assim? O que os constituem
docentes? Com estes questionamentos busca-se conhecer e compreender o processo histórico
da construção da identidade do ser docente, que cuja raiz etimológica vem do latim docere,
que significa ensinar, instruir, mostrar, indicar, dar a entender (VEIGA, 2006, p. 85). No
sentido histórico, a identidade docente tem marcas que se aproximam com a religião,
constituída e controlada pelo clero, e que ao longo dos anos foi sendo modificada para atender
ao poder político e econômico, instaurado em cada época. E o professor deixando de ser
controle da igreja para ser controle do Estado e hoje do capital. Alguns já se permitem
enveredar para um fazer do desenvolvimento humano, de si e do outro.
O ser docente foi instituído oficialmente no Brasil em 1549, pelo viés da catequese
pelos padres Jesuítas que recebiam sua formação pela Ordem dos Jesuítas que tinha como
principal coordenador o Padre Inácio de Loyola, um ex-soldado que se converteu à vida
religiosa após um grave ferimento à bala13.
Mas de onde surgiu essa Ordem? Para falar desse movimento educacional, que se
constitui a base da educação no mundo, buscamos emprestado os escritos do Pe. Leonel
Franca S.J. (1952) para quem a Ordem dos Jesuítas surgiu da Companhia de Jesus fundada na
França em 1534, tendo se expandido por muitos países e continentes por meio de colégios,
configurando-se como uma organização educacional ligada politicamente aos monarcas da
época. A expansão dos colégios e o ingresso de homens com diversas culturas deram início a
problemas educacionais e de governo naquela época, os quais deveriam ser resolvidos de
12
Ator aqui compreendido na forma sintetizada da definição de Alain Touraine como sujeito que não possui uma
imagem única, senão duas: a racionalização e a subjetivação. E apresentada por Gadea e Scherer-Warren,
2005.
13
Dilva Frazão in eBiografia.
25
forma enérgica. Sendo esse, o primeiro registro histórico que encontramos sobre problemas
em espaços educacionais advindos da diversidade.
A organização educacional jesuíta era bastante rígida e usava como critério único para
selecionar seus docentes a “competência e eficiência” e tinha como código um estatuto
elaborado sobre as orientações do próprio Padre Inácio de Loyola, que traçava os passos da
ordem e do método de estudo a serem ministrados em colégios e faculdades. Documento esse
com propósito de código de lei, e com a finalidade de evitar inconveniências decorrentes de
mudanças sociais. Um trabalho iniciador em 1548 com a abertura do primeiro colégio em
Messina, na Itália, e que foi concluído depois de muitas leituras e discussões em 1599, quando
teve sua versão definitiva implantada em todos os colégios da Ordem dos Jesuítas,
permanecendo como lei até 1773.
Apesar desse tempo para a implantação da versão definitiva do Código de Estudo os
primeiros docentes-Jesuítas não foram revolucionários e nem inovadores, ao contrário,
buscaram adaptar-se às exigências de sua época e fazer o seu trabalho com a perfeição
possível, sob as orientações e aconselhamento do Prefeito de Estudos, cujo o papel era
acompanhar a vida escolar nos seus aspectos pedagógicos e estruturantes, que dependente do
número de alunos matriculados em cada colégio, podia contar com a ajuda de um Prefeito de
Disciplina.
Entretanto, isso não significava um plano de estudo petrificado, havia na forma da lei
(Regra 39) uma abertura para a flexibilidade do tempo para a realização do ensino
considerando as peculiaridades do local, mas garantindo a fidelidade aos ideais e aos métodos
pedagógicos. Prática que para eles era decorrente de uma formação viva e orgânica.
O plano pedagógico pelos jesuítas intitulado de “Ratio Studiorum” era um documento
composto por quatro partes denominadas de constituições nas quais se organizavam em letras
alfabéticas de “A” a „Q” com as Regras destinadas para cada personagem que constituía o
processo educacional, envolvendo as dimensões: administração, currículo e metodologia. No
plano do Ratio, o ensino secundário visava à formação humanista enquanto o universitário a
profissional.
E quem era o professor nessa pedagogia inaciana? No que se refere ao ensino, era a
figura mais importante do processo, no entanto, no que se refere às condições econômicas
ficava bem abaixo da sua “alta e nobre missão”. E para corresponder às expectativas de “bom
professor”, o mestre deveria ter uma formação em todos os campos do saber da época. E para
isso, sua formação precisava passar por um rigoroso processo de preparação para o exercício
do magistério.
26
profissionalização própria, mas ainda indefinida, entre o profissional de uma área específica,
que atua como docente e de um profissional de educação, com foco na pesquisa na extensão,
na gestão ou no ensino emancipatório, que direciona o seu fazer para a aprendizagem.
É com essa pluralidade epistemológica e social que envolve a profissão que muitos
teóricos buscam tipificar e classificar os saberes docentes. Uma discussão bastante presente
entre os teóricos da educação a respeito da identidade docente no ensino superior nos tempos
atuais é de um profissional capacitado numa área de conhecimento, que se torna docente em
um momento, ou seja, ele não se torna profissional da educação num processo formativo
intencional para a docência (PIMENTA e ANASTASIOU, 2014, p. 104), (CARVALHO e
MARTINS, 2014), mas ao se tornar docente o indivíduo precisa se construir na sua prática.
Essa discussão traduz um pensamento construído historicamente sobre a identidade
docente no ensino superior. Carvalho e Martins (2014) apontam que nos últimos vinte anos
profissionais ingressaram na docência pela possibilidade de inserção no mercado de trabalho,
gerada pela expansão universitária, e que muitos desses profissionais, não tinham experiências
na prática docente e nem capacitação teórica para ser professor. Essa situação apresentada por
Carvalho e Martins reforça a concepção do senso comum de que basta ter conhecimento numa
área de atuação e saber se comunicar para ser professor no ensino superior.
No entanto a prática docente retrata a estes profissionais, que esse entendimento não
mais corresponde à realidade vivenciada por eles nas universidades brasileiras. Em estudo
sobre a identidade docente realizado com psicólogos bacharéis Carvalho e Martins, 2014
observa que:
Como se pode perceber não é tarefa fácil ser um professor universitário, pois além de
cumprir com o específico para o ensino superior (ensino, pesquisa, extensão e gestão
universitária) precisa compreender e atuar em proximidade com a realidade posta pelos
momentos: político, social e econômico de sua época.
Nesse movimento de construção Therrien et al. (2016, p. 23) define o professor como
aquele que transforma e articula os saberes dos educandos com os saberes produzidos social e
28
14
Para mais detalhes ver: Profissionalização dos professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias
à docência. Puentes; Aquino e Neto (2009).
29
Freire (1996), Pimenta (1998, 2002), Gauthier et al. (1998), Tardif (2003) e Cunha
(2004) estão entre os autores estudados por Puentes et al. (2009) que usam o termo “saberes”
para referir-se à ação de conhecer, compreender e saber-fazer dos docentes. (PUENTES, et al.
2009, p. 174).
Já o termo “competência” aparece nos estudos de Puentes et al. (2009) apresentando
por Braslavsky (1999, p.13, apud PUENTES, et al. 2009, p. 178) como a capacidade de fazer
com saber e com consciência sobre as consequências desse saber. Toda competência envolve,
ao mesmo tempo, conhecimentos, modos de fazer, valores e responsabilidades pelos
resultados de aquilo que foi feito e, por Perrenoud (2000, p. 15, apud PUENTES, et al. 2009,
p.178) como a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar vários de
tipos de situações. Por último, eles apresentam o conceito na visão de Zabalza (2006, p.70,
apud PUENTES, et al. 2009, p. 179) como o construto molar que nos serve para nos
referirmos ao conjunto de conhecimentos e habilidades que os sujeitos necessitam para
desenvolver algum tipo de atividade.
Foi a partir da leitura do estudo de Puentes, et al. (2009) que optamos por, nesse
tópico, ampliar o nosso olhar sobre a construção da identidade do docente universitário
brasileiro conhecendo os saberes necessários aos docentes apontados pelos autores Freire
(1996), Pimenta e Anastasiou (2014), e pelas competências, descritas por Masetto (2015) e
Zabalza (2004), sem necessariamente ficarmos presos às mesmas obras e anos de publicações
estudadas por Puentes, et al. (2009).
Freire (1996) em seu livro Pedagogia da Autonomia fala dos saberes necessários à
prática educativa enfatizados em três capítulos, que diz muito de uma ideologia interacionista
entre o conhecimento e os sujeitos que o cria. Ele diz que não há docência sem discência; que
ensinar não é transferir conhecimentos e que ensinar é uma especificidade humana. Como se
pode perceber ele cria, com essas afirmações, um movimento não só de intervenção na
sociedade (PIMENTA E ANASTASIOU, 2014), mas também um ato reflexivo que muda a si
e ao outro ao mesmo tempo, em que propõe uma ruptura de uma prática tradicional por uma
prática educativo-crítica ou progressista, que procura não transferir conhecimentos, mas por
uma proposta de ensino, criar possibilidades para a produção ou construção do conhecimento.
Os saberes docentes nessa prática, educativo-crítica ou progressista, se movem nos
três capítulos do texto por exigências que o autor não dispensa para uma docência sem
discência: de rigorosidade metódica; pesquisa; saberes prévios dos educandos; criticidade;
estética e ética; corporificação das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição
30
formação de professores os saberes: das áreas de conhecimento, pois ninguém ensina o que
não sabe; os saberes pedagógicos, considerando o ensino como uma prática educativa que tem
diferentes e diversas direções de sentidos na formação humana; saberes didáticos, que
articulam a teoria da educação com a teoria de ensino; e por último, os saberes da experiência,
que dizem de como o sujeito se apropriam do ser professor. Estes saberes foram bem descritos
pelo Professor da UFRN Fred Sizenando Rossiter Pinheiro in Lições da Docência: Busca do
Equilíbrio entre o Acadêmico e as Necessidades do Mercado, 2013.
Pinheiro (2013) apresenta a construção de sua identidade docente, ainda como aluno,
observando o fazer dos seus professores e criando relações com a sua própria aprendizagem.
Depois experimentando dar aulas particulares de Química e Física e na Monitoria.
A monitoria para Pinheiro (2013) deu início com Cálculo I, e depois, enveredando por
Cálculo II, Álgebra Linear I, Cálculo Numérico e Cálculo III; tornando-se assim, conhecedor
do currículo básico da engenharia. Em seguida, experimentou ingressar no Mercado de
Trabalho, como Engenheiro Elétrico, atuando simultaneamente por quase 25 anos como
engenheiro e docente, ao decidir tornar-se docente com dedicação exclusiva.
Durante esse período como engenheiro e professor, teve a “oportunidade de planejar
programas fazendo a adequada aderência entre os conceitos da engenharia e a exemplificação
aplicativa” (PINHEIRO, 2013, p. 26). Também pode testemunhar como aluno, que os
conhecimentos na área não são suficientes para ser um bom professor. Mas o compromisso
com o tempo pedagógico, os saberes didáticos, a capacidade de se relacionar com a turma e o
ensino com foco na aprendizagem o fizeram reconhecer e classificar o Wilson Cleto de
Medeiros como o seu melhor professor no Ensino Médio.
As experiências vivenciadas por Pinheiro (2013) vêm ao encontro da definição
descrita por Pimenta (2014, p. 76) de que a identidade de professor é um processo de
construção do sujeito historicamente situado. E com Freire (1996) numa perspectiva do
ensinar para além de transferência de conhecimento, a qual compreende o ser humano como
inacabado e próprio da experiência vital. E o que dizem então Zabalza (2004) e Masetto
(2015) sobre a competência docente na construção da sua identidade?
Estes dois autores têm seus estudos sobre a competência docente, focada no professor
universitário. Zabalza (2004) defende dez competências necessárias a serem desenvolvidas
pelo professor universitário para o exercício de suas funções. Caminho que tem sido
questionado por muitos professores com o argumento que esse modelo atende uma
expectativa do mercado limitando assim, o fazer educacional no ensino superior.
32
(conclusão)
8) Avaliar Constitui dentre as atividades docentes a que tem mais influência sobre os
alunos, mas que os docentes sabem pouco sobre o seu impacto no ensino.
Avaliar envolve três fases: recolher informações, avaliar as informações
recolhidas e tomada de decisões, sendo, portanto, um saber que envolve um
acompanhamento processual do desempenho do aluno.
9) Refletir e pesquisar sobre o No sentido de analisar documentação relacionada ao desenvolvimento do
ensino processo ensino-aprendizagem, bem como realizar uma análise controlada
dos diferentes fatores que afetam a didática universitária em cada área
científica, sem reduzir essa pesquisa aos pedagogos e psicólogos.
10) Identifica-se com a Essa é uma competência transversal. Todas as outras competências são
instituição e trabalhar em afetadas pela integração dos professores na organização e pela disposição
equipe (atitude) e pela aptidão (técnica) para trabalhar coordenados com os
colegas. Seu conteúdo é saber e querer trabalhar juntos num contexto
institucional. Assim, não faz sentido falar sobre projetos de treinamento,
funções institucionais, objetivos, planos estratégicos e linhas prioritárias, se
não houver mecanismos de coordenação para torná-los possíveis. É aqui
que surge a questão da identificação com a instituição, o sentimento de
"pertença" a nossa Universidade, Faculdade ou Departamento.
Fonte: Adaptação do Texto: Competencias Profesionales del Docente Universitario: Um estudo realizado pela
Universidad La Salle, 2004. Retirado do Texto original. ZABALZA, M. Competencias docentes del profesorado
universitaria Calidad y desarrollo profesional. Narcea, España 2003.
15
Professora da Universidade de Brasília (UnB), desde 2011 e atual Diretora de Avaliação e Informações
Gerenciais do Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional da UnB. Foi Diretora de
Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP/MEC) (2010-2016), Membro da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) e
da Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação (CTAA).
35
16
Professor da Universidade do Minho Portugal.
36
17
Uma analogia ao negro livre que caça e tortura negros escravos. Uma configuração de reprodução do sistema
político, social e econômico.
38
18
Termo Gramsciano usado por, Marina Maciel Abreu que significa a materialização da doutrina capitalista e
sua reprodução pelo corpo nas relações de trabalho com o agravamento da questão. In ABREU, Marina
Maciel. Serviço Social e organização da cultura: perfis pedagógicos da pratica profissional. 4ª. Ed. São
Paulo: Cortez, 2011.
39
2015) e na pesquisa realizada com alunos dos cursos de Matemática, Física e Química da
UFRN (CHAVES, 2016 p. 73).
Fala dos docentes encontradas no relatório do PAP:
Algumas falas dos estudantes que se encontravam no RODA, em 2016.2 sobre suas
dificuldades acadêmicas:
Essas questões que permeiam a profissão docente foram discutidas por Nóvoa (1999)
ao abordar a profissão docente no cenário de mudança de milênio, quando faz uma proposta
de analisar as razões e contradições de uma retórica que contempla “o excesso dos discursos à
pobreza das práticas” para mostrar como se constrói a profissão docente. Nesse movimento, o
autor alerta que, entre a retórica e as práticas que emergem no cenário de ensino, os
professores têm de redescobrir uma identidade coletiva, que lhes permita cumprir o seu papel
na formação das crianças e dos jovens, com uma reflexão sobre o que escolhem fazer e ficar
atentos para não assumirem responsabilidades desmedidas, ambição que se vira
frequentemente contra eles.
Nóvoa (1999) ainda destaca que nessa construção de atuação do professor está
presente outra concepção de formação de professores, que não é a dos programas de
formação, mas aquela que valoriza as diversas experiências como as já mencionadas nesse
trabalho por Pinheiro (2013). Reforçando assim a necessidade de uma discussão situada para
o enfrentamento dos dilemas e conflitos que historicamente marcam a profissão docente.
Para Mancebo; Vale; Martins (2015) é indiscutível as mudanças nos últimos vinte
anos que passam a educação superior em todo o mundo, mesmo que haja intensidades
variáveis entre os países. E destaca que o mesmo processo é percebido como positivo no que
se refere à ampliação do acesso a população, mas que, ao mesmo tempo, revela alguns efeitos
perversos no que tange ao perfil dos cursos e das carreiras criadas pelas instituições
particulares de ensino.
41
19
Departamento de Filosofía y Métodos de Investigación en Educación, Facultad de Ciencias de la Educación,
Universidad de A Coruña, La Coruña, España.
20
Departamento de Pedagogía y Organización Escolar, Facultad de Ciencias de la Educación, Universidad de A
Coruña, La Coruña, España.
42
García21 (2010) alega que a vida profissional dos docentes sempre foi um assunto
esquecido e as mudanças no sistema de ensino superior europeu servem para que os próprios
profissionais possam refletir sobre os aspectos que atingem a sua vida profissional. Diz
também que a universidade que conhecemos hoje é resultado de infinitas transformações,
sendo as discussões a respeito da universidade divididas em duas concepções. Para uns, ela
deve ser uma instituição para a elite da sociedade e, para outros, um serviço ao alcance da
maioria dos cidadãos. Essa situação retrata o processo de organização democrática na
universidade, com o qual acontece a massificação da instituição, que segundo a autora, é
definitivamente a principal característica que define a universidade nos dias atuais, com a qual
se relacionam muitos dos problemas associados com a Educação Superior.
Outras situações apontadas por García (2010) são a inserção da universidade no
ambiente social e a modernização científica e educacional. Para melhor ilustrar essa
transformação, ela apresenta uma tabela formulada por (Benito y Cruz, 2005, p. 66) na qual o
professor sai do papel de mestre, para mediador da aprendizagem, devendo se preparar para
ser no futuro o preparador de pessoas, o que nos parece bem próximo da ideia do professor
português João Formosinho com a formação do docente para ser um profissional que trabalha
para o desenvolvimento humano.
O novo modelo de educação superior espanhol, na visão de García (2010), implica aos
professores criarem uma nova forma de aprender a ensinar centrada no estudante e na
21
María Luisa Rodicio García – professora da Universidade de A Coruña/Espanha.
44
sociedade na qual estão inseridos. Um papel até então no Brasil centrado nas discussões do
papel do professor da educação básica.
Segundo o relatório anual de 2008 do Conselho Superior de Ensino Francês, a análise
das condições gerais de trabalho dos professores está dividida entre os benefícios materiais
adquiridos pela categoria, para suas realizações financeiras pessoais e as condições de ensino.
Quanto à primeira, o relatório expõe o reconhecimento das melhorias pelos docentes, já
quanto à segunda alega que as condições continuam a impedir a melhoria da qualidade.
Dentre essas dificuldades, o relatório cita: sobrecarga de trabalho devido às classes
superlotadas ou com vários níveis de estudantes, recursos educacionais insuficientes e
inadequados e a infraestrutura, às vezes, precária das escolas, especialmente em áreas rurais.
Barnett (1994, p. 3, apud ZABALZA, 2004, p.24-25) resume a discussão sobre o
cenário externo ao dizer que a mudança ocorreu na relação entre a universidade e a sociedade,
onde a universidade passa de uma realidade de autogestão para uma realidade de plena
inserção na dinâmica central da sociedade. Afirmação que leva o professor Zabalza (2004) a
concluir que a universidade é, na atualidade, um recurso para o desenvolvimento social e
econômico e, como tal, submetido às mesmas leis políticas e econômicas que os demais
recursos. O que dizer então do cenário brasileiro?
Segundo Vasconcelos e Gomes (2016), no cenário brasileiro a ação educativa no
ensino superior está voltada para a emancipação dos estudantes e não para a alienação,
estando assim, vinculada a uma proposta de democratização e, nessa trajetória, destaca-se
dentre suas bandeiras a inclusão social, fazendo ainda o alerta de uma possibilidade
reducionista dessa democratização apenas ao indicador de expansão, como fruto do domínio
do capitalismo contemporâneo com fins de reprodução política e social.
Nesse viés, a expansão na educação superior traz à tona os propósitos do nível de
ensino para a atual sociedade, envolvendo a relação entre o desenvolvimento científico e as
necessidades do mercado. Essa dualidade de intenções tem gerado conflitos teóricos entre os
que acreditam numa universidade puramente científica, desvinculada dos desmandos do
mercado; e outros que não acreditam na utopia da manutenção de um ensino superior sem a
lógica do mercado.
Acreditamos, na construção desse trabalho, numa ótica que envolve as duas versões:
não há como fazer uma emancipação sem confrontar os interesses do mercado, no entanto,
não há como fazer investimentos públicos numa área sem questionar os seus resultados para a
sociedade civil, que paga a conta.
45
Assim, se compreende o quanto é difícil teorizar sobre essa terceira ótica. Na qual os
docentes universitários não se deixem dominar por uma ética da praticidade, acarretando com
isso danos ao desenvolvimento científico, mas também compreende esse desenvolvimento
numa visão de sociedade sustentável, e que para isso os saberes devem ser construídos com e
para o povo. O diálogo crítico-reflexivo deve ser o mediador entre as duas dimensões, se
considerarmos o ensino universitário como um instrumento para o desenvolvimento humano,
numa perspectiva de educação como uma alavanca para a emancipação econômica e social.
Mas que realidade retrata o cenário das Instituições Federais de Ensino Brasileiro
(IFES)? Busca-se responder a esse questionamento a partir do pensamento dos autores sobre
as relações com esses cenários.
Oliveira et al. (2014) descrevem que a realidade do ensino está voltada para a
adaptação dos estudantes à vida universitária e que, para isso, não existe uma definição ou um
modelo único de adaptações acadêmicas, mas, segundo os resultados apresentados na
pesquisa por eles organizada com vinte e nove estudantes universitários dos cursos de
Psicologia e Economia de uma universidade pública brasileira, apresentam cinco temas que
abordam as percepções dos estudantes quanto às formas como os professores podem
influenciar na adaptação dos mesmos à vida acadêmica, são eles: – Diferenças entre
professores do Ensino Médio e do Ensino Superior; - Formação e didática dos professores; -
Receptividade e incentivo; - Relação acadêmica/pessoal; e – Importância atribuída ao
professor na formação.
Após a abordagem dos temas, os atores concluem que “a relação entre docente e aluno
pode tanto facilitar quanto dificultar a adaptação do discente ao ensino superior, através dos
comportamentos, posturas e didática dos professores” e que o papel do professor não se
restringe ao ensino teórico e técnico da profissão. Situação que vem ao encontro do que
Masetto (2010) in Docência no ensino superior voltada para a aprendizagem esclarece quando
diz que para o professor admitir a dimensão afetivo-emocional22 do processo de aprendizagem
que se contrapõe a um processo de ensino:
[...] significa abrir espaços para conhecer seus alunos, interessar-se por eles,
sensibilizar-se para que eles aos poucos vão desenvolvendo segurança
pessoal, superando as inseguranças próprias de cada idade e de cada estágio
(MASETTO, 2010, p. 17).
22
Principais resultados da aprendizagem descritos por Pozo (2002) em seu livro “Aprendizes e Mestres”:
aprendizagem de fatos e comportamentos, aprendizagem social, aprendizagem verbal e conceitual e
aprendizagem de procedimentos.
46
Como se pode perceber nas descrições sobre o docente e seu espaço de trabalho nos
subcapítulos anteriores o seu fazer em tempos contemporâneos encontra-se em uma crise
transversal que abrange além, da discussão sobre a competência profissional do professor,
aspectos institucionais e políticos, frente à expansão da matrícula nesse nível de ensino e à
luta populacional pelo seu direito à educação num contexto de respeito às diversidades
cultural, racial, política, religiosa, econômica e cognitiva.
No cenário da UFRN esse docente é o profissional contratado de acordo com o inciso
V, do Parágrafo Único do Art. 53 da Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 que resguarda a
autonomia didático-científica das universidades no que concerne a contração e dispensa de
professor. Após a nomeação, o servidor docente passará por um período de 36 meses de
estágio probatório o qual será avaliado considerando os seguintes fatores: assiduidade,
47
demandas não resolvidas, no que se refere a uma oferta educacional de qualidade, equitativa e
inclusiva para todos e ao longo da vida. Educação essa que deveria ser capaz de promover a
aprendizagem e a reflexão crítica dos problemas locais, nacionais e mundiais, dito assim,
porque, com a era da informação, os problemas que nos afetam não são apenas os locais, mas
também os globais.
Quanto à conjuntura local Fabiano-Campos (2011)23 nos adverte, com base em estudos
realizados durante mais de cinco anos com alunos de graduação sobre a escrita, que os
estudantes:
23
Fabiano-Campos. Sulemi. Professora Doutora do Departamento de Letras UFRN.
49
quanto à conduta docente por meio de relatos que, muitas vezes, retratavam a percepção dos
estudantes e outras a própria fala de um docente. Tais como:
24
Termo usado por Kosik Karel em 1965 para descrever o mundo dos fenômenos externos, da práxis fetichizada,
das representações comuns. Ou seja, o fato de se manifestar no fenômeno revela seu movimento e demonstra
que a essência não é inerte nem passiva.
50
Discutir sobre quem é o docente universitário e qual o seu contexto de trabalho parece
apontar para uma demanda de formação do professor para atuar nas necessidades do ensino na
contemporaneidade, isso inclui a construção de uma nova relação entre docente e discente, na
ótica de uma educação voltada para o processo de ensino centrado na aprendizagem. É assim
que surgem as discussões em torno da temática orientação acadêmica, tema que abrange
aspectos pessoais, profissionais e acadêmicos.
51
descreve, dentre as incumbências dos docentes, em seu Art. 13, zelar pela aprendizagem dos
alunos e estabelecer estratégias de recuperação para os alunos com menor rendimento.
Cabendo à instituição prover os meios para que a recuperação aconteça. (Inciso V, Art. 12 da
LDB/1996). Essas ideias constituem um marco para a luta em prol do acesso e da
permanência de estudantes oriundos de famílias de baixa renda, que ganham espaço em outros
documentos normativos e de planejamento da educação brasileira.
Um exemplo disto é a Política de Atendimento aos Estudantes, prevista no Art. 3º, da
Lei 10.861 de 14 de abril de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior – SINAES. Esta lei ganha nova configuração pela Nota Técnica Nº 14/2014, de 7 de
fevereiro de 2014, emitida pela Coordenação-Geral de avaliação de Cursos de Graduação e
Instituições de Ensino Superior – (CGACGIES), que reorganiza as 10 dimensões que
constituem o processo avaliativo das instituições de ensino superior em cinco eixos, ficando a
Política de Atendimento aos Estudantes no Eixo três: Políticas Acadêmicas, bem como no
Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei 13.005 de 18 de junho de 2014, que propõe a
ampliação das políticas de inclusão e de assistência estudantil na educação superior, de modo
que possa-se reduzir as desigualdades étnico-racial e ampliar a taxa de acesso e permanência
dos estudantes nesse nível de ensino. (Estratégia 12.5 do PNE 2014-2024).
Assim, a Orientação Acadêmica na UFRN se constitui como um processo normativo e
de construção histórica, contrariando o que é apontado no documento: “Indicadores
Acadêmicos da Expansão na UFRN – Análise e Encaminhamentos”, no qual consta “falta
orientação acadêmica” como um dos determinantes institucionais listados como causas do não
alcance das metas pactuadas pela instituição.
Esta configuração histórica da orientação acadêmica na UFRN consta em 04 (quatro)
resoluções do CONSEPE: Resolução 110/1975; Resolução 103/2006; Resolução 227/2009 e
Resolução 171/2013, sendo que, nas três últimas resoluções, o processo está vinculado ao
regulamento dos cursos de graduação. Caracterizando-se, desta forma, no campo normativo,
como um processo institucional sólido, pois além do tempo de institucionalização, 41 anos, ao
se analisar as 04 (quatro) resoluções, não são percebidas mudanças quanto à essência do
objetivo da Orientação Acadêmica, ou seja, desenvolver um trabalho para a integração dos
estudantes à vida universitária, orientando-os quanto às atividades acadêmicas.
As alterações encontradas no objetivo do processo de orientação acadêmica na UFRN
são percebidas na análise dos documentos estudados na troca do verbo “facilitar” para
“contribuir” e no movimento do termo “estudante”; “aluno” e de volta “estudante”. O que
53
25
Taxa de sucesso (TSG) é um indicador definido pelo TCU que mede o número de diplomado pelo número de
ingressantes, o que diferencia da TCG é que é considerado o tempo de diplomado, o tempo médio do curso.
55
vários lugares e sobre diversas óticas, que se apresenta neste subcapítulo a concepção da
orientação como uma proposta de trabalho frente ao cenário de mudanças sociais que se
repercutem na educação.
26
Emmanuelle Deville. Colaborada do Serviço francês de luta contra a pobreza, a precariedade e a exclusão
social que apresentou resultado de pesquisa realizada pelo serviço sobre orientação educacional - relatório
2008-2009.
27
Arza Arza Neves. Professora da Facultade de ciências da Educación – Universidade da Corunã, Espanha.
28
Maria Fé Sánchez García. Professora Titular da Universidad Nacional de Educación a Distancia.
29
Rafael Bisquerra Alzina, Professor da Universidade de Barcelona.
30
Ismael Soares – Professor da Escola Politécnica – Departamento de Engenharia Industrial da UFRJ.
31
Mônica Santos Salgado. D.Sc. Professor Adjunto da Escola Politécnica e do PROARQ – Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura, FAU/EP/UFRJ. Mônica Santos Salgado.
32
Maria Karla Vervloet Sollero. D.Sc.Professor Adjunto da Escola Politécnica- EP/UFRJ.
33
Lauraci Dondé da Silva – Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana
do Brasil.
56
Fonte: Orientação psicopedagógica y educación emocional (Bisquerra, 2006, s/p tradução nossa)
Cada lugar constrói a orientação numa perspectiva local e ao mesmo tempo global.
Segundo Devillé (2009), na França e na Comunidade Flamenga34, a orientação escolar é um
processo que ocorre no ensino primário e secundário. O sistema de ensino básico francês se
divide em duas etapas: uma que inclui o ensino geral e outra que inclui opções técnicas para o
ensino profissional. Os estudantes oriundos de famílias de baixa renda são orientados a
cursarem os cursos técnicos, que os preparam diretamente para o acesso ao mercado de
trabalho, tendo, assim, poucas oportunidades de ingresso no ensino superior.
Por isso, a orientação é reconhecida por Devillé (2009) como uma condição
hierárquica e de segregação. Prática que vem em desencontro com a compreensão de ensino
divulgada pelo Serviço Francês de Luta Contra a Pobreza, a Precariedade e a Exclusão Social,
para o qual o ensino é visto como uma “alavanca contra a pobreza”.
O cenário francês de segregação apresentado acima vem ao encontro do protagonismo
político brasileiro para a educação básica, inicialmente proposta pela Medida Provisória nº
746, de 2016, a qual altera a perspectiva de educação estabelecida, anteriormente, pela Lei de
Diretrizes e Base Nacional, LDB 9394/1996, no que se refere à estrutura de ensino para o
Ensino Médio no país.
A medida provisória 746/2016 foi derrubada após inúmeras manifestações públicas,
sendo substituída, ainda com a perca de alguns direitos já adquiridos, pela lei 13.415 de 16 de
fevereiro de 2017 e por outra Medida Provisória de nº 785, de 6 de julho de 2017. Essa última
altera a forma de financiamento para a Educação, caracterizando, assim, uma intencionalidade
do governo em frear os direitos, já garantidos, para a educação. Fato que provoca uma
sensação de incertezas para a população em relação ao sistema educacional do país.
Esse movimento configura uma política econômica numa visão globalizada que tem
seus princípios balizados na divisão de classes, no qual a educação é usada para fortalecer e
promover essa distinção entre ricos e pobres. Para Devillé (2009), a orientação educacional
ideal precisa:
34
A Comunidade Flamenga é uma das três comunidades constitucionais da Bélgica. A Constituição Belga
estipula que a Bélgica compreende três comunidades: a francesa, a flamenga e a germanófona.
58
35
O ensino não universitário se organiza nas seguintes etapas: Educação Infantil, Educação Primária, Educação
Secundária Obrigatória, Bacharelado e Formação Profissional.
36
A tutoria é a função orientadora que compete aos professores realizar e constitui o nível básico da ação
orientadora. A LOGSE define a tutoria como uma função inerente à docência.
61
Componente Descrição
Os serviços de orientação Nos serviços de orientação de maior destaque é a orientação profissional,
internos seguida pela orientação e informação acadêmica e, em último lugar na
quantidade de oferta, encontra-se a orientação pessoal. Esta ainda restrita a
um pouco mais da metade das universidades.
A tutoria universitária Encontra-se em processo de mudança para atender as reformas implícitas no
EEES, com ampliação das funções da tutoria universitária com a figura do
professor/a assessor/a, aquele que será responsabilizado pela tutoria de um
grupo de estudantes, assessorando para que esses alcancem mais facilmente
seus objetivos acadêmicos, o destaque é para a elaboração e a execução de
planos de ação tutorial.
Os desafios ou ações Um sistema integral de orientação que compreenda as dimensões da
prioritárias orientação pessoal, acadêmica e profissional, com a extensão e consolidação
dos planos de ação tutorial para a realização de uma orientação mais próxima
do estudante, permitindo a promoção da profissionalização da função
orientadora e, por último, a elaboração de indicadores de qualidade e a
difusão de boas práticas.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora quadro-síntese sobre a orientação no Ensino Universitário espanhol
apresentado por Arza (2009)
62
Bisquerra (2006) a concebe como uma intervenção para alcançar objetivos determinados.
Soares (2006) como um ponto fundamental na Política de Atendimento aos Estudantes.
Salgado e Sollero (2001) um processo de ajuda ao aluno no desenvolvimento da
maturidade e responsabilidade frente à vida universitária.
Toda essa discussão sobre a orientação acadêmica retrata duas situações em
relação à UFRN. A primeira diz respeito à orientação como ajuda para os estudantes se
integrarem às atividades acadêmicas, nesse sentido, se compreende as definições de
“falta” e de “fragilidade” do processo pelos registros alcançados TCG; e a segunda, a
uma cultura que nega a existência de um processo, com normatização desde 1975.
Após a apresentação dos diversos autores sobre a orientação acadêmica e a
compreensão do papel da orientação, a ser exercida pelos docentes na função de
orientador acadêmico, frente às demandas sociais e educacionais presentes no ensino
universitário, quais saberes estariam implicados para o exercício da função?
3 MÉTODO
A UFRN é uma instituição pública federal de ensino superior, criada pela Lei Estadual
nº 2.307, de 25 de junho de 1958 e federalizada pela Lei nº 3.849, de 18 de dezembro de
1960, que atua também com a educação básica e tecnológica. Apesar das teorias estudadas
sobre a orientação acadêmica a descreverem como um constructo que deve abarcar todos os
níveis de escolaridade, a nossa pesquisa está demarcada para estudar o fenômeno no contexto
dos cursos de graduação presenciais no CCSA.
Os cursos de graduação da IFES estão vinculados aos centros acadêmicos e às
unidades especializadas (Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, Art. 6º). Sendo, portanto, cento
e dois (102) cursos de graduação presenciais37, distribuídos em oito (08) centros acadêmicos e
em sete (07) das doze (12) unidades acadêmicas especializadas existentes na instituição,
abarcadas as mais diversas áreas das ciências, e formando assim, o que podemos aqui
denominar de um complexo polo de ensino.
É nesse polo de ensino complexo que a orientação acadêmica, nos cursos de graduação
presenciais está constituída, na norma, com o objetivo de contribuir com os estudantes para
que esses possam integrar à vida universitária. Isso significa, no campo oficial, a condição dos
estudantes estarem orientados para desenvolver as atividades acadêmicas que lhes são
propostas.
Foi escolhido o Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da UFRN para
realizar a pesquisa em função da acessibilidade aos gestores e aos potenciais participantes. Os
sujeitos da pesquisa foram todos os coordenadores dos sete cursos de graduação presenciais
38
do referido centro acadêmico e nove dos orientadores acadêmicos alocados nesses mesmos
cursos, sendo uma amostra de 16 participantes. Os coordenadores de curso foram
identificados de N. 01 a N. 07; e os orientadores acadêmicos, de N. 08 a N. 16.
37
UFRN em números – 2012-2016, disponível no Portal UFRN.
38
Em dois dos sete cursos de graduação houve a participação de dois orientadores, daí o somatório de nove
orientadores acadêmicos. Esse fato se deu pela demora do primeiro convidado em responder à solicitação feita
via e-mail para participar, gerando a ocorrência de um novo convite e a não rejeição do segundo participante,
como orientador acadêmico.
68
Apesar da existência de uma norma que aponta para uma orientação no sentido de
contribuir com os estudantes para uma integração à vida universitária a instituição apresentou,
em 2015, uma análise institucional que aponta a “falta de orientação acadêmica” como um
dentre os oito (08) determinantes institucionais desencadeadores dos resultados alcançado
pela instituição em relação a TCG. Este foi o gatilho para a seleção da temática.
O primeiro ponto para analisar a relação entre o prescrito e a prática institucional da
orientação acadêmica foi a delimitação do campo de investigação, desta forma, se estabeleceu
como objetivo geral analisar como se dão as práticas de orientação acadêmica no
CCSA/UFRN em relação ao prescrito para esse processo na UFRN. No sentido de atingir
esses objetivos, propomos os seguintes passos: descrever como é a prescrição legal da prática
da orientação acadêmica na UFRN; descrever como se dão a prática da orientação acadêmica,
a partir da percepção dos coordenadores de curso e dos orientadores acadêmicos do
CCSA/UFRN; levantar os índices de avaliação interna e externa dos cursos de graduação
presenciais do CCSA/UFRN e refletir em que medida a prática da orientação acadêmica pode
contribuir para a melhoria dos índices acadêmicos do curso e da integração do estudante à
vida universitária
Para atingir os objetivos propostos e responder à questão inicial da pesquisa e os
questionamentos dela advindos, realizamos uma pesquisa documental que partiu de um
percurso local para um campo jurídico e teórico mais amplo. Constituindo assim, a norma e a
teoria elementos balizadores para a análise da orientação acadêmica praticada pelos
coordenadores de cursos e orientadores acadêmicos do CCSA revelada nas entrevistas.
Detalharemos em seguida esse caminho metodológico percorrido.
Os dados obtidos por meio de entrevistas foram tratados pelo processo de análise
categórica de respostas de Bardin (2011), cuja organização dos dados perpassou as fases:
1. Pré-análise - fase em que se organiza o material coletado, com o objetivo
sistematizar as perguntas iniciais e organizá-las em categorias intermediárias.
2. Exploração do material que corresponde à descrição das categorias intermediárias
categorizadas na fase anterior para análise e construção das categorias finais; e
3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação dos dados brutos que foram
analisados e compreendidos numa relação com a pesquisa bibliográfica e com outras variáveis
apresentadas na fase quantitativa do estudo.
Após essa etapa, foi feito uso do software IRaMuTeQ para tratar os dados obtidos nas
entrevistas para fins comparativos entre as categorias construídas pela pesquisadora a partir da
análise de conteúdo proposta por Bardin (2011) e as classes construídas pelo software. Vale
ressaltar que para construção do corpus a ser trabalhado no IRaMuTeQ as palavras que
compreendem uma expressão foram interligadas por sinal “underline” e as siglas de PPC e
RODA foram ajustadas a todas as repostas para fins de padronização, como assim determina o
tutorial do software.
73
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 3 - Diagrama dos dados necessários para diagnóstico a respeito das causas que impediram os alunos de
concluir o curso no período de T anos - CT/UFRN
O documento citado acima ainda registra ações definidas para execução a partir de
março/2015. Dentre essas ações se percebe a necessidade do acompanhamento dos estudantes
pelo orientador acadêmico e pelo coordenador de curso para vencer os problemas inerentes a
não conclusão do curso. Além de citar fatos que fogem ao controle da coordenação de curso,
como é o caso dos ingressantes pela segunda entrada do SISU, os quais entram no curso com
77
Os teóricos estudados também retratam esse conflito entre a norma e a prática, como
também a compreensão do processo de orientação acadêmica pelos estudantes e professores.
Isso foi observado quando abordamos o avanço da norma pela LOGSE e a reclamação dos
professores da não adesão dos estudantes. E da reflexão de Álvarez Rojo (2001, apud ARZA
2009, p. 71) quando atribui essa não participação dos estudantes à metodologia do tipo
expositiva aplicada pelos docentes.
Diante do conflito, entre a falta do processo e a sua eficácia, no que se refere ao seu
papel em auxiliar os estudantes na condução do curso e na qualidade da orientação ofertada,
Chaves (2016) traz a necessidade de se refletir sobre a eficácia da orientação acadêmica em
todos os cursos da UFRN, de forma a cumprir com o seu objetivo que é a integração à vida
universitária, como assim se configura a orientação acadêmica na norma institucional.
Outro achado na pesquisa documental foi a existência de uma preocupação com a
necessidade da orientação acadêmica na UFRN desde 1975, antes do discurso comunicado
para as políticas de qualidade do ensino universitário, ocorridas com as avaliações
institucionais, implantadas pela lei do SINAES de 2004, fato que foi antecipado pela UFRN
conforme registro institucional sobre as primeiras avaliações institucionais em 1994, quando a
IES se integrou ao Programa Nacional de Avaliação Institucional- PAIUB e a política de
expansão com o REUNI, iniciada em 2003 e instituída em 2007 pelo Decreto 6.096 de 24 de
abril de 2007.
O fato abordado no parágrafo anterior coloca em xeque a percepção de alguns
teóricos, como Silva e Castro (2014) de que as diretrizes do REUNI, como a redução das
taxas de evasão e a ocupação de vagas ociosas, fazem parte da política neoliberal, apresentada
pelo programa, cujo início se deu a partir do governo de FHC, no período de 1995 a 2002,
com continuidade no governo Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010), quando essas diretrizes
correspondem a uma política de democratização do ensino superior, com o acompanhamento
da evasão e das vagas ociosas nas instituições públicas.
Nesse sentido, o que mais chamou a atenção foi a relação existente entre o objetivo da
orientação acadêmica estabelecido na Resolução 110/75, em pleno Regime Militar, e a
proposta de análise das formas com que os estudantes estão sendo integrados à vida
estudantil, estabelecida pelas Políticas de Atendimento aos Estudantes (Art. 3º, Inciso IX da
Lei 10.861/2004), e desmembrada pelas Diretrizes para a Avaliação das Instituições de
Educação Superior, elaboradas pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior
(CONAES).
79
Fonte: SIGAA
se aproxima.
Fonte: SIGAA
Compreendendo que os resultados não podem ser vistos de forma isolada, procurou-se
observar os resultados alcançados pelo Brasil, pela Região Nordeste e pelo Estado do Rio
Grande do Norte, onde se encontra localizada a UFRN, em relação à TCG, apresentados pelo
Observatório do Plano Nacional em relação à Estratégia 13.8 (2014) e Estratégia 12.3 (2013).
A situação apresentada nas figuras 4 e 5 retrata uma situação que não é exclusiva da
instituição pesquisada, mas revela uma realidade também estadual, regional e nacional. O
Brasil tem aumentando a oferta de vagas no ensino superior nos últimos anos, mas não tem,
em igual proporção, garantido a sua eficiência, como, por exemplo, assegurando ao estudante
a permanência e a conclusão no tempo médio.
Em 2011, o jornal A Folha de São Paulo declarou que apenas 46% dos estudantes do
ensino superior no Brasil concluíram o curso no tempo previsto. O site do observatório do
Plano Nacional de Educação (PNE) confirma essa tendência, demonstrada entre os resultados
alcançados pelo Brasil para a TCG em duas Estratégias: a 13.8 que observa o fluxo de
qualidade considerando a “Titulação de Professores da Educação Superior” e a Estratégia 12.3
que calcula o indicador considerado a meta “Ensino Superior”, bem inferior às metas
planejadas.
Os resultados alcançados pela TCG nas duas estratégias previstas pelo PNE
demonstram, em relação ao campo nacional, regional e estadual, uma queda do indicador
82
entre o período de 2011 a 2012. Pela Estratégia 13.8, a região Nordeste ainda apresentou uma
pequena queda no ano de 2013. Nas três instâncias observadas pela estratégia 13.8, a TCG
volta a subir em 2014, mas de forma muito tímida e distante da meta pactuada. Já na
Estratégia 12.3, os resultados foram apresentados até o ano de 2013, com destaque para a
região Nordeste, que apresenta queda no período apresentado. Pode-se observar essas
informações nas Figuras 5 e 6, disponibilizadas abaixo.
Figura 5 - TCG Brasil, Região Nordeste e Estado do Rio Grande do Norte (Estratégia 13.8)
Figura 6 - TCG Brasil, Nordeste e Estado do Rio Grande do Norte (Estratégia 12.3)
39
O ENADE é realizado para aferir o desempenho dos estudantes em relação a conhecimentos, competências e
habilidades desenvolvidas ao longo do curso. INEP.
40
A partir de 2014, o IDD foi calculado primeiramente por indivíduo para, posteriormente, chegar-se ao nível de
agregação por curso, tendo em vista a possibilidade de comparar medidas de desempenho do mesmo
estudante quando de seu ingresso e conclusão do curso de graduação avaliado.
85
41
Mistério da Educação. Ato Regulatório: Renovação de Reconhecimento de Curso. 2014.
86
pela instituição no conceito contínuo. A UFRN de 2011 a 2013 liderou a posição, a partir de
2014 essa posição foi liderada pela UFPE em relação ao IGC Contínuo.
Conceito
IGC IGC
UNIVERSIDADE médio da
ANO (Contínuo) (faixa)
FEDERAL Graduação
UFRN 3,1000 3,6165 4
2016 UFPE 3,0370 3,7909 4
UFC 3,1655 3,7928 4
UFERSA 3,1175 3,5468 4
UFRN 3,0937 3,5958 4
UFPE 2,9844 3,7637 4
2015
UFC 3,0844 3,7468 4
UFERSA 3,0474 3,4821 4
UFRN 3,2 3,664 4
UFPE 3,0 3,747 4
2014
UFC 3,1 3,693 4
UFERSA 2,8 3,283 4
UFRN 3,3691 3,6755 4
UFPE 2,8479 3,5617 4
2013
UFC 3,0455 3,6207 4
UFERSA 2,6253 3,2253 4
UFRN 3,4086 3,6773 4
UFPE 2,9238 3,5345 4
2012
UFC 3,0289 3,5232 4
UFERSA 2,7965 3,2192 4
UFRN 3,4030 3,6601 4
UFPE 2,8880 3,5527 4
2011
UFC 3,0712 3,5235 4
UFERSA 3,8268 3,4283 4
Fonte: http://inep.gov.br
A construção das dimensões de análises partiu das categorias iniciais que foram
criadas para compor as 17 perguntas semiestruturadas da pesquisa. Foi elaborada uma
descrição para cada uma delas para auxiliar, a partir das respostas dos entrevistados, a
composição das categorias intermediárias, que também foram descritas para facilitar um
agrupamento síntese das categorias finais, estas apresentadas com a descrição elaborada pela
42
Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires.
89
autora a partir da análise das respostas apresentadas pelos docentes do CCSA sobre o objeto
de pesquisa.
A escolha pela construção das categorias seguiu um movimento didático, ou seja, das
categorias iniciais foi feito um agrupamento em categorias intermediárias e, por último, um
agrupamento em categorias finais denominadas de: Docência Universitária na descrição dos
Docentes do CCSA, Orientação Acadêmica praticada e/ou percebida pelos Docentes do
CCSA e Gestão Acadêmica na visão dos Docentes do CCSA.
Para compor o corpus de análise se elaborou uma entrevista semiestruturada composta
de 17 questões, pensadas para compor uma estrutura de categorias, que foram identificadas
nos resultados como categorias finais. E uma questão aberta para que os docentes
manifestassem livremente suas percepções sobre a orientação acadêmica. Os resultados
apresentados nas respostas dadas pelos docentes nessa questão livre foram incorporados à
categoria final, descrita como Docência Universitária. Apresentaremos, antes das categorias
de análise, o perfil dos docentes entrevistados na Tabela 5.
“Na minha visão, a docência universitária acaba sendo uma orientação para
o aluno” (N. 02).
“Nós temos que ser uma excelente escola de graduação, entendeu? Se nós
tivermos uma, uma graduação de ponta, você tenha certeza que a pós vai
aparecer, naturalmente, porque aí vai aparecer os pesquisadores de
graduação, que vão se interessar em fazer mestrado, bons alunos, eles vão
ser o material para a pós-graduação trabalhar”. (N.05).
“... eu entendo que o Coordenador de curso tem uma ação mais ampla e
processual, enquanto que o orientador acadêmico atua, ou deveria atuar, nas
particularidades acadêmicas.” (N. 12).
“... alguns entende até como uma forma de terceirização de uma função
que deveria ser da coordenação do curso. Mas se entende que uma
coordenação de curso não tem como acompanhar grande quantidade de
alunos, por isso a necessidade do professor está ali orientando.” (N. 14).
92
“Eu não percebo nenhum incentivo para isso, até porque todas as outras
atividades, elas permanecem na mesma intensidade.” (N. 14).
“Eu percebo dificuldade por essa falta de treinamento. Por essa falta de
indicação do que a gente deve fazer, o que não deve”.... Incentivo nenhum.
(N. 08).
“Eu não acho incentivo aquelas horas. Eu acho que se realmente a gente
fosse efetuar o trabalho como ele realmente deve ser feito, aquelas horas
não dá para nada. Então, realmente a carga horária está pequena.
Logicamente para o que a gente faz hoje, ela é suficiente, que é essa
parte via sistema.” ... “O regulamento da universidade tem que mudar,
voltar a valorizar a graduação”. (N. 11).
“... primeira coisa que tem dificultado que, trazia dificuldade era não
discutir. ... Outro ponto que dificulta é exatamente a sobrecarga de
trabalho do professor... E o que facilita, é contraditoriamente, é levantar a
discussão e as dificuldades,” (N. 07)
“... quando você me falou de incentivo, ... Eu vou até comparar com outra
função que não temos e que é um trabalho meramente voluntário, de boa
vontade, professor que é comprometido com aquilo, que é a coordenação de
estágio,” (N. 16).
“Mas o estágio começa a impedir, com que o aluno venha para aula
quando devia ser o sentido inverso”. (N. 13).
“Não tem incentivo assim, para se fazer aquilo que se espera,” (N.15).
Os docentes do CCSA descrevem não ter saberes para exercer a função de orientador
acadêmico, e que também não é ofertada pela instituição a formação em serviço, ao designar o
docente para o exercício da função, bem como não acreditam que esse papel é do docente.
“... para exercer a função de orientador acadêmico não tem uma formação,
assim eu não tenho conhecimento para trabalhar esses indicadores.” (N. 12).
93
“... quando iniciou esse processo a gente entrou sem saber, lendo aquela
resolução brutão. Não tive formação para exercer a função de orientador
acadêmico. ... Tem um grande problema nesse processo, eu acho que para
gente exercer bem esse papel, que eu avalio criticamente que não seria
nosso, mais uma vez, a gente deveria ter sido capacitada.” (N. 11).
“Acho que sim. Assim eu não posso falar por todos, por que eu não tenho a
certeza como os colegas têm atuado”. (N. 10).
95
“Apesar da gente não está exercendo essa atividade como deveria eu acho
que sim, mas eu acho que está faltando mais uma atuação nossa.” (N. 09).
“Eu acho que aproxima sim no aluno. Não só a orientação acadêmica, mas a
semana da integração que a gente faz.” (N.03).
“Poderia ter mais, mas eu, tem contribuído, mas ainda não é o ideal, eu acho.
Não é o ideal.” (N.05).
“Não sei lhe responder. Confesso que do jeito que está eu acho que vocês
são mais eficientes e efetivos, enquanto NADIs, do que a gente enquanto
orientador acadêmico.” (N. 11).
“Ah, isso aí eu não sei te dizer, eu não consigo ver, ainda não consigo ver
retorno disso. Porque a gente se não fez nenhum estudo, a respeito da
orientação.” (N.02).
“Acho que a orientação acadêmica é um negócio inócuo, por mais que você
queira fazer alguma coisa, não vai levar a lugar nenhum.” (N.12).
“... ela tem como intenção na orientação acadêmica de que o aluno, ele tenha
o máximo de aproveitamento do curso, da das coisas que a universidade tem
à disposição. Porque para ela seguindo o princípio da economicidade
pública é muito ruim trazer um aluno aqui e esse aluno começar a trancar,
ou ter muitas taxas de insucesso. Enfim não consegui concluir”. (N. 04).
Quanto à atuação dos docentes do CCSA, ela se configura com diferentes papeis,
inclusive no mesmo curso. E refletem a percepção do objetivo do processo no alcance dos
objetivos institucionais. No curso 1, para o coordenador, a orientação acadêmica é uma
“atividade esvaziada, pelos dois lados: pelos orientadores acadêmicos e pelos alunos que
não têm o hábito de procurar ajuda” (N.01). Para o orientador acadêmico, “ela não se limita
à orientação de matrícula, ela se expande para a orientação da carreira profissional”. Ela
não é a “ideal”, por não se ter tido orientações para realizar o processo. Apesar de estar
normatizado as atribuições dos orientadores acadêmicos “Tem dos dois tipos. (N.05).
Para definir melhor os tipos de orientadores acadêmicos o participante também relata
questões ligadas ao perfil e aos valores dos docentes, explicando que tem aquele professor que
“gosta, interage, participa e conhece os alunos” (N. 05) e têm aqueles que fazem o mínimo
necessário”. (N. 05). Outro acrescenta “considerando que todo curso tem professores
amigáveis e professores não tão amigáveis”, incluindo nesse perfil docente o quesito
sensibilidade. “Enquanto orientadora acadêmica talvez eu tenha essa sensibilidade, mesmo
sem ter a formação necessária... mesmo eu tendo essa sensibilidade eu me sinto não capaz de
executar essa função, imagine aqueles que eu vejo que não tem sensibilidade alguma.”
(N11).
A fala de (N.11) deixa bem marcada a necessidade de formação e sensibilidade para
exercer a função de orientador acadêmico, e que a falta desse perfil pode até prejudicar ainda
mais esse aluno. “Ai realmente é você jogar esse aluno fora, e criar mais problemas para ele,
então eu fico muito preocupada com essa função de orientação acadêmica ser do docente
sem ele ter esse preparo para isso.” (N.11). E reforça: “então é você jogar no peito de um
professor uma função que talvez ele não tenha habilidade e competência e pode até prejudicar
ainda mais esse aluno. (N.11).
A normatização da orientação acadêmica foi
“Um grande ganho para instituição a partir do momento que se foi instituído,
como uma regra que toda turma precisaria ter um professor, como uma
espécie de tutor, que recebeu esse nome de orientação acadêmica, apesar de
97
que pelo relato de alguns colegas, a gente percebe que isso às vezes não é
valorizado pelo aluno, não sei se pelo tipo de relacionamento que o professor
desenvolve, o deixa de desenvolver com a turma, mas eu acho que é algo
ainda subaproveitado, que essa interação deveria acontecer de forma mais
próxima, não só através do sistema, mas através do agendamento de alguns
encontros, pelo menos uma vez por semestre para estreitar esse tipo de
relacionamento.”. (N.10).
No entanto,
Apesar da compreensão de (N. 10) sobre o processo, há aqueles que acreditam que
não é papel do docente exercer a função, pois os docentes não detêm os saberes necessários
para o exercício da atividade, que essa deveria ser uma tarefa desenvolvido por núcleos, como
o NADis.
“Eu me sinto não capaz. É como eu já tinha tido eu acho que essa função de
orientação acadêmica se realmente for continuar sendo do professor, que eu
acho que isso aí precisa ser revisto, acho que cada centro deveria ter um
núcleo como a gente tem estilo NADis e que ele deveria acompanhar, criar
algumas estratégias de acompanhar de perto esse aluno, não só o que
procura o NADis, mas todo o curso. (N.11).‟
“Meu departamento ele tem uma prática de toda a turma que entra, ele
determina. (N. 11)
“Tem professor que não queria de maneira nenhuma a função, teve que até
forçar”. (N.05).
“Eu estava com 20, agora estou com 13, me parece que foi feito uma
readequação, porque alguns professores estavam com muitos, outros
estavam com poucos.” (N.09).
“Com essa questão do SISU, fica em média 35 a 40. Nos 2 anos não
completou,” (N. 03).
“Esse daí sou eu que faço diretamente, olhando caso a caso, abro o
histórico olhando a possibilidade, exemplo: teve uma média de duas
reprovações em cálculo, não seria melhor dar um tempo no cálculo?”. (N.02)
“... alguns estão sob regime de observação já acho complicado fazer aquela
análise... aqueles que estão sob regime de observação aí normalmente o
coordenador vai lá.” (N.13).
“... alguém já deve ter falado, que é o período de férias, que grande parte
dos professores estão de férias, então acaba sobrando para o coordenador,
ele tem que fazer todos.” (N. 15).
“A forma fria de fazer pelo SIGAA é a única que ainda funciona.” (N.06)
“... os professores eles têm seguido as normas que a CAENE atribui para
aquele aluno”. (N.06).
“A forma fria de fazer pelo SIGAA é a única que ainda funciona.” (N. 06).
100
“Não recebei nenhuma orientação de como seria esse processo, mas fui
buscar quais seriam as atribuições, fui lê o regimento, fui lê os manuais que
a universidade oferece, fui buscar resoluções sobre o funcionamento da
orientação acadêmica, não da UFRN, mas algumas específicas que alguns
cursos criaram... Eu faço uma reunião semestral com os alunos... apresento
os slides colocando o quê que a norma diz que deve ser, falei sobre o RODA,
expliquei a eles como é funcionava, qual é o objetivo e defini junto com eles
como seriam as dinâmicas das nossas orientações acadêmicas. Seriam
reuniões coletivas, ordinárias realizadas a cada início de semestre, outras
coletivas se houvesse a necessidade extraordinária, poderiam ser também
convocadas e que eu estaria aberta com atendimento individual.” (N. 14).
(“... já tive aluno que, ele tinha um problema que, ele precisava que tivesse
uma linha no meio da prova, eu fiz uma prova com duas colunas para que
tivesse uma linha no meio da prova, ele me pediu. Então, assim, eu acho que,
eu acho que o professor tem que dialogar,” (N.05).
Na segunda prática, um docente com 20h, apesar de considerar que sua orientação não
é a “ideal” por não ter recebido uma formação para exercer a função, relatou que seguiu a
intuição, com a experiência com o magistério, para desenvolver as atividades, ultrapassado a
norma em alguns momentos como: orientação para a carreira, estágio e TCC. E se limitando a
outras atribuições do fazer docente como o eixo da pesquisa.
“E eu fui orientando da maneira que eu achava mais correto... Por essa falta
de indicação do que a gente deve fazer, o que não deve, realmente nenhuma
cartilha, nenhum tipo de orientação. Eu estou fazendo muito da minha
intuição, com a experiência com o magistério ...A minha orientação eu não
vou dizer que ela é uma orientação ideal, porque a gente se quer teve uma
indicação de como a gente devia se portar, mas eu tive preocupação, em
relação a minha última turma, agora estão se formando, se formaram agora e
faltam só 8 da turma que eu venho orientando a 5 anos. Eu tive a
preocupação em orientá-los em relação a matrícula, aos componentes
curriculares e a gente criou uma comunidade no SIGAA para a cada
semestre tirar dúvidas sobre as questões, não apenas de opções pelos
componentes, como também pela carreira profissional mesmo. O Estágio, o
momento do estágio, que tipo de estágio, a gente fez reuniões, inclusive
sobre a construção do trabalho de conclusão de curso, seja a parte da
pesquisa que também é uma grande deficiência do curso.” (N. 08).
Mas apesar desses exemplos encontrados, também foi possível observar que, numa
concepção de uma ética da praticidade, tem aqueles que escolhem priorizar as atividades que
mais pontuam na carreira, que apesar de descumprir a norma para a orientação acadêmica,
não está fora da norma da carreira docente, uma vez que a própria instituição acaba
favorecendo essa lógica do mercado, priorizando a pesquisa em detrimento ao ensino, no
sentido da pontuação para a carreira. (UFRN, Resolução Nº 136/2014-CONSEPE).
culturalmente, não incorporado às mudanças, para que se possa alcançar além de melhores
resultados nas metas pactuadas, uma formação para o desenvolvimento humano, como
descreve Formosinho (2009) e pensadas pelos docentes que não se prenderam as limitações
do ambiente para inovar no seu fazer nessa perspectiva de aprender para fazer para o outro.
“... eu faço parte do NDE. Estão querendo formatar esse processo, mas
partindo novamente da matriz curricular”. (N.14).
Quanto aos resultados alcançados pela TCG, os docentes, na sua maioria, conheciam
os resultados e, quando não conheciam, declararam o desejo de conhecer. Consideraram os
resultados baixos, com exceção de um curso, que é conhecido como uma situação de sucesso,
por ser considerado uma das profissões tradicionais. No entanto, reconhecem que a situação
dos baixos resultados não diferencia o centro dos resultados alcançados pela instituição, e por
outras instâncias.
“Eu acho que nossa taxa, ela é, não quando comparado com o resultado
geral da UFRN... a gente percebeu, nos últimos anos, uma dificuldade
maior, aliás o próprio processo do ENEM,” (N.03).
“Baixo, bem baixo, você pega a média disso aqui noturno 61 por cento, e
uma média no matutino de 77 por cento, tudo bem, pode estar acima de
alguns outros, não é uma realidade só do meu curso,” (N.14).
Na verdade, houve uma queda... isso tem a ver também com essas novas
políticas, de ingressos, não sei”. (N.13)
No que se referem aos motivos atribuídos aos resultados alcançados pela TCG, a
forma de ingresso via sistema ENEM/SISU sobressai. Um destaque que também foi
confirmado na pergunta aberta foi o da negação, por parte do aluno, em concluir o curso para
106
não perder o estágio. E uma das estratégias usadas pelos estudantes para isso, e citadas pelos
entrevistados, é a não conclusão do TCC.
“Esse número vem caindo porque os alunos eles tão estagiando e não
querem deixar os estágios”. (N. 05).
“uma coisa que me intriga, que eu quero ver se o que eu penso é realmente
o que é. É a forma de ingresso”. (N.11).
“Porque hoje vejo uma política assustadora para mim. 79, 80, 100 se
matriculou no TCC e eu tenho uma formatura de 50”. (N. 04).
“Até porque eu descobri isso agora nesse semestre que essa função era
nossa também.” (N.11).
“... a gente discute. Discute com uma certa frequência no colegiado, questão
da orientação acadêmica, é do processo da orientação acadêmica de maneira
fluída, não honestamente não coloco, muitas vezes, isso numa pauta (N. 03).
108
Então quer dizer, eu acho que a orientação acadêmica ela vai, de certa
forma, até prevenir, não é, uma série de problemáticas que nós estamos,
é, observando no curso. Um índice altíssimo de alunos com depressão, de
alunos que estão desnivelados, de alunos que ficam muito tempo no curso,
que chegam no período do TCC, não conseguem escrever o TCC. Então
assim, eu acho que o orientador acadêmico, ele vai mapear um pouco
esse conjunto de dificuldades acadêmicas, sociais, de saúde, desses
estudantes. (N.07).
qualidade para o ensino superior, conforme normas do INEP que também podem estar
relacionada a uma política institucional que valoriza a pós-graduação em detrimento do
ensino da graduação, como nos descreve um participante:
O depoimento acima citado revela muito de uma construção histórica sobre a profissão
e dos saberes necessários para atuar no ensino universitário no século XXI. E que esta deve
ser uma discussão situada numa terceira ótica, que se defende na discussão apresentada sobre
o contexto de trabalho, no tópico 2.2.1, de que não há como fazer uma emancipação sem
confrontar os interesses do mercado, no entanto, não há como fazer investimentos públicos
numa área sem questionar os seus resultados para a sociedade civil, que paga a conta.
4.2.2 Descrições dos Docentes sobre a Orientação Acadêmica construídas em classes e uma Análise
Fatorial de Correspondência com o Auxílio do IRaMuTeQ
Para analisar as falas dos docentes do CCSA sobre a Orientação Acadêmica, foi
elaborado um corpus com a transcrição de todas as entrevistas. O corpus é um conjunto de
textos construído pelo pesquisador, utilizando linhas de comandos que servem para identificar
os participantes da pesquisa. Os textos se configuram nesse trabalho pelas entrevistas
realizadas com os coordenadores de curso e com os orientadores acadêmicos do CCSA.
O programa divide os textos em Segmentos de Textos (ST), considerados os
ambientes das palavras pelo próprio software, e que tem tamanho de acordo com a dimensão
do corpus. Descrevemos na Tabela 6 as variáveis usadas para a construção das linhas de
comando, que se assemelham ao perfil institucional usado na análise das categorias.
110
Variável Descrição
cat1 Coordenador de Curso
cat2 Orientador Acadêmico
ida Idade – 1 (20-40) 2 (41-60) 3 (+60)
tdoc Tempo Geral de Docência - 1 (1-10) 2 (11-20) 3 (21_30)
gest Se exerce cargo de gestão - 1(sim) 2 (não)
rtrab Regime de Trabalho - 1 (Dedicação exclusiva) 2 (40 horas) 3 (20 horas)
curs Curso (foram denominados de 1 a 7 de acordo com a ordem de realização das entrevistas)
Fonte: Elaborada da autora
Figura 7 - Dendrograma resultante da CHD da Orientação Acadêmica na visão dos docentes do CCSA (79,58%)
Fonte: Elaborada pela autora a partir das palavras geradas pela CHD.
(conclusão)
máximo na última matrícula, eu no último semestre fiz todos dos meus olhando caso a caso
abro o histórico olhando a possibilidade exemplo” N 02, Coordenador do Curso 2).
“Até porque também eu acho que isso tem de ter um tempo para você fazer que não é um
tempo assim no início do semestre no final do semestre.” (N 13, Orientador Acadêmico,
Curso 5).
“Ah, não sabia, às vezes, a disciplina que ele mesmo dá parece que está focado em subir
para a sala de aula. Essa é a dificuldade não é porque tem a má vontade é porque às vezes
ele mesmo não tem o know how” (N 01, Coordenador do Curso 1).
Disciplina “Tem essas questões, mas também tem a questão de estar acompanhando o mesmo como o
frequência no desempenho dele como ele está quais as disciplinas que estão cursando se perceber que está
segmento = 98; havendo ali”. (N 16, Orientador Acadêmico, Curso 7).
X2=92,36)
“A forma fria de fazer pelo SIGAA é a única que ainda funciona, mas mesmo assim o
número de disciplinas que são trancadas nesse período que eles têm até um período máximo
de matrícula é o reflexo mesmo de insegurança na hora de fazer matrícula na disciplina.”
(N 06, Coordenador do Curso 6).
“Cheia de coisa para resolver e eu disse eu não tenho condições de colocar nome de cada
orientando e quantas horas eu dediquei a cada um deles porque quando é período de
matrícula eu olho de cada um deles eu não consigo medir meu tempo”. (N 04, Coordenador
do Curso 4)
Período
frequência no “Até agora dificuldade para exercer a orientação acadêmica não vejo, com exceção
segmento = pontualmente da matrícula em período de férias, acho que esse é o único fator que pode
54; X2=52,11) atrapalhar o relacionamento é a atividade do orientador acadêmico.” (N 10, Orientador
Acadêmico, Curso 3).
“Eu acho que você deve saber alguém já deve ter falado que é o período de férias que
grande parte dos professores estão de férias então acaba sobrando para o coordenador ele
tem que fazer todos.” (N 15, Orientador Acadêmico, Curso 6).
“Quando é possível, quando a gente tem autorização, quando tem a clareza de que aquela
pessoa já está na CAENE por exemplo, tem algum acompanhamento é uma prática até da
universidade que envia e-mails para os professores que lecionam as disciplinas que eles
têm matrícula (N 06, Coordenador do Curso 6).
Matrícula “O número de orientandos acadêmicos por orientador acadêmico é como eu disse, isso
frequência no varia inclusive de acordo com o semestre e para mim o que eu estou, o que me é colocado
segmento = como orientador acadêmico é uma turma que requer uma matrícula em torno de 20 25
58; X2=48,74) alunos 30 alunos”. (N 13, Orientador Acadêmico, Curso 5).
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos segmentos de textos da classe 2 disponibilizados pelo IRaMuTeQ.
(conclusão)
“O papel que eu atribuo à docência universitária é um papel de construção de bens de
valores de conhecimento mesmo construção de conhecimento essa é a palavra chave nesse
processo de docência.” (N 12, Orientador Acadêmico, Curso 4)
“E nesse campo, nessas relações estabelecem relações técnicas assim, de passagens dessas
Docência
informações, de diálogo como também, relações mais no campo ético entre aluno e
frequência no
professor, entre os valores mesmos sociais também são estabelecidos nessas relações de
segmento =
docência.” (N 03, Coordenador do Curso 3).
34;
X2=158,74)
“Na minha visão o papel que eu atribuo à docência universitária acaba sendo de uma
orientação para o aluno, como a quantidade de conteúdo que a gente tem que passar para o
aluno é muito grande, e o tempo de sala de aula é muito curto.” (N 03, Coordenador do
Curso 3).
“agora vai sair no final desse mês para o começo de setembro novo PPC, mas o PPC
anterior pouco trata da profissão docente.” (N 01, Coordenador do Curso 1).
“Mas o PPC vigente ainda é reticente em relação a essa formação do docente, com vistas à
PPC formação do profissional o egresso ideal, que está se buscando no nosso curso, mas não é
frequência no muito claro ainda essa preocupação”. (N 08, Orientador Acadêmico, Curso 1)
segmento =
46;
X2=128,74) “O PPC no meu curso ele não orienta a atividade docente, sendo sincera, desde, que eu
entrei no curso esse documento ele não existe de uma forma é acessível aos professores”.
(N 14, Orientador Acadêmico, Curso 5)
“Eu penso que o professor universitário ele deve se preocupar em formar esse estudante
como cidadão, como sujeito ético, um sujeito que tem responsabilidade com a sua formação
Profissional
profissional e com a sua contribuição para a sociedade”. (N 03, Coordenador do Curso 3).
frequência no
segmento =
“Então você tem ali, digamos assim, essa preocupação de que você está inserindo no
25; X2=88,14)
mercado de trabalho profissional, e esse tem que estar preparação, não só para fazer o
papel exigido pela profissão propriamente dito.” (N 04, Coordenador do Curso 4).
“Eles não devem se limitar a sala de aula, cursar as disciplinas ofertadas pelo curso. Eles
devem buscar se envolver em projetos de pesquisa, projeto de extensão. A universidade é
formada justamente por esse tripé de ensino pesquisa e extensão”. (N 10, Orientador
Acadêmico, Curso 3)
Extensão
frequência no “E claro quando eu falo ensino não é só sala de aula, vão também os outros elementos do
segmento = tripé a extensão a pesquisa, mas, eu ainda digo, que, além disso.” (N 13, Orientador
15; X2=71,86) Acadêmico, Curso 5)
“Que seria essa parte de ensino, pesquisa e extensão e valor, tentando mostrar para nós
professores a importância de cada uma delas para a formação do seu aluno”. (N 03,
Coordenador do Curso 3).
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos segmentos de textos da Classe 3 e disponibilizados pelo
IRaMuTeQ.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho se caracteriza como uma dissertação diagnóstica, que se originou de uma
necessidade institucional, sentida a partir de um local onde se exerce funções práticas ligadas
as questões acadêmicas, o NADis. O núcleo visa a partir do acolhimento o acompanhamento
dos estudantes de graduação do CCSA que se integram a uma proposta de qualidade de vida
que converge para os resultados acadêmicos e desenvolvimento pessoal.
Construir esse produto final do mestrado profissional em gestão de processos
institucionais só foi possível por um histórico de experiências profissionais no campo
educacional vividas em diversas instâncias institucionais, políticas e sociais, as quais, me
permitiram olhar para o ensino como um processo que requer dos docentes a sensibilidade de
perceber que cada estudante em seu convívio é um ser único, e que por isso necessita mais do
que um saber técnico para se desenvolver. Sendo assim, a orientação acadêmica é percebida
como um caminho prescrito capaz de se constituir numa prática colaboradora com
desenvolvimento e integração à vida universitária dos estudantes de graduação.
Nesse cenário a pesquisa buscou responder à questão: “qual a relação entre o que está
prescrito e o que é praticado na orientação acadêmica nos Cursos de Graduação Presenciais
do CCSA/UFRN?”
Para isso, foi traçado um objetivo geral que consistiu em analisar como se dão as
práticas de orientação acadêmica no CCSA/UFRN em relação ao prescrito para esse processo
na UFRN. E, para alcançá-lo, percorreram-se quatro outras etapas: descrição de como está
prescrita legalmente a prática da orientação acadêmica na UFRN, descrição como se dão as
práticas da orientação acadêmica, a partir da percepção dos coordenadores de curso e dos
orientadores acadêmicos do CCSA/UFRN, levantamento dos índices de avaliação interna e
externa dos cursos de graduação presenciais do CCSA/UFRN e, por fim, reflexão acerca das
possibilidades de contribuição da prática da orientação acadêmica para a melhoria dos índices
acadêmicos do curso e da integração do estudante à vida universitária.
Os caminhos percorridos para alcançar os objetivos e responder à questão da pesquisa
foram guiados por uma pesquisa documental, auxiliada por uma pesquisa bibliográfica, que
correspondem à busca pelo prescrito e pela teoria que colaboraram com a análise do trabalho
em campo, que configuram as práticas da orientação acadêmica no CCSA/UFRN.
Os dados obtidos para realizar a análise das práticas, reveladas nas vozes dos
coordenadores de cursos e orientadores acadêmicos do CCSA entrevistados, foram tratados
recorrendo-se à análise de conteúdo de Bardin (2011) e ao software IRaMuTeQ.
120
Quanto aos resultados alcançados pela TCG, os docentes reconhecem que os baixos
resultados apresentados pelos cursos não os diferenciam dos resultados da instituição como
um todo. Fato comprovado não como uma realidade da UFRN, mas do Estado do Rio Grande
do Norte, da Região Nordeste e do País como um todo.
Foram atribuídos como causa a esse resultado alcançado pela TCG a forma de
ingresso via SISU, exceto um coordenador e um docente, de um mesmo curso, considerado
um curso de alto rendimento no indicador. O orientador acadêmico, ao ser questionando sobre
a que atribui os resultados alcançados pelo curso, respondeu que não fazia ideia do sucesso,
entretanto, o coordenador de curso atribuiu a uma situação de prestígio social do curso,
considerado por ele como uma das três profissões tradicionais no país.
Na pesquisa de campo, foram encontradas duas práticas significativas, reveladas pelos
orientadores acadêmicos. Onde o prescrito na norma da UFRN e os saberes adquiridos na
experiência como docente foram mediadores das práticas. Como também foi encontrado
aqueles que numa perspectiva de uma ética da praticidade priorizam as atividades que mais
pontuam na carreira docente.
A pesquisa também apontou para uma falta de acompanhamento do processo e de
formação para exercer a função. Elementos que devem ser levados em consideração pela
PROGRAD e pela PROPLAN para subsidiar o planejamento institucional de formação e de
alcance as metas institucionais.
Ao confrontar os dados, obtidos pela análise de conteúdo, pelos dados revelados pelo
software IRaMuTeq se percebeu pelas duas análises realizadas, a da Classificação Hierárquica
Descendentes - CHD e a Análise Fatorial Correspondente – AFC. Na primeira análise, há uma
limitação da atuação dos agentes da orientação acadêmica pelo uso do SIGAA que
corresponde a validar ou não as matrículas. E que o funcionamento do processo está preso a
um espaço temporal (semestres / período) e a atuação dos agentes centrada na matrícula e na
disciplina. Fato que não corresponde à necessidade do estudante, já que segundo relato de um
orientador acadêmico, o estudante prefere ser orientado por um docente que apresente
disponibilidade de escuta.
Novamente, encontramos nesse estudo referência à “Impessoalidade na relação com
os alunos” como um dos determinantes para os resultados não alcançados pela TCG, citado
no documento: “Indicadores Acadêmicos da Expansão na UFRN – Análise e
Encaminhamentos.
O destaque encontrado na análise do processo a partir do tratamento pelo IRaMuTeQ
foi observado na classe 3, denominada de “O Papel do Docente Universitário” por essa se
123
(conclusão)
Nas práticas divulgadas pela - Análise e orientação acadêmica;
PROGRAD Encaminhamento; • Instituída para auxiliar
• Faculdade de Ciências da no alcance dos
Saúde do Trairi-FACISA; • Diagrama para objetivos institucionais;
• Pedagogia-Natal; e levantamento dos • Prejudicada por atribuir
• Escola de Ciências e dados necessários ao professor a atividade
Tecnologia. para diagnóstico a no período de férias;
respeito das causas Práticas significativas no
que impediram os CCSA.
alunos de concluir.
Fonte: A autora
Desta forma, se espera ter colaborado com a instituição com a apresentação de uma
discussão situada acerca do processo institucional de orientação acadêmica, considerando-o
como uma ferramenta para a melhoria dos resultados dos cursos de graduação presenciais no
que se refere ao indicador TCG e os indicadores de qualidades estabelecidos pelo MEC.
Observando, ainda, a possibilidade de consulta dos dados apresentados pela
comunidade acadêmica no planejamento das atividades de construção dos Planos Trienais dos
cursos, como proposta de melhoria da qualidade dos cursos de Graduação e de Pós-
Graduação, como parte de uma política em proposição feita pela reitoria para 2018, bem
como sugestões de agenda de pesquisa: replicar a pesquisa nos demais centros e unidades
acadêmicas da UFRN; Análise dos Editais para Concurso para Docentes; Formação
Continuada; Critérios da seleção via SISU; Coordenação de Estágios e Orientação TCC. E
para o NADis, em parceria com a comunicação, a sugestão, como subproduto desse trabalho,
a elaboração da carta de serviço da orientação acadêmica do CCSA.
Ficando assim, o convite a comunidade acadêmica a repensar o processo da orientação
acadêmica como dispositivo fundamental para a integração do estudante à vida universitária,
não apenas como uma política de melhoria dos índices de avaliação institucionais internos e
externos, mas na preservação das práticas e políticas que visem o desenvolvimento de
docentes e estudantes comprometidos com a ética e o cuidado tanto de si, como do coletivo
acadêmico e da sociedade em geral.
Considerando o que foi proposto como objetivo geral da pesquisa e como objetivos
específicos pode-se dizer que foram cumpridos. E isso não significa que não houve
dificuldades e limitações no processo de construção do produto final. Contamos como maior
dificuldade o atraso em realizar as entrevistas, e como maior facilidade a adesão ao projeto
pelos professores que participaram do piloto, dos coordenadores de cursos e orientadores
acadêmicos do CCSA.
125
REFERÊNCIAS
BARROS, Maria Luciene Urbano de; SILVA, Telma Elita da; BARBOSA-JR, Walter
Pinheiro. Narrativas dos Conselheiros Escolares sobre o Desempenho Educacional dos
Estudantes. João Pessoa, 2017.
CARVALHO. Maria Vilani Cosme de; MARTINS. Milene. Tornar-se Professor do Ensino
Superior: Perspectivas Sócio-históricas na Construção da Identidade docente do Psicólogo-
Professor. In Ensino Superior: saberes, experiências, desafios. Teresina: Edufpi, vol. II,
2014. (p. 21-47).
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
FRANCA, Leonel. O método pedagógico dos Jesuítas. O “Ratio Studiorum”. Rio de Janeiro,
AGIR Editora,1952.
SAMPIERI, Roberto Hernándes; COLLADO, Carlos Fernándes; LUCIO, María del Pilar
Baptista. Metodologia de Pesquisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013.
SÃO PAULO, Folha. Apenas 46% dos universitários do país se formam em quatro anos.
2011. Cotidiano. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0811201114.htm. Acesso em: 13 abr. 2015.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
UNIVERIDADE DO PORTO.
https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=processo%20de%20bolonha%20
na%20u.porto%20-%20faq. Acesso em 04/09/2017.
UNESCO. Declaração Mundial sobre a Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação.
Paris: UNESCO, 1998. Disponível em: <
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-a-
Educa%C3%A7%C3%A3o/declaracao-mundial-sobre-educacao-superior-no-seculo-xxi-
visao-e-acao.html >. Acesso em 25 set. 2016.
APÊNDICE
IDADE:
GÊNERO:
DEPARTAMENTO DE LOTAÇÃO:
TEMPO GERAL DE DOCÊNCIA:
TEMPO DE DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR:
TEMPO DE DOCÊNCIA NA UFRN:
TITULAÇÃO ACADÊMICA:
ESPECIALISTA ( ) MESTRE( ) DOUTOR ( )
NÍVEL EM QUE ESTÁ NA CARREIRA DOCENTE NA UFRN:
______________________________________________________________________
REGIME DE TRABALHO:_______________________________________________
132
REGIME DE TRABALHO:_______________________________________________
ALÉM DA FUNÇÃO DOCENTE, EXERCE FUNÇÃO ADMINISTRATIVA?
( ) SIM ( ) NÃO
COORDENADOR DE CURSO ( ) CHEFIA DE DEPARTAMENTO ( ) DIRETOR DE
CENTRO ( ) OUTRAS. QUAIS:_______________________________________
TEM OUTRA ATIVIDADE PROFISSIONAL FORA A DOCÊNCIA?
( ) SIM ( ) NÃO
EM CASO AFIRMATIVO, QUAL?
134
Esclarecimentos
As informações que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgadas apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.
Todos os dados por você fornecidos serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo
pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será
indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Mestranda Telma Elita da Silva
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados
serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela
trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da
pesquisa Orientação Acadêmica no CCSA: Um Caminho para a Integração dos Estudantes à
Vida Universitária, autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos
e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
Impressão
Assinatura do participante da pesquisa datiloscópica
137
_______________________________
Assinatura do pesquisador responsável
138
______________________________
Assinatura do participante da pesquisa
_______________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
139
Categorias Iniciais
(continua)
Categorias Iniciais Descrição das Categorias Iniciais/Conceito Norteador
Papel da docência Exercer atividades ligadas aos eixos: ensino, pesquisa, extensão e administração na
universidade. (Inciso I, do Parágrafo Único, do Art. 6º, do Regimento Geral da
UFRN)
Papel dos atores Coordenador de Curso - Docentes do quadro permanente da Universidade que
envolvidos na orientação estejam em regime de trabalho de 40 horas ou de dedicação exclusiva (§ 4º Art. 61
acadêmica do Regimento Geral da UFRN com a redação dada pela Resolução no 13/2008,
(Coordenadores e CONSUNI, de 01 de dezembro de 2008).
orientadores Orientador Acadêmico - Docentes que executam atividades de orientação
acadêmicos) acadêmica de acordo com as atribuições e condutas previstas no Regulamento da
Graduação. (Art. 131 da Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de
2013).
Incentivos/dificuldades Desempenho balizado pela pontuação para a progressão estabelecida na Avaliação
para exercer a orientação da Docência, constituída pela Resolução 186/2014-CONSEPE –
acadêmica UFRN. Como expressão do compromisso da universidade com a melhoria da
qualidade do ensino de graduação e com o cumprimento de sua função social.
(continuação)
Atuação do Orientador São atribuições do orientador acadêmico (Art. 133, Resolução 171/2013-
Acadêmico CONSEPE/UFRN):
I – colaborar com a coordenação e o NDE do curso na apresentação aos estudantes
do projeto pedagógico do curso de graduação e da estrutura universitária;
II – acompanhar o desenvolvimento acadêmico dos estudantes sob sua orientação;
III – planejar, junto aos estudantes, considerando a programação acadêmica do
curso, um fluxo curricular compatível com seus interesses e possibilidades de
desempenho acadêmico;
IV – orientar a tomada de decisões relativas à matrícula, trancamento e outros atos
de interesse acadêmico, resguardado o período de férias do professor; e
V – aprovar as solicitações de matrícula, de trancamento de matrícula e de
suspensão de programa dos estudantes em regime de observação do desempenho
acadêmico, além das outras atribuições previstas nesse regime
Condutas para contribuir melhorias do processo de integralização curricular(Art.
318, Resolução 171/2013-CONSEPE/UFRN):
I – Realização obrigatória de reuniões periódicas entre o estudante e o orientador
acadêmico, distribuídas ao longo do período letivo, para análise do desempenho nas
avaliações e discussão das causas e possíveis soluções dos problemas enfrentados
no período letivo anterior e no atual;
II – Explicação e alerta sobre as possibilidades de cancelamento de curso por
abandono, desempenho acadêmico insuficiente e decurso de prazo máximo;
III – Indicação de inclusão do estudante em eventuais mecanismos de reforço
acadêmico existentes no curso, tais como programas de tutoria ou monitoria;
IV – Acompanhamento junto aos professores dos componentes curriculares em que
o estudante está matriculado, buscando verificar desempenho, diagnosticar
problemas e buscar soluções; e
V – Encaminhamento, caso necessário, para os setores da UFRN que oferecem
programas e mecanismos de apoio e assistência estudantil, particularmente a Pró-
Reitoria de Assuntos Estudantis e a CAENE.
Designação do É a escolha do professor para exercer a função de orientador acadêmico mediante
orientador acadêmico indicação dos colegiados de cursos, ouvidos os departamentos ou unidades
acadêmicas especializadas envolvidas, com designação e comprovação de atuação
no sistema oficial de registro e controle acadêmico. (Art. 131 da Resolução Nº
171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Número de orientandos Proporção mínima de 20 (vinte) e máxima de 60 (sessenta) estudantes para cada
por orientador professor, definida pelo colegiado do curso levando em consideração as
acadêmico características do curso e disponibilidade docente (Art. 132 Resolução Nº
171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Período previsto a cada Preferencialmente, o orientador acadêmico deve acompanhar o mesmo grupo de
designação do orientador estudantes do ingresso à conclusão do curso (Art. 135 Resolução Nº 171/2013-
acadêmico CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Orientação acadêmica Esta orientação deve ser feita, de acordo com as condutas estabelecidas no Art. 318
aos alunos no Regime de da Resolução 171/2013-CONSEPE/UFRN, para o estudante que, no período letivo
Observação do regular anterior, houver incorrido em uma ou mais das seguintes situações:
Desempenho Acadêmico I – Insucesso (trancamento e/ou reprovação) pela segunda vez ou mais, consecutiva
ou não, em um mesmo componente curricular obrigatório ou seus equivalentes;
II – Insucesso em metade ou mais da carga horária matriculada, caracterizado pelo
IECH (Índice de Eficiência em Carga Horária) igual ou inferior a 0,5 (cinco
décimos) no período letivo; ou
III – Integralização de metade ou menos da carga horária esperada em função do
número de períodos letivos cursados, caracterizada pelo IEPL (Índice de Eficiência
em Períodos Letivos) acumulado igual ou inferior a 0,5 (cinco décimos), não sendo
aplicado este critério até a metade da duração padrão do curso. (Art. 315 da
Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
141
(conclusão)
Orientação acadêmica Esta orientação deve ser feita com base nas orientações da CAENE, encaminhadas
aos alunos com à coordenação de curso e aos docentes, considerando, na sua elaboração, as
necessidades especificidades de cada necessidade educacional. São considerados estudantes com
educacionais especiais necessidades educacionais especiais (NEE) aqueles que necessitem de
procedimentos ou recursos educacionais especiais decorrentes de:
I – deficiência nas áreas auditiva, visual, física, intelectual ou múltipla;
II – transtornos globais do desenvolvimento;
III – altas habilidades; ou
IV – transtornos ou dificuldades secundárias de aprendizagem. Art. 334 da
Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Acompanhamento do As atividades dos orientadores acadêmicos são acompanhadas pelo colegiado de
trabalho do orientador curso. Art. Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
acadêmico
Resultados do curso em Durante o período pesquisado, de 2012 a 2016, observa-se um declínio dos
relação à TCG resultados alcançados pela instituição em relação à TCG. Esta taxa é um indicador
calculado pela relação entre o total de diplomados nos cursos de graduação
presenciais (DIP) num determinado ano e o total de vagas de ingresso oferecidas
pela instituição (ING5) cinco anos antes. (Item 1, do Capítulo 5, das Diretrizes
curriculares do REUNI. MEC/Agosto/2007).
Um dos indicadores de desempenho estabelecidos pela da meta global do Programa
de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais -
REUNI. ( § 1o , Art. 1º do Decreto Nº 6.096, de 24 de abril de 2007).
Atribuição dos Categoria elaborada para verificar quais as atribuições dadas para o não
resultados alcançados cumprimento das seguintes metas:
pela TCG Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50%
(cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da
população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da
oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas,
no segmento público.
Estratégia 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos de
graduação presenciais nas universidades públicas para 90% (noventa por cento),
ofertar, no mínimo, um terço das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de
estudantes por professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de
aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que valorizem a aquisição de
competências de nível superior;
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres
e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de
educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo,
35% (trinta e cinco por cento) doutores.
13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos de graduação
presenciais nas universidades públicas, de modo a atingir 90% (noventa por cento)
e, nas instituições privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e fomentar a
melhoria dos resultados de aprendizagem, de modo que, em 5 (cinco) anos, pelo
menos 60% (sessenta por cento) dos estudantes apresentem desempenho positivo
igual ou superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de Desempenho
de Estudantes - ENADE e, no último ano de vigência, pelo menos 75% (setenta e
cinco por cento) dos estudantes obtenham desempenho positivo igual ou superior a
75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área de formação
profissional.
Plano Nacional de Educação. Aprovado pela LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO
DE 2014.
Opinião livre A ser construída no processo de acordo com a fala dos docentes do CCSA
entrevistados.
142
(continua)
Categorias Iniciais Descrição das Categorias Iniciais/Conceito Norteador Categorias
Intermediárias
Papel da docência Exercer atividades ligadas aos eixos: ensino, pesquisa, extensão e
administração na universidade. (Inciso I, do Parágrafo Único, do
Art. 6º, do Regimento Geral da UFRN)
Papel dos atores Coordenador de Curso - Docentes do quadro permanente da
envolvidos na Universidade que estejam em regime de trabalho de 40 horas ou
orientação de dedicação exclusiva (§ 4º Art. 61 do Regimento Geral da Papeis da docência
acadêmica UFRN com a redação dada pela Resolução no 13/2008, universitária
CONSUNI, de 01 de dezembro de 2008).
Orientador Acadêmico - Docentes que executam atividades de
orientação acadêmica de acordo com as atribuições e condutas
previstas no Regulamento da Graduação. (Art. 131 da Resolução
Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Incentivos/dificuldad Desempenho balizado pela pontuação para a progressão
es para exercer a estabelecida na Avaliação da Docência, constituída pela Resolução
orientação 186/2014-CONSEPE –
acadêmica UFRN. Como expressão do compromisso da universidade com a
melhoria da qualidade do ensino de graduação e com o
Condições para
cumprimento de sua função social.
exercer a docência
Incentivo - aquilo que incende, estimula, incita, encoraja o docente
fazer a orientação acadêmica.
Dificuldades - O que atrapalha ou impede a realização o docente
fazer a orientação acadêmica.
Atividade docente Aquelas relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão e as inerentes
ao exercício de direção, assessoramento, chefia, coordenação e
assistência na própria instituição, além daquelas previstas em
legislação específica. (Art. 2º da lei nº 12.772/2012, de 28 de
dezembro de 2012.
São aquelas que, em articulação com os demais componentes
curriculares, integram a formação do estudante, conforme previsto
no projeto pedagógico do curso. (Art. 55. Resolução Nº 171/2013- PPC
CONSEPE, de 5 de novembro de 2013.
Conhecimento do O projeto pedagógico é o planejamento estrutural e funcional de
PPC um curso (Art. 14 da Resolução 171/2013-CONCEPE/UFRN)
Participar da elaboração da proposta pedagógica e elaborar e
cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino (Incisos I e II, Art. 13. Da LDBN
9394,1996).
Formação para A qualificação do corpo docente é uma política permanente da
exercer a função de instituição diretamente associada à melhoria da qualidade dos
Formação
orientação serviços acadêmicos. (PDI 2010-2019, p. 75).
acadêmica
Objetivo da Contribuir para a integração dos estudantes à vida universitária,
orientação orientando-os quanto às atividades acadêmicas (Art. 130, da
acadêmica Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013). A orientação
Percepção sobre o A orientação acadêmica tem como objetivo contribuir para a acadêmica na
processo de integração dos estudantes à vida universitária, orientando-os UFRN
orientação quanto às atividades acadêmicas (Art. 130, da Resolução Nº
acadêmica na UFRN 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
143
(continuação)
São atribuições do orientador acadêmico (Art. 133, Resolução
171/2013-CONSEPE/UFRN):
I – colaborar com a coordenação e o NDE do curso na
apresentação aos estudantes do projeto pedagógico do curso de
graduação e da estrutura universitária;
II – acompanhar o desenvolvimento acadêmico dos estudantes sob
sua orientação;
III – planejar, junto aos estudantes, considerando a programação
acadêmica do curso, um fluxo curricular compatível com seus
interesses e possibilidades de desempenho acadêmico;
IV – orientar a tomada de decisões relativas à matrícula,
trancamento e outros atos de interesse acadêmico, resguardado o
período de férias do professor; e
V – aprovar as solicitações de matrícula, de trancamento de
matrícula e de suspensão de programa dos estudantes em regime
de observação do desempenho acadêmico, além das outras
atribuições previstas nesse regime
Atuação do Condutas para contribuir melhorias do processo de integralização Orientação
Orientador curricular(Art. 318, Resolução 171/2013-CONSEPE/UFRN): Acadêmica na
Acadêmico I – Realização obrigatória de reuniões periódicas entre o estudante UFRN/CCSA
e o orientador acadêmico, distribuídas ao longo do período letivo,
para análise do desempenho nas avaliações e discussão das causas
e possíveis soluções dos problemas enfrentados no período letivo
anterior e no atual;
II – Explicação e alerta sobre as possibilidades de cancelamento de
curso por abandono, desempenho acadêmico insuficiente e
decurso de prazo máximo;
III – Indicação de inclusão do estudante em eventuais mecanismos
de reforço acadêmico existentes no curso, tais como programas de
tutoria ou monitoria;
IV – Acompanhamento junto aos professores dos componentes
curriculares em que o estudante está matriculado, buscando
verificar desempenho, diagnosticar problemas e buscar soluções; e
V – Encaminhamento, caso necessário, para os setores da UFRN
que oferecem programas e mecanismos de apoio e assistência
estudantil, particularmente a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e
a CAENE.
Designação do É a escolha do professor para exercer a função de orientador
orientador acadêmico mediante indicação dos colegiados de cursos, ouvidos
acadêmico os departamentos ou unidades acadêmicas especializadas
envolvidas, com designação comprovação de atuação no sistema
oficial de registro e controle acadêmico. (Art. 131 da Resolução
Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Estrutura da
Número de Proporção mínima de 20 (vinte) e máxima de 60 (sessenta)
Orientação
orientandos por estudantes para cada professor, definida pelo colegiado do curso
Acadêmica na
orientador levando em consideração as características do curso e
UFRN
acadêmico disponibilidade docente (Art. 132 Resolução Nº 171/2013-
CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Período previsto a Preferencialmente, o orientador acadêmico deve acompanhar o
cada designação do mesmo grupo de estudantes do ingresso à conclusão do curso (
orientador Art. 135 Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de
acadêmico 2013).
144
(continuação)
Orientação Esta orientação deve ser feita, de acordo com as condutas
acadêmica aos estabelecidas no Art. 318 da Resolução 171/2013-
alunos no Regime de CONSEPE/UFRN, para o estudante que, no período letivo regular
Observação do anterior, houver incorrido em uma ou mais das seguintes
Desempenho situações:
Acadêmico I – Insucesso (trancamento e/ou reprovação) pela segunda vez ou
mais, consecutiva ou não, em um mesmo componente curricular
obrigatório ou seus equivalentes;
II – Insucesso em metade ou mais da carga horária matriculada,
caracterizado pelo IECH (Índice de Eficiência em Carga Horária)
igual ou inferior a 0,5 (cinco décimos) no período letivo; ou
III – Integralização de metade ou menos da carga horária esperada
em função do número de períodos letivos cursados, caracterizada
pelo IEPL (Índice de Eficiência em Períodos Letivos) acumulado Funcionamento da
igual ou inferior a 0,5 (cinco décimos), não sendo aplicado este Orientação
critério até a metade da duração padrão do curso. (Art. 315 da Acadêmica na
Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013). UFRN em casos
Orientação Esta orientação deve ser feita com base nas orientações da específicos
acadêmica aos CAENE, encaminhadas à coordenação de curso e aos docentes,
alunos com considerando, na sua elaboração, as especificidades de cada
necessidades necessidade educacional. São considerados estudantes com
educacionais necessidades educacionais especiais (NEE) aqueles que
especiais necessitem de procedimentos ou recursos educacionais especiais
decorrentes de:
I – deficiência nas áreas auditiva, visual, física, intelectual ou
múltipla;
II – transtornos globais do desenvolvimento;
III – altas habilidades; ou
IV – transtornos ou dificuldades secundárias de aprendizagem.
Art. 334 da Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro
de 2013).
Acompanhamento O acompanhamento, como parte do funcionamento das atividades
do trabalho do desenvolvidas pelos orientadores acadêmicos, deve ser realizado
orientador pelo colegiado de curso, Art. Resolução Nº 171/2013-CONSEPE,
acadêmico de 5 de novembro de 2013), caracterizando uma relação entre os
resultados e a gestão do processo.
Resultados do curso Durante o período pesquisado, de 2012 a 2016, observa-se um
em relação a TCG declínio dos resultados alcançados pela instituição em relação à
TCG. Esta taxa é um indicador calculado pela relação entre o total Resultados
de diplomados nos cursos de graduação presenciais (DIP) num Acadêmicos
determinado ano e o total de vagas de ingresso oferecidas pela
instituição (ING5) cinco anos antes. (Item 1, do Capítulo 5, das
Diretrizes curriculares do REUNI. MEC/Agosto/2007).
Um dos indicadores de desempenho estabelecidos pela da meta
global do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais - REUNI. ( § 1o , Art. 1º do
Decreto Nº 6.096, de 24 de abril de 2007).
145
(conclusão)
Atribuição dos Categoria elaborada para verificar quais as atribuições dadas para
resultados o não cumprimento das seguintes metas:
alcançados pela TCG Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior
para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e
três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro)
anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo
menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no
segmento público.
Estratégia 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média
dos cursos de graduação presenciais nas universidades públicas
para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço das
vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes por
professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de
aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que valorizem
a aquisição de competências de nível superior;
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a
proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo
exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%
(setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta
e cinco por cento) doutores.
13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos
de graduação presenciais nas universidades públicas, de modo a
atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições privadas, 75%
(setenta e cinco por cento), em 2020, e fomentar a melhoria dos
resultados de aprendizagem, de modo que, em 5 (cinco) anos, pelo
menos 60% (sessenta por cento) dos estudantes apresentem
desempenho positivo igual ou superior a 60% (sessenta por cento)
no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - ENADE e, no
último ano de vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por
cento) dos estudantes obtenham desempenho positivo igual ou
superior a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada
área de formação profissional.
Plano Nacional de Educação. Aprovado pela LEI Nº 13.005,
DE 25 DE JUNHO DE 2014.
Opinião livre O Estágio Não Obrigatório está relacionado a um emprego não Estágios e TCC
oficial. E o TCC a atividade final do curso.
146
(continua)
Categorias Descrição das Categorias Intermediárias/Conceito Norteador Categorias
Intermediárias Finais
Exercer atividades ligadas aos eixos: ensino, pesquisa, extensão e
Papeis da docência
administração na universidade. (Inciso I, do Parágrafo Único, do Art.
universitária
6º, do Regimento Geral da UFRN)
Na fala dos docentes o Estágio Não Obrigatório está relacionado a uma
empregabilidade não oficial, que tem apresentado dificuldades para a
conclusão do curso. E o TCC, a atividade final do curso, está sendo
Estágios e TCC trancada como uma forma de adiar a conclusão do curso e, assim, não
perder o estágio. O acompanhamento destas atividades está envolvido
no fazer do docente, mas não necessariamente no fazer do orientador Docência
acadêmico, o que tem gerado a dificuldade de resolução do problema. Universitária
A capacitação para atuar frente às dimensões do ensino superior.
Condições para (Inciso I, do Parágrafo Único, do Art. 6º, do Regimento Geral da
exercer a docência UFRN)
A exigência legal para o exercício do magistério superior requer uma
formação em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de
Formação mestrado e doutorado. Art. 66, da LDB 9394/1996), o que não
corresponde à necessidade de atuação no ensino superior no cenário
atual.
A orientação acadêmica tem como objetivo contribuir para a integração
A orientação
dos estudantes à vida universitária, orientando-os quanto às atividades
acadêmica na
acadêmicas (Art. 130, da Resolução Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de
UFRN
novembro de 2013).
Orientação Cumprir o que rege o regulamento da graduação sobre o processo de
A Orientação
acadêmica no orientação acadêmica (Art. 130, resolução 171/2013-CONSEPE-
Acadêmica no
CCSA UFRN)
CCSA/UFRN
Estrutura da Como o processo está estruturado na norma para a realização da
orientação orientação acadêmica pelos docentes
acadêmica
Funcionamento do A quem se destina a orientação da orientação e quais as atribuições e
processo condutas atribuídas ao orientador acadêmico a exercer a função
O projeto pedagógico é o planejamento estrutural e funcional de um
curso (Art. 14 da Resolução 171/2013-CONCEPE/UFRN)
Dentre as incumbências para o docente está a de participar da
elaboração da proposta pedagógica e elaborar e cumprir plano de
PPC trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino
(Incisos I e II, Art. 13. Da LDBN 9394,1996).
Categorias Finais
(continua)
Categorias Descrição das Categorias Intermediárias/Conceito Norteador
Finais
Na forma da lei, a docência universitária compreende as atividades do docente relacionadas
ao ensino, pesquisa e extensão e as inerentes ao exercício de direção, assessoramento,
chefia, coordenação e assistência na própria instituição, além daquelas previstas em
legislação específica. (Art. 2º da lei nº 12.772, de 28 de Dezembro).
A representação dos docentes do CCSA sobre a docência universitária é de um processo
educativo que compreende o fazer docente nas quatros dimensões previstas na lei: ensino,
pesquisa, extensão e gestão universitária, o que corresponde a um processo amplo de
orientação ao aluno, e exige do docente, em nível superior, a capacidade de formar
indivíduos éticos e responsáveis para exercer uma profissão. Contribuindo, assim, com o
Docência desenvolvimento da sociedade nos campos do conhecimento, da democracia e da cultura.
Universitária O fazer da docência universitária se encontra num movimento identitário entre o que se
percebe ser a função docente e as atribuições que lhe são determinadas institucionalmente,
em virtude das mudanças sociais que afetam o ensino superior. Configurando, desta forma,
um ensaio da vida fora da universidade, que exige gestão do tempo e a capacidade de
escolher, dentre a diversidade de fazeres, os que geram maiores resultados individuais e
profissionais.
Para desenvolver a docência universitária, os profissionais esperam da instituição a revisão
dos seus processos institucionais, de forma que saia do campo ideário para o executável, o
que exige alinhamento das ações, formação dos profissionais e um maior investimento na
graduação. Fator que proporcionará naturalmente um desenvolvimento da pós-graduação.
A orientação acadêmica tem como objetivo contribuir para a integração dos estudantes à
vida universitária, orientando-os quanto às atividades acadêmicas (Art. 130, da Resolução
Nº 171/2013-CONSEPE, de 5 de novembro de 2013).
Para constituir as descrições dos professores do CCSA sobre a orientação foram abordados
aspectos relacionados à normatização do processo no que se refere ao seu objetivo,
percepção do processo na UFRN e na atuação dos docentes do CCSA, estrutura e
funcionamento.
Quanto ao objetivo de contribuir para a integração dos estudantes à vida universitária os
professores se dividem entre os que acreditam que sim, mas não o suficiente; os que não
sabem opinar, por falta de estudos na área; e um, especificamente, que a considera uma
atividade inócua. E que apesar da orientação acadêmica está focada nos alunos em Regime
de Observação do Desempenho Acadêmico (uma orientação reativa) ela tem um, escopo
muito maior. No qual hoje se dar por um papel fundamental a ser exercido no contexto do
aumento de matrícula e a inclusão de classes populares no ensino superior (orientação
preventiva) .
Quanto à percepção da orientação acadêmica na UFRN eles percebem como um
A Orientação
instrumento pensado para o alcance dos objetivos institucionais, marcado pelo princípio da
Acadêmica no
economicidade pública. E que nesse sentido a ideia é benéfica, mas é prejudicada por
CCSA/UFRN
atribuir aos professores um fazer profissional no período de férias, reduzindo assim, a
compreensão da orientação acadêmica, a uma única atribuição do orientador acadêmico na
operacionalidade do processo, que está registrada no item IV, do Art. 133 da Resolução
171/2013-CONSEPE, a de: “orientar a tomada de decisões relativas à matrícula,
trancamento e outros atos de interesse acadêmico, resguardado o período de férias do
professor”. Fato que um professor rebate, esclarecendo que a orientação não pode se
restringir ao período de matrícula.
A normatização da orientação acadêmica é considerada um ganho institucional, que deve
ser desenvolvida numa formatação de tutoria. No entanto, há aqueles que acreditam que não
é papel do docente exercer, pois os docentes não detêm os saberes necessários para o
exercício da atividade. Que essa deveria ser uma tarefa desenvolvido por núcleos, como o
NADis.
Quanto à atuação dos docentes do CCSA ela se configura com diferentes papeis, inclusive
no mesmo curso. E que refletem a percepção do objetivo do processo no alcance dos
objetivos institucionais. No curso1, para um docente a orientação acadêmica é uma
atividade esvaziada, pelos dos lados: pelos orientadores acadêmicos e pelos alunos que
148
(continuação)
não têm o hábito de procurar ajuda. Para outro, ela não se limita a orientação de matrícula,
ela se expande para a orientação da carreira profissional.
Também foram registradas questões ligadas ao perfil e aos valores dos docentes,
explicando que tem aquele professor que gosta, interage, participa e conhece os alunos. E
têm aqueles que fazem o mínimo necessário. Considerando que todo curso tem
professores amigáveis e professores não tão amigáveis., incluindo nesse perfil docente a
sensibilidade e as habilidades e competências do professor para exercer o papel de
orientador acadêmico, e que a falta desse perfil pode até prejudicar ainda mais esse aluno.
Em síntese, se a pessoa não apresenta o perfil idealizado, não tem como orientar. Atribuído
assim, a análise do perfil, como uma condição para a designação. Item, que está
normatizado na estruturação do processo.
A estrutura do processo, além da designação contempla o número de orientados por
orientador acadêmico e o tempo previsto para o acompanhamento da turma. As respostas
dos docentes para esses itens foram bem variadas, demonstrando que cada curso tem suas
particularidades, o que geram, na prática, ajustes da norma. Quanto à designação ela varia
da imposição aos acordos antes da indicação nos colegiados de curso. No que se refere ao
número de orientados para cada orientador esse número é decidido de forma quantitativa,
por um processo de distribuição. E quanto ao tempo de orientação na turma, prevalece o
proposto pela norma, de acompanhar a turma do início ao final do curso, no entanto, os
cursos que apresentam um número maior de evadidos sofrem alterações ao longo do
processo para ajustar a demanda por docente, prevalecendo o pensamento quantitativo.
Exceto uma orientadora acadêmica, que não aceitou a redistribuição de seus orientados,
justificando que já havia estabelecido um relacionamento próximo com os orientandos e a
redistribuição causava prejuízos no acompanhamento aos alunos.
No que se refere ao fluxo de funcionamento do processo, previsto na norma, a orientação
acadêmica prevê o atendimento aos estudantes em três frentes: Ingressantes, em Regime de
Observação do Desempenho Acadêmico e os com necessidades educacionais especiais. No
CCSA o processo aos ingressantes se baseia numa orientação via sistema, considerada pelos
docentes como básica, que corresponde a dar o visto na matrícula, rematrícula e
trancamento. A orientação acadêmica aos estudantes em Regime de Observação do
Desempenho Acadêmico concentra-se, na sua maioria, com os coordenadores de curso,
dada a preocupação com o estudante em perder a matrícula por falta do visto do orientador
acadêmico, uma exigência do sistema. A responsabilidade do cargo fala mais alto nessa fase
do processo. Os orientadores acadêmicos alegam aos coordenadores dificuldades em manter
contato com os orientandos, que já não está mais em suas turmas de origem. Para a
orientação aos estudantes com necessidades especiais observa-se as recomendações da
CAENE, mas alguns professores já dispõem a observar e ouvir os próprios estudantes para
atender as suas necessidades de aprendizagens.
A UFRN possui estrutura administrativa e acadêmica descentralizada com gestão
democrática colegiada em todos os níveis institucionais.
Essa peculiaridade organizacional, característica das universidades públicas federais
brasileiras, ... exigi dos gestores acadêmicos esforço permanente para conjugar o respeito às
deliberações majoritárias e a definição e implementação de políticas institucionais, em
ambiente que mobiliza grande diversidade e abrangência de recursos humanos e condições
materiais para a realização das atividades-fim (PDI p. 62)
Para pensar a gestão acadêmica foram propostas perguntas sobre o acompanhamento do
processo da orientação acadêmica, o conhecimento sobre os resultados alcançados pela
Gestão TCG e a que os professores atribuem esses resultados alcançados pelos cursos no indicador.
Acadêmica Há uma dialética que envolve o docente no papel de gestor dos seus orientandos e o
docente na função gerido. No primeiro caso eles esperam que os alunos sejam autônomos
para decidir as questões acadêmicas, entretanto quando estão no segundo papel, o de gerido,
eles esperam a instituição diga como o que e como fazer a parte burocrática que espera dos
professores.
Nesse víeis os professores, muitas vezes, não aceitam com tranquilidade as orientações dos
coordenadores de curso sobre o seu papel como orientadores acadêmicos, talvez isso seja
um indicador da falta de acompanhamento, por parte da gestão, da operacionalização do
processo pelos professores, ao ponto que desses afirmarem que não há acompanhamento, ou
que se fazem não divulgam, pois não receberam feedback sem
149
(conclusão)
relação ao desenvolvimento da tarefa. Outro ponto que eles alegam é saber quem é o
responsável por esse controle: o chefe do departamento, o coordenador do curso, ou outro
órgão da UFRN.
Quanto ao conhecimento sobre os resultados alcançados pelos cursos em relação a TCG
no período de 2012 a 2016 os grupos se dividem entre os que conhecem e os que não
conhecem. Aos que não conheciam foi perguntado se desejava conhecer, como todos
confirmaram esse desejo foi mostrado os resultados os quais reconheceram com baixo,
exceto para o curso de Direito e Serviço Social ofertado no período da tarde. Quanto ao
curso de Direito os professores reconhecem ser um curso tradicional, quanto ao Curso de
Serviço Social os professores apontam a necessidade de saber as causas do turno matutino
apresentar um resultado abaixo do vespertino, já que são os mesmos professores e o
mesmo currículo para os dois. No entanto, eles reconhecem que os resultados não são os
priores da UFRN.
No que se referem às causas desse insucesso eles atribuem a um conjunto de fatores, tanto
da parte dos professores, como dos próprios alunos. E dentre dessas causas a mais
representativa foi a forma de ingresso via SISU, e a mais preocupante foi o medo de
perder o vínculo para garantir o estágio.