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Psicologia Jurídica e Família

Mediação

“Ao encontrar defeitos no outro,


começamos a erigir um muro entre nós. Ao culpar
alguém, me posiciono como alguém que sabe
tudo e que é totalmente íntegro e você como um
ser que está sujeito ao meu julgamento. Você é
objeto de desdém, sujeito à correção, ao passo
que eu permaneço digno de elogios e poderoso”
(Gergen, 1999, p. 35).
A qualidade central da mediação é reorientar as partes ao
encontro uma da outra, não pela imposição de regras, mas
ajudando-as a atingir um novo entendimento de sua relação.
Esse entendimento comum redirecionará suas atitudes e
disposições, levando uma ao encontro da outra (Lon Fuller).
Etimologia
 Do latim mediatione, que significa
“intercessão, intermédio (. . .) intervenção
com que se busca produzir um acordo”

 Derivado do verbo latino mediare – de


mediar, intervir, colocar-se no meio”
E o que é a mediação?
• A mediação de conflitos é uma técnica de solução de disputas na qual os
contendores recebem a intervenção de um terceiro imparcial e qualificado,
o mediador.

• Esse facilitador os auxilia a chegar a soluções criativas e alternativas para o


conflito, nas quais ambos ganhem (lógica do ganha-ganha, em oposição à do
perde-ganha,)

• Ou seja, na mediação, a decisão não é imposta, e esse é um de seus


aspectos significativos, além de diferencial: não será uma terceira pessoa
quem trará a solução – como ocorre na justiça estatal e na arbitragem, e,
algumas vezes, na própria conciliação – mas as próprias partes envolvidas,
com auxilio de alguém capacitado a facilitar diálogos.
Conselho Nacional de Instituições de Mediação e
Arbitragem (CONIMA)
 Define a conciliação como processo “não-
adversarial e voluntário” de resolução de
controvérsias no qual se busca obter
solução consensual por intermédio de
participação diretiva e avaliadora do
conciliador, que opina quanto ao mérito e
propõe soluções (Azevedo, 2004).
 Müller (2005b) considera o método não
adversarial de resolução de conflitos,
como “desobstrução da
comunicação entre as partes” e de
que o método “pode proporcionar aos
envolvidos uma re-elaboração de
seus conflitos internos”, além de
“desafogar a justiça estatal e fortalecer a
ordem social” (p.154).
 Video Gabriela Asmar

http://www.youtube.com/watch?v=eij6dTrS
Mwc
Em SC (Costa, Flavia. 2006)
 A mediação é utilizada como método não adversarial de
resolução de conflitos (Ávila, 2001) em Florianópolis,
Balneário Camboriú, Joinville, São José, Dionísio Cerqueira,
Ituporanga, Abelardo Luz, Correia Pinto e Trombudo
Central nos Fóruns de Justiça.

 Também é realizado trabalho de mediação familiar na


Delegacia de Palhoça e nas Casas da Cidadania de Chapecó
e Catanduvas.

 Estão em implantação os serviços de mediação nos Fóruns


de Videira, Mondai, Gaspar e na Casa da Cidadania de
Blumenau.
Onde?
 Delegacias, seguidas por outros locais, que
incluem Presídios e Centros Educacionais
Regionais.
arbitragem
 Segundo Carmona (1993), é uma técnica
para solução de controvérsias relativas a
direitos patrimoniais disponíveis, que
ocorre pela intervenção de um terceiro.
Este terceiro, um árbitro, recebe seus
poderes de uma convenção privada,
decidindo sem a intervenção do Estado;
apesar dessa decisão assumir eficácia de
sentença judicial.
 É, portanto, adverte Müller (2005), uma
forma de justiça privada semelhante à
Justiça Estatal, dado que é um árbitro
quem decide, ou seja, esse procedimento
também erige uma terceira pessoa,
estranha à relação, a dizer “quem tem
razão”.
Conciliação
 objetivar levar os conflitantes a um
entendimento, é distinta da mediação, pois o
conciliador sugere as bases, direciona, e,
em algumas situações, até mesmo, força
um acordo. “O conciliador, na conciliação,
tem atuação mais ativa no mérito da
questão, facilitando, sugerindo soluções,
orientando os interessados, até mesmo
sobre enfoques jurídicos” (Bacellar, 2003,
p. 175).
 “a conciliação é o componente
psicológico da mediação na qual uma
terceira parte busca criar uma atmosfera
de confiança e cooperação que seja
produtiva como negociação” (Moore,
1998).
Medição familiar
• Em geral, nos casos de separação, o
motivo aparente que mantém o litígio
na esfera judicial é, via de regra,
patrimonial, portanto objetivo, e por isso
comportaria uma acomodação satisfatória
para ambas as partes envolvidas.

• Exemplos: diário, cômoda...


 O litígio apresentado consciente e
objetivamente por intermédio do processo
judicial esconde situações dolorosas do
tecido emocional em rompimento.

 Com efeito, aspectos emocionais estão


imbricados naquilo que a lei pretende
tornar prático.

 Exemplos: disputa de poder, casais


complementares.
Portanto...
• São observáveis, nesse procedimento
judicial, relações de poder e submissão,
baseadas na lógica disjuntiva, maniqueísta e
binária do ganhar-perder.

• O que passa a ter relevância, confirmam


Maurique (2001) e Bisol (1999), é a solução
jurídica do litígio, distante da
emocional,conduzindo, na maioria das vezes,
à perpetuação do conflito.
No entendimento de Deutsch, em sua obra A
Resolução do conflito (2004), os conflitos
manifestos e latentes fazem parte do que
ele denomina de conflito deslocado: as
pessoas em embate estão manifestando
outra questão.

Exemplo: marido e esposa discutindo sobre as


contas domésticas na forma de um
“descolamento de um conflito não expresso
sobre relações sexuais” (p. 37).
 O autor explica: o que é experienciado é o
conflito manifesto, já o que está sendo
indiretamente referido é o subjacente.

 O manifesto, genericamente, expressa o


subjacente de maneira simbólica; “a forma
indireta é o modo mais „seguro‟ de falar
sobre conflitos que pareçam voláteis ou
perigosos demais para serem tratados
diretamente” (p. 37).
 O autor refere, ainda, que o conflito
manifesto pode expressar, simplesmente, a
irritabilidade e a tensão que permeia as
relações entre pessoas conflitantes que
decorre de um conflito não solvido e
oculto.
• A experiência de uma separação conjugal,
embora sofrida, pode significar uma
transformação positiva das relações e também
dos envolvidos, ou seja, ser um trampolim para
um salto de possibilidades.

• Nesse entendimento, a mediação de conflitos é


o método de solução de controvérsias que
trabalha na perspectiva de que o conflito ou a
crise possui um potencial transformativo,
como sustentam Bush e Folger (1996).
Etapas da Mediãção
1. Mediador explica o processo
2. Partes falam sobre o conflito que os
levou até à mediação (eles decidem
quem começa)
3. Mediador faz um resumo do que foi
explicado, requerendo às partes que
intervenham caso diga alguma
incorreção (ressaltar as convergências)
4. Diálogo direto, com maior profundidade.
Nessa etapa surgem as maiores
contradições, indefinições, obscuridades
5. início das conclusões. Sem impor
qualquer acordo, o mediador começa a
sintetizar os temas já abordados no
diálogo estabelecido
6. Redação do acordo. Deve ser feito pelas
duas partes, numa linguagem fácil, que
possibilite a compreensão das partes e
que contenha todas as exigências do
acordo estabelecido através da
comunicação.
Conclusão
No procedimento da mediação é estimulado
a visão positiva do conflito.
O conflito é algo natural, transitório e
próprio da natureza humana, necessário
para o aprimoramento das relações.

Desmistifica-se o conflito apenas como litígio,


como disputa, passando-se a compreendê-
lo como momento de transição.

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