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UNIVERSIDADE ANHANGUERA/UNIDERP – POLO TENIR

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

DISCIPLINA: ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO


BRASILEIRA E EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE

TUTORA EAD:

TUTORA PRESENCIAL:

CORUMBÁ, ABRIL DE 2014


1 Introdução
A sexualidade da criança começa no imaginário dos pais, antes mesmo do nascimento.

Atualmente, a mídia veicula campanhas sobre a necessidade de esclarecimento por parte da


escola,

a crianças e adolescentes, sobre as implicações de uma sexualidade exacerbada, cuja


manifestação chega em algumas vezes ao exagero por parte dos mesmos.

Aos profissionais da educação, como um todo, cabe a tarefa de buscar a solução das
dúvidas que seus alunos apresentam e de uma forma clara, sem tentar fugir das respostas
aos questionamentos quando estes são colocados por seus alunos, procurando manter uma
postura informativa de modo a esclarecer e orientar os alunos.

O presente texto procura discutir esse cotidiano, a partir da realização de pesquisa


bibliográfica em tetos, artigos veiculados na internet, cadernos veiculados pelo governo
federal, PCN´s, sem, no entanto apresentar a solução final e imediata para tantos problemas
relacionados ao tema sexualidade, tais como o desenvolvimento do próprio corpo, as
transformações pelas quais passam as crianças quando estão se tornando adolescentes, as
questões da gravidez na adolescência, as doenças sexualmente transmissíveis, as diferentes
formas de representação da sexualidade e, especialmente, procura-se discutir aqui, a
necessidade da interação entre família e escola na busca por soluções nesse campo.

2 Sexualidade na escola: a necessidade de superar tabus


A sexualidade faz parte da vida do ser humano. Isso é ponto passivo. Não há como discutir
tal fato. O cotidiano escolar se depara a todo instante com a exigência de saber lidar com a
sexualidade, não só por meio das atitudes dos alunos, mas também e especialmente através
de sua fala.

O linguajar infantil e adolescente é recheado de expressões dúbias, por vezes repetidas sem
que se conheça de fato o seu significado, por ter ouvido falar em seus grupos de convívios
ou na rua, ou ainda, através de programas de televisão, uma vez que hoje a televisão
funciona como uma babá eletrônica em conjunto com o computador, onde através da
internet, crianças e jovens se deparam todo o tempo com os mais diferenciados sites.

No entanto e, apesar de todas essas ocorrências, falar sobre sexualidade é invadir um


terreno fértil em tabus reticências. Muito se fala em discutir a sexualidade, porém pouco se
discute a sexualidade de fato, dentro das famílias, nas comunidades religiosas ou na escola
e,

[...] Todas essas questões são trazidas pelos alunos para dentro da escola. Cabe a ela
desenvolver ação critica reflexiva e educativa. [...] A oferta, por parte da escola, de um
espaço em que as crianças possam esclarecer sua duvidas e continuar formulando novas
questões que contribui para o alivio das ansiedades que muitas vezes interferem no
aprendizado dos conteúdos escolares “(PCN’s, 1997, v.10)

2.1Iniciativas Governamentais Sobre A sexualidade Nas escolas


Tentando superar essa dicotomia, o Governo Federal instituiu na coletânea Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN’s), criada nos anos de 1990, dos volumes dedicados a
apresentar os chamados temas transversais que são a Pluralidade Cultural, Meio Ambiente,
Saúde e Orientação Sexual e que devem permear todas as disciplinas, uma vez que noções
como “[...]Respeito Mutuo, Justiça, Dialogo e Solidariedade são valores referências no
principio da dignidade do ser humano, um dos fundamentos da Constituição brasileira”.
(PCN’S, 1997, v.8)

Essa iniciativa surgiu quando uma forma de buscar preencher a lacuna na formação dos
profissionais da educação básica, de maneira a oferecer para que tais discussões
aconteçam de fato no cotidiano pedagógico e não apenas quando uma criança ou
adolescente se refere ao colega com palavras consideradas de baixo calão, mas na verdade
são recheadas de conotações sexuais, utilizando termos que ás vezes nem sabe dizer o que
significa, falando apenas por que ouviu alguém falar.

Fica claro que é necessário que se tome uma atitude no sentido de buscar formas de
trabalhar com tais questões junto às crianças e adolescentes e, fica claro ainda o fato de que
a escola não muda a sociedade, mas pode, partilhando esse projeto com segmentos sociais
que assumem os princípios democráticos, articulando-se a eles, constituir-se não apenas
com espaços de reprodução mas também como espaço de transformação (PCN’S, 1997,
v.8).
Ou seja, se a família, se a sociedade não se organizarem na busca de soluções para
problemas que continuam atuais e que estão postos, quais sejam, a iniciação sexual precoce
a gravidez na adolescência, o contagio por doenças sexualmente transmissíveis, não é a
escola que vai conseguir resolver tal situação por si só.

De acordo com Nachard (2010), essa iniciativa, a da busca de informação e formas de ação
de como lidar com assuntos que dizem respeito da sexualidade na escola, surge buscado
tentar esclarecer essas práticas.

Demostra ainda, que é preciso alertar para a necessidade real e imediata do acesso à
formação especifica, por parte de todos os profissionais da educação, sem permitir que
alguns fujam de sua responsabilidade, já que compete a todos educadores passar
informações verdadeiras a seus educados. Desta forma estaremos contribuindo para que
crianças e jovens possam desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e
responsabilidade.

No entanto, é preciso considerar que a escola não pode suprir todas as lacunas de
informação com que as crianças ás vezes chegam. A escola não pode e não deve ocupar o
espaço que pertence à família e esta deve ser chamada a reassumir o seu papel.

2.2 O papel da Família Em Relação À Sexualidade


A família tem papel importante com que se preocupar, não sendo possível relegar esse
papel a um segundo plano e, muito menos delegar suas responsabilidades a outras
instituições, tais como Igreja e/ou Escola, que já possuem responsabilidades junto a essa
clientela jovem, mas num outro patamar de atuação.

É extremamente necessário deixar claro que o papel que deve ser efetivamente cumprido
pela escola é o de propiciar uma discussão que “[...]Diferencia-se também da educação
realizada pela família, pois possibilita a discussão de diferentes pontos de vista associado à
sexualidade, sem a imposição de determinados valores sobre outros.” (PCN’s1997,v.8)

Assim, a família precisa ter consciência de que ela deve ser a primeira fonte onde seus
filhos devem buscar informações que só assim chegarão de maneira clara, Nesse caminho
e, ainda de acordo com Nachard, o papel da Escola é abrir espaço para que a pluralidade de
concepções, de valores e crenças sobre sexualidade possa se expressar. O trabalho de
orientação sexual compreende a ação da Escola como complementar á educação dada pela
família. O professor, mesmo sem perceber, transmite valores com relação à sexualidade no
seu trabalho cotidiano, inclusive na forma de responder ou não ás questões mais trazidas
pelos alunos. Afirma-se, portanto, a real necessidade do educador ter acesso à formação
especifica para tratar de sexualidade com crianças e jovens na escola, possibilitando a
construção de uma proposta profissional e consciente o trato desse tema (CEV).
Esse é uma atenção que deve ser dada especialmente na fase adolescente, quando a criança
deixa de ser criança, mas ainda não é adulta e se vê as voltas com um turbilhão de
transformações e a primeira fonte de informação não deve ser uma fonte estranha, externa
ao que a criança ou adolescente encaram no dia-a-dia.

Esse período é recheado de mudanças, marcado por incertezas e, a fuga a esclarecimentos


necessários contribuirá ainda mais para a instalação dessas incertezas, ou na busca por
respostas que não serão tão esclarecedoras quanto seria necessário nessa fase tão difícil e
tão importante na vida de cada um.

[...] A escola ao propiciar informações atualizadas do ponto de vista cientifico e explicitar


os diversos valores associados à sexualidade e aos comportamentos sexuais existentes na
sociedade, possibilita ao aluno desenvolver atitudes coerentes com os valore que ele
próprio elegeu como seus. (PCN’s, 1997, v.10)

No entanto, fica claro que, por mais que a escola seja informativa, que apresente um
programa onde a orientação sexual seja tratada de maneira adequada, a informação
individualizada, atenciosa, voltada especialmente para aquela criança ou jovem que a
solicita, tem toda a possibilidade de ser fornecida dentro de casa, se nessa casa houver
diálogo.

De acordo com o disposto no Programa Agrinho (2008, pelo Estatuto da Criança e do


Adolescente, a adolescência no Brasil, vai dos 13 anos aos 18 anos de idade. A
adolescência é uma atitude sociocultural, durante a fase do desenvolvimento, na qual as
pessoas devem refletir as expectativas do meio em que vivem. Essa fase, é quase sempre,
simultânea à puberdade, que tem um aspecto biológico, caracterizado pelas modificações
visíveis, como crescimento rápido, aumento da massa corporal, desenvolvimento das
mamas e o surgimento das indesejáveis espinhas e de alterações nos odores que o corpo
exala (p.57).

Pode-se perceber, por essas colocações, que nessa fase, a criança se transforma num ser em
constante ebulição, onde qualquer situação adquire uma dimensão por vezes exagerada, e
tal pode ser comprovado através da noção de que ser adolescente não é fácil. É viver numa
fase em que não se é adulto nem criança. É m período de mudança radical no corpo e no
comportamento - como o início do namoro-, até que se atinja a maturidade física e
emocional. Como são naturais aos jovens nessa faixa de idade, eles querem liberdade para
descobrir o mundo e envolvem-se em aventuras na busca de autoafirmação. Mas esse
período exige responsabilidade com relação à sexualidade, movida por um turbilhão de
hormônios, e à escolha das companhias, determinantes na formação da responsabilidade.
Na adolescência, as alterações hormonais também têm grande influência no humor (Idem,
p.57).
Todos que passaram na adolescência e ainda se lembram desse evento devem procurar estar
atentos aos sinais de alerta emitidos pelos adolescentes, para tentar realizar alguma
intervenção quando esta se fizer necessário, especialmente a família, que é o núcleo onde a
criação e/ou o adolescente passa uma boa parte do seu tempo.

3 Considerações Finais:
Concluímos que o século XXI já se encontra em sua segunda década, mas a sexualidade
ainda é tabu. Muito se fala em sexo, mas ainda pouco se orienta de fato. Pouquíssimo se
informa. A sexualidade é um assunto de grande importância na sociedade e que deve ser
debatido dentro e fora de sala de aula.

Prova disso é a presença constante na mídia de notícias envolvendo a criança e o


adolescente às voltas com gravidez indesejada, vítimas de violência sexual, portando
doenças sexualmente transmissíveis.

Está mais do que claro que é preciso uma atuação conjunta de família escola na tentativa de
efetivamente combater essa situação, pois a família não tem conseguido cumprir com seu
papel que é o de educar seus filhos, de transmitir a eles noções sobre sexualidade e
comportamento.

Tal quadro demonstra também que à escola compete sim fazer com que, através dos
profissionais da educação, as informações cheguem de maneira clara e informativa às
crianças e adolescentes.

No entanto e, infelizmente, ainda, há um longo caminho a ser percorrido, especialmente no


que diz respeito à formação específica dos profissionais da educação, que ainda se veem
preso a tabus e deficiências, para que possam efetivamente trabalhar com seus alunos e
apoia-los no que diz respeito a atender às suas dúvidas quando elas se fizerem presentes, de
forma clara, sem subterfúgios e, de uma maneira atualizada, sem estar presos a materiais
meramente didáticos.

4 Referências Bibliográficas
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, ética.
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília; MEC/SEF, 1997.146p.

-----------.Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual.


Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.164p.

-----------Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais- terceiro


e quarto ciclos do Ensino Fundamental. –Brasília: MEC/SEF, 1998.436p.

DST/AIDS. Educação e Saúde. Mudando Atitudes. CNTE. CUT- BRASIL. Internacional


da Educação. Folder. 2011

NACHARD, Leni Mércia. Sexualidade na Escola. Artigo. Disponível em: cev.org.


br/biblioteca/sexualidade_escola. Acesso em 09/11/2011 às 12h45min.

Programa Agrinho: saúde: caderno do professor – Brasília: LK Editora e Comércio de


Bens Editoriais e Autorais Ltda., 2008. 120 p.: il.

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