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Definição
“A asma é uma doença inflamatória
crônica,
caracterizada por hiper-responsividade
das vias aéreas inferiores e por
limitação variável ao fluxo aéreo,
reversível espontaneamente ou com
tratamento, manifestando-se por
episódios recorrentes de sibilância,
dispneia,
aperto no peito e tosse,
particularmente à noite e pela manhã
ao despertar”.
Epidemiologia
A asma é muito comum em todos os países,
afetando, em média, 7-10% da população.
A coexistência
das demais manifestações atópicas em pacientes
asmáticos, como rinite alérgica e
dermatite, chega a mais de 80%!!!
Define-se atopia como uma tendência (do
sistema imunológico) à formação
preferencial de anticorpos da classe IgE contra
antígenos comuns no meio ambiente
(chamados genericamente de alérgenos).
Todos os pacientes
(sintomáticos ou não) apresentam uma
reação inflamatória característica na parede
brônquica, cuja intensidade pode variar ao longo
do tempo (porém, sempre presente). Tanto a via
aérea proximal (traqueia, brônquios fonte e lobares)
quanto a distal (brônquios menores e bronquíolos)
costumam ser afetadas. Os alvéolos,
por outro lado, não apresentam tais alterações...
Esta inflamação, através de uma complexa rede
de interações moleculares (envolvendo diversos
tipos de célula), é a causa da hiper-reatividade
brônquica.
broncoespasmo!
Classificação Etiológica da asma
considerando o provável
mecanismo etiopatogênico):
O principal componente
desta obstrução é o broncoespasmo ou
A maioria dos asmáticos (60%) possui asma
broncoconstrição, porém o edema e a formação
“persistente” e permanece com obstrução das
de tampões mucosos também contribuem para
vias aéreas no período intercrítico (mesmo na
o processo obstrutivo agudo.
ausência de sintomas). O restante dos casos –
asma “intermitente” – não apresenta obstrução
nesse intervalo.
A obstrução das vias aéreas altera os volumes
e fluxos pulmonares, podendo ser facilmente
mensurada através da espirometria.
O volume
residual (aquele que permanece no pulmão após
uma expiração forçada) e a capacidade residual
funcional (volume que permanece após uma expiração
espontânea) estão caracteristicamente
aumentados, em função do “aprisionamento”
de ar (air trapping). Na expiração, a pressão intratorácica
elevada agrava o estreitamento das
vias aéreas mais distais, impedindo a saída de
parte do ar que foi inspirado. Durante a crise, o
volume residual pode aumentar em até 400%...
A gasometria arterial comumente está alterada.
Devido à taquipneia e à hiperventilação,
a eliminação de CO2 aumenta, provocando
hipocapnia e alcalose respiratória – esta é a
alteração mais frequente. Na crise muito grave, a obstrução é tamanha que
o trabalho da musculatura respiratória é maior
Nos casos mais graves, que o suportável pelo paciente, culminando em
a obstrução brônquica reduz a relação V/Q fadiga respiratória e insuficiência ventilatória
(ventilação/perfusão) em múltiplas unidades aguda (hipercápnica).
alveolares, gerando hipoxemia. Quanto mais
grave a crise, pior a hipoxemia.
Quadro Clinico
Classicamente, a asma se manifesta com episódios
limitados de DISPNEIA, TOSSE e SIBILÂNCIA
– a tríade clássica.
Eventualmente os
pacientes referem sensação de aperto no peito ou
desconforto torácico.
Os indivíduos que apresentam episódios desta
tríade têm asma brônquica até prova em contrário.
Os sintomas são mais intensos
à noite ou nas primeiras horas da manhã. Caracteristicamente, os sintomas são
desencadeados por um dos seguintes fatores:
exposição a alérgenos, infecção viral respiratória,
mudança climática (ar frio), fumos,
exercício físico, fármacos e estresse emocional.
Quando os episódios de crise asmática ocorrem
apenas em determinadas estações do ano, está caracterizada
a ASMA SAZONAL.
Tais pacientes
geralmente apresentam asma extrínseca alérgica,
sendo os episódios relacionados a determinados
alérgenos que aparecem naquelas épocas, como o
pólen durante a primavera de países temperados,
e os fungos nas estações úmidas.
A asma alérgica
relacionada a antígenos presentes durante todo o
ano é denominada ASMA PERENE (ex.: ácaros,
animais domésticos etc.).
Tosse asmática: alguns pacientes manifestam-
-se apenas com crises de tosse seca ou mucoide.
Eles apresentam tosse noturna e normalmente
são usuários crônicos de drogas antitussígenas.
Na investigação de toda tosse crônica inexplicada
deve ser pesquisada a presença de asma.
Insuficiência cardíaca;
Tromboembolismo pulmonar;
Obstrução da laringe ou traqueia;
Traqueomalácia;
Corpo estranho; O diagnóstico de asma brônquica é
facilmente
Esofagite de refluxo suspeitado pela clínica. No entanto,
recomenda- se
que um método complementar que
demonstre e quantifique a presença de
obstrução
reversível das vias aéreas seja sempre
Exame Fisico
Na crise asmática há taquipneia (geralmente
> 25 ipm), com tempo expiratório prolongado
em relação ao tempo inspiratório, o A ausculta respiratória revela o
que caracteriza a dispneia por obstrução de sinal clássico da asma: os sibilos.
vias aéreas.
Os principais parâmetros
analisados na espirometria são:
VEF1,0: este é o volume expiratório forçado
no primeiro segundo. Está caracteristicamente
reduzido na crise asmática e frequentemente
no período intercrítico. Seu aumento Pode ser
utilizado para quantificar a gravidade da doença.
após a prova broncodilatadora é um critério
diagnóstico de asma (1) asma leve: VEF1,0 > 80% do previsto;
O VEF1,0 de um adulto
de 70 kg deve estar em torno de 2 litros.
Pico de Fluxo Expiratório (PFE): este é o
fluxo expiratório máximo.
Este
é o exame funcional mais sensível (o primeiro
que se altera e o último a normalizar) para
diagnóstico de asma e DPOC.
Critérios diagnósticos de Asma
1- Prova broncodilatadora positiva (CRITÉRIO
PRINCIPAL): espirometria mostrando aumento do
VEF1,0 ≥ 200 ml (valor absoluto) e ≥
12% do valor pré-broncodilatação ou ≥ 200 ml
(valor absoluto) e ≥ 7% do valor previsto.
2- Na presença de VEF1,0 normal no período
intercrítico, pode-se recorrer ao Teste Provocativo,
que expõe o paciente a baixas concentrações
de agentes broncoconstritores
pela via inalatória (metacolina, histamina ou
carbacol). A queda ≥ 20% no VEF1,0 significa
um teste provocativo positivo, denotando
hiper-responsividade brônquica, diagnóstico
de asma.
3- PEF (Peak Flow) com variação ≥ 60 l/min
(valor absoluto) ou ≥ 20% em relação ao
basal após inalação de um
broncodilatador.
Atualmente se recomenda classificar a asma de
acordo com o nível de controle.
O termo “controle”
refere-se ao grau de supressão das manifestações
clínicas da doença, DE FORMA ESPONTÂNEA
(paciente virgem de tratamento) OU EM
RESPOSTA À TERAPIA, e abrange duas esferas
principais: (1) controle das manifestações clínicas
atuais; (2) controle dos riscos futuros.
As manifestações clínicas atuais referem-se ao
comportamento da doença nas últimas quatro
semanas, o que permite estabelecer três diferentes
níveis de controle: asma controlada, asma
parcialmente controlada e asma não controlada.
A prednisona, por via oral (1-2 mg/ Os corticoides sistêmicos devem ser mantidos
kg/dia, dose máx. 60 mg), tem mostrado excelente por 7-10 dias, não havendo necessidade de
ação no tratamento agudo da asma, com suspensão paulatina (pode suspender abruptamente).
eficácia equivalente a dos corticoides venosos O risco de insuficiência adrenal geralmente
(ex.: metilprednisolona), mesmo nas crises só ocorre após o uso contínuo por > 3
graves, sendo a droga de escolha semanas..
O sinal de maior gravidade é a queda do nível
de consciência – sonolência, desorientação,
torpor – denotando hipercapnia e acidose
respiratória aguda por fadiga, ou mesmo
hipoxemia grave. Esses pacientes devem ser
imediatamente intubados e colocados em ventilação
mecânica!!!
A oxigenoterapia e a oximetria de pulso estão
indicadas em todos os pacientes com crise moderada
a grave. Nos pacientes com insuficiência
respiratória iminente, pode-se fazer uso de
beta-2-agonista intravenoso, especialmente em
crianças (devido às consequências menos deletérias
da taquicardia). Adrenalina subcutânea
também pode ser feita neste subgrupo ou nos
adultos que apresentam outros indícios de
anafilaxia ou angioedema...
Terapia de Manutenção
Eis aqui a base terapêutica da asma que, como
vimos, é uma doença inflamatória crônica.