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capa tech 133c.

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a revista do engenheiro civil


téchne 134 maio 2008

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 134 ano 16 maio de 2008 R$ 23,00
COMO CONSTRUIR
Caixas de
gordura
Especializações ■ Construção metálica ■ Caixas de gordura ■ Instalações hidráulicas ■ Retrofit ■ Pára-raios ■ Steel frame

STEEL FRAME PÁRA-RAIOS RETROFIT


Instalações da Como se Cases bem-
Petrobras em proteger sucedidos
Coari (AM)

Mercado busca
especialistas
00134

9 770104 105000

Quem são eles? Veja as especializações com


ISSN 0104-1053

mais futuro na construção civil. Planejamento,


sustentabilidade e logística estão em alta
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SUMÁRIO
CAPA
46 Mercado de oportunidades
Escolas e consultores apontam as
especializações mais procuradas
pelas construtoras

60 INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS –
PINI 60 ANOS
Industrialização plástica
Novos materiais revolucionam os
sistemas de condução de água
quente e fria

64 ARTIGO
Quando construir em aço?
Consultor propõe avaliação de escolha do
sistema construtivo que aponta quando
o aço pode ser mais competitivo

78 COMO CONSTRUIR
Instalação de caixa de gordura
Fotos: Marcelo Scandaroli

pré-fabricada de ABS
Veja como instalar caixa de limpeza em
PVC para retenção de gordura

SEÇÕES
34 OBRA Editorial 2
Hotel na selva
Web 6
Steel frame viabiliza instalações
Cartas 8
provisórias da Petrobras em plena
Área Construída 10
selva amazônica
Índices 14
IPT Responde 16
38 RETROFIT Carreira 18
Da teoria à pratica
Melhores Práticas 22
24 Incorporadoras investem no segmento
de retrofit e já surgem cases de
Técnica e Ambiente
P&T
32
70
sucesso imobiliário
Obra Aberta 74
ENTREVISTA Agenda 76
Padrões de desempenho 54 PÁRA-RAIOS
Secretário-geral do CIB diz por que Descargas sob controle Capa
o conceito de desempenho está Confira os Sistemas de Proteção contra Layout: Lucia Lopes
modificando a construção em Descargas Atmosféricas mais Ilustração: Digitalife e Silvia Bukovac/
todo o Mundo empregados Shutterstock

1
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EDITORIAL
Especialistas x Generalistas
VEJA EM AU
pocas de crescimento costumam criar vetores de transformação
É nos modos de produção. Por conseqüência, mudam também as
profissões. O processo de expansão vivido hoje pelo setor, em especial
na área imobiliária, tem acentuado algumas novas expectativas em
relação aos profissionais da construção civil. O que se exige do
engenheiro civil de hoje certamente é bastante distinto do que se
valorizava há 30 anos. Há quem aponte, com alguma razão, que
estamos dando cada vez mais importância à gestão e menos à  Restauro da Faculdade de
Medicina de São Paulo
engenharia civil. Óbvio que, sem os conhecimentos elementares da
 Raquel Rolnik
técnica, nenhum princípio de gestão tornará boa uma obra  Escritório CoOperAtiva
malprojetada ou mal-executada. Mas também é verdade que, sem  David Chipperfield

uma gestão adequada, obras não são entregues no prazo, não geram o VEJA EM CONSTRUÇÃO
retorno esperado e acabam prejudicando as empresas.A função MERCADO
primordial da engenharia está justamente nessa linha tênue entre
controle de custos, cumprimento de prazos e boa técnica. E como
ninguém é capaz de dominar todos os conhecimentos, é natural que
os profissionais acabem se especializando nas áreas mais diversas:
orçamento, planejamento, coordenação de projetos, estruturas,
fundações, fachadas, impermeabilização, sustentabilidade etc.
Embora os detratores da especialização levantem a voz, a realidade é
que o mundo caminha nessa direção. Não é predisposição ou
capricho de escolas – são nos canteiros e nos escritórios que batem as  Corrida das imobiliárias
 Entrevista com João
novas demandas. Possuir diferenciais de conhecimento e saber Fernandes, Cofix
aproveitar o novo ciclo de expansão do setor poderá impedir que  Arco Metropolitano do Rio
 Construção industrializada
engenheiros vocacionados tenham que bater à porta de bancos,
financeiras e seguradoras para ganhar a vida.Vale fazer, entretanto,
uma ressalva. Bons generalistas são como faróis do conhecimento.
Sugerem, ponderam e analisam o todo com propriedade. Exatamente
por isso serão sempre imprescindíveis. Infelizmente, restam poucos.

Paulo Kiss

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techne
Vendas de assinaturas, manuais técnicos,
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Diretor Geral
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www.revistatechne.com.br
Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Território dividido
Veja mais fotos do centro tecnológico e administrativo do grupo Mahle Brasil,
Fórum Téchne
implantado em área de preservação ambiental. Localizado na Serra dos Cristais, em O site da revista Téchne tem um
Jundiaí (SP), edifício convive com fauna silvestre e conta com arquitetura que favorece espaço dedicado ao debate técnico
o conforto térmico. e qualificado dos principais temas
da engenharia. Confira o tema
em andamento.

Corretores têm condições de


avaliar imóveis?
A avaliação de imóveis deve ser feita
pelos corretores, pois a área de
engenharia já teve sua competência ao
legalizar o processo construtivo da
edificação em si – a menos que o
profissional não garanta isso e que o
período de sobrevida seja um fator a
ser levado em consideração. Os
conselhos de fiscalização de
Divulgação: Mahle

engenheiros e arquitetos cumprem


sua finalidade protecionista de seu
mercado restrito e não dizem à
sociedade que existem profissionais
habilitados em nível universitário,

Estrutura metálica como o caso dos tecnólogos.


Elias Dietrich [26/04/2008]
Veja imagens de projetos
desenvolvidos por Paulo Andrade. Além da falta do conhecimento
O engenheiro, destaque da seção técnico, temos que salientar o
Carreira desta edição, foi um dos interesse dos corretores de
principais responsáveis pela inflacionar o mercado, tornando
Divulgação: Paulo Andrade

divulgação das estruturas suas comissões mais gordas e,


metálicas no setor. assim, com uma "avaliação"
tendenciosa. Com uma visão
imparcial, qualquer pessoa excluiria
o corretor como um técnico
avaliador, e o colocaria como um

Pára-raios palpite especulativo.


Lucimar Galvão [26/04/2008]
Confira um exemplo de como
calcular a instalação de um SPDA Estamos nos esquecendo de um fato
(Sistema de Proteção Contra extremamente importante: no Estado
Descarga Atmosférica). de São Paulo, quem faz avaliações na
Divulgação: Termotécnica

maioria dos casos não é o engenheiro,


tampouco o corretor de imóveis, mas
sim o oficial de justiça.
Mauro Aparecido Caetano [27/04/2008]

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CARTAS Envie sua crítica ou sugestão.


techne@pini.com.br

Avaliação ambiental ERRATAS


de edifícios IPCE seção Produtos & Técnicas, pág. 83,
Considero desprovido de signifi-
A variação do IPCE acumulada pu- foram trocados com os da empresa
cado de desempenho o resultado da
blicada na edição 133, na pág. 14 da Unasol. Veja as informações corre-
avaliação ambiental de edifício prove-
seção Índices está incorreta. Veja os va- tas do fabricante do Unifix.
niente do velho sistema de pontuação.
lores corretos.
Nisso tenho que me defrontar com Adesivos e selantes
todos os meus grandes mestres, pro- Variações % referentes ao último mês A nova linha Unifix da Mercotrade
fessores, colegas, pesquisadores e ins- global materiais mão-de-obra reúne adesivos e selantes variados.
tituições nacionais e internacionais mês 0,07 0,15 0,00 Entre eles, a empresa destaca a massa
que classificam e certificam edifícios acumulado reparadora Lite, recomendada para
sem considerarem o fator eqüidade. no ano 0,68 1,44 0,00 pequenos consertos em áreas internas
Ricardo Wagner Reis Duarte acumulado e externas, e o Tapa Trincas, ideal para
Engenheiro civil, mestre em Habitação pelo IPT em 12 meses 5,29 4,72 5,82 corrigir fissuras em concreto, madeira,
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de tijolo ou pedras.
São Paulo). Especialista em Estruturas pela UFMG Produtos & Técnicas Fone: (11) 3796-6100
(Universidade Federal de Minas Gerais) O telefone, e-mail e site da em- unifix@unifix.com.br
Belo Horizonte (MG) presa Mercotrade publicados na www.unifix.com.br
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ÁREA CONSTRUÍDA
Empresa traz fôrmas tipo túnel de volta ao Brasil
Via Expressa será
Divulgação Sergus

manda das construtoras por novas so-


construída entre BR-324
luções técnicas. Até o momento, a falta
e porto de Salvador
de escala no segmento da construção e a
pequena praticidade do sistema – que, As obras da Via Expressa, ligação direta
pesado, demanda gruas ou guindastes entre a rodovia BR-324 e o porto de
para seu transporte – implicavam baixa Salvador, deverão começar até o final
procura pela tecnologia. As fôrmas- deste ano. O projeto, que levou sete meses
As fôrmas tipo túnel, que permitem túneis podem ser usadas na execução de para ser elaborado e aprovado, foi
executar simultaneamente pilares- empreendimentos térreos ou de edifí- desenvolvido em conjunto pelo Governo
parede e lajes, estão retornando ao mer- cios de múltiplos andares. Dentro das do Estado da Bahia, pela Prefeitura de
cado brasileiro. A francesa Outinord fôrmas,são inseridos antes da concreta- Salvador, pela Companhia Docas do Estado
tem a intenção de importar e vender o gem os conduítes,os caixilhos e os enca- da Bahia e pelo DNIT (Departamento
sistema no País. A idéia é atuar de ma- namentos. As peças da Outinord, feitas Nacional de Infra-estrutura de
neira mais agressiva no segmento,apro- de aço, têm uma produtividade estima- Transportes). O Conselho Municipal de
veitando o momento de elevada de- da em até 1.500 utilizações. Meio Ambiente aprovou por unanimidade
as questões ambientais. Segundo o
coordenador do Projeto Via Expressa,
Pesquisadores desenvolvem caixa-preta para edifícios Armindo Gonzáles, a decisão reduz os
Uma das principais preocupações das da com tecnologia avançada de isola- atrasos nos trabalhos por motivos
equipes de salvamento que trabalham mento térmico e com geopolímeros de ambientais. A previsão é de que as obras
em edifícios com a estrutura abalada alta resistência a choques e a altas tem- durem 26 meses. A Via Expressa terá
são os riscos de desabamento do con- peraturas. Ela contém um banco de 4,3 km de extensão, com três túneis,
junto. Em situações emergenciais, a dados com os projetos da construção e quatro passarelas, 14 elevados, uma
complexidade do sistema estrutural e a está conectada ao sistema de automa- ciclovia, 35,5 km de passeio e 23,2 km de
falta de informações imediatas, preci- ção e a câmeras e sensores espalhados pista de rolamento. A estimativa é que
sas e confiáveis sobre a construção difi- pelo edifício. É equipada também com trafeguem pela via 62,3 mil veículos
cultam as operações de resgate e eva- um software de monitoramento do diariamente, sendo 3,4 mil de carga e
cuação rápida. O problema motivou comportamento da estrutura e confi- 58,9 mil comuns. Além disso, as avenidas
pesquisadores da Universidade de Illi- gurada com um sistema sem fio de Mário Leal, Castelo Branco e San Martin
nois em Urbana-Champaign, nos Es- transmissão de dados, que permite a não farão mais parte do caminho de quem
tados Unidos, a desenvolverem o pro- comunicação com computadores no transita entre a BR-324 e o porto de
jeto preliminar de um sistema capaz de ambiente externo. O artigo dos pesqui- Salvador, desafogando o trânsito nesses
fornecer dados em tempo real sobre as sadores foi publicado no último mês de locais. A via custará R$ 380 milhões –
condições estruturais das construções. abril no periódico Journal of Informa- R$ 340 milhões provenientes do PAC
A caixa-preta para edifícios é produzi- tion Technology in Construction. (Programa de Aceleração do Crescimento)

Qualidade da NBR 6118 é reconhecida pela ISO


O TC71 (Comitê Técnico 71) da ISO confirmada, a norma brasileira de pro-
Marcelo Scandaroli

(International Organization for Stan- jetos estruturais de concreto passa a ser


dardization) reconheceu que a norma a 10a norma aprovada e reconhecida
NBR 6118:03 – Projeto de Estruturas de pelo CT 71 – as outras são do Japão (3),
Concreto: Procedimento – possui qua- dos Estados Unidos (2), Europa (1), da
lidade,abrangência,conteúdo e coerên- Austrália (1), da Colômbia (1) e da Ará-
cia de padrão internacional. A decisão bia Saudita (1). Um projeto elaborado
foi ratificada pela maioria absoluta dos com base na norma pode ser aceito em
88 países membros do comitê. Decisão qualquer lugar do mundo.

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ÁREA CONSTRUÍDA

UFSC desenvolve blocos de concreto impermeáveis África quer construir


A Universidade Federal de Santa Catari- ao ser submerso. Os pesquisadores hidrelétrica maior que
na está realizando, em parceria com acreditam que o novo bloco deva ficar
uma fabricante, uma pesquisa para de- cerca de 5% mais caro do que os conven-
Três Gargantas
senvolver um bloco de concreto imper- cionais, mas o custo maior seria com- Conhecido como Grande Inga, o
meável, que dispense revestimento ex- pensado pelo fato de dispensar revesti- projeto prevê a construção de uma
terno e pintura. O desafio é desenvolver mentos.Esse aspecto,aliás,implica a exi- superbarragem no rio Congo, na
um componente com essas característi- gência de qualificação da mão-de-obra República do Congo. A hidrelétrica
cas e ainda de baixo custo, para uso em de assentamento, pois a execução da al- teria uma potência instalada de 39
alvenaria estrutural de edifícios de até venaria,que depois ficará aparente,exige mil MW gerados a partir de uma
quatro pavimentos. Nos testes, blocos mais cuidados. Com o novo material, a queda d'água de 205 m de altura.
produzidos em escala laboratorial construção ficará pronta mais rápido, Sua capacidade seria duas vezes
ficaram até três horas submersos em pois elimina-se a etapa de execução das maior do que a da Usina de Três
água sem que sua estrutura fosse pene- fachadas. O projeto tem apoio da Finep Gargantas (18 mil MW), em cons-
trada. Em geral, um bloco comum, de (Financiadora de Estudos e Projetos), trução na China, e quase o triplo
concreto ou alvenaria, sem revestimen- por meio do Programa de Tecnologia de da Usina de Itaipu (14 mil MW).
to, fica encharcado em poucos minutos Habitação (Programa Habitare). Dois estudos de viabilidade foram
conduzidos entre 1993 e 1997, e
um novo estudo financiado pelo
Estudos de viabilidade de nova linha Banco de Desenvolvimento Africa-
no em 2007. Segundo o WEC
de Metrô em Fortaleza (Conselho Mundial de Energia, em
O Metrô de Fortaleza (Metrofor) está linha Sul, e a estação Papicu, que será inglês), organização não-governa-
realizando o estudo de viabilidade integrada ao ramal do Mucuripe. O mental que lidera o projeto, a
para a implantação de uma nova linha cronograma previsto para a realiza- Grande Inga produziria energia
no sistema. O trecho Leste ligará a es- ção dos estudos é de 12 meses. Caso a suficiente para suprir toda a de-
tação João Felipe, no centro da cidade, cidade seja escolhida sede da Copa do manda do continente africano e
ao campus da Unifor (Universidade Mundo de 2014, porém, o processo ainda geraria um excedente que
de Fortaleza), na região leste da capi- será tratado como prioritário. "A poderia ser exportado para países
tal cearense. Segundo o projeto pre- linha adquire importância por passar no Sul da Europa. Grandes vias de
liminar, os 12 km da linha serão sub- próximo de um pólo hoteleiro de For- transmissão seriam construídas
terrâneos e terão 13 estações, duas taleza, a Avenida Beira-Mar", afirma o em direção ao Norte (até o Egito),
delas de integração: a estação João Fe- gerente de transporte e integração da ao Sul (até a África do Sul) e a
lipe, que permitirá a baldeação com a Metrofor, Régis Tavares. Oeste (até a Nigéria). A entidade
afirma que, mesmo transmitida
Divulgação Metrofor

desde a barragem (próxima à costa


oeste africana) até a fronteira da
Itália, por exemplo, a energia elé-
trica teria um custo menor do que
o praticado atualmente no país eu-
ropeu. A WEC procura angariar
investidores interessados em fi-
nanciar o projeto, cujo custo esti-
mado é de US$ 80 bilhões. Além de
alguns países africanos, alguns
banqueiros de países do G8 – os
oito países mais industrializados
do mundo – e o Banco Mundial es-
tariam dispostos a investir no pro-
jeto. Se ele sair de fato do papel, as
obras devem começar em 2014 e
ser concluídas entre 2020 e 2025.

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ÍNDICES
Custos ficam Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
abaixo da inflação 35
IPCE materiais
Alta de abril em São Paulo fica abaixo da 30 IPCE global
alta do IGP-M IPCE mão-de-obra
25
m abril, o custo médio global do
E IPCE (Índice PINI de Custos de
Edificações) encerrou o mês com alta
20

de 0,05%, índice inferior à inflação, que


15
no mês foi de 0,69% segundo o IGP-M
(Índice Geral Preços de Mercado) me-
dido pela Fundação Getúlio Vargas. 10
Devido ao aumento da matéria- 6,12 6 6 6 6 6 6 6 6 6 5,82
5 5
prima, insumos como porta lisa de 5 5,64 4 3 3 3 4 4 4 4 4 5 5 5,32
5
madeira encabeçada com miolo sarra- 5,13 3 3 4 4,79
1 1 1 2 2 2 2
feado de 0,80 m x 2,10 m para receber 0
Abr/07 Jun Ago Out Dez Fev Abr/08
verniz ou cera e assoalho de madeira
(espessura 20 mm e largura 200 mm),
Data-base: mar/86 dez/92=100
que no mês de março não apresenta-
MÊS E ANO IPCE - SÃO PAULO
vam variação representativa no índice,
global materiais mão-de-obra
no mês de abril registrou alta de preço
Abr/07 110.315,81 53.125,06 57.190,76
respectivamente de 2,26% e 2,44%.
mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
O preço da pedra britada no 2 subiu
jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
1,49%, passando de R$ 53,60/m³ em
jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
março para R$ 54,40/m³ em abril.
ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
O tubo de ferro fundido PP para
set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
esgoto e águas pluviais (Ø 100 mm),
out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
que em seguidos meses apresentou pe-
nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
quenas altas, no mês de abril teve
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
queda de preço de 2,47%.
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
Insumos como o lavatório de
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
louça de embutir (cuba) padrão po-
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
pular, cal hidratada CHII e cimento
Abr/08 116.185,57 55.667,86 60.517,71
Portland CPII mantiveram-se com
Variações % referente ao último mês
preços estáveis.
mês 0,05 0,11 0,00
De acordo com o índice global do
acumulado no ano 0,74 1,55 0,00
IPCE, construir em São Paulo ficou
acumulado em 12 meses 5,32 4,79 5,82
em média 5,32% mais caro nos últi-
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
mos 12 meses. No entanto, o percen-
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
tual apresentou índice inferior à in-
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
flação registrada pelo IGP-M, que
pesquisa na última semana do mês de referência.
acumulou alta de 9,81% sobre o
Fonte: PINI
mesmo período.
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


o email iptresponde@pini.com.br

Melhor areia
Para o uso como emboço, a areia deve
possuir quais características? É preciso
realizar ensaios de caracterização?
Armando Lemos Ueldi
Goiânia

As argamassas, tanto de assentamen-


to quanto de revestimento, represen-
tam custo muito importante na cons-
trução, chegando seu preço a superar
o próprio preço do concreto. Para
aplicações idênticas, em função da
forma do grão, do módulo de finura e
da distribuição granulométrica da

Marcelo Scandaroli
areia, podem ser produzidas arga-
massas com grande variação no con-
sumo de aglomerante (por exemplo,
desde 300 kg/m3 até 450 kg/m3), po-
dendo-se daí inferir a grande influên-
cia da areia no consumo necessário com maior poder de assimilar defor- ser contrabalanceadas com o empre-
de aglomerante e, conseqüentemen- mações impostas etc. Mais decisiva go de aditivos plastificantes e incor-
te, na composição do custo da arga- que a própria granulometria, é a poradores de ar, o que muitas empre-
massa. Dos pontos de vista econômi- forma do grão. Grãos arredondados sas fabricantes de argamassa indus-
co e técnico, as melhores areias para apresentam menor atrito interno e trializada já vêm fazendo. O emprego
preparação de argamassa são as areias menor área específica que, por exem- dessas areias artificiais tornou-se
médias a grossas (módulo de finura plo, grãos achatados ou lamelares – quase que obrigatório nos grandes
entre 3 e 4, por exemplo), com distri- conseqüentemente, melhor trabalha- centros urbanos, onde as jazidas de
buições granulométricas contínuas bilidade com menor consumo de areias naturais foram praticamente
(grãos pequenos encaixam-se nos água e de aglomerante, potenciali- exauridas. Além das características
médios, que por sua vez encaixam-se zando-se ainda mais as vantagens acima, é importante que a areia não
nos graúdos etc.). Quanto maior o apresentadas no parágrafo anterior. apresente teores consideráveis de ma-
módulo de finura, menor a quantida- Areias naturais tendem a apresentar téria orgânica, argila, mica e outras
de de água necessária para lubrificá- grãos arredondados. Nas areias artifi- impurezas, recomendando-se sempre
los e menor a quantidade de pasta ne- ciais, obtidas a partir da britagem de a realização de ensaios de caracteriza-
cessária para revesti-los – conseqüen- rochas, os grãos geralmente são angu- ção e o atendimento da areia à norma
temente, menor consumo de aglome- losos, ásperos e lamelares, exigindo NBR 7211.
rante, menor custo, argamassa menos maior quantidade de água e de aglo- Ercio Thomaz
retrátil, menos fissuras, argamassa merantes. Tais desvantagens podem Cetac (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

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Tinta para área úmida


Qual o tipo de tinta mais indicado para suficiente para dificultar ao máximo o
uso em banheiros, mesmo que tenha acesso da umidade aos pigmentos e car-
ventilação? Existem tintas que impedem gas que compõem a tinta, materiais que
a formação de bolor? são, em última instância, os responsá-
Gerson M. Dias veis pelas movimentações higroscópi-
Santo André (SP) cas.Caso os materiais das paredes e tetos
apresentem boa porosidade e razoável
As pinturas de paredes e, principalmen- capacidade de "respiração", a caiação
te, de tetos de banheiros providos com pode ser a solução ideal. Caso contrá-
boxe de chuveiro são submetidas a soli- rio, bases de concreto por exemplo, é
citações extremamente adversas, com recomendável o uso de tintas à base de
subseqüentes ciclos de umedecimento e borracha clorada, poliuretano, resina
secagem. Além disso, de encontro a su- epóxi ou resina acrílica. Em qualquer
perfícies resfriadas, principalmente no situação, para evitar o desenvolvimen-
inverno, ocorre condensação do vapor to de microrganismos, é recomendável
de água, que favorece o umedecimento que a tinta seja formulada com aditivos
da película e a proliferação de fungos. fungicidas e bactericidas.

Marcelo Scandaroli
Assim sendo, as pinturas sintéticas Ercio Thomaz
devem possuir grande flexibilidade e Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
impermeabilidade, com teor de resina Construído)

Trincas de alvenaria
Quais podem ser as causas de ração), cura adequada do concreto, Laje Trincas
trincas entre a alvenaria e a laje? cintamento/introdução de armaduras
É possível evitá-las? nas alvenarias, retardamento ao máxi-
Jorge Reski Santos mo do encunhamento de paredes etc.
São Paulo Relativamente às lajes de cobertura,
onde o problema se manifesta com in-
Tais patologias normalmente estão tensidade muito maior, alguns dos re-
associadas a movimentações das lajes, cursos que podem ser utilizados são:
desde a retração de secagem do con-  sombreamento da laje/introdução
creto até as contrações e dilatações de telhado;
térmicas nas lajes de cobertura. Flexi-  utilização de telhas-sanduíche, com
bilidade de lajes pode provocar fissu- recheio isolante térmico;
ras em alvenarias estruturais que lhes  pintura da face superior das telhas  reforço/entelamento do revestimento
sirvam de apoio. Retração de seca- com tinta branca ou reflexiva; da parede no encontro entre a alvenaria
gem/encunhamento precoce de alve-  emprego de subcobertura que impe- e a viga superior;
narias também podem causar fissuras ça ou minimize o calor irradiado a par-  criação de friso, rebaixo ou junta fle-
ou destacamentos. Para evitar o pro- tir da face inferior das telhas; xível no mesmo encontro;
blema há uma série de recursos rela-  ventilação do ático;  no caso de alvenaria estrutural, cria-
cionados ao projeto e aos processos  subdivisão da laje de cobertura com ção de apoio deslizante entre a laje de
construtivos, ou seja: adequado di- diversas juntas de dilatação; cobertura e a alvenaria.
mensionamento estrutural da laje (ri-  aplicação de camada de isolação tér- Ercio Thomaz
gidez e armaduras de combate à fissu- mica sobre a laje; Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

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CARREIRA

Paulo Andrade
Apaixonado pelas estruturas metálicas desde o início de sua
produção no Brasil, engenheiro militou pela divulgação da
tecnologia no setor da Construção brasileiro

s estruturas metálicas quase não ção, um amigo lhe pediu a indicação de


A existiam no Brasil quando o enge- algum engenheiro civil que conhecesse
Marcelo Scandaroli

nheiro Paulo Andrade se apaixonou estruturas metálicas. Ele se ofereceu e


pela tecnologia. No final da década de foi admitido, então, na UCM (União
40, contava-se nos dedos de uma mão dos Construtores Metálicos), empresa
as empresas que trabalhavam com o de origem belga que executava estrutu-
sistema – e, mesmo assim, montavam ras metálicas em instalações indus-
apenas pequenas estruturas de obras triais. "Eu diria que minha carreira co-
industriais, feitas geralmente com per- meçou aí", explica Andrade.
fis importados ou reaproveitados de Aos poucos, o engenheiro foi sen-
antigos edifícios demolidos. Esse entu- do promovido – engenheiro de fábri-
siasmo, que o fez conhecido nesse seg- ca, engenheiro de montagem, coorde-
mento da Construção, se mantém até nador de projetos. Em 1955, foi convi-
hoje, seis décadas depois de se formar dado também para lecionar na facul-
em Engenharia Civil pela Escola de En- dade onde se formara anos antes. O
PERFIL
genharia da Universidade Mackenzie, curso de Engenharia Civil do Macken-
Nome: Paulo Alcides Andrade em São Paulo. zie era o único do País com a cadeira de
Idade: 84 anos Por muito tempo em sua infância e Estruturas Metálicas. O professor cate-
Graduação: Engenharia Industrial e adolescência, Paulo Andrade acreditou drático responsável pela disciplina,
Civil pela Escola de Engenharia da que seguiria carreira em Medicina. Antonio Luis Hipólito, vendo o ex-
Universidade Mackenzie, em 1948 "Meu pai era químico e eu vivia em um aluno adquirindo experiência no seg-
Onde trabalhou: Anderson Clayton, ambiente médico", conta. Sua história mento, chamou-o para ser seu assis-
União dos Construtores Metálicos, começou a mudar quando foi matri- tente. Foi professor durante dez anos.
Fábrica de Estruturas Metálicas da CSN culado, no fim do ginasial, no colégio Em meados da década de 1950, a
(Companhia Siderúrgica Nacional), Mackenzie. Influenciado pelo profes- CSN realizava a primeira expansão
Andratell, Paulo Andrade Engenharia sor de Matemática e pelo ambiente de sua história. Começava a instalar,
de Estruturas Metálicas universitário que circundava o colégio, também, sua Fábrica de Estruturas
Cargos exercidos: membro do começou a cursar Engenharia Indus- Metálicas – passo importante na di-
conselho deliberativo e consultivo do trial na mesma instituição. No terceiro fusão da tecnologia no Brasil. Da pri-
IE-SP (Instituto de Engenharia de São ano de faculdade, matriculou-se tam- meira grande obra em que ela foi uti-
Paulo) e do conselho diretor da Abcem bém em Engenharia Civil. Formou-se lizada, com materiais e projetos com-
(Associação Brasileira da Construção nas duas especialidades em 1948. pletamente brasileiros, Paulo Andra-
Metálica), professor no Mackenzie e Seu primeiro emprego foi como de participou: o Edifício Garagem
co-fundador da Abcem e da Abece engenheiro de manutenção de uma América, no Centro de São Paulo. A
(Associação Brasileira de Engenharia e empresa industrial chamada Anderson CSN fornecia as estruturas metálicas
Consultoria Estrutural) Clayton. Pouco depois de sua contrata- e a UCM as montava. O trabalho

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CARREIRA

Dez questões para Paulo Andrade


1 Obras marcantes das quais 5 Por que escolheu a engenharia: informática e sua aplicação
participou: Edifício Garagem por influência de meu professor na Engenharia Civil
América, Clube Atlético de Matemática e do ambiente
Paulistano, cúpulas e silos graneleiros no colégio Mackenzie, junto 9 Indicação de um livro:
na região Sul do País da faculdade O Mundo é Plano: Uma
História Breve do Século XXI,
2 Obra significativa da engenharia 6 Perspectivas para seu campo de Thomas L. Friedman,
brasileira: viadutos da rodovia dos de atuação: boas perspectivas e A Decolagem de Um Sonho,
Imigrantes sobre a Serra do Mar em função do interesse e do de Ozires Silva
apoio do setor siderúrgico
3 Realização profissional: orgulho- 10 Um mal da engenharia:
me de ter militado tecnicamente 7 Conselho ao jovem a falta de consciência do
pelas atividades no setor das profissional: aprenda, apaixone- engenheiro sobre seu próprio
estruturas metálicas se e milite em seu ramo de valor, sobre sua importância
especialização no desenvolvimento do
4 Mestres: Antonio Luis Hipólito, País, e a desvalorização
do Mackenzie; Pierre Galler, 8 Um avanço tecnológico da experiência dos
Heitor Lopes Correia recente: o desenvolvimento da engenheiros idosos

conjunto aproximou Andrade e a trabalhos free lance, alguns dos seus ras metálicas. "As encomendas tota-
então estatal, que o convidou para mais de 100 alunos do Mackenzie. lizavam 2,5 mil t. Todo mundo fez
montar um escritório técnico-co- Em 1958,saiu da CSN e fundou,em festa, menos eu", recorda-se Andra-
mercial para a comercialização das sociedade com um amigo, a própria fá- de. "Todos estavam com a corda no
estruturas metálicas que a empresa brica de estruturas metálicas, a Andra- pescoço, nas concorrências jogaram
fabricava. "Na época, meu trabalho se tell. Dois anos depois, seu amigo seguiu os preços lá em baixo. Seria necessá-
chamava Engenharia de Ligação, pois outro rumo profissional e deixou a em- ria uma grande eficiência na produ-
eu fazia a ligação entre o cliente, o presa nas mãos de Paulo Andrade. A fá- ção." O que Andrade mais temia,
projeto e a fábrica", explica. brica cresceu e se mudou de um peque- aconteceu: até outubro daquele ano,
Sua nova empregadora o enviou no galpão alugado em Santo Amaro a empresa havia conseguido produ-
para os Estados Unidos, para estagiar para um terreno de 500 m² em São Ber- zir apenas 50 t. A Andratell era "en-
por cinco meses em várias obras e co- nardo do Campo, no ABC paulista. golida" pela mesma onda que levou
nhecer a construção metálica norte- Em 1974, querendo aproximar muitas empresas do setor.
americana. Ao voltar, participou de as empresas que produziam estru- Desde então, até meados da déca-
diversas obras com a tecnologia, que turas metálicas, a Andratell fundou, da de 1990, a construção metálica su-
engatinhava no País. Palácio do Co- com outras fábricas do setor, a cateou-se, na opinião de Andrade.
mércio, em São Paulo; Edifício Gale- Abcem. Esse também foi o período Mas ele esteve firme ao lado “dela”, na
ria Central, Montepio dos Funcioná- áureo da Andratell, que, entre ou- alegria e na tristeza, e montou um es-
rios da Prefeitura do Rio, Edifício- tros, forneceu perfis metálicos para critório de projetos em estrutura me-
garagem no Jóquei Clube, no Rio de as obras da Rodovia Transamazôni- tálica, que mantém até hoje em São
Janeiro; Edifício Santa Cruz, em ca ("algumas peças eram lançadas Paulo. Nos últimos anos, Andrade
Porto Alegre. Este último, aliás, exi- de pára-quedas", recorda-se) e, em acredita que o setor saiu da UTI e co-
giu uma solução criativa para ser função de uma parceria com a cons- meça a se recuperar. No entanto, faz
projetado: com seus empregados trutora Andrade Gutierrez, chegou um alerta aos construtores: "atual-
todos focados nas obras de expansão a exportar peças para Bolívia, Ango- mente, apenas em São Paulo, há 650
em Volta Redonda (RJ), a CSN não la e Costa do Marfim. empresas atuando no setor da cons-
tinha desenhistas para produzir as Depois do bom momento, po- trução metálica. Muitas delas são pe-
mais de 500 folhas do projeto do edi- rém, vieram os problemas da Andra- quenas e médias empresas completa-
fício. Andrade pediu o apoio do tell. No início de 1984, a empresa mente despreparadas, que cometem
então presidente da estatal e montou havia fechado quatro grandes con- verdadeiras aberrações".
um escritório que contratava, para tratos para fornecimento de estrutu- Renato Faria

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melhores praticas 134.qxd 6/5/2008 09:26 Page 22

MELHORES PRÁTICAS
Corpos-de-prova
Coleta, transporte e armazenamento dos corpos-de-prova de
concreto exigem cuidados simples, mas essenciais para estimar
o desempenho do concreto aplicado em obra

Moldagem e Armazenagem
identificação em obra
Após descarregar 0,5 m3 do concreto do Após a moldagem, os corpos-de-
caminhão-betoneira, coletar uma amostra prova permanecem por 24 horas
de aproximadamente 30 l. Desse volume no canteiro, preferencialmente em
serão retirados os CPs (corpos-de-prova) local coberto, plano e isento de
para ensaio. De acordo com a NBR vibrações. Esses procedimentos
7212/84 – Execução de Concreto Dosado visam garantir a integridade dos
em Central, no mínimo dois exemplares CPs durante a cura inicial,
de CPs devem ser recolhidos a cada 50 m3 fundamental para estimar
de concreto. Para CPs com 10 cm de fielmente o desempenho do
diâmetro a moldagem deve ser feita em concreto aplicado em obra.
duas camadas de 12 golpes cada. O corpo-
de-prova deve ser então identificado com
uma etiqueta para facilitar localização e
rastreamento dos dados.
Fotos: Marcelo Scandaroli

Coleta
No dia seguinte à moldagem, os excessivas e choques entre as
CPs são coletados já endurecidos. amostras. Para tanto, pode
Devem ser transportados dentro contar com separações ou areia
das fôrmas, evitando vibrações para isolá-los.

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melhores praticas 134.qxd 6/5/2008 09:26 Page 23

Preparo para
ruptura
No dia do rompimento os corpos-de-
prova recebem acabamento. Para
uniformizar as superfícies planas dos
cilindros, estas são retificadas ou
Recebimento no laboratório capeadas. Dessa forma, recebem
uma camada de pasta de enxofre.
Ao receber os CPs, os técnicos do recebidos fora de prazo. Também é
Outros materiais têm surgido, mas o
laboratório realizam a desenforma e nesse momento que o técnico avalia a
enxofre ainda é o mais comum.
fazem uma análise visual do corpo-de- data do rompimento. Quando houver
prova. Descartam aqueles que quatro CPs moldados, os com melhor
apresentam bicheiras, moldagem apresentação são rompidos aos 28 dias,
insatisfatória ou que tenham sido os outros dois aos sete dias de idade.

Cura
Em ambiente plano e isento de em câmara úmida – normalmente
trepidações e vibrações, os corpos-de- presente em centrais de concreto com
prova aguardam a data do rompimento. grande volume de produção – ou por
A cura, promovida desde a desenforma imersão em tanques de água saturada
até o momento do ensaio, pode ocorrer com hidróxido de cálcio.

Colaboração: engenheira Carine Hartmann, da Engemix

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ENTREVISTA
Padrões de desempenho
Para engenheiro, construção baseada em desempenho torna relação
entre cliente e construtor mais transparente. Além disso, torna
requisitos de sustentabilidade mais precisos

Marcelo Scandaroli
WIM BAKENS
Formou-se no curso de Engenharia
Arquitetônica da Universidade de
Tecnologia de Eindhoven, na
Holanda, em 1975. Na mesma
instituição, concluiu seu Doutorado
em 1992, com um trabalho sobre "O
Futuro da Construção". Depois de
trabalhar durante sete anos no
Ministério da Habitação holandês,
passou a coordenar pesquisas e
sistemas regulatórios no segmento
da construção. Na Bakkenist
Management Consultants – uma das
maiores empresas de consultoria do
ovidade no Brasil, o conceito de segundo Bakens,estimula a criatividade
país, da qual foi consultor sênior e
depois sócio –, coordenou um grupo
de consultores especialistas no setor
N desempenho vem ganhando força
no mercado europeu da Construção.
do projetista e o incentiva a desenvolver
novas soluções tecnológicas."Ele é obri-
da indústria da construção. Desde Segundo o secretário-geral do CIB (em gado a pensar, porque tem diversas op-
1994, é secretário-geral do CIB português, Conselho Internacional ções disponíveis",acredita. O engenhei-
(International Council for Research para a Pesquisa e Inovação na Constru- ro defende o papel do Poder Público
and Innovation in Building and ção), Wim Bakens, isso é resultado do no processo de industrialização da
Construction). crescimento da demanda por qualidade construção. Na Holanda, exemplifica,
entre os consumidores de imóveis no duas décadas depois da Segunda Guer-
continente. Além disso, acredita, é um ra Mundial, o governo estimulou a in-
instrumento que proporciona maior dustrialização do setor por meio de
transparência nas relações comerciais uma troca com os construtores do seg-
entre cliente e construtor. Projetar mento residencial: se essas empresas
tendo em mente o conceito de desem- passassem a utilizar sistemas indus-
penho não é tarefa fácil. Exige dedica- trializados, o governo lhes garantiria
ção e treinamento técnico. É verdade novas obras para os anos seguintes. Em
que novas tecnologias da informática, sua opinião, o setor da construção bra-
como alguns softwares de checagem de sileiro deveria reivindicar o mesmo. "O
projetos, vêm sendo desenvolvidas para segmento da construção também deve
auxiliar esses profissionais a superar os fazer sua parte, forçando a criação de
desafios técnicos. Por outro lado, a regulamentações, reivindicando subsí-
construção baseada em desempenho, dios", conclui.

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ENTREVISTA

Como evoluiu o conceito de zação durante a vida útil do empreendi-


desempenho na construção européia? mento, e fazendo um investimento ini-
O desempenho é mais exigido
“O que eu vejo nos cial maior, eles poderão também ter lu-
agora do que no passado. O que eu países mais cros ou benefícios maiores.
vejo nos países mais desenvolvidos
é uma maior demanda por qualida-
desenvolvidos é uma Há alguma obra pública que tenha
de. As pessoas podem e querem maior demanda por adotado requisitos de desempenho?
pagar mais por melhor qualidade, Na Holanda, neste momento, um
seja na habitação, seja nos demais
qualidade. As pessoas órgão ligado ao governo, responsá-
tipos de edifícios. A preocupação podem e querem vel pela construção e administra-
com os sistemas prediais vem cres- ção de instalações prisionais, con-
cendo cada vez mais na concepção
pagar mais por tratou empresas para construir dez
da construção. As pessoas acredi- melhor qualidade, presídios pelo país. O órgão des-
tam ser importante ter um sistema creveu o que queria e abriu um
de climatização de qualidade, por
seja na habitação, processo de licitação. Como con-
exemplo, e querem investir nisso, seja nos demais tratante, ele definiu que o sistema
pagar por isso. Às vezes, mais de de segurança dos presídios é a
50% da verba de construção de um
tipos de edifícios” parte mais importante da edifica-
edifício é destinada ao projeto e à ção. Dessa forma, o próprio órgão
execução dos sistemas prediais. Na cil, perguntou-se aos construtores definirá o tipo de sistema a ser uti-
Europa de 20 ou 30 anos atrás as de diversos países qual seria, na lizado nas instalações, não deixará
casas eram pequenas, baratas, fá- opinião deles, o custo adicional na a escolha a critério do construtor.
ceis de construir; hoje as casas são construção de um edifício energe- Para o resto da construção, foram
maiores, com maior ênfase em ticamente eficiente. As respostas estabelecidos determinados requi-
adaptabilidade. giraram em torno de 20%. Entre- sitos de desempenho que deverão
tanto, o valor real, segundo a enti- ser atendidos pela construtora.
Há diferenças entre edifícios comuns dade, é de 5%. Esse valor tem sido Esta definirá os sistemas construti-
e de alto desempenho? bastante utilizado por defensores vos mais adequados.
Acredito que o conceito de desem- da Construção Sustentável que
penho não se aplica a um outro afirmam que, investindo um pou- O uso de sistemas construtivos
tipo de edifício, mas sim a um quinho a mais de dinheiro e exi- industrializados garante melhor
outro processo. Eu, como consumi- gindo um pouco mais de dedicação desempenho a um edifício?
dor de sistemas de climatização, dos profissionais envolvidos, é Em uma situação normal, todo edifí-
posso definir, se quiser, que o siste- possível obter um edifício muito cio é um projeto singular. Nele, os
ma que eu adquiri deverá ter um mais econômico durante o uso, construtores cometem erros, que vão
nível mínimo de desempenho. Se o que utilizará 20% menos energia, se repetir em um outro projeto sin-
fizer, o projetista e o construtor de- terá 20% menos manutenção, será gular. Em um processo de produção
verão me apresentar exatamente mais adaptável. Pode não ser im- industrial, alguém – no caso, a fábri-
essa solução. Isso evita que o clien- portante agora, mas talvez o seja ca – está olhando para o sistema e
te contrate um projeto de edifício daqui a dez anos. Vale a pena? O aprendendo, adaptando. Erros são
de desempenho mínimo e o cons- cliente é quem decide. cometidos apenas uma vez. Em um
trutor lhe apresente um projeto ca- ambiente industrial é possível obter
ríssimo de alto desempenho. O Onde estão os obstáculos para a também uma precisão muito maior,
conceito de desempenho deixa as disseminação do conceito? reduzir o desperdício de materiais,
coisas bem claras: isso é o que eu Em licitações para obras públicas, por projetar melhor etc. Estou convenci-
quero; então, traga-me as melhores exemplo,os construtores geralmente são do de que há um salto de qualidade e
soluções construtivas. obrigados a apresentar propostas com o a prática mostra isso.
menor custo possível. Em outras pala-
Aplicar o conceito a um vras, se alguém aparece com uma pro- Isso implica aumento da vida útil da
empreendimento encarece o posta 5% mais alta, mas que resultará construção?
produto final? em uma economia de 50% durante o Isso não significa automaticamen-
Para se desenvolver esse tipo de uso, essa pessoa não ganhará a licitação. te uma vida útil maior para a cons-
projeto não é necessário gastar Portanto,isso é decisivo.Acredito que,se trução. Trata-se de uma questão
muito dinheiro, mas muita energia os clientes se derem conta disso, exigin- completamente diferente. Muitos
criativa. Recentemente, em uma do não apenas menor custo de constru- edifícios deveriam ser projetados
pesquisa do World Business Coun- ção, mas também menor custo de utili- para existir por apenas dez ou 20

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ENTREVISTA

anos, mas o normal é concebê-los para cada país. Os requisitos para


para existir por 100 anos. Acho “Se [em licitações um edifício de escritório são dife-
isso bastante insustentável. É pre- rentes dos de um industrial. E o edi-
ciso diferenciar a parte estrutural
para obras públicas] fício de escritórios no Brasil é muito
dos edifícios e seus sistemas inter- alguém aparece com diferente de um similar holandês.
nos. A parte estrutural pode ser Em cada situação, em cada tipo de
projetada para durar 50 ou 100
uma proposta 5% construção é preciso ser muito claro
anos. Mas os sistemas internos mais cara, mas que quanto ao que se quer, quantificar as
podem ser projetados para serem demandas, mostrar como medi-las.
adaptáveis ou trocados em um pe-
resultará em uma E deixar que os especialistas tragam
ríodo menor. Seria muito mais ba- economia de 50% a melhor solução. Este é o conceito
rato concebê-los para durarem da construção baseada em desempe-
apenas 20 anos, usando sistemas
durante o uso, essa nho. Pode haver, sim, edifícios de
industrializados ou não. pessoa não vencerá baixo desempenho: por exemplo, ar-
mazéns temporários para estocar
É possível melhorar a performance
a licitação” produtos por cinco anos ou menos.
de construções já existentes? Que se construa um edifício de
Se é possível? Antes de tudo, é ne- mais de 100 anos e terão, nesse pe- baixo desempenho, barato, de exe-
cessário. Quase todas as constru- ríodo, pelo menos cinco tipos de cução fácil.
ções que temos são edificações an- utilização diferentes.
tigas, talvez menos de 1% são A informática pode ajudar os
novas. Com as mudanças de nos- Qual a ligação entre construção projetistas a aplicar o conceito em
sos estilos de vida e de nossas ne- baseada em desempenho e seus projetos?
cessidades, precisamos aproveitar sustentabilidade? Existem softwares de projeto muito
os edifícios já existentes em vez de Vou começar com um exemplo inteligentes, com ferramentas que
construir novas unidades. O pro- simples. Imagine que você contra- testam as soluções de acordo com os
blema é que, no passado, as cons- ta uma empresa para construir um requisitos de desempenho. Eles fun-
truções não eram projetadas para novo edifício, energeticamente cionam não na elaboração do proje-
serem flexíveis ou adaptáveis. Por muito eficiente. No entanto, como to, mas na checagem dos desenhos.
isso, é muito caro adaptá-las hoje. projetar e como saber se um edifí- Estamos desenvolvendo, também,
Atualmente, temos desenvolvido o cio é energeticamente eficiente? É softwares inteligentes voltados para a
conceito de projetar tendo em necessário descrever precisamen- produção nos canteiros, como o BIM
vista a adaptabilidade no futuro. te, quantificar o que você entende – modelo para compartilhamento de
No final das contas, fica muito por "eficiência energética". É pre- informações durante todas as fases
mais barato. ciso, ainda, um método para veri- da construção. Com um modelo ade-
ficar se a construção é energetica- quado, você lança no sistema os re-
Como isso vem ocorrendo? mente eficiente. A construção ba- quisitos de desempenho e eles conti-
Na Europa, por exemplo, várias seada em desempenho vai definir nuam disponíveis durante todo o
igrejas, construídas séculos atrás, de maneira precisa o que você quer processo e, conforme a obra avança –,
não são mais usadas com essa fina- dizer com "eficiência energética". vão sendo melhor especificados. E
lidade. Como sua demolição seria O mesmo vale para produção de você pode testar que requisitos são
muito cara, elas adquiriram novas resíduos, emissão de CO2 ao longo relevantes para o empreendimento,
funções – muitas são hoje constru- da vida útil do edifício etc. O mo- que soluções podem ser utilizadas,
ções residenciais, escritórios, mu- vimento da Construção Sustentá- quais podem ser descartadas. Em
seus etc. Adaptá-las exigiu um in- vel já existe há mais de dez anos. minha opinião, os modelos de infor-
vestimento alto. Há casos também Para muitas pessoas, porém, o que mação para a construção, que têm
de renovação de edifícios residen- existe são apenas boas intenções, apresentado crescimento nos últimos
ciais, em que pequenos apartamen- mas afirmações e políticas bastan- dois ou três anos em todo o mundo,
tos contíguos são unidos para for- te imprecisas. O que nós precisa- são uma tecnologia importante que
mar unidades maiores. Isso tam- mos é de definições claras. ajudará a construção baseada em de-
bém teve um custo alto porque a sempenho, pois deixa as informações
adaptabilidade nunca foi um con- A mesma norma de desempenho e os links para os requisitos bem ex-
ceito presente em seus projetos. In- pode ser usada em construções plícitos, mais fáceis de controlar.
cluir a adaptabilidade como um diferentes?
princípio nas construções é im- O conceito de desempenho é dife- De que forma esse tipo de construção
prescindível. Elas existirão por rente para cada tipo de edifício e incentiva inovações técnicas?

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ENTREVISTA

Se você tem um projeto tradicional, mais se interessará por isso, pois todos
tão detalhado que mostra não ape- “Incluir a terão muito trabalho, estarão lucran-
nas a aparência da construção, mas do muito. Agora é o momento para
também os materiais e sistemas que
adaptabilidade implementar esse tipo de mudanças.
devem ser utilizados, o construtor como um princípio
acaba não pensando nas opções Quais foram as dificuldades
possíveis de soluções tecnológicas
nas construções é enfrentadas na Europa à época do
para aquela obra. Ele constrói exa- imprescindível. Elas lançamento das primeiras normas de
tamente como foi determinado. Na desempenho?
construção baseada em desempe-
existirão por mais de Não basta simplesmente publicar
nho, ele é obrigado a pensar, por- 100 anos e terão, uma norma e dizer "agora todos
que ele tem diversas opções dispo- vocês deverão segui-la". É preciso
níveis e pode desenvolver soluções
nesse período, pelo muito treinamento, dos engenhei-
inovadoras. Um problema que menos cinco tipos ros de obra, dos projetistas. É preci-
pode surgir é que, algumas vezes, so treinar os arquitetos, pois cada
ele vai precisar provar que determi-
de utilização tipo de edifício tem uma norma de
nada solução ou tecnologia está diferentes” desempenho correspondente. O
adequada aos requisitos. Nesse ca- profissional terá de mudar sua
so, ele deverá procurar um labora- forma de projetar. Há outra ques-
tório, realizar ensaios, verificar a Essa industrialização aconteceu tão importante aqui: a capacidade
eficiência do sistema construtivo e, sob certo protecionismo. Ela de fiscalização do governo. No Bra-
finalmente, apresentar ao cliente pode ocorrer em um sistema de sil e em vários outros países, pode
um laudo que atesta o desempenho livre iniciativa? haver normas descrevendo as ne-
da solução adotada. A industrialização na Construção é cessidades mínimas, mas, se nin-
quase impossível em um mercado guém as fiscaliza, elas acabam se
Qual o caminho seguido pelos países livre. Porque o risco fica todo por tornando inúteis. Estive há cinco
desenvolvidos para industrializar o conta dos construtores. Em alguns anos em São Paulo e um colega me
setor da construção? casos, isso pode acontecer. Veja o disse que 70% das habitações da ci-
Na Holanda, nós temos um sistema exemplo de algumas grandes em- dade são construídas pelos pró-
no qual casas são construídas por presas de construção japonesas, que prios moradores, sem normas, sem
empresas públicas de construção. investiram bilhões de dólares em controle algum. Isso nunca aconte-
Elas detêm a propriedade dos imó- tecnologias construtivas industriali- ceria na Europa. Há uma necessida-
veis e os alugam para os interessados. zadas. Elas supõem que vão cons- de de reforçar os sistemas de fiscali-
No passado, mais de 90% do merca- truir cinco, seis grandes edifícios de zação existentes.
do de construção residencial tinha a escritórios semelhantes no Japão e
participação dessas empresas, que no Sudeste Asiático e desenvolvem É possível garantir qualidade mínima
eram reguladas pelo governo. O estí- sistemas construtivos rápidos para às casas autoconstruídas?
mulo ao uso de sistemas industriali- executá-los de forma seriada. Mas é Já que essas pessoas irão construir
zados vinha da agência governamen- um risco assumido pelo mercado. suas próprias casas não importa o
tal, que assegurava novas obras a Investe-se em um produto se há a que se faça, que seja dado a elas um
essas construtoras caso passassem a certeza de que ele será usado tão re- treinamento básico, com conceitos
utilizar essas soluções. Surgia um petidamente que possibilitará gera- simples sobre tecnologias construti-
mercado grande e promissor, que ção de lucro. vas, questões básicas de segurança na
atraiu as empresas de construção. construção. Em cursos rápidos, ofe-
Garantia-se a elas que, nos anos se- Como fazer isso acontecer no Brasil? recidos pelo governo, mesmo. Às
guintes, haveria obras suficientes É fácil dizer que existe uma responsa- vezes encontramos verdadeiros ab-
para viabilizar o uso das novas tec- bilidade do governo nisso. Mas o seg- surdos nessas casas autoconstruídas,
nologias. No entanto, trata-se de mento da construção também deve temos certeza de que as estruturas
um mercado protegido. Duas ou fazer sua parte, forçando a criação de podem ruir a qualquer momento. É
três décadas depois da Segunda regulamentações, reivindicando sub- preciso oferecer-lhes, também, infra-
Guerra Mundial, os governos esti- sídios, uma política efetiva [de indus- estrutura básica, como água encana-
mularam a industrialização, investi- trialização do setor]. E, se há um mo- da, tratamento de esgoto, energia
ram em pesquisa e desenvolvimen- mento ideal para que isso ocorra, é elétrica. Há inúmeros casos seme-
to. E tinham que fazê-lo, porque as agora, que o mercado brasileiro da lhantes que deram certo, na Vene-
empresas não possuíam condições Construção está vivenciando um zuela, no México.
de assumir essa responsabilidade. boom. Daqui a dois anos ninguém Renato Faria

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TÉCNICA E AMBIENTE
De acordo com os preceitos da ISO
14001 (norma que define os requisitos
para estabelecer e operar um sistema
de gestão ambiental), a Racional adota
materiais recicláveis ou reciclados para
montagem do canteiro. Caso, por
exemplo, do uso de painéis de madeira
e telhas de cimento recicladas sem
amianto e das telhas translúcidas para
minimizar o consumo elétrico. "O
custo de montagem de canteiros é até
menor por usar material reciclado",
afirma Wilson Pompílio, diretor-exe-
cutivo da construtora. Além disso, os
Divulgação Mahle

caminhões que saem do canteiro têm


as rodas lavadas em sistema que conta
com duas caixas de decantação.
O restauro da mata ciliar se deu

Território dividido com a implantação de um programa


de manutenção de plantio de mudas.
Entre quatro e cinco mil espécimes
Implantado em área de preservação ambiental, vegetais nativas foram reintroduzidas
ao meio. A escolha por mudas nativas
centro tecnológico convive com fauna silvestre e conta visou a melhor adaptação às caracte-
com arquitetura que favorece o conforto térmico rísticas climáticas da região.
Como a área onde se encontra a
etade do terreno ocupado pelo pactos decorrentes da atividade cons- obra não conta com redes para abaste-
M centro tecnológico e administra-
tivo do grupo Mahle Brasil, dedicado
trutiva. Daí foram definidos controles
operacionais e planos de emergência
cimento de água e coleta de esgoto, a
captação de água, desde o início da
ao desenvolvimento de motores, é que contemplaram, inclusive, a coleta construção, é feita em poço artesiano e
classificado como APP (Área de Pre- seletiva de resíduos. os dejetos são acondicionados em tan-
servação Permanente). Localizado na Uma das primeiras ações, então, foi ques até a transferência para a estação
Serra dos Cristais, em Jundiaí, cidade cercar a APP com arame liso e mourões de tratamento presente no empreendi-
do interior de São Paulo, o terreno fica de eucalipto. Assim, a cada 30 m de mento. Após tratamento, a água é ar-
no entroncamento das rodovias Ban- cerca foram deixadas aberturas de 1 m mazenada em tanque de reúso, com
deirantes e Anhangüera, no km 48, e de largura para permitir a passagem de 150 m3 de volume. A estação de trata-
foi doado pela Prefeitura. animais e restringir a circulação de pes- mento tem capacidade para processar
A preservação da mata nativa e a soas. Como complemento a essa medi- até 30 m3 de água por dia. Toda essa
convivência harmoniosa com os ani- da, foram instituídos serviços de ronda água será reutilizada para jardinagem,
mais que residem na região é inerente e vigilância patrimonial para impedir o lavagem de áreas externas, arrefeci-
às obras em APPs. E como esse terreno acesso de terceiros, além de treinamen- mento dos motores em teste, em vasos
é localizado dentro de uma microba- tos e trabalhos de conscientização de sanitários e mictórios.
cia, foi necessário restaurar a mata ci- colaboradores, fornecedores e visitas.
liar das duas lagoas existentes no local. "Não se pode entrar na APP sem justi- Projeto sustentável
Com a implantação do Programa ficativa e sem comunicar os órgãos res- Parte dos efluentes será aproveitada
de Gestão da Racional Engenharia, ponsáveis", salienta Luciana Biondi, nos espelhos d'água existentes nas lajes
empresa responsável pela execução da coordenadora do Sistema de Gestão do primeiro e do segundo pavimento.A
obra, foram identificados riscos e im- Integrada da Racional. cobertura do terceiro anel e das mar-

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quises conta com telhas zipadas ou tra- quiteto Ricardo Loeb, deixou os taludes mentos pré-moldados devido à raciona-
pezoidais.Além do efeito arquitetônico, aparentes em locais como restaurante, lização e ao menor impacto ambiental
os espelhos aumentam a inércia das recepção e biblioteca para criar um efei- proporcionado pelo uso de fôrmas me-
lajes e diminuem os efeitos da carga tér- to visual diferenciado. A preocupação tálicas. "Adotamos pré-moldados por
mica decorrente da insolação. Como com os taludes se deu já no início da questões logísticas e de melhor execu-
conseqüência direta, há o incremento obra, com a construção dos acessos ao ção",aponta o gestor de contratos da Ra-
no conforto ambiental dentro da edifi- canteiro. Embora com custo mais ele- cional, engenheiro Waldemar Marotta.
cação e a redução no consumo de ar- vado, uma das vias de acesso foi execu- O projeto de distribuição elétrica
condicionado. A impermeabilização tada com gabiões para diminuir o pé do dentro do empreendimento também
dessas lajes foi feita com manta dupla e, talude e evitar invasão à APP. levou em conta a otimização no uso de
devido à minimização da oscilação tér- A estrutura foi executada com ele- energia elétrica. Previu a instalação de
mica, demanda menos manutenção ao mentos pré-moldados e moldados in subestações separadas e com divisões
longo dos anos. loco, a depender da solicitação e da pe- de acordo com os usos. Dessa maneira,
A implantação do edifício no terre- culiaridade do local. Em alguns pontos foi possível receber a energia da con-
no íngreme propiciou, além da criação adotou-se a execução de vigas pré-mol- cessionária em média tensão e redis-
dos espelhos d'água e de melhor apro- dadas em canteiro, pois a inclinação do tribuí-la internamente. Essa estratégia
veitamento da iluminação natural,a in- terreno impediria a chegada de peças acarretou menor perda de carga ao
corporação do talude à construção e, pré-moldadas com 16 m de compri- longo do deslocamento.
logo,sua proteção.A arquitetura,do ar- mento. A empresa prioriza o uso de ele- Bruno Loturco
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OBRA
Divulgação Petrobras

O Pólo de Urucu produz


diariamente 54 mil
barris de petróleo,
9,7 milhões de metros
cúbicos de gás natural
e 1.600 t de GLP

Hotel na selva
Construção industrializada e seca confere o controle de impacto ambiental
necessário a projeto de complexo hoteleiro em Coari, na selva amazônica

ualquer construção de médio e só os alojamentos, como também pré-


Q grande porte em meio à Floresta
Amazônica requer ações especiais, seja
dio de escritórios, restaurante, centro
de treinamento e um centro de inte-
RESUMO
Complexo Hoteleiro
por causa das condições do local – pre- gração (com espaço para a prática de Vitória-Régia – 1a fase
cária na maior parte das vezes em fun- esportes e atividades de lazer). Local: Base Operacional de Urucu,
ção da falta de infra-estrutura e do clima A prioridade era garantir a criação Coari (AM)
tipicamente tropical – seja pela necessi- de uma infra-estrutura compatível Área do terreno:
dade de rigoroso controle ambiental. com as necessidades atuais, minimi- aproximadamente 100 km²
Esses desafios foram enfrentados zando os impactos ambientais de sua Área construída: dois
também durante as obras do conjunto construção ao máximo. Uma das alojamentos de 1.386 m² cada, um
de alojamentos que fazem parte do prerrogativas era a de que a produção prédio central com 2.035 m² e um
Complexo Hoteleiro Vitória-Régia, na dos campos de petróleo não é eterna. edifício de recepção com auditório
estação de Urucu, em Coari (AM), a Portanto, quando se decidir suspen- de 610 m²
650 km a sudoeste de Manaus. Ali, der as atividades, será preciso des- Duração da obra: seis meses
onde há um campo de extração de pe- montar toda a infra-estrutura cons- Sistemas construtivos
tróleo e gás natural em operação desde truída e devolver à selva a sua condi- adotados: fundação com radier
1986, os trabalhadores até então utili- ção inicial. Ao mesmo tempo, busca- de concreto; estrutura em
zavam alojamentos erguidos de forma va-se uma solução construtiva limpa, steel frame; fechamento externo
improvisada e dispersa. Um novo pro- que não exigisse o uso de madeira na- com placas cimentícias;
jeto, porém, atualmente em andamen- tiva, que trouxesse baixo risco am- fechamento interno com drywall;
to, deve concentrar a estrutura em biental à floresta e com o mínimo de cobertura com telhas metálicas
uma área de 100 km², incluindo não desperdício de materiais. tipo sanduíche

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dimento foi o número de profissionais


envolvidos na obra. A construção in-
dustrializada permitiu redução da
quantidade de mão-de-obra em apro-
ximadamente 40%, em comparação a
uma construção tradicional, confor-
me dados do construtor. O perfil do
pessoal também é diferente. "Uma 1
obra baseada em montagens envolve
maior participação de profissionais
mais capacitados. Proporcionalmente
há mais técnicos que ajudantes", diz
Mariutti.
Um grupo de montadores foi deslo-
cado de São Paulo para a reserva de
Fotos: divulgação Sequência

Urucu. Divididos em duas turmas, eles


se revezavam no trabalho em regime de
confinamento durante 15 dias. Uma
conseqüência desse tipo de escala é
sobre a produtividade, que inevitavel-
O impacto da construção das novas instalações foi rigorosamente analisado. A idéia
mente cai. "Sabíamos que a cada troca
é que um dia toda a infra-estrutura construída possa ser desmontada e reciclada
de equipe haveria uma quebra no
ritmo", conta Mariutti. Segundo ele,
Na primeira etapa do empreendi- tico e custando emissões de CO2 de- para minimizar esse efeito, preferiu-se
mento, recém-concluída, foram er- correntes do transporte (veja boxe). substituir o pessoal aos poucos. Assim,
guidos dois alojamentos para 260 pes- Também por influenciar direta- em vez de trocar uma equipe inteira por
soas e um prédio central, somando 5 mente a sustentabilidade, a quantida- outra, a cada semana apenas dez mem-
mil m². A necessidade de reduzir os de de entulho gerado, bem como a sua bros eram substituídos.
danos ambientais justificou a especifi- capacidade de ser reciclado, foi consi-
cação do steel frame como solução es- derada. Todo o material remanescente Produção e segurança
trutural. Alexandre Mariutti, diretor da obra era armazenado em um pátio As edificações foram concebidas,
da construtora Seqüência, responsável e, ao final, foi retirado da floresta e de- desde o início, para serem estrutura-
pela execução da obra, explica que a volvido a Manaus para ser separado e das com perfis leves de steel frame. Ao
escolha levou em conta o peso global e reciclado. Dos 53 contêineres de mate- contrário do que ocorre na maior
a quantidade de insumos demanda- rial de construção transportados até parte das obras que empregam esse
dos para se construir com o sistema. Urucu, apenas meio retornou à cidade sistema construtivo, a velocidade de
Isso porque todos os materiais deve- na forma de entulho. execução era algo importante, mas
riam ser levados até o meio da selva, Outro item que pesou na avaliação não prioritário. A estratégia foi inves-
exigindo rigoroso planejamento logís- da eco-sustentabilidade do empreen- tir tempo e dinheiro em planejamen-

Logística sofisticada
Com os materiais trazidos principalmente estava sendo construído o alojamento, o tanto sob o aspecto ambiental, quanto
de São Paulo – perfis estruturais, painéis transporte era terrestre até o alojamento. financeiro (custo de frete).
de vedação externa e interna, O tempo necessário para todo o trajeto, Nesse quesito, a maior precisão
acabamentos etc. – a logística da saída do material das fábricas em São dimensional característica das soluções
representou uma etapa crucial para o Paulo até a chegada na obra, era de industrializadas, ajudou. "Temos como
sucesso da empreitada na Amazônia. aproximadamente dois meses. prever quantos metros de aço serão
Após meses de planejamento rigoroso, Um desafio, portanto, era garantir que usados, quantas placas cimentícias
foram transportados de navio 53 esse material estivesse na obra no precisaremos para o fechamento etc.",
contêineres com materiais e insumos de momento e na quantidade certa. Embora diz Alexandre Mariutti. Para eventuais
São Paulo até Manaus. A partir da capital não houvesse como fazer a reposição de perdas, como as provocadas por erros de
amazonense, os contêineres seguiam de materiais na obra com agilidade, insumos corte na obra, a construtora trabalhou
balsa, por 15 dias, até finalmente chegar em excesso deveriam ser evitados sob o com uma margem de folga de pouco
ao rio Urucu. Desse ponto até o local onde risco de comprometer o empreendimento mais de 3%.

35
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OBRA

Construção e montagem em cinco momentos

2
Fotos: divulgação Sequência

1 3

4 5

1 Terraplanagem e fundação reduzir as transmissões de calor. fechamento interno foi feito com
Embora fosse tecnicamente simples, a A grande exposição à umidade do drywall. Para garantia da salubridade
execução do radier de fundação local exigiu que o aço empregado do ambiente interno, a temperatura
acabou se mostrando uma operação recebesse tratamentos como a nas edificações não poderia variar
complicada. Isso principalmente em galvanização (imersão em banho de mais do que 8°C em relação à
função da grande quantidade de zinco) para evitar corrosão. temperatura externa. Para atender
concreto e agregados que precisou ser essa exigência, além da implantação
deslocada até o local. A necessidade de 3 Instalações hidráulicas e elétricas de um sistema de ar-condicionado
monitorar os impactos ambientais da A racionalização de materiais e a central, nas paredes, foram inseridas
construção levou à inspeção de todos preocupação em prover facilidade de lã de vidro a fim de manter baixa
os equipamentos utilizados. Diante de acesso às instalações, no caso de condutibilidade térmica.
uma betoneira com vazamento de eventual reparo, levaram à
óleo, por exemplo, a determinação era especificação de tubulação de 5 Acabamentos
a de parar tudo. polietileno reticulado flexível (PEX) e Internamente foram empregados
distribuição por shafts. revestimento laminado nas paredes e
2 Estrutura e cobertura placas de “Courodur” e granito (áreas
Depois de uma longa viagem, os perfis 4 Vedação externa e interna frias). A compatibilização entre
leves de aço chegaram ao canteiro Sistemas de construção seca foram projeto estrutural e de interiores
prontos para a montagem. Os perfis privilegiados. Para os fechamentos permitiu que alguns itens do
foram fixados diretamente sobre o externos chapas cimentícias, com 10 mobiliário, como a cama dos
radier. A cobertura foi executada com mm de espessura, 100% recicláveis e alojamentos, por exemplo, fossem
telhas de aço com recheio de EPS para resistentes à umidade. Já o embutidos nas paredes.

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que permitiram avaliar a compatibi- de evitar os transtornos provocados


lidade de materiais, identificar os por acidentes de trabalho, o empreen-
custos de transporte etc. Somente dimento estaria sujeito a multas de
quando esse protótipo foi aprovado órgãos governamentais, caso não
com todas as interfaces – caixilho, atendesse às boas práticas de respon-
calha, acabamentos – foi dado início sabilidade ambiental.
à parte executiva. Juliana Nakamura
Mesmo assim foi preciso lidar
com algumas situações que não são
completamente previsíveis, como a
chuva, por exemplo. "Durante as
FICHA TÉCNICA
obras choveu praticamente todos os
A construção como linha de montagem dias e, para não comprometer as boas Construção: Construtora Seqüência
permitiu a redução do número de condições de trabalho, o canteiro era Arquitetura: Marcos Junqueira
operários na obra em 40% paralisado sempre que se via algum Projeto estrutural: Daruix
risco de acidente", comenta o diretor Engenharia
da construtora Seqüência. Perfis metálicos (steel frame): Roll-for
to, o que conseqüentemente permitiu Segundo ele, aliás, um dos desa- Aço: Usiminas
que a obra ocorresse em um bom fios foi conciliar a produção com o Drywall: Placo
ritmo, apesar das restrições e cuida- atendimento às rigorosas diretrizes Placa cimentícia: Brasilit
dos adicionais decorrentes de suas do SMS (segurança, meio ambiente e Lã de vidro: Isover
particularidades. saúde) do cliente. Em alguns momen- Laminado de madeira: Madepar
Durante dois meses, a equipe de tos, para cada montador trabalhando, Telhas metálicas: Panisol
engenheiros e arquitetos se dedicou havia três profissionais do SMS fisca- Sistema hidráulico: Astra
ao desenvolvimento de protótipos lizando. Mas não sem motivo. Além Elétrica: Tigre
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RETROFIT

Da teoria à prática
Mercado de requalificação tecnológica de edifícios estimula
inovações em prol da sustentabilidade

Marcelo Scandaroli
á é um consenso entre especialistas
J que o retrofit ou reconversão de
um edifício (ou área urbana) é, antes
de tudo, uma requalificação tecnoló-
gica. Em geral, o que se faz é reconfi-
gurar e otimizar espaços, melhorar
sua eficiência energética e, em conse-
qüência, aumentar seu valor agrega-
do. Segundo a arquiteta doutora Ro-
berta Consentino Kronka Müilfarth,
do Labaut (Laboratório de Conforto
Ambiental e Eficiência Energética da
Universidade de São Paulo), essa re-
qualificação pressupõe tornar o edifí-
cio mais "sustentável", pois ataca-se o
problema do consumo exagerado de
água e energia, apostando na ventila-
ção natural do edifício, reúso de água,
uso de água de chuva e outras alterna-
tivas. "É uma prática arquitetônica
dentro do desenvolvimento sustentá-
vel", acredita Roberta (quadro 1).
Um edifício pode ser readequado
para o mesmo uso ou adaptado para
usos diferentes. Já o retrofit urbano
transforma áreas obsoletas e até com
problemas sociais em áreas economi-
camente e socialmente ativas, onde a
degradação e violência dão lugar à re-
novação urbana e maiores consciên-
cia e cuidado com o meio. "Na Euro-
pa é muito comum a requalificação
urbana onde até bairros inteiros são
transformados, em oposição à expan-

Executado pela Método, o retrofit do Edifício


Panorama tem a grife do arquiteto Isay
Weinfeld. Em vez de escritórios, o edifício
abriga agora luxuosos apartamentos

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Heiner Leiska
Markus Bredt
O Estádio Olímpico de Berlim
ganhou cobertura e, debaixo das
arquibancadas, modernos
espaços de laser e compras

são urbana", explica Roberta. De partido de equipamentos existentes e "Pode-se, por exemplo, instalar piso ra-
acordo com a pesquisadora, a expan- reconecta o tecido urbano truncado diante gelado em edifícios com pé-di-
são urbana é cara pois implica alterar de áreas subutilizadas da cidade. reito pequeno, como alternativa ao sis-
a infra-estrutura básica e de transpor- Os avanços tecnológicos têm per- tema de ar-condicionado pelo forro",
tes (greenfields), enquanto que o rea- mitido que construções antigas consi- diz Roberta. A inserção de brises, alte-
proveitamento de áreas degradadas gam se adaptar a novas necessidades ração nos tipos de vidros e esquadrias,
ou subutilizadas (brownfields) tira mesmo com restrições construtivas. mudanças nos revestimentos externos

Quadro 1 – ANÁLISE DOS IMPACTOS GERADOS PELA DEMOLIÇÃO E CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO NOVO E PELO RETROFIT
DE UM ANTIGO
Etapa Subprodutos gerados Impactos causados
Demolição e construção
de novo edifício
Etapa de demolição Construção: entulho Poluições sonora, atmosférica
dos elementos (partículas em suspensão), biosfera, outros
componentes do edifício Transporte do entulho: emissões gasosas Redução de recursos naturais não renováveis,
poluição atmosférica, entre outros
Preparação para reciclagem ou reutilização: Poluições sonora, atmosférica e da biosfera.
emissão de efluentes líquidos e geração Poluição do ar, água e terra por
de resíduos sólidos metais pesados
Produção dos materiais de Fabricação: Resíduos sólidos, emissões Redução de recursos naturais não
construção a serem novamente gasosas e de efluentes líquidos resultantes renováveis, poluição atmosférica, biosfera,
incorporados ao edifício dos processos de fabricação poluição dos recursos hídricos
e descargas tóxicas
Distribuição, armazenamento e transporte Redução de recursos naturais não
na obra: poluição atmosférica por renováveis, poluição atmosférica,
emissões gasosas biosfera, outros
Retrofit
Recuperação, manutenção e Readequação do edifício: entulho Poluições sonora, atmosférica e da biosfera.
restauração do meio edificado Poluição do ar, água e terra por metais pesados
Fase de funcionamento Funcionamento e manutenção do edifício: Redução de recursos naturais não renováveis,
emissão de efluentes e resíduos poluição atmosférica, biosfera, poluição dos
sólidos domésticos, emissões gasosas recursos hídricos
e alto consumo hídrico e energético
Etapa de demolição do edifício Mesmos produtos gerados na etapa Mesmos impactos ocorridos na etapa de
de demolição descrita acima demolição dos componentes do edifício
Fonte: Marília Sayuri Chino, adaptado pela Téchne

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RETROFIT

Projeto premiado mostra viabilidade de retrofit de um edifício comercial


A arquiteta mestranda Viviane Caroline
Abe desenvolveu em seu trabalho de
dissertação o retrofit hipotético de um
prédio de escritórios de 1971, no Centro
de São Paulo. O trabalho ganhou
menção honrosa no prêmio Paviflex e foi
orientado pela professora doutora
Denise Helena Silva Duarte, do Labaut.
O edifício objeto da intervenção
apresentava problemas de conforto, má
eficiência energética e risco de incêndio
por falta de rota de fuga. Além disso, a
análise das fachadas mostrou um alto
índice de absorção de calor. A caixilharia
está desgastada e apresenta baixo
desempenho quanto à vedação,
aumentando a demanda de ar-
condicionado. As instalações elétricas e
Viviane Caroline Abe

eletromecânicas (elevadores),
hidrossanitárias e de telefonia
encontram-se defasadas em relação às
tecnologias atuais. Não há sistema de
condicionamento de ar central, sendo
que os aparelhos de ar-condicionado
individuais são instalados nas janelas.
Também não há sistemas de
cabeamento e automação predial.
A avaliação técnico-funcional estudou os
espaços propostos pelo projeto de
arquitetura e mostrou que o pé-direito
útil nos escritórios, de apenas 2,50 m,
dificulta a implantação de um sistema
de condicionamento de ar central, com
difusores no teto. Além disso, o edifício
não é adequado ao uso para deficientes
físicos, inclusive os sanitários.
A carga térmica produzida pelos janelas no período noturno. O layout
Solução equipamentos também foi reduzida interno do escritório também sofreu
Um estudo apurado serviu de base para devido à alteração do sistema de alterações devido à necessidade de uma
simulações computacionais de conforto iluminação artificial. A troca da caixilharia área para a casa de máquinas, que
térmico, luminoso e acústico, por meio foi recomendada, junto com a escolha de deveria estar localizada em um ponto
de softwares específicos, além do outros vidros com melhor desempenho central do escritório. Como o pé-direito
levantamento do consumo energético de acústico, mantendo-se o mesmo modelo reduzido impedia a instalação de
todos os equipamentos comuns. Também de dois panos projetantes. O vidro difusores de ar sob o forro foi escolhido
foram realizados estudos do clima e laminado proposto possui uma camada o sistema de insuflamento por meio de
insolação em cada fachada. O resultado de vidro de 1/8", uma película de PVB de um piso elevado monolítico, com altura
de todas as análises levou a arquiteta 0,030" e outra camada de vidro de 1/8". de 15,5 cm (acabado), que tira partido
Viviane a propor a inserção de brises, O nível de ruído resultante é de 40 dB(A), de uma menor vazão de insuflamento e
lightshelves e chapas metálicas para dentro dos limites estabelecidos pela da redução da dimensão dos
impedir a radiação solar direta na Norma Brasileira (NBR 10152). Para equipamentos e casa de máquinas.
superfície opaca da fachada. A estrutura otimizar a perda de calor do interior dos O sistema também favorece o uso de
compõe-se de perfis metálicos verticais e ambientes, Viviane recomendou a ciclo economizador, resultando em
horizontais, além dos contraventamentos. abertura dos panos superiores das menor consumo de energia.

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Claudio Manzoni

Daniela Mac Adden/CAPM


Conhecido mundialmente, o projeto de requalificação de Puerto Madero, em Buenos Aires, transformou antigos
galpões em lojas e restaurantes

e internos, instalação de novos sistemas tentabilidade", esclarece Roberta. os sistemas dentro de um mesmo espa-
elétricos, hidráulicos e de ar-condi- "Antes de reciclar existe o conceito de ço, é possível revalorizar a construção
cionado, adequação à acessibilidade, reutilizar", conclui. A reutilização inserindo novos espaços, caso dos edi-
todas as melhorias que garantam me- exige a definição de sistemas constru- fícios chamados simbióticos, ou seja,
lhores usos e aproveitamento do po- tivos mais industrializados e secos construídos a partir do aproveitamento
tencial construtivo são ações de retrofit. como lajes moduladas, divisórias des- da estrutura de outros mais antigos, de
Projetar um edifício já pensando montáveis, sistemas elétricos e hi- maneira a complementar usos e agre-
em seu possível reúso é um conceito dráulicos de fácil acesso e reparo, gar novos valores. De acordo com a ar-
estranho à grande maioria dos arqui- entre outros. Em muitos países euro- quiteta doutora e também pesquisado-
tetos brasileiros. A idéia implica defi- peus, principalmente na Holanda, as ra do Labaut, Denise Helena Silva
nir sistemas construtivos que permi- lojas de materiais de construção não Duarte,essas construções eram chama-
tam desmontagem, e não demolição. comercializam produtos novos, mas das de parasitas, "Parasite Buildings",
"Na Europa, o termo reciclagem é o usados, tirados de outras edificações. mas como o nome remete a algo nega-
último empregado na cadeia da sus- Além de requalificar a estrutura e tivo e restritivo, os especialistas têm

Retrofit de fachadas
Além da valorização do imóvel, o retrofit dilatação e movimentação e argamassa de mais adequado das juntas. O serviço
das fachadas diminui gastos com a emboço esfarelada. Junta-se a isso a começa pela remoção completa do
manutenção, aumenta a durabilidade da deterioração da tubulação externa de revestimento cerâmico, da argamassa de
envoltória e os cuidados que cada esgoto e gás. O projeto de melhoria base e dos caixilhos, substituídos por novos
condômino dispensa ao edifício. De acordo propôs soluções para cada um dos caixilhos de alumínio com pintura
com o engenheiro Paulo Maccaferri, da problemas com o desenvolvimento de um eletrostática branca e pingadeiras.
Adapt Tecnologia e Engenharia, empresa projeto executivo de revestimento de Tubulações de esgoto e gás novas passam
responsável por projetos de requalificação fachada que define um posicionamento a ser embutidas na argamassa.
de fachadas, a modernização das fachadas
Fotos divulgação Adapt

representa um ganho de 10% a 15% no


valor total do imóvel. "É um ganho
tecnológico e financeiro ao mesmo tempo",
explica. Um dos projetos desenvolvidos
pela Adapt é de um condomínio residencial
que apresenta problemas como o
desplacamento das pastilhas brancas que
revestem as fachadas, caixilhos com
vedação deficiente e contramarcos
oxidados, de modo que a umidade externa
entre facilmente dentro dos apartamentos.
Além disso, apresentava problemas graves
de oxidação nas armaduras dos pilares e
vigas de concreto, ausência de juntas de

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RETROFIT

Fotos divulgação Ecoluz


Metrô Praça da Árvore: busca pela eficiência energética
Uma das grandes Energy Save Companies instaladas lâmpadas fluorescentes HO/110 W
que trabalham principalmente em São Paulo tipo "trifósforo" IRC = 85 , temperatura de cor
e no Rio de Janeiro é a Ecoluz. A empresa 4.000 K. De acordo com a empresa, a
desenvolveu diversos projetos de economia implementação das ações de eficiência
de energia como o da Sala São Paulo, o do energética nas luminárias da Estação Praça da
Centro Cultural de São Paulo e o do aeroporto Árvore reduziu em cerca de 50% o consumo da
de Cumbica, ambos em São Paulo, e o Jockey energia elétrica destinada à iluminação das
Clube do Brasil, no Rio de Janeiro, entre plataformas. Além disso, as medições luximétricas
outros. Além de edifícios, equipamentos realizadas em campo verificaram um aumento no
urbanos como o metrô também sofreram nível de iluminamento da estação.
intervenção em seus pontos de iluminação. As tabelas a seguir mostram condições pré e pós-
É o caso do metrô Praça da Árvore, em São implementação do novo sistema de iluminação:
Paulo. Depois de uma análise do gasto
energético com as luminárias instaladas nas
Tabela 1 – SISTEMA DE ILUMINAÇÃO – PRÉ-IMPLEMENTAÇÃO
plataformas os especialistas propuseram a
Grupo Tipo Quantidade Potência Potência
troca dos equipamentos por refletores
unitária (W) total (kW)
especulares aluminizados brilhantes, com
1 Fluorescente 2 W x 110 W 100 250 25,0
espessura de 0,4 mm, com soquetes em
Total 100 – 25,0
inox e acessórios de fixação, e, mais
significativo, propuseram a redução de duas
Tabela 2 – SISTEMA DE ILUMINAÇÃO – PÓS-IMPLEMENTAÇÃO
lâmpadas fluorescentes para uma de 110 W
Grupo Tipo Quantidade Potência Potência
tipo HO. Além disso, os reatores duplos
unitária (W) total (kW)
fluorescentes de 2 W x 110 W foram
1 Fluorescente 1 W x 110 W 100 125 12,5
substituídos por reatores simples
Total 100 – 12,5
fluorescentes de 1 W x 110 W. Foram

Edifício Panorama: retrofit com grife


Na região da Vila Nova Conceição, zona
solidarizadas, a construção teve que ser furações e diâmetros adequados ao fluxo
nobre de São Paulo, um edifício comercial
milimetricamente controlada para a residencial. "A criatividade do arquiteto
foi transformado em residencial pelas
perfeita coincidência dos níveis. As está em interligar os projetos de hidráulica,
mãos do arquiteto Isay Weinfeld. O edifício
instalações hidráulicas e elétricas elétrica e estrutura com os novos espaços e
de oito pavimentos, sendo o último um
existentes foram todas retiradas, e tiveram usos", explica Guedes. Para o diretor é
dúplex, apresenta quatro tipologias de
suas prumadas fechadas, enquanto que difícil quantificar aos investidores quanto
apartamentos. O processo de
novas prumadas foram executadas com a se gasta e quanto se ganha na
requalificação iniciou-se pela definição da
instalação de tubos de água quente e fria, requalificação de um edifício, pois as
construção de uma estrutura anexa à
cabeamento estruturado e facilidades análises de custos não podem ser as
estrutura de concreto do antigo edifício,
controladas por um sistema de automação. mesmas utilizadas para edifício novo e a
para aumento das lajes e áreas úteis. Essa
A tubulação de esgoto galvanizada tinha rapidez do processo muitas vezes impede a
nova estrutura foi construída de maneira
um fluxo livre de trabalho inferior à busca por cálculos mais adequados.
convencional, com fundações, lajes e vigas
necessária para a nova demanda e também "O retrofit ainda é um nicho de mercado e
em concreto, e pilares dispostos na
foi inteiramente trocada, com novas não uma tendência" acredita Guedes.
periferia para a obtenção de uma planta
livre, conceito fundamental dos
Fotos: Marcelo Scandaroli

apartamentos. De acordo com o diretor de


empreendimentos imobiliários da Método,
o engenheiro Ricardo Guedes, a
interferência entre as duas estruturas se
deu nas lajes do estacionamento, que
tiveram que ser perfuradas para a
execução da fundação e pilares do anexo.
Além disso, como as estruturas não foram

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Arquivo histórico

Brett Boardman
Antes uma igreja agora um edifício de apartamentos, a Scotts Church é um exemplo de construção simbiótica

preferido chamar esses "anexos" como sempre respeitando o edifício existente Chino, que desenvolveu uma tese de
edifícios simbióticos, conceito que re- e o entorno", explica Denise. No entan- graduação sobre retrofit, a possibilida-
mete a uma interdependência positiva to, os edifícios simbióticos devem pri- de de obtenção de valores aceitáveis
a ambos. "Já foram feitos todos os tipos mordialmente possuir estruturas leves para o investimento requer um estudo
de estruturas simbióticas, desde uma e de construção rápida, tendo em vista de viabilidade econômica que não se
caixa pendurada do lado de fora de um o sobrepeso estrutural do novo conjun- encontra na mera análise por parâme-
prédio até a construção de andares in- to, além de preverem rotas de fugas fa- tros convencionais. Uma simples aná-
teiros novos sobre a cobertura de um cilitadas e atenderem a todas as normas lise de custos poderá negligenciar tanto
edifício antigo", conta Denise. A cons- de desempenho. "Adicionar uma nova valores mensuráveis, como a valoriza-
trução nas coberturas garante um piso 'camada' de uso pode trazer vida à ção do imóvel e melhoria da eficiência
elevado que pode abrigar diferentes construção e fazer a cidade contempo- energética, quanto intangíveis, como a
funções necessárias à cidade, que não rânea respirar, não só para habitação, preservação da memória, melhoria
têm espaços disponíveis no solo, além como para outras funções", conclui. dos padrões de segurança e conforto.
de constituir um espaço valorizado nas Seja qual for a estratégia de projeto Diferentemente, mensurar o re-
cidades adensadas. "Essas construções para reabilitação de edifícios ela deve torno de investimentos em eficiência
podem ainda testar novos conceitos, considerar as exigências dos usuários energética é mais fácil. Já existem
quanto ao clima e o desempenho do hoje, mesmo no Brasil, as chamadas
edifício ao longo do ano, deve analisar Energy Savings Companies, empresas
Celso Brando

novas demandas e possíveis conflitos responsáveis pelo processo de retrofit


(acústica x ventilação, proteção solar x que visam à eficiência energética. Elas
iluminação natural) e diagnosticar atuam com um contrato de perfor-
condições atuais (visitas em diferentes mance em que são responsáveis pelos
horários, desenhos de observação, investimentos iniciais, mas passarão a
medições, simulações), de maneira a receber uma porcentagem da econo-
subsidiar a analise de alternativas e a mia gerada pelas intervenções por um
escolha da melhor solução. determinado período de tempo. Após
esse período a economia se reverte ex-
Da teoria a prática clusivamente para o proprietário.
O retrofit pode dotar o edifício de Além de realizarem diagnósticos
atualidade tecnológica que se traduza energéticos em um edifício, também
em conforto, segurança, custos mais negociam junto às concessionárias de
Incluir forros, pisos elevados de baixos de operação e funcionalidade energia as tarifas mais adequadas para
serviços e atualizar as instalações para o usuário tendo em vistas a viabi- a edificação, além de acompanharem
são desafios para os arquitetos e lidade econômica para o investidor. De a instalação do novo sistema.
limitações para os edifícios acordo com a arquiteta Marília Sayuri Simone Sayegh

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CAPA

Mercado de oportunidades
Aquecimento do setor gera oportunidades para engenheiros civis
especializados. Confira as principais necessidades das empresas

Marcelo Scandaroli

Alunos em aula de curso de pós-graduação oferecido pelo Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica da USP

oi-se o tempo das vacas magras no mento da Construção gera tanta de- nação de obras, entre outros. E, com
F mercado de trabalho dos enge-
nheiros civis.Se na "década perdida" de
manda por profissionais qualificados
que os alunos já são contratados antes
falta de "material humano" de qualida-
de no mercado, as empresas estão
1980 a oferta de vagas era tão baixa que mesmo de se formar. No entanto, mais apostando cada vez mais na formação
os recém-formados preferiam migrar do que engenheiros "genéricos", as em- de seus próprios quadros internos.
para o setor financeiro, onde eram presas precisam de especialistas – em O setor está crescendo e deve con-
mais bem remunerados, hoje o aqueci- gestão, produção, orçamento, coorde- tinuar assim nos próximos anos. In-

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corporadoras e construtoras aprovei-


tam o momento favorável para lançar
mais empreendimentos. Com tantos
projetos tocados ao mesmo tempo, a
principal dor de cabeça dessas empre-
sas é como supervisionar todas as
obras simultaneamente e com quali-
dade. Dessa necessidade imediata de-
riva o primeiro dos campos de espe-
cialização mais promissores do mer-
cado: o planejamento de obras.
O papel do engenheiro de planeja-
mento é fundamental para determi-
nar a velocidade e a estratégia com que
as obras serão executadas. "Com o
grande volume de lançamentos, cada

Marcelo Scandaroli
vez mais o planejamento deverá ser
elaborado como visão da empresa e
não por cada gestão de obra", afirma o
diretor técnico e de obras da Goldzs-
tein Cyrela, Rogério Raabe. Para o Logística: o engenheiro é responsável por otimizar a organização espacial do
vice-presidente do SindusCon-SP canteiro e racionalizar o transporte na obra. Com isso, é possível reduzir perdas de
(Sindicado da Indústria da Constru- materiais e aumentar a produtividade na execução dos sistemas

Mercado queixa-se de falta de projetistas estruturais e Manutenção: na fase de construção de um empreendimento, o


sistemas prediais – hidráulica, elétrica, ar-condicionado. engenheiro deve cuidar para que os projetos prevejam a facilidade
Há espaço para profissionais qualificados, já que há até de manutenções futuras. No pós-venda, faz o diagnóstico e as
projetistas dispensando trabalhos análises estatísticas das ocorrências para aperfeiçoar os projetos

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CAPA

Do que eles precisam

Marcelo Scandaroli

Marcelo Scandaroli

Acervo pessoal
"O coordenador de projetos é o "Na área técnica, precisaremos de "Nós precisamos de profissionais não
profissional que recebe todas as pastas de especialistas em planejamento e muito fáceis de encontrar no mercado.
projetos de um empreendimento e faz orçamento, além de gestores da O orçamentista que buscamos é mais
com que ele aconteça. Ele deve ser hábil produção. Esses profissionais precisam ter evoluído do que aquele comumente
nas relações interpessoais, ter liderança, visão estratégica, conhecimento de obras encontrado em outras empresas. Além da
dominar questões gerenciais – como e em Tecnologia da Informação e, acima busca pela redução de custos, ele deve
planejamento e administração de receitas de tudo, bom relacionamento conhecer e estudar a viabilidade de
e despesas da obra –, conhecer as interpessoal. Cursos sobre liderança e tecnologias alternativas. É um engenheiro
tecnologias usadas pela empresa e os administração do tempo, por exemplo, capaz de intervir na escolha de uma
materiais disponíveis no mercado." são extremamente importantes." solução construtiva."

Paulo Sanchez, diretor presidente da Carlos Alberto Borges, diretor técnico Cláudio Sayeg, diretor de engenharia da
Sinco Engenharia da Construtora Tarjab CCDI

ção Civil do Estado de São Paulo), grande número de projetistas. Portan- cionado, impermeabilização e assim
Francisco Vasconcellos Neto, os enge- to, há espaço também para engenhei- por diante. Para os interessados em
nheiros dessa área não podem se ilu- ros capacitados em Gerenciamento de seguir por essas áreas de especializa-
dir, achando que basta dominar um Projetos. O diretor de engenharia da ção, as perspectivas são atraentes. "Os
software de planejamento para fazer CCDI (Camargo Corrêa Desenvolvi- projetistas contratados pelas constru-
bem seu trabalho. Em sua opinião, mento Imobiliário), Cláudio Sayeg, toras acabam sendo sempre os mes-
falta no mercado um curso de especia- cita três das principais competências mos, pois são os que têm mais expe-
lização forte nesse segmento. necessárias a esse profissional. Primei- riência para atender às demandas do
Com o aumento do número de ro, ele precisa ter um domínio técnico mercado", afirma o diretor presidente
obras é preciso, também, lidar com um básico, mas amplo, das várias especiali- da Sinco Engenharia, Paulo Sanchez.
dades que compõem a edificação. Se- "Há escritórios dispensando traba-
gundo, deve conhecer as tecnologias lhos porque não têm condições de
mais usadas no segmento de constru- atender a tantos pedidos."
ção em que atuará – popular, comer- A área de Engenharia de Produção
Fernando Blanco Calzada/Shutterstock

cial ou de alto padrão. Por fim, deve na Construção é também apontada


saber interpretar os diversos projetos como promissora. "Faltam pessoas
de um empreendimento e identificar que façam projetos executivos de qua-
as implicações no orçamento, na exe- lidade, que ajudem a melhorar a pro-
cução, no cronograma etc. "Não basta dutividade nos canteiros", revela San-
ler superficialmente os desenhos, é chez. Como exemplos, ele cita a carên-
preciso saber o que há em suas entreli- cia por projetistas de fôrmas e de alve-
Planejamento de obras: profissional nhas", explica Sayeg. naria. Rogério Raabe, da Goldzstein
deve ter domínio de conceitos teóricos e Outra implicação do mesmo pro- Cyrela, acredita que há muito também
de ferramentas de informática. Deverá blema é a crescente demanda por pro- a ser explorado por engenheiros de
desenvolver um planejamento conjunto jetos disciplinares e de sistemas pre- Logística. "Esta função é muito impor-
das obras da empresa, e não cada caso diais – fundações, estruturas, instala- tante para a produção devido à grande
isoladamente ções elétricas, hidráulicas, ar-condi- demanda por equipamentos, ferra-

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Divulgação Cláudio Bergman

Marcelo Scandaroli
"Com a necessidade das empresas "O ideal é que a sustentabilidade na
capitalizadas em obter um banco de Construção não seja uma
terrenos para seus negócios, foi especialidade, mas um

Marcelo Scandaroli
necessário desenvolver um Engenheiro de conhecimento agregado já na
Negócios – profissional com forte formação acadêmica básica de um
preparação em incorporação, com engenheiro. Ele precisa sair da
habilidade comercial e de negociação. faculdade com o conceito já
Execução: são bem-vindos no mercado
Para essa função, ele tem que desenvolver absorvido, de maneira que possa
projetistas especializados em detalhar
uma visão que alia produto, projeto e aplicá-lo em qualquer ramo de
processo executivo de sistemas – como
custo, além de ter habilidade financeira." especialização que ele siga depois."
fôrmas, alvenaria, revestimento. Assim
como os engenheiros de logística, têm
Rogério Raabe, diretor técnico e de Luiz Henrique Ceotto, diretor de
papel importante no aumento de
obras da Goldzstein Cyrela Construção da Tishman Speyer
produtividade no canteiro

mentas e sistemas construtivos indus- postos de gerência os funcionários


trializados." Para Luiz Henrique Ceot- mais experientes dos quadros inter-
to, diretor de Construção da Tishman nos, que já acompanharam pelo
Speyer, a figura do engenheiro de ma- menos o ciclo completo de uma obra.
nutenção também tende a adquirir Os promovidos, com auxílio financei-
importância dentro das construtoras. ro da empresa, complementam seu
Trata-se de um profissional que super- conhecimento prático com uma for-
visiona se os sistemas do edifício estão mação teórica em cursos de pós-gra-
sendo projetados de forma a facilitar duação de médio e longo prazo, como
intervenções futuras para reparos e re- as especializações lato sensu e os
novações. Atua também no pós- MBAs. Porém, com o aumento repen-
venda, realizando o levantamento es- tino do volume de trabalho, as empre-
tatístico e o diagnóstico das ocorrên- sas não têm conseguido esperar que
cias de manutenção. "Ele deve ter do- seus funcionários adquiram maior
mínio de elétrica ou hidráulica, mas experiência antes de assumir tais pos-
precisa ser, antes de tudo, um enge- tos. "Muitos aumentaram seu pata-
nheiro civil", explica. mar salarial e de responsabilidade,
Marcelo Scandaroli

mas em alguns casos não estavam pre-


Falta experiência parados para isso", afirma Sanchez, da
Depois de anos seguidos vendo os Sinco. "Pode ser que colhamos frutos
engenheiros civis formados migrando não muito bons desse crescimento Gestão de projetos: grande volume de
para outras áreas de atuação, as em- abrupto", alerta. empreendimentos das empresas exige
presas do ramo da Construção vêm Para o professor Francisco Ferrei- profissionais aptos a coordenar o também
enfrentando dificuldades para encon- ra Cardoso, coordenador do curso de grande volume de desenhos e
trar profissionais qualificados para os MBA em Tecnologia e Gestão na Pro- especificações. Engenheiro deve conhecer
cargos de maior responsabilidade. Em dução de Edifícios da Escola Politéc- todos os tipos de projetos executivos e ter
uma trajetória normal, assumem os nica da Universidade de São Paulo, os habilidades de gestão e planejamento

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CAPA

Escolha certa
Confira alguns dos cursos lato sensu de especialização e MBAs atualmente oferecidos no País.

SÃO PAULO  Tecnologia e Patologia das Edificações GOIÁS


Fone: (51) 3308-3353
USP - Escola Politécnica especializacao_norie@ufrgs.br UFG
 Engenharia de Segurança do Trabalho  Planejamento e Gerenciamento de
 Gestão de Projetos de Sistemas PUC-RS Recursos Hídricos
Estruturais – Edificações  Perícias e Avaliação de Bens  Engenharia de Segurança do Trabalho
 Real Estate: Economia Setorial e  Produção Civil  Construção Civil
Mercados (MBA) Fones: (51) 3320-3540/3320-3543  Gestão e Gerenciamento de Obras
 Gerenciamento de Facilidades ramal 4094  Tratamento e Disposição Final de
 Gestão e Tecnologias Ambientais (à Resíduos Sólido e Líquido
distância) PARANÁ Fone: (62) 3209-6091
 Tecnologia e Gestão na Produção de
Edifícios (MBA) UTFPR Curitiba BAHIA
Fone: (11) 2106-2400 (SP)  Engenharia de Segurança do Trabalho
0800-7260660 (outras localidades)  Gerenciamento de Obras Poli-UFBA
 Patologia das Construções  Gerenciamento dos Recursos Hídricos
Fundação Vanzolini Fone: (41) 3310-4607 (à distância)
 Gestão de Projetos  Engenharia de Segurança do Trabalho
 Logística Empresarial PUC-PR  Gerenciamento dos Recursos Hídricos:
 Qualidade e Produtividade  Avaliação de Bens e Perícias Aspectos Técnicos Jurídicos e
 Gestão de Operações – Produtos e  Engenharia de Produção Institucionais (presencial)
Serviços (MBA)  Engenharia de Segurança do Trabalho  Rochas Ornamentais –
 Administração Industrial  Engenharia e Gestão de Projetos Pavimentação
 Administração de Serviços  Gestão da Qualidade em Produtos e  Gerenciamento de Obras
Fones: (11) 3814-7366 Processos Fones: (71) 3283-9787/3283-9757/
(11) 3145-3705  Gestão Técnica do Meio Urbano 3283-9787/3283-9860/
cursos@vanzolini.org.br Fone: (41) 3271-2633 3283-9898/3283-9725

Fipe RIO DE JANEIRO PERNAMBUCO


 Economia da Construção e
Financiamento Imobiliário (MBA) Poli-UFRJ Poli-UPE
Fone: (11) 3291-8735  Engenharia de Segurança do Trabalho  Tecnologia e Gestão da Construção de
cursospaulista@fipe.org.br  Engenharia Urbana Edifícios (MBA)
 Gestão e Gerenciamento de Projetos –  Engenharia de Segurança do Trabalho
UFSCar MPM – Master in Project Management  Gestão e Controle Ambiental
 Gestão e Tecnologia de Sistemas  Planejamento, Gestão e Controle de  Gestão da Qualidade e da
Construtivos de Edificações Obras Civis Produtividade
 Geoprocessamento  Tecnologia e Gestão na Construção  Gestão da Manutenção
Fone: (16) 3351-8262 Civil Fone: (81) 2119-3813
parsekian@ufscar.br Fone: (21) 2562-7300 cpg@upe.poli.br

RIO GRANDE DO SUL MINAS GERAIS PARÁ

UFRGS – Norie UFMG UFPA


 Ambiente Construído Sustentável  Gestão e Tecnologia na Construção Civil  Gestão Hídrica e Ambiental - GHA (à
 Gestão de Empreendimentos na  Gestão e Avaliações nas Construções distância)
Construção Civil Fone: (31) 3409-1047 Fone: (91) 3201-7619

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engenheiros devem conter a ansieda-


de e não ter pressa para realizar sua Como escolher
pós-graduação. "Se o aluno tem uma O professor Francisco Cardoso, da Poli-
vivência profissional maior, os con- USP, dá dicas para quem está à procura de
teúdos abordados são mais bem ab- um bom curso de especialização.
sorvidos, há uma troca de conheci-
mentos mais efetiva", explica. Na sele-  Defina uma estratégia de carreira, ou

Marcelo Scandaroli
ção dos alunos para o curso que coor- seja, quais os seus objetivos profissionais
dena, Cardoso dá preferência àqueles no longo prazo
que tenham entre cinco e sete anos de  Converse com profissionais que já
experiência de mercado. Alunos fizeram especialização, veja quais são
recém-formados até são admitidos, as áreas profissional e financeiramente
mas são exceções. "Geralmente não mais atraentes e defina três ou quatro
 Escolhido o curso, investigue a
credibilidade da instituição. Dê preferência
passam de três em uma turma de 30." cursos possíveis
a cursos de pós-graduação estabelecidos
Esses cursos, portanto, não se  Converse com a empresa, saiba se suas no mercado, oferecidos há bastante tempo
prestam às empresas ou aos profissio- aspirações vão ao encontro das
nais que procuram resultados mais necessidades dela. Verifique se ela garante
 Bons cursos de especialização mesclam
profissionais com grande experiência
imediatos. Para isso existem os cursos apoio no financiamento do curso
acadêmica e de mercado
de curta duração, de até seis meses,
criados pelas instituições de ensino
para atender a demandas pontuais. USP), Jorge Luis Risco Becerra. "Eles atualmente os cursos de treinamento
"São cursos que oferecem conheci- também são procurados por ex- da instituição mais procurados por
mentos em áreas mais específicas", ex- alunos de faculdades com currículos engenheiros civis são os de Engenha-
plica o coordenador do Pece (Progra- deficientes, que querem preencher la- ria de Túneis e de Pavimentação.
ma de Educação Continuada da Poli- cunas na formação." Segundo ele, Renato Faria
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para raios.qxd 6/5/2008 10:01 Page 54

PÁRA-RAIOS

Descargas sob controle


Proteção de estruturas e de pessoas contra descargas atmosféricas
demanda cuidados com escolha da metodologia adequada

Divulgação: Termotécnica

Depois de captar a descarga, o sistema de proteção contra descarga atmosférica deve dividir a corrente entre as diversas descidas
para condução ao aterramento. Eficiência e segurança estão ligadas à quantidade de condutores

ão é possível proteger completa- ficação. A função desses sistemas é re- pação, o tipo de construção, seu
N mente uma estrutura contra as
descargas atmosféricas. Os pára-
ceber o raio e encaminhá-lo para dis-
sipação no solo pelo caminho mais
conteúdo, localização e topografia
da região. Conforme for a classifica-
raios, tecnicamente chamados de curto e rápido. ção da estrutura, a norma indicará a
SPDA (Sistemas de Proteção contra O nível de proteção desejável necessidade de haver ou não SPDA,
Descargas Atmosféricas), atuam na para uma edificação é definido pela além do nível de proteção e respecti-
proteção contra incidência direta e, NBR 5419 – Proteção de Estruturas va eficiência. É necessário levar em
mesmo assim, sempre haverá riscos, contra Descargas Atmosféricas, que conta, ainda, o mapa de curvas iso-
ainda que substancialmente minimi- traz tabelas que classificam a edifi- ceráunicas*, que indica a quantida-
zados, de ocorrerem descargas na edi- cação de acordo com o tipo de ocu- de anual de cargas por quilômetro

* Curva isocerâunica é a que une dois pontos da superfície terrestre a um idêntico número de dias em que são observadas
trovoadas (se só se vêem relâmpagos, não são computados), em um intervalo de tempo

54 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008


para raios.qxd 6/5/2008 10:01 Page 55

Divulgação: Termotécnica
Hélio Sueta / IEE

Para utilizar a estrutura do edifício como


condutora da descarga recebida, é
necessário garantir que as ferragens
apresentem continuidade elétrica. Teste
é feito com equipamento que mede a Região mais sujeita à queda de raios, beiradas devem ser protegidas com anel
resistência à corrente periférico que interliga os condutores

quadrado. Em São Paulo, por exem- mente contra danos decorrentes de os três subsistemas que o compõem,
plo, ao dividir a quantidade de raios surtos provocados pela alta intensi- pois são os mesmos em qualquer
pela quantidade de prédios, as esta- dade das descargas. Para tanto, divi- metodologia de cálculo adotada. O
tísticas indicam que os prédios são de as áreas externas do prédio de subsistema de captação é responsá-
atingidos por um raio a cada 15 acordo com a sujeição à queda direta vel por receber as descargas diretas.
anos, em média. "As descargas têm de raios. Assim, determina os prote- De acordo com o engenheiro e con-
preferência pelos prédios mais altos tores a serem colocados em cada am- sultor da Guismo Engenharia, Job-
e com maior massa", explica o enge- biente a partir do risco de descargas. son Modena, "tudo o que for metáli-
nheiro Duílio Moreira Leite, diretor co e estiver no topo de uma edifica-
da Encontre Engenharia. Proteção composta ção pode ser considerado elemento
O diretor da divisão de potência do Após definir os riscos a que está de captação". O mesmo vale para
IEE-USP (Instituto de Eletrotécnica e sujeita a edificação e qual é o nível de objetos metálicos localizados nas la-
Energia da Universidade de São Paulo), proteção desejado, são tomadas as terais a mais de 20 m de altura a par-
Hélio Eiji Sueta, conta que a revisão da decisões técnicas de projeto com re- tir do solo. É esse subsistema que di-
norma está sendo feita com base nas nor- lação a cinco pontos fundamentais: ferencia a metodologia de cálculo do
mas do IEC (International Electrotech- sistema de captadores, sistema de SPDA, como veremos adiante.
nical Commission). A norma do IEC é descidas, sistema de aterramento, O segundo subsistema é respon-
composta por quatro partes,sendo,res- distâncias de segurança e equipoten- sável por receber a descarga dos cap-
pectivamente, referentes a aspectos ge- cialização. Os dois últimos dizem tadores e dividir e conduzir, por meio
rais e principais conceitos; gerencia- respeito, respectivamente, ao distan- das chamadas descidas, a corrente
mento de riscos e probabilidades; pro- ciamento das descidas em relação a para o aterramento. Não afeta o cál-
teção das estruturas e seres vivos; e pro- portas e janelas e à continuidade da culo para disposição dos captadores,
teção de equipamentos eletroeletrôni- descarga durante sua trajetória até o mas a quantidade de descidas pode
cos internos. "Vai modificar bastante a aterramento. "Curvas no sistema de influenciar a eficiência da condução.
atual norma brasileira", prevê Sueta, condução podem afetar a continui- "A quantidade mínima está ligada à
que participa do comitê de revisão. dade da descarga", alerta Sueta. norma e ao nível de proteção", eluci-
Uma das mudanças é a ênfase na Para entender o funcionamento da Modena. Se a corrente estiver con-
proteção de equipamentos, especial- de um SPDA, é importante conhecer centrada em poucas descidas, pode

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PÁRA-RAIOS

Confira a disposição de elementos em um SPDA


Detalhe 1

Detalhe 3 Cabo de aço galvanizado


Fachada A
Cabo de cobre nu a quente (seção 50 mm²)
#35 mm²
Detalhe 2 Cabo de cobre nu
#50 mm² aterrado

Planta baixa da cobertura


Fachada A

Simbologia
Descida e caixa de inspeção de Terminal aéreo (h = 60 cm) em planta Condutor (cabo de cobre
aterramento em planta nu ou aço galvanizado)
Terminal aéreo (h = 60 cm) em vista
Caixa de inspeção de aterramento
e haste de aterramento em vista

Suporte-guia Terminal aéreo Cabo de cobre nu


curto ou h = 60 cm #16 mm²
similar
Conector Eletroduto
5 cm

com rabicho de PVC ø1”


Eletroduto
Abraçadeira
de PVC ø1”
Soldas tipo D 1”
exotérmicas com cunha
Cabo de
Parafuso cobre nu entre cabos
passantes Abraçadeira
com bucha #35 mm² tipo “D” ø1”
e lateral
Detalhe 1 – Captador
da haste
Externos (como no caso da Cabo de
ilustração) ou naturais à estrutura, cobre nu
todos os métodos de cálculo exigem #50 mm²
subsistemas de captação, condução e Caixa de Haste cobreada
aterramento. Eficiência da proteção inspeção de 5/8” x 2,40 m Cabo de Caixa de
relaciona-se à cobertura aterramento (alta camada) cobre nu inspeção de
proporcionada pelos captadores, mas com tampa #50 mm² aterramento
também à condução e à capacidade
de dispersão da corrente no solo Detalhe 2 – Condutor Detalhe 3 – Aterramento

Fonte: engenheiro Hélio Eiji Sueta, do IEE-USP

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saltar para janelas, por exemplo. Por

Hélio Sueta / IEE


isso, ao utilizar as ferragens da pró-
pria estrutura para condução, "a dife-
rença é brutal", reforça.
Em vez de utilizar entre 15 e 20
descidas externas, exigidas pela nor-
ma, toda a ferragem da estrutura con-
duz a corrente. Considerando que
cada pilar tem, pelo menos, quatro
barras de aço, bastariam cinco para
igualar a eficiência. "É muito mais ba-
rato. Não é usado por desconheci-
mento e por achar que pode estragar o
pilar, o que não é verdade", lamenta
Modena. É importante, no entanto,
atentar para que todas as barras este-
jam em contato e bem amarradas. "O
campo magnético gerado pela corren-
te faz com que as barras tendam a se
atrair", explica Leite.
Alternativas para evitar o roubo
de cobre, apontadas por Normando
Virgílio Borges Alves, da Termotécni-
ca, são o uso de materiais mais discre-
tos e menos visados, que não prejudi-
quem também a estética da fachada. Uso da estrutura como condutora de descargas é preferido pela norma. Custos
Ele sugere barras chatas de alumínio podem ser reduzidos e capacidade de dispersão da corrente é maior devido à divisão
ou aço galvanizado a fogo, pintadas entre as ferragens dos diversos pilares
na cor da fachada ou instaladas antes
da aplicação do reboco.
O mesmo princípio vale para o
subsistema de aterramento. "Se as
Componentes de um SPDA
ferragens da estrutura estiverem liga-  Elementos de captação:  Elementos de aterramento:
das às das fundações, o aterramento responsável pela recepção das descargas responsáveis por dissipar as correntes
está pronto", afirma Sueta. O volume atmosféricas no solo
de metal dentro dos blocos de funda-  Elementos de descida:  Equipotencialização: reduz os
ção aliado à umidade do subsolo ga- responsáveis por conduzir as correntes riscos de centelhamentos perigosos,
rante a dispersão da corrente na da descarga até o aterramento. Para preservando equipamentos, instalações
terra. Nos casos em que a fundação edificações com mais de 20 m de altura, e pessoas. Pode ser feita de forma direta
não é usada para esse fim, os condu- também atuam como elementos de ou indireta, via DPS (Dispositivos de
tores de descida devem ser interliga- captação lateral Proteção contra Surtos)
dos por um anel que contorna toda a
Fonte: Normando Virgílio Borges Alves, da Termotécnica
estrutura. Esse deve distar 1 m da pe-
riferia do prédio e estar enterrado a
50 cm de profundidade. O recuo para o uso de elementos naturais à tura pode ser considerada autopro-
evita que a diferença de potencial edificação para composição do tegida", observa Modena. "É o que
entre o interior e o exterior provoque SPDA. "Fica muito mais econômico. ocorre em tanques de combustível
a chamada tensão de passo. Ainda é Só precisa instalar os captadores", feitos em chapas metálicas com mais
costume enterrar uma haste ligada afirma Leite. As edificações com es- de 5 mm de espessura", compara. Em
aos condutores para compor o ater- trutura metálica configuram um prédios metálicos, a corrente se divi-
ramento. No entanto, "essa recomen- bom exemplo. Embora sejam alvos de muito entre as colunas, eliminan-
dação será retirada da revisão da mais fáceis para descargas, desde que do os riscos aos usuários.
norma", alerta Sueta, pois dissipa atendam aos requisitos da norma re- A proteção contra descargas para
menos a corrente do que o anel. ferentes à continuidade elétrica dos apartamentos de cobertura não foge às
Há uma tendência, inclusive com elementos e à condição de receptivi- regras gerais e considera a proteção
preferências indicadas pela norma, dade quanto à perfuração, "a estru- contra descargas diretas. Isso significa

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PÁRA-RAIOS

recebe esse nome em homenagem a

Divulgação: Termotécnica
Benjamin Franklin. O cálculo consi-
dera que cada mastro vertical que re-
cebe as descargas protege o volume
de um cone com vértice na ponta do
captor. A angulação depende do
nível de proteção desejado e da altu-
ra do mastro. "Conforme aumenta a
altura, diminui o ângulo e a superfí-
cie de proteção", explica Leite.
A função de recepção de descargas
pode ser exercida não por mastros,mas
por malhas condutoras instaladas na
cobertura. É o chamado método das
malhas ou gaiola de Faraday, em refe-
rência ao físico inglês Michael Faraday.
Consiste na distribuição de cabos de
aço em torno de toda a estrutura, in-
cluindo as laterais, para a formação de
uma gaiola. Os distanciamentos são
Além do anel periférico na cobertura, anéis de interligação intermediários, definidos em norma. Leite explica que
que envolvem a fachada, auxiliam na distribuição da corrente e promovem "se uma malha envolve o corpo, o
a equipotencialização do sistema campo elétrico em seu interior é nulo".
O método mais moderno de con-
cepção e cálculo é o eletrogeométrico,
ou método da esfera rolante. Foi de-
Fatos sobre raios senvolvido para proteção de linhas de
 A cada um milhão de pessoas,  No Mundo, ocorrem cerca de dez transmissão e considera que, como a
0,6 morte é causada por raios descargas por segundo, resultando em eletricidade vem aos saltos da nuvem
 Cerca de 100 pessoas morrem a oito bilhões de descargas por dia e três para a terra, a proteção tem que ser
cada ano no Brasil em decorrência bilhões por ano feita com base no comprimento desse
de raios  Uma descarga elétrica é uma grande salto. Uma vez que o salto pode ser em
 São a causa de 5% do total de transferência de cargas qualquer direção, a área passível de
fatalidades que ocorrem no mundo,  Tem diâmetro de 1 cm descarga direta é esférica e definida a
matando mais do que tornados  As correntes de pico variam entre partir da proteção exigida, em norma,
e furacões 2 mil A e 300 mil A de acordo com o tipo de edificação.
 Uma tempestade típica de raios  As tensões oscilam entre 100 milhões Nenhum ponto da edificação
tem 25 km de largura e dura de V a 1 bilhão de V pode estar descoberto. Então, esferas
aproximadamente 25 minutos  A temperatura ultrapassa os 30 milºC imaginárias com 20 m a 60 m de raio
são roladas sobre o prédio. Os capta-
Informações: engenheiro Hélio Eiji Sueta, do IEE-USP
dores, mastros ou malhas devem
estar dispostos de maneira tal que a
que a área ao ar livre, assim como as afirma Duílio Moreira Leite. É seme- esfera não toque o prédio em ne-
pessoas que nela estiverem, estão teori- lhante, inclusive, a necessidade de nhum ponto.
camente protegidas contra descargas haver um anel na periferia da cobertu- "A diferença entre os métodos
diretas. Ainda assim, no entanto, ra, que é muito alvejada por raios. Se- em relação à eficiência é desprezível.
podem ocorrer descargas laterais ou gundo dados apresentados por Leite, Há diferenças comerciais", pondera
centelhamentos perigosos que não se não existissem pára-raios, 85% dos Modena. A afirmação refere-se ao
cabem ao SPDA evitar. "A recomenda- raios cairiam nos cantos do prédio. fato de que o método eletrogeomé-
ção, nesses casos, é que as pessoas se di- Outros 10% atingiriam o restante das trico tende a consumir menos mate-
rijam às áreas cobertas quando come- beiradas e apenas os 5% restantes acer- rial do que o Franklin. Além disso,
çar a trovejar", resume Jobson Modena. tariam o meio da laje de cobertura. conta Duílio Leite, "[o método das es-
Sendo assim, existem três méto- feras] exige certo conhecimento de
Descarga direta dos para cálculo de SPDAs. O mais geometria e não se popularizou de-
"O que diferencia os sistemas são adotado, por ser mais simples de vido à dificuldade de cálculo".
os captadores. O restante é o mesmo", conceber, é o do tipo Franklin, que Bruno Loturco

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INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ESPECIAL 60 ANOS

Industrialização plástica
Com leveza, facilidade de instalação e estanqueidade, os plásticos
tomaram conta do mercado de tubulações. Metais como o cobre, apesar
de eficientes, sofrem com a alta dos preços

eves, baratos e de fácil execução,


L os tubos e conexões plásticos do-
minaram o mercado de instalações
hidráulicas prediais. O precursor da
substituição tecnológica foi o PVC
(policloreto de vinila), que começou
a aparecer e a ganhar importância no
mercado brasileiro nos anos 70. Até
então, as tubulações hidráulicas, seja
para esgoto, água quente ou fria, eram
metálicas, com muito uso de chum-
bo, ferro galvanizado, ferro fundido,
latão e cobre.
Em geral, as leis de mercado deter-
minam os caminhos da evolução tec-
nológica, mas, no caso das instalações
hidráulicas, as demandas por desem-
penho têm papel fundamental. Tendo
nas conexões seus pontos mais vul-
neráveis, o mercado buscou desenvol-
ver soluções que as viabilizassem de
forma mais produtiva e eficaz. "A evo-
lução ocorre muito nas conexões, na
busca de sistemas mais fáceis de exe-
cutar", salienta o engenheiro Roberto
Barboza, diretor técnico da Sanhidrel.
É impensável, atualmente, realizar co-
nexões em tubos de ferro fundido
para esgoto, por exemplo, utilizando
chumbo derretido, como ocorria na
década de 70. "Além do custo dessas
Fotos: Marcelo Scandaroli

soluções, o encanador precisava ser


quase um artesão", ilustra Barboza.
Nem mesmo o advento das juntas
em borracha diminuiu as vantagens
do PVC sobre o ferro fundido. O
PVC, mais barato e fácil de instalar, Materiais plásticos de diversas composições dominaram o mercado de
passou a ser amplamente adotado. tubos e conexões hidráulicos devido à capacidade de reduzir custos e
Hoje, raramente o ferro fundido é otimizar a produtividade da instalação

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Apesar da evolução
dos materiais, projetos
ainda sofrem com falta
de industrialização.
Conceito dos shafts
ainda não foi
completamente
difundido, resultando
em muitas tubulações
embutidas

utilizado em obras de alto padrão. As


caixas sifonadas metálicas também
cederam lugar para o PVC e, poste-
riormente, para o PPR (polipropileno
copolímero random). No entanto,
este último ainda não tem preço com-
petitivo. De acordo com o pesquisa-
dor do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São
Paulo), Adilson Lourenço Rocha, a
predominância do PVC é esmagado-
ra. "É a primeira alternativa em mate-
riais plásticos, 99% das instalações de
esgoto são em PVC", afirma.
Barboza pondera, no entanto, sobre
as vantagens de um material em relação
a outro. Na opinião do engenheiro, em-
bora o PVC apresente uma boa resistên-
Mesmo apresentando bom desempenho para as mais diversas aplicações,
cia química, o ferro fundido tem me-
o cobre continua perdendo espaço para os materiais plásticos. Motivo é o
lhor resistência mecânica, além de pro-
custo crescente no mercado internacional
piciar melhor conforto acústico. "O
ferro fundido de hoje é revestido com
resina de epóxi para resistir aos deter- O PVC marrom, para água, tam- tonelada do cobre custava US$ 2 mil.
gentes", comenta. Antes esse material bém exige cuidado quando utilizado Hoje custa US$ 8,8 mil, o que quase
apresentava problemas, principalmente em edifícios altos. Além da maior inviabiliza o seu uso", conta.
quando utilizado para instalações de pressão de água, as movimentações
água quente. Nesses casos, criava in- normais de estruturas altas são pro- Custo competitivo
crustações por reação química que pro- blemáticas para a rigidez do PVC. Por Com mais força a partir do final
vocavam entupimento. "A conexão isso, Barboza recomenda seu uso em dos anos 1990, o PEX (polietileno re-
com rosca era difícil de fazer, assim edifícios de até 20 pavimentos. Em ticulado) e o PPR tornaram-se alter-
como o controle de vazamentos, com outros casos o cobre ainda é preferí- nativas aos materiais tradicionais.
mão-de-obra muito cara", explica. vel, apesar do custo. "Há cinco anos a Ambas as tecnologias contam com

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I N S TA L A Ç Õ E S H I D R Á U L I C A S – E S P E C I A L 6 0 A N O S
conexões amigáveis e mais segurança sprinklers trabalham com água parada,o
contra vazamentos. "A grande vanta- cobre pode apresentar corrosão.
gem do PEX é dispensar algumas co-
nexões", resume Rocha, do IPT. Além Tendência por industrialização
disso, são bons adversários ao cobre Embora as normas para instalações
por terem fabricação nacional, o que hidráulicas não tenham sofrido altera-
reduz custos. Em janeiro do ano 2000, ções significativas, cada vez mais os pro-
a Téchne trouxe um artigo intitulado dutos novos buscam oferecer garantia à
"Choque sistêmico" que tratava justa- estanqueidade nas juntas, obtida com

Photoroller/Shutterstock
mente da integração de sistemas in- pouco treinamento aos operários. O pes-
dustrializados de construção, como as quisador do IPT critica, no entanto, os
paredes de drywall e o próprio PEX. projetos que ainda não absorveram por
Barboza lembra, ainda, que os fa- completo a idéia de shafts. "Ainda há
bricantes têm oferecido garantia de 15 muita tubulação embutida", lamenta
anos para o PEX e de 50 para o PPR.No Com aprovação do Corpo de Bombeiros, Rocha. "A parcela de mercado que usa
caso do PEX, ainda há a opção multica- plásticos chegaram até aos sprinklers novas tecnologias ainda é pequena."
mada para água quente, em que o re- como alternativa ao ferro galvanizado e ao Alguns fatores, no entanto, impul-
vestimento é em alumínio. Essa, no en- aço carbono. Por trabalharem com água sionam mudanças de pensamento e
tanto, ainda é uma opção que destoa da parada, o cobre pode apresentar corrosão concepção no mercado. É o caso da ne-
realidade de custos brasileira. cessidade por medição individualizada.
O cobre também tem perdido es- "Há uma pressão para a adoção desse
paço nas tubulações para gás. Se nos O plástico chegou até mesmo no tipo de sistema no mercado, e aí teremos
anos 70 conquistou o mercado que campo dos sprinklers. O CPVC (poli- novidades do ponto de vista de projeto e
antes era do aço carbono soldado e do cloreto de vinila clorado) foi aprovado execução tanto para água quanto para
ferro galvanizado rosqueado, hoje di- pelo Corpo de Bombeiros do Estado de esgoto", aposta Adilson Lourenço
vide espaço com o PEAD (polietileno São Paulo em edificações de risco leve, Rocha. Mudanças também estão sendo
de alta densidade). Especialmente conforme Instrução Técnica 023/2004, influenciadas pelas demandas por uso
agora, com a chegada do polietileno para uso entre forros. No subsolo per- de água da chuva e aquecimento solar.
com alma de aço para uso no interior manece o uso do ferro galvanizado e do Atualmente, as construtoras e insta-
das edificações. "É o que há de mais aço carbono, que retomaram o espaço ladoras têm trabalhado com kits pré-
moderno para gás", conta Barboza. que foi do cobre nos anos 1980. Como montados para instalação em obra. "Há
preferência por materiais que deman-
dem pouca mão-de-obra e que contem
com garantia", salienta Roberto Barboza.
Linha do tempo Assim, a concepção do projeto já prevê a
utilização dos kits, que, revela, conso-
ESGOTO Atualmente: surgimento do PEX
mem 15% da mão-de-obra em compa-
Antes dos anos 1970: chumbo, ferro multicamada, revestido com alumínio.
ração com o sistema convencional, além
galvanizado, caixas sifonadas em cobre ou
de eliminar o desperdício de materiais.
latão, conexões em chumbo derretido e, SPRINKLER
Bruno Loturco
posteriormente, juntas de borracha. Antes de 1970: materiais em ferro
Anos 1970 e 1980: surgimento do PVC galvanizado com rosca e aço carbono
(policloreto de vinila), com menor custo, eletrossoldado.
mais leveza e conexões facilitadas. Anos 1980: uso do cobre.
LEIA MAIS
Anos 1990: surgimento do PPR Anos 1990: volta do ferro galvanizado e Água quente. Téchne 122.
(polipropileno copolímero random), do aço carbono e surgimento e aprovação, Instalações hidráulicas com PEX.
com juntas por termofusão. pelo Corpo de Bombeiros, do CPVC Téchne 105.
Atualmente: ferro fundido revestido (policloreto de vinila clorado). Instalações hidráulicas. Téchne 104.
com epóxi. Ruídos em tubulações podem ter
GÁS várias causas. Téchne 72.
ÁGUA Antes de 1970: aço carbono Duas maneiras de utilizar o PEX no
Antes de 1970: ferro galvanizado. eletrossoldado e ferro galvanizado sistema hidráulico. Téchne 71.
Anos 1970: surgimento do PVC marrom com rosca. Instalações elétricas prediais com
para água fria e do cobre para água quente. Atualmente: além dos anteriores, barramento blindado. Téchne 47.
Anos 1990: chegada do PPR e do PEX difusão do cobre e aprovação, pela O incômodo ruído das instalações
(polietileno reticulado) para água quente. Comgás, do polietileno com alma de aço. hidráulicas. Téchne 35.

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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Quando construir em aço?


pergunta “Quando construir em possam influir na escolha do sistema
A aço?”é freqüentemente repetida. E
as respostas estão quase sempre apoia-
Fernando Ottoboni Pinho
Engenheiro consultor da Gerdau Açominas
estrutural, identificando sempre as
mais importantes para os objetivos
fernando.pinho@gerdau.com.br
das em uma lista de vantagens e em es- do empreendimento.
tudos comparativos de custos que não
avaliam o impacto no investimento. O momento da escolha Conhecimento de cada sistema
Em muitos casos, a simples afir- Examinando o gráfico 1, obser- Todo sistema estrutural tem
mação de que a estrutura em aço fi- vamos que durante o estudo de via- sempre várias alternativas de solu-
caria mais cara encerra uma análise. bilidade e a definição da concepção, a ção para os seus componentes, seus
Em outras situações, a opção por sis- possibilidade de interferência é alta e elementos, seus subsistemas e seus
temas ditos convencionais é feita os custos acumulados são ainda sistemas complementares. A esco-
pelo desconhecimento de outros sis- muito baixos, podendo ser este o lha das opções corretas para cada
temas, e não garante que a decisão momento ideal para a escolha do sis- item irá configurar o sistema estru-
seja a mais correta. tema estrutural. Quanto mais cedo tural para um melhor desempenho
A escolha do sistema construtivo for feita a escolha, maior será o da obra.
não deve ser uma competição entre os tempo para a otimização do sistema
tipos de estrutura, mas uma decisão escolhido, obtendo-se assim um re- Escolha do sistema estrutural
com base nas necessidades da obra e sultado ainda melhor. A metodologia proposta é o cru-
nas características de cada sistema. zamento das características mais
Portanto, a pergunta que deve Análise das características da obra importantes da obra com os diver-
ser feita, sem qualquer tipo de ten- O primeiro passo será o levanta- sos sistemas estruturais compatí-
dência ou preferência, é: “Que es- mento das características da obra que veis. Para uma comparação correta,
trutura é mais adequada para a
minha obra?”.

Sofia Mattos
A maior dificuldade para identifi-
car o tipo de estrutura mais adequada é
a falta de uma metodologia de avalia-
ção que leve em conta diferentes quali-
dades e desempenhos, e a influência da
estrutura nos demais serviços, que
podem beneficiar o custo total da obra.

O tipo de estrutura mais adequada


Uma metodologia de avaliação
que identifica a estrutura mais ade-
quada deve examinar alguns pontos
importantes, como:
a) foco no melhor resultado para a
obra;
b) existência de um momento ideal
para a escolha;
c) análise das características da obra;
d) base no conhecimento de cada sis-
tema. A escolha do sistema construtivo não deve ser meramente baseada em custos

64 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008


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cada sistema deve estar configurado % Possibilidade de interf erência


para o seu melhor desempenho na
obra (organograma 1). Custo acumulado da obra

Método de escolha
Das características identificadas Estudo de
da obra vão existir sempre as mais im- viabilidade Concepção Dimensionamento
Construção
portantes. A idéia então é hierarqui-
Tempo
zar, definindo um peso, de acordo
com a sua importância e, em seguida, Momento ideal para a escolha Fase do projeto, reservar um tempo
estabelecer notas para os sistemas es- do tipo de estrutura e seus para otimizar a escolha é tão importante
truturais que representem o seu méri- melhores partidos quanto a própria escolha
to para responder a cada característica
Gráfico 1 – Custo acumulado x possibilidade de interferência
analisada, independente da impor-
tância que possa ter para a obra.
É claro que quando um sistema
estrutural tem um mérito alto para Obra e seus
uma característica que é muito im- objetivos
portante para a obra, o sistema se po-
tencializa favoravelmente na compa-
ração (organograma 2). Conhecimentos do Conhecimentos do
Características
Muitas características podem ser sistema estrutural sistema estrutural
importantes da obra
de difícil interpretação e quantifica- Sistema A Sistema B
ção, e, muitas vezes, vão existir itens
conflitantes, mas a análise Caracterís-
tica x Sistema será sempre melhor do Sistema A Método Sistema B
que a simples intuição. Uma escolha configurado de escolha configurado
bem estruturada agrega valor ao pro- para a obra para a obra
cesso e, certamente, conduz para uma
decisão final mais acertada.
Uma planilha pode ser usada Sistema estrutural
para organizar os pesos das caracte- mais adequado
rísticas da obra e as notas dos siste-
mas, e ao final calcula-se a média Organograma 1 – Obra e seus objetivos
aritmética ponderada para cada sis-
tema. As maiores médias devem in-
dicar os sistemas mais adequados 1 – Tipo de fundação fator de decisão sobre o tipo de estru-
para a obra. Essa metodologia deve A influência da redução das car- tura a ser usada em uma obra.
ser desenvolvida pela própria empre- gas devido ao menor peso das estru-
sa, ser a mais impessoal possível e turas de aço nas fundações de uma 2 – Tempo de construção
aperfeiçoada continuamente. pequena estrutura, em um solo Sem dúvida a mais forte caracterís-
Comentaremos a seguir algumas muito resistente, pode ser pequena. tica das estruturas de aço é a rapidez,
das principais características que Entretanto, a redução das cargas em diferentemente da construção conven-
devem ser analisadas, isoladamente e uma grande estrutura, em um solo cional que normalmente tem o cami-
em conjunto, para um sistema estrutu- muito ruim, pode viabilizar a pró- nho crítico na fase da estrutura, o que
ral em aço. Pressupõe-se, obviamente, pria construção. acaba por limitar a velocidade da obra.
a análise de características semelhantes Portanto, o custo e o prazo das Para uma obra comercial, qualquer
para os outros sistemas estruturais. fundações podem ser um importante antecipação representa redução do

65
artigo.qxd 6/5/2008 10:28 Page 66

ARTIGO

novas tecnologias. Existe, portanto, o


Classificação das Classificação dos sistemas
momento certo para testar o desem-
características relevantes estruturais para as
penho e investir em novos sistemas.
da obra características da obra
Peso ® importância Nota ® mérito 6 – Local da obra e acessos
1 – indiferente 1 – não avaliado É sempre muito importante conhe-
2 – pouco importante 2, 3 – não atende cer bem o local da obra e seus acessos.
3 – importante 4, 5 – atende abaixo As condições das estradas, as restrições
4 – muito importante 6 a 8 – atende ao trânsito, as distâncias a serem per-
5 – importantíssimo 9, 10 – atende acima corridas, as condições topográficas, a
disponibilidade de energia e outras,
podem definir o sistema estrutural.
Médias aritméticas A simples falta de observação de
ponderadas para uma linha aérea eletrificada na entra-
cada sistema estrutural da de uma obra, por exemplo, pode
Média = S (Peso x Nota) .
exigir o desligamento temporário ou
S Peso a remoção da linha, demandando em
aumento de prazos e custos.

7 – Previsão de adaptações e ampliações


Sistema estrutural
Identificar se uma obra necessitará
mais adequado
ou não, em curto ou médio prazo, de
adaptações, ampliações e até de des-
Organograma 2 – Classificação das características relevantes montagem, pode ser importante para
a definição de um sistema estrutural
que acompanhe essas modificações
tempo de amortização do investimen- 4 – Disponibilidade e custo dos materiais com poucos transtornos operacionais
to e é bem-vinda. Existe ainda a obra É importante acompanhar sem- e menores custos em longo prazo.
política ou estratégica, onde o tempo pre a disponibilidade e o custo dos Isso ocorre principalmente com
de construção é determinado por um materiais básicos usados para as es- as edificações industriais, onde são
evento fixo, independente de eventuais truturas e para os sistemas comple- muito freqüentes as mudanças, tais
custos adicionais. Para uma obra resi- mentares, porque mudanças ocorrem como o aumento das cargas de proje-
dencial a rapidez da construção pode constantemente e podem alterar a si- to, retirada de elementos estruturais
ser usada para retardar o início da obra tuação da oferta de material. Algumas que passam a interferir com novos
de forma a usar o capital dos clientes e regiões oferecem determinados mate- equipamentos, e ainda modificações
reduzir o custo do dinheiro e ainda riais de forma abundante, e outras, mais drásticas, como a colocação de
assim cumprir os prazos acordados. por dificuldade de transporte e/ou um novo nível de piso.
As fundações podem ser executa- processamento, praticamente inviabi-
das enquanto as estruturas de aço lizam a utilização de alguns materiais. 8 – Compatibilidade com sistemas
estão sendo fabricadas e a possibili- No caso de existirem sucedâneos, ve- complementares
dade de abertura de diversas frentes rificar sempre a relação de custo e as A maior precisão das estruturas de
de serviço simultâneas (lajes, pare- condições de fornecimento. aço, com tolerâncias em milímetros,
des, instalações etc.) pode, em um associada à característica de quase
cronograma bem elaborado, reduzir 5 – Recursos do construtor sempre conduzir para estruturas mais
o tempo de obra em até 40%. Muitas vezes os equipamentos e moduladas, tem viabilizado cada vez
outros recursos do construtor podem mais a indústria dos sistemas comple-
3 – Tipo de ocupação influenciar na escolha do sistema es- mentares que necessitam de padroni-
Dependendo do tipo de ocupação trutural para uma obra. Se o constru- zação, como as lajes pré-fabricadas e
(edifícios comerciais, edifícios residen- tor possui alguns equipamentos já as vedações internas e externas. Ob-
ciais, hotéis, hospitais, shoppings, esta- amortizados, há uma tendência de serva-se também que a industrializa-
cionamentos, universidades etc.) e do utilizá-los para reduzir custos, assim ção da construção é um processo que
sistema de comercialização, um siste- como poderia utilizar sua mão-de- não tem volta.
ma estrutural pode ser mais ou menos obra já treinada para a construção.
adequado. Portanto, é importante co- Os recursos do construtor podem 9 – Manutenção e reparos
nhecer bem a localização, a arquitetura ajudar a definir o sistema estrutural, A vida útil das estruturas envolve
e a utilização prevista para a edificação. mas não devem inibir a utilização de uma análise abrangente de todas as

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etapas do processo construtivo, do frente ao fogo em caso de um incên- 15 – Segurança do trabalhador


uso e ocupação. Os engenheiros já dio. As normas estabelecem para cada As estruturas em aço, assim como
pensam normalmente no ciclo de tipo de utilização o tempo requerido toda construção industrializada, in-
vida das estruturas, e estão cada vez de resistência ao fogo (TRRF). Alguns corporaram nos últimos anos muitas
mais conscientes da necessidade de se elementos estruturais podem necessi- das conquistas da indústria.A mais im-
fazer o monitoramento e a manuten- tar de revestimentos protetores para portante talvez seja a redução dos índi-
ção das estruturas. completar a resistência necessária. ces de acidentes nas obras pelos esfor-
Hoje, se sabe que cada sistema tem Esses revestimentos podem ser arga- ços de conscientização associados à
suas características e seus cuidados es- massas projetadas, tintas intumescen- utilização de equipamentos modernos
pecíficos. A durabilidade das estrutu- te ou, ainda, o aumento do seu reco- de proteção individual.
ras depende basicamente do cuidado brimento normal. Como o processo de construção
com os detalhes no projeto, do nível de das estruturas de aço é totalmente
exposição da estrutura e de sua prote- 13 – Estética controlado, desde a fabricação até a
ção. Os problemas com as estruturas A estética de uma obra é sempre montagem final, para o trabalhador os
de aço são mais facilmente identificá- importante, mas para alguns tipos de níveis de segurança são semelhantes
veis e têm, normalmente, baixo custo edificações ela é fundamental, como aos alcançados pela indústria.
de reparo. nos edifícios-sede e alguns tipos de
obras públicas. 16 – Custos financeiros
10 – Vãos livres e altura da edificação A estética das estruturas de aço Conhecer os custos financeiros de
A construção moderna exige que inspira normalmente uma caracterís- qualquer empreendimento pode ser a
o sistema vença grandes vãos e gran- tica de modernidade nas obras e por chave de uma escolha. Os ganhos finan-
des alturas ocupando o menor espaço isso mesmo existe uma tendência de ceiros com a antecipação do cronograma
estrutural e liberando áreas para a expor a estrutura como parte princi- de um edifício comercial podem ser de
ocupação da edificação. pal da arquitetura. Mas é importante mesma grandeza que o custo das pró-
As vigas de aço, quando traba- lembrar que estrutura exposta é es- prias estruturas.O que importa é consta-
lhando isoladamente ou como viga trutura com maiores custos de prote- tar que, independentemente da estrutu-
mista em conjunto com a própria laje, ção e manutenção. Portanto, deve-se ra ter custos mais altos,ela pode estar via-
podem alcançar grandes vãos livres, dosar o nível de exposição ao mínimo bilizando o melhor resultado financeiro
sempre com as menores alturas finais. necessário para garantir uma estética para o empreendimento. Cada em-
compatível com o tipo de edificação. preendimento tem,portanto,uma equa-
11 – Proteção contra a corrosão Na arquitetura do aço, quando se tira ção financeira a ser resolvida, e poderá
Hoje, se entende que todos os partido estético de elementos estrutu- conduzir para um sistema estrutural
sistemas estruturais necessitam de rais, tudo parece bem, mas se os ele- mais rápido como as estruturas de aço.
proteção contra a corrosão para ga- mentos estéticos são apenas adereços,
rantir um desempenho adequado sem função estrutural, o resultado es- 17 – Adequação ambiental
durante a vida útil prevista para a tético quase sempre não é bom. A construção em aço é o método
obra. Essa proteção pode ser intrín- de construção mais rápido e limpo. A
seca do próprio material ou obtida 14 – Desperdício de materiais racionalidade no uso dos materiais e
por meio de revestimentos proteto- e mão-de-obra baixo nível de desperdícios, são carac-
res, como a pintura. É aceito tam- Sabe-se que é muito grande o des- terísticas que favorecem o aço quanto
bém que toda a proteção precisa de perdício de materiais e de mão-de- ao impacto no meio ambiente.
manutenção periódica que deman- obra na construção convencional ar- Esgotada a vida útil da edificação,
da eventuais interrupções para os tesanal, e que a solução para reduzir o aço pode ainda retornar sob forma
usuários e envolve custos. esse desperdício aponta para a racio- de sucata aos fornos das usinas side-
Portanto, um cuidado especial nalização da estrutura e o emprego de rúrgicas para ser reprocessado.
deve ser dado na escolha dos materiais industrialização, conseguindo assim
e seus respectivos sistemas de proteção. melhor aproveitamento dos materiais 18 – Qualidade e durabilidade
Deve-se analisar se uma proteção ini- e serviços e reduzindo os índices de Na comparação entre sistemas, não
cial maior pode representar uma esco- desperdícios a praticamente zero. devemos levar em conta apenas os cus-
lha de menor custo em longo prazo, A construção em aço é industria- tos relativos, mas também a qualidade
levando-se em conta os reflexos das in- lizada por natureza, o que garante e a durabilidade de cada um. A durabi-
terrupções e os custos dos reparos. níveis mínimos de perdas. Entretan- lidade de uma estrutura depende do
to, a chave para uma obra sem des- projeto, da execução e do controle dos
12 – Proteção contra fogo perdícios é o planejamento, otimi- mecanismos de deterioração que
Todas as estruturas devem ser zando o emprego de cada material e podem gerar patologias em médio e
analisadas quanto a sua resistência suas interfaces. longo prazos.

67
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ARTIGO

As estruturas de aço têm sua fabri- PLANILHA EXEMPLO


cação quase que totalmente executada Pontuação/Mérito
em indústrias sob condições controla- Características da obra Peso Sistema A Sistema B
das, resultando então em um número Tipo de fundação 3 10 7
muito pequeno de variáveis a contro- Tempo de construção 5 10 8
lar, o que faz com que as estimativas de Tipo de ocupação 5 10 7
durabilidade sejam muito mais fáceis e Disponibilidade e custo dos materiais 4 8 10
confiáveis do que para outros sistemas Recursos do construtor 2 7 9
mais complexos, com um número Local da obra e acessos 4 9 7
maior de mecanismos de deterioração. Possibilidade de ampliações e adaptações 3 10 6
Sistemas mais caros e melhor qua- Compatibilidade com sistemas complementares 4 10 6
lidade podem, portanto, apresentar Manutenção e reparos 4 9 7
algumas vantagens importantes, mes- Vãos livres e altura da edificação 4 9 7
mo que a diferença só apareça em mé- Proteção contra a corrosão 4 8 10
dio ou longo prazo. Proteção contra fogo 4 6 9
Estética 3 9 9
19 – Desempenho Desperdício de materiais e de mão-de-obra 5 10 6
Os sistemas estruturais podem ter Segurança do trabalhador 5 9 6
diferentes desempenhos.As estruturas Custos financeiros 4 10 7
de aço, por exemplo, têm comporta- Adequação ambiental 5 9 8
mento uniforme, mas podem apre- Qualidade e durabilidade 5 9 8
sentar maiores deformações e são Desempenho 5 8 8
sempre mais elásticas para responder Incômodos para as áreas próximas 4 9 6
às ações dinâmicas. Já as estruturas de Média ponderada = Σ (Peso x Nota) / Σ Peso → 9,0 7,5
concreto podem apresentar mudanças
de comportamento ao longo do
tempo e são mais rígidas. O importan- cia para a obra. Foi estabelecido para Médias muito próximas podem in-
te é dimensionar corretamente cada cada característica um peso (entre 1 e 5). dicar que mais de um sistema estrutu-
sistema, dentro dos limites das nor- ral pode atender bem às necessidades
mas e observando as características de Fase 3 – Identificação dos sistemas es- da obra. Lembramos ainda que quanto
cada um. O desempenho de um siste- truturais compatíveis com a obra, no mais cedo se identifique o sistema que
ma pode influenciar a escolha, como exemplo: Sistema A – estrutura de aço será usado, mais tempo teremos para
já acontece nas obras industriais. e Sistema B – estrutura de concreto. otimizar o sistema escolhido e assim
obter um resultado ainda melhor.
20 – Incômodos para áreas próximas Fase 4 – Configuração dos sistemas
A construção em aço pode reduzir estruturais para o melhor desempe-
dramaticamente o impacto das ativida- nho em função das características
LEIA MAIS
des da obra nas áreas vizinhas, princi- classificadas da obra.
palmente nos locais próximos a áreas Manual da Construção em Aço
residenciais, hospitais e escolas.A cons- Fase 5 – Classificação dos sistemas es- publicado pelo CBCA (Centro
trução em aço, além do menor prazo, truturais para as características da Brasileiro da Construção em Aço):
produz muito menos ruídos e poeira, obra. Foi estabelecido para cada ca-  Treliças Tipo Steel Joist
além de quase não gerar lixo e entulhos. racterística uma nota (entre 1 e 10)  Pontes e Viadutos em Vigas Mistas
A montagem pode ser programada em função do mérito do sistema, que  Steel Framing: Arquitetura
para os horários mais favoráveis, mini- pode ser baseada nas análises de cus-  Interfaces Aço–Concreto
mizando as interferências nas vias. tos e/ou simples comparativos.  Steel Framing: Engenharia
Para demonstrar o método pro-  Transporte e Montagem
posto vamos simular a aplicação, fase Fase 6 – Cruzamento dos pesos das ca-  Painéis de Vedação
a fase, em um edifício comercial de racterísticas com as notas de cada siste-  Resistência ao Fogo das Estruturas
múltiplos andares. ma por meio de uma média ponderada de Aço
para cada sistema.A maior média indica  Tratamento de Superfície e Pintura
Fase 1 – Levantamento das caracte- o sistema mais adequado para a obra.  Alvenarias
rísticas relevantes para a obra.  Galpões para Usos Gerais
A planilha acima é um exemplo da  Ligações em Estruturas Metálicas
Fase 2 – Classificação das características aplicação do método para uma obra  Edifícios de Pequeno Porte
relevantes em função da sua importân- comercial. Estruturados em Aço

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71
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72
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obra aberta-modelo.qxd 6/5/2008 10:18 Page 74

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Mascaró e Ruskin Freitas
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Masquatro Editora
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estrutura dos espaços urbanos
Editora PINI www.lojapini.com.br Arquitetônico, composta de
abertos, o livro salienta a
Fone: 4001-6400 (regiões Apresenta técnicas de projeto ensaios de monografias,
importância das alternativas
metropolitanas) ou 0800-596 para rodovias, considerando dissertações e teses
ao tratamento adicional da
6400 (demais regiões) desde os levantamentos apresentadas em escolas
paisagem urbana, reforçando
Vendas pelo portal preliminares até o orçamento. brasileiras de arquitetura, esse
a busca por uma sintonia
www.lojapini.com.br A obra contempla o projeto livro apresenta as idéias
ambiental das cidades. Para
Escrito por um arquiteto e um tradicional, mas também o uso presentes na dissertação de
tanto, afirma que os conceitos
engenheiro, ambos com mais de recursos tecnológicos mestrado "A obra de David
de cunho ambiental são o
de 40 anos de profissão, a modernos, como GPS e Libeskind – Ensaio sobre as
ponto de partida para o
publicação reúne e organiza os sensoriamento remoto. O autor Residências Unifamiliares",
trabalho paisagístico em
novos textos da legislação inicia o livro apresentando defendida no programa de
contrapartida ao desenho
municipal paulistana relativos generalidades e um resumo pós-graduação da FAU-USP
meramente estético. Trata dos
à construção, bem como leis, histórico dos transportes. (Faculdade de Arquitetura e
diferentes aparelhos e
decretos, normas técnicas, Depois, parte para definições Urbanismo da Universidade de
equipamentos urbanos, como
portarias, atos e resoluções. básicas e de grandezas São Paulo). O arquiteto
escadas, pavimentos, sistema
O livro traz parte de intervenientes para, então, retratado na obra, autor do
viário e estacionamentos,
documentos legais para falar sobre normas técnicas e projeto do Conjunto Nacional
trazendo exemplos de
auxiliar na compreensão e estudos econômicos. No na Avenida Paulista, nunca
soluções adotadas em locais
interpretação. Os comentários capítulo IV, fala de projeto havia sido objeto de livro
públicos de todo o mundo.
dos autores acompanham o básico, abrangendo desde monográfico. Além de explorar
texto na lateral das páginas e levantamentos até audiências os detalhes de projeto de
são compostos por ilustrações públicas. O projeto executivo, diversas residências ao longo
que pretendem dirimir as com informações mais voltadas do livro, há um capítulo
dúvidas técnicas mais comuns. à execução e ao uso das dedicado à análise de 12
Para consultas rápidas, conta rodovias, é abordado no residências que pretende
com índice remissivo. capítulo V, seguido de buscar uma linguagem
intersecções e licitações característica para a
de obras. arquitetura de Libeskind.

74 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008


obra aberta-modelo.qxd 6/5/2008 10:18 Page 75

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fundamentais da engenharia concebida para aumentar a mediante cadastro gratuito, eletrônica que traz as últimas
estrutural para guarnecer o eficiência do trabalho no que podem receber catálogos de notícias em lançamentos de
leitor – especialmente diz respeito ao tempo produtos e tabelas. Na seção produtos, eventos e cursos,
estudantes de cursos de demandado e ao resultado Dúvidas o internauta tem dentre outros. Também conta
graduação de engenharia civil e final. O ambiente virtual em respostas para perguntas sempre com o perfil de um
arquitetura – de condições para que é desenvolvido o projeto comuns sobre instalações profissional do setor, como foi
entender como se dá e do que apresenta uma grande riqueza elétricas. Ainda na página o caso da design de interiores
depende o equilíbrio dos corpos de detalhes desde o desenho inicial há acesso direto para Carolina Szabó e do arquiteto
rígidos. Também aborda as das primeiras paredes até o localização de representantes Arthur de Mattos Casas.
solicitações a que estão sujeitas momento da plotagem de da empresa em todo o Brasil. A seção de dicas traz
e as tipologias das estruturas. toda a documentação final. Informações técnicas sobre informações úteis para
O autor restringiu os exemplos Conta com recursos essenciais todos os produtos podem ser solucionar pequenos
e ilustrações às obras civis e para o desenvolvimento de acessadas na página. problemas de construção,
buscou a elaboração de um projetos, sendo É possível, ainda, assinar o decoração e manutenção de
material didático que completamente adaptável ao informativo quinzenal da imóveis. Edições anteriores
correlacionasse teoria à trabalho do projetista. Mais empresa, com o registro dos podem ser acessadas no menu
realidade. O leitor pode optar informações, bem como a acontecimentos do mercado. de acesso, na parte superior à
por uma leitura superficial ou aquisição do sistema, podem direita de cada página.
pode querer se aprofundar na ser obtidas por meio do
técnica. Para tanto, estão telefone ou do portal de
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essenciais para a compreensão
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75
agenda.qxd 6/5/2008 10:32 Page 76

AGENDA
Seminários e conferências Nordesteinvest O Enic (Encontro Nacional da Indústria da
28 a 30/5/2008 Construção) debaterá as perspectivas e os
Sinco 2008 Recife desafios do crescimento do setor nos
22 a 24/5/2008 O turismo nordestino será o assunto de próximos anos por reflexo das obras do
Sobral (CE) discussão do Nordesteinvest 2008. PAC (Programa de Aceleração do
O IV Simpósio Internacional sobre O evento reunirá grandes nomes do ramo Crescimento) e da Copa do Mundo de
Concretos Especiais discutirá os imobiliário tanto do Brasil quanto da 2014. O evento atrairá diversos
componentes dos concretos especiais, Europa, a fim de incentivar novos acordos, profissionais da construção e as inscrições
características, propriedades e parcerias e oportunidades por meio de já podem ser feitas no site do evento.
possibilidades de aplicações. O Sinco é uma conferência, do salão de exposição e Fone: (62) 3214-1005
realizado pelo Ibracon (Instituto Brasileiro da rodada de negócios realizados dentro www.qeeventos.com.br
do Concreto), Iemac (Instituto de Estudo do Centro de Convenções de Pernambuco.
dos Materiais de Construção) e a UVA Fone: (82) 3327-3465
(Universidade Estadual Vale do Acaraú). www.nordesteinvest.com.br
Feiras e exposições
Fone: (88) 3611-6796 Construir Minas 2008
Cimpar 2008 18 a 21/6/2008
Eco Building 2008 25 a 28/6/2008 Contagem
23 a 25/5/2008 Aveiro O Construir Minas 2008 é direcionado
São Paulo A Universidade de Aveiro, em Portugal, para construtores, engenheiros,
O evento, para construtores, engenheiros, realizará o 4o Cimpar (Congresso arquitetos, decoradores e lojistas
incorporadores, arquitetos e demais Internacional sobre Patologia e interessados em conhecer novos
profissionais do setor, apresentará as Reabilitação de Estruturas) para produtos, tecnologias, máquinas,
novidades nacionais e internacionais apresentar novos conhecimentos, equipamentos e serviços para a indústria
sobre sustentabilidade, como tecnologias técnicas e tecnologias para os da construção. A previsão é que 30 mil
e soluções construtivas, regulamentações profissionais do setor. visitantes compareçam durante os quatro
e tendências do mercado. São esperados cinpar@civil.ua.pt dias do evento.
três mil profissionais por dia no local. Fones: (31) 3542-9637/(21) 2178-2315
Fone: (11) 3871-3626 Construmetal 2008 www.construirminas.com.br
www.anabbrasil.org/ecobuilding2008 9 a 11/9/2008
São Paulo Construfair 2008
Desafios e Oportunidades no A terceira edição do Construmetal terá 19 a 22/6/2008
Mercado de Baixa Renda conferencistas brasileiros e internacionais Caxias do Sul (RS)
29/5/2008 que discutirão os principais avanços A Construfair é uma das feiras mais
São Paulo tecnológicos e inovações da construção completas da região Sul e terá, neste ano,
O seminário proporcionará a troca de metálica. O evento é organizado pela ABCM três atrações principais: palestras técnicas
experiências e informações entre os (Associação Brasileira da Construção sobre materiais de construção, o
profissionais da indústria da construção Metálica) com o apoio da AARS (Associação seminário Grandes Obras & Infra-
civil ligados ao chamado mercado de do Aço do Rio Grande do Sul), do CBCA Estrutura, e a exposição Mobillar, voltada
baixa renda, de habitações para famílias (Centro Brasileiro da Construção do Aço), para arquitetos e designers. O evento
com renda a partir de cinco salários do Ilafa (Instituto Latinoamericano del acontece em parceria com a Fecomac
mínimos. O público-alvo são os diretores Fierro y el Acero) e do AISC (American (Federação das Associações dos
técnicos e de incorporação, analistas de Institute of Steel Construction). Comerciantes de Materiais de
investimentos, arquitetos, projetistas, Fone: (11) 3816-6597 Construção) e Acomac (Associação dos
executivos de empresas fornecedoras e www.construmetal.com.br Comerciantes de Matérias de Construção)
demais profissionais envolvidos com o de Caxias do Sul.
projeto e a execução de obras. 80o Enic Fone: (54) 3214-6886
Fone: (11) 2173-2395 22 a 24/10/2008 www.construfair.com.br
www.piniweb.com/DesafiosBaixaRenda São Luís

76 TÉCHNE 134 | MAIO DE 2008


agenda.qxd 6/5/2008 10:32 Page 77

Expo Construção Bahia 2008 indústria do mundo vai ser aberta pela
19 a 23/8/2008 quarta vez para a visitação de
Salvador especialistas em materiais,
A feira, organizada pela Fagga Eventos e equipamentos, veículos e máquinas
pelo Sinduscon-BA (Sindicato da de construção. A idéia é que os
Indústria da Construção Civil do Estado fabricantes possam mostrar seus
da Bahia), apresentará o que há de mais produtos, adquirir novos lançamentos
moderno no setor da construção da e principalmente aproveitar a
região Norte e Nordeste e promoverá oportunidade de novos negócios.
paralelamente o IV Fórum Nacional de www.bauma-china.com
Arquitetura e Construção (Fonarc), o
Fórum Nordeste PAC, Dry Wall & Steel
Frame Show, Loja Modelo, VI Seminário
Cursos e treinamentos
Tecnológico da Construção Civil e Diretrizes para a Documentação de
Concurso A Ponte. Sistema de Gestão da Qualidade
Fone: (71) 3797-0525 ABNT ISO/TR 10013:2002
www.expoconstrucao.com.br 11/6/2008
São Paulo
Cobramseg 2008 O curso discutirá a documentação
23 a 28/8/2008 necessária do sistema de gestão da
Búzios (RJ) qualidade, descrição do SGQ,
O tema do XIV Congresso Brasileiro de elaboração do manual da qualidade
Mecânica dos Solos e Engenharia da organização.
Geotécnica terá como tema a Fone: (11) 3284-5165
Exploração e Distribuição de Energia – cursos@abnt.org.br
Uma Visão Geotécnica. Serão seis
sessões plenárias com duas mesas- Patologias da Construção
redondas sobre novas tecnologias, 12 20 e 21/6/2008
sessões paralelas, um dia especial para São Paulo
os geojovens, sete palestras dentro do O palestrante Ercio Thomaz analisará
"Encontro com Indústria" e quatro as patologias mais freqüentes em
minicursos, além de uma visita técnica edificações e destacará suas causas,
às obras de construção de uma agentes, mecanismos de formação
barragem. O evento é bienal. e formas de recuperação. O curso
www.cobramseg2008.com.br é direcionado para arquitetos e
contato@cobramseg2008.com.br engenheiros civis e tem carga
horária de 12 horas.
Concrete Show South América 2008 Fone: (11) 3816-0441
27 a 28/8/2008 cursos@ycon.com.br
São Paulo www.ycon.com.br
O evento é dirigido para a indústria de
concreto tanto nacional quanto Gerenciamento de Obras
internacional e possuirá exposições, 20 e 21/6/2008
demonstrações, seminários, workshops e São Paulo
palestras para apresentar novas As aulas darão ao profissional uma
tecnologias, aplicações e forma de uso metodologia completa para atuar no
do material na América do Sul. O objetivo gerenciamento de pequenas, médias e
é estimular negócios e parcerias entre grandes obras de construção civil. São
diversos construtores e distribuidores. três módulos: Planejamento e Orçamento
Fone: (11) 4689-1935 da Obra para Concorrência, Programação
www.concreteshow.com.br da Obra após a Contratação, Controle de
Operação da Obra: Posturas e
Bauma China 2008 Procedimentos Gerenciais.
25 a 28/11/2008 Fone: (11) 3816-0441
Shangai cursos@ycon.com.br
A maior e mais importante plataforma da www.ycon.com.br

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COMO CONSTRUIR Edson Ramacho,


engenheiro civil e
diretor da Sanifix

Instalação de caixa de gordura


pré-fabricada de ABS
s recursos de transformação de
O

Fotos: Marcelo Scandaroli


águas usadas ou brutas em água
potável são lentos, frágeis, limitados e
cada vez mais onerosos. Sendo assim, a
água deve ser manipulada com raciona-
lidade,precaução e economia,para asse-
gurar a sustentabilidade desse recurso.
A água não é uma doação gratuita
da natureza, tem um valor econômico:
algumas vezes a água é rara e dispen-
diosa, e pode escassear em qualquer
região do mundo. Por isso a gestão da
água impõe um equilíbrio entre a sua
proteção e as necessidades de ordem
econômica, sanitária e social.
A sua utilização implica respeito à
lei. Sua proteção constitui uma obri-
gação jurídica para todo homem ou No uso corporativo (hospitais, restau- Tipos de caixa de gordura
sociedade que a utiliza. Questão que rantes, indústrias) a sua obrigatorieda- De acordo com a NBR 8160/99, as
não deve ser ignorada nem pelo cida- de abrange todo o território nacional. caixas de gordura podem ser:
dão nem pelo Estado. A caixa de gordura pode ser cons-  Pequena ou simples, para a coleta
Algumas soluções são encontra- truída com tijolos maciços queima- de apenas uma cozinha;
das para a preservação desse precioso dos, rejuntados e revestidos. Nesse caso existem caixas pré-fabri-
líquido e que já constam em leis. Entre As caixas de gordura pré-fabricadas cadas,em diversos materiais,tornando o
elas temos a caixa de gordura. ou pré-moldadas podem ser construí- trabalho mais rápido e econômico, co-
das em concreto armado, argamassa mo o passo a passo descrito e ilustrado
Caixa de gordura armada, plástico ABS, fibra de vidro, na pág. 80.
Ela possibilita a retenção e poste- cerâmica, placas de PVC, polietileno,  Simples ou dupla, para a coleta de
rior remoção de gorduras evitando sua polipropileno ou outro material com- duas cozinhas;
entrada na rede coletora e conseqüente provadamente resistente à corrosão  Dupla, para coleta de até 12 cozinhas;
incrustações nas paredes da tubulação, provocada pelos esgotos. Para essas duas modalidades também
estrangulando a seção de escoamento. As caixas de gordura pré-moldadas existem soluções prontas.
Em uso residencial, é obrigatória a em concreto apresentam o inconve-  Especial, para a coleta de mais de 12
instalação da caixa de gordura sifona- niente de não se adaptarem aos tubos cozinhas, ou, ainda, para cozinhas de
da para água servida das pias e pisos de em PVC, provocando trincas com o restaurantes, escolas, hospitais, quar-
copas e cozinhas em mais de três mil passar do tempo e posterior infiltra- téis, clubes etc. Nesse caso, requer pro-
municípios brasileiros. Essa caixa ções. Já as fabricadas em plásticos de jeto específico, caso a caso, por especia-
retém a gordura e, também, pela sua engenharia (ABS, PVC) ou, mesmo, listas em hidráulica – consultar normas
ação de sifonagem, evita o mau cheiro em fibra de vidro, permitem a conexão da empresa de saneamento do municí-
e a entrada de baratas e ratos na casa. através de anel de PVC flexível. pio em que se encontra a obra.

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CAIXA DE GORDURA PRISMÁTICA (BASE RETANGULAR)


Quantidades Dimensões internas mínimas (cm)
Número de Número de Capacidade da Comprimento Largura Altura Altura da
cozinhas refeições (n) caixa (l)(a x c x l) (c) (L) (H) saída (A)
*1 – *18 * * * *
2 – 31 44 22 47 32
3 – 44 50 25 50 35
4 – 50 52 26 52 37
5 – 56 54 27 53,5 38,5
6 – 63 56 28 55 40
7 – 71 58 29 57,5 42,5
8 – 77 59 29,5 59 44
9 – 83 60 30 61 46
10 – 90 62 31 62 47
11 – 97 64 32 62,5 47,5
12 – 105 66 33 63 48
13 – 111 68 34 63 48
14 – 118 70 35 63 48
15 – 124 72 36 63 48
16 a 28 100 216 90 40 75 60
29 a 36 125 288 120 40 75 60
37 a 43 150 360 120 50 75 60
44 a 57 200 432 120 60 75 60
58 a 73 250 504 120 70 75 60
74 a 86 300 588 140 70 75 60
87 a 100 350 756 140 90 75 60
101 a 115 400 810 150 90 75 60
116 a 129 450 918 170 90 75 60
*Informações a respeito de caixas de gordura menores e/ou de formato cilíndrico constam da norma NBR 8160 - Sistemas Pre-
diais de Esgoto Sanitário – Projeto e Execução.

Dimensões 120 l e diâmetro nominal da tubula- Número de refeições diárias –


De acordo com a NBR 8160/99, as ção de saída igual a 100 mm; N = 150 refeições/dia
dimensões das caixas de gordura re- d) CGE – caixa de gordura especial, Volume: V = (2 x N) + 20
feridas são: prismática (retangular ou cilíndrica) e V = (2 x 150) + 20
a) CGP – caixa de gordura pequena, com as seguintes dimensões: distân- V = 320 l
cilíndrica e com as seguintes dimen- cia mínima entre o septo e a saída = Esse é o valor mínimo, no entan-
sões mínimas: diâmetro interno igual 0,20 m; o volume da câmara de reten- to a maioria das empresas de sanea-
a 0,30 m; parte submersa do septo ção de gordura obtida pela fórmula [V mento adota a tabela acima.
igual a 0,20 m; capacidade de retenção = (2 x N) + 20], onde N é o número de
de 18 l e diâmetro nominal da tubula- pessoas servidas pelas cozinhas que Cuidados com a manutenção
ção de saída igual a 75 mm; contribuem para a caixa de gordura Caixa de gordura doméstica
b) CGS – caixa de gordura simples, no turno em que existe maior fluxo, e Ao ser utilizada a rede de esgoto
cilíndrica e com as seguintes di- V é o volume em litros; altura molha- das pias de cozinha, e após o reserva-
mensões mínimas: diâmetro inter- da = 0,60 m; parte submersa do septo tório da caixa estar completo, a gor-
no igual a 0,40 m; parte submersa = 0,40 m e diâmetro nominal mínimo dura e/ou óleo, por serem mais leves
do septo igual a 0,20 m; capacidade da tubulação de saída = 100 mm. que a água, estarão na parte superior
de retenção de 31 l; e diâmetro no- (superfície da água) da caixa. Dessa
minal da tubulação de saída igual a Dimensionamento de caixa de maneira, pressionarão a água, fazen-
100 mm; gordura do tipo especial do com que esta escoe sem resíduos
c) CGD – caixa de gordura dupla, ci- Exemplo: para uma cozinha que pelo septo (sifão), colocado no re-
líndrica e com as seguintes dimensões serve aproximadamente 150 refei- servatório adequadamente.
mínimas: diâmetro interno igual a ções diárias, o volume da caixa de A gordura e/ou óleo deverão ser re-
0,60 m; parte submersa do septo igual gordura deverá ser calculado da se- movidos periodicamente – recomen-
a 0,35 m; capacidade de retenção de guinte maneira: da-se entre 15 e 30 dias, no máximo –

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COMO CONSTRUIR

Instruções de montagem
Fotos: Marcelo Scandaroli

1 2 3

4 5 6

7 8 9

1 Medição da altura total da caixa e pontiagudos) no fundo da vala. 5 Montar o anel na caixa, evitando
verificação da profundidade final de Compactação firme da camada de areia torções; aplicar pasta lubrificante.
instalação (considerar o piso acabado), para o assentamento da base da caixa. 6 Encaixar o tubo de esgoto.
conferindo se haverá necessidade de Para facilitar a compactação da camada 7 Reaterro lateral: o solo de reaterro
adquirir prolongadores. Atenção: a de base, molhar a areia. Se o nível do em volta da caixa deve ser muito
profundidade final das caixas deve ser lençol de água for muito elevado, bem compactado, para garantir um
limitada a, no máximo, 1 m (de acordo drenar o local antes da instalação. apoio firme da porta-tampa.
com a norma NBR 8160), para garantia 3 Assentamento da base da caixa no 8 Testar a colocação e acabamento da
de resistência e acesso para limpeza. fundo da vala, previamente preparada porta-tampa.
2 Preparação da base para o e nivelada, usando um nível de bolha. 9 Fazer o acabamento do piso em
assentamento: escavação do solo e 4 Ligar os tubos na caixa – seguir volta da porta-tampa, com a tampa
lançamento de uma camada de areia recomendações para a execução de instalada, para evitar deformação
(ou solo granulado sem elementos juntas elásticas e instalação de esgoto. lateral da porta-tampa.

pela tampa de inspeção da caixa e des- peza deve ser semanal. Dependendo da Caixa de gordura de ABS
cartadas no lixo (saco plástico), evitan- utilização,a freqüência é a cada dois dias.  Material ABS;
do que os componentes provenientes Entrada e saída DN 100 (4' ou 100 mm);
da limpeza da caixa escoem livremente Caixa de gordura especial  Estanqueidade garantida por anéis
pela rede, ocasionando sua obstrução. Recomendamos a sua limpeza de PVC flexíveis;
por empresas especializadas em de-  Volume de retenção de 18 l (exigido
Caixa de gordura até 12 cozinhas sentupimento e drenagens de fos- pela norma NBR 8160), atendendo a
De forma análoga,no entanto,a lim- sas sépticas. uma pia de cozinha residencial.

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