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INTERVENÇÕES MULTIDISCIPLINARES NA
ESCOLA: U M A VISÃO PSICOPEDAGÓGICA
Elizabeth Polity
sustentação e nesta relação, constroem com ele tendo reflexos mais tarde na aprendizagem, na
a aprendizagem. socialização, no desenvolvimento da criança como
O objetivo desta abordagem é entender a um todo.
criança não mais a partir de um modelo ideal de A mudança mais importante na educação
ser h u m a n o , diante do qual m a n i f e s t a - s e suscitada por essas novas demandas é que a
incompleta, mas como um sujeito contextualizado escola deve hoje incorporar, de forma sistemática,
e, conseqüentemente, diferente dos demais, a tarefa de formação do sujeito. Não deve se ater
permitindo uma visão mais compreensiva de suas só ao n ú c l e o b á s i c o do d e s e n v o l v i m e n t o
particularidades existenciais. cognitivo, mas também o da personalidade, o da
Por tudo isso, nesse trabalho, discutirei a afetividade, o da sociabilidade, ou seja, tende a
aprendizagem que se dá na escola, como inter- assumir características de uma instituição que se
relacionada com a aprendizagem que ocorre no poderia chamar de escola familiar.
grupo familiar, não podendo abdicar desta, por Mas, para que a escola possa estar apta a
correr o risco de não se efetivar. corresponder a estas novas expectativas é preciso
Como psicopedagoga e terapeuta familiar, que ela adote um outro paradigma educacional.
considero imprescindível um trabalho conjugado Que tenha uma visão ampla o suficiente para
entre a escola e a família. E é sobre esta "relação comportar o sujeito da aprendizagem, sua família
tão d e l i c a d a " q u e pretendo t e c e r a l g u n s e seus sistemas significativos, funcionando muitas
comentários. vezes, como mediadora do processo inter-
Muito já se escreveu sobre a família. Hoje em relacionai. E, ainda, que possa contar com o
dia, fica até mesmo complexo definir o que é auxílio de profissionais de diferentes áreas que
família, visto que novas e diferentes configurações contribuam para uma abordagem multidisciplinar
familiares ocupam o cenário social: famílias desse complexo desafio que é educar.
reconstituídas, pais homossexuais, barrigas de Proponho-me a refletir sobre este tema
aluguel, adoção de embriões, são algumas das dividindo-o, para fins didáticos, em:
possibilidades atuais.
Entretanto, todos nós temos uma boa idéia do 1. Síntese Teórica;
que é família, até porque todos viemos e 2. Procedimentos que embasam a reflexão:
pertencemos a uma, com suas características e > A Família e a Escola: sistemas que
constituição próprias. trabalham com a aprendizagem;
Nas últimas décadas, vêm-se observando que > O trabalho multidisciplinar num enfoque
a família está perdendo sua capacidade de sistêmico Construtivista/ Construcionista
oferecer a socialização primária e todo o cabedal Social;
de conhecimento (prático e afetivo) que estaria 3. Discussão: O lugar da escola, dos terapeutas
implícito neste convívio. Isto se deve, em muitos e da família como c o - c o n s t r u t o r e s da
casos, pela ausência de uma das figuras parentais aprendizagem;
ou porque a l g u m a s famílias têm ocupado 4. Considerações finais.
diferentes personagens nos lugares de pai e mãe Vale ressaltar que em muitos momentos o meu
ao longo da infância. Além disso, a criança hoje "lugar" de psicopedagoga recebe aportes da
se incorpora cada vez mais cedo a instituições minha formação clínica em terapia familiar, bem
diferentes da família, como pré-escola e creches como o inverso ocorre em inúmeras situações de
ou mesmo, fica sob os cuidados de alguém para consultório, nas quais trabalho com famílias.
que a mãe/pai trabalhe. Por isso, a primeira Penso, que é mesmo a partir deste intercâmbio,
socialização primária embutida de valores e afetos que fui levada a perceber a importância desse
importantes e que estava a cargo da família, diálogo ampliador e que certamente aparecerá
muitas vezes, não se completa. Este fato acaba em alguns momentos deste trabalho.
I N T K R V E N O Õ L S MULT1DISC1HJNARKS NA E S C O L A
'Poiesis é um termo grego que significa produção. Autopoiese quer dizer autoprodução.
I N T C R V E N V Ò I S MUIXiniSCin.INARES ,\<A E S C O L / X
perceber que ele não passa de uma metáfora. Se por um lado, em famílias com um maior
Assim, quando pensamos em Família como grau de escolaridade, desde cedo se espera que
Sistema ou Escola como Sistema, isto é apenas a criança seja bem sucedida e, por vezes, siga a
um r e c u r s o que nos ajuda a e n t e n d e r o carreira de um dos pais, por outro, em famílias
funcionamento de um grupo. com baixo grau de escolaridade é muitas vezes a
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Segundo Sluzki , modelo é um instrumento escola que espera que a criança não seja bem
que auxilia a simplificação e a ordenação de uma sucedida. Estas expectativas - construídas sobre
realidade complexa, possibilitando definições pré-conceitos - costumam gerar um quadro
operacionais, lógicas e pragmáticas. paralisador que afeta o desempenho escolar do
E com esse caráter que utilizo o modelo sujeito.
sistêmico, aplicado às relações familiares e às No trabalho com as famílias, podemos buscar
relações que se processam em um ambiente algumas questões, como:
escolar, sem esquecer que se trata de uma • O que a família aprende?
maneira de pensar, de um ponto de vista. • Como ela se relaciona com o saber?
Esse modelo propõe que todas as redes sociais • Como a família lida com as dificuldades que
envolvidas numa situação (neste caso família, surgem no aprender?
escola, terapeutas) são co-responsáveis tanto • Por que aprender/não aprender é significativo
pelos recursos a serem utilizados, quanto pelos para este grupo, em particular?
impasses que surgem ao longo do caminho. Trata- Muitas vezes, o sujeito é levado a cumprir
se de construir junto uma experiência compar- mandatos, tarefas e responder a lealdades
tilhada, através da busca de alternativas de impostas pelo meio familiar. Pode tentar rebelar-
intervenção para essa realidade e da construção se, mas sempre terá como referencial o modelo
de narrativas, entendidas como construções com- da família de origem (ou o que ele aprendeu lá).
plexas que se estruturam ao redor de tramas Comparações e identificações também fazem parte
temáticas, estando sempre abertas a uma do processo de aprendizagem. Freqüentemente
reconstrução transformadora. percebemos que é preciso corresponder a padrões
Quando pensamos em uma Família ou em uma impostos, onde as limitações, dificuldades ou
Escola como um sistema, não podemos deixar de mesmo preferências individuais, muito pouco ou
considerar que ambos são sistemas de vínculos quase nada, são levadas em conta na hora das
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afetivos (Montoro ), pois nossos processos de cobranças familiares .
h u m a n i z a ç ã o dão-se através das r e l a ç õ e s Quando se atende uma família é necessário
emocionais desenvolvidas entre os membros da considerar alguns aspectos importantes:
família e ou da escola, e vão oferecer um contexto, funcionamento e estrutura familiar, possibilidade
para que as diferentes fases de aprendizagem de diferenciação e formação de identidade,
ocorram satisfatoriamente. adaptação ao ciclo vital, lealdades, alianças e
"Pensando nas relações do grupo familiar, coalizões, padrões de repetição, modalidade de
segundo a teoria dos sistemas, podemos dizer aprendizagem, manejo dos segredos e mitos
que neste, o comportamento de cada um dos familiares.
membros é interdependente do comportamento Esses componentes dão sustentação para a
dos outros. O grupo familiar pode, então, ser visto construção das narrativas familiares, uma vez que
como um conjunto que funciona como uma fazem parte da trama que define cada grupo
totalidade e no qual as particularidades dos familiar, dentro de suas particularidades.
POLITY E
Ao construir junto com a família sua história Deste modo, o sujeito não realiza uma auto-
em relação à aprendizagem, podemos permitir aprendizagem; existe um caráter pluralístico que
que c a d a membro re-conte sua história, originariamente é relacional.
descrevendo os fatos à sua maneira e, sobretudo, Penso que n e s s e p r o c e s s o e x i s t e uma
a significação destes para a vida do sujeito. Isto complexidade muito grande pois, nele, a comuni-
permite que haja possibilidade de mudanças e cação toma forma dinâmica e dialética, envol-
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flexibilizações, pois, segundo Minuchin , "as vendo a possibilidade de uma predominância na
estruturas familiares são conservadoras, mas articulação das interações, que irão sustentar as
modificáveis. O objetivo do trabalho com a família transformações das ações no nível intrapsi-
é aumentar a flexibilidade dessas estruturas e cológico, com a finalidade de internalização.
ajudá-la a reajustar-se às novas circunstâncias." Nesse novo paradigma educacional fica
Com relação à Escola e à educação, obser- enfatizado um movimento integrador entre o
vamos que novos paradigmas surgiram, possibi- domínio das disciplinas, da dimensão relacional
litando que se veja a educação, hoje, como um e da dimensão individual, tendo como meta
processo global, mais preocupado em como o aprender a aprender, remetendo-nos à integração
aluno aprende, do que com o quê ele aprende. entre objetividade e subjetividade no processo
Na concepção antiga, considerava-se o aluno de ensino-aprendizagem. Evidencia-se aí uma
como um ser receptivo das informações que dimensão complexa desse processo, uma vez que
recebia do mundo exterior, e o enfoque consistia são inúmeras as variáveis implicadas.
em uma metodologia indutiva. Dentro do para- Considero que o processo de ensinar (que
digma do Construtivismo/Construcionismo Social, objetiva a aprendizagem) é sustentado por, pelo
que aqui adoto como referencial teórico, admite- menos, cinco eixos distintos: o cognitivo, o afetivo,
se a existência de um contexto criado pelo e no o relacional, o técnico e o político, que são
encontro das relações, evidenciando, portanto, indissociáveis e sobrepostos, fazendo com que
um caráter interacionista da aprendizagem. esta ação humana tenha de articular diferentes
Esta nova postura educacional redimensiona fatores. Alguns são propiciados pelo organismo,
o fazer do psicopedagogo e o coloca como "co- outros, pelo desejo, que se mostra como propulsor
construtor" das histórias em que participa. do ensinar/aprender, ou, ainda, pelas estruturas
Portanto, seus pressupostos teóricos comportam cognitivas, que representam a base da inteli-
tanto a sua subjetividade, quanto a do professor gência e da dinâmica do comportamento, e que
e de seu aluno. Comportam a dinâmica intrapsí- podem ser vistas como respostas do sujeito à reali-
quica de cada um, presente no processo de apren- dade que o cerca. Já outros são propiciados pelas
der/ensinar, que se manifesta por meio de seus condições da realidade, incluindo-se aí as
comportamentos, posturas e linguagem, bem relações.
como a dinâmica inter-relacional, que ocorre entre Ainda dentro de um cenário educacional,
os envolvidos, para que o conhecimento possa caberia ressaltar que a aprendizagem pode se
ser construído. E sob a égide deste paradigma dar em pelo menos dois níveis. Uma mais pessoal,
que vamos aqui falamos de aprendizagem. envolvendo o conhecimento sobre si mesmo,
Considera-se, hoje, que o processo de ensino- sobre seus sentimentos e emoções, sobre as
aprendizagem ocorre em estruturações conjuntas, pessoas e as relações, tendo uma estreita ligação
que envolvem aluno e professor, num movimento com as experiências vividas. Em outro nível,
em que as reflexões pessoais e interpessoais são teríamos um conhecimento chamado de objetivo
primordiais. Isto porque o sujeito para aprender - ou o que isto possa significar, pois, ao traba-
precisa estar em interação com o outro, cons- lharmos com um referencial construtivista/
truindo seu conhecimento a partir de um conhe- construcionista, questionamos a noção de
cimento anterior, compartilhado com o outro. conhecimento objetivo, mas podemos fazer
INTERVENÇÕES MULTIDISCIPLINARES NAESCOL/X
recortes que nos facilitem a compreensão de uma • Valorizar idéias e capacidade de criação;
realidade objetivável - referente ao mundo • Respeitar e dar espaço para as diferenças.
material, dos espaços, da chamada realidade Como bem se observa, é preciso que as
compartilhada -, emprestando as palavras de instituições escolares desenvolvam um novo
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Bateson , quando este diz que a realidade olhar, para que a proposta que pretende entender
observada leva sempre a marca do observador. a aprendizagem dentro de marcos sistêmicos
De acordo com este novo paradigma educa- construtivistas construcionistas sociais se
cional, os temas (antes, chamados de disciplinas) viabilize.
são galerias pelas quais os c o n h e c i m e n t o s
progridem ao encontro uns dos outros. O TRABALHO MULTIDISCIPLINAR NUM
Em consonância com uma proposta inovadora ENFOQUE SISTÊMICO
no âmbito da aprendizagem, vamos encontrar os CONSTRUTIVISTA / CONSTRUCIONISTA
quatro pilares da educação propostos pela UNES- SOCIAL
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C O : aprender a aprender, aprender a fazer, Falar em novos paradigmas educacionais
aprender a conviver e aprender a ser. Estes con- implica reconhecer necessidade de um novo
ceitos partem do reconhecimento da necessidade modelo de profissional que se disponha a
de informar, formar e orientar a escola e os profes- trabalhar neste contexto e a tolerar as dúvidas e
sores a compreender e a atuar em realidades as incertezas que ele traz.
sociais e técnicas, complexas, agregando novos Em um modelo tradicional de ensino, as
valores ao estágio atual, no qual a prática e o queixas explicitadas levam em conta apenas o
debate sobre a renovação pedagógica se limitam aluno/família como agente causador dos proble-
à indicação do saber aprender e do saber fazer, mas. O modelo sistêmico permite uma redefinição
como paradigmas máximos. O aprender a conviver dos sujeitos envolvidos, tornando todos co-
e o aprender a ser ampliam a intervenção peda- responsáveis pela ação pedagógica.
gógica e as possibilidades de inserção profissional Auxiliados pelo modelo sistêmico, vamos
e social dos cidadãos. A adição destas novas perceber que o profissional (tanto o professor,
funções da aprendizagem (aprender a conviver e como o psicopedagogo, como o terapeuta familiar)
aprender a ser) alarga as possibilidades de está inserido em uma história familiar que lhe
intervenção do indivíduo e da coletividade, para transmite valores, mandatos e crenças e que vão
que sejam geradas formas de colaboração e de orientar sua escolha e seu fazer profissional. É
cooperação de trabalho que garantam e ampliem importante, ainda, sinalizar que essa dinâmica
a qualidade de vida, tanto pessoal, quanto está também permeada por uma dimensão
profissional. São indicadores que estão em perfeita intrapsíquica.
harmonia com a visão sistêmica, por proporem um Não se pode falar em prática psicopedagógica
olhar ampliador para o processo da aprendizagem. abolindo um desses aspectos; eles são orienta-
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Segundo a UNESCO , neste novo paradigma dores da vida cotidiana e guiam os contatos huma-
de ensino, é preciso: nos. Ao conhecer, o homem modela e remodela o
• Reconhecer que não se sabe; objeto a ser conhecido nas relações interpessoais,
• Trabalhar a partir das questões dos alunos; e este processo ocorre dentro de uma sociedade
• Garantir o acesso do aluno à informação; e de uma rede de relações sociais que oferecem
• Saber que só se ensina aprendendo; modelos conceituais e sistemas ideológicos de
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• Ensinar que há diferentes formas e caminhos pensamento .
para resolver o mesmo problema; Pode-se afirmar que uma a ç ã o p s i c o -
• Auxiliar a desenvolver a capacidade crítica; pedagógica bem sucedida é aquela que deixa
• Estimular a curiosidade e direcionar para a para o aluno/cliente a sensação de ter adquirido
busca do conhecimento; instrumentos para buscar seu próprio saber.
POLITY E
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Parafraseando Tom Andersen , a pessoa do Neste enfoque, o observador do fenômeno
terapeuta (podemos também pensar no psico- está implicado no processo e faz parte dessa
pedagogo) é uma presença concreta na história r e a l i d a d e a ser o b s e r v a d a . Q u e s t i o n a - s e
de vida do seu paciente (idem, no cliente/aluno), premissas tais como: linearidade, causalidade,
com o qual ele - paciente - vai poder dialogar objetividade e verdade universal. Quando se
sempre que sentir necessidade, relacionando o permite estes questionamentos, o modo de
hoje com o ontem, numa espécie de referência ver o mundo muda e, c o n s e q ü e n t e m e n t e ,
de continuidade de suas histórias. E estas podemos experimentar uma maneira dife-
histórias deixarão marcas nos dois sujeitos rente de vivenciar o processo educacional e o
envolvidos: terapeuta e paciente. terapêutico.
Quando novas idéias ou construções surgem No encontro com a família, o psicopedagogo,
neste espaço comum, elas parecem decorrer de entre outros temas, pode buscar:
um encontro entre os sujeitos envolvidos, não • Como o sistema familiar se relaciona com as
tendo, portanto, uma ú n i c a autoria, mas diferentes fases do ciclo vital?
configurando-se, outrossim, pelo entrecru- • Que narrativas são construídas para dar
zamento de muitas reflexões e contribuições. conta das diferentes situações?
Penso que, tanto os psicopedagogos como os • Q u a i s os t e m a s m a i s f r e q ü e n t e s q u e
terapeutas familiares pertencem a múltiplos aparecem no discurso da família?
contextos e trazem para sua prática profissional Ao mesmo tempo em que trabalha com a
muitas referências pessoais e familiares. Suas família, o psicopedagogo está em contato com
experiências os transformam como sujeitos, da seus próprios sentimentos e pode através da
mesma forma que eles transformam os que os ressonância** perceber:
cercam, tratando-se de uma via de mão dupla. • Que efeito tem em mim este aluno/paciente?
Quando trabalham com os alunos/pacientes, • E sua família?
eles os escutam a partir de suas histórias pes- • Sinto-me adequado neste atendimento?
soais. Muitas vezes, paralisam-se frente as suas • Posso t r a b a l h a r m a i s p r ó x i m o d e s t a s
dificuldades, por não conseguirem dar conta das pessoas?
emoções ali suscitadas. Como partes de um • Posso introduzir-me na c o m u n i c a ç ã o da
sistema definido pelos pressupostos do modelo família, sentida por mim como perturbada/
sistêmico, somos todos observadores parti- perturbadora?
cipantes e estamos tão envolvidos, quanto os Os s e n t i m e n t o s q u e o p s i c o p e d a g o g o
alunos/clientes, nesse processo. Aquilo que registra em si mesmo merecem ser considerados
construímos é produto de uma co-construção, o como critérios. E s t a n d o atento aos a c o n -
que significa não só o estar junto, mas também o tecimentos casuais procurará se inserir na visão
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sentir junto . de mundo da família para operar pontos de
Considero que o pensamento sistêmico vistas alternativos e novas conotações.
representa um grande salto conceituai. O foco Sendo tanto a educação como a terapia uma
do atendimento muda do sujeito para os sistemas atividade dialógica, o psicopedagogo favorece
humanos e suas relações, formados pelos alunos, a redistribuição do tema (demanda, queixa),
pacientes, terapeutas, famílias, comunidade; através da co-responsabilidade entre as redes,
portanto, o foco muda do e x c l u s i v a m e n t e ao mesmo tempo em que faz emergir a cons-
individual para o inter-relacional. trução de narrativas ampliadoras.
""A idéia que está por trás do conceito de ressonância é que um indivíduo exposto a outro indivíduo, bem como às suas
comunicações, sob a forma de comportamento e de palavras, parece instintiva e inconscientemente responder da mesma
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maneira" (Foulkes ).
INTERVENÇÕES MUinPISClPlJNARES NA E S C O L A
***0 REDOGRAMA tem sua origem num instrumento usado em terapia familiar, denominado GENOGRAMA que
é um mapa que oferece uma imagem gráfica da estrutura familiar ao longo das gerações, esquematiza as grandes
etapas do Ciclo de Vida familiar, além de permitir visualizar movimentos emocionais a eles associados. Sua represen-
tação é icônica e cada terapeuta pode agregar as informações que julgar mais importantes num dado momento. O
redograma é o genograma das redes, com as indicações dos padrões relacionais, das vinculações formadas, proximida-
des e distâncias, que ajuda os leitores de trabalhos que envolvem redes a terem uma apreensão rápida do desenho
redográfico. Ele é construtivista, na medida em que é construído conjuntamente com os envolvidos, permitindo
g
diferentes acordos e diferentes narrativas .
POLITY E
SUMMARY
Multidiscipline interventions in the school: a special education vision
The change most important in the education excited for new social demands
is that today, the school must incorporate, by systematic way, the task of
student's formation. It does not have only to be abided by the basic nucleus
of the intellectual development, but also of the personality, of the affectivity,
of the sociability, or either, it tends to assume characteristics of an institution
that if could call familiar school. But, so that the school can be apt to correspond
to these new expectations is necessary that it adopts one another educational
paradigm. That it has an ample vision the sufficient to hold the student, his
family and his significant systems, functioning many times, as mediating of
the inter-relation educational process.