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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
3 HOMEM E NATUREZA............................................................................. 10
7 O POSITIVISMO ....................................................................................... 21
38 CONCEITO DE EDUCAÇÃO................................................................. 83
43 REPRODUÇÃO NA ESCOLA................................................................ 98
Fonte: educacaodialogica.blogspot.com.br
A sociologia é antes de tudo uma ciência. Uma ciência social. Neste sentido
você deve compreender que essa disciplina não pode ser identificada como
simplesmente estudo da sociedade como é comumente definida pelo senso comum.
Deve-se perguntar, portanto: que estudo e para qual sociedade? Significa dizer que
por ser ciência ela possui um método de investigação. Mas antes de saber sobre os
métodos de investigação e o paradigma do conhecimento da sociologia, é necessário
reconhecer o universo histórico do seu surgimento.
Antecedentes históricos
A sociologia é parte integrante das ciências sociais juntamente com a
antropologia e a ciência política. Isto significa que estas três disciplinas têm em comum
tanto o paradigma de sua construção e constituição quanto sua metodologia. A busca
do entendimento sobre a sociedade é possível imaginar, é um exercício que sempre
esteve presente na vida das relações humanas, vimos que mesmo na Grécia, com os
Sofistas, chamados também de pedagogos já se discutiam fatos sociais, políticas e
economia. Pode-se dizer, então, que já existia a sociologia como ciência?
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Fonte: pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br
A sociologia como disciplina científica vai surgir no início do século XIX, como
uma resposta acadêmica para o novo desafio da modernidade: o mundo estava se
tornando cada vez menor e mais integrado, a consciência das pessoas sobre o mundo
estava aumentando e dispersando. Os sociólogos não só esperavam entender o que
mantinha os grupos sociais unidos, mas desenvolver um “antídoto” para a
desintegração social.
O termo sociologia foi criado pelo Francês Auguste Comte, que associou a
palavra sócio do latin socius (associação) e o grego lógus (estudo). Ele pretendia
juntar todos os estudos sobre a humanidade, incluindo história, economia e psicologia.
Dois eventos foram marcantes para o início desta ciência: A revolução Industrial
e a Revolução Francesa.
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2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Fonte: lingua-bocaberta.blogspot.com.br
Divisão de classes
A sociedade se dividiu em Burgueses, os que detinham as fábricas e
controlavam a economia, e os Proletariados, que tinham a força de trabalho.
O capitalismo se fortaleceu quem produzisse mais, estava acima dos outros.
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Fonte: www.cinevest.com.br
Fonte: kdfrases.com
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O sentido do trabalho
Fonte: pt.slideshare.net
9
Fonte: kdfrases.com
Uma sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o
homem evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho.
Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido
ao trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza,
através do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito próprio.
Passa de ser dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.
3 HOMEM E NATUREZA
Fonte: www.umqueddemarx.com.br
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O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação entre
os homens origina-se do trabalho. Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o
homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente humana,
pois assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir um objeto é
necessário ao trabalhador elaborá-lo inicialmente em seu cérebro para só então partir
para a execução. Já as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o
joão-de-barro e sua casa) são meramente intuitivas, daí trabalho ser uma atividade
exclusiva da espécie humana.
Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário
de meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo
por isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital. Ao
contrário de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no
capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo
determinado através de um contrato de trabalho.
Atenção!
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Fonte: slideplayer.com.br
12
A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições
por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas. Além disso,
havia recusado naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do
mundo” o que agrava ainda mais sua situação. Chaplin passa a constar na “lista negra”
de Hollywood durante a perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho
nos EUA insustentável (seus filmes eram proibidos), levando-o a abandonar
definitivamente os EUA em 1952.
Fonte: mansaodocinefilo.blogspot.com.br
Fonte: historiaeciajg.blogspot.com.br
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um monitor controla todos os movimentos dos operários e dita o ritmo de produção a
ser executado.
Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica
presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. Quando
arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar
um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além,
de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o
interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos
demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o
mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina. Quando
assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir uma mesa.
Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades
nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. Quando ele
está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando
está no restaurante trabalhando como garçom e que improvisa um número musical
cômico. Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom,
em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de tarefas
formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, parabenizado
pelo patrão.
A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta.
Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. Na
verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao gestual
do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos
modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu
caso, “semi-falado”. Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de
comer”, do alto-falante em que o patrão se dirige aos funcionários, mas em nenhum
momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina.
Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado,
quando esquece a letra, sua amiga grita a ele: “Cante! Dane-se a letra! ”, e é o que
ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido,
mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história.
Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do trabalho
abstrato sobre o trabalho concreto, ou seja, ao capital não interessa a forma como
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está sendo produzido ou que está sendo produzido, somente importa é que está sendo
criado valor. Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que Carlitos produz, e
certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, não existe qualquer
identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a mercadoria produzida por
ele.
Fonte: www.youtube.com
Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos
ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. Quando eclode a Grande
Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado
à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma bandeira (pretensamente
vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores que fazia uma passeata na rua.
Carlitos é visto como o cidadão comum, não politizado, mas que pelo simples gesto
de buscar devolver a bandeira que tinha caído do caminhão é acusado de líder da
revolta operária. Em outro momento, quando eclode uma greve na fábrica em que
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trabalha, também por acidente é acusado de agressão a um policial que viria reprimir
a greve.
No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição,
miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso? ” Ele responde: “levante a
cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento
contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo.
Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas para
a para produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam
trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho
alienado. Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do personagem
Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o cinema falado
tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os tais “tempos
modernos”. O que representa o tempo da urbanização e do advento dos problemas
sociais.
O que conhecemos hoje como modernidade foi exatamente marcado por
acontecimentos que fundaram e consolidaram o sistema capitalista de produção, ou
seja: a relação capital X trabalho, o trabalho assalariado, a propriedade privada dos
meios de produção, o consumo, o investimento em tecnologia, enfim, fatos
relacionados â revolução científica e industrial.
São as consequências destes acontecimentos sobre a sociedade como
desemprego, desigualdades, injustiças, prostituição, mendicância, etc, que vai fazer
com que Auguste Comte decida por criar a disciplina sociologia.
Sugiro que se você ainda não viu o filme, que veja, ou veja novamente com um
novo olhar a partir do que lido.
Revolução Francesa
A Revolução francesa é o outro evento que junto à Revolução Industrial
representa um marco histórico importante para o surgimento da sociologia.
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direitos, sobretudo na dimensão formal, representada pelo documento produzido e
bastante significativo que é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Usualmente observa esta declaração ser apenas citada sem conhecer a fundo
o seu teor e a sua importância para o que estamos estudando nestas primeiras aulas
que é as consequências dos acontecimentos dos Séculos XVIII e XIX para o
surgimento da sociologia. Na revista Nova Escola é possível encontrar uma reflexão
acerca deste documento, conforme segue abaixo:
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi anunciada ao público
em 26 de agosto de 1789, na França. "Ela está intimamente relacionada com a
Revolução Francesa. Para ter uma ideia da importância que os revolucionários
atribuíam ao tema dos direitos, basta constatar que os deputados passaram cerca de
10 dias reunidos na Assembleia Nacional francesa debatendo os artigos que
compõem o texto da declaração. Isso com o país ainda a ferro e a fogo após a tomada
da Bastilha em 14 de julho do mesmo ano", explica o professor Bruno Konder
Comparato, professor no Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São
Paulo (USP) e da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares.
Havia urgência em divulgar a declaração para legitimar o governo que se
iniciava com o afastamento do rei Luís XVI, que seria decapitado quatro anos depois,
em 21 de janeiro de 1793. "Era preciso fundamentar o exercício do poder, não mais
na suposta ligação dos monarcas com Deus, mas em princípios que justificassem e
guiassem legisladores e governantes", diz o professor.
Direitos civis
A primeira geração de direitos humanos diz respeito à conquista por direitos
individuais e inaugura o marco histórico da sociedade fundada em direitos contra o
privilégio.
Você pode observar que se trata de direitos de primeira geração, ou seja,
direitos civis, que diz respeito ao indivíduo, à pessoa.
A importância desse documento nos dias de hoje é ter sido a primeira
declaração de direitos e fonte de inspiração para outras que vieram posteriormente,
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU
(Organização das Nações Unidas), em 1948. Prova disso é a comparação dos
primeiros artigos de ambas:
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O Artigo 1º da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, como
visto acima, diz: Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As
distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.
Fonte: articulo.mercadolibre.com.ar
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Filósofo do Século XIX, Comte tinha na base na sua filosofia uma visão
evolucionista, ou seja, acredita que a história evolui para o progresso, que a
humanidade caminha para a perfeição. Contudo, como você viu na segunda vídeo
aula o horizonte desta perspectiva era a Europa, demonstrando assim uma visão um
tanto quanto etnocêntrica. E o que é o etnocentrismo?
Fonte: www.escolaeducacao.com
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se aplicaria também aos fenômenos sociais, que deveriam ser reduzidos a leis gerais
como as da física. Para Comte, a análise científica aplicada à sociedade é o cerne da
sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da organização social e política.
7 O POSITIVISMO
Fonte: slideplayer.com.br
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ele há um modo de pensar, o positivo, que tem validade universal, tanto em política
como em astronomia.
Observe:
1- No primeiro estado, o teológico tudo se explica pela ação dos deuses, mitos,
enfim, de forma não científica;
2- No segundo, já começa a curiosidade e a pergunta sobre os fatos;
3- E, por fim, o último estado é aquele em que a explicação acontece. Tem-se
a verdade sobre os fatos, se tem a ciência e seu método.
Nesse sentido a humanidade atravessa várias etapas até atingir a etapa final.
E o que o positivismo faz é descobrir as leis que agem por traz dos fatos e estas
podem ser apreendidas da mesma forma que se apreende o conhecimento de um
evento natural.
A queda de um corpo, por exemplo, pode ser explicada espontaneamente de
forma positiva. Mas a filosofia da observação, da experimentação, da análise e do
determinismo, não podia se fundamentar na explicação autenticamente cientifica
desses poucos fenômenos.
No referido curso de Comte, ele afirma que, em seu conjunto a história é, na
essência, o dever da inteligência humana. Assim, o progresso necessário do espírito
é o aspecto essencial da história da humanidade. Ou seja, o progresso é uma
realidade.
Na dinâmica da sociedade quando se passa de uma etapa para outra ocorre
uma força que move a contradição entre os diferentes elementos da sociedade. As
grandes fases históricas da humanidade são dadas pela forma de pensar; a etapa
final é a do positivismo universal, e a impulsão última do dever e nesse sentido o
positivismo faz a crítica às sínteses provisórias do da teologia e da metafísica.
A história humana é compreendida numa dimensão única. E isto se dá o nome
de visão evolucionista. Ou seja, a evolução vai ocorrer fatalmente e todas as
sociedades passam pelos mesmos caminhos até o progresso.
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Auguste Comte justifica essa diversidade enumerando três fatores de variação:
a raça, o clima e a ação política. Ele interpretou a diversidade das raças atribuindo a
cada uma a predominância de certas disposições. Assim, segundo ele, a raça negra
deveria caracterizar-se, sobretudo, pela propensão à afetividade. As diferentes partes
da humanidade não evoluíram do mesmo modo porque, no ponto de partida, não
tinham os mesmos dons. Mas é evidente que essa diversidade se desenvolve tendo
como pano de fundo uma natureza comum.
8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Fonte: slideplayer.com.br
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Para este autor a sociedade deve ser vista como um organismo e é por isso
que ele é também conhecido como sociólogo organicista. Ou seja, a
sociedade composta por elementos interdependentes formando uma
totalidade.
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Iniciando informando que Comte para o desenvolvimento de suas ideias recebe
influências de filósofos. Vamos a eles: Condercet (1666-1790), que defendia a ideia
de que toda e qualquer ciência da sociedade precisa se identificar com o que ele
chamava de matemática social, isto é, precisa realizar um estudo preciso, rigoroso,
numérico dos fenômenos sociais. Percebe a origem do pensamento de Comte? Veja:
Segundo Condorcet, a ciência estava sendo controlada e submetida aos interesses
de senhores feudais, à aristocracia e ao clero e carecia de objetividade. A intenção
era libertar a ciência de subjetividades e interesses políticos e individuais. Portanto,
de acordo com Condorcet, era necessário tirar o controle das ciências destas classes
para que uma ciência natural pudesse se impor.
Outra influência foi a de Saint-Simon (1760-1852), este o primeiro a usar o
termo positivo na ciência. Então observe que Comte usou o nome sociologia pela
primeira vez, mas não foi o primeiro a usar o termo positivo. Para Saint-Simon, o
raciocínio deveria se basear nos fatos observados e discutidos. “Uma vez que nosso
conhecimento está uniformemente fundado em observações, a direção de nossos
interesses espirituais deve ser entregue ao poder da ciência positiva” (COMTE In:
MESQUIDA, 20001, p.27).
Saint-Simon também defendeu a sociedade industrial, dizendo que o que é
favorável à indústria também o será para o homem. Portanto, acreditava na visão de
progresso trazido pela indústria e a sociedade capitalista.
O século XIX recebe então, a formalização do pensamento positivista. É o
século de surgimento da ciência positiva, a sociologia.
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Desta forma se descobre as leis gerais e diante disso o ser humano pode prever
ações futuras.
9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO
Fonte: slideplayer.com.br
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A sua teoria, embora atualmente bastante contestada pelas teorias críticas da
sociedade, serviu de base para o Funcionalismo, corrente de pensamento bastante
desenvolvida e valorizada no Século XX.
Veja abaixo a influência de Augusto Comte:
10 ENTENDENDO O CONCEITO
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Fonte: www.infoescola.com
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2- São exteriores porque dizem respeito à cultura, ou seja, como o indivíduo
nasce o fato está lá.
3- Gerais porque não diz respeito a um indivíduo apenas, mas a uma
comunidade.
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Quando você viu os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica entendeu
que se trata de um processo de mudança: de sociedade simples para mais complexas.
Você pode perceber como a questão do consenso é tratada pelo autor, a partir da
análise da mudança nas formas de organização social das sociedades "primitivas"
para as sociedades modernas.
Fonte: clicksociologico.blogspot.com.br
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Contudo, na Solidariedade orgânica o que se percebe é a diminuição da
consciência coletiva, e o aumento da fragmentação e do distanciamento típicos das
sociedades capitalistas. A divisão social do trabalho é obtida por outros meios,
espalhada pelos setores econômicos da sociedade, como fábricas, agricultura,
comércio, indústrias. E por que o laço não se rompe? De acordo com Durkheim, a
solidariedade é assegurada pela interdependência dos indivíduos, mantendo, assim,
os laços sociais. O indivíduo escolhe seguir as regras, pois percebe que as mesmas
são boas para ele. O consenso se manifesta na diferenciação dos indivíduos.
Entendeu a noção de consenso, ou seja, há um acordo entre nós de que seguir as
regras e as leis é um bem para o todo, para o coletivo.
Para Durkheim, a existência de valores e laços morais entre as pessoas era
fundamental para a manutenção da harmonia social e da consciência coletiva.
Quando uma sociedade não consegue manter esse estado de harmonia, significa que
a sociedade está ‘doente’. E para isso Durkheim tem o termo: anomia.
Anomia é exatamente quando o consenso se rompe e não há mais
possibilidade de manter a ordem e o respeito às instituições. Anomia, neste caso, seria
o contrário de harmonia.
Pois bem, Augusto Comte e Durkheim são autores expressivos do positivismo
e antes de dar início a mais duas vertentes clássicas da sociologia é importante que
você compreenda a relação entre o positivismo e a educação. Vamos lá?
12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO
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Fonte: multigolb.wordpress.com
13 O POSITIVISMO E A ESCOLA
Fonte: pt.slideshare.net
Observe:
Fonte: slideplayer.com.br
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Reflita:
Hoje é comum a prática da avaliação baseada nestes princípios. A própria
escola em sua prática seleciona, hierarquiza, observa, controla, busca a eficiência e
busca a previsão. É neste sentido que no Módulo II você irá conhecer autores críticos
do positivismo que apresenta uma perspectiva mais voltada para a sociologia
marxista, que se verá nas próximas aulas.
Espera-se que você tenha entendido que esta postura dá uma ênfase nas
ciências exatas em detrimento das humanas, e a sociologia estaria no ápice da
classificação de Comte, que seria: Por meio da fundamentação e classificação das
Ciências (Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia e Sociologia).
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Concluindo pode-se dizer que a necessidade de estabelecer uma relação de
aproximação entre a ciência e a técnica em nome do progresso foi um grande marco
nos primórdios do pensamento social e das políticas de educação que se concretizou
de maneira significativa por gerações. De forma racional e não critica. Se você estiver
atento/a a discussão hoje no Brasil, inclusive com manifestações de intelectuais e
professores, vai observar que tramita uma discussão no congresso nacional que
desautoriza o professor ensinar de forma reflexiva e crítica.
Fonte: twibbon.com.br
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15 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E DA RACIONALIDADE
Fonte: pt.slideshare.net
Fonte: slideplayer.com.br
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O que propõe então Max Weber? A reflexão de Weber não mostra preocupação
com grandes estruturas já montadas. A preocupação deste sociólogo está na ação
social. Ou seja, quem age e como age, o que move a ação dos sujeitos e para onde
estas ações conduzem na prática e como as ações promovem as mudanças no social.
Weber é o autor da burocracia e da razão instrumental. Na sociedade capitalista
a organização ocorre de maneira rotineira e repetitiva, mas administração não é a
questão política, esta é de outra ordem.
Portanto, o pensamento de Weber está entre o corpo administrativo que faz
funcionar a sociedade e a questão política que escapa à administração.
16 AÇÃO SOCIAL
Fonte: slideplayer.com.br
38
É assim que Weber pode ser chamado do teórico da ação e sua teoria, a teoria
da ação.
Teoria da ação
Ação social, a atividade orientada para um objetivo que dá sentido a ação. As
múltiplas linhas de ação são complexas e tecem o social. Cada ação busca uma meta,
ou metas que se cruzam, as ações se cruzam e podem ser ou não significativas uma
para outras.
Este autor, por exemplo, explicou como a ação do protestante levou (indícios
da salvação, está ou não salvo, o protestante se orienta pelo trabalho para a obra no
mundo capaz de mostrar resultados), ao surgimento do espírito do capitalismo. O
modo de comportamento na área religiosa influenciou a área econômica.
Para Weber não existe uma ação que determina a sociedade. O sentido a ação
religiosa concedeu importância à ação econômica. Não é uma relação direta, mas a
questão é o sentido que é dado pela ação. O que isso quer dizer? Você já ouviu falar
no livro clássico de Weber: A ética protestante e o espírito do capitalismo? Ele faz uma
interessante análise de como o comportamento de um destes influencia o outro.
Veja no esquema abaixo:
Fonte: slideplayer.com.br
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A ética protestante é diferente da ética católica. Por isso, na visão weberiana,
o capitalismo no Brasil é chamado por alguns sociólogos de Capitalismo tardio.
A ideia de rede, de ações sociais, e a busca de significados que as ações têm
para o agente, é isso que vai construindo a teia social. Observe novamente o esquema
acima e certifique-se de que entendeu. Se ainda não compreendeu chamo seus
colegas lá no fórum e levanta esta discussão.
Max Weber é o único dos três clássicos (Durkheim e Marx), que considera a
ação individual é um elemento de análise importante, e que responde a questão
fundamental para Weber: o que pode responder pela continuidade da sociedade. A
ação individual não é vista sozinha, isto seria caótico. Como você analisou, ela
aparece numa teia de relações que se cruzam.
Weber traz uma nova reflexão sobre ciência e a sociedade. Vimos que para
Durkheim e Comte a sociedade deve ser estudada de forma objetiva. Weber admite
que a neutralidade/objetividade total é impossível tendo em vista que o próprio
pesquisador está inserido na sociedade. No entanto, a ciência não pode se submeter
a interesses particulares e político. Existe fronteira entre a ciência e a política, rigorosa.
O papel do sociólogo é compreender a sociedade e suas múltiplas
possibilidades de entendimentos.
Para Weber não existe uma causa para um fenômeno social, existe uma
pluricausalidades e estas dadas pela ação social. As ideias condicionam o momento
histórico, e são essenciais para entender o pensamento de Weber.
Vamos fazer uma síntese do que foi visto até aqui. Lembrando que a intenção
aqui é que você entenda a base do pensamento dos clássicos, tendo em vista que o
pedagogo está habilitado para dar aulas de sociologia no ensino médio e estas noções
precisão ser bem compreendidas.
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conceito de ação social. A manifestação do sujeito que deseja uma resposta é feita
em função dessa resposta. Em outras palavras, uma ação social constitui-se como
ação que parte da intenção de seu autor em relação à resposta que deseja de seu
interlocutor.
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Veja abaixo uma sugestão de livro.
Fonte: slideplayer.com.br
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Fonte: slideplayer.com.br
Esta construção do tipo ideal faz parte da metodologia de Weber. Observa que
neste modelo está inserido também o sentido da ação de cada pessoa.
Talvez o mais popular entre os clássicos sejam o alemão Karl Marx e isto se
deve ao fato de terem as suas ideias não só influenciados gerações, mas, sobretudo,
fundou as bases para as lutas dos movimentos sociais, especialmente o movimento
operário, além de fundamentar as grandes revoluções socialistas do século XX, como
a revolução soviética e cubana.
Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br
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No quadro acima é importante que você reconheça a diferença entre o sistema
capitalista e o socialista. Assim, você poderá entender as propostas de Marx e também
todos os movimentos sociais, partido políticos, enfim, todo o movimento que surgir em
torno desta teoria marxista.
Na investigação da relação de Marx com a sociologia, não há como subestimar
a importância do movimento crítico. E esta palavra é chave para você compreender a
influência de Marx, sobretudo na educação. Ele é, digamos o pai do pensamento
crítico.
Este é de fato o autor que inaugurou o pensamento crítico e o que você verá
nesta disciplina é que grandes sociólogos da educação pautaram suas reflexões neste
pensamento.
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As ideias apresentadas no artigo, e que se tornaram uma espécie de resumo
oficial da teoria marxista da história, retomam quase que literalmente o texto do
manuscrito de 1845-1846.
Marx é alemão, crítica que ele fez à racionalidade filosófica o fez declarar:
Neste ponto você já percebe que dos três, Marx é o mais radical, porque a
teoria dele implica numa ação política. Ele não acredita na objetividade nem na
neutralidade. Nada é neutro, somos determinados pela forma como atuamos nas
relações de trabalho, de produção.
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Portanto, alguns meses antes do início da redação de A Ideologia Alemã –,
Marx, que havia muito já não era idealista, ao contestar o caráter passivo, abstrato e
não histórico do materialismo (incluindo o de Feuerbach), destaca que a sensibilidade,
a história e a vida social resultam da atividade prática humana. Não se preocupe com
os conceitos filosóficos até aqui, o mais importante é que você retenha que Marx
criticava uma postura que considera o pensamento o início da reflexão social. Para
ele o pensamento nasce na prática, ou seja: Não somos o que pensamos, mas
pensamos do jeito que somos, que produzimos e nos inserimos enquanto uma classe
social.
Um ponto decisivo da divergência de Marx ante Feuerbach consiste na
determinação do conceito de “alienação”. Esta palavra se tornou popular hoje em dia,
embora o seu sentido muitas vezes tenha se perdido.
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mais no mundo das ideias, mas no mundo das condições concretas, materiais, no
mundo do trabalho e de suas relações que onde ocorre o processo de produção e
reprodução humana.
A estratégia de Marx e Engels para submeter à crítica os jovens hegelianos,
evitando o risco de recair no jogo especular de uma crítica da “filosofia crítica”, passa
pela remodelação do conceito de “ideologia” – concebido como um descompasso
entre o que os indivíduos, grupos e sociedades imaginam ser e o que efetivamente
são. Você sabe o que é ideologia?
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sociologia marxista, numa exposição concisa das coordenadas econômicas, sociais,
políticas e culturais do mundo moderno.
Marx atravessou o sem tempo e fez uma crítica denuncia a um sistema que
para ele levaria o ser humano à uma destruição. A saída? A Revolução, ou seja, a
construção de uma nova sociedade sob as bases de outra estrutura. A socialista.
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21 A LUTA DE CLASSES
Fonte: www.cartamaior.com.br
Diante de tudo o que você leu até agora já deve estar compreendendo o que é
a luta de classes e que classes são estas. A burguesia e o proletariado, ou seja, o
dono dos meios de produção e o dono da força de trabalho.
Marx tomou como pressuposto no Manifesto apenas um esquema mínimo, a
tese de que “a história de todas as sociedades até o presente é a história das lutas de
classes”. Observe que em toda a história esta foi a conclusão a que chegou Marx.
Trata-se, portanto, de trazer para o centro do relato da história humana o conflito, a
“luta ininterrupta, ora dissimulada, ora aberta”, entre oprimidos e opressores.
Em uma comunidade primitiva ou indígena não existe Estado, nem trabalho
assalariado e, acima de tudo não existe propriedade privada, que é o núcleo da crítica
de Marx ao capitalismo.
Apesar do tom panfletário, inerente a seus objetivos práticos, políticos e
pedagógicos (afinal foi lendo o Manifesto que as lideranças criaram os partidos), o
Manifesto mantém a postura crítica em relação à filosofia da história de A Ideologia
Alemã, como você viu acima. Em lugar de estabelecer uma teleologia para o
desenvolvimento geral da espécie humana, Marx, fez uma análise em conjunto do
destino da humanidade e do moderno, apenas aponta duas tendências, extraídas da
observação do passado histórico, procurando evitar recair na ideia de uma
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necessidade inerente ao espírito ou em alguma forma de determinismo: “uma
reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou uma derrocada comum das
classes em luta”.
Chamo a sua atenção aqui para a palavra chave do conceito no quadro acima:
PROPRIEDADE PRIVADA. Esta é a razão de todo o processo. No momento em que
se instaura a propriedade privada está se instalando o conflito entre as classes. É por
isso que a proposta socialista e, o comunismo, tem na sua base a eliminação da
propriedade privada, os bens não seriam individuais e sim coletivos.
Querido aluno, querida aluna, observe bem que Marx associa o
desenvolvimento histórico-social da burguesia, em especial sua constituição como
força política, a uma série de acontecimentos que marcaram a gênese e os
desdobramentos do mundo moderno. Desse modo, essa classe é apresentada como
o produto de um longo processo, de uma série de revoluções nos meios de produção,
transportes e comunicação, por meio do qual ela se desenvolve, economicamente,
multiplicando seus capitais e, politicamente, empurrando para segundo plano as
demais classes opressoras.
Marx adverte assim que, ainda que as demais classes opressoras não sejam
suprimidas, doravante quem dá as cartas nos rumos do desenvolvimento histórico e
na luta política é a burguesia.
No Manifesto, o mundo burguês é compreendido como uma unidade
contraditória entre fatores dinâmicos e invariância estática. O paradoxo de uma
sociedade que não pode existir sem revolucionar continuamente os instrumentos de
produção e, com eles, o conjunto das relações sociais é próprio do mundo moderno.
Enquanto os antigos modos de produção assentavam-se, à maneira de uma tradição,
na manutenção e conservação de relações fixas e cristalizadas, a sociedade burguesa
se reproduz, mantendo-se idêntica somente ao preço de uma contínua transformação
que, acarretando a obsolescência e uma incessante destruição de toda a estrutura de
produção existente em determinado momento, subverte inclusive o cenário histórico
e político.
51
22 A CRÍTICA AO CAPITALISMO NA ARTE
Fonte: www.youtube.com
Burguesia
(Cazuza)
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
53
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua
A burguesia fede
54
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Fonte: eumarxista.blogspot.com.br
55
Vamos lá: Está se falando que a Revolução Francesa é uma revolução
burguesa e, de fato, foi uma grande transformação, na medida em que acabou com
aquela sociedade dos senhores feudal, dos vassalos e suseranos e instaurou-se a
sociedade capitalista, de trabalho assalariado.
Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br
56
Fonte: slideplayer.com.br
57
A frase “exploração metódica dos antigos mercados”, outra vertente da
expansão capitalista, fala da reformulação dos meios e das formas de produção, o que
abrange desde a tecnologia empregada na produção até as formas de manejo da mão
de obra no interior do processo produtivo. Esse processo, no entanto, não pode ser
levado adiante sem a derrubada de obstáculos (jurídicos, culturais etc.) e sem uma
intensificação da padronização específica da economia capitalista sobre as demais
esferas do mundo social.
Fonte: pt.slideshare.net
58
No livro O Manifesto Comunista, Marx determina, de modo genérico, o
proletariado como aqueles que “só subsistem enquanto encontram trabalho e só
encontram trabalho enquanto seu trabalho aumenta o capital”. Esse modo de
compreender a inserção social do proletariado destaca a submissão do mundo do
trabalho à lógica econômica do mercado: os “operários, que têm de vender- se um a
um, são mercadorias como qualquer outro artigo de comércio e, por isso, igualmente
expostos às vicissitudes da concorrência e às oscilações do mercado”. “A clássica
frase: ‘trabalhadores de todos os países, une-vos” retrata a proposta de Marx de
libertação. A liberdade só é possível coma revolução e a tomada do poder pelo
proletariado.
A dinâmica da expansão, própria do capitalismo, afeta o proletariado no âmago
da sua inserção (e integração) social, como força de trabalho, consolidando-se como
um dos principais obstáculos à sua organização e formação política. Esse processo
foi destacado por Marx como uma forma de reificação típica da situação do trabalho
no capitalismo. E você já sabe o que significa a palavra reificação.
Primeiro, o trabalhador perde sua autonomia, pela via da expansão da máquina
e pela ampliação da divisão de trabalho no interior do processo de produção,
tornando-se quase um mero acessório da máquina. Mas, sobretudo, ele encontra-se
submetido, no interior da fábrica, ao “despotismo” do capital:
“Eles não apenas são servos da classe burguesa, do Estado burguês;
diariamente e a cada hora eles são escravizados pela máquina, pelo supervisor e,
sobretudo, por cada um dos fabricantes burgueses” (Manifesto, 1848)
Observe que Marx tem uma visão do Estado atrelado aos interesses da
burguesia. O Estado como diz Althusser, um teórico marxista é um aparelho
ideológico. O que significa dizer que longe de atender aos interesses de todos o
Estado existe para manter e proteger a propriedade privada dos meios de produção.
Isto não é difícil de entender. O que você deve fazer é ler estes conceitos não
como uma atitude de alguém que está recebendo um conhecimento, mas numa
59
atitude de reflexão. O objetivo aqui é que você desenvolva a sua autonomia para
pensar junto com Marx, concordando ou não com ele.
Fonte: capitalismoemdesencanto.wordpress.com
60
possibilidade de posicionar-se como agente determinante do destino histórico do
mundo moderno.
61
Assim a nova dinâmica social coloca em cheque as ideais de Marx, no sentido
de que estas conduzirão inevitavelmente à ditadura do proletariado. A generalização
da forma-mercadoria dificulta não só a afirmação do proletariado como sujeito
histórico, mas a própria reflexão acerca dos problemas inscritos no cerne da
sociedade capitalista, uma vez que a reificação, originariamente atuante no mundo do
trabalho, estende-se para todos os setores da sociedade.
Se você ainda não entendeu o que significa o termo reificação, olha com
atenção a citação abaixo.
26 REIFICAÇÃO, O QUE É?
Fonte: slideplayer.com.br
Fonte: jornalggn.com.br
64
como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os
valores e a moral. Lembra-se das aulas anteriores?
O reconhecimento de Durkheim veio com a caracterização do segundo ser:
Fonte: slideplayer.com.br
28 WEBER E A EDUCAÇÃO
Fonte: pt.slideshare.net
66
Estas conclusões não são literais de Weber, o tema da educação nunca foi
exaustivamente desenvolvido pelo autor, como o foi em Durkheim. Todavia, no texto
conhecido como “A religião da China”, quando Weber trata do papel dos letrados ou
mandarins chineses naquela sociedade, encontramos uma explícita menção do
pensador a diferentes tipos ideais de educação. Pode-se apresentar os tipos ideais de
educação de Max Weber da seguinte forma:
Fonte: slideplayer.com.br
67
Educação especializada: Aqui você pode observar o foco no treinamento do
aluno para finalidades específicas, formando os estratos sociais. Atividades úteis à
administração – na organização das autoridades públicas, escritórios, oficinas,
laboratórios industriais, exércitos disciplinados. Para Weber qualquer pessoa pode ser
treinada para qualquer função.
68
30 FLORESTAN FERNANDES
Fonte: www.sohistoria.com.br
Fonte: nossapolitica.net
69
A obra deixada por Florestan é ampla e variada, abrigando estudos sobre temas
diversos. No entanto, seu constante esforço para entender a sociedade brasileira
como um todo – sua formação marcada por conflitos, seu desenvolvimento único e
suas perspectivas futuras – foi caracterizado por uma perspectiva única que
questionava não só a forma de ser da realidade social, como o pensamento
sociológico em si. É por esse motivo que Florestan é considerado o fundador da
Sociologia crítica brasileira.
Você pode compreender pela formação de Florestan Fernandes a sua filiação
à teoria marxista. Este diálogo com os clássicos e, principalmente com o pensamento
marxista, é um tema central nos escritos de Florestan, que procurou revisitar as
principais correntes do passado e do presente, buscando o que existia de mais crítico
em cada uma. A necessidade de interpretar uma sociedade como a brasileira –
complexa e marcada por grandes desigualdades levantava muitos questionamentos
a Sociologia como um todo (uma vez que a disciplina foi forjada principalmente em solo
europeu). Algumas das obras onde Florestan reflete sobre o próprio saber sociológico
são: Fundamentos empíricos da explicação sociológica, Ensaios de sociologia geral
aplicada e A natureza Sociológica.
Outra fonte importante de Florestan foi o legado deixado por pensadores
brasileiros que buscaram interpretar o país elevando a primeiro plano a luta de setores
populares nacionais. Para Florestan, era preciso compreender o país a partir da
perspectiva dos grupos e classes que formavam a maioria do povo. Por isso, durante
alguns anos, dedicou-se a estudar a centralidade da presença dos negros na
sociedade brasileira, sua trajetória de povo escravizado a trabalhador marginalizado.
Sobre as lutas que marcaram o Brasil – desde a resistência ao colonialismo a
conquista de direitos sociais – Florestan pública: A organização social dos
Tupinambás, A integração do negro na sociedade de classes, O negro no mundo dos
brancos e Mudanças sociais no Brasil.
Pelos temas de estudos você já é capaz de ver a filiação teórica.
A transformação social e as possibilidades revolucionárias de um dado tempo
são também um tema recorrente na Sociologia de Florestan. Sobre esse ponto em
específico, destacamos os livros: A sociologia numa era de revolução social, A
revolução burguesa no Brasil e Da guerrilha ao socialismo: a Revolução Cubana.
70
Florestan era um homem de ação, comprometido a compreender e colaborar
com os desafios colocados pela época e pelo local onde vivia: um país periférico
vivendo o pleno ápice de seu processo de urbanização. Para ele, o intelectual não
deveria se esconder por detrás da máscara da neutralidade científica, uma vez que
os movimentos e acontecimentos ao seu redor são grandes fontes que nutrem o
pensamento crítico.
Fonte: pt.slideshare.net
Fonte: basilio.fundaj.gov.br
72
conceito de patrimônio imaterial, conceito este que se concretizou com enorme
sucesso.
Fonte: slideplayer.com.br
73
33 SERGIO BUARQUE DE HOLANDA
Fonte: periferiadainformacao.wordpress.com
Fonte: slideplayer.com.br
74
social e, sobretudo criou um tipo ideal para entender a característica do brasileiro. Mas
o que quer dizer homem cordial? Veremos a seguir.
Fonte: pt.slideshare.net
Significa dizer que o brasileiro age mais pelas emoções do que pela razão. A
forma de solucionar os problemas é ligada a vínculos familiares ou de amizade. Um de
seus principais trabalhos, intitulado “Raízes do Brasil” aborda aspectos centrais da
formação da cultura brasileira e do processo de formação da sociedade, que como
vimos, é a preocupação mais recorrente dos grandes sociólogos do Brasil. Nesta obra,
mais uma vez aparece em lugar de destaque, a importância do legado português no
Brasil e a dinâmica de transferências culturais que se dava entre metrópole e colônia.
75
35 CAIO PRADO JUNIOR
Fonte: sociologiacienciaevida.com.br
76
Fonte: slideplayer.com.br
Fonte: produto.mercadolivre.com.br
Fonte: dougnahistoria.blogspot.com.br
Este é sem dúvida o mais conhecido sociólogo brasileiro. Este é conhecido, foi
o presidente da República do Brasil. É o mais reconhecido sociólogo brasileiro.
Entre suas obras mais divulgadas estão diversos títulos que tratam de política
e governo, no entanto seu trabalho de cunho sociológico dava-se inicialmente na área
voltada para a teoria do desenvolvimento econômico e das relações internacionais.
Foi também um dos ideólogos da corrente desenvolvimentista. Além disso, atualmente
é bastante conhecido por sua atuação em movimentos a favor da descriminalização
das drogas.
Fonte: pt.slideshare.net
79
Esta capacitação básica tem por objetivo contribuir para a sua formação de
pedagogo/a tendo em vista que a legislação o habilita para dar aulas de sociologia no
ensino médio. Sendo assim é muito importante que saiba as bases conceituais desta
ciência social.
37 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Fonte: www.educamundo.com.br
Nas aulas anteriores você conheceu os pontos centrais das teorias sociológicas
dos clássicos Durkheim, Weber e Marx. Que tal pensá-los na relação com a escola?
Não esqueça de registrar no seu caderno de sociologia da educação o
resultado de sua leitura. Não deixe passar nenhum conteúdo sem a sua compreensão.
A qualquer momento pare, reflita, faço conexões, busque exemplo e, peça ajuda. O
ensino à distância oferece um espaço importante de liberdade e autonomia para o
estudo que, se não for bem aproveitado poderá trazer prejuízo para a sua formação.
Então, encorajo você a criar metas e fazer um plano de estudo.
Nestas aulas você irá ter contato com trabalho bastante significativo de autores
que se dedicam à sociologia da educação:
80
Professora Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis, professora Livre
Docente do Departamento de Educação do Instituto de Biociências da
UNESP- Botucatu. Trata-se do artigo A Contribuição da Sociologia da
Educação para a Compreensão da Educação Escolar;
Pierre Bourdieu e a reprodução. Este importante sociólogo apresenta dois
conceitos importantíssimos para entender a escola como reprodutora da
sociedade. Os conceitos são: violência simbólica e capital cultural. Fique
atento/a que você deverá, no final do módulo, compreender e aplicar bem
estes conceitos;
A pedagogia de Paulo Freire. Este é o autor clássico da educação brasileira.
As reflexões freirianas da relação entre escola e sociedade trarão grande
contribuição para a sua formação acadêmica.
Fonte: www.scielo.br
81
A imagem acima tem o objetivo de inspirar a sua leitura e motivar o seu estudo
sempre direcionando a sua atenção na sua formação e, como já podemos concluir, uma
formação que é essencialmente política, tendo em vista os interesses diversos que
são colocados em jogo na complexidade do espaço, tanto da sala de aula quanto da
sociedade global em que estamos todos envolvidos. Portanto, antes de seguir em
frente, observe e registre no seu caderno as reflexões contidas na imagem.
Não se preocupe se encontrar dificuldades no caminho, siga em frente.
Leia com atenção as aulas a partir de agora. Estamos na reta final e o seu
empenho fará uma grande diferença não só aqui, mas em toda a sua vida acadêmica.
Fonte: albertovillas.com.br
38 CONCEITO DE EDUCAÇÃO
Fonte: slideplayer.com.br
83
Para compreender melhor esta definição de educação como um processo
histórico e social de formação humana, tomemos como referencial os escritos de Marx
(1993) no mais importante de seus textos sobre a concepção de homem: “ Manuscritos
Econômicos e Filosóficos”.
Neste livro, Marx desenvolveu uma concepção de homem como ser natural,
universal, social e consciente. Isto é, embora ao nascer, ele conte com uma base
biológica, natural, para se objetivar como gênero humano – para vir a ser humano –
os homens, todos os homens, necessitam de um processo de humanização, que seja
direto e intencional, um processo social e consciente.
A finalidade imediata da educação (muitas vezes não cumprida) é a de tornar
possível um maior grau de consciência, ou seja, de conhecimento, compreensão da
realidade da qual nós, seres humanos, somos parte e na qual atuamos teórica e
praticamente.
Então, se a espécie humana necessita de um processo de humanização,
histórico e social de formação humana – de educação –, a educação tem como
objetivo realizar esta tarefa. Isso implica em um processo de conscientização que
significa conhecer e interpretar a realidade social e atuar sobre ela, construindo-a.
O primeiro processo de socialização, primária, ocorre na família. É neste
ambiente que a criança desde o seu nascimento aprende por meio da interação com
o meio e com a intervenção de um mediador adulto, as primeiras lições de vida. A
noção do certo e do errado, a se comportar, a reconhecer as pessoas, os valores da
família.
No segundo processo, o secundário, que ocorre principalmente na escola, a
criança começa a ter conhecimento do mundo que a envolve e a produção coletiva
que forma a estrutura social do seu ambiente.
84
Fonte: pt.slideshare.net
39 CAMPO DA SOCIOLOGIA.
85
jovens como expressão da organização do processo de formação humana para a
convivência naquelas sociedades que tinham, como tal, características próprias.
Muitos estudos no campo da sociologia – e da antropologia – mostram
diferentes formas sociais de apropriação dos elementos da cultura nessas sociedades
primitivas. Mas, o que temos em comum nesses estudos é o fato de que, mais ou
menos sistematicamente, há um processo educativo expresso na vida social dessas
sociedades.
Nesse sentido, também merece destaque o processo de preparação para o
trabalho a que eram submetidos os jovens aprendizes de ofícios nas sociedades pré-
industriais. A família como principal instituição social responsável pelo processo de
formação humana para convivência naquelas sociedades, em especial, como
instituição responsável pela formação para o trabalho: além da família de origem,
muitos jovens aprendizes eram encaminhados a outras famílias para a aprendizagem
dos ofícios.
Fonte: melhorcomsaude.com
Com esta referência, podemos buscar a tese de que a escola, tal como a
conhecemos hoje, é uma instituição social nova, moderna. E como instituição é a
principal responsável pela formação dos jovens para sua integração ao mundo social
adulto na modernidade.
86
Fonte: soparamaes.wordpress.com
Fonte: blogdaebi.blogspot.com.br
87
Foi a partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, que
o capitalismo se consolidou. Do ponto de vista econômico, tem início um processo
intenso e contínuo de exploração do trabalho em grandes proporções, geração de
lucro e acumulação de capital. Aqui você pode se lembrar também da reflexão do filme
Tempos Modernos, de Chaplin, visto no Módulo I.
Do ponto de vista político e social, a aristocracia perde o poder político para a
burguesia urbano-industrial, surgindo ainda uma outra classe: os trabalhadores (ou
operários). Isso tudo implicou em profundas modificações nas práticas sociais, em
especial, no modo de produção.
Foi a preparação para essas novas relações sociais que modificou também a
organização do processo de formação humana, elegendo a escola como principal
instituição preparatória para a vida social.
Se, desde a antiguidade, temos algumas manifestações de um processo
educativo um pouco mais sistematizado, o qual nos acostumamos a chamar de
escola, somente na modernidade, a escola assume o papel de uma instituição
educativa significativa na sociedade para a organização do processo educativo
socialmente representativo.
Portanto, a escola é uma instituição da sociedade moderna, assim como a sua
correlata: a infância, tal como a entendemos hoje.
De acordo com o “sentimento da infância”, que “corresponde à consciência da
particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança
do adulto, mesmo jovem” (1981, p. 156). Na idade média, a infância se limitava ao
período inicial da vida no qual a criança dependia do constante cuidado do adulto,
mãe ou ama.
88
40 DESCOBERTA DA INFÂNCIA
Fonte: pt.slideshare.net
89
Fonte: slideplayer.com.br
90
Fonte: pt.slideshare.net
91
41 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
Fonte: slideplayer.com.br
92
Fonte: www.inclusive.org.br
93
ESCOLA ESCOLA ESCOLA
REDENTORA REPRODUTORA TRANSFORMADORA
(LUCKESI, 1990).
”
Observe bem como estas funções acima citadas são vistas por Demerval
Saviani. Para este autor a escola vive o antagonismo destas três funções.
Fonte: pt.slideshare.net
94
que ainda gera, analisa a impossibilidade teórica e prática das propostas educativas
denominadas por ele como “teorias não-críticas da educação”.
Fonte: www.egov.ufsc.br
Observe bem como Saviani conceitua as três funções da escola. Tozoni- Reis
(2010) utiliza-se da categoria desigualdade social para analisar a função social da
escola, especialmente para compreender as relações entre educação e sociedade.
Assim a autora pergunta: Diante desta característica definidora da sociedade
capitalista moderna, como sustentar a tese das teorias não críticas de que a educação
escolarizada é um instrumento de equalização social?
Teorias não críticas são aquelas que não consideram a escola na relação com
a sociedade e seus conflitos.
Em outras palavras, como conceber a escola como um instrumento de justiça
social analisada por teorias que não fazem a crítica às relações conflituosas que
existem na sociedade. Percebe?
Neste sentido, “a sociedade é concebida como essencialmente harmoniosa,
tendendo a integração de seus membros” (SAVIANI, 2008).
95
Lembra da teoria de Durkheim, em que a sociedade tende para a harmonia?
Assim, de característica definidora da sociedade capitalista moderna, a desigualdade
social – e, consequentemente, a marginalidade – é concebida como uma distorção
que, pela educação, pode ser superada. Numa perspectiva durkheimiana a
desigualdade social seria uma anomia social.
Assim pensada a escola mostra o caráter “redentor” nas relações entre a
educação e a sociedade: A marginalidade é, pois, um fenômeno acidental que afeta
individualmente um número maior ou menor de seus membros, o que, no entanto,
constitui um desvio, uma distorção que não só pode como deve ser corrigida.
Fonte: pt.slideshare.net
96
Perguntas:
A educação e, particularmente, a escola, como instituição social, define, por si,
a superação da desigualdade social?
A desigualdade social não é uma das mais importantes características –
definidora, fundante – da sociedade capitalista moderna? Nesta questão você
consegue perceber a perspectiva marxista?
Fonte: tempossafados.blogspot.com.br
97
43 REPRODUÇÃO NA ESCOLA
Fonte: praticassocioeducativas.blogspot.com.br
98
Fonte: pt.slideshare.net
Pierre Bourdieu
Destacado sociólogo francês do século XX. Nascido na cidade de Denguin,
França, no dia primeiro de agosto de 1930, era proveniente de uma família campesina.
Sua publicação entre as décadas de 1960 e 1980 o caracteriza como importante
sociólogo do século XX. A repercussão de suas reflexões o leva a lecionar em
importantes universidades do mundo.
Bourdieu faz uma análise das desigualdades escolares e sua relação com a
estrutura das desigualdades sociais, revela o que ele chama de violência simbólica,
ao mostrar como as desigualdades e dificuldades dos alunos podem ser
99
compreendidas a partir da observação da estrutura social em que vivem e, o que é o
mais importante, como a escola contribui para a reprodução destas desigualdades.
No texto, A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura,
o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1966), desenvolve um de seus principais
conceitos teóricos, o capital cultural; através do qual explica o atraso “educacional”
das classes populares. Bourdieu (1966) faz uma crítica vigorosa à função
desempenhada pelas instituições escolares francesas. Salvo às especificidades da
realidade escolar da França, da pesquisa sociológica científica e da época em que
Bourdieu escreve, acredito que, a partir de seu texto, podemos ainda pensar algumas
questões à política e à educação contemporânea no Brasil.
Fonte: pt.slideshare.net
100
44 ESCOLA: DESIGUALDADE LEGÍTIMA?
Fonte: acertodecontas.blog.br
Você pode perceber aqui que o autor chama a atenção para o fato de que a
escola legitima a desigualdade social, na medida em que não questiona as relações
de conflito que estão no seu interior.
Por que a escola não é um fator de mobilidade social? Bom, para o autor, existe
uma série de aspectos culturais que precisam ser levados em conta para explicar a
mobilidade social (aquilo que pode fazer com que uma pessoa saia de uma classe
social inferior para uma superior). Dentre os aspectos das relações sociais que levam
ao êxito escolar e à ascensão social, são perceptíveis algumas formas grosseiras:
a) Recomendações, quer dizer, o famoso “Quem Indica”.
b) Ajuda no trabalho escolar ou ensino suplementar. Pais, familiares e
outros que auxiliam os alunos nas tarefas escolares; e as atividades fora do âmbito
da escola, como cursos de idiomas ou de disciplinas específicas como português e
matemática (famoso Kumon) e de pré-vestibulares, no atual caso brasileiro.
(c) Informação sobre o sistema de ensino e perspectivas profissionais.
Este ponto se refere ao conhecimento detalhado de profissões e de particularidades
de estudos conforme as exigências de uma prova classificatória, como no vestibular ou
ENEM.
101
Porém, nenhuma dessas três formas consegue dar conta da sofisticação
cultural relacionada à classe social do aluno, que podemos enumerar em dois tipos:
1- Transmissão do capital cultural da família
2- Ethos (como proceder) no agir ao capital cultural e à instituição social.
Essas duas heranças culturais que diferem entre as classes sociais são
responsáveis pela diferença inicial das crianças diante da experiência
escolar e pelas suas taxas de êxito. Tento explicar minimamente a seguir
os valores culturais sofisticados captados por Bourdieu, que estão implícitos
na relação familiar – os modos de aprender e de agir, e as expectativas de
futuro.
Fonte: feliperochasociologia.blogspot.com.br
102
utilizando-se de alguns pressupostos marxistas, este autor dá uma ênfase especial ao
aspecto cultural. Ainda assim os alunos de famílias que possuem diplomas iguais,
muitos pouco diferem entre si, mesmo que a renda de uma ou de outra família seja
superior. Isto demonstra que dentro das heranças dois fatores são determinantes para
o êxito escolar: a renda e o “conhecimento” dos familiares.
Fonte: pt.slideshare.net
Mas, acima de tudo, o conhecimento dos membros da família. Este está à frente
da renda. O que significa que o sucesso da criança na escola está diretamente ligado
à cultura. Esta tem um valor maior do que o financeiro, embora geralmente os dois
apareçam atrelados.
103
46 RENDA E CULTURA: ATRIBUTOS FAMILIAR
Fonte: www.marcocontabilidade.com.br
Podemos dizer então que o capital cultural possui uma relação direta com os
atributos familiares (cultura e renda), logo, com a rede sociocultural da qual a criança
participa. A herança cultural deve levar em conta não somente o nível cultural do pai
ou da mãe, mas também o dos demais componentes da família, especialmente, o dos
avós.
As localidades regionais onde se residiu para os estudos na adolescência e na
juventude também precisam ser colocadas nesse cálculo. Pois em determinados
lugares existe uma maior disponibilidade de bens simbólicos, como museus, teatros,
parques culturais, cinemas, instituições escolares de melhor qualidade, centros de
cultura e etc. soma-se a estes dois aspectos o conjunto das características do passado
escolar, como o tipo de curso secundário e o tipo de estabelecimento – se municipal,
estadual, federal ou privado. Você está entendendo? Se não, volte à leitura e faça
reflexão, ou pare um pouco de depois retorne.
Para a pesquisa sociológica sobre as causas do êxito escolar, é necessário
consequentemente, um modelo que leve em conta essas diferentes variáveis – e
também as características demográficas do grupo familiar, como o tamanho da família
– que permita fazer um cálculo muito preciso das esperanças de vida escolar.
É perceptível que Bourdieu atribui um valor muito maior a família do que a
escola. Ele conta que os filhos das classes populares com maior propensão a
104
ingressar na faculdade têm famílias diferentes da média de sua categoria, seja por
seu nível cultural global ou por seu tamanho.
Fonte: wol.jw.org
105
47 A ESCOLHA DO DESTINO E A QUESTÃO DO ETHOS FAMILIAR
Fonte: ambientalistamarcioluiz.blogspot.com.br
106
As condições econômicas e culturais das classes médias também são
diferentes das classes superiores, haja vista que a cada dois alunos das classes
superiores que acessam a faculdade, somente um aluno das classes médias
consegue.
Pare um pouco agora e reflita sobre o seu capital cultural, este que você herdou
da sua família. Que tipo de bagagem você trouxe para a escola? Em que medida o seu
capital cultural ajudou ou dificultou a sua assimilação da cultura da escola?
Fonte: slideplayer.com.br
107
Desta maneira, aponta Bourdieu (p. 50): “o princípio geral que conduz à
superseleção das crianças das classes populares e médias estabelece-se assim: as
crianças dessas classes sócias que, por falta de capital cultural, têm menos
oportunidades que outras de demonstrar um êxito excepcional, devem, contudo,
demonstrar um êxito excepcional para chegar ao ensino secundário”.
Agora que você compreendeu o que significa capital cultural converse com os
seus colegas no fórum ‘do aluno’ e amplie ainda mais o se conhecimento de forma
interativa. Este é um ótimo exercício.
E, agora? Como o capital cultural interfere no processo de aprendizagem?
Fonte: slideplayer.com.br
108
não atentam para as especificidades como as carências de cada pessoa associada a
uma dada classe social.
A escola trata todos “os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato,
como iguais em direitos e deveres, assim, o sistema escolar é levado a dar sua sanção
às desigualdades iniciais diante da cultura”. Pode-se afirmar que a escola nega o
princípio de isonomia da justiça liberal (inclusive), pois não trata particularmente cada
um de maneira adequada às suas necessidades.
Fonte: educaja.com.br
109
[...] “ Além de permitir a elite se justificar de ser o que é, a ‘ideologia do dom’,
chave do sistema escolar e do sistema social, contribui para encerrar os
membros das classes desfavorecidas no destino que a sociedade lhes
assinala, levando-os a perceber como inaptidões naturais o que não é senão
efeito de uma condição inferior, e persuadindo-os de que eles devem o seu
destino social à sua natureza individual e à sua falta de dons. O sucesso
excepcional de alguns indivíduos que escapam ao destino coletivo dá uma
aparência de legitimidade à seleção escolar, e dá crédito ao mito da escola
libertadora junto àqueles próprios indivíduos que ela eliminou, fazendo crer
que o sucesso é uma simples questão de trabalho e de dons” (BOURDIEU,
2007, p. 58-59)
110
49 VIOLÊNCIA SIMBÓLICA
Fonte: www.agendartecultura.com.br
Nas próximas aulas você continuará a ter contato com o conceito de capital
cultural, entretanto, aliado a outro não menos importante conceito de Bourdieu:
violência simbólica.
Fonte: nepfhe-educacaoeviolencia.blogspot.com.br
50 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO
112
escola é fruto de uma sociedade e compreender como esta funciona, quais são suas
características, sua história, sua cultura, é essencial para pensar em uma educação
transformadora, porque mudar a escola significa também operar mudanças no próprio
ambiente escolar.
Fonte: ccfjm.blogspot.com.br
113
51 CAPITAL CULTURAL
Fonte: moraispeterson.blogspot.com.br
114
O pertencimento a um determinado grupo é constituído a partir do capital
cultural que cada indivíduo traz consigo. Quando mais capital cultural é assimilado
maior é o poder e a visibilidade.
Fonte: www.google.com.br
115
52 SOCIOLOGIA NA ESCOLA
Fonte: www.unilab.edu.br
Fonte: alencarcaroline.wordpress.com
116
A partir de Bourdieu, tornou-se praticamente impossível analisar as
desigualdades escolares, simplesmente, como frutos das diferenças naturais entre os
indivíduos.
Se essa Sociologia denunciou o papel de legitimador das desigualdades
sociais, trazemos também para análise a proposta transformadora da escola. Mais do
que uma realidade existente – como a analisada e denunciada pela sociologia
reprodutivista – a educação transformadora consiste em uma proposta que parte do
desafio de construir uma escola que esteja, não a serviço dos grupos dominantes da
sociedade no que diz respeito à preservação dos privilégios, mas comprometida com
a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O ponto de partida da educação transformadora, que tem caráter fortemente
crítico, é a constatação de que a escola não transforma diretamente a sociedade, mas
instrumentaliza os sujeitos que, na prática social, realizam o movimento de
transformação. Isto é, a escola tem a especificidade de, do ponto de vista da formação
humana, garantir a apropriação de elementos da cultura que se transformem, na
prática social, em instrumentos de luta no enfrentamento da desigualdade social. Em
uma perspectiva crítica, que concebe a educação como um processo de
instrumentalização dos sujeitos para a prática social transformadora, Saviani define a
função da escola como sendo a de uma instituição cujo papel consiste na socialização
do saber sistematizado.
Fonte: pt.slideshare.net
117
Isso significa afirmar que a educação escolar tem como principal função
promover a consciência dos educandos para a compreensão e transformação da
realidade.
Sobre a educação transformadora você aluno e aluna não podem deixar de
conhecer mais de perto as grandes contribuições que o educador brasileiro, referência
em todo o mundo, Paulo Freire trouxe para o pensamento educacional. Sugiro que
registre em seu caderno de notas. Compreender Paulo Freire é aproximar da história
de educação brasileira.
Fonte: danielsantosalves.blogspot.com.br
Fonte: www.youtube.com
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar
o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de
alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares.
Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área
de educação.
Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo
Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Retornou ao Brasil no ano de
1979, após a Lei da Anistia
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de
secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um
119
belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África.
Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997
Atualidade de Freire está em colocar o ser humano, aquele que por muito tempo
esteve invisível diante da cultura dominante, como uma categoria central da sua
pedagogia. Se você observar bem verá que a concepção freirianas se insere nas
teorias críticas e pós-críticas, primeiro por denunciar a desumanização e a opressão
como estratégia fundamental para a libertação e transformação social.
Uma Teoria da educação de inspiração freireana necessariamente deverá
contemplar eixos centrais do pensamento de Paulo Freire, quais sejam: o que, como,
para que, para quem, a favor de quem?
Fonte: sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br
120
54 FREIRE E BOURDIEU
Fonte: sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br
121
Freire compartilhou com Giroux a perspectiva de uma pedagogia radical, libertadora.
Para ele, a linguagem da educação é contextual e deve ser compreendida em sua
gênese e desenvolvimento como parte de uma rede mais ampla de tradições históricas
e contemporâneas, de forma que possamos nos tornar autoconscientes dos princípios
e práticas sociais que lhe dão significado.
Tomando a linguagem como prática de significação, Giroux(1997) coloca a
necessidade de se analisar as condições históricas de construção de um discurso.
Henry Giroux nasceu em 18 de setembro de 1943, em Providence, Rhode
Island. Filho de Armand e Alice Giroux. Americano crítico cultural recebeu seu
doutorado em 1977, da Carnegie – Mellon. Henry Giroux ajudou a desenvolver a teoria
crítica sobre currículo, destacando-se como figura importante na teoria da educação
radical, expandido a ideia de uma “Pedagogia de fronteira”. Professor nos E.U.A., um
dos maiores representantes da teoria crítica educacional da atualidade, enquanto
educador aborda questões de importância teórica, política e pedagógica, voltando-se
para áreas que englobam a problemática da cultura popular, assim como nas artes de
um modo geral, porém, sempre em conexão com a questão pedagógica e curricular
Para ele, nenhum projeto teórico está pronto, e cada ensaio tem que ser lido
de novo pela compreensão que pode trazer ao momento presente. Neste sentido,
tomando a educação como prática de significação, o pensamento de Paulo Freire
pode ajudar a escola a contribuir na construção de outras subjetividades,
inconformistas, que pervertam os sentidos impostos pelo capitalismo sob a ótica de
valorar a tudo por sua qualidade de troca.
Sob a perspectiva freireana, a luta por significados é uma luta política,
reafirmando-se, portanto, a urgente politicidade da educação.
Em seu livro A pedagogia da autonomia, Freire (2002), pontua uma questão
que nos interessa de perto e veremos a seguir.
122
Nas palavras de Freire:
Deve-se aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas da
cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos
riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os
riscos que oferecem à saúde das gentes.
Por que não há lixões no coração dos bairros rios e mesmo puramente
remediados dos centros urbanos? Esta pergunta é considerada em si demagógica e
reveladora da má vontade de quem a faz.
É pergunta de subversivo, dizem certos defensores da democracia. Por que não
discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo
conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a
convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida?
Por que não estabelecer uma necessária "intimidade" entre os saberes
curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como
indivíduos?
Fonte: wwwblogdoprofalexandre.blogspot.com.br
123
Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso
dos dominantes elas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste
descaso?
Por que, dirá um educador reaccionariamente pragmático, a escola não tem
nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem que ensinar os conteúdos,
transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos.
Exatamente neste ponto há uma crítica à perspectiva freireana, a de enfatizar
as relações políticas e sociais presentes na construção e elaboração do
conhecimento.
A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação
Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo. Em
meio a uma estrutura social que se constitui como classista e exploratória,
diariamente moldando o pensar dos indivíduos, fazendo-os objeto dócil de
dominação e negando a sua condição de humano, a emancipação político-social
e educacional deve constituir-se como combustível que mova a esperança de
libertação de uma opressão cruel e desumana imposta a uma determinada classe.
Diante disso, a pergunta que deve ser feita, com base em umas práxis
educativa e emancipadora é então, como transformá-la?
Para Paulo Freire, uma educação que tenha como viés a conscientização dos
educandos-educadores, o engajamento político, a denúncia das estruturas
desumanizantes por parte dos oprimidos e a valorização de uma ética universal do
ser humano que em seu bojo está a serviço do status quo vigente, são características
indispensáveis para se ousar tal transformação, ou nas palavras de Paulo Freire ousar
ser mais.
Veja uma dica do mestre para você que irá se tornar um educador:
124
Fonte: images.slideplayer.com.br
125
Esta prática produz um sujeito autônomo que se convence que ensinar não é
transferir conhecimentos mas criar possibilidades para a sua construção. Formação
do indivíduo que é uma característica e função da educação é vista por Freire não
como uma ação que dá forma ou estilo a uma alma ou a um corpo indeciso e
acomodado.
O educador e o educando não são, apesar de suas diferenças, objetos um do
outro. Quem ensina aprende ao ensinar. Por isso é que, do ponto de vista gramatical,
o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto -
alguma coisa - e um objeto indireto - a alguém. Do ponto de vista democrático, em
que o autor declaradamente se situa, na compreensão do homem e da mulher como
seres historicamente inacabados.
56 ENSINAR É TRANSFORMAR
126
Fonte: pensador.uol.com.br
127
Estaria certo então o educador Moacir Gadotti, ao afirmar que “A educação para
a fala, para a formação do orador (no sentido daquele que defende seus direitos),
seria um suicídio para a sociedade opressiva. ” (GADOTTI, FREIRE e GUIMARÃES,
1995, p. 90)
Fonte: www.blogdopedroeloi.com.br
128
57 A SOCIEDADE NA VISÃO DE FREIRE
Como visto a própria dimensão política é tocada tendo em vista que os lugares
são ressignificados. O lugar do professor adquire importância histórica tanto quando
o lugar do aluno e estes promovem um encontro cultural, ou melhor, multicultural em
que aprende-se ensinando e ensina-se aprendendo.
Fonte: enatopr.wordpress.com
130
econômico da consolidação do capitalismo industrial no Brasil, cujo papel da escola
estava voltado para a formação dos sujeitos sociais para esse desenvolvimento. Isso
explica porque o Manifesto trouxe a público da forma mais veemente na história da
educação brasileira a defesa da escola para todos, um dos mais importantes
princípios da educação burguesa. A escola para todos - pública - defendida no
Manifesto em contraponto à escola da Reforma Francisco Campos, era a escola única
(significando igualdade de oportunidades), laica (livre de doutrinas), gratuita (sob a
total responsabilidade do Estado), obrigatória (até 18 anos) e para ambos os sexos.
Fonte: slideplayer.com.br
132
para o conjunto da população. A primeira LDB, a Lei n° 4024/61 – LDBEN – definiu a
construção do Plano Nacional de educação em 1962.
Fonte: sociologiadaeducacaouff.blogspot.com.br
É importante que à medida em que você revê estes conhecimentos você possa
também fazer um link com o pensamento de Bourdieu e Freire, analisando o caráter
neutro da escola, ou crítico. Para isto, veja a citação de Florestan Fernandes, que
você conheceu um pouco no módulo I.
Com a LDB, de 1961 e a criação do Plano Nacional de Educação em 1962, o
investimento financeiro na educação subiu para 12% dos recursos da União, a política
educacional a esse investimento articulada pretendeu enfrentar o grave problema do
analfabetismo, da evasão escolar e do afunilamento do sistema de ensino. A estrutura
criada foi a do ensino primário, ensino médio (ginasial e colegial) e ensino superior.
133
Propunha também a valorização da formação de professores, a implantação do
tempo integral nas 5a e 6a séries (artes industriais).
Essas medidas legais, que consolidaram o ensino público, tomaram ainda mais
importância no início dos anos sessenta, desde 1945, vinha vivendo um período de
redemocratização, acompanhado pelo crescimento econômico do capitalismo
industrial. O papel dos movimentos sociais sempre marcou uma diferença no
pensamento educacional brasileiro.
Muitos destes influenciados pelo pensamento do educador Paulo Freire que
atuava frente aos Círculos de Cultura, com atenção especial à educação de jovens e
adultos, na intenção de discutir a função da educação no sistema de reprodução das
desigualdades e injustiças sociais.
Fonte: resistenciaemarquivo.wordpress.com
134
Nesse momento, as discussões sobre a escola pública deram lugar a propostas
de educação popular vinculadas aos grupos sociais populares. Esses movimentos
tiveram também a participação de um novo setor da Igreja Católica, articulado em
torno da Teologia da Libertação.
Fonte: pt.slideshare.net
135
Fonte: pt.slideshare.net
136
Fonte: slideplayer.com.br
137
59 ESCOLA TECNICISTA
Fonte: pt.slideshare.net
138
Fonte: kdimagens.com
A década de oitenta, com o fim da Ditadura Militar, foi um período muito fecundo
nas discussões sobre a educação e a organização do ensino, em especial, sobre a
escola pública na perspectiva crítica e transformadora. No entanto, essas posições
críticas representavam um setor que, embora tivesse muita penetração entre os
educadores, não se consolidou como hegemônico, conferindo uma linha político-
pedagógica crítica e transformadora na organização do sistema de ensino.
Podemos afirmar que a política oficial se centrava na expansão do ensino e as
forças contra-hegemônicas apontavam duas correntes distintas:
Fonte: slideplayer.com.br
Essa abordagem fez com que a LDB aprovada (cuja organização popular
sofreu um grande golpe no final de sua elaboração) se tornasse um instrumento para
a política educacional marcada pela inclusão-excludente. Os avanços quantitativos
140
necessários na inclusão da população em idade escolar na escola pública, não foram
equivalentes à qualidade necessária.
Temos que, pelo aprofundamento da crise de qualidade na escola pública, uma
enorme parte da população é excluída do processo de apropriação da cultura como
instrumento transformador na prática social.
Entenda o que diz a professora Tozoni-Reis:
A educação escolarizada – a educação na escola –, tanto conceitualmente
quanto na prática social, reflete o caráter contraditório que encontramos na sociedade
capitalista moderna.
Se por um lado, implica na preparação dos sujeitos sociais para esse modo de
produção que tem dimensão social, política, econômica e cultural, caracterizando o
que a Sociologia identificou como um papel reprodutor das desigualdades sociais, por
outro, a educação escolar pode ser considerada como um processo que oferece aos
sujeitos em formação um dos mais fundamentais instrumentos para o enfrentamento
dessas desigualdades.
Esse enfrentamento ocorre quando a escola se organiza de modo a
sistematizar a transmissão crítica e reflexiva do saber elaborado historicamente pela
humanidade.
Isso significa dizer que a escola, como instituição social, tem o papel de garantir
aos sujeitos com oportunidades contraditoriamente desiguais a apropriação de
conhecimentos, a formação de valores sociais e culturais, a preparação para o mundo
do trabalho e para o desenvolvimento da prática social.
141
Fonte: www.ocoracaovermelho.com
Esse é o sentido público da escola pública: servir aos interesses públicos, aos
interesses da maioria da população, embora essa seja uma tarefa contraditória.
Superando o senso comum em relação à escola pública e ao poder estatal,
consideremos o importante papel que o Estado tem na formulação e realização da
escola pública. Assegurar escolas que facultem o acesso a todas as crianças, jovens
e adultos, bem como sua permanência em igualdade de circunstâncias,
independentemente das suas condições históricas, econômicas, políticas e sociais.
142
de saúde, educação, moradia e transporte – além de outros “bens comuns” –, desde
a última década do século XX, têm definido uma escola pública menos pública.
Isso significa uma escola menos democrática, menos inclusiva, pois voltada
principalmente para a certificação e o registro estatístico do sucesso quantitativo, em
detrimento da socialização do saber sistematizado. Nesse sentido, a escola pública
no Brasil, orientada pelas políticas neoliberais, está voltada mais para responder aos
interesses dos grandes grupos políticos e economicamente hegemônicos do que aos
interesses de formação plena do conjunto da população.
Fonte: slideplayer.com.br
PENSANDO NA AVALIAÇÃO
Essa manipulação advém do objetivo de realizar uma avaliação essencialmente
estatística. Com essa avaliação, posterga-se a urgente necessidade de alcançar
níveis de aprendizagem e formação mais consistentes que garantam aos estudantes
os instrumentos indispensáveis ao exercício de uma cidadania ativa.
O investimento de recursos públicos na educação, cujos “gestores” insistem em
se desobrigar do cuidado com a qualidade ao assumir como política pública o ingresso
e a permanência das crianças na escola de ensino fundamental (na medida em que o
ensino médio no Brasil ainda é quantitativamente insuficiente para atender os jovens
e adultos), significa, na prática, uma perda irreparável de dinheiro e uma oportunidade
social mal aproveitada no sentido da formação dos sujeitos.
61 FORMAÇÃO DOCENTE
Fonte: slideplayer.com.br
144
Ao burocratizar o exercício da profissão docente, a formação e ação educativa
dos professores pouco têm a contribuir para a melhoria da qualidade do ensino
público. Essa burocratização provém do investimento em processos de formação e
ação educativa com tendências a transformar os professores e educadores em
profissionais acríticos e simples executores de tarefas pré-estabelecidas.
Esses profissionais perdem sua capacidade crítica e criativa ao trabalharem em
condições de crescente precariedade, desapropriados de direitos trabalhistas
conquistados no difícil processo de democratização da sociedade brasileira.
De impacto muito negativo para a qualidade da escola pública é, também, o
ataque neoliberal em curso contra os profissionais da Educação, docentes e não
docentes, com a supressão de aspectos fundamentais das suas carreiras. Esse
ataque consolida a instabilidade profissional, articulada a uma campanha pública de
desvalorização social da sua imagem (para isso colaboram, por exemplo, as
campanhas de substituição – direta e indireta – da ação docente na escola).
Sugiro neste ponto que você acompanhe as propostas de reforma do Ensino
Médio.
Essa situação colabora também para o aumento da indisciplina e da violência
na escola. Então, se a escola pública no Brasil tem uma trajetória histórica marcada
pela tardia implantação de um sistema nacional de ensino caracterizado, nos
diferentes momentos históricos, como excludente e dual, que “lições” essa história nos
traz? Lembremos que Lombardi, Saviani e Nascimento (2005) identificou na trajetória
histórica da consolidação da escola pública no Brasil três projetos de desenvolvimento
da sociedade brasileira em disputa nos dias atuais:
145
radicalmente diferente daquilo que vinha buscando. Isso significa que
aprofundou ainda mais o ajuste neoliberal da economia globalizada,
consolidando uma perspectiva flexibilizadora da responsabilidade do
Estado em relação às políticas públicas, mesmo se considerarmos as
contradições – cada vez menores – que existem nos espaços de gestão das
políticas públicas deste governo.
Fonte: decifraoudevoro.blogspot.com.br
Fonte: pt.slideshare.net
147
Fonte: pt.slideshare.net
148
63 PARA VOCÊ ENTENDER O QUE SIGNIFICA CAPITAL HUMANO:
Fonte: slideplayer.com.br
149
governamentais, reduzindo os investimentos públicos pelas parceiras público-
privadas.
Fonte: slideplayer.com.br
150
organização da sociedade e contribuir para seu aprimoramento, permitindo,
principalmente, que o aluno tenha competência em diversas tecnologias.
Fonte: cmapspublic.ihmc.us
152
Fonte: slideplayer.com.br
153
65 E EM WEBER?
Fonte: kdfrases.com
Fonte: slideplayer.com.br
154
Weber centrou-se na capacidade de ação do indivíduo sobre o exterior. Como
sabemos, o capitalismo é, para Weber, a forma mais elevada de racionalização. Numa
sociedade capitalista-racional burocrática, os indivíduos distinguem-se pelas suas
qualificações (havendo necessidade de “funcionários especializados”,
“profissionalmente mais informados”): a educação é o elemento que contribui para a
seleção social, é um dos recursos possíveis para se manter ou melhorar – o status (e
quanto mais reduzido for o grupo, maior o prestígio social dos seus membros).
Margaret Archer, no texto The sociology of educational systems, sintetiza, numa
lógica comparativa, o pensamento dos três clássicos: os três autores partilham uma
orientação comum, apesar das suas diferentes abordagens teóricas.
Preste atenção e saiba o que os autores clássicos da sociologia tem em
comum em relação à compreensão da educação.
66 OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
155
Fonte: slideplayer.com.br
156
Fonte: slideplayer.com.br
Para Durkheim, ela estaria, e deveria estar, unida à ação política e, deste modo,
ao desenvolvimento de uma sociedade orgânica integrada e normativa.
Fonte: slideplayer.com.br
Observe bem o que Edgar Morin diz na sua entrevista na Rede Globo: é
preciso educar os educadores
Vejamos os seus argumentos:
Fonte: pt.slideshare.net
Fonte: educarparacrescer.abril.com.br
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67.1 Morin e a Educação
www.correiodopovo.com.br
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O Globo: O que é a transdisciplinaridade, que defende a unidade do
conhecimento?
Edgar Morin: As disciplinas fechadas impedem a compreensão dos problemas
do mundo. A transdisciplinaridade, na minha opinião, é o que possibilita, através das
disciplinas, a transmissão de uma visão de mundo mais complexa. O meu livro “O
homem e a morte" é tipicamente transdisciplinar, pois busco entender as diferentes
reações humanas diante da morte através dos conhecimentos da pré-história, da
psicologia, da religião. Eu precisei fazer uma viagem por todas as doenças sociais e
humanas, e recorri aos saberes de áreas do conhecimento, como
psicanálise e biologia.
161
Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como conhecimento
secundário.
Se você se dedicou e chegou até aqui, tenho certeza de que cumpriu com
dignidade os compromissos da sua formação. Você está apto a usar os
conhecimentos aqui construídos no exercício da sua profissão e da sua vida como
cidadão. Parabéns por mais essa conquista!
162
68 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
MORIN, Edgar. A Cabeça bem-feita. 22ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 4 ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
163