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SENADO FEDERAL

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Excelentíssimo Senhor Juiz Federal da ___ Vara Federal da Seção


Judiciária do Distrito Federal,

O PRESIDENTE, O VICE-PRESIDENTE E O RELATOR DA


COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO INSTITUÍDA NO
SENADO FEDERAL PARA APURAR AÇÕES E OMISSÕES NO
ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19 NO BRASIL, OS
SENADORES DA REPÚBLICA OMAR AZIZ, RANDOLFE RODRIGUES
e RENAN CALHEIROS, RESPECTIVAMENTE, por meio da Advocacia do
Senado Federal, nos termos do art. 52, XIII, da Constituição da República, do art.
230, §§ 1º e 5º, e arts. 78 e 31 do Regulamento Administrativo do Senado
Federal, com redação consolidada pela Resolução do Senado Federal nº 13, de 25
de junho de 2018, vêm à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art.
52, III, “f”, e art. 5º, LXIX, da Carta Política, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA
(com pedido liminar)

contra ato do (i) Secretário Executivo do Ministério da Saúde e do (ii) Chefe


do Serviço de Análise Técnica Administrativa do Ministério do Saúde, que

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poderão ser notificados a prestar informações no Ministério da Saúde, Esplanada


dos Ministérios, Edifício Sede, 3º andar, Brasília-DF, órgãos vinculados à
UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, que poderá ser intimada a se
manifestar nos termos do art. 6º e 7º, II, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009,
por intermédio da Advocacia-Geral da União, nos termos do art. 131 da
Constituição da República, pelas seguintes razões:

I – DO ATO IMPUGNADO

1. Este mandado de segurança visa a garantir prerrogativas


constitucionais da Comissão Parlamentar de Inquérito diante de ato
manifestamente ilegal do Ministério da Saúde que, na contramão do
princípio constitucional publicidade, decretou o sigilo dos documentos que
compõem o processo administrativo relativo ao fornecimento do imunizante
indiano Covaxin.

II – DA SÍNTESE DOS FATOS

2. A Comissão Parlamentar de Inquérito instituída no Senado Federal


para apurar ações e omissões no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no
Brasil vem desempenhando suas funções com serenidade e zelo, com vistas a
desvelar as causas da crise sanitária que já causou mais de 565.000 (quinhentos e
sessenta e cinco mil) mortes no Brasil e apontar soluções legislativas que
previnam a ocorrência de semelhantes cataclismas no futuro.
3. No desempenho de seu múnus constitucional, a Comissão Parlamentar
de Inquérito tem sido vergastada por constantes embaraços perpetrados por
órgãos do Poder Executivo em detrimento das investigações.

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4. Um dos últimos desses embaraços foi a decretação de sigilo noticiado


pelo Serviço de Análise Técnica Administrativa (SEATA) do Ministério da
Saúde no Processo Administração nº 25072.006024/2021-92 em relação a um
dos principais objetos do inquérito parlamentar, em despacho vazado nos
seguintes termos:

O Processo Administrativo nº 29/2021, que versa sobre a aquisição


da vacina COVAXIN, encontra-se suspenso e restrito no
momento, pelo fato de estar em fase ainda preparatória,
impossibilitando no presente momento a divulgação de
documentos ou o processo em questão, até que se finalize as
tratativas, art. 7º, § 3º, da Lei nº 12.527/2011, por ser documento
preparatório, de modo que as informações nele contidas constituem
fundamento de tomada de decisão, podendo sua divulgação prejudicar
o andamento, sendo o acesso assegurado a partir da edição do ato ou
decisão correspondente. por sua vez, cabe ressaltar, que sua suspenção
não caracteriza sua conclusão e encerramento.

5. A imposição do sigilo em documentos públicos, que interessam à


Comissão Parlamentar de Inquérito, à imprensa e, de maneira geral, à sociedade
como um todo, configura evidente desvio de finalidade, excesso de poder e abuso
de autoridade.
6. Dada a temporalidade da Comissão Parlamentar de Inquérito e a
necessidade de assegurar os instrumentos necessários ao bom desempenho de
suas funções institucionais, é de extrema urgência e relevância que o Poder
Judiciário imponha sua autoridade, reafirmando o princípio constitucional da
publicidade.

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III. DO DIREITO

III.I. DA LEGITIMIDADE CPI

7. À luz do disposto no § 3º do art. 50 da Constituição de República de


1988 (CRFB/88),

As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de


investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros
previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros,
para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para
que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

8. Nos termos do art. 48 do Regimento Interno do Senado Federal,


compete ao Presidente da Casa “velar pelo respeito às prerrogativas do Senado e
às imunidades dos Senadores”.

9. Mutatis mutandis, a mesma responsabilidade recai sobre os


presidentes das comissões do Senado Federal, incluindo a Comissão Parlamentar
de Inquérito, em relação a seus membros e ao escopo de sua atuação.

10. Ademais, o Relator e o Vice-Presidente do colegiado, ante o papel


preponderante e estratégico que desempenham no inquérito parlamentar, têm
vivo interesse e legitimidade para impugnar o indigitado ato coator.

11. Por esse motivo, embora a CPI não seja dotada de personalidade
jurídica, há de se reconhecer sua personalidade judiciária, como corolário do
preceito fundamental que assegura sua criação como direito da minoria que não
depende da deliberação do Senado Federal ou da maioria para sua criação e

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instalação, mas apenas do cumprimento dos requisitos constitucionais, como, no


caso, foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.

12. A esse respeito, é farta a jurisprudência dos Tribunais Superiores ao


reconhecer a capacidade judiciária dos diferentes órgãos do Poder Legislativo,
para a preservação de suas prerrogativas institucionais em face de investidas
arbitrárias de outros Poderes da República. Nesse sentido o acórdão proferido
pelo STJ no Recurso Especial 1.164.017/PI, de Relatoria do eminente Ministro
Castro Meira:

A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, mas


apenas personalidade judiciária, de modo que só pode demandar em
juízo para defender os seus direitos institucionais, entendidos esses
como aqueles relacionados ao seu funcionamento, autonomia e
independência.
Para se aferir a legitimação ativa dos órgãos legislativos, é necessário
qualificar a pretensão em análise para se concluir se está, ou não,
relacionada a interesses e prerrogativas institucionais. Nessa linha,
todo e qualquer ato, bem assim decisão judicial que importe em
obstruir o exercício das funções constitucionais inerentes ao Poder
Legislativo, autoriza seus órgãos, mesmo sem ter eles personalidade
jurídica própria, a defender-se judicialmente.

13. Há, portanto, legitimidade e interesse da CPI de zelar pelo seu


funcionamento regular e livre, na forma assegurada pela Constituição Federal,
para que possa cumprir com sua missão de investigar ações e omissões no
enfrentamento da pandemia do SARS-CoV-2, que causou a morte de milhares de
brasileiros com grande sofrimento físico e psicológico, mercê da inércia e da
indiferença demonstradas pelo Poder Executivo Federal.

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III.II. DA CONFIGURAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO


TUTELÁVEL POR MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO DE
ACESSO AOS AUTOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE
COMPRA DA COXAVIN. PRINCÍPIO DA PUBLICADE. VEDAÇÃO AO
SIGILO, COMO REGRA.

14. Não foram poucas tampouco esporádicas as oportunidades em que o


Superior Tribunal de Justiça se debruçou sobre o alcance e a dimensão do
princípio constitucional da publicidade e, particularmente, sobre a
excepcionalidade da imposição de sigilo a documentos públicos.

15. No julgamento do Mandado de Segurança 16.179/DF, de Relatoria do


eminente Ministro Ari Pargendler, a Primeira Seção do Superior Tribunal de
Justiça assentou que o princípio constitucional da publicidade serve como
ferramenta de controle social dos atos administrativos:

ADMINISTRATIVO. PASSAPORTE DIPLOMÁTICO.


TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
1. "Todos" - está dito no art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal -
"têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado".
Esse direito individual tem sua contrapartida no dever da
Administração Pública de obedecer aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37, caput),
dela fazendo parte o cidadão mediante o acesso "a registros
administrativos e a informações sobre atos de governo" (art. 37, § 3º,
inc. II).

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A ideia subjacente é a de que a transparência dos atos administrativos


constitui o modo republicano de governo; sujeita a res publica à
visibilidade de todos, o poder se autolimita ou é limitado pelo controle
social, este uma das diretrizes que informaram a Lei nº 12.527, de 18
de novembro de 2011 (editada posteriormente à impetração), a saber:
"Art. 3º - Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a
assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser
executados em conformidade com os princípios básicos da
administração pública e com as seguintes diretrizes: V -
desenvolvimento do controle social da administração pública".
A lei só regulamentou o que já decorria diretamente da norma
constitucional, cuja eficácia é plena desde a data da promulgação da
Constituição Federal.
2. O nome de quem recebe um passaporte diplomático emitido por
interesse público não pode ficar escondido do público. O interesse
público pertence à esfera pública e o que se faz em seu nome está
sujeito ao controle social, não podendo o ato discricionário de emissão
daquele documento ficar restrito ao domínio do círculo do poder. A
noção de interesse público não pode ser linearmente confundida com
"razões de Estado", e, no caso concreto, é incompatível com o segredo
da informação.
Segurança concedida (MS 16.179/DF, Rel. Ministro ARI
PARGENDLER, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe
25/04/2014).

16. Não por outra razão, o art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal
assegura que

todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu


interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas

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aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do


Estado.

17. Esse dispositivo foi regulamentado pela Lei nº 12.527/2011, que


dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no
inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal.

18. No que mais importa para a hipótese dos autos, assegura o art. 3º da
Lei nº 12.527/2011 a “observância da publicidade como preceito geral e do
sigilo como exceção” (inciso I), o “fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública” (inciso IV) e o “desenvolvimento do
controle social da administração pública” (inciso V).

19. A possibilidade de restrição de acesso informações públicas, de


acordo com o art. 23 da Lei nº 12.527/2011, somente se justifica nos casos em
que a divulgação ou acesso irrestrito possam: (i) pôr em risco a defesa e a
soberania nacionais ou a integridade do território nacional; (ii) prejudicar ou pôr
em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou as
que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais; (iii) pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
(iv) oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do
País; (v) prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças
Armadas; (vi) prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens,
instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; (vii) pôr em risco a
segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
familiares; ou (viii) comprometer atividades de inteligência, bem como de

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investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou


repressão de infrações.

20. No caso concreto, os fundamentos utilizados pelo Ministério da Saúde


para negar acesso aos autos do processo administrativo são vazios e genéricos,
como se nota a partir da precária motivação que acompanha o documento
anexo:

O Processo Administrativo nº 29/2021, que versa sobre a aquisição


da vacina COVAXIN, encontra-se suspenso e restrito no
momento, pelo fato de estar em fase ainda preparatória,
impossibilitando no presente momento a divulgação de
documentos ou o processo em questão, até que se finalize as
tratativas, art. 7º, § 3º, da Lei nº 12.527/2011, por ser documento
preparatório, de modo que as informações nele contidas constituem
fundamento de tomada de decisão, podendo sua divulgação prejudicar
o andamento, sendo o acesso assegurado a partir da edição do ato ou
decisão correspondente. por sua vez, cabe ressaltar, que sua suspenção
não caracteriza sua conclusão e encerramento. [Grifo nosso].

21. Basta um rápido passar de olhos para concluir que a motivação


utilizada pelos gestores do Ministério da Saúde não atende aos requisitos
previstos no art. 23 da Lei nº 12.527/2011 para restrição de acesso a documentos
públicos. O que se tem, a rigor, é uma tentativa arbitrária de sonegar
informações públicas que interessam aos órgãos de imprensa e à sociedade
brasileira como um todo.

22. A esse respeito, o art. 28 da Lei nº 12.527/2011 é claro ao dispor que a


imposição de sigilo pressupõe motivação exaustiva, que contenha explicação
detalhada acerca dos motivos que levam a autoridade pública a acreditar

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que a divulgação dos dados pode colocar em risco a segurança da sociedade


ou do Estado.

23. O caso é ainda mais grave, pois, como visto, os documentos reunidos
no processo administrativo de aquisição do imunizante Covaxin são, na visão dos
Senadores da República que compõem a CPI da Pandemia, imprescindíveis
para a apuração de indícios de corrupção, desvios contratuais e malversação
de recursos públicos no âmbito do Ministério da Saúde.

24. Ademais, o ato coator não foi instruído com o imprescindível parecer
da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde, o que implica sua nulidade de
pleno direito.

25. Dessa forma, considerando que a motivação apresentada pelas


autoridades coatoras é vazia e genérica, bem assim que os membros da CPI
necessitam de constante e contínuo acesso aos autos do mencionado processo
administrativo, não resta alternativa senão a provocação do Poder Judiciário
para que, fundamentalmente, tutele os princípios constitucionais da publicidade e
da legalidade e, sobretudo, garanta os meios indispensáveis ao exercício das
relevantes funções institucionais desempenhadas pela Comissão Parlamentar de
Inquérito.

DA IMPERATIVIDADE DA CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR. A


CONVERGÊNCIA DE “FUMUS BONI IURIS” E “PERICULUM IN
MORA.

26. O inc. III do art. 7º da Lei nº 12.016 de 7 de agosto de 2009 determina


a suspensão liminar do coator “quando houver fundamento relevante e do ato
impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida”.

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27. No mesmo sentido, colhe-se da clássica lição de MEIRELLES et al.


que, concorrendo na espécie a relevância dos fundamentos do writ (fumus boni
iuris) e o risco de irreparável dano ao direito do impetrante (periculum in mora),
o Judiciário é obrigado a conceder a medida liminar acauteladora (MEIRELLES,
Hely; WALD, Arnoldo; MENDES, Gilmar Ferreira. Mandado de Segurança e
Ações Constitucionais. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2009, pp. 85-86).

28. No caso dos autos, considerando a presença de indícios veementes de


desvios éticos na compra do imunizante Covaxin, é evidente que a decretação do
sigilo dos autos do processo administrativo representará considerável obstáculo
para o andamento das investigações conduzidas pela Comissão Parlamentar
de Inquérito.

29. É urgentíssima a expedição imediata de ordem mandamental de


natureza cautelar que, diante da conduta ilegal e abusiva da autoridade coatora,
determine a suspensão do ato administrativo que decretou o sigilo dos
documentos que compõem o processo administrativo no qual ocorreu a
compra do imunizante indiano Covaxin.

30. Esses prejuízos são potencializados pela temporalidade da Comissão


Parlamentar de Inquérito (prazo certo de funcionamento) e pela necessidade de
garantir os instrumentos necessários para que o órgão desempenhe a contento a
suas funções. Assim, é de extrema urgência e relevância que o Poder Judiciário
recomponha a legalidade, em homenagem ao princípio constitucional da
publicidade.

31. É o que se pede na melhor forma do direito.

VI – DOS PEDIDOS

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32. Em face de todo o exposto, os impetrantes requerem a concessão de


liminar, inaudita altera parte, para suspender o ato administrativo que decretou o
sigilo do processo administrativo que culminou na compra do imunizante indiano
Covaxin, possibilitando amplo acesso àqueles autos.

33. Pede-se ainda que seja notificado o Ministério da Saúde para,


querendo, apresentar informações no prazo legal; a Advocacia-Geral da União,
para se manifestar em nome da União, nos termos do art. 6º e 7º, II, da Lei nº
12.016/2009, c/c art. 131 da Constituição Federal; e o Ministério Público Federal,
para que atue nos autos como fiscal da lei;

34. Ao final, pede-se confirmação da liminar e a concessão da segurança,


para cassar definitivamente o ato administrativo que decretou o sigilo do
processo administrativo relativo ao fornecimento do imunizante indiano Covaxin,
possibilitando amplo acesso àqueles autos.

35. Pede-se ainda o cadastramento dos Advogados do Senado Federal


subscritos para que sejam intimados dos atos do processo em representação à
reclamante, sob pena de absoluta nulidade.

36. Atribui-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).

37. Nestes termos, pede-se e aguarda-se deferimento.

Brasília, 11 de agosto de 2021.

(assinatura digital)
RÔMULO GOBBI DO AMARAL
Advogado do Senado Federal
EDVALDO FERNANDES DA Assinado de forma digital por EDVALDO
FERNANDES DA SILVA
SILVA Dados: 2021.08.11 18:29:18 -03'00'
(assinatura digital)
EDVALDO FERNANDES DA SILVA
Advogado do Senado Federal
Coordenador do Núcleo de Processos Judiciais
OAB/DF nº 19.233 / OAB/MG nº 94.500.

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