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PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2014
1
AGRADECIMENTOS
A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a presença, apoio,
colaboração e estímulo de diversas pessoas. Desta forma, gostaria de agradecer a todos que,
direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento e conclusão do mesmo. Manifesto
meus sinceros agradecimentos.
Em primeiro lugar agradeço a Deus por me dar essa oportunidade além de todas as
condições possíveis para realização deste trabalho. Por ser presença incontestável e demonstração
de amor gratuito e infinito.
Agradeço a minha esposa Ana Paula, por toda a ajuda e incentivo, paciência e
compreensão pelas ausências, pelo otimismo e confiança em mim depositados.
Aos meus amigos integrantes e ex-integrantes da equipe Formula SAE UFMG, pela
grande ajuda e companheirismo, pelos conselhos e também pela confiança depositada.
Aos meus pais que me deram todo suporte, apóio e que acreditaram no meu sucesso.
E ao meu orientador professor Fabrício Pujatti, pela ajuda e disposição ao aceitar me
orientar neste projeto desafiador, disponibilizando também o uso dos equipamentos do
laboratório de motores da UFMG. Da mesma forma também agradeço ao Prof. Ramon Molina
Valle.
2
RESUMO
3
4. ABSTRACT
The Society of Automotive Engineers - SAE Brasil, promotes a competition in which students
from universities should develop, build and compete with a vehicle formula style in accordance
to a rules which is updated annually. This rule is strict and requires student’s creativity to find
innovative solutions to apply theoretical knowledge. The regulation provides that the air intake
system of the engine must contain a maximum restriction of 20 mm diameter. Consequently,
there is 35% less power available. To maintain the competitiveness of the vehicle, it is essential
that the designed collector reduce the losses caused by the aforementioned restriction. It is known
that the intake valves motions generate pressure waves in the manifold. These waves propagate
through the channel inlet with a frequency depending on the engine speed. These waves can be
used to increase the mass of air admitted into the cylinders, reducing losses caused by the
restrictor. Besides, additional strategies may also be used to encourage the flow of air inside the
collector, reducing loss and consequently, recovering some of the lost volumetric efficiency. The
aim of this study was to design and build an intake system for the engine of motorcycle Honda
Hornet 599.3 cc, capable of reducing the power losses caused by the air restriction of 20 mm
diameter. And thus enabling the Formula UFMG team vehicle to be competitive in the
acceleration test and consequently in the other dynamic tests. Experimental tests were performed
on the dynamometer rollers in Mobility Technology Center CTM/UFMG to obtain the volumetric
efficiency curve and validate the theoretical model. The results showed a significant increase in
volumetric efficiency between 7000 and 9000 rpm with a maximum in 8500 rpm providing a
consequent improvement in available torque at the same engine speed range mentioned.
4
LISTA DE FIGURAS
5
Figura 27 - Vetores velocidade do escoamento no runner 2 ..................................................... 51
Figura 28 - Empacotamento do sistema de admissão ............................................................... 52
Figura 29 – CAD do molde usado para laminação do coletor em fibra de vidro ....................... 53
Figura 30 – Coletor em corte evidenciando diferença de angulação dos runner ....................... 53
Figura 31 – Detalhamento das peças da montagem do coletor ................................................. 54
Figura 33 - Proposta de coletor com geometria Side Entry ...................................................... 59
6
LISTA DE GRÁFICOS
7
LISTA DE TABELAS E QUADROS
8
SIMBOLOGIA
9
m – Vazão mássica
mmáx – Vazão mássica máxima através do bocal
N – Rotação
p – Pressão
P0 – Pressão de estagnação
P1 – Pressão na saída do bocal
Pr – Pressão no reservatório
q – Parâmetro de freqüência
rev – Revoluções
R – Constante do gás
R c – Raio da curva de canto
SAE – Society of Automotive Engineers
S – Área da seção transversal do pescoço de um ressonador de Helmholtz
T – Temperatura do ar
TDC – Top Dead Center
T0 − Temperatura de estagnação
Tr – Temperatura no reservatório
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
V – Volume
Vd – Volume deslocado
Vp – Volume do Plenum
x – Posição
𝑍1 – Número de tubos primários (antes da junção)
𝑍2 – Número de tubos secundários (depois da junção)
– Frequência angular natural do coletor de admissão
ηv – Rendimento volumétrico
ρa – Densidade do ar
ø – Ângulo de expansão do restritor
3D – Três dimensões
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.1. JUSTIFICATIVA PARA A REALIZAÇÃO DO TRABALHO ................................ 15
1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 17
2.1 Sistema de Admissão ............................................................................................. 17
2.2 Considerações para projeto da admissão ................................................................. 18
2.2.1 Perdas de carga ................................................................................................... 18
2.2.2 Válvula borboleta ................................................................................................ 20
2.2.3 Restritor .............................................................................................................. 20
2.2.4 Plenum .............................................................................................................. 22
2.2.5 Válvulas .............................................................................................................. 23
2.2.6 Influência do comprimento dos condutos de admissão ......................................... 23
2.3 Teoria da ressonância ............................................................................................. 24
2.3.1 Ressonador Helmholtz ........................................................................................ 27
2.3.2 Freqüência natural de um coletor de admissão ..................................................... 29
2.4 Sistema de admissão de veículos Formula SAE - “Benchmarking”......................... 31
2.5 Regulamento Formula SAE 2012 ........................................................................... 33
2.5.1 Sistema de admissão – Localização do sistema de admissão ................................ 33
2.5.2 Controle de admissão – Carburador/Atuador da borboleta ................................... 33
2.5.3 Restritor do sistema de admissão ......................................................................... 34
2.5.4 Metodologia para construção de um sistema de admissão por FDM .................... 34
2.6 CFD e o software STAR CCM+ ............................................................................. 35
3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 38
3.1 Metodologia de projeto .......................................................................................... 38
3.2 Metodologia de fabricação ..................................................................................... 41
3.3 Metodologia experimental ...................................................................................... 41
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 43
4.1 Dimensionamento do coletor .................................................................................. 43
11
4.2 Restritor e runners ................................................................................................. 45
4.3 Adequação ao regulamento .................................................................................... 51
4.4 Construção do coletor ............................................................................................ 52
4.5 Resultados experimentais obtidos em dinamômetro de rolos .................................. 54
4.6 Resultados da equipe na competição ...................................................................... 56
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 57
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 59
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 60
8. ANEXO 1 – MEMÓRIA DE CÁLCULO.................................................................... 63
12
1. INTRODUÇÃO
13
Tabela 1 - Pontuação nas provas da competição – (SAE INTERNACIONAL 2012)
Prova Pontuação Prova Pontuação
Apresentação 75 Autocross 150
Projeto 150 Economia combustível 50
Prova de custos 100 Enduro 350
Aceleração 75 TOTAL 1000
Skid-Pad(ac. lateral) 50
14
1.1. JUSTIFICATIVA PARA A REALIZAÇÃO DO TRABALHO
15
1.2. OBJETIVOS
16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
17
2.2 Considerações para projeto da admissão
18
Figura 2 - Medição do coeficiente de descarga (BLAIR, Figura 3 – Características básicas tomada de ar com
2006) perfil elíptico (BLAIR, 2006)
Figura 4 - Perfil de velocidades na tomada de ar no perfil Figura 5 - Perfil de velocidade na tomada de ar no perfil
“raio simples” (BLAIR, 2006) “elíptico” (BLAIR, 2006)
19
cavalo de potência a mais é a diferença entre uma vitória ou uma derrota, os exemplos de design
discutidos não devem ser ignorados. (BLAIR, 2006)
2.2.3 Restritor
20
Figura 6 - Venturi Clássico (DELMÉE, 2003)
21
Se for aplicado uma pressão 𝑃0 na entrada do bocal e uma pressão 𝑃1 na saída do
mesmo bocal, sendo essa contra pressão suficiente para aumentar a velocidade do fluido até a
velocidade do som no plano da “garganta”, a vazão mássica atinge um valor máximo e diz-se que
o escoamento é entupido. Uma maior redução da contrapressão abaixo de 𝑃1 não resulta em
variações adicionais na distribuição da pressão. Sob condições de escoamento de um gás ideal,
compressível, isentrópico, sem atrito e com área variável, a vazão mássica através do bocal é
constante e pode ser expressa conforme equação 1, segundo ÇENGEL (2007).
𝑘+1
𝑘 2 2 𝑘−1 (1)
𝑚𝑚 á𝑥 = 𝐴𝑃0
𝑅𝑇0 𝑘 + 1
Onde:
𝐴 − á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑔𝑎𝑟𝑔𝑎𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜𝑟[𝑚2 ]
𝑁
𝑃0 − 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑛𝑎çã𝑜[ ]
𝑚2
𝑘 − 𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑟
𝑘𝑗
𝑅 − 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑔á𝑠[ ]
𝑘𝑔𝑘
𝑇0 − 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑛𝑎çã𝑜 𝑘
2.2.4 Plenum
22
levar o ar admitido para as portas da admissão. Por isso, este é um local conveniente para montar
sensores de fluxo de ar e vácuo. (WENG, 2001).
É importante que seja projetado de forma a manter igual distribuição de pressão nas
saídas para os tubos que levam às portas de admissão o que irá proporcionar igual eficiência
volumétrica nos cilindros. (ILARDO, 2010).
2.2.5 Válvulas
24
Velocidade da onda
Pressão (p)
Onda de compressão
Onda de expansão
Posição (x)
Válvula
Válvula fechada
aberta
a
)
b
)
2m
ηv = (2)
ρa Vd N
26
2.3.1 Ressonador Helmholtz
Assim, este sistema tem uma freqüência natural de oscilação que pode ser calculada
pela equação 3:
(
𝑐 𝑆
𝑓𝐻 = (3)
2𝜋 𝐿𝑉
27
Figura 12 - Motor de combustão modelado como ressonador Helmholtz (ENGELMAN, 1953)
Gráfico 1 - Comportamento da vazão sem e com o ressonador para as quatro posições do conduto de admissão em
função da rotação do eixo comando de válvulas (PEREIRA, 2008)
28
2.3.2 Freqüência natural de um coletor de admissão
𝑓𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (4)
𝑞=
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎
Morse (1938) mostra que quando ocorre ressonância do tubo no terceiro, quarto e
quinto harmônicos da freqüência da válvula, isto e, quando q = 3, 4 e 5, há um aumento da
pressão media efetiva e, conseqüentemente, da eficiência volumétrica. Este parâmetro é
importante na medida em que fornece uma relação de maximização do projeto de motores, uma
vez que motores que apresentam valores mais elevados de pressão média efetiva conseguem uma
potencia motriz mais elevada que similares que apresentem um valor de pressão media efetiva
reduzida. (HANRIOT, 2001)
BENAJES (1997) mostra um modelo para o sistema de admissão, quatro tubos
primário, uma câmara intermediaria e um tubo secundário. O sistema para esta configuração pode
ser reduzido a uma equação, dada pela equação 5:
Onde:
𝑤 : freqüência angular (rad/s)
𝑐 : velocidade do som (m/s)
𝐿1 : comprimento primário (m)
𝐿2 : comprimento secundário (m)
29
𝐴1 : área de seção transversal do tubo primário (m²)
𝐴2 : área de seção transversal do tubo secundário (m²)
𝑉𝑝 : volume da câmara intermediária entre tubos primário e secundários (m²)
A solução de freqüência angular desta equação não é explicita e pode ser obtida por
um calculo iterativo que introduz os valores das dimensões do sistema. O valor numérico de
𝜔 representa a freqüência natural do sistema. Uma interpretação semelhante foi determinada por
Ohata e Ishita (1982). No caso mais geral de um sistema de admissão com Z1 tubos primários e
Z2 tubos secundários conforme Figura 13, a equação e dada pela equação 6:
𝜔𝐿1 𝐴2 𝜔𝐿2 𝜔𝑉
𝑍1 𝑡𝑎𝑛 = 𝑍2 𝑐𝑜𝑡 − (6)
𝑐 𝐴1 𝑐 𝑐𝐴1
Onde:
𝑍1 : número de tubos primários (antes da junção);
𝑍2 : número de tubos secundários (depois da junção);
30
2.4 Sistema de admissão de veículos Formula SAE - “Benchmarking”
31
Figura 14 - Top/Center Feed Intake Figura 15 - Side Entry Intake Figura 16 - Conical-Spline Intake
(CLAYWELL,2006) (CLAYWELL,2006) (CLAYWELL,2006)
32
2.5 Regulamento Formula SAE 2012
Qualquer parte do sistema de admissão que está a uma altura inferior a 350 mm acima
do solo deve ser protegida contra colisões laterais e traseiras.
Coletor de admissão – O coletor deve ser firmemente fixado ao bloco do motor ou à
cabeça dos cilindros com suportes e fixadores mecânicos. É proibido o uso de braçadeiras de
plástico ou laços.
33
O sistema de acionamento da aceleração deve ter pelo menos duas molas de retorno
localizadas no corpo de borboleta, assim a falha de qualquer componente do sistema de
aceleração não impossibilitará o retorno para a posição “fechado”.
O sensor de posição do acelerador não poderá ter a função de uma das duas molas.
Para limitar a potência do motor, uma simples restrição circular deve ser usada na
admissão entre o corpo de borboleta e o motor e todo o fluxo de ar deve obrigatoriamente passar
por ele.
Qualquer dispositivo que pode acelerar o motor e esteja localizado abaixo da restrição
é proibido. O diâmetro máximo do restritor é de 20 mm para motor a gasolina e de 19 mm para
motor a álcool. O restritor deve ser posicionado de forma a facilitar a verificação de seu diâmetro
interno na inspeção técnica. A restrição de seção transversal circular não poderá ser móvel ou
flexível em qualquer direção. Se mais de um motor forem usados, o fluxo ar para todos os
motores deverá passar por um único restritor.
34
FDM permite projetar um sistema com uma distribuição de pressão precisa e com igual
distribuição de carga em cada cilindro, proporcionando eficiências volumétricas bem parecidas
em cada cilindro Além disso, o FDM permite criar uma peça única ou no máximo duas peças
encaixadas, sem a necessidade de realizar soldagens ou outros tipos de fixação do conjunto o que
reduz massa e aumenta a qualidade da superfície interna. (ILARDO, 2010)
O sistema de admissão de 2009 com turbo produziu um pico de torque menor que em
2008 com sistema também turbo, no entanto, o novo sistema garantiu um torque alto e continuo
ao longo de uma grande faixa de rotações, diferente de 2008. Além disso, o novo sistema de
admissão com turbo garantiu um torque maior que em 2007 com sistema naturalmente aspirado
em toda a faixa de rotações como é mostrado na Figura 19. (ILARDO, 2010)
O sistema de admissão final construído pode ser visto na Figura 20 onde se pode
notar a cobertura de fibra de carbono. E internamente, uma camada branca feita pelo tipo de
fabricação em FDM garantindo uma superfície bastante lisa e livre de defeitos para um melhor
escoamento do fluido admitido.
Figura 19 - Comparação de torque entre os sistemas de Figura 20 - Sistema de admissão de 2009 (ILARDO,
2007, 2008 e 2009 (ILARDO, 2010) 2010)
36
incompressível. O segundo método, coupled flow, é apropriado em situações de fluido
compressível, com ou sem onda de choque. (Star CCM+ User Guide).
37
3. METODOLOGIA
2𝑁
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = (7)
60
Figura 21 - Coeficiente de perda de carga para contrações graduais em tubos (FOX, 2003)
39
Para avaliar a vazão de entupimento na “garganta” do restritor e perda de carga em
função do ângulo de saída, foram feitas análises em CFD utilizando-se do software STAR-
CCM+. Para otimizar as simulações, realizou-se teste de malha para avaliar a convergência.
Inicialmente adotou-se uma malha menos refinada na primeira simulação. Após convergência, a
malha foi refinada progressivamente até que o resultado para a vazão não fosse mais
influenciado. Essa malha foi adotada para as demais simulações no restritor. Várias simulações
foram realizadas variando a geometria do restritor, buscando a vazão mássica para cada delta de
pressão aplicado.
Os parâmetros utilizados para a simulação CFD foram:
Temperatura ambiente: 300 K
Tipo de malha: Poliédrica
Tipo de escoamento: Permanente/Compressível (velocidades de escoamento
maiores que 0,3 MACH)
Modelo de turbulência: κ-Epsilon com funções de parede padrão
Pressão na entrada: Pressão atmosférica(1 atm)
Pressão na saída: Simulações com pressões variando de -2 kpa até -14 kpa
O entupimento no restritor foi calculado também pela equação 1.
Foram realizadas também simulações em CFD para identificar recirculações no
plenum que causam perdas de carga no sistema ao dificultar o escoamento de ar pelo mesmo. As
premissas para esta simulação foram as mesmas consideradas na simulação CFD do restritor,
exceto para o delta de pressão de 14 KPa entre a entrada e a saída do coletor.
Com relação ao cumprimento das exigências do regulamento da competição Formula
SAE Brasil 2013, todo o desenvolvimento do coletor foi baseado nas premissas exigidas
conforme abaixo:
Todo o ar que entra no motor deve passar por um restritor de ar de 20 mm de
diâmetro no caso de um motor a gasolina.
A geometria foi desenvolvida para estar abaixo da superfície definida pelo
topo do roll bar e pelo lado externo dos pneus conforme Figura 18.
40
Deve ser firmemente fixado ao bloco do motor ou à cabeça dos cilindros com
suportes e fixadores mecânicos e é proibido o uso de braçadeiras de plástico
ou laços.
Qualquer dispositivo que pode acelerar o motor e esteja localizado abaixo da
restrição é proibido.
O restritor deve ser posicionado de forma a facilitar a verificação de seu
diâmetro interno na inspeção técnica.
A restrição de seção transversal circular não poderá ser móvel ou flexível em
qualquer direção.
Se mais de um motor forem usados, o fluxo ar para todos os motores deverá
passar por um único restritor.
O veículo foi posicionado nos rolos com as rodas traseiras e estas sendo acionadas
pelos rolos com motor desligado e o corpo de borboleta completamente aberto (plena carga). Foi
retirado o filtro de ar do sistema de admissão e instalado no lugar um tubo no qual foi fixado na
outra extremidade o medidor de vazão do tipo fio quente modelo SensyFlow FMT700-P que é
capaz de medir vazões de ar de 10 a 400 kg/h com erro de 1%. Foi utilizado um sensor de pressão
e temperatura da sala de teste para determinação da densidade do ar no momento do experimento.
Os testes foram realizados para uma faixa de rotação de 2000 a 11000 rev/min com
incrementos de 500 rev/min. Os rolos movimentavam as rodas e a rotação do motor era
monitorada para a coleta do valor de vazão de ar pela admissão para os valores de rotação
predeterminados.
Assim, foram obtidos 19 pontos com valores de vazão de ar admitido em kg/h em
função da rotação do motor. Através da densidade do ar obtida em função da temperatura e
pressão verificadas, foram obtidos os valores de vazão em l/h para comparação com os valores de
vazão calculados considerando uma eficiência volumétrica de 100%, isto é, quando o motor
aspira o mesmo volume de ar deslocado nos cilindros.
42
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos resultados do trabalho desenvolvido por Claywell (2006), foi definida a
geometria conical spline como a geometria padrão para o desenvolvimento do coletor tendo em
vista as vantagens que esta geometria tem sobre as demais, sendo a principal a possibilidade de se
ter uma eficiência volumétrica aproximadamente igual em todos os cilindros. A Figura 16 mostra
o coletor dimensionado com esta geometria utilizado por Claywell (2006).
O volume do plenum foi o primeiro parâmetro do coletor definido. Conforme afirma
Weng (2001), o tamanho do plenum pode ser comparado com a cilindrada do motor para se
definir como grande ou pequeno. Também afirma que quanto menor o volume do plenum, mais
rápida será a resposta de aceleração e que é aconselhado para motores que trabalham com altas
rotações. No entanto, não foi encontrado na literatura informações de como dimensionar o
plenum em função da cilindrada do motor. Diante disso, foi definido inicialmente seu volume
com aproximadamente 650 cm³.
A partir desta definição, as demais dimensões do coletor foram definidas de forma
que a freqüência natural do coletor fosse coincidente com a freqüência das válvulas na rotação
definida para se ter ressonância, e logo, sobre alimentação nos cilindros conforme o modelo de
Ohata e Ishita (1982).
Pelas informações do dimensionamento da transmissão do veículo da UFMG de
2013, constatou-se que no desenvolvimento longitudinal a rotação inicial depois de engrenada a
segunda marcha é de aproximadamente 8500 rpm. Desta forma, foi definida esta rotação para se
ter ressonância e aumentar a eficiência volumétrica do motor.
Na Tabela 2 se tem as freqüências das ondas de pressão no coletor para cada rotação:
43
266,67 8000
283,33 8500
300,00 9000
333,33 10000
366,67 11000
45
A vazão de entupimento para a restrição de 20 mm foi calculada pela equação 1 e foi
encontrado o valor de 237,4 kg/h. Considerando uma eficiência volumétrica do motor de 100% e
a densidade do ar de 1,078 kg/m³ (300K e 922,5 mbar), a rotação do motor equivalente é de
12464rpm.
Também foram feitas simulações em CFD para avaliar o desempenho da geometria
do restritor. Primeiramente foi feito uma avaliação do modelo usado no Star CCM+ utilizando
dados experimentais obtidos por JARDIM (2012). No Gráfico 2 tem-se a variação da pressão ao
longo do restritor obtido na simulação em CFD. A variação entre a pressão na entrada do restritor
e na garganta é de aproximadamente -2,15 kPa quando aplicado um delta de pressão de 0,55 kPa
entre a entrada e a saída do restritor.
46
Pressão x posição
Também foi realizado um teste de malha para otimizar as simulações. Conforme pode
ser visto no Gráfico 4, para um número de células maior que aproximadamente 90000 quase não
há alteração no resultado da vazão de ar pelo restritor. Diante disso, foi utilizado esse número de
células nas simulações.
65
60
Vazão [g/s]
55
50
45
40
20000 40000 60000 80000 100000
Número de células Linha de tendência
47
A análise em CFD do restritor adotado mostrou que o escoamento se torna entupido
quando o delta de pressão aplicado no restritor é superior a 16 kPa e a vazão máxima é de 229
Kg/h como pode ser visto no Gráfico 5. Isso equivale a uma rotação do motor de
aproximadamente 11850 rpm considerando uma temperatura de 300K e pressão atmosférica de
91040 Pa (Belo horizonte) e uma eficiência volumétrica de 100%.
70
Vazão [g/s]
65
60
55
50
4,30 6,30 8,30 10,30 12,30 14,30 16,30 18,30
Delta P [KPa] Linha de tendência
Gráfico 5 – Vazão de ar no restritor em função do delta de pressão
Na Figura 25 tem-se os vetores velocidade para este restritor para um delta de pressão
de 4,5 kPa. A velocidade máxima para este delta de pressão é de 174,70 m/s.
Figura 25 – Vetores velocidade no escoamento entupido seção média do restritor (80 mm)
Figura 26 – Vel. do escoamento com delta pressão de 4,5 Kpa seção média do restritor (375 mm)
49
Vazão x Delta de pressão
70
65
60
Vazão [g/s]
55
50 320 mm
45 380 mm
40
250 mm
35
30 80 mm
25
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
Delta P [ kPa]
49,5
49,0
48,5
48,0
Vazão [g/s]
47,5
47,0
46,5
46,0
45,5
45,0
44,5
44,0
225,00 250,00 275,00 300,00 325,00 350,00 375,00 400,00
Comprimento [mm]
Gráfico 7 - Vazão mássica no restritor em função do comprimento região divergente(CFD) para um delta de pressão
de 2kPa
50
Foi feita também simulação no sistema de admissão completo para avaliação de
recirculações de ar no plenum. Na Figura 27 tem-se os vetores velocidade em uma seção que
passa pelo plenum e pelo runner 2. Conforme pode ser visto, há uma região no plenum onde há
recirculação do escoamento. Essa recirculação dificulta o escoamento do ar dentro do plenum
contribuindo para aumentar a perda de carga através do sistema. Desta forma é necessário que se
façam modificações na geometria de forma a evitar a ocorrência deste fenômeno no plenum.
51
Figura 28 - Empacotamento do sistema de admissão
Além disso, todo o ar que entra no motor passa por um restritor com diâmetro fixo de
20 mm, uma vez que o motor utilizado usa gasolina como combustível. E não existe nenhum
dispositivo que possa acelerar o motor entre o restritor e o pleno, conforme proibido pelo
regulamento.
52
Figura 29 – CAD dos moldes usados para laminação do coletor em fibra de vidro
Como pode ser visto na Figura 29, o molde dos runners foi feito em um plano, isto é,
só existe uma curva no runner e essa curva pode ser representada em um plano. Isso foi definido
para que a fabricação dos tubos fosse possível pelo método de laminação de fibra de vidro sobre
moldes usinados. O impacto desta escolha é que os quatro runners não ficam igualmente
alinhados com a jusante do restritor. O ângulo destes em relação à saída do restritor é diferente
conforme pode ser visto na Figura 30. Desta forma, os quatro cilindros podem não trabalhar com
a mesma eficiência volumétrica ao longo da faixa de rotação do motor.
53
Figura 31 – Detalhamento das peças da montagem do coletor
Vazão x rotação
4000
3500
3000
Vazão [L/h]
2500
2000
1500
1000
500
0
1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 9,5 10,5 11,5
Rotação [rpm]
x10³
Vazão calculada 100% AVL
54
A curva de eficiência volumétrica é mostrada no Gráfico 9. Os resultados indicam
que o motor trabalhou com eficiência volumétrica abaixo de 100% em toda a faixa de rotação
conforme era esperado.
1
Eficiência volumétrica [-]
0,95
0,9
0,85
0,8
0,75
0,7
0,65
1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 11 11,5
Rotação [rpm] x 10³
Ef. Volumétrica 100% AVL
55
Considerando que uma onda de pressão se movimenta da válvula na direção do restritor, ao
alcançar a “garganta”, esta onda de pressão se depara com uma expansão rápida. Esta expansão
rápida pode ser comparada ao final do tubo. Desta forma, a onda sofre reflexão. Considerando o
restritor como o ponto onde a onda de pressão sofre reflexão, a ressonância ocorre para a rotação
de aproximadamente 8400 rpm considerando o modelo de Ohata e Ishita (1982).
Sabe-se que o aumento de eficiência volumétrica num motor impacta diretamente no
aumento de torque. Portanto, a melhora apresentada deve proporcionar ganho de torque
expressivo para 8400 rpm que é a rotação que inicialmente desejava-se beneficiar. No entanto,
não foi possível medir experimentalmente o ganho em torque devido a problemas na embreagem
do veículo.
56
5. CONCLUSÃO
57
o A geometria do restritor. Seu dimensionamento deve ser priorizado para
proporcionar máxima vazão de ar para todos os deltas de pressão, tendo em vista
que este é o principal responsável pela perda de potência do motor.
o A geometria do pleno. Deve ser projetado de forma a evitar recirculações de ar no
seu interior, diminuindo assim, perdas de carga neste componente.
o Ressonância em rotações específicas pode prejudicar o desempenho do veículo em
outras faixas de rotação.
58
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
59
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENAJES, J., REYES, E., GALINDO, J., PEIDRO, J., “Predesign Model for Intake
Manifolds in Internal Combustion Engines”. SAE Paper Nº 970055, 1997.
BLAIR, G.P.; CAHOON, M. Best Bell. Race Engine Technology Magazine, p. 35-41, Set. 2006.
DELMÉE, G.J. Manual de Medição de Vazão. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2003. 346 p.
ENGELMAN, H.W. Design of a Tuned Intake Manifold. ASME, Columbus, Ohio, n.17 p. 1-9,
Jul. 1973.
FOX R. W., O. J. Introdução à mecânica dos fluidos (7 ed). Rio de Janeiro: Livros técnicos e
Científicos Editora Ltda. p. 318 – 319. (2010).
60
HANRIOT M. Sergio, “Estudo dos fenômenos pulsantes do escoamento de ar nos condutos de
admissão em motores de combustão interna”, Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia
Mecânica, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil, 2001.
ILARDO, R.; WILLIAMS, C.B., Design and manufacture of a Formula SAE intake system using
fused deposition modeling and fiber-reinforced composite materials, Rapid Prototyping Journal,
Vol. 16 Iss: 3 p. 174 – 179. (2010).
MORSE, P.H., BODEN, R.H. e SCHECTER, H., “Acoustic vibrations and internal combustion
engine performance”, Journal of applied Physics, Vol. 9, January, 1938.
OHATA, A., e ISHIDA, Y., “Dynamic inlet pressure and volumetric efficiency of fourcycle
cylinder engine”, SAE Paper Nº 820407, 1982.
61
SAE BRASIL,. O que é o Fórmula?. Disponível em
http://www.saebrasil.org.br/eventos/programas_estudantis/formula2011/formula.aspx. Acesso em
03 de Maio. 2012.
SAE INTERNATIONAL,. Fórmula SAE Brasil.Rules For 2012 Formula SAE Event .São Paulo: SAE
International Editions, 2012.
WANG, B.,et al. CAD Applications in a Formula SAE Project Based on V Designing Process.
2011.
62
8. ANEXO 1 – MEMÓRIA DE CÁLCULO
8.1 Cálculo da freqüência dos pulsos de pressão no coletor provocados pela abertura e
fechamento das válvulas em função da rotação do eixo de manivelas:
2.7000
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 233,33 𝐻𝑧
60
2.7100
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 236,67 𝐻𝑧
60
2.8000
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 266,67 𝐻𝑧
60
2.8500
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 283,33 𝐻𝑧
60
2.9000
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 300,00 𝐻𝑧
60
2.10000
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 333,33 𝐻𝑧
60
2.11000
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 366,67 𝐻𝑧
60
8.3 Cálculo do comprimento dos runners pelo modelo de Ohata e Ishita (1982):
63
1,4+1
1,4 2 2 1,4−1
𝑚𝑚 á𝑥 = 3,08. 10−4 9,23. 104 = 237,4 𝑘𝑔/
287.303 1,4 + 1
237,4.2.1000.60
𝑁= = 12464 𝑟𝑝𝑚
1,0582.3600.0,6
8.5 Novo cálculo da geometria do sistema de admissão considerando que a onda de pressão
é refletida na “garganta” do restritor.
2.8400
𝑓𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎𝑠 = = 280,00 𝐻𝑧
60
64