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4 Gib Hasan ma Hai LUIZANTONIOTEIXEIRA ca bed polis dead pirno rad TANIA SALGADO PIMENTA Pan com Ns eae ia GILBERTO HOCHMAN organizadores } HISTORIA DA SAUDE NO BRASIL HUCITECEDITORA Sto Paulo, 2018 tot, ‘Sumario ‘iin Dat Legale, leita 9 Hisuéria da sade no Brass uma breve histria ‘Grin coining Gilberto Hochman ponarinae ii 776 Luiz Antonio Teixeira 1 ‘Tania Sugado Pinenta Capitulo 27 Nasatideemadocnga: enfermidades, saberesepitias de cura { ‘nas medicinas do Brasil Colonial (séculos XVEXVIID) Jean Laz Neves Abrex Acti pars eine et ben de nee Bs ‘Seifpaacmpnion ag eran aie Nopucin Lor Kay Copii? 67 Deoferadescta: pr a isi da mde eda diaado Bend ere ‘Tins Sapo Ponenen Rive Gomes Koon Kodama SENSI ATE Capon wt 101 ‘Alico médc:do pend ao cepa Med et mp it a ni Fino Coco Eales aceorepaeeammlasome Ce eT ce Ales edi , Capiulo 4 IE 145 Calhd lanopin: itn esto east snide no ‘soa Di 2 Men | Keo eae Sree a Be sesh a. Luiz Otivio Ferreira " EBS) , 182 ns 24 us 356 403 30 465 an Capito s Histria ds evidados coma sade da mulher da rings Ana Pala Vosne Maris Mav Martha de Luna Fixe Capitulo 6 Revolugio pateuriananasnide publica ena pesquisa bioméica brasileiras(1880 1920) ime Larry Benchimol Capiculo7 Epidemias do séculoXX: gripe espanholaeaide ‘Anny Jackline Torres Silveira Dilene Raimundo do Nascimento Capito “iistia da eugenia: contests, temas e prspectvashisto- andere: Scbastto de Sours Robert Wegner Capicalo9 ‘Da pluintria de uns inaiuiges: urn blangohiteciogr (Cesiana Facchinertt ‘Ana Teresa A. Venancio Capitulo 10 Aseria da politica de sade no Brasil (1889-1945}:interpre~ tages etajetsras (Cfistna MO, Fonseca Capitulo 11 Sade ereforma snitiriaentreosutortarismoc a democracia Liniz Antonio Teixeira Carlos Henrique Assngio Pav (0s organizadores os autores Indice onomstico, das instiuishies das obras 66 Abreu Nopeia tury SANCHES Anno Rin, Pht drmeee iid i ira ‘ngh Flip 137 SANTOS Gen Sai Aart demparLtod Ani Regine. Ton Tein. n 9; py &-6pe SANTOSTILIIO\ yan caddie i dod XV ann DK Si Pal: Bete, 1947. SCHWART2 Lila apts dros Cis inte oto ral ri 1170-190 St Pl: Compa cu 190" SOARES Mir Crunesnepr eatin creo copes at ude lode paces cae Ss RO ase eds oy so 2, SOUZA Laur de Malle On Tord Sot Oui ign ‘pains Dali So Pa Compa Lat, “rene Lats Astor Dag dao Cgc, Hiri, Gi Sees Magen at pp 21-4 THLES, Vere Coc de ce Si nr nr pois cade ola pale tac rovorphc mc pra ion Ns. ere raiada Arn dep, 100, LVOVELLE: Mich Ste sate fr Mle mensdads 2 Sto Pa: [WALKER TimotyAcsiion nd ieston of ec lowege within the ‘calmer Riga ced np ls SHEEHAN Kosta. ne ike Spe sd Prune emp 150.180, Sx, Cali Sato Une Prep. 247-7,209 WEINER Dowa & SAUTER Michal} ‘Te cyotPaisun erie onic meine i Chg 1,203 |WISSENHACH, Maa Crt Ave esd snus tains ati nea err cao rans ocr raion. i MEGIANT, Ans Pas ALGRANTI, La Mera. Ops por ie fms dom eats mand So Pa ‘mela ye 539% 200, |WISSENBACH Nar Cini, Comes Feros sinpies deepen sabe cnr no Br Calis FERREIRA, Lab oe Bri Tint Bele ozone Rn den: ion Pn Pc, Tr 2 Tania Salgado Pimenca Flivio Gomes Kaori Kodama Das enfermidades cativ: para uma historia da satide e das doencas do Brasil escravista ce rmtinnse ee camps de eas dae eravidio eda histéria das doengas derivam em boa pute das ‘tansformagoeshistoiogificas, nas titimas déeadas. Ato 0 1960 {alava-te de exmavidioapaecendo representa nama posta socieda- {de homogénes, onde «6 hava espago dicotdmicos para senhores © scravos com palo peivilegiado da case-grand. Tai abordagens zeram emerge comparagbesedcbates sobre os regimes sxiis csi tema de relagoes acai entre Brasil e EUA, com angumentos de Gil berto Frese, Florestan Fernandes, Car Degler, Frank Tannenbaum, Stanley Elkins, Eugene Genovese e outros. Maita desta visdes =~ ‘iam critcadas pels anise sobre rseiamo nos anos 1970, as quis importa entenderasocedade escravista através dose sistema at clade estrurual, com destague para os extudos de Jacob Goreader Cito Plamarion Cardow, Tanto nas abordagensgenerlizantes como ‘as sistémieas, pouco expago havia para o eotdiano, fundamental ‘mente os esis. Essa foi a principal contigo da viragem his toriogrifica dos anos 1980 ¢ 1390, quando o debate raid era ‘ime cedeu ve a0 exrneet eo signifiados das sua experiencia. Tal veagem teveimportincin decsva na ampiago dos n- oques da hstoriogafia temtia, Os escravos deixar de ser desertos apenas como propriedades, bens e semoventes submeti= dos violencia ou 2 paternalismo. Por exemplo, virios estudos analsaciam a familia escravae seus arranjos soi, para am de ex pectatias (enhoriais)estururaisecclieas, Surinam extdosregio- ais sobre os padres de posse dos exravo, demonstrando haves vi- riadas ras, tanto de agrocrportaio como as vltadas par. produgio de alimentos. Assim, o impacto da xcavido alive estaria ation ludo aos divesosartanjos demogrifcos ora com mais adultos, h- ‘mens ¢ aicanos; ora com mais ranges, mulheres ecroulos em era eis de prod, Regimes climiticos soci e demogrificos srisiam espago pura entender, entre outros aspectos, a mortalidade ce docngas em siaasexespeificas. Ertdos sobre otro atlntco eprincpalmente sbreas mar- ons alvcanas que proguziram os escravizados também tveram ie portinca para repensar as migrages de docngas os impactos das ‘pdemias. Seria fundamental entender os contextos das sciedaes Mricanas conectaas a0 tifcoatlintico — dos éculos XV ao XIX especialmente os seus perfisedsose nics. Antes to somente _quanidades de cativos em muitos etudos exclsivamente cliometsi- ‘os, agora milhares emilhares de homens, mulheres eciangasseriam teansformados — anaiicamente — em affcanos com identidades| eens, gas clturasesocietrias, nunca homogéneas ou residuais, ‘Cenirios do cativeio seriam redesenbados. Nao apenas 0= mundos rss da agroexportagiotiveram vez, mas, sobeerudo, outros univeros como reas defroteiras, coma tiizago concomitant da cscravdio indgena,e também cdades passarar a ser enfocados. Os tseudos sobre a esravidio urbana foram fundamentas, sugerindo ahordagens sobre cultura escrava, socabilidades, regimes de trabalho, padres de ocupacio e moradia. "Tiveram igualmentedestaque as abordagens sobre as culturs atlinicas doe aficanos esravizados. Para além de uma dada Attica ‘0 Basil como tradgGes homogéneas © hegemBnicas — campo de «studos que percoreu de Nina Rodrigues, Artur Ramos, Eason Car~ cio, Roger Bastide a Pere Vergere outros — surgi estudos ‘os anos 1980 analsando os caminhos da “invengao"afficana. Re~ Flexées sobre eligiosidades ea perspectiva da “aculeuragao"gana- ‘am outros aportes em torno dot sgailicados das cultuas escravas ‘menos como reminiscéncns de substratoscrstaizados, mas ree ‘ise ressigniicagies na dipora. Ieias de doengas, curs, males € ‘ortes para escavos,€ mais que cles, crouls eaficanos de vias _eragde ganharam rlevo numarplo debate tedrico emetodologico. iver menos um distanciamento ou vieuo entre um cariterafficano ‘de uma dada cultura aqueles cious, supostamentedistancados © iferentes. Plo contro: exstiram sistemas de crengas ea produsto e cultura material relaborados em priicas que provocavann m= angassignificativas nas senzaas, nas casas-prande, nas cidade, na ‘plantation e também nos quilotbos. Nada de mods crstalizados Ade culrras ora brancae negra ora europa eaficana ‘Considerando ess mudancas na historiografin da excravidio brasileira, apresentamos a Ieitor um panorama ds princpais tem ticas desevolvidas elas pesquisasrobreexeravii esate no Bae si destacando pensamento médico, a doenjaspropramente dita ‘com suas clasifeagbesnomenclaturss ea arts de cares tas se entrecuzam, mas aparecem aqui deforma separada apenas para falar» apresentasso ‘Sobre o pensamento médico e a sociedade escravista nora rio ena macado tod sxe ra sat fia de Onceto st pono tempo vine etors hum tm wera pu (Gio co hoje clic de Robero Macht Angel Lowe ‘reiro, Rogério Luz e Katia Muricy introdurin o conceito de “medi~ Siac! no Ble om que omen poco se peop SSmcim oun eave scones de nua verges feipca meio ravi como cites ormgto dome ae Ade burgues eda orden fin quese engenders drat osc IoXIX Oluchanesul, 97H p98). Foca prose herog fadosanon de 170 qn estos ops contigs Spite carom tal argument, deed pls ators Coit qa prea cower one teas iS ‘Selo XI em cre cam ele de wna oda these pss onde burgess Acro com da Smaragd nein sobre cro, fs 1 Or mfr denopesn ci donb as 2 el A que posteriormeate foi pouco contestado pelos historiadores. Assim, {ita de discursos médicos 2 respeito da condo escrava fo inter- prctada como # suséncia de preocupasio com a realidade do cativo ‘ela comunidad medics) Quando hava estos sobre os cuidados ‘com a side dos cativos nos tatados de medicna, estes seviam t20 ‘tomente para bem serve so govern dos exravos, posto ser neces tio administra o uso rasional da mio de obra ma plantation. [Novas investigages, posém, tim buscado revista tera, ul- trapasiando oobsticulo de um suposto silencio. De forma indirta, ese dos ora meprér — esr, libros, ffcanos —ateons> ‘uso do discus acacémico ¢revelada nositimenos ratados médios do petiodo, que no se restringem apenas as tees, encontrando-se fem quase todo os livose artigos dos periicos médicos, xj ob scrvagies anatomoclisiaseram sealizadaslcalmente (Lima, 2011) Assim como no sul dos Estados Unidos, mics e baseavam prin ‘ipalmente na observagao dos doenes scravose libertos para seus ‘studos (Savi, [1978] 2002) ‘No Bias até meados do século XX, a hstria da medicina comsiderou a priticas de cur, as erations aficanase suas conte buigdes como fimitadas, em contraposcao as indigenas, Por exem~ plo, para Lycungo Santos Filho, as artes de curar dos afcanos e seus ‘descencentes densa poucas mass, toque os Supostosetice ‘os ners astimilariam os comheinentOs medics indigenas eeu ropes —notadamenteo da homeopatia—« as saspetiea de us ferlan se tanaformado numa meicns popular mais ou menos dis semingdag 0 carte eligioso ca vsto como item desqualificante dos ‘ratamentos procurados or escravos, que costumavam ser formeci= os, sabre, por aficanos. Para Santos Filho, tal medicina seria “contaminada pla etgai,relacionada coma magia", condiga que teria feito as pitias de curs xe perderem “em suas noghesessenciis, terres, ea parte sobrenatursl, de qu estar eivada,perdurow entre ‘ospratcantes, dsseminando-se pela populao incu” (Santos Fis 1ho,1977,p. 138), “Tem sido necessiro refer aIeitura sobre a producio médica relation aos escravos, Sem divids, como slientaram Machado © 00- twos (1978), 4 escasser de coniderages sobre a escravidao mas teses ‘acctormiates cava para uma itis dase edaedoeneat 7 nica no poser ana sem seem ont opto dca Seer nso dented ctr ead teen como uh to: epost! meme rape umes expect mt ‘eer de matin om ss oes de ros pa fs (90-1950, pecroens nna eapeinh La eters eer oe coe eee San Sea TOT dhvcaiecltstee Oduunot mean Ucn povcoar LER — ——-—-- gare ee erect mies — a semehang de romances ¢ pera tera crm naar (189 de omin Ma de cede Odinonfintn 87 deo e Anat preegt cr —— ————— (sents nade vies ca us pas rR Eas ee ee eras endo 100 Smadar da vtiayado nba eee SS eae SamaMMtaNED Crore ree rene ie tom tne ment Un emp doom pomp eps tne RID er meen tee a ato emt ance dani snkerls Em enod com os dts ignite cn outs pest osc rece, Sose ro mes decal de 1890 endwnam 0 eames fora dete genet rons Api de menor des Jencosjamssuiravam um maior names ds dete bcs (eo iia). Mas arene sam etn, poss ‘nore wr mnt pe contrio sarees quenscteria Sor date pur sd di ae eg {Roman 2007 Can 2012), Arete sobe0 oda ce Ie tomar msnig prince adc 17 Em cures pay como nos Enos ridon tcp coats 6 “akionane mers’ temecac concatncs ome Sameae ‘comm elated No Ben dence cpg das amas ganhaa maior fren, quando o fim da esravidio ea visto ‘com irreverivel a partieda cdo Ventre Livre de 1871. Ente 1879 ©1888, 0 perisdico 4 Mai de Familia cacao com oinnutode vec ‘uma visto meiiea da nova mic, procurando fizer com que a elite ahandonasse o costume ainda de empregar amas e mucamas (Kout- sos 200 Ja dead qu anoceen aes do ico ne Selene fom ns dur meas ene os mani que arb ia Fn Una ver quo stn cei ocean tual oe pod pl expr caf ce ‘ifeiras com mio de obra ji preoeupavam sobremaneira os propeie~ tlriow no Sudesteescravsta, Pars conseguir eseravos era preciso comer ao comércio intexprovincial,notadamente nas regdes Norte e NNordeste.O pro estava cada dia maisalt, sso sem conta fato de ‘que, com lembravaen os fazendsizos, “a tifco acabou-se eno vol- ths provincia do Nore em poo se gt sein rn cmc rosea 2 ear ee nee tte paws {ues de eds com a eran det epson GERBER Eo qu svceeu conc Bea dno et ‘era (1859), que dodica boa parte a tera da sade eseaa, Seu autor = ike Augusta Tia — sentenciara que “x América devora os rstos,€ se continua importagto no os rerutusse, em breve a aga ‘esapareceria entre és" (Taunay, 1839, p16). Ainda que as taxas de rmorslidade variassem de aco com as rides eaexisténcia de epi- demias, de modo ger, os tation médios destacavam seu elevado ‘numero. Na década de 1830, 0 médieo e fizendeiro francés Jean- “Baptiste Alban Imbert afiemava que os negostinham especial pro- pensio is enfermidades, sendo de extrema utlidade a edo de uo ‘manual que ajadasse na preservagio dos ctivos visto que“ difcul- dade desubstiuigto a0 que se poss fir recorter 308 meios os mais convenientes para conserva o que ise ten” (mbert, 1839, p, XID, Angumento emethanceapareceria mate do entio jovem exidante de medicina Jost Rodrigues de Lima Duarte de 1849, Oriando de uma familia proprietria de exeravonna provincia de Minas Gers, vindo ase tomar conselheitoe visconde, Lima Duarte escrevera set cnsaio em favor menos dos esravos do que dos fazendecos. Argi= sentava que na “cvilzada Europa havi etudos dedi ao pro- ‘lem das “clases operiri", 0 que io acontcia no Brasil em rl 50 higiene dos escravos. Sua preocupagao no er propismente & érfidasaide dos cativos (embors pensar isso foste uma conse |quénciainevitve) antes com ofato de que, por seem “despracada- mente os produtos de nosso pas de bragas eseavon”havia a necessi- dade de cuidar deles. A questo ert oprolongamento da vida iti dos «tivo. Tl tese mica epresentaria ainda uma nova orienta sobre ‘© modelo de “governo dos escravos” que vsava efciécia€ repo igumas comunidades indigenas, que utilizavam rotineiramente a ‘scarficagao ea sangria (Santos Filho, 1977,p. 107). Para a medicna ‘europea como i eferzos a sangria consti um recs terapatico fundamental, baseada na concepyao hipocrtia e glénica de est ‘uae fancionamento do corpo humano (Lesibre sl, pp. 289-98). A questioera que excavtos foros ao desempentarem a fangdo «de sangredores, a compreendiam dentro de outa concepsio de doen ‘cura em que no havia esa separa de tres ede entendimento ‘entee doengas internase externas. Dessa forma, muitas ezes, esses sangradores ao se atinham a somente sangrar esr, conforme es- fabelecia a Fsiaturi-moe diagnostcavam e prescrviam remo. [Alem disso, ocoria que sangear era apenas uma das habilidades de «quem costumava dediar-e a ea trl, COnforie Bota 65a es ps diam ser facimenteencontrados nas ras e nas pragas das principas ‘dades, sa prsensa também era constante no hospital mais impor tante da Corte E mesmo dentro de um ambiente que comesava ase meiali- sar nas primera déeadas do séeulo XIX, haa spay pare que exerce te mais do que aarte de sangrareapicar sanguessigas. Em 1815, por ‘exemplo, 0 preo foro Adio dos Santos Chagas diigia-se Fscatr “mor pata pedi licens para sagas, rar dents e fazer as cura que souber", Como parte de sua angumentagio cm dele de sua compe: ‘éacia, Ada dizia que havia ido ‘rica [por] algum tempo no hos pital da Santa Casa e [que inka) conhecimento da iris ervas me~ Aicinais que entre ads hd com abundincia’, x para a ani de trapeuticaeterapewta. Estudos que abordam, em special, as primeiras grandes epdemias do século XIX —febre ama- rela, 1849-50 eclera de 1855-56 — que grassaram em vis regides ‘do Brasil mn apontado para a awasodeterapeutas popes, mits avicanos e deicendentes de affcanos, que eram a escolha de boa parte da populas,fose em Recife, Salvador, Part ou na Coste pars te lirarem do fagclo que os aingia (Beli, 2004 David, 1996; Diniz, 2008; Paris, 2012; Chalhoub, 1996; Pimenta, 2003), Um es ‘avo conhecido como Pai Manuel ganhou prestigio entre os mori- Adres de Recife ereconbecimento do govern provincial que 0 auto- epw a atender viimas de eéler no Hospital da Marina de Recife, his yp sens orboums de gu cra ‘Rinsta pone car tno str ae Sec i gays Di 208 p35 To pins om au cs “icine 9 aoa Scope SSS melt fore ered mee frase {Sine Ts toes cnn eee omer, 2a pin dete os enn ae por tca ‘ccomo prcferiam ser tratados ‘A medide que a conporacio medica se organizava ao longo da primeira metade do século, a sangria foi sendo consierada operas decade complex demais para escrwose foros. Iso, no entant, nio sconteceu de uma hora para outa ‘Apesar do empenho da elite médica para restrtura a hiera~ «ia das atviades terapeuicase de suas reclamagdes por exssa do io cumprinento delat, aad ED mero sats A eects pl drurenionenens tote 2 importiaca da sangria com a exclusto dor sangeadores. A tansfe- ‘séoca da arf de sangar para pessoas que estavam se insrindo no Ambito da medicinaacadémica, mas ainda ocupavam posigdesinfe- riores, como os estudanes da Faculdade de Medicina, era out, E do pont de vista de escravoseforrosoofcio de sngradorcontnuava a fer preebido por muitos como interesante opi em sua lta cot diana para sobrevivere melhorar as suas condighes de vida Se nas cidade ngrar — a partir da aruagao de sangradores e ‘barbeiros —saberos como as pritcas terapeuicase ates de curr se desevolviam, entre escravos,africanos aleangando varios outros ‘setores da populgto pobe, para as reas uri interior dae senalas sabemos muito pouco sobre o papel dos curandeiose partcitss cat etesminadas comunidades. Em periodo de temores de insunciges surgiam — entre demincas¢investigagdes — rumoces sobre piti- cas de cura ereligiosdade nas senzalas. Em fins de 1858, chegaram noticias do municipio de Sto Jozo do Principe no Vale do Psrsiba

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