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Aplicação de MPD (Managed Pressure Drilling)

na Revitalização de Campos Maduros

Desde o início da indústria do petróleo até os dias de hoje, este


insumo vem sendo usado amplamente em indústrias de diversos
segmentos como na fabricação de plásticos, na indústria têxtil, de
cosméticos, ou ainda na sua forma mais conhecida, como
combustível. Além disso, é notório o gás ainda possui uma grande
relevância como matriz energética global. A presente dependência
do petróleo e o fato de ser um recurso não renovável traz consigo a
discussão acerca do aproveitamento máximo de reservas que já
estão sendo exploradas há algum tempo. Os campos maduros, como
são chamados estes reservatórios os quais apresentam declínio em
sua produção, constituem cenários mais complexos e exigem
tecnologias e adequações que são responsáveis por garantir a
continuidade da produção até o limite máximo possível dos
reservatórios de óleo e gás disponíveis.

Antes da perfuração, o poço possui uma pressão interna uniforme que encontra-se em
equilíbrio. Com a perfuração e extração do petróleo e gás contidos no poço, ocorre um
desequilíbrio na pressão interna.

Um dos métodos de monitoramento de poço é através da observação da janela


operacional de perfuração, que consiste em uma região entre o limitante inferior,
classificado como pressão de poros e o limitante superior, denominado pressão de
fratura.

A pressão de fratura é definida como a pressão que leva à falha da rocha por tração e
pode ocorrer devido a utilização de um baixo ou alto peso de fluido de perfuração. Já a
pressão de poros consiste na pressão em que se encontra o fluido contido na
formação. Quando o diferencial entre a pressão da formação e aquela exercida pela
circulação do fluido e a permeabilidade da rocha forem suficientemente grandes,
podem ocorrer os indesejados influxos de fluidos contidos na formação para o interior
do poço. Esse tipo de evento é conhecido também como “kicks”.

Nesse sentido, é necessário que o controle da pressão no poço seja extremamente


rigoroso, compreendendo sempre a região estabelecida pela janela de operação e
evitando aproximar-se das limitantes ‘pressão de poro’ e ‘pressão de fratura’,
conforme demonstrado na figura abaixo.

Fonte: Adaptada de OMLAND, T. H. Particle settling in non-Newtonian drilling Fluids.


Dissertação de Ph.D. University of Stavanger, Faculty of Science and Technology, 2009.

Quando se trata de campos maduros, a janela operacional de perfuração torna-se mais


estreita devido à produção ao longo dos anos e o esgotamento do reservatório.

Essa característica, típica de reservatórios maduros, aumenta a possibilidade de


ocorrências de kicks ou perdas para a formação. Outras situações em que essa janela
operação representa um obstáculo, é quando se trata de perfuração em águas
profundas, que da mesma forma, apresenta uma região de operação reduzida.

O conjunto de equipamentos utilizados para uma operação MPD (Managed Pressure


Drilling) ou Perfuração com Pressão Gerenciada, tem o objetivo de controlar a pressão
em um poço a ser perfurado. Alguns desses equipamentos ficam posicionados abaixo
da mesa rotatória / rig floor e no sistema de retorno de fluido, enquanto outros podem
estar instalados no convés da unidade. Atua especialmente na prevenção de incidentes
catastróficos relacionados a controle de poço e consequente poluição descontrolada.
O MPD tem a capacidade de tornar a operação de perfuração mais segura, mais
eficiente e econômica, além de permitir um monitoramento mais próximo do poço,
com detecção de potenciais anomalias e respostas mais aprimoradas.

Em termos técnicos, o sistema de MPD é bastante indicado para casos em que a janela
operacional é muito estreita, necessitando de um controle mais rígido da pressão na
etapa de perfuração, de modo a garantir maior eficiência e segurança durante o
processo.

Essa tecnologia de gerenciamento de pressão, tem como princípio básico a


manipulação do perfil de pressão do anular do poço, conforme a necessidade. Esse
controle é feito através da coluna hidrostática de fluidos, em conjunto com a aplicação
de uma pressão adicional na superfície conhecida como backpressure. A backpressure
é uma perda de carga localizada, normalmente realizada por um choke que pode ser
controlado de forma manual, semiautomática ou automática, mantendo assim o perfil
de pressão desejado durante a operação.

A aplicação de MPD possibilita a perfuração de um poço mesmo com um peso de lama


cuja coluna hidrostática seja inferior à pressão de poros da formação, com a diferença
sendo compensada através da manipulação da backpressure, fazendo com que a
pressão no fundo do poço seja maior do que a pressão da formação (overbalance).

Cenários como a perfuração em águas profundas, regime de alta pressão e alta


temperatura (HPHT), ambientes de reservatórios esgotados, são operações
recomendáveis para a utilização de MPD, conferindo maior segurança e eficiência na
etapa de perfuração.

A adoção da tecnologia de gerenciamento de pressão além de mitigar diversos riscos,


elevar ainda mais a segurança na operação e possibilitar a perfuração de poços que
eventualmente não seriam possíveis pelos métodos convencionais, pode ainda
impactar na redução de tempo de perfuração e consequentemente na otimização e
economia de todo o processo. A exemplo disso está o caso do Campo de Franco, que a
partir da implementação das técnicas de MPD gerou uma redução em torno de sete
dias de perfuração e economia de sete milhões de dólares na época.

Recursos que venham a tornar as operações mais seguras, mitigando exposições


ambientais, elevando também o aproveitamento da principal matéria prima
energética, são extremamente importantes para a continuidade sustentável do setor,
especialmente em campos maduros. Esse tipo de tecnologia está aderente as ações
das empresas em relação ao tema ESG, adicionando valor a sociedade, ao meio
ambiente, as operadoras dos campos e aos prestadores de serviço, tornando também
o ambiente ainda mais seguro para os trabalhadores que estão embarcados.

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