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Curso Livre de Capacitação Profissional
Caro Aluno, antes de ler sua apostila assista aos vídeos a seguir para que tenha
ferramentas suficientes para a realização de suas avaliações. Bons estudos e
sucesso!
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A deficiência física pode ter várias etiologias, entre as principais estão os: fatores
genéticos, fatores virais ou bacterianos, fatores neonatal, fatores traumáticos
(especialmente os medulares).
Causas
• Ferrugem e Osso
• Swimming Upstream
• Coming Home
• Carne trémula
• Feliz Ano Velho
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"O cultivo da cooperação traz ao grupo escolar valores que precisam ser
resgatados em toda a nossa sociedade."
Roberta Galasso,
Coordenadora da AACD
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Assim, o movimento de incluir alunos com deficiência física na escola regular tem,
cada vez mais, solicitado que o sistema educacional se adeque a essa demanda sem
perder de vista que a escola é o lugar em que todos, sem exceção, podem aprender.
Na escola
O aluno deve ficar nas primeiras fileiras ou no centro da sala, de forma que todos o
vejam - e possam ajudá-lo, caso precise. O ideal é que haja espaço para ele se
locomover sem grandes dificuldades.
Adequação física
Segundo Nogueira (2008) citado por Souza e Tavares (2010), no decorrer da história
da humanidade o deficiente sempre foi visto como vítima, no século XV, na Roma
Antiga as crianças que nasciam com alguma deformidade eram jogadas nos rios ou
esgotos ou ainda deixadas nas igrejas, em abrigos onde em que ficavam isoladas da
convivência social. Estas pessoas eram vistas pelo oque faltava no seu
funcionamento, não havia o pensamento contemporâneo em suas habilidades ou
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capacidades, eram desprezadas por não saber ou conseguir nenhuma função ativa
na sociedade (JANUZZI, 2004).
A educação para pessoas com deficiência no Brasil teve como marco a criação do
Instituto Menino Cego em 1854, hoje é o Instituto Benjamin Constant, e também do
Instituto dos Surdo-Mudos em 1857, que hoje é o Instituto Nacional de Educação de
Surdos - INES. O incentivo a educação especial iniciou-se de forma isolada,
beneficiando mais as deficiências auditivas e visuais e em menor escala a deficiência
física. Nos anos 50 o governo federal assumiu o atendimento educacional de pessoas
com deficiência e começou com a implantação de campanhas voltadas para todos os
tipos de deficiência (MIRANDA, 2004).
Lévi-Strauss, citado por Godói (2006), as diferenças existem e não devem ser
escondidas, é preciso reconhecê-las e assumi-las.
Nos últimos anos a educação escolar para alunos com deficiência vem ganhando
atenção devido ao aumento dos mesmos às escolas comuns e também pelo fato de
gerar desafios pedagógicos aos professores. A inclusão destes alunos no âmbito
escolar não possui sentido algum se não estiverem inclusos em processos
significativos de aprendizagem, porém é pertinente que a escola se adeque as
modificações necessárias para oferecer a este indivíduo as devidas oportunidades
pedagógicas (BERNAL, 2010).
O desenvolvimento não ocorre da mesma forma para todas as crianças, pois cada
uma delas possuem características estruturais e genéticas diferentes. Godói, Galasso
e Miosso (2006) salientam que o desenvolvimento da criança deficiente física ocorre
como da criança sem deficiência, a diferença esta nas fases do desenvolvimento e no
tempo cronológico, sendo que a criança com deficiência física inicia seu
desenvolvimento mais tarde devido ao seu ritmo na execução de suas ações.
De acordo com Bernal (2010), a criança com deficiência física como todas as outras
deficiências se desenvolve através das vivências sociais que englobam o âmbito
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familiar, o espaço escolar ou até mesmo o ambiente terapêutico a final todos são
espaços de ensino.
Para Macedo (2008), pode-se encontrar entre as várias formas de deficiência física a:
A educação deve proporcionar a criança deficiente física tudo aquilo que os outros
alunos vivenciam. Ele necessita experimentar, movimentar-se e se deslocar mesmo
que seja de uma forma diferente. Schirmer et al (2007), destacam a importância em o
professor conhecer os tipos de deficiência física, pois para cada limitação é
necessário elaborar estratégias de ensino utilizando recursos didáticos e
equipamentos adequados que visam o ensino e o desenvolvimento do aluno. Para os
mesmos autores, o educando que tem deficiência física só irá adquirir conhecimento
e interagir com o ambiente em que está inserido se possuir as circunstâncias
adequadas para sua locomoção, comunicação, para seu bem-estar e
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segurança. São esses recursos humanos que trazem a autonomia que essas crianças
necessitam.
É o meio em que o deficiente físico está inserido deve ser desafiador para o seu
desenvolvimento, a plasticidade neural demostra que o ser humano é ilimitado, quanto
mais desafios surgem no cotidiano educacional, mais o deficiente responde e
desenvolve habilidades perdidas ou que nunca se desenvolveram (SCHIRMER et. al,
2007).
Souza e Tavares (2010), salientam que há muitas escolas que possuem deficientes
físicos, porém não possuem o preparo adequado para garantir o desenvolvimento
escolar dos mesmos. Os autores ainda destacam que é papel fundamental do
professor buscar aperfeiçoamento e novas técnicas didáticas e pedagógicas para o
auxilio dos excepcionais.
- Aparelhos usados para prender o lápis: o professor junto ao educando verifica qual
a melhor posição para posicionar o lápis de escrever, para que fique firme e assim
possibilite ao mesmo à escrita;
- Capacete com ponteira: Nesta ponteira o professor irá colocar um lápis para que a
criança com o movimento da cabeça consiga digitar no computador.
É importante que a criança com comprometimento físico seja vista como alguém que
por trás da deficiência, precisa das mesmas oportunidades de qualquer outra criança
e que a forma como é vista pelos seus familiares e pela a escola traga benefícios à
sua afetividade, pois é este fator um dos elementos mais importantes para sua
evolução.
Não temos como voltar no tempo e apagar muito do que foi feito e dito acerca dos
deficientes, mas temos como elaborar ações que tenham por objetivo auxiliar os
deficientes físicos dentro da escola. A escola deve ser o exemplo para sua
comunidade, é através dela que se deve incitar a diminuição das diferenças, fazendo
com que o aluno com deficiência física permanece na escola e tenha êxito em seu
desenvolvimento, encorajando-o em suas relações sociais e familiares. A deficiência
física pode impedir a pessoa de realizar suas atividades da forma convencional, mas
não deve nunca, excluí-la do mundo.
Vygotsky (1999), nos fala que o desenvolvimento da criança passa por muitas
transformações, todo o conteúdo de brincadeiras vai depender da percepção que esta
tem dos objetos, das pessoas e da urgência que tem em se relacionar com o mundo
que a cerca. As brincadeiras e os jogos são ferramentas indispensáveis durante o
processo de aprendizagem das crianças com deficiência. Vygotsky (1999), afirmou
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Um trabalho que deu certo foi no curso de Filosofia e Ciências - UNESP - Campus
Marília - em que participaram do processo 18 alunos com deficiência física. Os
pesquisadores aplicaram inúmeras brincadeiras e jogos. Entre eles podemos citar a
corrida de cadeira de rodas, corrida carregando uma bola, gincana, mímicas, futebol,
alongamento, mãe da rua, vôlei, relaxamento, queima, qual é a musica, mês, futebol
de cadeira de rodas e tiro ao alvo oficina de brinquedos. Todas essas brincadeiras e
jogos tem papel fundamental no desenvolvimento e interação das crianças com
deficiência física. O resultado foi satisfatório, permitiu a observação dos alunos com
deficiência acerca de sua: 1. postura; 2. como se posicionava durante as atividades;
3. como se locomoviam para realizarem as atividades; 4. qual foi a contribuição para
o desenvolvimento do aluno; em suma ouve um resultado muito positivo
(BRACCIALLI, MANZINI E REGANHAN, 2004). O que percebemos quando nos
deparamos com um trabalho desse porte, é que todos têm capacidades e
potencialidades e não é porque há alguma limitação de um corpo, que eu vou deixar
de fazer algo que me realize como pessoa ativa e consciente dentro de uma
sociedade.
deveria ser prioridade nas escolas, a fim de enxergarmos o diferente como habitual.
Temos um longo caminho pela frente, retirar os rótulos, minimizar os preconceitos,
tornar uma sociedade mais justa. A própria pessoa com deficiência precisa voltar para
si com o objetivo de ultrapassar barreiras, muitas vezes impostas por ela mesma. As
escolas deverão equipar-se de materiais como possibilidade a atender as
necessidades de crianças com deficiência física. Uma melhor formação acadêmica
ao professor, principalmente com relação aos assuntos ligados ao desenvolvimento
da criança com deficiência. O professor deve incentivá-lo sempre na realização de
atividades que o estimulem a acreditar nas suas capacidades dentro da realidade e
da deficiência que este apresenta. As experiências positivas de se encontrar como
parte de um grupo é motivadora e faz com que a criança com deficiência física não se
sinta tão diferente dos outros, porque deficiência não é doença, mas sim uma
condição especial de estar no mundo e ser notado.
Leia Mais
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf
http://assis.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2013/06/DefFisica_abril.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413389X1995000200010&script=sci_artt
ext&tlng=pt
Referências
Disponível em: Deficiente Online - Portal de Informações e Empregos para Deficientes - Brasil.
Acesso em 12/05/2016
Disponível em: Rede social e Comunidade para Pessoas com Deficiência. Acesso em 12/05/2016
Disponível em: Site Pessoas com Deficiência - Site especializado em Pessoas com Deficiência Física
- Brasil. Acesso em 12/05/216.
Principais causas
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Os fatores de risco e causas que podem levar à Deficiência Intelectual podem ocorrer
em três fases: pré-natais, perinatais e pós-natais.
Pré-natais
Fatores que incidem desde o momento da concepção do bebê até o início do trabalho
de parto:
Fatores genéticos
Perinatais
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Fatores que incidem do início do trabalho de parto até o 30.º dia de vida do bebê:
Pós-natais
Fatores que incidem do 30.º dia de vida do bebê até o final da adolescência:
DESENVOLVIMENTO CONCEITUAL
A identificação dos perfis de apoio começa a levar em conta não apenas os tipos e a
intensidade de tais apoios, mas os meios pelos quais a pessoa pode aumentar sua
independência, produtividade e integração no contexto comunitário e entre seus pares
da mesma idade.
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NOVAS PREMISSAS
A idade mental foi sempre privilegiada nas práticas pedagógicas e nas pesquisas
sobre a deficiência intelectual. Nas escolas e classes especiais, ou mesmo no
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Não se trata de selecionar habilidades intelectuais dentre aquelas que são comuns às
que as pessoas empregam para se ajustar aos desafios da vida acadêmica, social,
do trabalho e do lazer. O que importa é valorizar todo e qualquer nível de desempenho
cognitivo e considerar o processo pelo qual a habilidade é exercida, para atingir um
determinado fim.
meio cognitivo. Sabemos também quanto essas novas propostas integrativas têm sido
apropriadas para todos os alunos de uma turma e não apenas para os escolares com
deficiência mental (Feuerstein 1979, Feuerstein et alii 1980, Sternberg 1982, Audy et
alii 1991).
Novas propostas
INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO
Desafios
Outro aspecto das intervenções recai sobre a auto regulação dos processos de
criação e aplicação das estratégias e o autocontrole da impulsividade, no sentido de
serem evitados a planificação e o emprego desordenado de soluções que despendem
esforço, energia e não atingem, no geral, os fins esperados.
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https://www.youtube.com/watch?v=BRkdTUutHws
Referências Bibliográficas
AUDY, P., RUPH, F. e RICHARD, M. "La prévention des échecs et des abandons par l'actualisation du
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8http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
326219980003000... 21/8/2008______. The dynamic assessment on retarded performers: Thelearning
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DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
• Diante desse quadro, a pessoa pode já nascer ou adquirir baixa visão e deficiência
física ou intelectual, cegueira e distúrbios neurológicos, surdez e mobilidade física,
entre outros, de níveis que vão de leve a s evero.
Obs: No Brasil, segundo dados do IBGE, cerca de 14% da população total são
pessoas com deficiência.
De acordo com alguns autores, a deficiência múltipla pode ser separada pelas
seguintes dimensões:
1 - Física e psíquica:
2 -Sensorial e psíquica:
3 - Sensorial e física:
CAUSAS
Obs: Quanto antes for fechado o diagnóstico, mais eficazes serão as medidas
necessárias para minimizar as limitações.
PREVENÇÃO
• Fazer exames para detectar doenças, verificar tipo sanguíneo e fator RH.
Durante a gravidez:
Depois do nascimento:
• Exigir que sejam feitos testes preventivos no bebê e ter cuidados adequados ao
bebê, proporcionando amparo afetivo e ambiente propício para seu
desenvolvimento. A prevenção da deficiência múltipla se divide em três grupos:
Primária:
• Se associa a programas de combate às doenças (ex: vacinações), a acidentes, ao
uso de drogas e álcool, como também a prevenção de uso de medicamentos
inadequados durante a gestação.
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Secundária:
• Se refere a ações que revertem os efeitos e a duração das deficiências, como dietas
a crianças que nascem com fenilcetonúria e outras enfermidades, além de
tratamentos de saúde e uso de medicamentos apenas quando prescritos por um
médico.
Terciária:
• Ocorre por meio de ações que limitam as consequências das deficiências já
adquiridas e melhoram o nível de funcionamento da pessoa.
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Necessidades emocionais:
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Necessidades educativas:
TECNOLOGIA ASSISTIVA
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Andréia Pereira Gil, 12 anos, é surda cega. Não ouve e não enxerga quase nada -
feixes de luz talvez, e só pelo olho direto. A alegria descoberta no vaivém do balanço
é uma das maneiras que ela encontrou, na escola, de tomar contato com o mundo -
apenas um dos muitos jeitos de sentir a vida
Sensações. É por meio delas que as pessoas com deficiência múltipla aprendem
sobre as coisas que estão a sua volta. A professora Carolina Bosco, especialista
nesses casos, estimula a descoberta da sensibilidade com diversos tipos de toque e
movimento, como numa recente cena vista na EMEF Doutor João Alves dos Santos,
em Campinas, a 90 quilômetros de São Paulo. Ela dá a mão para Andréia equilibrarse
numa mureta. A menina apoia-se no seu braço para descer e as duas vão de mãos
dadas até o pátio. A aluna abraça uma árvore e passa a mão sobre a casca. O contato
arranca de Andréia um raro sorriso.
A cena não chamaria tanta atenção se não fosse o jeito diferente de ser da jovem. Ela
gira a cabeça, baba e vive com o braço direito levantado. O grande desafio em relação
a Andréia é criar um modo de comunicação para que ela reconheça lugares e pessoas.
Foi a tarefa assumida por Carolina. A menina também conta com a ajuda de Carmen
Sílvia Dias, sua professora da 2ª série, onde tem 30 colegas. Ambas procuram
maneiras de explicar por que ela vai à escola e o que todos fazem por lá.
Carmen foi a única professora da escola que se dispôs a acolher Andréia. A menina
está com ela desde a 1ª série. "No começo, parecia que seria impossível controlá-la.
Ela levantava no meio da aula e mexia em tudo", diz. "Não sabia usar o tato para se
comunicar e logo se cansava de ficar na carteira apalpando o alfabeto móvel." Por
isso, a união do trabalho de Carmen e Carolina fez a diferença. "Uma criança com
deficiência precisa de dois professores", afirma Carolina. "O de classe, que atua na
área da aprendizagem de maneira geral, e o especializado, que trabalha na dos
distúrbios." Por isso, enquanto Carolina desperta o lado comunicativo de Andréia,
Carmen cria atividades para integrá-la à turma. Na roda da conversa, onde as crianças
desabafam até sobre o desgosto de ser banguelas, Carmen abriu um espaço para
elas interagirem com a colega surda cega. Como Andréia está aprendendo a usar o
toque para reconhecer as pessoas, cada um pensou num sinal só seu que ela pudesse
sentir. Daiane Gomes de Lira, oito anos, sempre conduz a mão de Andréia para seus
cabelos crespos: é a marca que a identifica. A professora Carolina, por sua vez, faz a
menina pegar em seu anel.
Também é pelo tato que Andréia começa a entender a rotina da escola. "Para iniciar
qualquer atividade, mostra-se o ambiente onde ela está", diz Carolina. Na sala de aula,
no começo do dia, fazem-na apalpar a porta, a lousa e o giz. Aos poucos, a menina
demonstra mais confiança em quem a toca. "Já permite com mais facilidade que
movimentem sua mão direita", conta a professora.
Tempos atrás, ela puxaria o braço em sinal de rejeição. Afinal, habituou-se desde
criança a mantê-lo levantado para mexer a mão em frente ao olho direito, talvez para
perceber as luzes que a pouca visão permite. "Para ela, é como se fosse uma
sensação de prazer", diz Carolina. "Nosso desafio é fazê-la baixar o braço para ela
recuperar o equilíbrio do corpo", afirma o professor de Educação Física Renato Horta
Nunes, que faz a aluna andar de mãos dadas com os colegas durante as aulas.
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Prazer maior que essa Andréia só encontra no balanço da escola. Quando está nele,
embalada, chega a gargalhar (mesmo sem nunca ter visto ou ouvido alguém fazer
isso). Estica-se e joga-se para a frente e para trás, segurando a corda com firmeza.
"É como se ela reordenasse o equilíbrio do corpo", explica Carolina. Um ano atrás, a
menina chegava à escola no colo da mãe ou do irmão, ficava descalça e perambulava
pelos corredores sem destino. Com a chegada de Carolina, Andréia já usa uma colher
para comer, segura o copo ao tomar água, lava as mãos e fica sentada em sua carteira
durante as aulas.
Toda escola tem obrigação de receber qualquer aluno, mas não basta simplesmente
matricular as crianças com deficiência múltipla. "É preciso ter estrutura", diz Carolina.
Nessa hora, entram em cena os educadores que dão o melhor de si para atendê-las.
Em Brasília, a professora de Matemática Patrícia Renata Marangon, da 6a série da
EE EC-405 Sul, não teve muitas dúvidas sobre o que fazer quando, no ano passado,
recebeu em sua classe Paulo Santos Ramos, aluno cego, com apenas 30% da
audição num ouvido e pouco movimento nos braços. Nas primeiras aulas, ela
percebeu a afinidade do garoto com números e contas e a vontade que tinha de
solucionar problemas. Decidiu inscrevê-lo numa olimpíada nacional de Matemática.
Paulo, então com 16 anos, conquistou uma das 300 medalhas de ouro concedidas
pelo torneio, que teve cerca de 10,5 milhões de participantes.
Sem uma versão da prova em braile, Patrícia adaptou ao material concreto as figuras
geométricas que apareciam em algumas questões: "Pensei numa forma de fazer
Paulo raciocinar com autonomia, sem a interferência dos professores que fariam a
leitura das questões". Deu certo. A compreensão das ilustrações ficou por conta da
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sensibilidade das mãos do garoto, que apalparam figuras feitas pela professora com
palitos de dente, EVA, cartolina e papel cartão.
Paulo foi o primeiro aluno com deficiência que Patrícia recebeu. O único apoio
especializado que a escola oferecia na época era o de um professor itinerante que
fazia transcrições para o braile. "Foi difícil lidar com a falta de audição", diz Patrícia.
Mas ela não se deu por vencida. Sentava perto do aluno, aumentava o tom de voz
dentro da sala de aula e falava bem perto do ouvido do menino, o que a deixava
exausta. Antes que perdesse a voz, lembrou-se de uma caixa de som e um microfone
que a escola usava em eventos e passou a dar suas aulas com o equipamento.
Ele não nasceu cego. Por isso, lembra de imagens e formas. Aos dois anos, durante
as férias que passou com os pais em Cuba, levou um tombo enquanto brincava. Na
volta, seu joelho não desinchava. Os pais levaram-no de um médico a outro para
entender o porquê do hematoma persistente. "Foi diagnosticada a artrite reumatoide
juvenil", lembra a mãe do menino, Maria Lima dos Santos. Uma em cada mil crianças
tem essa doença, uma inflamação crônica que afeta as articulações, os olhos e o
coração.
Aos três anos, o pequeno entrou na escola regular com problemas nos joelhos e nos
olhos. "Quando sua letra começou a aumentar, me aconselharam a colocá-lo numa
escola especial", diz Maria, que se recusava a ver seu primeiro filho, "tão lindo e
perfeito", aprender braile. "Tive aversão ao braile até descobrir como seria
necessário", admite ela, que chegou a afastar Paulo dos estudos por causa disso.
Quando Paulo concluiu a escola especial, onde cursou as duas primeiras séries, voltou
à escola comum para continuar a Educação Básica. Sugeriram que ele repetisse o
ano. "Os professores afirmaram que ele se adaptaria melhor, já que tinha saído de
uma turma de quatro alunos e entrado numa de 20", lembra a mãe. Ao chegar à 6ª
série, o aluno, defasado, teve a sorte de deparar com a professora Patrícia, que o
levou à olimpíada, apesar da descrença de alguns de seus colegas de trabalho. "Ele
tem uma força de vontade que nunca vi em crianças sem deficiência", diz ela. A
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"Ele quer se casar e trabalhar", diz ela. O menino que não tomava banho sozinho nem
andava com a cadeira de rodas em casa hoje é praticamente atleta. Faz exercícios
abdominais e flexões, fisioterapia e natação para recuperar os movimentos das pernas
e evitar cirurgia
Enquanto Paulo se exercita, Matheus Gomes de Sousa, sete anos, faz cada curva
com a cadeira de rodas. "A gente pensa que ele vai capotar", conta a mãe, Rita de
Abreu de Souza, de Rio Branco. Ele é espoleta e agitado desde a pré-escola, quando
plantava pé de cebola na horta, brincava de escalar no morro de terra, rastejava pelo
chão imitando cobra e competia em natação.
Ninguém diria. Matheus, que sofre de hidrocefalia, carrega uma válvula implantada no
corpo para drenar o excesso de líquido no cérebro. Também tem deficiência mental,
paralisia nas pernas e usa fraldas. Está na 1ª série da EEEF José Sales de Araújo e
vai muito bem. "Lê tudo sozinho para fazer os deveres de casa", diz Rita.
O garoto depende da ajuda alheia somente para a troca de fraldas. Por causa da
paraplegia, não controla a vontade de ir ao banheiro. Sua mãe cobrou esse cuidado
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da escola. "Falei que Matheus precisaria ser trocado nos horários certos", conta Rita.
Nada disso o intimida. Se for preciso, vai à sala de aula aos domingos de tanto que
gosta de estudar. Até reclamou da mãe - que é professora - para o pai quando ela
cogitou tirá-lo de lá.
Matheus frequentou a classe especial até os quatro anos, mas foi na regular que fez
amigos. "Antes, ele quase não convivia com crianças", diz Rita. Já a garotada sem
deficiência instigou-o a explorar o próprio corpo. "O convívio com outros modelos de
comportamento estimula o lado sadio da criança", diz a especialista Carolina Bosco.
A aluna Sandy Gracioli Sartori, cinco anos, só começou a engatinhar ao entrar na EEI
Fazendo Arte, em Rio Claro, a 180 quilômetros de São Paulo. Ela já venceu muitos
obstáculos. Nasceu com pouco mais de 1 quilo, aos seis meses de gestação. Das
mãos do obstetra, foi direto para a unidade de terapia intensiva, onde ficou 15 dias.
Foi entubada. Passou por uma cirurgia de duas horas e meia. Sofreu parada
respiratória e falta de oxigenação no cérebro. Usou bolsa no intestino durante dois
anos.
Hoje, sua mãe, a dona-de-casa Silmara Gislaine Sartori, não permite que deixem
Sandy o tempo todo na cadeira de rodas na escola. "Ela começou a engatinhar e se
mexer na cama elástica porque via as outras crianças brincando", diz. Sandy só fica
na cadeira para comer ou ser levada à videoteca. E muitos se animam a ajudar a
empurrar a colega. Ela não gosta muito dessa disputa e, quando é contrariada, grita
e enruga o rosto como quem vai chorar. "Quando ela bate palma e manda beijo, quer
dizer que está gostando do ambiente", conta a professora Camila Ferreira Lopes, que
aprendeu a interpretar os gestos da pequena geniosa.
Camila foi bem preparada pelas psicólogas da escola para receber Sandy na turma
do maternal. Ela também conversou com a fisioterapeuta, a fonoaudióloga e os pais
da menina diversas vezes. Sandy não andava nem falava, só comia alimentos
pastosos e tinha o raciocínio um pouco lento. Mesmo com tantos avisos e
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informações, Camila ficou travada quando se viu diante da aluna. "Eu não sabia como
falar com ela, como segurá-la, que tipo de brincadeira fazer", diz. Enquanto isso, a
meninada de três anos não se deixava abalar. "A relação entre as crianças e Sandy
era muito carinhosa. Não sei por que me sentia tão apreensiva.
Atividades e estratégias
Rotina da escola
Estabeleça símbolos na sala de aula para que um aluno surdo cego compreenda, aos
poucos, sua rotina escolar: ao entrar na sala, ele toca a porta, o quadro e o giz, sempre
na mesma ordem e com a ajuda do professor ou de um colega; antes de iniciar uma
atividade, ele pode passar as mãos nas folhas de um caderno. O mesmo mecanismo
serve para a hora do lanche e de ir embora.
Roda de brincadeira
Observar o comportamento das crianças sem deficiência ajuda aquelas que têm
deficiência múltipla a se desenvolver. Por isso, faça jogos e brincadeiras que reúnam
a turma no final das aulas. Se o aluno com paraplegia, por exemplo, tem dificuldade
para se movimentar, sente-o no chão (se o médico autorizar), em roda com os demais,
e proponha uma atividade em que eles usem as mãos e os braços.
Incentivo ao movimento
É possível estimular a criança de pré-escola que não engatinha. Deitada numa cama
elástica, ela sente as oscilações causadas pela atividade dos colegas. Vê-los
engatinhando e rolando a leva a tentar os mesmos movimentos. Se o médico
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Histórico do aluno
Pesquise tudo sobre a criança: de onde ela vem, como é a família, como se comunica
e quais as brincadeiras preferidas. Na avaliação, valorize a evolução do aluno, dentro
de seus limites, e não os resultados. Afinal, em certos casos há um grande avanço
entre chegar sem falar e depois participar das aulas oralmente.
Leia mais em
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf
Referências