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RESUMO – PROVA II – ECONOMIA BRASILEIRA RECENTE

Texto: “Depois da queda” – Luiz Gonzaga Belluzzo

O impulso das importações promoveu o crescimento econômico do biênio.

A penetração no mercado externo conferiu um maior grau de certeza nas decisões de


produção e de investimento.

Outra face dos ajustes das empresas ao lado de sua retirada do sistema financeiro na condição
de demandante de crédito ocorreu sua reentrada como aplicadora privilegiada de recursos.

O sistema financeiro foi aperfeiçoando instrumentos para a aplicação a juros de todo o tipo de
saldos monetários.

Aumentou o investimento em empresas já consolidadas, mas não a diversificação “ativa” que


objetiva promover novas atividades, tecnologias e mercados. Havia um duplo ganho dessas
empresas.

 O plano Cruzado e o período 87-89

Para as empresas que promoveram os ajustes, o plano Cruzado significou uma paralisação dos
processos defensivos desenvolvidos.

Assistiu-se no período do Cruzado a um boom de investimentos em 1986, amparada por uma


expansão do crédito bancário.

A expansão concentrou-se em investimentos leves, para a ampliação marginal da capacidade,


liderada por pequenas e médias empresas.

De imediato, o cruzado determinou dois efeitos: 1) queda abrupta do merk-up 2) reversão das
expectativas de elevados ganhos financeiros.

O Plano cruzado se deu por um racionamento, congelamento dos preços e controle da inflação
e queda da taxa de juros do setor financeiro.

Pequenas empresas investindo.

As empresas líderes de mercado estavam com suas margens de lucro diminuindo


significativamente, pois não conseguiam elevar os preços de seus produtos, perdendo sua alta
lucratividade.

O sistema financeiro não pagava mais altas taxas de juros, diminuindo significativamente sua
rentabilidade.

Essas empresas então promoveram um boicote ao plano. Perderam seu merk-up. Já as


empresas menores se beneficiaram com a expansão do crédito. Ocorreu então a inflação
inercial das grandes empresas.

Na empresa estatal seu desempenho foi assimétrico ao das empresas líderes do setor privado.
Foram eleitas como agentes encarregados de absorver o desindividamento privado.

A inflação alta que facilitava a ampliação das margens brutas de lucro das empresas privadas
não operava da mesma maneira nas estatais devido os controles tarifários.

As empresas Estatais, que antes do período de crise apresentavam padrões de desempenho


financeiro próximo aos padrões das empresas privadas, terminam por se distanciar
enormemente.

Política macroeconômica deliberada de controle de preços em 80.

Texto: “O Consenso se Washington”

O objetivo do encontro em Washington era proceder a uma avaliação das reformas


econômicas empreendidas nos países da região da América Latina.

Não se tratou, no Consenso, de formulações novas, mas simplesmente de registrar, com


aprovação, o grau de efetivação das políticas já recomendadas, em diferentes momentos, por
diferentes agências.

O colapso do comunismo na Europa central e a desintegração da União Soviética, somados à


adesão do socialismo espanhol e francês ao discurso neoliberal facilitariam a disseminação das
propostas do consenso e a campanha de desmoralização do modelo de desenvolvimento,
inspirado pela CEPAL, que havia montado na América Latina sobre a base de capitais privados
nacionais e estrangeiros e de uma participação ativa do estado, como regulador e até
empresário.

No Brasil, sem constrangimento, se daria fórmulas indiretas ou disfarçadas de vinculação do


novo padrão monetário brasileiro à moeda norte-americana.

Sob a invocação de slogans charmosos – globalização, transnacionalização – assume-se na


América Latina, no discurso e na ação, postura da dependência externa virtualmente total.
Revela-se implicitamente a inclinação a subordinar, se necessário, o político ao econômico.

Para o Consenso de Washington, a sequência preferível pareceria ser em última análise,


capitalismo liberal primeiro, democracia depois.

A existência de uma grande liquidez internacional, reforçada pelo aparecimento dos


petrodólares, levaria a um nível pouco prudente de endividamento em virtude de prazos de
amortização inferiores aos de maturação dos projetos de investimentos financiados. Contudo,
a principal vulnerabilidade do esquema residia no fato de os empréstimos serem contraídos a
taxas flutuantes de juros.

A decisão do FED de elevar especularmente as taxas de juros sobre o dólar para combater a
inflação nos Estados Unidos,coincidindo com uma política frouxa do governo norte-americano
teve efeito perverso sobre as taxas internacionais de juros e pegaria desprevenida a América
Latina, imprudentemente endividada a taxas de juros flutuantes.

De um golpe, com súbita elevação das taxas de juros – que mais do que duplicaram em termos
reais – os países latino-americanos se veriam na impossibilidade de honrar o serviço de suas
dívidas externas, serviço que passou a requerer, em média, a utilização de mais de 80% de
suas receitas de exportação.

Estratégia da dívida de 82: O pagamento integral dos juros seria viabilizado pela contração das
importações dos devedores, mediante a redução da demanda inerente aos programas de
ajuste recessivo recomendados e supervisionados pelo FMI e de medidas diretas de controle
das importações.

Dentro dessa estratégia de refinanciamento da dívida, os países latino americanos, Brasil


inclusive, perderiam considerável parcela de sua autonomia de decisão na formulação e
execução da política macroeconômica.

A estagnação, quando não a recessão, foi o alto preço pago pelos latino americanos para
reescalonar suas dívidas, com a agravante de uma distribuição particularmente iníqua do ônus
decorrente do ajuste, seja pela redução do salário real, seja pelo aumento do desemprego,
que aprofundaria ainda mais a miséria.

CONDICIONADO TARDIO: O Plano Brady

A nova estratégia substituiria o reescalonamento nas mesmas condições da contratação


original pela noção de consolidação da dívida antiga, mediante sua substituição por uma nova,
a longo prazo e também reduzida em até 35%. Essa redução se daria através de taxas fixas de
juros inferiores ás da dívida antiga ou por descontos no processo de sua renovação, de forma
voluntária para bancos credores.

O plano Brady representou, sem dúvida, avanço conceitual, chegou porém, com atraso de seis
anos e se mostrou bem modesto em termos quantitativos, sobretudo quando se tem em conta
as reduções que efetivamente resultaram de sua aplicação terminariam por situar-se sempre
em níveis inferiores a 20% do estoque da dívida com os bancos comerciais, abaixo portanto
dos 35% inicialmente acenados

Com Collor é que se produziria a adesão do Brasil aos postulados neoliberais recém-
consolidados no Consenso de Washington.

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