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Outra face dos ajustes das empresas ao lado de sua retirada do sistema financeiro na condição
de demandante de crédito ocorreu sua reentrada como aplicadora privilegiada de recursos.
O sistema financeiro foi aperfeiçoando instrumentos para a aplicação a juros de todo o tipo de
saldos monetários.
Para as empresas que promoveram os ajustes, o plano Cruzado significou uma paralisação dos
processos defensivos desenvolvidos.
De imediato, o cruzado determinou dois efeitos: 1) queda abrupta do merk-up 2) reversão das
expectativas de elevados ganhos financeiros.
O Plano cruzado se deu por um racionamento, congelamento dos preços e controle da inflação
e queda da taxa de juros do setor financeiro.
O sistema financeiro não pagava mais altas taxas de juros, diminuindo significativamente sua
rentabilidade.
Na empresa estatal seu desempenho foi assimétrico ao das empresas líderes do setor privado.
Foram eleitas como agentes encarregados de absorver o desindividamento privado.
A inflação alta que facilitava a ampliação das margens brutas de lucro das empresas privadas
não operava da mesma maneira nas estatais devido os controles tarifários.
A decisão do FED de elevar especularmente as taxas de juros sobre o dólar para combater a
inflação nos Estados Unidos,coincidindo com uma política frouxa do governo norte-americano
teve efeito perverso sobre as taxas internacionais de juros e pegaria desprevenida a América
Latina, imprudentemente endividada a taxas de juros flutuantes.
De um golpe, com súbita elevação das taxas de juros – que mais do que duplicaram em termos
reais – os países latino-americanos se veriam na impossibilidade de honrar o serviço de suas
dívidas externas, serviço que passou a requerer, em média, a utilização de mais de 80% de
suas receitas de exportação.
Estratégia da dívida de 82: O pagamento integral dos juros seria viabilizado pela contração das
importações dos devedores, mediante a redução da demanda inerente aos programas de
ajuste recessivo recomendados e supervisionados pelo FMI e de medidas diretas de controle
das importações.
A estagnação, quando não a recessão, foi o alto preço pago pelos latino americanos para
reescalonar suas dívidas, com a agravante de uma distribuição particularmente iníqua do ônus
decorrente do ajuste, seja pela redução do salário real, seja pelo aumento do desemprego,
que aprofundaria ainda mais a miséria.
O plano Brady representou, sem dúvida, avanço conceitual, chegou porém, com atraso de seis
anos e se mostrou bem modesto em termos quantitativos, sobretudo quando se tem em conta
as reduções que efetivamente resultaram de sua aplicação terminariam por situar-se sempre
em níveis inferiores a 20% do estoque da dívida com os bancos comerciais, abaixo portanto
dos 35% inicialmente acenados
Com Collor é que se produziria a adesão do Brasil aos postulados neoliberais recém-
consolidados no Consenso de Washington.