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Patologia da Próstata

O professor apresentou um breve roteiro do que seria abordado na aula:


1) Próstata normal
2) Hiperplasia prostática benigna – HBP ---------------------------------------------- Página 2
3) As inflamações da próstata (as prostatites) ----------------------------------------- Página 6
4) Câncer de próstata ---------------------------------------------------------------------- Página 7

1.0 Próstata normal


Trata-se de uma glândula presente apenas no sexo masculino, localizada abaixo da bexiga e na
frente do reto.
- seu peso é de 20 gramas
1.1 Localização
- é atravessada pela uretra (que vem carregando a urina da bexiga), recebe os canais que levam
o líquido seminal para a próstata. Dada a localização da próstata e o fato de os cânceres de
próstata ocorrerem com maior frequência na zona periférica, 70% dos canceres de próstata
são detectados no toque retal. No que se refere à hiperplasia prostática benigna e a interação
com as estruturas adjacentes, ocorre então o aumento do volume da próstata que pode duplicar
ou triplicar de tamanho esse aumento acaba dificultando a passagem de urina pela uretra e
assim para o meio externo e traz como consequência a hipertrofia do músculo detrusor da
bexiga (pra tentar vencer essa resistência) e também a retenção de urina na bexiga (já que não tá
saindo). Esse acúmulo pode até reverberar para outras estruturas como ureteres e gerar
complicações  cisitites, ureterites e até pielonefrites.

Pode ser dividida em regiões ou zonas: o professor destaca 3 delas

 Zona central ou periuretral


 Zona de transição: ocorre mais hiperplasias
 Zona periférica: surgem mais os cânceres!
1.2 Função da próstata
Secreta um liquido que se une ao líquido seminal para poder formar o sêmen  Líquido
prostático
É na próstata que ocorre a transformação de testosterona dihidrotestosterona. É inclusive,
responsável pelo controle de crescimento da glândula.

5) Hiperplasia prostática benigna – HBP


É caracterizada por um aumento do volume prostático de forma benigna  hiperplasia. É
afetado o componente glandular e estromal, de forma geral, periuretral.
- Homens >50 anos
-20% <40 anos /50% entre 51 a 60 anos/ 90% 80anos (A prevalência vai aumentando com a
idade)
Etiopatogenia
Decorre de uma influência endócrina: LHtestosterona  DHT (dihidrotestosterona) o DHT
atua na próstata, exclusivamente, estimulando proliferação celular do estroma.
Essa transformação descrita acima acontece pela ação da 5-alfa -redutase (presente nas células
estromais da próstata). Dentre as funções do DHT, podemos destacar a de gerar produção dos
fatores de crescimento do fibroblasto (FGF-7). Este FGF-7 atua então no estroma e gera o
crescimento da próstata. Conforme se avança a idade, ocorre redução da testosterona mas os
níveis de DHT ficam normais, e em razão da redução da testosterona ocorre um aumento
relativo de estrogênio. O DHT é mais potente porque tem mais afinidade pelos receptores
prostáticos e o aumento relativo do estrogênio leva a uma maior produção desses receptores de
DHT no estroma prostático. Essa superexpressão e em resposta ao DHT (proliferação celular da
próstata), ocorre a hiperplasia benigna prostática.
Macroscopia
- glândula aumentada de volume e peso 60 a 100g (5x o seu peso normal)
- Formação de nódulos (ora compactos, ora esponjosos) de onde flui uma secreção brancacenta
- Proliferação de glândulas e estroma  Zonas periuretral e zona de transição – se ele perguntar
assim “ Quais zonas ou regiões sofrem hiperplasia na HBP?” RESPOSTA: ZONAS
PERIURETRAL E DE TRANSIÇÃO.
Histopatologia
- Proliferação benigna do estroma e das glândulas prostáticas
-Revestimento glandular com duas camadas de células (se n tiver duas camadas já virou câncer)
- Projeções digitiformes para dentro do lumen
- Concreções amiláceas (psamomas)

FISIOPATOLOGIA
Crescimento prostático compressão da uretra  efeitos sobre o sistema urinário:
1) Efeito mecânico: Pelo crescimento glandular e compressão extrínseca
2) Efeito funcional: Sobre as fibras musculares estromais
3) Obstrução uretral: a obstrução provoca hipertrofia do detrusor da bexiga e rigidez
vesical. (com tempo essas células da bexiga vão morrendo e sendo substituídas por
tecido conjuntivo e a não resolução do quadro pode provocar falência da bexiga)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

 Sintomas obstrutivos
- Sintomas de esvaziamento:
o Hesitância
o Jato fraco
o Intermitência
o Jato afilado
o Gotejamento terminal
- Sintomas pós miccionais:
o Esvaziamento incompleto
o Gotejamento pós miccional (cueca molhada)
 Sintomas irritativos

- Urgência urinária
- Poláciúria
- Noctúria
- Incontinência de urgência
- Incontinência por transbordamento
AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE COM HBP

 IPSS (International Prostatic Symptom Score)


São 7 perguntas cujo valor de cada uma vai de 0 a 5 pontos. Daí se soma e obtém um valor
indicando a gravidade do caso

 Leve – 0 a 7
 Moderado – 8 a 19
 Graves – 20 a 35
As perguntas do IPSS:

COMPLICAÇÕES DA HBP
1.) Retenção urinária aguda  tem um prognóstico desfavorável e surge e mais ou menos
10 por cento dos pacientes
2.) Infecção urinária e prostatite causada pela retenção urinária residual
3.) Litíase vesical
4.) Falência do detrusor
5.) Insuficiência renal aguda (pós-renal) ou crônica
6.) Hematúria  ocorre a ruptura de vasos submucosos locais
DIAGNÓSTICO

 Por meio da história clínica e o uso do IPSS (descrito anteriormente)


 Toque retal/Palpação digital prostática:
o Analisar as características da próstata
o A consistência dos nódulos (se são elásticos, pensamos em hiperplasias, mas se
forem duros, pensar em câncer)
o Verificar o tônus e sensibilidade do esfíncter
 EAS: analisar se tem piúria (pus na urina, revelado pela presença de piócitos) e
hematúria
 Bioquímica: ureia e creatinina pra avaliar o comprometimento renal
 PSA – ANTÍGENO ESPECÍFICO DA PRÓSTATA- VR em homens >60 anos: <
2,5ng/ml
 USG das vias urinárias
o Olhar a espessura da parede vesical
o Volume e peso da próstata
o Resíduo pós miccional
 Citoscopia  quando se tem incompatibilidade do toque retal e os sintomas
 Estudo urodinâmico p/ afastar doenças neurogênicas
TRATAMENTO DA HIPERPLASIA

 MEV + TTO farmacológico

 Cirúrgico : indicações e procedimentos


RESSECÇÃO TRANSURETRAL DA PRÓSTATA  PADRÃO OURO DAS
INTERVENÇÕES CIRURGICAS!!
3.0) PROSTATITES

 Qualquer condição associada a uma infecção ou inflamação da próstata é uma


prostatite
 Homens adultos
 Incidência aumenta com a idade
 Raro em jovens
Etiologia das prostatites
1.) Bactérias ou outros organismos infectantes que chegam na próstata provenientes da
bexiga, dos rins ou por meio de contato sexual (os uropatógenos, exemplo E.coli).
Portanto o uso de camisinha pode prevenir uma prostatite
2.) Pacientes que tiveram HBP( A hiperplasia) devido o refluxo da urina depois da
micção. Como eu disse lá em cima, a prostatite chega a ser uma complicação da HBP.
CLASSIFICAÇÃO DAS PROSTATITES

 Prostatites bacterianas agudas  PMN


 Prostatites bacterianas crônicas  infiltrado inflamatório crônico (linfócitos e
macrófagos)
 Prostatites não bacterianas  desconhecido, com inflamação crônica também
 Prostatites granulomatosas  pode estar associada a fungos ou não ter causa definida.
Na histopatologia: Inflamação granulomatosa
VIAS DE CONTAMINAÇÃO

 Via ascendente  a urina contaminada reflui para dentro dos ductos prostáticos.
Geralmente acontece após instrumentação da uretra ou bexiga
 Via hematogênica  bactérias chegam na próstata por meio da circulação
 Contaminação direta através do reto, pelos ductos linfáticos
FATORES DE RISCO PARA PROSTATITE

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA PROSTATITE

CANCÊR DE PRÓSTATA
EPIDEMIOLOGIA

 Tirando o câncer de pele, é o câncer mais frequente nos homens, nos dias de hoje.
 Mundial:
- Incidência: primeiro lugar, com 21 por cento dos casos (tirando o câncer de pele)
- mortalidade – segundo lugar (o primeiro é o de pulmão)
 Nacional:
- O mais frequente, tirando a pele
 Local:
- Região Norte: Também, com 2470 casos novos
ETIOLOGIA E PATOGENIA DO CA DE PRÓSTATA
A etiologia é desconhecida, contudo existe uma série de fatores(multifatorial) que contribuem
para o seu surgimento:

 Avanço da idade: quanto mais idoso, maior a probabilidade de CA de próstata (20% aos
50 anos, 70% aos 70...)
 Parentesco (se tem um parente, o risco aumenta em 1x, com dois parentes, aumenta 5x)
 Negros > caucasianos > oriental
 Influências hormonais  A testosterona e DHT aumentam o tamanho do CA (por isso
que nesses casos, são feitos orquidectomias e castração, com intuito de reduzir o
tamanho do câncer)
 Fatores genéticos (mutações no gene BRCA2 aumenta em 20 vezes)
 Mutações adquiridas: gene do fator de transcrição da família ETS  casos mais
agressivos)
 Fatores ambientais: dieta, consumo de muita gordura (fatores protetores : vit D, selênio
e licopeno
 Lesões precursoras: NEOPLASIA PROSTÁTICA INTRAEPITELIAL (PIN)
NOTA: No tópico descrito acima “Lesões precursoras”, o professor destaca que a Hiperplasia
Benigna Prostática NAAAO é um fator de risco, somente a neoplasia prostática intraepitelial.
SINAIS E SINTOMAS

 Nos estágios iniciais é assintomático


 Estágios avançados:
o Micção frequente
o Fluxo urinário fraco ou interrompido
o Vontade de urinar frequentemente à noite nictúria
o Sangue na urina ou no sêmen
o Disfunção erétil
o Dor no quadril, costas, coxas, ombros, ossos (principalmente coluna
vertebral metástase osteoblástica) em casos de disseminados
o Fraquezas ou dormência de MMII

RASTREAMENTO

 Toque retal (exame retal digital) + PSA (antígeno específico da próstata)


 Toque retal – Avaliação:
- Tamanho
- Consistência ( duro, pétrea)
- Superfície
- Limite
- Nódulos
- Sulco mediano
- Dor
 PSA – antígeno específico da próstata
-VR: 2,5 NG/mL para homens com mais de 60 anos
- Serve para avaliação diagnóstica de homens com SS sugestivos de CA de próstata
- avaliação após o tratamento
- monitoramento de homem que teve CA de próstata previamente
O que pode alterar os valores de PSA?

DIAGNÓSTICO
1.) Quadro clínico
2.) Toque retal + PSA SUGEREM O DIAGNÓSTICO
3.) USG, TC, RNM, Cintilografia óssea

1.) Patologia (BIÓPSIAS)


2.) Histopatologia PATOLOGISTAS DETERMINAM O
DIAGNÓSTICO
DEFINITIVO!!

EXAME HISTOPATOLÓGICO
 O material recebido é de uma biópsia sextante  pega dois fragmentos superiores,
dois do meio e dois fragmentos inferiores.  fragmentos apicais, medianos e basais
 Geralmente são de 8 a 12 fragmentos
 Quando recebidos, são processados e analisados no microscópio

exame da próstata em menor aumento, podemos observar que não temos mais glândulas
normais
Proliferação anárquica de adenocarcinoma de próstata
Exame da próstata em maior aumento, podemos observar:
 Só tem uma camada células
 Ausência da camada basal
 Ausência de estroma
 Glândulas pequenas
 Nucléolo exuberante

Exemplo de fragmentos citados anteriormente

O que um patologista deve considerar como critérios diagnósticos


nessa microscopia?
 Arquitetura
- Desarranjo acinar
- Infiltração do estroma
 Citológicos
- Núcleos volumosos e vesiculosos
- Nucléolos proeminentes
- Ausência de células basais
 Outros:
- Secreção intraluminal basofílica e eosinofílica
- Cristaloides
O escore de GLEASON
 Consiste na avaliação histológica do grau de diferenciação do tumor
 Diferenciação glandular
 Padrão de crescimento em relação ao estroma

 Objetivo Determinar o grau de diferenciação é um fator importante para


determinar o prognóstico do paciente e realizar avaliação pré-operatória do
tumor local (determinando o grau e a sua extensão).
 E como que faz esse escore? (princípio)

 EM POUCAS PALAVRAS É SÓ SOMAR OS DOIS PADRÕES MAIS


FREQUENTES ENCONTRADOS NA ANÁLISE (como vai de 1 a 5, o
mínimo do Gleason é dois e o máximo é 10)
 < 6 é bom/ 7 é regular e 8-10 é ruim  PROGNÓSTICO
 Segue abaixo uma descrição menos sucinta, porém mais completa:
o A escala classifica a citoarquitetura tecidual baseado na diferenciação
glandular em 5 graus distintos. Dessa forma, o grau 1 é o mais bem
diferenciado e menos agressivo, possuindo melhor prognóstico, e o grau 5 é o
menos diferenciado e mais agressivo, com pior prognóstico
o Devido à característica multifocal da doença, são encontrados, geralmente,
pelo menos 2 graus distintos na amostra de biópsia, e a soma dos dois
padrões encontrados gera a pontuação final, caracterizando o escore de
Gleason. Se três ou mais padrões diferentes são encontrados na mesma
amostra, utiliza-se os dois padrões mais frequentes (dominante/primário e
subdominante/secundário) para somatório.
o Quando apenas um padrão é encontrado, duplica-se o grau para o escore.
Assim, o Gleason varia de 2 a 10.
TIPOS HISTOLÓGICOS DE CA DE PRÓSTATA

1.) Adenocarcinoma (95% dos casos)  CA de próstata mais frequente


2.) Carcinoma urotelial
3.) Adenocarcinoma mucoso
4.) Carcinoma de células em anel de sinete
5.) Carcinoma de pequenas células
No final ele foi colocando umas imagens microscópicas, macroscópicas e examesde
imagem correspondentes à câncer de próstata:
destacou infiltrado inflamatório

vários nódulos (mais brancos)

direito: HBP/ lado esquerdo: CA de


próstata

Gl anárquicas e n tem como diferenciar


do estroma adenoca. De próstata
n tem nem glândula, o Nucléolo
maceta adenoca..

adenocarcinoma de próstata (back to


back uma gl encostando na outra)

adenocarcinoma de próstata

Invasão perineural ca de próstata


Invasão perineural ca de próstata

adenoca prostático

Metástase de ca prostático tumor osteoblástico


ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA
 Qual é a finalidade?
o Determinar a extensão anatômica
o Determinar o tamanho do tumor
 Como pode ser feito?
o Pode-se realizar uma soma do escore de gleason + PSA sérico,
daí baseado na soma, verificamos:
- Bom = <10
- Regular = 10 a 20
- Ruim = > 20
o TNM (método de estadiamento mais frequente. T de tumor
primário, N de linfonodos regionais e M de metástase)
TRATAMENTO
 Considerar a idade do paciente (acomete muito mais idosos) e o padrão de
evolução do tumor (se é indolente ou mais agressivo).
 Visto que a maioria é de crescimento indolente, pode -se fazer
VIGILÂNCIA ATIVA.
 Podemos fazer abordagem farmacológia ou cirúrgica
 Em casos clinicamente localizados Cirurgia, radioterapia ou simplesmente
vigilância ativa.
 Tratamento de CA de próstata em casos avançados
 Terapia hormonal
 Orquidectomia
 Câncer metastático
 Não se faz cirurgia ou tratamento local
 Radioterapia paliativa pra aliviar a dor e dar qualidade de vida para o
paciente

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