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Língua Portuguesa

Fonética e Fonologia
Material Teórico
A Tonicidade e as Transcrições

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Lucilene Fonseca

Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Albert
A Tonicidade e as Transcrições

• A Tonicidade e as Transcrições

··Agora, iniciamos mais uma unidade, cujo objetivo é


estudar a classificação e conceito da tonicidade; as palavras
oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas; e as transcrições
fonéticas e fonológicas.
··Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos
os espaços, materiais e atividades disponibilizadas na unidade.
··Comece seus estudos pela leitura do Conteúdo Teórico. Nele,
você encontrará o material principal de estudos na forma
de texto escrito. Depois, assista à Apresentação Narrada e à
Videoaula, que sintetizam e ampliam conceitos importantes
sobre o tema da unidade

Estudaremos nesta unidade a tonicidade, seu conceito e classificação; as palavras oxítonas,


paroxítonas e proparoxítonas; e as transcrições fonéticas e fonológicas.
É fundamental acessar o link “Materiais Didáticos”, onde encontrará o conteúdo e atividades
desta unidade. Procure sempre interagir com seus colegas e tutor, trocar ideias por meio do
Fórum Dúvidas e Mensagens, disponíveis no Ambiente de Aprendizagem (AVA) - Blackboard
(Bb). Assim, você irá aprofundar seus conhecimentos.

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

Contextualização

Nesta unidade estudamos a tonicidade e as transcrições fonéticas e fonológicas e sua aplicação


em nosso dia a dia.
Você sabia que as transcrições são feitas à luz de um Alfabeto Fonético Internacional (AFI)?
Ele nos é oferecido em uma tabela elaborada em inglês, considerada a língua internacional.
O AFI, ou International Phonetic Alphabet (IPA), foi criado para representar os sons da língua
falada. Ele oferece símbolos que representam características da fala humana: fonemas, tons,
separação de palavras e sílabas e, para representar maiores detalhes como os sons produzidos
por pessoas que têm lábios leporinos, língua presa etc..Nesse alfabeto, há um conjunto de
símbolos adicionais, chamados de extensões.
Esse alfabeto é amplamente utilizado para o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras,
linguistas, professores, tradutores, entre outros.
As letras do AFI são, na sua maioria, advindas do alfabeto grego e romano. Seus símbolos
são divididos em:
1. letras: sons básicos (vogais e consoantes);
2. diacríticos: especificam os sons básicos;
3. suprassegmentais: categorizam a velocidade, o tom e os acentos tônicos.

O AFI passou por diversas adequações desde sua criação no século XVII por Francis Lodwick:
criação e renomeação de símbolos e categorias, entre outros. Vamos observá-lo?
IPA (2005)

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IPA (2005)
IPA chart 2005” por Kwamikagami (talk) 21:28, 2 October 2008 (UTC) - self, after the IPA, Ladefoged, & Maddieson. Originally posted at
en:Image:IPA chart 2005.png. Licenciado sob Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0, via Wikimedia Commons -
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:IPA_chart_2005.png#mediaviewer/Ficheiro:IPA_chart_2005.png

Observou seus detalhes?


Para se familiarizar melhor com o Alfabeto Fonético Internacional você pode acessar e escutar
alguns sons do português no site do Instituto Camões (2008):
http://cvc.instituto-camoes.pt/cpp/acessibilidade/capitulo2_1.html

A Associação Fonética Internacional, criada em 1987, pelo linguista francês Paul Passy,
admite ser difícil adequar e uniformizar seus símbolos aos diversos idiomas, frente às diversas
línguas existentes, cada uma com suas características próprias.

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

O Instituto Camões (2008) reitera


Na grafia de qualquer língua, a relação entre o som e a letra (o símbolo
que representa convencionalmente o som) não é biunívoca, ou seja,
a uma letra não corresponde sempre o mesmo som e um som não é
representado sempre pela mesma letra. Por outro lado, num determinado
alfabeto (como o latino, p.ex. que é o utilizado por muitas línguas como
as românicas e as germânicas) a mesma letra pode corresponder a sons
diferentes em diferentes línguas. Esta variação, decorrente de diversos
factores entre os quais se inclui a relação entre os sons no interior de uma
palavra, levou à criação de alfabetos fonéticos que permitem descrever
de forma não ambígua o contínuo sonoro e possibilitam, a quem não
conheça determinada língua, saber como se pronunciam os sons de uma
palavra quando transcritos foneticamente.
O Alfabeto Fonético é constituído por símbolos que representam os sons
básicos mais frequentes nas línguas do mundo (como as consoantes
[p] ou [f], ou a vogal [a]) e por sinais diacríticos que acrescentam aos
símbolos informação sobre aspectos complementares (como o til, [~],
sobre a vogal para indicar a nasalidade – [õ] – ou o diacrítico [‘] que,
neste texto, precede a sílaba em que está a vogal acentuada – [‘pa]).
Durante esta unidade teremos a oportunidade de aprofundar nossos estudos sobre a
tonicidade e os tipos de transcrição, conhecer com maior profundidade suas particularidades e
aplicações na língua portuguesa.

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A Tonicidade e as Transcrições

Estudamos os sons, que são gerados por meio do aparelho fonador, as vogais, as consoantes,
os encontros vocálicos e consonantais à luz da Fonologia e da Fonética.
Nesta unidade vamos aprofundar nosso conhecimento sobre a tonicidade, as transcrições
fonéticas e fonológicas.
Quando falamos e emitimos sons, alguns soam mais fortes que outros. Isto ocorre porque
algumas sílabas são pronunciadas com mais força que outras. As mais fracas são chamadas
átonas e as mais fortes tônicas. Percebemos a duração do som, a acentuação das vogais quando
elas são pronunciadas de maneira mais alta, com maior volume, o que nos leva a percebê-las
de maneira distinta.
De acordo com Silva (2007: 77) uma sílaba tônica, também chamada de acentuada, é
produzida quando ocorre um pulso torácico reforçado, o jato que sai é mais forte. Ela pode ser
acentuada graficamente, quando a sílaba tônica, a mais forte de uma palavra, é indicada pelos
acentos agudos ou circunflexos. Vejamos alguns exemplos:
- Agudos: café, amável
- Circunflexos: você, vovô

Também temos o acento tônico, chamado prosódico, que indica a sílaba de maior força da
palavra. Vejamos alguns exemplos:
- telefone: a sílaba mais intensa é “ fo”, onde cai o acento tônico.
- casa: a sílaba mais intensa é “ca”, onde cai o acento tônico.

De acordo com Silva (2007: 77) muitos autores optam por acentuar a vogal tônica com um
acento agudo, tal como em [lá].
Em relação à tonicidade nas palavras, temos os acentos das vogais tônicas, os primários,
mais fortes e acentuadas e os secundários, não acentuadas ou átonas, também chamadas
por pretônicas ou postônicas, quando se apresentam completamente isentas de acentos. As
pretônicas vêm antes do acento tônico e as postônicas depois.
Observe abaixo a representação da tonicidade das vogais no português:

- Vogais orais
Representação TBB (Transcrição biunívoca brasileira) entre barras e
representação IPA
(International Phonetic Association) entre colchetes.
Radamés Manosso

http://goo.gl/s1mHn6
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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

- Vogais nasais
Representação TBB (transcrição biunívoca brasileira) entre barras.

Radamés Manosso
http://goo.gl/s1mHn6

Radamés Manosso (2013) nos oferece os quadros acima e afirma:

As vogais brasileiras foram representadas nos quadros acima em posições e


com os símbolos das vogais cardeais do IPA. Não se deve concluir disso que
as vogais brasileiras correspondem exatamente às vogais cardeais. Com esse
artifício, estamos mostrando que nossas vogais estão localizadas no trapézio
vocálico em posições próximas às das vogais cardeais. Um posicionamento
mais rigoroso e uma descrição mais apurada das nossas vogais ainda precisam
ser desenvolvidos pelos foneticistas.

Observe a representação das vogais cardeais do IPA (International Phonetic Association),


quando há duas vogais ocupando o mesmo espaço, quando geram um fonema, demonstrada
no trapézio a seguir:
IPA (2005)

Continuando, para estudarmos a tonicidade, é fundamental conhecermos o conceito de


silaba oferecido por Silva (2008: 76):

Na produção do mecanismo de corrente de ar pulmonar, o ar não é expelido


dos pulmões com uma pressão regular e constante. De fato, os movimentos de
contração e relaxamento dos músculos respiratórios expelem sucessivamente
pequenos jatos de ar. Cada contração e cada jato de ar expelido dos pulmões
constituem a base de uma sílaba. A sílaba é, então, interpretada como um
movimento de força muscular que se intensifica, atingindo um limite máximo,
após o qual ocorrerá a redução progressiva desta força.

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Toda sílaba apresenta um pico, um núcleo, que pode ou não ser acentuado. De acordo com
Cunha (1985: 53), quando pronunciamos uma palavra podemos sentir a divisão das palavras
em pequenos segmentos fônicos de acordo com as vogais pronunciadas.

A cada vogal ou grupo de sons pronunciados numa só expiração damos o nome de sílaba,
que pode ser formada por um tritongo, um ditongo ou uma vogal, acompanhada ou não por consoantes.
Exemplos: uai, eu, é, U-ru-guai, trans-por, a-plau-dir. Quanto a sonoridade a sílaba pode ser:
- aberta, quando termina com uma vogal, como na palavra a-pa-ga-do
- fechada, quando termina por uma consoante, tal como na palavra al-tar

Você sabia que as palavras podem ser classificadas quanto ao número de sílabas?

Neste caso elas podem ser:


- Monossílabas: quando é formada por uma sílaba. Exemplo: mão
- Dissílabas: quando tem duas sílabas. Exemplo: li-vro
- Trissílabas: quando tem três sílabas. Exemplo: Eu-ro-pa
- Polissílabas: quando tem mais que três sílabas. Exemplo: li-ber-da-de

Já estudamos que ao pronunciarmos as palavras, notamos as sílabas tônicas e átonas. Esta


percepção provém da dosagem maior ou menor das qualidades físicas que caracterizam a fala
humana. As palavras, portanto, também podem ser classificadas quanto ao acento tônico.
Quanto à tonicidade as palavras podem ser:

1 – Oxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a última.


Exemplos:
fu-zil co-ra-ção
ba-lão ci-pó
ca-lor

2 – Paroxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a penúltima.


Exemplos:
ca-sa ca-ma
car-ro es-ca-da
li-ber-da-de

3 – Proparoxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima.


Exemplos:
ár-vo-re e-xér-ci-to
o-xí-to-na ma-te-má-ti-ca

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

Observe o quadro a seguir, no qual encontramos as principais regras de acentuação:

Regra Geral Acentuadas Exemplos

- monossílabos tônicos: pá, fé,


Monossílabos -a(s), -e(s), -o(s)
vós, nós

Pará, café, cipó, parabéns,


Oxítonas -a(s), -e(s), -o(s), -em(ens)
também, você

-l, -i(s), -en(s), -on(s), u(s), saudável, júri, tênis, prótons,


-um, -uns, -r, -x, -ã(s), bônus, álbum, caráter, tórax,
Paroxitonas
-ão(s), -ps e ditongo oral órfã, órfãos, bíceps, orquídeas,
seguido ou não de s cáries

Médico, víamos, matemática,


Proparoxitonas Todas
cético, árvore, farmacêutico

Importante observar que os monossílabos átonos não são acentuados e que podem ser
átonos em uma frase e tônicos em outra. Observe o exemplo a seguir:
• Tônico: Você não sabe o que aconteceu com Maria, por quê?
• Átono: Por que você não sabe o que aconteceu com Maria?
Por isso é muito difícil classificar os monossílabos em átonos ou tônicos. Como regra geral,
são átonos os monossílabos que pertencem as classes gramaticais dos artigos (o ,a, os, as);
preposições ( de, em, com, sob); conjunções ( se, e, que), entre outras.

Você sabia que nem todas as línguas use-se acentos como na língua portuguesa?
Estudamos que a palavra falada é constituída de unidades mínimas de sons.
Hora (2009: 11) aponta que na escrita, essas unidades são representadas por
meio de letras, porém nem todas as letras representam um som diferenciado
na língua, por isso não se deve confundir letra com fonemas. Enquanto um é
elemento gráfico, o outro é acústico. Uma mesma letra pode representar sons
diferenciados, a exemplo a letra “s” que, na escrita, pode ter o som de [s] (sela)
ou [z] (casa).

Silva (2007: 77) também ressalta que há línguas chamadas tonais, em que as sílabas se
diferenciam por meio do tom alto, médio e baixo, são os chamados parâmetros melódicos.

Algumas línguas apresentam um sistema tonal, como:


- a tikuna, falada por indígenas brasileiros que habitam o Amazonas;
- Mandarim, falada pelos chineses.

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Na mesma direção, Hora (2009: 28), afirma que
Se, para elencarmos o número de vogais, observamos a sua posição de acordo
com a tonicidade da sílaba na palavra, para as consoantes, vamos considerar a
sua posição na sílaba, levando em conta, para isso, o padrão silábico da língua.
Nossa língua tem um padrão silábico relativamente simples, não permitindo
mais do que duas consoantes nem na posição inicial (ataque) nem na posição
final (coda). Assim, se a consoante ocupa o ataque silábico ou segunda posição
de ataque complexo, ter-se-á um número de consoantes, que, por sua vez, será
alterado se a consoante ocupa a posição de coda.

A coda é a consoante ou consoantes em posição pós-nuclear dentro de uma


sílaba, ou seja, após a vogal nuclear. À coda, conjuntamente com o núcleo,
se denomina rima. Não é totalmente necessária em uma sílaba. O português
brasileiro é uma língua relativamente famosa por autorizar coda silábica para
apenas 3 de seus fonemas, /ʁ ~ ɾ/ (erre), /ʃ ~ s/ (ésse) and ks (xis) — ao absorver
palavras de origem estrangeira necessariamente aparecerá /i/ epêntico, como
McDonald’s que se torna, seguindo o AFI: [ˌmɛkiˈdõnɐwdʒis] no lugar do original
AFI: [ˌmækˈdɔnəɫdz].

Exemplos de codas:
• r em mar • x em fax
• s em rês • z em giz
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coda_(silábica)

Observe a seguir o quadro fonético sonoro consonantal:

Adaptado de IPA (2005).

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

Importante
Chamamos por consoantes vozeadas – as pronunciadas com esforço vocal, ou seja, as pregas vocais
apresentam vibração. São elas: [B, D, G, ʒ, R, , M, ɲ, ŋ, P, V, Z, l, ʎ ]. As desvozeadas, por sua vez,
são as pronunciadas sem esforço vocal, ou seja, as pregas vocais não apresentam vibração. Sendo
elas:[F, K, P, S, T, ʃ.]
Para visualizer o estado da glote vozeada e desvozeada acesse:
http://fonticaarticulatria.blogspot.com.br/2011/05/o-papel-das-pregas-vocais-vozeamento.html

Fundamental para estudiosos das línguas e da linguagem, acessar o quadro acima, das
consoantes. Ele é composto por símbolos do Alfabeto Fonético Internacional (AFI). (Para visualizar
o AFI, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_fonético_internacional#mediaviewer/File:IPA_
chart_2005.png)

Esse alfabeto foi criado para representar características da fala distinguidas por meio da fala,
dos diferentes idiomas, tais como: a tonicidade, as sílabas, separação das palavras, ranger dos
dentes, sons feitos com língua presa, labios leporinos.

Contamos com o AFI completo, oferecido com: letras (que indicam os sons básicos), diacríticos
(que especificam mais os sons básicos) e supra-segmentais (que mostram características essenciais
dos sons da fala, tais como: velocidade, tom e acento tônico).

No AFI as letras são divididas em vogais e consoantes; já os diacríticos e supra-segmentais


são classificados de acordo com: acentuação, entonação, tom, articulação, fonação.

Para melhor compreender e escutar os sons presentes no quadro exposto,, acesse e escute
alguns exemplos, tais como: a[p]a, a[b]a, a[t]a, a[d]a, a[r]a Disponível em: http://www.cefala.
org/fonologia/acustica_consoantes.php

Você Sabia ?
Que houve uma mudança nas regras de acentuação da língua portuguesa, que foi implantado um
“novo acordo ortográfico”?

O Novo Acordo, Ortográfico, que entrou em vigor em 2009, foi um tratado internacional e foi
assinado por representantes oficiais de países como: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990.
No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo número 54, de 18 de abril de
1995. O acordo não afeta a língua falada, apenas a escrita. Elimina as diferenças ortográficas
nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial. Trata-se de um passo importante
para a unificação ortográfica entre estes países.

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Vejamos quais foram as principais mudanças em relação à acentuação na tabela a seguir:

Disponível em: http://www.emdialogo.uff.br/node/4152

]Para darmos continuidade a este estudo, fundamental retomarmos o conceito de Fonética e


Fonologia que, de acordo com o Instituto Camões (2008)

a fonética descreve os aspectos articulatórios e as propriedades físicas de todos os


sons que ocorrem na produção linguística (o nível de superfície, a “face exposta”
de uma língua). A fonologia estuda os sons que têm uma função na língua e que
permitem aos falantes distinguir significados.

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os sons independentes


das oposições paradigmáticas e combinações sintagmáticas. Observe no esquema:
1. Oposições paradigmáticas: aquelas cuja presença ou ausência implica em
mudança de sentido. Exemplos:
/p/ata /b/ata /m/ata
Oclusiva Oclusiva Oclusiva
Bilabial Bilabial Bilabial
Surda Sonora Surda
Oral Oral Nasal

2. Combinações Sintagmáticas: arranjos e disposições lineares no contínuo


sonoro. Troca na posição dos fonemas entre si. Exemplos: Roma, amor, mora, ramo
Disponível em: http://www.infoescola.com/portugues/distincao-entre-fonetica-
e-fonologia/

Sob o ponto de vista fonético, para estudarmos as línguas, é necessário realizar suas
transcrições. De acordo com a professora Valdenice Souza & Jennife Farias (2013),
Transcrever é fazer corresponder termo a termo as unidades discretas da língua
ou da fala e as unidades gráficas. Baseado nessa concepção, esse trabalho tem
como principal objetivo observar as idiossincrasias presentes na fala de pessoas
de diferentes regiões, que possuem escolaridade ou não, procurando descrevê-
las a partir de um contexto de fala espontânea, através das transcrições fonéticas
e fonológicas, observando também os vocábulos fonológicos bem como as
características pessoais do falante entrevistado.

Para fazer transcrições os linguistas recorrem ao Quadro Fonético Internacional. Nele


podemos observar o Alfabeto Fonético Internacional em que, para cada fone, unidade mínima
para a análise fonética, há um símbolo fonético específico. De acordo com Hora (2009: 11) em
um item lexical como “poda”, temos quatro fones, quatro fonemas e quatro letras, cada um
representada com seus próprios símbolos.

De acordo com Trask (2004: 297)


Numa transcrição fonética, o objetivo é registrar os sons físicos e objetivamente
reais da fala tão detalhadamente quanto o exige o objetivo que se tem em
vista, e duas transcrições diferentes do mesmo enunciado podem diferir na
quantidade de detalhes que incluem.

Nesta direção, de acordo com Hora (2009: 10), há dois tipos de transcrição fonética: um mais
amplo e um mais restrito. Em geral, a mais ampla, a fonêmica, é o tipo de transcrição que mais
utilizamos no dia a dia da sala de aula ou em pesquisas de caráter dialetal. Interessante ressaltar
que ambas transcrições utilizam o Alfabeto Fonético Internacional (AFI).
Atenção! Nas transcrições fonêmicas, também chamadas por fonológicas, os fonemas são
apresentados entre barras transversais, oblíquas: / / e nas transcrições fonéticas, os sinais
fonéticos são apresentados entre colchetes: [ ].

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É chamada por fonêmica a área da linguística que busca estabelecer as relações entre
fonemas e alofones. Inicialmente ela propõe um método para converter a fala em sistemas
de escrita.

Você Sabia ?
Alofone é cada realização de um fonema. Como o fone é a concretização do fonema (este é
entidade abstrata), podemos dizer que os alofones são variações fônicas.
(Disponível em: http://www.paulohernandes.pro.br/glossario/a/alofone.html)

De acordo com Trask (2008: 298), nas transcrições não há transcrição dos sons físicos, há
transcrição dos fonemas da língua, das unidades sonoras básicas da língua que se está ouvindo
e, por este motivo, deve-se recorrer ao Quadro Fonêmico da língua estudada, que muda de
língua para língua, de acordo com suas características próprias. Para fazer a transcrição fonêmica
é necessário realizar uma análise fonológica completa da língua, é preciso conhecê-la em detalhes.
Vamos ler o texto a seguir? Trata-se de um exemplo dessas transcrições, oferecido pela
professoras Valdenice Souza & Jennife Farias (2013):
Olha, eu não tive infância lá, eu me casei muito nova né, com dezessete anos,
aí vim para o, para o… para lá para o Ganhoão onde meu marido morou e lá
eu tive meus filhos, mas não tive infância, infância nenhuma, infância não tive.
Depois que eu vim me embora para cá só mesmo para ter filhos, trabalhar e não
tive infância, não estudei.

Agora, observe a seguir as transcrições desse texto:

Disponível em: http://linguaemacao.files.wordpress.com/2013/06/imagem11.png

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

Observe os seguintes exemplos de transcrição feitas por meio do AFI:


- “porta”:
1. /pɔɾtɐ/
2. [pɔːhtɐ], [pɔːɹtɐ] e [pɔːɾtə̆]
(Disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_fonético_internacional)
A primeira transcrição identifica os componentes foneticamente relevantes da palavra, não indica
seus sons. Já, na segunda, a transcrição é feita dependendo de como a palavra é pronunciada e
por este motivo é possível especificá-la de acordo com: o sotaque, o dialeto, a maneira que for
falada. Por este motivo as transcrições não fornecem um resultado preciso, absoluto.

Trocando Ideias
Caso deseje visualizar mais alguns exemplos de transcrições fonética e fonêmicas (fonológicas),
acesse alguns exercícios oferecidos pela Universidade Federal de Minas Gerais, no site de Fonética &
Fonologia: http://fonologia.org/arquivos/exercicios_transcricao1_respostas.pdf.
Também pode se familiarizar melhor com estes conceitos assistindo ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=F7gBeWqQpMw

Viu que interessante?


Tudo isto é possível à luz da Fonética e Fonologia e suas aplicações.
Nesta unidade, aprofundamos nosso conhecimento sobre a tonicidade, conhecemos as
transcrições fonéticas e fonológicas.

Bons Estudos!

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Material Complementar

Para complementar sua aprendizagem acerca dos pontos levantados sobre a Tonicidade e
as transcrições, sugerimos:

Acessar:
- Portal da Língua Portuguesa, que oferece alguns recursos linguísticos, tais como o
Acordo ortográfico da língua portuguesa. O recurso central deste site é o Dicionário
Ortográfico do Português (VOP), já adaptado às novas regras ortográficas.
Nele também encontrará instruções de como dividir sílabas. Disponível em:
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=fonetica&page=present

- Fonética & Fonologia – Sonoridade em Artes, Saúde e Tecnologia da Universidade Federal


de Minas Gerais. Trata-se de um site que traz recursos para: mostrar a fala como evento
dinâmico. Oferece acesso a áudios de diversas línguas e sotaques. Disponível em: http://
www.cefala.org/fonologia/index.php

- Assistir, por meio do site de Língua Portuguesa da CESEC Caieiras, três vídeo do You Tube
sobre Sílaba e Tonicidade, disponíveis em: https://sites.google.com/a/ceseccaieiras.com.br/
lingua-portuguesa/silaba-e-tonicidade

Ler os artigos científicos:


- Convergências fonéticas no falar da Paraíba e do Ceará de Maria do Socorro Silva de
Aragão da UFC/UFPB/ALiB. Disponível em: http://www.profala.ufc.br/trabalho8.pdf

- A Monotongação do ditongo oral decrescente [ej] em português de Eduardo Elisalde


Toledo, Comunicação apresentada no III Colóquio do PPG-Letras/UFRGS. Disponível em:
http://www.seer.ufrgs.br/cadernosdoil/article/viewFile/24901/pdf

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Unidade: A Tonicidade e as Transcrições

Referências

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

CUNHA, Celso e LINDLEY, Luís. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

FERREIRA NETO, W. Introdução à fonologia da língua portuguesa. 2.ed. São Paulo: Ed.
Paulistana, 2011.

HORA, Dermeval da. Fonética e Fonologia. João Pessoa: Portal Virtual da UFPB, 2009.
Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/wp-content/uploads/2009/07/Fonetica_e_
Fonologia.pdf

MANOSSO, Radamés. Vogais da língua portuguesa brasileira, 2013. Disponível em:


http://radames.manosso.nom.br/linguagem/gramatica/fonetica/vogais-da-lingua-portuguesa-
brasileira/

MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 9.


ed. São Paulo: Cortez, 2012. v. 1.

SOUZA, Valdenice, FARIAS, Jennife Transcrições fonéticas e fonológicas: prática, 2013.


Disponível em: http://linguaemacao.wordpress.com/category/fonetica-e-fonologia/

Referências bibliográficas (disponível para consulta)


BASILIO, M. Formação e classes de palavras no português do Brasil. 2. ed. São Paulo:
Contexto, 2009. (E-book)

FIORIN, J. L. Introdução à linguística II: princípios de análise. 5. ed. São Paulo:


Contexto, 2010. (E-book)

SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português roteiro de estudos e guia de exercícios.


9. ed. São Paulo: Contexto, 2007. (E-book).

TERRA, E. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 2009. (E-book)

20
Anotações

21
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