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BOLETIM DE TENDÊNCIA

AGOSTO/2015

MODA

MANUFATURA ENXUTA
Tendência no setor de moda
Criado pela Toyota – empresa japonesa, fabricante de automóveis –, o lean manufacturing está relacionado à men-
talidade enxuta, que consiste em um modelo de gestão baseado na filosofia de oferecer valor ao cliente com baixos
custos, ao identificar e realizar melhorias em processos. Para aumentar a competitividade, diversas empresas do se-
tor têxtil incorporam o lean manufacturing – ou manufatura enxuta –, gerando resultados efetivos. Entre as melhorias
estão a redução de custos, minimização de desperdícios e aumento da produtividade. O Boletim de Tendências deste
mês apresenta o conceito do lean, práticas e ferramentas, e um exemplo de empresa do setor que foi bem sucedida
em sua implantação.

OS CINCO PRINCÍPIOS DO LEAN THINKING1


Valor
QUE NORTEIAM A MANUFATURA ENXUTA Fluxo de valor
O cliente é quem Análise da cadeia
define o valor. As empresas produtiva - da criação do
devem identificar e procurar produto à venda -, e categorização
satisfazê-lo sob um determinado 1 2 dos processos que geram valor e que
preço que aumente os lucros e não geram, mas que são importantes
a qualidade, e reduza custos, para a manutenção dos processos
a partir da melhoria dos e da qualidade; e os que não
processos. 5 geram e que devem ser
3 eliminados.

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Perfeição Fluxo contínuo
Busca pelo Construção de fluxo
aperfeiçoamento contínuo e pela contínuo com os processos
Produção puxada
melhoria de processos que criem restantes, visando a redução do
Inversão do
valor ao cliente. tempo entre eles.
processo produtivo, no qual
as empresas “empurram” produtos
aos consumidores. Na produção
“puxada”, o consumidor puxa o fluxo
de valor, o que impacta na redução
de estoques e na valorização do
produto no mercado.

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Mentalidade Enxuta
Fontes: Lean Thinking (Mentalidade Enxuta), Lean Institute Brasil (2015); e Os 5 Princípios do Lean Thinking (Mentalidade Enxuta), Lean Institute Brasil (2015).

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PRÁTICAS E FERRAMENTAS
da manufatura enxuta
O lean manufacturing está associado a ferramentas e práticas que auxiliam na melhoria de processos, redução
de custos, aumento da qualidade e da competitividade. Entre as principais ferramentas citadas pelo consultor
Francisco Medeiros, da Medeiros Consulting, em entrevista ao Sebrae Inteligência Setorial, estão: Mapeamen-
to do Fluxo de Valor (VSM), 5S, Manutenção Produtiva Total (MPT), Troca Rápida (SMED), layout celular, quali-
dade na fonte (jidoka), sistema puxado (JIT) e outros. Destaque para as ferramentas abaixo:

Value Stream Mapping - VSM

O Mapeamento do fluxo de valor (Value Stream Mapping - VSM) é uma representação visual do fluxo de materiais e de informações, que
contribui para a análise do funcionamento de um sistema de fluxo de valor. Por fluxo de valor, entende-se o conjunto de atividades que
ocorrem da obtenção da matéria-prima até o produto final. O mapeamento auxilia na seleção das ferramentas e técnicas lean que irão
contribuir com a melhoria do processo.

5S

Trata-se de uma ferramenta para organização do local de trabalho, que contribui para tornar o ambiente limpo, eficiente e seguro, de
forma a impactar na produtividade, gestão visual e assegurar o trabalho padronizado. Os 5S significam: Seiri (senso de utilização), Seiton
(senso de ordenação), Seisou (senso de limpeza), Seiketsu (senso de saúde) e Shitsuke (senso de autodisciplina).

Manutenção Produtiva Total (MPT)

MPT trata-se de uma ferramenta que visa eliminar desperdícios, reduzir tempos e custos, mas mantendo a qualidade nas organizações, a
partir dos processos contínuos. O Programa tem na sua essência a ideia principal de eliminar o que faz parte das “seis principais perdas nas
máquinas”: quebras, tempos de set up, perdas de ciclo, paradas curtas, sucata e retrabalho, e perda por instabilidade no início do turno.

Troca rápida (SMED)

O Single-Minute Exchange of Dies (SMED), ou também conhecido por Troca Rápida, consiste em um sistema para reduzir o tempo perdido nas
mudanças de série de fabricação. A redução do custo da manufatura, de estoques, do tempo de trocas são algumas das contribuições do sistema.

Qualidade na fonte (jidoka)

O conceito de Jidoka está relacionado à autonomia dada às máquinas e aos operadores para detectarem condições anormais e inter-
romper o trabalho. Sendo assim, as máquinas possuem condições de detectar problemas, sem a necessidade de um acompanhamento
humano, e os operadores podem parar a linha de produção, sob alguns critérios, no caso de identificar algum problema.

Kanban

O just in time (JIT), comumente chamado de Kanban, é uma ferramenta ENTRE AS VANTAGENS ESTÃO: MAXIMIZAÇÃO
relacionada à produção puxada, no qual se utilizam cartões visuais e DA PRODUÇÃO, ANTECIPAÇÃO DE PRAZOS
quadros com o objetivo de gerar sintonia entre gestão de estoque e DE ENTREGA E REDUÇÃO DE ESTOQUE. NESTE
produção. Para isso, existem dois tipos de cartões. SISTEMA HÁ A GARANTIA DE QUE A PRODUÇÃO
ƒƒ De produção: indica a quantidade de peças e componentes em VAI ACONTECER QUANDO O CLIENTE OU O
linha de produção. PROCESSO SEGUINTE SOLICITAR. O KANBAN
ƒƒ De movimentação: indica a movimentação das peças na PODE SER IMPRESSO, OU MESMO ON-LINE,
cadeia produtiva, como da empresa e seu fornecedor. COMO O KANBAN FLOW.
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Layout celular

O layout celular consiste em um arranjo racional do espaço produtivo, de forma a produzir em fluxo contínuo, preferencialmente “uma
peça a cada por vez”. O conceito mais conhecido e aplicado é o modelo celular em “U”, no qual o início do processamento fica próximo ao
produto final. Além de reduzir o espaço utilizado, esse arranjo aumenta a flexibilidade da produção e possibilita que um operador ajude o
outro. Esta otimização do layout deve ser feita pensando no processo, e não na operação. Entre as vantagens de se pensar no layout celular
estão a redução de tarefas repetitivas e de movimentação na produção, e diminuição de casos de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e
Distúrbios Osteo musculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

APLICABILIDADE
no setor de moda

DE ACORDO COM FRANCISCO MEDEIROS, TODAS AS


FERRAMENTAS SÃO APLICÁVEIS A UMA PEQUENA
EMPRESA DO SETOR DE MODA, VARIANDO A
INTENSIDADE DE ACORDO COM O ESTÁGIO ATUAL DO
EMPREENDIMENTO E SUA ESTRATÉGIA.

Como aplicar o lean na empresa? Aplicação do lean em confecções

ƒƒ Estabeleça o objetivo da implantação do lean em Monte células de trabalho com fluxo contínuo, mini-
seu negócio. mizando o tempo de produção e o transporte de ma-
teriais durante o processo.
ƒƒ Selecione algumas pessoas para serem responsá-
veis pela implantação. Produza conforme a demanda do mercado, reduzin-
do a necessidade de estoque de matéria-prima e de
ƒƒ Valorize as pessoas quando os resultados forem
dispêndio de recursos com a compra dos mesmos.
percebidos.
Agrupe os produtos por similaridade ou gênero,
ƒƒ Mapeie o fluxo de valor, identificando as etapas de
como masculino, feminino e infantil, para facilitar.
um produto ou serviço.
Padronize o tempo de produção das peças, consi-
ƒƒ Identifique os focos de desperdícios.
derando a potência das máquinas. Avalie também a
ƒƒ Aplique o conceito em todas as áreas da empresa. quantidade de defeitos gerados na produção.
ƒƒ Priorize as áreas onde ocorrem mais desperdícios. Faça uma boa distribuição de tarefas, considerando o
ƒƒ Compreenda as ferramentas da mentalidade lean. tempo de produção de cada etapa e as atividades dis-
ƒƒ Desenvolva um plano de implantação do lean. poníveis, com o objetivo de aumentar a produtividade.

ƒƒ Implante o lean, consciente de que trará mudanças Escolha fornecedores fisicamente próximos à em-
na cultura organizacional. presa, para diminuir custos com transporte e evitar
problemas de prazo de entrega, por exemplo.

Fontes: SMALLEY, Art, TPM no coração do lean, Lean Institute Brasil (2006); FERRO, José Roberto, Jidoka: aprender para fazer com qualidade no processo, Lean (2007); Como o kanban
pode ajudar sua empresa a reduzir custos, Sobre Administração (2010); Sistema kanban: conceitos e softwares, Citisystems (2012); Lean manufacturing: o jeito japonês de evitar
desperdício na indústria, Kaizen (2012); O que é Kanban?, Indústria hoje (2013); MORAES, Jose Donizetti, Smed colocando o conceito em prática, SlideShare (2013); What is 5S: seiri,
seiton, seiso, seiketsu, shitsuke, Lean Manufacturing Tools (2015); 5S: seiton, seiri, seiso, seiketsu e shitsuke, InfoEscola (2015); O que é 5S, 5S (2015); Lean manufacturing e seus
entrelaçamentos ergonômicos, InfoEscola (2015); Os pilares do lean manufacturing, ECR Consultoria (2015); Perguntas frequentes, Lean Institute Brasil (2015); SMED: Single-Minute
Exchange of Dies, Lean Production (2015); KOSAKA, Gilberto, Jidoka, Lean (2015); XAVIER, Giuliano Vitor, SARMENTO, Sérgio da Silva, Lean production e mapeamento do fluxo de
valor, Techoje (2015); O que é mapeamento do fluxo de valor (MFV)?. LeanTI (2015); Mapeamento do fluxo de valor, Lean Institute Brasil (2015); Lean: manutenção produtiva total o
que é?, Blog da MLG (2015); MEDEIROS, Francisco, Em entrevista para o Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae-RJ.

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EXEMPLO DE LEAN MANUFACTURING
no setor de moda
Empresas do setor de moda estão atentas para a implementação do lean manufacturing. Os benefícios são
diversos, como já citado anteriormente.

Pequenas e grandes empresas de diversas regiões têm implementado o lean manufacturing. De acordo com Francisco Medeiros,
a Cia Hering é um exemplo de grande empresa que aplica o lean em seus processos. Em 2009, o Sebrae/RJ promoveu o Progra-
ma de Alavancagem Tecnológica (PAT) para que um grupo de empresas de confecções aplicassem o just in time na fabricação,
conceito relacionado ao lean manufacturing. Entre as empresas participantes, e que servem como exemplo para os fluminenses,
está a Melodim – que desenvolve produtos para diversas marcas, como Mercatto, Dress to, Maria Filó, Zinzane, entre outros.

LEAN NA CONFECÇÃO DE ROUPAS

No IV Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção, de 2014, foram elencados os principais aspectos


do lean em uma empresa de confecções que tinha problemas que impediam/dificultavam produzir mais,
com menos.

Arranjo físico Balanceamento de linha Localização Ergonomia


Pensar no layout Pensar na distribuição de fornecedores Zelar pela saúde dos
físico contribuiu para de tarefas e tempos de Analisar a localização dos trabalhadores e contribuir
eliminar movimentações execução em cada processo fornecedores impactou em para redução de problemas
desnecessárias, otimizar o possibilitou aumentar a tempos de trânsito, custo de de saúde, além da
transporte interno e organizar produtividade e reduzir transporte e manutenção de padronização de atividades.
o ambiente produtivo. custos. estoques.

Fontes: Confecções fluminenses recebem alavancagem tecnológica, Agência Sebrae de Notícias (2009); BATISTA, S. D., et al, Lean production: aplicação lean thinking numa empresa de
confecções, IV Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção (2014); e Francisco Medeiros, diretor executivo da Medeiros Consulting, em entrevista para o Sebrae Inteligência Setorial.

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RECOMENDADAS

Ter o suporte de um especialista em lean manufacturing em empresas é o primeiro


passo, segundo Francisco Medeiros. O profissional irá desenvolver um diagnóstico
da empresa e compreender desafios e expectativas no mercado em que atua, para
poder sugerir um plano de implementação consistente e realista. Ele deve envolver
capacitação de pessoas e equipes responsáveis pela incorporação da filosofia e
mudar a cultura organizacional através do novo modelo enxuto de gestão;

Compreenda mais sobre o assunto. Acesse sites especializados, como o Lean Institute
Brasil e participe de cursos e capacitações que tratem do lean manufacturing. O
próprio Lean Institute Brasil oferece cursos que exploram o assunto. E diversas outras
instituições oferecem capacitações, como a Firjan, a UERJ, UFF, entre outras;

Participe de eventos sobre lean e se atualize nas novidades. Faça networking, conheça
cases de sucesso e participe de palestras que vão contribuir para entender mais o
assunto. Entre eventos que tratam do lean estão o Lean Summit – que é o maior
encontro do tema no Brasil – e o Congresso Internacional Six Sigma;

Busque o Sebraetec para inovar em seu negócio. Produtividade, inovação e


qualidade são algumas das vertentes trabalhadas pelo programa, que pode
englobar a implantação de lean manufacturing em empresas. Caso necessite de mais
informações, busque a unidade do Sebrae mais próxima.

Gerência de Conhecimento e Competitividade

MODA
Gerente: Cezar Kirszenblatt
Gestor do Programa Sebrae Inteligência Setorial: Marcelo Aguiar
Analista de Inteligência Setorial: Mara Godoy
BOLETIM DE TENDÊNCIA Conteudista: Paula Kaneoya
Especialista: Francisco Medeiros
AGOSTO/2015
Entre em contato com o Sebrae: 0800 570 0800

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