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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
ARQUITETURA E URBANISMO
HISTÓRIA DA ARQUITETURA

ARQUITETURA GÓTICA

João Pessoa – PB
Fevereiro, 2020
JOÃO HENRIQUE MARTINS
KETLYN LAY DE ANDRADE
PEDRO HENRIQUE SALES

ARQUITETURA GÓTICA

Este trabalho foi desenvolvido para a disciplina


de História da Arquitetura do curso de
Arquitetura e Urbanismo, ministrada pelo Prof.
Dr. Ivan Cavalcanti Filho, como requisito para 2ª
avaliação da disciplina.

João Pessoa – PB
Fevereiro, 2020
Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 5

2 CONTEXTO HISTÓRICO................................................................................ 6

3 TIPOLOGIAS CONSTRUTIVAS ...................................................................... 8

3.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS .................................................................. 8

3.1.1 Arco Ogival ......................................................................................... 9

3.1.2 Abóbadas de Nervuras ..................................................................... 10

3.1.3 Arcobotantes .................................................................................... 11

3.1.4 Contrafortes (Pegão) ........................................................................ 12

3.1.5 Pináculos.......................................................................................... 13

3.2 ELEMENTOS DECORATIVOS ............................................................... 13

3.2.1 Vitrais ............................................................................................... 14

3.2.2 Rosáceas ......................................................................................... 15

3.2.3 Esculturas ........................................................................................ 16

3.2.4 Portadas Góticas .............................................................................. 17

3.2.5 Gárgulas........................................................................................... 18

3.2.6 Capitel Gótico ................................................................................... 19

3.2.7 Florão ............................................................................................... 20

3.3 ARQUITETURA RELIGIOSA .................................................................. 20

3.3.1 Fases da Arquitetura Gótica................................................................. 21

3.3.1.1 Gótico Primitivo ............................................................................. 21

3.3.1.2 Gótico Clássico ............................................................................. 22

3.3.1.3 Gótico Tardio ................................................................................. 23

3.3.2 A Catedral Gótica ................................................................................. 23

3.4 EDIFÍCIOS CIVIS .................................................................................... 26

3.4.1 Edifícios Oficiais ............................................................................... 26

3.4.2 Residências ...................................................................................... 30


3.4.3 Hospitais .......................................................................................... 32

3.4.4 Edifícios Militares ............................................................................. 33

4 NOTRE DAME DE PARIS ............................................................................. 36

Rosáceas ...................................................................................................... 40

Portais ........................................................................................................... 41

Gárgulas ....................................................................................................... 42

O Tesouro ..................................................................................................... 42

Os sinos ........................................................................................................ 43

A cripta .......................................................................................................... 43

Intervenções ................................................................................................. 44

Incêndio ........................................................................................................ 45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 46

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 46
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1 INTRODUÇÃO
A arquitetura gótica é uma das mais importantes na história da arquitetura,
tanto ao que diz respeito à estica quanto às inovações construtivas
desenvolvidas durante o período em que ela se desenvolveu.
Diante da mudança na configuração social e política que estavam
acontecendo a partir do século XI, as cidades começam a se desenvolver, a
igreja começa entrar em crise e um dos meios que a igreja encontra para
resgatar o olhar do povo à religião é através da celebração da fé através de
grandes monumentos, neste caso as igrejas, por meio do dedicação do fiéis na
construção das mesmas e imponência dessas edificações.
Nesse mesmo período ocorreu a unificação dos feudos, a arte gótica
ganhou um carácter nacionalista em um contexto em que cada aglomeração
urbana buscava sua própria identidade dentro do estilo e competiam para ter a
maior catedral e mais bonita, o gótico também interligou a arquitetura românica
e renascentista criando uma relação entre a fé e razão.
A arquitetura gótica surge logo em continuidade da românica, ainda se
utilizando de elementos do estilo anterior, mas entre os séculos XII e XIV, se
estabelece com suas características, que se tornaram marca do estilo gótico, tais
quais são: uso de arcos ogivais e abóbadas, atingindo verticalidade, uso da luz
através dos vitrais e exuberância ao que diz respeito à sua estética alcançada
através de inúmeros ornamentos e do conjunto supracitada.
Através de revisão da literatura acerca da história da arquitetura, este
trabalho tem como objetivo discorrer acerca do contexto e de como se deu a
Arquitetura Gótica na Idade Média, salientando as principais características do
gótico na França e as tipologias construtivas originadas desse estilo, por meio
de quais contribuições construtivas ela é consolida e apresentar uma análise
detalhada de um dos marcos da arquitetura gótica na França, a Notre Dame de
Paris.
A pesquisa se deu a partir da revisão de trabalhos científicos, sites e livros
acerca do tema, a fim de elaborar um arcabouço com as informações mais
pertinentes a respeito da arquitetura gótica. Baseado nesse levantamento, o
presente trabalho foi escrito apresentando os principais aspectos desse estilo.
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2 CONTEXTO HISTÓRICO
A arquitetura gótica, também conhecida como arquitetura das catedrais,
se deu em um momento de transição da alta idade média, entre os séculos V e
X, para a baixa idade média, século XI ao XV. Nesse período, foi instalado o
regime de feudalismo, caracterizado por uma sociedade de forte divisão social e
com significativo apelo religioso. Também ocorreu nessa fase histórica uma
ascensão da Igreja Católica Ocidental, exercendo uma relevante influência nos
ditames políticos e de valores morais da época, sendo o teocentrismo a teoria
tida como verdade absoluta pela a Igreja. Diante desse contexto, a arquitetura
gótica foi batizada posteriormente como “a fé traduzida na pedra”, tendo em vista
a forte relação entre esse tipo de arquitetura e a religiosidade.
Outra característica importante de mudança da alta para a baixa idade
média, esteve na evolução da arquitetura românica para a gótica, na qual houve
um ganho de altura das edificações, uma maior iluminação interna, em
decorrência do aumento de quantidade de janelas e portas e a diminuição das
espessuras das paredes. Tais avanços foram propiciados pela tecnologia do
arco ogival, do arcobotante e dos contrafortes, mecanismos amplamente
utilizados na arquitetura gótica.
Ao contrário do que se foi propagado no Renascimento, na qual intitulou
pejorativamente a Idade Média como a “ Idade da Trevas”, do retrocesso, foi
nesse período que surgiram as primeiras universidades e que se teve a
significativa influência de filósofos estudados na atualidade, como Santo
Agostinho e Santo Tomás de Aquino.
Vale ressaltar que com a queda do Império Romano do Ocidente e,
consequentemente, com a entrada da alta idade média, as cidades foram
sofrendo uma evasão populacional para as zonas rurais. Logo após, com baixa
idade média, na qual a arte gótica foi instaurada, foram ocorrendo o processo de
volta às cidades. Exemplo disso está no fato de as catedrais góticas estarem
somente presentes nos centros urbanos da época, onde haveria uma
efervescência econômica e cultural.
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Figura 1 - Exemplo da configuração da cidade da Baixa Idade Média, Braga

Fonte: repositorium.sdum.uminho.pt

O primeiro registro da arquitetura gótica ocorreu nos arredores da Paris


antiga, com a ampliação do coro da Abadia de Saint Denis pelo abade Suger,
localizada na cidade de Saint Denis, França (Figuras 2 e 3).

Figura 2 - Abadia de Saint Denis - França

Fonte: imc.ep.usp.br
8

Figura 3 - Fachada Ocidental da Abadia de Saint Denis, França

Fonte: imc.ep.usp.br

3 TIPOLOGIAS CONSTRUTIVAS
A arte gótica é voltada, essencialmente, à escultura, pintura e arquitetura
religiosa. Em meio ao século XIII, a igreja vivia em crise e as mudanças e os
avanços da configuração política e social convergiram para certa descrença e
desapego do povo às questões da igreja: a fim resgatar o olhar do povo de volta
aos assuntos religiosos e suas subserviência, o clero propõe a celebração da fé
cristã através da construção de grandes edificações – as catedrais -, imponentes
e cheias de exuberância, dando um novo sentido à essa dinâmica e realinhando
os interesses dos fiéis com o da igreja (GOZZOLI, 1978). Assim se manteve por
quase todo o período de vigência do estilo, no qual, com o crescimento de grupos
mais abastados, com a igreja deixando de portar a maior parte da riqueza das
cidades, a arquitetura gótica se estendeu para além dos edifícios religiosos e
passou a ser característica também de edifícios civis, oficiais, entre outras
tipologias de construções de importância nas cidades.

3.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS


Os aspectos típicos que estabelecem essencialmente o gótico como estilo
arquitetônico, são: o emprego em demasiado do arco ogival, do qual se dá um
dos nomes ao estilo, a proeminência do uso das abóbadas de nervuras ou de
arestas e a presença dos arcobotantes (BOLTSHAUSER, 1968). Através dos
quais pôde-se atingir a essência da arquitetura gótica, que se trata da
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verticalidade e do uso da luz de modo a criar uma marcante experiência mística


religiosa.

3.1.1 Arco Ogival


Arco Ogival (quebrado, de meia volta ou gótico) se trata do arco
semicircular duplamente seccionado na sua parte central ou a intersecção do
segmento da curva de dois círculos de centros equidistantes do vão, de maneira
que forma um arco com a extremidade pontiaguda (Figura 4). Esse tipo de arco,
embora seja marca da arquitetura gótica, já havia sido utilizado anteriormente,
na arquitetura românica por exemplo, ainda assim, não com tanta proeminência
como no gótico (NUNES, 2009).

Figura 4 - Formação e esforços exercidos no arco ogival

Fonte: SÊRRO, 2015

Diferentemente de como acontecia na arquitetura românica, na qual era


utilizado sobremaneira o arco pleno e em razão de como as forças eram
exercidas sobre o arco e transmitidas às paredes (Figura 5), e as mesmas eram
muito espessas, na arquitetura gótica, com o uso da ogiva, foi possível trabalhar
com diferentes vãos e alturas, podendo assim diminuir as distâncias entre os
pilares e possibilitar a distribuição das cargas em uma maior número deles.
Dessa forma, as paredes perderam a função estrutural e os espaços antes
ocupados por elas, deram lugar aos grandes vitrais por todo o corpo das igrejas,
sendo essa de mesmo modo uma das principais características do gótico
(GOZZOLI, 1978).
No uso dos arcos ogivais a lógica de sustentação é mudada em relação à
usada no estilo anterior, no gótico os empuxos agora são distribuídos através
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dos arcos, agora dispostos formando tramos quadrados ou retangulares, para os


pilares, em seguida, para os arcobotantes, contrafortes e, por fim, as forças são
descarregadas no terreno (Figura 5).

Figura 5 - Estrutura de Catedral Românica (à esquerda) e Catedral Gótica (à direita)

Fonte: http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/estruturas/sistest.htm

3.1.2 Abóbadas de Nervuras


A abóbada de nervura ou de cruzaria, originalmente, era constituída pela
intersecção de duas abóbadas de berço, modelo comumente usada na
arquitetura românica. A estrutura que suportavam o peso da abóbada era,
basicamente, dois arcos plenos que se cruzavam – convergindo no ponto mais
alto da abóbada, chamado de chave – e ficavam expostos abaixo da vedação
superior da abóbada, dividindo-a em quatro panos e formando nervuras ou
arestas, assim, dando nome a estrutura (GOZZOLI, 1978).
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Figura 6 - Abóbada da igreja de Saint-Séverin de Paris.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ab%C3%B3bada

A inovação do gótico com essa estrutura, é o uso do arco ogival


substituindo o arco pleno e através da mudança do trabalho dos esforços, como
tratado anteriormente, o arco gótico pôde ser disposto de várias formas
diferentes e assim as abóbadas assumiram forma muito mais complexas,
chegando a abóbadas de oito elementos – quantidades de secções em que a
vedação da abóbada era dividida (os panos) – ou mais (Figura 7).

Figura 7 – Possíveis formas de abóbadas em tramo quadrado e retangular. Os números


representam quantidade de elementos.

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968

3.1.3 Arcobotantes
O arcobotante ou botaréu é, basicamente, uma parte do sistema estrutural
das catedrais góticas, na forma de um quarto de círculo, que servia de apoio às
naves centrais. Os arcobotantes são posicionados acima das naves laterais,
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transmitindo os esforços advindos das abóbadas e pilares aos contrafortes


(BAZIN, 1953). A esses arcobotantes também eram adicionados elementos
decorativos e sua forma era trabalhada a fim de compor a estética das fachadas
góticas (BOLTSHAUSER, 1968). Figura 8.
A primeira grande catedral construída com arcobotantes e sem tribuna
é a de Chartres, iniciada em 1194. Nela foi inaugurado o sistema de
três andares do século XIII (trifório), usado logo a seguir em Reims
(1211) e Ameins (1220) (BAZIN, 1953, p. 141).

Figura 8 – Arcobotantes da Catedral de Amiens - França

Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_g%C3%B3tica#/media/Ficheiro:Amiens_Cath%C3%A9
drale_Notre-dame_arc-boutant_sud-est_4.jpg

3.1.4 Contrafortes (Pegão)


Ao contrário de como acontecia na arquitetura românica, que os esforços
da coberta insidiam diretamente na parede e no terreno, no gótico, como já
citado, há todo uma composição estrutural a fim de atingir o caráter de
grandiosidade das catedrais, dessa forma, os contrafortes são as terminações
estruturais dessas edificações. São posicionadas contra as paredes nas laterais
da catedral em ângulo reto, assim os arcobotantes transferem os esforços
exercidos pelas abóbadas para esses elementos, o qual descarrega no terreno.
Dessa maneira, foi possível construir catedrais, basílicas, igrejas e capelas
exuberantemente altas, com muitos vitrais e rosáceas.
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3.1.5 Pináculos
Os pináculos são pequenas edículas de base prismática com terminações
em forma de uma pirâmide delgada e ornada com cogumelos.

Figura 9 – Exemplo de pináculo gótico

Fonte: DUCHER, 2001, p. 57.

3.2 ELEMENTOS DECORATIVOS


A arquitetura gótica é ricamente adornada. Desde as grandes estátuas
nas fachadas aos minuciosos detalhes adoçados à estrutura no interior dos
edifícios.
Por, como já ressaltado, a arquitetura gótica ser voltada em grande parte
à religião, os temas tratados na escultura ou mesmo nos vitrais são acerca da
vida dos santos e demais assuntos a respeito da religião católica. A catedral de
Amiens (Figura 10), por exemplo, recebe o título de “Bíblia de pedra” ou “livro
de imagens”, devido à numerosa quantidade de elementos decorativos a ela
acrescida. Até mesmo à própria estrutura da catedral são adotadas
características que agregam à mesma, caráter decorativo (BOLTSHAUSER,
1968).
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Figura 10 – Fachada e detalhe da catedral de Amiens - França

Fonte: Nicolas Janberg, 2010.

3.2.1 Vitrais
A luz no gótico, atribuída com o conceito diretamente divino, é uma das
importantes características das construções do estilo. A luz era captada e
utilizada nos interiores das catedrais por meio dos vitrais, que tomavam o lugar
das paredes, devido à perda de funcionalidade da mesma, criando toda uma
atmosfera voltada à divindade, através de muitas cores e das histórias bíblicas
contadas nessas longas janelas que constituíam parte integral da edificação,
sendo um das experiências da catedral gótica utilizada para atrair as pessoas à
igreja.
Os vitrais formavam longas e belíssimas janelas fixas que serviam para
vedação das igrejas, se utilizando da luz natural para iluminar seu interior
e compor toda a experiência proposta. Eram constituídos de vidro e chumbo,
emoldurados por armações de ferro. O vidro era trabalhado com pigmentos de
uma vasta variedade de cores.
Os vitrais figurativos, no entanto, não surgiram apenas devido a uma
necessidade de dar luminosidade ao interior; eles também mostram,
conforme escreveu um religioso medieval, “às pessoas simples que
não conhecem as Escrituras aquilo em que devem crer”. [...] E a
transparência do vidro colorido também acabava por dar um poder
sugestivo aos episódios sacros representados, pois para o cristão da
Idade Média – basta recordas S. Francisco e as suas laudes ao Senhor
– a luz, como todos os outros dons da natureza, provinha diretamente
de Deus (GOZZOLI, 1978).
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Uma das principais funções do vitral era a educação religiosa dos fiéis,
através da ilustração das passagens bíblicas, pelo fato de a maior parte da
população ser iletrada naquele período. Os financiadores e trabalhadores que
colaboravam para que as catedrais fossem construídas, também começaram a
ganhar notoriedade nas representações dos vitrais, o que denotava a mudança
de pensamento da época, com o homem, assim como Deus, recebendo seu
devido lugar de honra. Com o desenvolvimento do estilo e a melhoria nas
técnicas de fabricação dos vitrais, as ilustrações foram tendo outras funções e
também começaram a ser feitas em perspectiva, dando certo volume as figuras
e às tornando mais realistas.

Figura 11 – Vitrais da Capela de Sainte Chapelle, França

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sainte_chapelle-Upper_level.jpg

3.2.2 Rosáceas
A rosácea é um dos elementos herdado pelo gótico, da arquitetura
românica e é uma das principais marcas da arquitetura gótica. São vitrais de
forma circular, comumente colocadas nas fachadas (principal e laterais) das
Catedrais, sendo, geralmente, a da fachada principal a de maior destaque.
Devido às grandes dimensões verticais da catedral, elementos que
permitissem a entrada de luz foram utilizados em, praticamente todo o espaço
da igreja, sendo assim, por ficar posicionada nas paredes das fachadas, dentre
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outras funções, a rosácea serviam também para iluminar o nártex (sala que
antecede a nave central).
[...] a sua forma circular, dividida em finos raios de pedra semelhantes
aos de uma roda, tinha, para o cristão da época, um significado
duplamente simbólico: alude, simultaneamente, ao sol, símbolo de
Cristo, e à rosa, símbolo de Maria (GOZZOLI, 1978).
A rosácea, assim como a maior parte dos elementos góticos, era feita em
pedra e também era usado o vidro trabalhado com pigmentos coloridos – como
nas grandes janelas em vitral nas igrejas –, na qual eram retratadas histórias
relacionadas às passagens bíblicas. A forma constituinte da rosácea –
desenhada em círculos concêntricos – correspondia a cânones geométricos
rigorosos de proporção (GOZZOLI, 1978).

Figura 12 - Rosácea da fachada ocidental da catedral de Chartres, exterior (à esquerda e


interior (à direita)

Fonte: GOZZOLI, 1978

3.2.3 Esculturas
Na arquitetura gótica, além da função decorativa da escultura, a mesma
podia fazer parte integral da estrutura. Essas grandes estátuas eram em quase
sua totalidade inspiradas na religião, sendo as catedrais consideradas grandes
livros ilustrados. Na arte em pedra das igrejas góticas eram retratadas,
geralmente, os temas tirados do Antigo e Novo Testamento e história sobre os
santos. Era comum que temas como o do Juízo Final, que representa um
momento decisivo na vida de um cristão, fosse ilustrada no centro da fachada
principal, (nos tímpanos da portada) virada para o Ocidente.
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Entretanto, nas esculturas da igreja gótica também eram era comum a


representação de temas profanos, como: a personificação das sete artes liberais
(Gramática, Retórica, Dialética, Aritmética, Geometria, Astronomia e Música), os
meses dos anos, signos do Zodíaco e acontecimentos históricos.
O aspecto das estátuas no exterior das catedrais, segue os cânones
estéticos da arquitetura gótica como figuras bem alongadas, braços presos ao
corpo, as pernas paralelas, o caimento das vestes da escultura sempre tendendo
à verticalidade e as costas não eram marcadas. Todas essas características
contribuíam para atenuar o caráter de verticalidade dos edifícios góticos.

Figura 13 - Estátuas adossadas que adornam o portal central do lado sul da catedral de Notre-
Dame de Chartres, esculpidas entre 1200 e 1215

Fonte: GOZZOLI, 1978

3.2.4 Portadas Góticas


A portada é um dos elementos decorativos da arte gótica que se destaca
pela sua composição. As portas das catedrais góticas, na fachada principal,
sempre são as de maior destaque, embora é característico do gótico ter portadas
decoradas também nas fachadas laterais. Alguns dos elementos principais da
portada, eram: o tímpano, frontão principal da porta; as arquivoltas, arcos
concêntricos salientes em forma ogival, que envolviam o tímpano; o lintel, ficava
abaixo do tímpano e o mainel, estátua que dividia a porta principal em duas
entradas menores (GOZZOLI, 1978). Figura 14.
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Figura 14 - Elementos da portada gótica

Fonte: DUCHER, 2001 (alterado pelo autor)

Figura 15 - Portada da Catedral de Reims

Fonte: https://www.flickr.com/photos/8449304@N04/1854374906

3.2.5 Gárgulas
As gárgulas eram esculturas construídas envolta das saídas de águas
pluviais advindas dos grandes telhados. Essas saídas eram esculpidas em forma
de animais fantásticos que despejavam a água pela boca e por isso estavam
sempre com a cabeça baixa (BOLTSHAUSER, 1968). Figura 16.
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Figura 16 - Exemplo de gárgula

Fonte: https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=34970

3.2.6 Capitel Gótico


Os capiteis góticos são compostos pelo ábaco e o cesto. O ábaco fica na
parte superior do capitel e é onde recaem os arcos ou nervuras das abóbadas,
logo abaixo fica o cesto, o qual leva esse nome por sua forma.
A inspiração para estética desses capiteis vem da natureza; ao cesto são
adoçadas folhas que remetem, no início do gótico, a plantas mais jovens, quando
começam a brotar. Com a evolução da forma dessas plantas, as folhas são
representadas já crescidas e desabrochadas, criando mais curvas no conjunto.
Na última fase do gótico, as formas anteriormente citadas dão lugar a arranjos
florais ricamente detalhados, os quais que em alguns casos eram substituídos
por formas simplistas, pela possibilidade de afetarem estética do conjunto
(BOLTSHAUSER, 1968). Figura 17.

Figura 17 - Variações de estilos do capitel gótico

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968.


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3.2.7 Florão
Os florões eram ornamente muito frequentes nas construções góticas,
como o nome já sugeri, eram buquês florais que guarnecidos de cogulhos,
decoravam o interior e exterior das catedrais. Entre os séculos XIII e XIV, eram
representados por folhas aquáticas ou algas, a partir do século XV, a folhagem
tem maior desenvolvimento (DUCHER, 2001).

Figura 18 - Exemplos de Florões

Fonte: DUCHER, 2001, 57.

3.3 ARQUITETURA RELIGIOSA


Com o surgimento e crescimento de cidades, houve o começo da
urbanização e era normal que os governantes dessas cidades quisessem
estabelecê-las e evidenciar esse crescimento; e o meio usado na idade média
para mostrar poder era através de obras monumentais, nesse caso, igrejas. Além
disso, a igreja precisava que os fiéis voltassem a valorizar e considerar a
presença da mesma no seu dia a dia e para isso era necessário novos artifícios
para trazê-los de volta, como dito anteriormente, e a exuberância das igrejas foi
um deles, o que envolvia o fato da catedral se tornar um ponto central, sendo
possível ser avistada de toda a cidade por sua altura e beleza. A ideia de elevar
os cristãos de forma mais racional ao o que é divino também circundava o
conceito do estilo gótico, num meio onde se estabeleciam grupos mais
abastados, a exemplo da burguesia, que começavam a mediar seus valores, a
verticalidade e finesse com que essas edificações eram construídas somada aos
pormenores acrescidos à catedral gótica, atribuíam um tom de maior
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imponência e caráter místico religioso que de fato atraiam os cidadãos


(GOZZOLI, 1978).
Quando se entra numa catedral gótica, a primeira sensação que se tem
é mesmo a de uma altura que corta a respiração, efeito este que se
deve quer às reais dimensões verticais da nave central (a Notre-Dame
de Paris tem 35 metros de altura, a catedral de Reims, 38 e a Notre-
Dame de Amiens, 42), quer à relação entre a altura e a largura da
própria nave. De fato, a primeira é sempre acentuadamente reduzida
em relação à segunda: na catedral de Chartres, a relação é de 1:2,6,
na Notre-Dame de Paris é de 1:2,75, na catedral de Colônia chega
mesmo a 1:3,8 (GOZZOLI, 1978).

Figura 19 - Fachada Ocidental da catedral de Chartres, Paris

Fonte: GOZZOLI, 1978.

3.3.1 Fases da Arquitetura Gótica


A arquitetura gótica é dividida em três grandes fases, as quais são
segmentadas a partir das diferentes composições dos edifícios góticos entre o
século XII e meados do século XVI, que é quando ocorro o início do estilo
renascentista.

3.3.1.1 Gótico Primitivo


Nessa primeira fase do gótico, são conservadas algumas das
características das catedrais românicas. Ainda há a presença de abóbadas de
berço agudas que aos poucos vão sendo substituídas pelas com arco ogival. Os
pilares utilizados dessa fase são simples, por vezes duplos e aos poucos surgem
a coluneta nessas estruturas (et. all GOITIA, 1996).
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As janelas são organizadas em arcos agudos, as quais possuem mais


dois arcos em seu interior e há a presença de óculo na parte superior.
As plantas seguem influenciadas pela arquitetura românica, com,
geralmente três naves, cruzeiro, cabeceira e capelas ou charola. Aos poucos a
planta das capelas vai sendo mudada de redonda para poligonal, sofrendo os
efeitos do uso de arcos ogivais (et. all GOITIA, 1996).
A exemplo de Catedrais Góticas Primitivas, tem-se a catedral de Sens, a
Notre-Dame de Paris e a mais conhecida como sendo a pioneira no gótico, Saint
Dennis.

Figura 20 - Catedral de Saint-Ètienne, Sens

Fonte: WIKIPEDIA, 2018.

3.3.1.2 Gótico Clássico


O gótico clássico tem início no final do século XII e perdura até meados
do século XIII e o que consta como maior glória desse período é a catedral
francesa (DUCHER, 2001).
Na segunda fase, os cânones de estética do gótico são bem
desenvolvidos na França, que é considerado o berço do estilo, são adotados em
diversas edificações pelo território europeu com certa homogeneidade. A
verticalidade começa a ficar mais acentuada e ocorrem mudanças na
configuração da planta da catedral.
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3.3.1.3 Gótico Tardio


A última fase do gótico é conhecida como gótico Flamboyant, ocorre entre
meados do século XIII e perdura até o século XVI, que é quando começam a
surgir os primeiros traços da arquitetura renascentista.
O termo Flamboyant é uso nessa fase para caracterizar a arquitetura
marcada por formas de chama que eram aplicadas na composição dos edifícios
em, por exemplo, buracos, rosetas ou frontões. Os ornamentos nessa fase são
utilizados ao extremo em toda a composição das construções. As abóbadas, por
exemplo, tomam formas mais complexas e chegam a serem usadas apenas
como decoração.
Nessa última fase do gótico, começam a surgir derivações do estilo com
aspectos regionais, pela Europa. Na Inglaterra, surge o gótico perpendicular, na
Espanha, o Mudejar e o Manuelino em Portugal.
Um exemplo de Gótico Flamboyant é A capela de Sainte Chapelle, na
França (Figura 22).

Figura 21 - Capela de Sainte Chapelle, Paris

Fonte: MORALES, 2019.

3.3.2 A Catedral Gótica


A principal tipologia construtiva do gótica é a catedral e nela foram
introduzidas as principais inovações construtivas desse período; e é a partir da
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prática construtiva dessa edificação que são desenvolvidos ao decorrer da


vigência dessa estética arquitetônica, melhorias nos aspectos estruturais e
funcionais que consequentemente tornaram possíveis a expressão das
intenções ligadas à forma e beleza das catedrais góticas. Eram chamadas de
catedrais, as igrejas que possuíam as cátedras dos bispos (BOLTSHAUSER,
1968).
Como já citado anteriormente, a catedral gótica seguia a configuração
básica correspondente à catedral românica e aos poucos acrescentando e
alterando algumas de suas características. Em um corte transversal (Figura 22)
é possível perceber a presença das três tradicionais naves posicionadas no
sentido longitudinal da igreja, com a central sendo a mais evidente em altura,
largura e teor estético, as arcadas de sustentação em arcos ogivais, logo acima
o trifório, que com o desenrolar do estilo, por vezes não era incluído na
construção, o clerestório, a abóbada que é usada de maneiras diversas,
arcobotantes, contrafortes, pináculo e elemento do qual o gótico foi pioneiro, as
gárgulas.
Figura 22 – Corte transversal mostrando os elementos gerais que compõem a catedral gótica

Fonte: https://www.estilosarquitetonicos.com.br/arquitetura-gotica/

Segundo Roth (1993), a catedral gótica foi um subproduto proveniente das


cruzadas, devido ao deslumbre dos cruzados diante da beleza de Constantinopla
e as super dimensões da Basílica de Santa Sofia.
As catedrais góticas foram praticamente cobertas de cima a baixo por
representações escultóricas de histórias bíblicas. A mais radial
inovação foi a quase eliminação das paredes da igreja – em seu lugar,
25

foram colocadas membranas de vidro colorido com imagens de


histórias da escritura. Assim, em pedra e em vitrais, o edifício todo se
tornava uma bíblia para o iletrado, e, o que era especialmente
importante, o imaginário visual era reconhecido a todos – senhor,
mercador, criados e servos igualmente (ROTH, 1993, p. 298).

A catedral tem a planta em cruz latina (Figura 23), as naves (central e


laterais) que ficavam no sentido transversal da igreja, por motivos de simbologia
religiosa, eram posicionadas no sentido Leste-Oeste, para que assim o altar-mor
ficasse sentido Leste, onde nasce a luz do dia, remetendo à luz de Cristo.
Seguindo essa configuração, o transepto ficava nos sentidos Norte (lado do
Evangelho) e Sul (lado da Epistóla), como mostra a figura abaixo (GOZZOLI,
1978).
Figura 23 - Principais elementos da planta em Cruz Latina adotados na Catedral Gótica

Disponível em: www.concretoemcurva/2016/03/23/arquitetura-romanica/

A construção da catedral gótica foi toda baseada nos elementos


estruturais e decorativos citados nos itens anteriores.
A proeminência da pedra e do vidro era notória nessas edificações
(BOLTSHAUSER, 1968), mas também era usada a madeira nos sistemas de
coberta das catedrais. Por, como citado, ter a forte presença do arco ogival, e
abóbadas de nervuras, a verticalidade sobressaía nas obras góticas, as paredes
eram cegas e substituídas pelos vitrais, os quais compõem a experiência do
estar na igreja gótica.
26

Nas igrejas góticas, pode-se perceber também a valorização da Nossa


Senhora, Maria mãe de Jesus, sendo perceptível a inclinação à adoração a ela.

3.4 EDIFÍCIOS CIVIS


Em virtude do enriquecimento das cidades em decorrência do
desenvolvimento do comércio, a arquitetura gótica deixou de focar apenas nas
catedrais, passando também, a atuar nos edifícios civis.
Nessa arquitetura, era comum a utilização de janelas geminadas com uma
coluneta no eixo e uma pequena abertura abaixo do arco de escarção. O lintel
poderia ser decorado com um arco contracurvado ou com caixilhos divididos por
mainéis de pedra.

Figura 24 – Exemplo de janela geminada Figura 25 – Exemplo de arco contracurvado

Fonte: DUCHER, 2001, p. 67. Fonte: DUCHER, 2001, p. 67.

3.4.1 Edifícios Oficiais


Um exemplo de arquitetura civil gótica são os paços municipais, também
denominados de “casa comunal” nas cidades menores ou de “hôtel-de-ville” nos
centros urbanos de maior população. Esses edifícios eram destinados a abrigar
a sede de um governo municipal.
É caracterizado por dois pavimentos, estando o térreo abrigado por um
mercado permanente e por feiras periódicas e o andar superior, destinado às
reuniões do conselho do município e para as festas e solenidades da cidade. Ao
lado, estaria uma torre de porte significativo, na qual estaria concorrendo com a
27

torre da catedral do local. Podemos citar o Paço Municipal de Campiègnes, ao


Nordeste de Paris, século XV como exemplo de “hôtel-de-ville”. Esse possui
janela geminada com caixilho de pedra, um pequeno arco contracurvado, além
de possuir uma torre central (ou torre de atalaia), sendo essa sua parte mais
notável da edificação.

Figura 26 - Exemplo de “hôtel-de-ville” do século XIV

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1801

Figura 27 – “hôtel-de-ville” de Compiègne

Fonte: Wikipedia.org

Outros paços municipais construídos com a influência da arquitetura


gótica são os de Arrás (séc. XVI), perto da fronteira da Bélgica, Saint-Quentin,
nos altos da França, o de Dreux (séc. XVI), e Burges, ao Sul de Paris.
28

O hôtel-de-ville de Arrás tem significativa representatividade em


decorrência de sua vasta fachada gótica, com arcada no térreo, grandes janelas
no pavimento superior (principal), telhado empinado com três filas superposta de
trapeiras e uma torre localizada na parte oposta à fachada.

Figura 28 – “hôtel-de-ville” de Arrás

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1798

Figura 29 – “hotel-de-ville” de Dreux

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1799

Figura 30 – “hôtel-de-ville” de Saint Quentin

Fonte: Wikipedia.org
29

Há o elemento da lucarna, nas quais as do século XV são conhecidas por


serem as mais adornadas. Possuem uma claraboia de arcaturas ou de
arcobotantes, unindo o frontão aos dois pináculos que o flanqueiam. Um exemplo
é a do hôtel de Jacques Coeur em Bourges.

Figura 31 – Exemplo de Lucarna

Fonte: DUCHER, 2001, p. 67.

Outro exemplo de é edifício civil é o Palácio de Justiça de Ruão, no final


do século XV, com janelões de divisões acentuadas no pavimento nobre e
telhado inclinado com uma série de vãos com painel de pedra rendilhado e várias
agulhas.

Figura 32 - Palácio de Justiça de Ruão

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1800


30

3.4.2 Residências
Com o fim da Idade Média, as cidades passarem a crescer em relação à
população e ao comércio e com isso, houve um aumento das construções das
residências para satisfazer tal demanda. Dois aspectos são importantes a se
considerar, sendo um deles a existência das cidades cercadas por muralhas,
possuindo essas ruas estreitas e irregulares. Como consequência, as casas
eram geminadas, com dois ou três pavimentos e com sacadas sobre as ruas,
aproveitando ao máximo o pouco espaço disponibilizado nesse tipo de cidade.
A outra característica está no surgimento de novas cidades, com traçados
regulares, ruas largas e em linha reta, possibilitado um melhor planejamento da
edificação.
Eram pequenas as residências urbanas, com fachadas estreitas, telhados
empinados, aproveitamento de sótão e janelas presentes a partir do 2º
pavimento com estrutura em madeira na fachada principal. Em decorrência do
pouco espaço do lote, cada pavimento comportava apenas um cômodo amplo.
Uma escada em caracol na lateral do terreno daria acesso aos demais
pavimentos e, dependendo das dimensões térreo, caberia uma loja em frente
para a rua, com um pátio e cômodo sanitário nos fundos. Os segundo e terceiro
pavimentos seriam destinados à moradia dos habitantes, sendo o segundo
destinado à sala comum e às atividades de serviço e o terceiro compreendendo
os cômodos de dormir. Alguns pavimentos térreos poderiam apresentar pórtico
com arcada ogival.

Figura 33 - Residência urbana modesta

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1820


31

Figura 33 – Planta baixa de residência urbana modesta

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1821

Figura 34 – Exemplo de pórtico no pavimento térreo de uma casa urbana modesta

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1821

Tais habitações compreendiam edificações familiares mais modestas,


abrigando os burgueses e os mestres de ofício, como também suntuosas,
comportando os senhores do então em declínio regime feudal. Os castelos
caíram em desuso e, sendo deixado de lado o aspecto defensivo das
residências, as habitações dos senhores passaram a ser casas de campo.
As edificações correspondentes à habitação dos senhorios na cidade
eram chamadas de “hôtel”, com lotes grandes, elementos suntuosos e em geral
com dois pavimentos. Possuía fachada principal com recuo zero, pátio interno
generoso, fornecendo uma boa ventilação e iluminação aos cômodos. O acesso
ao pátio se dava por meio de duas portas, sendo uma delas destinada à entrada
de carruagens, possuindo assim, largura suficiente e a outra para a entrada de
pedestres. No fundo do pátio havia o setor de serviço, com espaço para as
32

carruagens e estrebaria para os cavalos. Em uma das laterais do pátio interno,


havia uma torre com uma escadaria que interligaria os pavimentos.
No escopo localizado no térreo e na entrada principal estariam os
serviçais e os guardas e, logo acima, no pavimento superior, a capela. Nessa
mesma fachada, haveria uma torre central, com alas nas suas laterais, além de
um torreão. Atravessando o pátio - contornado por arcadas nos dois pavimentos
- estaria localizada a residência do senhorio.

Um exemplo de edifício de residência para os senhores é o “hôtel” de Jacques


Coeur, próspero mercador de Burges, na primeira metade do século XV.

Figura 35 - Fachada principal do “hôtel” de Jacques Coeur

Fonte: wikipedia.org

3.4.3 Hospitais
Na França, os hospitais ficavam localizadas nas principais cidades da
época e tinham a função de tratar enfermos e fornecer ajuda às pessoas com
algum tipo de necessidade. Eram conhecidas como “Maison-Dieu” ou “hôtel-
Dieu”, ou seja, “Casa de Deus”. Não havia uma separação total de alas por tipo
de doença. O que existia eram celas com divisões de baixa altura, ficando o teto
em comum. Quanto à ventilação, havia uma preocupação na renovação do ar e,
para tal, eram colocadas grandes janelas em elevada altura.
Um exemplo, foi o hospital de Beaune, localizada no Leste da França.
Possuía um telhado de duas águas com forte inclinação que cobria um teto de
abóboda de ogiva, com madeiramento à vista, além de um pátio interno coberto
em madeira que permitia a exposição do doente ao ar livre para a sua melhora.
33

Figura 36 – Corte do hospital de Beaune, no Leste da França

Fonte: BOLTSHAUSER, 1968, p. 1815

Figura 37 – Pátio interno do antigo hospital de Beaune, atualmente um hotel de hospedem,


Borgonha

Fonte: beaune-borgonha.com

3.4.4 Edifícios Militares


Correspondia aos castelos, edificações destinadas à moradia dos
senhores feudais, situadas na zona rural. Seu sistema defensivo compreendia
um pátio fortificado com uma ou duas muralhas. Inicialmente, possuía uma torre
no centro da muralha, denominada de torre de menagem e posteriormente, em
uma de suas laterais. Em geral, a muralha era circundada por uma fossa,
dificultando a invasão do castelo, com uma única porta, antecedida de um
rastilho, que seria uma grade móvel de metal. Para atravessar essa porta, seria
necessária passar por uma ponte levadiça, compreendida de modo geral, entre
duas torres.
34

Figura 38 – Exemplo de porta de castelo gótico

Fonte: DUCHER, 2001, p. 69.

As torres poderiam ser quadrifólias, redondas ou de bico, sendo elas


interligadas por uma muralha denominada cortina, na qual possuía dois andares
para a vigília da mesma. O último andar era composto por ameias e seteiras,
sendo pontos estratégicos para a proteção do castelo.

Figura 39 – Exemplos de ameias, merlões, seteiras e balestreiros.

Fonte: DUCHER, 2001, p. 69.


35

Figura 40 – Exemplo de cortinas de muralha gótica

Fonte: DUCHER, 2001, p. 69.

O parapeito de ameias possuía pequenas paredes, denominadas de


merlões e, entre eles, estariam as seteiras. Os balestreiros seriam uma saliência
saindo das paredes das cortinas ou de uma torre, com o campo de mira de cima
para baixa. Os bailéus seriam pequenos sacadas em cima dos pontos fracos e
das portas e as guaritas seriam pequenos pavilhões. Exemplos de castelos são
o de Pierrefonds, no século XV, a Bastilha, o castelo de Villeneuve-lès-Avignon
e o castelo de Vincennes.

Figura 41 – Exemplo em corte de balestreiro de castelo gótico.

Fonte: DUCHER, 2001, p. 69.


36

Figura 42 – Castelo de Pierrefonds ,segundo Viollet-Le-Duc, Paris

Fonte: Wikipedia.org

4 NOTRE DAME DE PARIS


A catedral de Notre Dame de Paris, que significa Nossa Senhora, pois é
dedicada a maria mãe de cristo, ela não é a maior da França, mas impressiona
pela beleza, como por exemplo a parte interna com os vitrais. Sua construção
começou entre 1150-50 para substituir uma basílica do século VI e foi finalizada
em 1345, se encontra na íle de la cité, no centro de Paris. A catedral ficou quase
que em estado de abandono durante os séculos XVII e XVIII, inclusive as 28
cabeças das estátuas da fachada principal foram arrancadas na revolução
francesa, os revolucionários achavam que as estátuas eram de reis, quando na
verdade são personagens bíblicos, no século XIX as coisas melhoraram para a
igreja, que recebeu alterações como a inclusão da rosácea sul que sofreu novas
intervenções futuramente e a substituição de arcobotantes essas intervenções
também foram alvo de críticas.

Figura 43 – Notre Dame de Paris

Fonte: http://lugaresinesqueciveis.wordpress.com
37

A catedral foi pioneira no uso de arcobotantes, devido ao grande sucesso


outras igrejas góticas passaram a fazer uso desse recurso.

Figura 44 – Arcobotantes

Fonte: www.nationalgeographicbrasil.com

Nossa senhora é da fase primitiva do gótico, os materiais usados em larga


escala em sua construção foram a pedra e a argamassa, possui uma nave
central, quatro naves laterais duas no lado esquerdo e as outras duas do lado
direito o transepto ficou contido na totalidade da catedral, isso por ter as quatro
naves laterais o transepto fica aparente no exterior da catedral (conforme
mostra a figura 45).

Figura 45 – Planta baixa

Fonte: Arquitetura gótica - Curso de arquitetura e urbanismo


38

Abóbadas da nave central (1163 - 1250)

Essas abóbadas são divididas em seis partes sobre dois vãos. Observe
como há continuidade das linhas das nervuras das abóbadas até
os colunelos conferindo continuidade vertical ao interior (FAZIO, 2011).

Figura 46 - Abóbadas da Nave Central

Fonte: A história da Arquitetura Mundial

As paredes dessa área interna são divididas em três andares que


compreendem a arcada, trifório e clerestório (conforme mostra a figura 47).

Figura 47 – Nave central

Fonte: Arquitetura gótica - Curso de arquitetura e urbanismo


39

Como consequência de ser da fase primitiva, “Notre dame em sua


fachada ocidental também considerada a principal, conserva o estilo românico
normando, a nave de abobadas sexpartidas, os tramos quase quadrados[...] e
as grossas colunas das arcadas da nave (JASON,1994). Tem um aspecto
pesado, quase que militar, a construção dessa fachada começou em 1200,
possui 63 metros de altura e 41 metros de largura pegando como referência o
topo das torres, o ponto mais alto. Nada em Notre Dame é por acaso, as
catedrais góticas também tem a função pedagógicas, elas ensinavam através
das esculturas e simbologias. Na simbologia da fachada com características
românicas, o quadrado representa o que foi criado, o espaço limitado o círculo,
em destaque no centro da fachada, é a perfeita figura do que não tem fim ou
começo, a imagem de Deus, as cabeças de Jesus e de Maria ficam exatamente
no centro desse círculo, que representa a aceitação de Deus por Maria na forma
de criança, a fachada é cortada por 28 estátuas que são os reis de judah,
representados conforme mostra a figura.

Figura 48 – Fachada Principal

Fonte: nationalgeographicbrasil
40

Na fachada à sudeste se percebe o estilo gótico com suas agulhas


elevadas, a rosácea maior e a menor na torre central e os arcos de sustentação
das paredes laterais (os arcobotantes) confirmando a visão estereotipada pelos
historiadores dos contrafortes em forma de esqueletos. “Gótico é, também, o
verticalismo do espaço interior” (CHAVES, 2010)

Figura 49 - Fachada Sudeste

Fonte: greatbuildings.com

Rosáceas
O termo rosácea é usado para descrever uma janela circular
dividida em várias partes, que são comuns nas igrejas góticas. A catedral de
Notre Dame de Paris tem um total de três rosáceas, de coloridas imagens, que
remetem a história e tradição cristã. A primeira é a rosácea localizada no lado
oeste, que tem como tema principal a vida humana, cenas dos signos do zodíaco
e os trabalhos dos meses, que representam os trabalhos referentes aos doze
meses do ano.
A segunda da fachada sul localizada ao lado do Rio Sena, já sofreu
diversas intervenções e conta a história do novo testamento, triunfo de cristo e a
simbologia do número quatro(as quatro estações do ano, os quatro braços da
cruz e as virtudes dos santos: prudência, justiça, fortaleza e temperança) entre
outras simbologias.
A rosácea norte tem cerca de setecentos anos que foi colocada e o
tema mais abordado é o velho testamento, no centro encontramos a imagem de
41

Virgem Maria com o menino Jesus. Sob a rosácea estão colocados os dezesseis
profetas no centro estão os quatro principais: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.

Figura 50 - Rosácea Norte, Sul e Oeste, da esquerda para direita

Fonte: http://temporadademandala

Portais
O portal de Sant Ana, foi o primeiro a ser construído e mostra a
imagem de Maria com Jesus no colo. O portal da virgem foi o segundo a ser
construído e foi feito entre 1210 e 1220 e mostra a morte da mãe de cristo, a sua
ida ao céu e sua coroação. O terceiro e último portal é o do julgamento,
construído entre 1220 e 1230, mostra os mortos voltando a vida e o anjo Miguel
pesando com uma balança quem vai para o céu ou inferno, basicamente o juízo
final.

Figura 51 - As três portadass da Notre Dame de Paris

Fonte: https://www.youtube/Loucos por viagens.canalblog.com


42

Gárgulas
“Os monstros mitológicos se enroscam em torno dos capiteis do
século XII e no século XIII são desterrados para o cimo da catedral, servindo
como escoamento as águas” (BASTIDE, 1991, p. 100). As catedrais góticas
fazem uso das esculturas como meio educativo, assim como se dava nas obras
românicas, a bíblia não descreve o diabo como uma criatura feia e
amedrontadora, na verdade antes de ser lançado ao inferno ele era um anjo de
luz, esse elemento surge para representar o diabo segundo a interpretação da
época e até mesmo para reprimir os fiéis com relação ao diabo existem algumas
esculturas com aspectos assustadores.

Figura 52 – Gárgulas

Fonte: https://www.youtube/TV CriaArte

O Tesouro
O trésor de Notre Dame é onde ficam expostos os tesouros deste
edifício, como por exemplo livros litúrgicos, ornamentos, vasos sagrados são
usados nas missas e em outras ações da igreja, as peças mais antigas foram
destruídas na revolução francesa.
43

Figura 53 - Trésor de Notre Dame

Fonte: notredamedeparis.fr

Os sinos
Os sinos originais das torres foram fundidos durante a revolução
francesa para serem forjados canhões, sendo assim eles só soaram até o século
XVIII. Os atuais inaugurados em 2013, graças a um projeto de renovação, foram
construídos com a intenção de copiar o som dos antigos, o novo conjunto de
sinos do templo é composto de dois sinos na torre sul, oito na torre norte e outros
três na nave central.

Figura 54 - Os oito novos sinos de bronze da catedral de Notre Dame de Paris

Fonte: g1.globo.com

A cripta
Entre 1965 e 1972, houve uma série de escavações em Paris, que
revelaram vestígios da antiga ocupação da cidade. A cripta que fica na parte
44

subterrânea do átrio da catedral, lá é possível encontrar testemunhos de mais


de 2000 anos atrás.
Figura 55 – Cripta

Fonte: https://viajento.com

Intervenções
No final do século XII foram inseridas capelas que ficam entre todos
os arcobotantes da catedral na parte do coro e da nave central, posteriormente
durante o reinado de Luís XIV no século XVII, ele promoveu alterações na
catedral, a principal marca deixada foi a troca de vitrais por elementos do
Barroco, estilo que estava na moda nesse período.
Victor Hugo, o escritor do livro ”Nossa Senhora de Paris” ,
vulgarmente conhecida como “O corcunda de Notre Dame”, junto com a história
de quasímodo e esmeralda, trata acerca das transformações pelas quais a
catedral vinha sofrendo por conta das mudanças das modas na arquitetura e o
prejuízo que causou a igreja, em seu livro o autor conta com riqueza de detalhes
como era a catedral na época em que o livro escrito(1831), também descreve
onde aconteceram as intervenções.
As críticas do francês não dizem respeito apenas a parte estética da
obra, mas também quanto ao sentido e toda a simbologia envolvida em cada
elemento da catedral e graças ao livro a catedral foi restaurada depois de
décadas de abandono.
Já no século XIX, Eugene Emmanuel Violet-Le-Duc realizou uma
restauração, reconstruindo todos os arcobotantes do templo, restaurou
esculturas do exterior e os vãos do cruzeiro voltaram a ser como no projeto
original.
45

Figura 56 - Elevação externa e interna da nave central

Fonte: A história da Arquitetura Mundial

Incêndio
No dia 15 de abril de 2019 o mundo se deparou com cenas tristes para
quem ama arquitetura, sobre tudo a gótica, um dos grandes destaques do estilo
arquitetônico sobre citado sofreu um incêndio que danificou parte de sua
estrutura e artefatos únicos, o telhado do edifício desabou sobre a igreja assim
como o pináculo também chamado também chamado de agulha que havia sido
substituído no século XIX, tinha 90 metros e infelizmente se perdeu, mas todas
as 16 estátuas de bronze foram retiradas antes do incêndio para restauração.

Figura 57 – Imagem mostrando os efeitos do incêndio na Notre Dame de Paris

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47941953
46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse estudo acerca do Gótico pôde-se constatar que esse estilo
foi de suma importância para o desenvolvimento tanto da arquitetura quanto para
a arte, em escala mundial.
A arquitetura gótica dentre suas tantas contribuições à arquitetura,
desenvolveu solução de estrutura, a fim de trabalhar a verticalidade das suas
construções, técnicas de escultura e arte com vidro tiveram muitos avanços
nesse período e hodiernamente as suas obras enriquecem o patrimônio mundial
com sua exuberância e complexidade. A arte gótica pode ser considerada como
uma expressão do triunfo da igreja católica durante a idade média, pois é uma
expressão artística nitidamente religiosa que começou com alguns aspectos
românicos obteve grandes avanços construtivos.
Ademais, é válido ressaltar a grande importância desse estudo para os
autores do mesmo, no aprendizado da história da arte e arquitetura e poderá ser
usado em estudos sobre do gótico mais adiante.

6 REFERÊNCIAS
BASTIDE, Roger. Arte e Sociedade. Tradução de Gilda de Mello e
Souza. 2ª.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, Editora da USP, 1971.
BAZIN, Germain. História da Arte: Da Pré-História aos nossos dias. Paris:
Bertrand, 1963. 458 p.
BOLTSHAUSER, João. História da Arquitetura. Vol. 4. Belo Horizonte: Escola
de Arquitetura da U.F.M.G., 1968.
CHAVES, Regina et all. NOTRE-DAME E A ARTE GÓTICA: O CONTEXTO
POLÍTICO E CULTURAL NA ARQUITETURA DO SÉCULO XII. II Seminário
Nacional em Estudos da Linguagem: Diversidade, Ensino e Linguagem.
Cascavel/PR: 2010.
DUCHER, Robert. Características dos estilos. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
FAZIO, Michael. A História da Arquitetura Mundial. 3-ed. Porto Alegre: AMGH,
2011.
GOITIA, Fernando Chueca. História Geral Da Arte: Arquitetura. Del Prado,
1995. 110 p. (História Geral da Arte).
47

GOZZOLI, Maria Cristina. Como Reconhecer a Arte Gótica. Martins Fontes,


1984. 64 p.
JANSON, H. História da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
MORALES, Ana. La Sainte-Chapelle, una joya gótica en el corazón de
Paris. 2019. Disponível em: https://www.anamoralesblog.com/la-sainte-
chapelle-una-joya-gotica-en-el-corazon-de-paris/. Acesso em: 02 mar. 2019.
ROTH, Leland M.. Entender a Arquitetura: Seus elementos, história e
significados. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 1993. 549 p.
SHAVER-CHANDELL, Anne. A Idade Média. Círculo do Livro, 1988. 124 p.
História da Arte da Universidade de Cambridge.
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Sites consultados:

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