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Prólogo
1. Claire
2. Exos
3. Claire
4. Titus
5. Claire
6. Titus
7. Titus
8. Claire
9. Claire
10. Titus
11. Claire
12. Exos
13. Claire
14. Claire
15. Titus
16. Vox
17. Claire
18. Vox
19. Exos
20. Claire
21. Exos
22. Claire
23. Claire
Epílogo
IBSN: 978-1-954183-06-3
Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da
imaginação do autor ou foram usados de forma fictícia e não devem ser interpretados como
reais. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, eventos reais, localidades ou
organizações é inteiramente coincidência.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19/02/1998. Exceto para o uso
de pequenos trechos em resenhas, é proibida a reprodução ou utilização deste livro, no todo
ou em parte, de qualquer forma, sem a permissão prévia por escrito do detentor dos direitos
autorais deste livro.
Este livro é para nossos leitores. Esperamos que vocês gostem da Rainha dos
Elementos.
#Dickwand
R AINHA DOS E LEMENTOS : L IVRO U M
Sensuais.
E eles se materializam como os cinco mentores elementais Faes. Eles
deveriam me ajudar a controlar meus poderes, mas quem vai impedir os
elementos de me controlarem?
A PESAR DO ATRASO que Sol provocou na minha manhã, ainda cheguei cedo
para minha aula de magia. Por ser uma aula mais avançada, eu não esperava
ver a Halfling. Isso me fez querer vagar por aí e ver se eu conseguia localizá-
la.
— Soube que temos uma nova aluna? — Aerie me perguntou, uma das
Faes do Ar que sempre contava as últimas fofocas.
— Não diga — respondi. Todos no campus tinham ouvido falar da nova
aluna. Eu não morava debaixo de uma rocha.
— Ela já tentou matar a Ignis duas vezes. Primeiro com seu showzinho de
poder de fogo. Depois, tentando afogar ela, Sickle e vários outros nos
dormitórios. Se Sickle não estivesse lá, ela teria matado Ignis. Vi tudo. Bem,
o primeiro incidente, de qualquer maneira. No segundo, eu estava no
Esquadrão do Ar.
Resisti à vontade de revirar os olhos.
— Parece assustador — eu disse, acalmando-a. A última coisa que eu
queria fazer era incitar uma Fae conhecida por causar problemas.
— Foi mesmo! — Ela continuou tagarelando, mas outros alunos
felizmente se envolveram na conversa, me dando a chance de escapar.
Fingindo estar absorto em uma linha em meu terno, eu o limpei antes de
me sentar, um pedestal flutuante três mesas abaixo, que me deu uma visão
perfeita da porta. Eu gostava de ver quem entrava e saía. A conjuração
ocorria em um orbe fechado onde qualquer coisa invocada – intencional ou
acidentalmente – não poderia escapar. Deixava a porta como única entrada e
saída.
Com o relógio quase marcando o final da manhã, os alunos começaram a
entrar. Cabelos escuros e uniformes faziam todos os Faes do Ar parecerem
quase iguais, mas eu podia identificar os pequenos traços que os
diferenciavam. Eles gostavam de manter o cabelo curto, por isso deixei o
meu crescer. A última coisa que eu queria ser era só mais um Fae do Ar.
Então, lá estava ela. Eu estava me convencendo da possibilidade de ver a
Halfling de perto, mas ela estava bem aqui. Tive um vislumbre de luz do sol e
cabelos dourados quando ela entrou na sala com as mãos cruzadas na frente
do corpo. O uniforme padrão da Academia se agarrava às suas curvas, que
eram muito mais sensuais do que as de uma Fae do Ar e imediatamente me
fez observá-la da cabeça aos pés. Eu poderia escrever uma canção sobre sua
graça, sem dúvida inata, nos movimentos ágeis de quem empunhava o
elemento ar, mas havia muito mais nela que me hipnotizou.
Um flash de perigosos olhos azuis escuros me afastou do feitiço. Exos, o
notório Espírito Real Fae, imediatamente notou minha presença e me olhou
com raiva.
— Mantenha seus olhos afastados.
Uma ordem.
Eu não estava acostumado com isso, mas sabia que não devia desafiar a
realeza, especialmente depois do que ele fez a Sol. O Espírito Fae poderia
manipular a própria vontade, e eu não tinha interesse em testar a força dos
escrúpulos éticos deste membro da realeza.
A Halfling se remexeu enquanto os Faes do Ar ocupavam seus lugares.
Tentei não olhar para ela, mas era quase impossível. Ela era absolutamente
fascinante com suas orelhas redondas e lindo cabelo loiro.
Todos se acomodaram s, deixando o círculo usual de pedestais vazios ao
meu redor aberto. A Halfling se acomodou em uma das cadeiras mais
próximas de mim antes de olhar entre Exos e eu, murmurando algo que não
consegui ouvir – o que era impressionante, dado que as correntes de ar
normalmente me obedeciam, e eu podia ouvir qualquer segredo sussurrado
nas proximidades.
— Sim. É ele. — O membro da realeza assentiu e suas palavras soaram
baixas quando ele se sentou atrás dela, lhe proporcionando uma visão clara de
suas costas e da entrada.
— Oi — a Halfling disse, me assustando quando percebi que ela estava
realmente falando comigo.
— Ah... oi — respondi, resistindo ao desejo de olhar para o poderoso
Espírito Fae que estava bem perto de minha vista. Eu não me importava com
sua proximidade, mas com base nos leves tremores de poder no ar, isso era
exatamente o que ele queria – que todos se sentissem desconfortáveis.
Definitivamente, um guerreiro.
A Halfling sorriu com timidez e pareceu que a luz do sol estava
explodindo ao meu redor novamente. Uma brisa quente girou em torno dela e
imediatamente chamou meu elemento inato, me persuadindo a me aproximar.
Foi o que fiz.
O membro da realeza pigarreou.
— Se afaste, Fae do Ar.
Antes que eu pudesse responder – e com o que, eu não tinha ideia –, o
professor entrou e bateu com um bastão no chão, fazendo rajadas ar vibrarem
pela sala fechada.
O professor Helios, um dos mais antigos Faes do Ar, era considerado um
mestre da conjuração. Ele tinha cabelo escuro comprido, um estilo habitual
para alguém da sua idade. Os fios grossos o envolviam em uma brisa
invisível, lhe dando a ilusão de flutuar. A túnica comprida aumentou o efeito,
e ele examinou a classe com seus olhos escuros. A maioria dos Faes do Ar
tinha olhos de tons mais escuros, mas não o suficiente para ultrapassar a
pupila. No entanto, o professor Helios era poderoso – e idoso – então ele
tinha um tipo de olhar estranho que tornava difícil olhar diretamente para ele.
Ele não perdeu tempo e conjurou um duende do ar ao seu lado. A
Halfling deixou escapar um suspiro baixo que fez algo em mim se
desequilibrar, mas consegui me manter quieto.
A pequena criatura imediatamente começou a chiar e zumbir ao redor do
Fae do Ar.
— Classe, como vocês podem ver, temos uma aluna nova — o professor
Helios disse com um movimento amplo. O vento normalmente era invisível,
mas quando tinha cheiro de energia, ele podia apresentar cores através de
uma brisa controlada. O poder de Helios era sombrio e uma sombra tocou a
Halfling, fazendo-a enrijecer. O membro da realeza estendeu a mão para
acariciar os cabelos dela de forma sutil, sussurrando palavras secretas que não
pude ouvir.
Estranho. Exos era um Espírito Fae com afinidade pelo fogo, não pelo Ar.
Eu deveria ser capaz de ouvi-los.
A menos que...
Ah.
Agora entendi. Ele e o Halfling iniciaram um vínculo de relacionamento.
Era isso que permitia que eles falassem um com o outro além da minha
intrusão. Fascinante.
Uma estranha onda de ciúme me atingiu, me fazendo franzir a testa. Eu
não tinha interesse em iniciar um vínculo com qualquer Fae, muito menos
com a lendária Halfling. Mas algo em seu ar me chamou a atenção.
— Vox — o professor Helios grunhiu e suas palavras me fizeram
estremecer. — Você fará parceria com a Halfling para o exercício de hoje.
Um suspiro coletivo, tanto de choque quanto de alívio, atingiu o resto da
classe.
Eu não tinha percebido que estava olhando, mas a Halfling encontrou
meu olhar e me deu um sorrisinho. Espere, ela já sabe quem sou? Que o
professor tinha acabado de me atribuir a ela?
— Vox? — o professor Helios repetiu, impaciente. — Você acha que
pode deixar nossa nova aluna atualizada?
— Sim — eu disse, limpando a garganta enquanto desabotoava o
primeiro botão do paletó, esperando me sentir menos sufocado. — Claro.
O professor Helios bateu seu bastão no chão duas vezes, sinalizando que
os exercícios de hoje estavam para começar.
— Vamos continuar de onde paramos da última vez. Conjurar invenções
de nossa imaginação são grandes demonstrações de poder e úteis, mas tudo
começa com uma centelha de nosso elemento. Hoje, vocês vão conjurar
espirais de ar controladas em sua mesa. — A criatura reclamou enquanto
esvoaçava em torno de seu cajado. O professor o ignorou. — Mantenha-os
controlados, ou então esta invençãozinha da minha imaginação vai punir
você. — O duende do ar aplaudiu, aprovando o fato de estar envolvido.
A Halfling arregalou os olhos.
— Punir?
Eu sorri.
— Não ligue para ele — eu disse, me virando para encará-la enquanto
tentava o ao máximo ignorar o membro da realeza de olhos semicerrados
atrás dela. — O professor Helios gosta de controlar pelo medo. Acha que é
isso que vai motivar os alunos. Se você errar, o pior que o duende do ar pode
fazer é te morder.
Ela soltou um suspiro suave.
— Morder? Como um mosquito?
Arqueei uma sobrancelha.
— Não tenho certeza do que é, mas sim, vamos com isso.
— Vox — o membro da realeza disse, me assustando. Mudei de posição
para dar a ele mais da minha atenção. A luz do sol lutava para brilhar através
da barreira translúcida da sala de aula, mas parecia se curvar e vacilar incerta
ao seu redor. Seu poder parecia um pouco errado para este lugar. Ele
estremeceu como se sentisse que não se encaixava aqui.
— Pedi ao professor para colocar você em par com Claire. Considere isso
um teste.
Claire. Eu só tinha ouvido ela ser chamada de Halfling no campus, mas
gostei de seu nome único.
No entanto, não compreendi as palavras de Exos.
— Um teste? — Fiz uma careta. — Para quê?
Ele não deu mais detalhes. Só estendeu a mão para a Halfling acariciou
seu pulso.
— O Ar foi um dos primeiros elementos que ela manifestou. Depois do
fogo, é claro. Temos trabalhado para controlar seus elementos, mas com seu
acesso aos cinco... — Ele deu de ombros, sem completar a frase.
Deuses. Os cinco elementos em um pacote bonito e frágil? Eu não
conseguia nem começar a imaginar como essa Halfling conseguiu ficar
inteira por tanto tempo.
Ele não poderia querer que eu fosse seu mentor durante as aulas dela no
Esquadrão do Ar. Devo ter entendido errado. Depois de orientar Sol por tanto
tempo, eu deveria me sentir capaz de qualquer coisa, mas isso? Com certeza,
não.
Minha hesitação não passou despercebida. Claire se afastou de mim. Foi
uma fração mínima que a maioria não teria captado, mas eu peguei.
— Exos, se ele não se sentir confortável em se associar a mim, podemos
encontrar outro — Claire murmurou. — Ou posso trabalhar sozinha.
Sua incerteza e desconfiança me fizeram pensar. Eu não sabia o que ela
tinha passado, mas nunca tinha visto tamanho tormento nos olhos de alguém.
Tudo bem. Eu poderia lidar com uma aula. Talvez não fosse um teste para
o futuro, mas para hoje estava tudo bem. Discutiríamos o resto depois.
— Claire, não é? — perguntei, fechando a lacuna que ela havia criado e
virando as mãos sobre os joelhos para que ficassem com as palmas para cima.
Uma postura não ameaçadora para ajudá-la a se sentir à vontade. — Ouvi
muito sobre você.
Aparentemente, essa foi a coisa errada a se dizer.
O calor explodiu em uma brisa invisível que fez seu cabelo dourado voar
para trás sobre seus ombros, e seus vibrantes olhos azuis cintilarem com os
perigosos poderes do Espirito que se uniam aos do membro da realeza. Senti
que ela não poderia manipular à vontade – ou talvez ele mantivesse essa parte
de seus poderes amortecidos – mas uma onda de náusea tomou conta de mim
enquanto ela compartilhava um gostinho de suas emoções através do olhar
frágil que me deu.
Dor.
Culpa.
Muita culpa.
Deuses, como ela não estava desabando?
— Eu quis dize, que estou ansioso para conhecê-la — emendei,
percebendo que a pobre garota provavelmente tinha sido inundada com
ameaças e crueldade. Embora eu não acreditasse que uma filha devesse ser
responsabilizada pelas ações de sua mãe, eu sabia que aquela era uma opinião
popular.
Ela semicerrou os olhos para mim e a desconfiança apareceu em cada
linha de seu lindo rosto.
— Por quê?
Eu não tinha uma boa resposta para ela. Por mais de duas semanas, algo
me colocou no limite, tanto que procurei saber dos últimos rumores da
Academia, apenas para descobrir que havia uma Halfling no campus. Desde
que soube dela, desejei encontrá-la. Com que propósito, eu não poderia dizer.
Eu simplesmente sabia que precisava descobrir mais sobre ela.
Isso soava patético demais. Eu não podia contar a verdade, então optei
pelo que era melhor nessas situações.
Desviar.
Evadir.
Escapar.
A tarefa da classe era conjurar espirais de ar, então foi o que fiz. A tarefa
era fácil o suficiente para um Fae com meu poder e controle. Soltei um
assobio suave e uma espiral de ar perfumada com meu dom inato coloriu o
elemento de azul. Cada Fae do Ar favorecia tons diferentes quando
trabalhavam seus poderes, mas o meu parecia flutuar com meu humor.
Este tom de azul significava que eu estava intrigado. E não de uma forma
platônica.
Meu poder está atraído por Claire.
Puta merda.
Olhei para o membro da realeza para ver se ele sabia disso de alguma
forma. Talvez ele pudesse ler minha mente. Quero dizer, quem sabia que tipo
de poderes um Espírito Fae como ele realmente possuía?
No entanto, ele não reagiu além de olhar para a espiral de ar voando ao
redor da minha mão antes de olhar para Claire.
Seus olhos arregalados estavam presos na espiral. Eu esperava que ela
tivesse medo, mas ela parecia fascinada.
Um calor indesejado atingiu minha nuca, me deixando grato pelo rabo de
cavalo e barba que eu usava. Mostrar o efeito dela sobre mim, mesmo que ela
não entendesse, era muito íntimo para dois estranhos como nós.
— Vá em frente, faça um — ofereci, aproveitando a oportunidade para
dispersar a espiral de ar.
Seus olhos se fixaram nos meus, me fazendo prender o ar. Seus poderes
estavam quase à tona, como se pudessem explodir a qualquer momento.
Havia muitos elementos emaranhados com o belo poder rodopiante que era
parecido com o meu. Senti seu controle vacilar sobre seu elemento do Ar e
puxei os fios selvagens, rompendo antes que pudesse me conter.
Ela inclinou o peito para frente com o movimento, como se eu tivesse
puxado seu coração.
— Oh — ela murmurou. O som era mais de prazer surpreso do que de
dor. — Isso é, ah, agradável.
— O que você está fazendo? — o membro da realeza questionou.
Agora que eu tinha controle do seu poder selvagem, não ousei soltá-lo.
Cada fio estava tão desgastado na extremidade que me perguntei como ela
não estava sentindo uma dor aguda.
— Por que você não veio para o Esquadrão do Ar antes? — perguntei
antes de perceber que estava repreendendo um Espírito Fae todo-poderoso
que poderia me fazer gritar como uma galinha se ele quisesse. — Ela precisa
de orientação — eu esclareci.
O nobre endireitou a coluna e semicerrou os olhos, em seguida me
surpreendeu ao proferir uma única palavra.
— Continue.
O S SEIOS nus de Claire estavam à vista quando entrei no quarto e seus olhos
fechados em abençoada inconsciência. Titus estava atrás dela,
preguiçosamente alerta e observando minha entrada.
— Encontrou alguma coisa? — ele perguntou baixinho.
Tirei a camisa e a joguei em uma cadeira no canto.
— Não, ainda não. Vamos falar mais sobre isso pela manhã. Ela comeu?
Ele pressionou os lábios em seu pescoço e assentiu.
— Sim.
— Ótimo. — Desabotoei a calças e tirei meus sapatos. — A propósito,
parabéns.
Seus olhos verdes encontraram os meus.
— Você sentiu?
— Sim.
Nenhuma sugestão de culpa ou arrependimento apareceu em suas feições,
apenas puro orgulho masculino.
— Ela é incrível, Exos.
— Eu sei. — Tirei as meias e terminei de remover a calça assim que seus
olhos se abriram. — Olá, princesa.
Suas narinas dilataram quando ela viu a cueca boxer preta e seus lábios se
entreabriram em apreciação.
— Exos.
Sorri enquanto me acomodava na cama ao seu lado, acariciando sua
bochecha.
— Há marcas de queimadura na cozinha. — Eu as notei imediatamente.
— Mas que bom que não destruíram o dormitório.
A pele de Claire corou em um tom delicioso de rosa.
— Obrigada, eu... acho.
Pressionando a boca na sua, lhe dei um beijo profundo com o objetivo de
provocá-la. Ela respondeu com a língua e colocou a palma da mão na minha
nuca para me segurar contra si.
Titus riu, passando a mão para cima e para baixo.
— Eu te disse – incrível.
— Humm — concordei contra seus lábios. E a beijei novamente, desta
vez com mais fervor que antes, permitindo que ela sentisse minha aprovação
por ela se unir a Titus e também para lhe dar um vislumbre do quanto eu a
desejava. Ela precisava saber que esse arranjo funcionava para mim, que eu a
aceitava como minha, independentemente dos outros.
Seu Espírito era meu.
E só meu.
Assim como meu Espírito era dela.
— Como foi? — As palavras foram como um sopro em minha boca.
Passei os dedos em seus cabelos, segurando-a contra mim.
— Vox será um ótimo companheiro quando você estiver pronta para ele
— admiti. — Mas não vim para a cama para conversar. Faremos isso pela
manhã. — Encontrei o olhar de Titus por cima do ombro. — Você pode ficar,
mas vou beijá-la até que ela adormeça.
Ele desenhou uma linha de fogo em seu braço nu, provocando um brilho
em sua pele.
— Isso é bom. Não me importo de encontrar outras maneiras de relaxá-la
enquanto você faz isso.
— Cuidado, Titus, ou vou começar a pensar que formamos uma boa
equipe.
Ele riu e deu outro beijo em seu pescoço.
— No que diz respeito a Claire, acredito que sim.
Sorri, satisfeito com sua resposta. Provava quem minhas suspeitas
estavam certas. Tudo que ele precisava era de um pouco de tempo sozinho
com nossa Claire para recuperar as energias. Agora que recuperou seu foco e
reivindicou o que era de seu pleno direito, seria um aliado formidável para
proteger nosso coração. Eu aprovava.
— Gosto quando vocês dois se dão bem — Claire disse com um sorriso
na voz.
— É mesmo? — Eu a beijei de novo – longa e profundamente. —
Devemos mostrar o quanto podemos nos dar bem no que diz respeito a você?
Ela estremeceu e suas íris azuis ficaram vidradas com luxúria e adoração.
— Só se você me deixar retribuir.
— Talvez — sussurrei, sabendo muito bem que ainda não era a nossa
hora. Não até que ela entendesse completamente o que significava se acasalar
com um nobre. — Mas devo te avisar, Claire. Meu objetivo é fazer você
gozar com tanta força que você não poderá fazer nada além de dormir depois.
Como Titus manteve você aquecida, não deve ser muito difícil.
Suas chamas se intensificaram, deslizando para baixo até o ápice entre
suas coxas.
— Eu aprovo, Vossa Alteza.
Mordisquei seu lábio e comecei a lamber um caminho em direção a seus
seios.
— Trabalho em equipe, Titus. Agora vamos fazer nossa princesa gritar.
— V OCÊ QUER QUE EU VÁ PARA A AULA DE GINÁSTICA ? — PERGUNTEI ,
incrédula.
Titus e Exos estavam sentados à mesa com expressões severas. Muito
diferente da maneira como me olhavam no quarto.
Meus sedutores se foram e no lugar deles havia dois guerreiros Faes
sensuais.
Os dois provocavam meus hormônios, me deixando mais selvagem do
que em meus desejos mais loucos. Só de pensar em todos os orgasmos que
esses dois me deram, meu rosto ficou literalmente em chamas.
Titus arqueou uma sobrancelha.
— A ideia de encontrar seu captor te excita? Ou são os pensamentos da
noite passada?
— Pode ser desta manhã — Exos ressaltou.
E agora meu corpo inteiro estava em chamas.
— Parem.
— Mas nós gostamos de você molhada, Claire — Titus respondeu.
— É verdade. Também gostamos dos seus gritos.
Segurei o balcão e olhei para eles.
— Vocês estavam falando sobre aula de ginástica — eu os lembrei com
os dentes cerrados.
— Sua cabeça foi para o quarto — Titus respondeu, sorrindo. — Não
pode nos culpar por seguir.
— Ah, meu Deus, vocês dois são impossíveis. — Apertei a ponta do nariz
enquanto eles riam. Há apenas alguns segundos, eu estava pensando em como
eles pareciam severos e quase desejando meus companheiros Faes
brincalhões. Agora eu queria voltar ao assunto sério. — Me fale novamente
por que isso é uma boa ideia.
— Te comer? Ou a armadilha? — Titus brincou.
Exos ficou com pena de mim e respondeu:
— Porque agora sabemos o que estamos procurando. Ao atrair o culpado
para uma arena onde você pode ser enquadrada, podemos pegar o culpado no
ato.
— E se tudo der errado de novo? — questionei.
— É aí que isso aqui entra. — Titus ergueu uma pulseira. — Você vai
usar isso o tempo todo. Assim, ninguém será capaz de te acusar.
— E o que é isso? — perguntei, olhando o metal prateado.
— É o que todos os lutadores Campeões Sem Poder usam no ringue. —
Ele o empurrou pela mesa de café da manhã. — O metal funciona de forma
semelhante às algemas em prisões Faes – ela dilui seu poder.
— O que significa que você não pode criar um tornado ou uma
tempestade de fogo — Exos explicou. — Então, se algo ocorrer na arena, o
que prevejo que acontecerá, ninguém poderá culpá-la.
— Tá, mas isso também significa que não posso pará-lo — apontei.
— Sim. É por isso que você terá uma equipe de Faes com você durante a
aula. Alguns serão mais óbvios do que outros. — Ele sorriu. — River e Vox
estarão incógnitos, mas ajudando.
— E se for necessário, podemos remover a pulseira — Titus acrescentou.
— Confie em nós, nada vai acontecer com você.
Exos cruzou os braços e semicerrou os olhos.
— No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre a pessoa que está te
incriminando.
Titus bufou.
— Não me diga.
— Então você quer que eu frequente uma aula de ginástica e...
— Tecnicamente, é uma atividade esportiva interna — Titus corrigiu. —
É uma das poucas aulas onde todos os Faes se misturam.
— Certo. Aula de ginástica — repeti. — E eu devo simplesmente lidar
com isso? Aceitar o que estamos fazendo?
— Sim, mas também quero que você esteja ciente de seus arredores. Vai
ser uma boa lição de magia defensiva. — Exos se afastou da bancada de café
da manhã e rolou os ombros. — Pronta?
Arqueei a sobrancelha.
— Nós vamos agora? — Tínhamos acabado de comer algum tipo de
panqueca frita. Achei que teríamos pelo menos algumas horas para elaborar o
plano completo, não minutos.
— Dormimos demais — Titus murmurou.
— Esse ainda é o termo certo quando não estávamos dormindo? — Exos
perguntou.
— Justo. Transamos demais? — ele ofereceu.
— Ah, meu Deus... — Meu rosto estava pegando fogo novamente. —
Podemos parar?
— É o que você quer? Dormir sozinha esta noite? — Exos perguntou,
parecendo muito sério.
— Argh! — Ergui as mãos, impaciente. — Sabe de uma coisa? Você está
certo. Vamos para a aula de ginástica.
— Viu, eu sabia que ela ficaria ansiosa para ir — Exos falou em tom de
conversa.
Titus começou a assentir com entusiasmo.
— Você sabia. Sabia mesmo.
— Ela vai ficar ótima.
— Porque ela é incrível — Titus acrescentou.
— Demais.
— Vocês dois podem parar de agir como se eu não estivesse na mesma
sala que vocês? — exigi com as mãos na cintura. — Ou estão tentando me
dar um motivo para dormir sozinha esta noite?
Exos me deu um olhar indulgente que me fez querer socá-lo.
— Ah, baby, você sabe que isso nunca vai acontecer. Se o desempenho
desta manhã servir de referência, você vai nos implorar para gozar até a meia-
noite.
— Estou saindo agora. — Comecei a marchar em direção à porta da
frente do prédio e a risada dos dois soou atrás de mim em uma onda
provocante de calor e som.
Esses homens – Faes.
Meus companheiros.
Por que foi que eu concordei com essa loucura?
Ah, certo. O prazer. Sua energia sexy. A maneira como eles sabiam me
tocar perfeitamente. Seus olhos hipnóticos. Sorrisos lindos. Habilidades de
ensino. Corpos irresistíveis. E bem dotados...
Balancei a cabeça, precisando limpá-la antes que eu voltasse para o
Dormitório dos Espíritos e guiar os dois para o nosso quarto.
Encontrar o idiota que estava tentando me expulsar era muito mais
importante.
Certo. Sim. Foco.
Estava na hora de fazer um Fae pagar.
K ICKBALL F AE, pensei, bufando. Era basicamente isso o que queriam que
jogássemos na aula de ginástica hoje. Mas ninguém me queria em seu time.
Isso me lembrou de um concurso de popularidade do primeiro ano.
Com um olhar furioso para Exos e Titus – que estavam de lado,
observando com aquelas expressões sérias de novo – me juntei ao time azul
com Vox e River. Nenhum deles me reconheceu, o que, suspeitei, fazia parte
do plano.
Ou, pelo menos, eu esperava que fosse.
Foi necessário um esforço considerável para não puxar Vox de lado e
pedir desculpas por ontem. Embora não tenha sido minha culpa, mas me senti
obrigada a dizer algo. Talvez até para agradecê-lo por acreditar em mim o
suficiente para me visitar ontem à noite e sair para procurar algo com Exos.
Sim, isso seria bom.
Eu poderia expressar minha gratidão pelo que ele fez, por ajudar
novamente hoje e por supostamente se juntar à minha equipe de mentores.
Todas as coisas normais a se dizer. Nada muito emocional ou estranho,
apenas uma conversa típica.
Por que estou nervosa em falar com o Vox?
Olhei para seu perfil. Suas feições definitivamente atraíam os olhos
femininos, e embora eu não gostasse de homens com cabelo comprido, ele
ficava bem assim. Linhas magras e atléticas. Bonito. Certo, talvez eu o tenha
achado um pouco atraente, mas isso não deveria me deter. Eu tinha dois
homens igualmente bonitos olhando do lado de fora. Claramente, eu estava
com as mãos cheias.
Mas algo sobre a energia de Vox chamava a minha. Como se ele me
acalmasse de uma forma que os outros não conseguiam. Porque ele entendia
minha afinidade caótica pelo Ar? Esse parecia ser o único elemento que eu
não conseguia dominar. Ele diminuía, fluía e lutava contra mim em cada
turno.
No entanto, consegui aprimorar a energia sob sua orientação ontem.
Tinha que ser isso. Como resultado, senti uma estranha conexão com ele,
como se ele se parecesse com um antídoto para a insanidade...
Uma bola bateu na lateral da minha cabeça, me fazendo dar um passo
para o lado.
— Ai! — gritei, olhando furiosamente para a vadia de cabelo azul que se
aproximava à minha esquerda. Sickle, se eu me lembrava do nome dela
direito. — Que merda é essa?
— Terra. Para. A. Halfling.
Sério?
— O quê? — questionei, tentada a pegar a bola e jogá-la em seu rostinho
mal-intencionado.
Seu sorriso era enorme.
— Perguntei se você está pronta para ir para o Reino dos Espíritos, onde é
seu lugar.
Pisquei para ela.
— Uau. Essa é a sua provocação? — Olhei em volta, encontrando o olhar
de vários dos meus companheiros de time. Todos pareciam tão acolhedores
quanto ela. Ótimo. Balancei a cabeça com uma risada, decidindo me manter
quieta e não deixá-la me atingir. — Me desculpe, mas eu esperava mais
originalidade no Mundo Fae. Mas isso não foi muito melhor do que o
valentão da minha escola.
— Você vai murchar e morrer lá — ela continuou.
Revirei os olhos.
— Tudo bem.
— E desaparecer para sempre.
— Aham. — Me recusei a deixar essa vadia me incomodar. — Ainda não
estou impressionada. Mas, por favor, continue. Eu adoraria ter um pouco de
entretenimento.
O gelo nublou seus olhos azuis.
— Você tentou matar minhas amigas e acha isso engraçado?
— Não tentei matar ninguém. — Cruzei os braços, entediada. — Só estou
tentando aprender sobre minha herança Fae. É isso.
Ela bufou.
— Sua mãe era uma prostituta que trepou com um humano e provocou
uma praga que matou a maioria dos Espíritos Faes. Uma abominação. E você
é o resultado de tudo isso, um lembrete ambulante das atrocidades de
Ophelia.
Certo, essas palavras doeram um pouco. Principalmente porque elas eram
verdadeiras. Mas...
— Eu não sou a minha mãe.
Ela cuspiu nos meus pés.
— É verdade. Você é pior. Pegar um Espírito Real para si para destruí-lo
também? E Titus? E quantos outros? Você é uma vagabunda ainda maior do
que sua mãe!
A palma da minha mão coçava para encontrar seu rosto, mas engoli o
desejo e forcei um sorriso.
— Algo mais? — Aprendi há muito tempo que a melhor maneira de lidar
com um agressor é não reagir.
— Sim. Espero que você seja banida. — Ela estava irada e o gelo se
formando ao nosso redor. Atingiu minha pele, me arrepiando. Alguns dos
alunos recuaram com os olhos arregalados. River, no entanto, se manteve
firme com os olhos semicerrados.
Não poderia ser Sickle.
Isso seria muito óbvio.
E ela não conseguia controlar o Ar ou o Fogo.
Ainda que as duas garotas me encarando do outro lado da arena fossem
capazes de controlar esses elementos.
Não.
Não podia ser isso.
Eu não fiz nada para elas, além de aparentemente roubar Titus de Ignis.
Mas ele alegou que eles nunca tiveram um relacionamento.
Humm, mas ela tentou drogá-lo. Então ela tinha uma queda pelo meu
companheiro.
O apito soou alto, chamando todos os jogadores para seus respectivos
locais. Nossa equipe entrou em campo primeiro. E aquele era um local literal,
porque a grama crescia no chão a cada passo, banhando o ginásio com uma
aparência externa.
Bases em forma de almofada de lírio formavam uma configuração de
diamante, denotando nossas posições de campo, e outro apito soou.
Sickle manteve distância – felizmente – me deixando guardar a terceira
base. Meu impulso competitivo foi aguçado quando a bola passou por cima
da minha cabeça. Eu pulei para pegá-la, em seguida joguei para o homem da
primeira base.
Ele a pegou com um olhar surpreso, então sorriu para o Fae que parou no
meio da corrida.
— Legal — Vox elogiou, depois de pular para o meu lado na expectativa
do chute.
— Obrigada. — Talvez isso fosse realmente divertido.
Fizemos algumas rodadas em que eu peguei mais bolas, completando
vários arremessos e, geralmente, irritando o outro time enquanto cativava o
meu.
Vários Faes até sorriram na minha direção.
Considerando como tudo começou, tomei isso como um sinal razoável de
que, pelo menos, alguns Faes poderiam realmente começar a gostar de mim.
Até que Ignis quase bateu em mim durante a transição do campo para a
base. Ela jogou seu longo cabelo ruivo sobre o ombro e fungou.
— Você tem o cheiro do Titus.
— Obrigada — respondi, sorrindo. Ele piscou para mim do outro lado da
sala. — Como estou muito familiarizada com seu cheiro, estou considerando
isso como um elogio. Agora, se você me der licença...
Ela me empurrou com a mão no meu ombro, me fazendo tropeçar.
— Você pode enganá-lo, mas eu vejo através do seu fingimento. O
sangue da sua mãe corre espesso em suas veias. E logo, você vai acabar
exatamente como ela. Morta no Reino dos Espíritos.
Entreabri os lábios para responder, sentindo o gelo em minha pele,
formando uma bola na palma da minha mão.
Fiquei boquiaberta e confusa.
Isso não é meu.
Olhei ao redor, procurando pelo culpado, e encontrei várias pessoas
recuando. Incluindo Ignis.
— O que você está fazendo? — ela questionou, franzindo o cenho. —
Pare com isso.
— Eu não estou...
— Você é louca! — ela saltou para trás, com as mãos para cima. — Todo
mundo está vendo isso, certo? Ela é uma abominação que precisa ser banida!
— O que você está fazendo, Claire? — Uma garota exigiu.
— Nada...
— Foi assim que começou ontem!
— No pátio também.
— Ela é instável.
— Um monstro.
A energia correu pela minha pele, estranha e fria, e começou a espiralar
em uma bola voraz de energia.
— River... — Procurei por ele, encontrando-o muito longe para me
confortar.
A brigada de garotas malvadas começou a se aproximar do capitão do
time, com as expressões alarmadas, mas uma camada de gelo bloqueou seu
caminho. Ignis saltou de lado com um grito. Seu olhar aterrorizado cintilou
por cima do ombro para mim. Eu não fiz nada além de assistir enquanto
lâminas congeladas apareceram ao redor, cravando do chão.
Grito Fae.
O instrutor – cujo nome eu nem lembrava – gritou.
Meu nome soou no ar.
As acusações voaram com fervor.
Fique calma, disse a mim mesma. Exos e Titus estão aqui. Está tudo bem.
Respirei fundo e desejei que meu corpo permanecesse aquecido, apesar da
queda ártica na temperatura inundando o lugar.
Vox apareceu ao meu lado de repente, colocando a palma da mão no meu
ombro.
— Você sente isso? — ele perguntou baixinho. — A presença negativa?
Engoli em seco, tentando encontrar o que ele quis dizer, e balancei a
cabeça.
— Não consigo sentir nada.
Ele olhou para a pulseira de metal presa em meu pulso e acenou com a
cabeça.
— Então a pulseira está funcionando.
— Isso é uma coisa boa? — perguntei, tremendo quando o gelo cobriu o
teto da arena.
— Sim. — Ele acenou com a cabeça em direção a Elana, que estava
parada logo após a porta, ao lado de um homem com cabelo
surpreendentemente branco. — Parece que o Exos convidou alguns dos
membros do Conselho para o show – Elana e Vape.
Vape. Deve ser o homem magro com cabelos longos. O poder parecia
emanar do olhar do homem enquanto ele observava o lugar com uma
expressão serena. Ele disse algo para Elana antes de olhar para Exos e
assentir.
Algo pareceu se passar entre eles. Um entendimento. Palavras não ditas.
Abri a boca, pronta para perguntar a Vox se ele sabia o que estava
acontecendo, quando um estalo agourento soou no ar.
Granizo do tamanho de uma bola de golfe caiu do teto, batendo no chão
ao meu redor. Gritei, caindo de joelhos e cobri a cabeça assim que um
furador de gelo letal cortou o ar em direção à cabeça de Exos.
— Não! — Fiz menção de me mover, mas uma onda de fogo subiu em
um flash, incinerando a arma que se aproximava, e deixando um Fae Real
muito lívido em seu rastro. Ele enviou ondas de poder através da arena em
uma demonstração de domínio diferente de tudo que já vi ou senti.
O fogo se mistura com o Espírito – o rei declarando seu direito ao trono.
Todo mundo congelou.
Então vários Faes caíram de joelhos em um sussurro, seu nome um canto
ao vento.
F IQUEI BOQUIABERTA COM E XOS , INCAPAZ DE FALAR , SEM SABER O QUE FAZER .
— Quem se atreve a me ameaçar? — ele exigiu, examinando a arena com
seus olhos azuis. — O último Espírito Fae? Um rei.
Várias cabeças se viraram em minha direção, fazendo-o zombar.
— Vocês desacreditam da minha habilidade de sentir o poder da minha
própria companheira? Acham que eu não seria capaz de sentir qualquer
malevolência vinda da futura Princesa do Reino do Espirito? — Ele fez uma
careta. — Tal insulto requer punição, talvez na forma de um lembrete do que
um Espírito Fae pode realmente fazer.
Estremecimentos percorreram a sala, palpáveis e movidos pelo medo.
— Foi ela! — alguém gritou.
— Quem? — Exos exigiu.
Um homem baixo com cabelo escuro e cacheado se levantou lentamente e
apontou para Sickle.
— Senti a energia da Água dela rolar sobre mim pouco antes de cercar a
Halfling.
— Ele tem razão — Vox acrescentou, ainda de pé ao meu lado. — Eu
também senti.
— Eu também. — A voz estridente veio do Fae para quem eu joguei a
bola pela primeira vez no início do jogo.
Sickle estava paralisada e de joelhos, e sua expressão era de choque.
— Eu... eu...
— Reconheci a assinatura também — o homem de cabelos brancos disse
da porta, sua voz ecoando na multidão. — Inundou a sala. E como você
colocou a distinta algema do Campeão Sem Poder em sua companheira,
Titus, certamente não veio de Claire.
Vários suspiros ecoaram no ar quando Vox ergueu meu braço. Ele puxou
a manga para revelar a pulseira por baixo enquanto eu ficava imóvel ao seu
lado, incapaz até de respirar.
Sickle?
Isso parecia muito óbvio, de alguma forma.
— Eu não fiz isso — Sickle falou, balançando a cabeça de um lado para o
outro. — Eu nunca... quero dizer... eu não sou... isso não pode...
— E o vórtice? — Aerie perguntou. Seu corpo magro tremia ao lado de
Sickle. — E o Fogo? A Sickle não fez isso.
— Ainda assim, miraram em mim e no Exos — Titus interrompeu. —
Estranho, considerando que somos os únicos Faes ajudando a Claire. Por que
ela tentaria nos prejudicar?
— Porque ela é louca — Ignis murmurou do outro lado da sala.
— Não, suspeito que algo mais esteja em jogo.— Elana avançou. Ela
estava com uma roupa branca imaculada e as mãos cruzadas diante de si. A
energia parecia ondular ao seu redor enquanto ela se movia, o ar mudando
sob ela e o chão gramado reacendendo com vida debaixo de seus pés.
Vários Faes lhe deram um amplo espaço. Sua reverência era palpável
enquanto mantinham suas cabeças inclinadas para Elana e Exos. Até mesmo
Titus e Vox pareceram concordar com eles, me fazendo pensar se eu deveria
estar ajoelhada ou curvada em vez de boquiaberta.
Mas eu não conseguia parar.
Não conseguia desviar o olhar.
Eu precisava ver o que estava prestes a acontecer, ouvir o que ela
pretendia dizer. Esta mulher – a Chanceler da Academia – tinha meu futuro
em suas mãos. Exos nunca disse isso. Mas eu sabia. E agora ela parecia estar
considerando suas opções, pesando os eventos em sua mente e acariciando os
culpados com seu Espírito.
Aquilo me atingiu, era uma escuridão que surpreendeu meus sentidos –
estava ali e desapareceu em um flash. Mas deixou uma textura sombria em
seu rastro, confundindo minhas ligações com meus elementos internos.
Errado.
Intrusivo.
Falho.
Exos se moveu para ficar ao lado dela, com as mãos nas costas e a coluna
ereta de uma maneira distintamente régia. Titus permaneceu em sua posição
perto da lateral da arena, imóvel e com o olhar abatido.
Mas o de cabelos brancos avançou com um propósito, seu olhar
assustadoramente leve observando a todos por quem ele passou.
— Fique de pé. — O comando de Elana enviou um arrepio pelo ar, mas
apenas três obedeceram.
Ignis.
Aerie.
Sickle.
— Chanceler El...
Elana silenciou Ignis com um aceno de mão.
— Não fale, a menos que eu peça. — Ela caminhou ao redor do trio e a
atmosfera se moveu com ela quando um rodopio de fadas apareceu em seu
ombro. — Humm, sim, façam.
Elas decolaram em um enxame, voando sobre as três garotas que
pareciam congeladas no tempo, sem piscar. Fiquei boquiaberta com a
imagem, preocupada e confusa enquanto todos os outros na arena pareciam
incapazes de observar.
O que está acontecendo?, me perguntei.
Ela está procurando por lembranças nas mentes das três, Titus sussurrou
de volta, fazendo minha cabeça se virar na direção ele.
O quê?! Ela pode fazer isso?
Como um Espírito Fae, você possui a mesma habilidade.
Fiquei boquiaberta com seu corpo inclinado. Ele permaneceu em uma
pose reverenciada, com os olhos escondidos dos meus. Aprendi ontem à noite
que poderíamos de alguma forma nos comunicar telepaticamente agora que
acasalamos, mas não percebi como nossas conversas poderiam ser claras.
Eu deveria estar me curvando?, perguntei, enxugando as mãos contra
minha saia.
Se fosse para você se curvar, você estaria. Ela está controlando toda a
arena agora, exceto você e o Exos.
Por quê? perguntei. E como ele sabia que ela não estava me controlando?
Senti sua energia cobrir minha pele. Só de pensar nisso, me fez tremer.
Nunca mais queria sentir isso.
Porque ela pode e está chateada, Titus respondeu. Mas o mais
importante, porque é uma forma de exercer poder.
Ah. E você está me dizendo que ela é capaz de pesquisar as memórias de
todos? Por que ela – ou o Exos, por falar nisso – não fizeram isso antes?
Teria nos poupado muitos problemas.
Quem pode dizer que não pesquisaram? ele rebateu. Mas pelo que
entendi, é preciso muita energia. E mergulhar na mente de alguém requer um
conflito digno da intrusão – como testemunhar um Fae usando elementos de
forma inadequada.
Por isso, a armadilha de hoje, percebi.
Exatamente.
— Interessante — Elana disse enquanto suas fadas começaram a
tagarelar. — Muito interessante. — Ela bateu palmas e as criaturas
desapareceram. — Parece que nenhum dos incidentes foi culpa de Claire,
mas vocês três andam tentando sabotar a nova aluna por causa de um ciúme
mesquinho.
— Isso não é...
— Silêncio! — O poder trovejou através daquela palavra falada em tom
baixo, fazendo com que até eu quisesse pensar duas vezes antes de falar
novamente. Ignis estremeceu visivelmente. Seu cabelo de fogo caiu em uma
onda sobre seus ombros enquanto ela se curvava ainda mais. — O que vocês
três desejavam? Ah, sim. Que a Halfling fosse banida para o Reino dos
Espíritos. Bem, acho que essa é uma punição adequada por tentarem destruir
a reputação de uma estudante inocente de forma intencional. O que acha,
Exos?
— Talvez uma visita temporária — ele sugeriu de forma categórica. —
Afinal, elas são estudantes. E o Reino do Espírito não é bom para os de fora.
— Temporário — ela meditou, batendo em seu lábio. — Vape?
O homem de cabelos brancos deu de ombros de leve.
— Como é uma afronta ao Fae Real e sua pretendente, prefiro apoiar sua
escolha sobre o assunto.
— E você, Mortus? Sinto que você está espreitando no corredor. O que
me diz? — ela chamou.
Meu coração acelerou quando o homem alto com características
familiares entrou na arena, com as mãos nas costas de uma forma semelhante
a Exos.
— Minha opinião importa mesmo?— ele perguntou, seu tom sem
emoção.
— Quando solicito, sim. — Ela lhe deu toda a atenção. — Afinal, Ignis é
uma de suas alunas.
Ele olhou para a ruiva.
— Uma de muitos.
— Então você deve se preocupar com o que acontece com ela.
— Como eu disse, uma de muitos. — Ele considerava Ignis como se ela
fosse um mosquito inconveniente. — Bem, suponho que uma punição
temporária seria adequada. Mas também imaginei que algo assim aconteceria.
A Halfling não é necessariamente querida, e se deseja sobreviver neste
mundo, ela deveria se acostumar a ser atacada.
Gelo correu por minhas veias com suas palavras insensíveis. Até Vox se
encolheu ao meu lado. Mas Exos riu.
— Desejo sorte a qualquer um que tente tocar minha prometida. Quem o
fizer terá que lutar não só comigo, mas também com Titus. Na verdade... —
ele fez uma pausa para se dirigir à arena —, esse é um aviso para todos
vocês. Embora eu possa sugerir uma sentença temporária a ser cumprida no
Reino dos Espíritos, também estou solicitando que elas sejam despojadas de
seus elementos durante sua estada. Como elas provaram usá-los de forma
errada, parece adequado. Você não concorda, Elana?
As meninas começaram a chorar – em silêncio – enquanto os mais velhos
observavam, e me perguntei o que tudo isso implicaria. Elas usariam
pulseiras como as minhas? Ou algo mais terrível?
— Sim, isso é adequado ao crime — ela concordou e pude ouvir uma
nota de admiração em sua voz. — Se importa de fazer as honras?
— Faço, sim. — Ele se moveu para frente, com as mãos ainda atrás do
corpo, mas o olhar focado nas três mulheres inclinadas. — Como eu disse,
considere isso uma introdução, pois não serei tão indulgente com uma
segunda ofensa.
Redemoinhos de energia entrelaçados às suas palavras serpentearam pelo
ar e envolveram as mulheres em vinhas finas de magia. As bocas se abriram
em gritos silenciosos com o contato e lágrimas escorreram de seus olhos
enquanto Exos tecia o poder através, sobre e ao redor delas.
Você consegue ver isso?, perguntei a Titus, então me lembrei que ele não
conseguia olhar para cima.
Não, mas sinto.
O que ele está fazendo?
Vinculando seus elementos, ele sussurrou de volta para mim. Em resumo,
ele está tornando-as humanas.
Vacilei.
Um Fae pode fazer isso?
Um Espírito Fae, sim.
O que significava que eu poderia fazer isso com alguém. Tirar sua
vontade. Controlá-los. O que, é claro, fazia sentido. O Espírito representava a
vida e a morte e, aparentemente, isso também incluía a essência de um Fae.
As garotas desmaiaram quando ele terminou e seus rostos marejados de
lágrimas me deixaram um pouco perturbada. Não que elas não merecessem.
Com seus pequenos truques, elas quase me condenaram a uma existência
inteira sozinha. E ainda tentaram ferir Exos e Titus.
Sim, elas mais do que mereceram este destino.
— Humm, acredito que a justiça deve ser feita então — Elana murmurou,
chamando suas fadinhas de volta. — Leve-as para a casa. Vou acompanhá-las
pessoalmente ao Reino dos Espíritos mais tarde. — Ela agitou os dedos com
as palavras, e a horda de criaturinhas dominou o trio. Elas praticamente
arrastaram as três Faes pela arena pelos cabelos e roupas enquanto Ignis
implorava com os olhos. Quando ela encontrou os meus, havia uma nota de
urgência neles que não compreendi.
Pânico por ter sido pega?
Frustração?
Sugestão de vingança?
Mas foi muito rápido para que eu analisasse. As garotas foram arrancadas
da Academia com força total.
Elana suspirou de forma dramática.
— Bem, agora que resolvemos isso, acredito que devemos pedir
desculpas. Claire foi acusada injustamente e deveria ser elogiada por seus
esforços em deter os elementos perigosos. Testemunhei cada situação em
minha mente através dos olhos das culpadas, e devo dizer, estou
impressionada com seu controle. — Ela sorriu para mim. — Você percorreu
um longo caminho em pouco tempo. Acredito que haverá grandes coisas em
seu futuro, minha jovem. — Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou para
Exos. — Tive uma ideia.
— Sim? — ele perguntou, e sua expressão era de profunda admiração.
Esta mulher era claramente amada pelos Faes. Parecia apropriado. Pelo pouco
que observei dela, seu status era merecido.
— Como você se sentiria se eu ajudasse com algumas das instruções
dela? Dado seu vínculo recente e sua atração pelos cinco elementos, ela tem o
potencial de ajudar – se não liderar – nossas iniciativas de paz elementares. O
que acha?
Suspiros soaram na arena, incluindo um de Vox.
Mas eu estava muito ocupada tentando descobrir o que ela queria dizer
com iniciativas de paz para compreender a totalidade daquela declaração.
— Acho que depende da Claire — Exos respondeu. — Mas concordo que
seria uma oportunidade excelente e muito generosa.
— Pode ajudar a compensar seu começo difícil também — ela comentou
antes de sorrir para mim novamente. — Vou entrar em contato com você na
próxima semana para explicar o que uma tutoria comigo exigiria, então você
pode decidir se está interessada. Certo?
Engoli em seco.
— Hum, obrigada. Sim, estou interessada. — Acho...? Não era assim que
eu esperava que o dia se desdobrasse. Mas eu não podia necessariamente
reclamar da virada dos acontecimentos e, pelos ruídos de admiração na arena,
ela tinha acabado de me oferecer algum tipo de status. Eu só queria entender
o quê.
— Excelente. — Elana bateu palmas mais uma vez, provocando vários
suspiros de alívio por todo o ginásio. — Bem, foi ótimo, minhas crianças
lindas. Espero que todos nós tenhamos aprendido coisas importantes hoje. Se
alguém precisar de uma audiência comigo para discutir os eventos de hoje,
vocês sabem onde me encontrar.
Ela partiu com um floreio, provocando faíscas no chão em seu rastro e
uma confusão de fadas que se formaram ao seu redor como guardas.
Vape sorriu e a seguiu, mas não antes de acenar uma vez para Exos.
E Mortus simplesmente voltou para as sombras. Sua presença era uma
sombra ameaçadora nos fundos da arena enquanto todos pareciam voltar à
vida.
Encontrei seus olhos escuros, senti um arrepio de má intenção percorrer
minha espinha e de repente me vi nos braços de Titus.
— Você conseguiu — ele sussurrou, com os lábios em meu ouvido.
— Não fiz nada.
— Você permaneceu calma, linda. Não as deixou te incitar. E você é uma
ótima jogadora de Faeball. — Ele emoldurou meu rosto com as mãos e me
beijou de leve. — Por que você não nos disse que sabia jogar?
— Você quer dizer kickball? — perguntei. — Os humanos jogam isso no
ensino fundamental.
Ele arqueou as sobrancelhas.
— Sério?
— Eu te disse — River comentou, se juntando a nós. — Eu já disse isso
umas dez vezes.
— É mesmo? — Titus deu uma olhada nele. — Quando?
— Uma das muitas vezes que você ignorou meus comentários sobre o
mundo humano — River resmungou.
— Humm. Justo. — Titus passou o braço pelos meus ombros, me
puxando para o seu lado. — Bem, Claire tem um talento natural para isso.
Eu bufei.
— Não é um jogo difícil.
— Ela é muito boa — alguém concordou ao nosso lado.
— É mesmo — outro disse.
Fiz uma careta.
— Não os conheço.
— Ah, mas eles te conhecem. — Titus pressionou seus lábios na minha
têmpora. — Na verdade, acho que sua posição por aqui está prestes a mudar.
Exos se juntou ao nosso círculo, com o olhar cheio de orgulho.
— Mortus acabou de nos dar permissão para voltarmos para o Esquadrão
do Fogo se você quiser.
— É mesmo? — Olhei ao redor, tentando encontrar aquela energia
sinistra, mas ele havia desaparecido.
— Sim — Exos confirmou. — Mas eu disse a ele que estamos nos
divertindo muito no Esquadrão dos Espíritos para nos mudarmos. — Ele
ergueu uma sobrancelha. — A menos que você discorde.
Considerei suas palavras e sorri.
— Acho que seria bom para o Esquadrão do Espirito ter um pouco de
vida.
Seus lábios se curvaram.
— Exatamente o que acho. — Ele se aproximou para roçar seus lábios
nos meus enquanto o braço de Titus permanecia em meus ombros.
Meus dois Faes.
Me senti bem aqui.
Me senti ainda melhor porque Vox permaneceu do meu outro lado. Eu
não sabia o que isso significava, mas procuraria entender mais tarde. Por
enquanto, eu estava feliz por ter meu nome limpo de irregularidades. Eu
ainda tinha muito trabalho a fazer para colocar meus elementos sob controle,
mas pelo menos eu poderia fazer isso sem me preocupar em machucar os
outros.
Como Elana disse, eu ajudei.
Não, eu mais que ajudei. Eu havia desmantelado a energia ruim com
meus próprios dons.
— Quero saber mais sobre a tutoria — sussurrei para Exos. — O que isso
significa?
— Significa que Elana quer dar aulas particulares a você. Como ela fez
com sua mãe. — Ele enfiou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e
pressionou a testa na minha. — Seria bom para você ter uma segunda
instrutora do Espírito, e ela é extremamente poderosa. Ela também poderia te
contar mais sobre Ophelia.
Meu coração foi para a garganta.
— Porque ela foi mentora da minha mãe. — A gravidade dessa percepção
me deixou perplexa e incerta de como proceder.
Parte de mim não queria conhecer minha mãe, especialmente depois de
tudo que descobri. A outra parte desejava mais informações sobre o que
aconteceu, quem ela era antes de seu relacionamento com Mortus mudar e
quais semelhanças eu tinha com ela que deveria evitar.
— Sim. — Exos pressionou a palma da mão no meu pescoço, inclinando
minha cabeça para trás para me beijar. — Pense nisso, princesa. Você não
tem que decidir agora.
— Tudo bem — sussurrei. Embora, no meu coração, eu já soubesse da
minha decisão. Sim. Porque eu precisava saber como ela era, para evitar me
tornar ela algum dia.
Eu me recusava a magoar Titus dessa forma. Ou a Exos.
— Humm, vamos discutir mais esta noite — ele murmurou. — Preciso
ligar para o meu irmão para atualizá-lo sobre nossa situação, mas serei
rápido.
— Promete? — perguntei, olhando para ele.— Porque eu esperava ter
aula de luta hoje à tarde.
— Luta, é? — Ele olhou para Titus. — Parece que ela quer um upgrade.
Titus bufou.
— Ela só quer lutar com o Espírito porque eu lhe dei muito fogo na noite
passada.
Revirei os olhos.
— Por favor, não.
— Isso soa como um desafio, Fae do Fogo — Exos respondeu, olhando
para ele. — Vamos ver como meu Espírito a deixa exausta esta noite.
— Argh, sério...
— Combinado, Vossa Alteza. — Titus sorriu. — Podemos fazer disso um
jogo – quem consegue exaurir mais a Claire.
Minhas bochechas estavam bem vermelhas.
— Rapazes...
— Parece uma maneira divertida de passar o resto da semana — Exos
concordou, com um sorriso malicioso. — Você já está pronto para entrar no
jogo, Vox?
Ah, Deus...
O Fae do Ar só balançou a cabeça.
— Estou aqui apenas para ensinar.
— Ensinar — Titus repetiu. — Sei.
— É verdade.
— Aham. O Exos está aqui apenas para dar ordens. Eu estou para colocar
Fogo em Claire. E você vai assumir o cargo de professor. — Titus deu de
ombros. — Por mim, tudo bem.
— Você é incorrigível — grunho, saindo dos seus braços. — E se
continuar assim, vou dormir sozinha mais tarde.
— Claro, linda — ele falou, segurando minha cintura e me puxando de
volta para si. — Então você vai sonhar conosco, mas garanto que a realidade
é melhor.
Realidade, pensei com uma risada. Que palavra estranha. Porque, a minha
realidade? Sim, não era nada como nos meus sonhos, ou mesmo minhas
fantasias.
Não, era melhor.
Mesmo com a provocação, o compartilhamento, a confusão constante, eu
não trocaria minha existência atual por nada no mundo.
Exos piscou para mim, ouvindo meus pensamentos ou vendo-os em
minha expressão.
— Te vejo em breve, princesa.
Foi quando ele desapareceu de vista que ponderei sobre suas palavras.
Ligar para meu irmão...
Usando o quê?, me perguntei. Eu não tinha visto nenhum telefone no
Reino Fae. Provavelmente algum tipo de árvore ou pássaro.
— Está pronta para ir para casa, linda? — Titus perguntou, aumentando o
aperto.
Casa. Eu sorri.
— Sim. — Gostei de como isso soou. — Com você. — E Exos.
Meu novo mundo era cheio de regras estranhas de acasalamento,
elementos e, o mais importante, amor.
Uma garota pode se acostumar com esta vida.
Uma garota como eu.
E U NÃO QUERIA DEIXAR C LAIRE , MAS PRECISAVA FALAR COM MEU IRMÃO .
Algo parecia estar errado no que aconteceu. Foi muito fácil. Muito óbvio. E
as assinaturas de energia pareciam adulteradas e erradas de alguma forma.
Com passos rápidos, me aventurei pelo campus em direção à torre de
comunicação mais próxima. Os Faes não tinham tecnologia como os
humanos. Usávamos algo mais simples – nossas mentes. Mas exigia as
condições certas, daí a torre.
Subi as escadas de dois em dois degraus e o ar se acalmou à medida que
eu subia. Havia muita energia no campus, tudo estimulado pela mistura de
elementos. Em momentos como este, eu sentia falta da simplicidade do Reino
do Espírito.
O pensamento deixou meus instintos em alerta novamente.
Essas garotas mereciam seus destinos?
Sim, fiz delas um exemplo, querendo que todos soubessem qual o destino
que se reserva a quem decidir fazer mal a minha companheira. Mas meu
Espírito sentiu algo ruim enquanto eu tecia minha energia através da pele
delas – uma presença que não se encaixava.
Algo que me lembrava alguém.
Mas quem?
Olhei ao redor, sentindo os pelos se arrepiarem na minha nuca.
Uma essência tinha acabado de se juntar à minha. Sutil. Sombria. Mais
uma vez familiar.
Não havia ninguém na escada. Então, de onde estava vindo?
Girei.
Nada.
O que é isso? Subi, já alcançando Cyrus com minha mente. Ele não me
responderia de imediato, levaria tempo para encontrar um local apropriado,
mas o brilho sutil de sua mente me disse que ele havia recebido minha
mensagem.
Enquanto eu esperava, observei meus arredores mais uma vez.
Essa energia incômoda de injustiça ficou mais forte. Estava tudo na
minha mente? Uma consequência daquele ginásio? Eu bani aquelas garotas
erroneamente?
Não, elas eram seres terríveis. Eu sabia disso, tinha sentido em suas auras
enquanto desintegrava seus laços com os elementos – uma das piores
punições conhecidas para a espécie Fae.
Só podia ser isso. Eu só estava me sentindo mal por machucar alguém,
ainda que elas merecessem. O Reino do Espírito não seria bom para elas –
um destino mais do que necessário.
Exos? Cyrus sussurrou em minha mente. Está tudo bem?
Não tenho certeza, respondi de forma honesta. Descobrimos quem estava
mirando em Claire, mas tenho a estranha sensação de que acusamos as Faes
erradas.
Como assim?
Contei a ele sobre os acontecimentos, sobre como Elana usou sua magia
para extrair a verdade – uma forma exaustiva de magia espiritual – e como eu
senti uma falsidade. Algo não está certo, Cyrus.
Você precisa de mim?
Acho... parei, conforme a essência ruim aumentava ao meu redor. Não
havia ninguém por perto. O céu permanecia claro. Mas senti a presença
ameaçadora como uma cicatriz nas minhas costas. Tem alguém aqui.
Ouvindo?
Não. Minhas paredes mentais eram impossíveis de serem quebradas. Mas
aqui com...
Um flash na minha visão me fez cambalear para trás. Desagradável.
Forte. Rápido.
O culpado se moveu rápido demais, de forma inesperada. Minha energia
se exauriu depois do ginásio e ainda não estava repleta o suficiente para me
defender. Criei uma parede, mas a energia passou por ela, me assustando.
Então me atingiu na cabeça com tanta força que minha visão ficou turva atrás
de um mar de pontos pretos. Um segundo golpe me forçou a ficar de joelhos.
E um terceiro me jogou de cara no chão.
Exos! alguém gritou. Talvez Cyrus. Mas parecia misteriosamente com a
minha Claire...
Só então percebi quem se juntou a mim aqui, a figura esfumaçada
assumindo forma corpórea.
Mas era tarde demais.
O nome do agressor era apenas um mero sussurro em minha mente
enquanto tudo escurecia.
Corra, minha Claire...
Corra.
Pior ainda, meu vínculo com o Espírito está morrendo. Por quê? Porque Exos
foi tomado por um novo inimigo. Agora tenho que contar com os outros
elementos para encontrar meu elo perdido antes que seja tarde demais.
Sim. Fácil.
Para ajudar, Titus está cansado de seguir as regras dos outros.
Império Mershano
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SOBRE J.R. THORN