Você está na página 1de 29

E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun
̀
do Ilé Àṣẹ Ìṣẹnbáyé
E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun
̀
do Ilé Àṣẹ Ìṣẹnbáyé
O e-book "Manual Prático de Orí" pode ser utilizado em
qualquer dispositivo eletrônico que faça a leitura de
arquivos PDF, tanto de forma online quanto offline (desde
que tenha sido baixado no dispositivo). Ele também pode
ser lido de forma física, após ser impresso em papel, tanto
de forma colorida quanto em preto e branco, sem a perda
significativa de suas características visuais e/ou
informações principais.

Faça uma boa leitura! Àṣẹ!

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída
ou transmitida por qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros
métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a prévia autorização por escrito do editor, exceto no caso
de breves citações incluídas em revisões críticas e alguns outros usos não-comerciais permitidos
pela lei de direitos autorais.

Copyright © 2021 • Casa Real EAD e Joana de Souza Leite Silveira Arruda Scritori
E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
ÍNDICE PÁG.

O QUE É O IṢẸṢE L'AGBA E O ẸSÌN ÒRÌṢÀ ÌBÍLẸ? 5

O QUE É ORÍ? 9

A ESCOLHA DO ORÍ 10

ORÍ INÚ E ORÍ ÔDÊ 12

A IMPORTÂNCIA DE ÌWÀ 13

ORÍ E A RELAÇÃO ENTRE AÇÃO,


SENTIMENTO E DIREÇÃO 14

ORÍRÉRÉ E ORÍ BURÚKÚ 15

ORÍ COLETIVO 16

ORÍ E OS PROCESSOS DIVINATÓRIOS 17

OS INIMIGOS DE ORÍ 18

O CULTO A ORÍ 20
- Cuidados Diários 20
- Omí Tútù, a água fresca 22
- Ẹfun Africano 22
- Èmí-èmí (banha de Orí) 23
- Água de Coco Seco 24
- Oyin (Mel) 24
- Ewé Àbámodá (folha da fortuna/folha de ifá) 25
- Orín (Cân cos) 26

RITUAIS LITÚRGICOS PARA ORÍ 27

REFERÊNCIAS 28
E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Àbọrú Àbóyé Àbóṣìṣe

Antes de iniciarmos essa jornada precisamos definir alguns conceitos, a fim


de tonar o entendimento mais firme:

O QUE É O IṢẸṢE L'AGBA? O QUE É O ẸSÌN ÒRÌṢÀ ÌBÍLẸ?


Qual a diferença entre esses dois nomes?

Numa tradução mais próxima, Iṣẹṣe L'agba significa tradição/cultura an ga.


E dentro desse conceito de tradição an ga está o Ẹsìn Òrìṣà Ìbílẹ,̀ que significa
a religiosidade que cultua o Orixá que pisou na Terra.

Portanto, o Ẹsìn Òrìṣà Ìbílẹ̀ faz parte da cultura tradicional iorubá an ga (que
é conhecida como Iṣẹṣe L'agba). Inclusive, muitos na vos (eu não sou na va,
mas me incluo nesse entendimento) não enxergam o Ẹsìn Òrìṣà Ìbílẹ̀ como
uma religião e sim como uma cultura, uma filosofia de vida.

O Ẹsìn Òrìṣà Ìbílẹ̀ nasceu há milênios (alguns estudos apontam,


aproximadamente, 12 mil anos!) e sua terra natal é o sudoeste da Nigéria,
Benin, Togo, uma pequena parte de Gana e Serra Leoa, numa área que é
conhecida hoje como Yorubaland.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 5


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Resumindo, o Ẹsìn Òrìṣà Ìbílẹ̀ cons tui-se de um ensinamento milenar por
meio de prá cas e rituais nas quais se veneram as divindades denominadas
Orixás e que em nada foi influenciado pelas religiões surgidas depois, como
o Cris anismo, o Judaísmo, o Islamismo etc. Inclusive, desde que esteja em
seu des no, qualquer pessoa pode se iniciar em algum dos Orixás
cultuados no Ẹsìn Òrìṣà Ìbílẹ,̀ independente da religião que pra que.

Cada uma dessas divindades (Orixás) possui seu próprio corpo sacerdotal,
que através das comunidades e famílias preservam os seus cultos. Assim, há
tradições e famílias inteiras que cultuam somente Ọrúnmìlà (Ifá) ou Ṣàngó ou
Yemọja ou Ọya ou Ọbàtálá e assim por diante. E é importante destacar que,
em sua grande maioria, quando uma pessoa de determinada família de Orixá
precisa se iniciar para outro Orixá, que esteja fora do seu culto familiar, ela
chama o corpo sacerdotal da família do Orixá a ser iniciado, numa perfeita
sociedade colabora va.

Desta feita, podemos afirmar que a Religiosidade Tradicional Iorubá não é um


culto homogêneo. É um culto absolutamente heterogêneo porque isso faz
parte da própria força cultural daquele local.

A importância conferida ao poder mís co da palavra é uma das


caracterís cas principais do povo iorubá, pois trata-se de uma tradição
milenar, transmi da por meio de ensinamentos primordialmente orais.
Ademais, a prá ca é regional e familiar e, portanto, é possível encontrar
entendimentos diversos sobre o mesmo tema, sobre a forma de cultuar
Orixá, a forma de cultuar Orí, sobre a definição de prá cas ritualís cas, pois,
ressalte-se, tudo pode variar de família para família, de vizinhança para
vizinhança, de cidade para cidade e por aí vai.

A fim de entender a complexidade desse quadro basta imaginarmos um


grande telefone sem fio, cujas informações são transmi das (oralmente,
lógico) através de milhares de anos, por outras milhares de pessoas.
Portanto, impossível que as prá cas religiosas e culturais sejam idên cas. Em
algumas localidades, podem ser similares e em outras totalmente
colidentes!

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 6


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
O conselho: Descolonize o seu pensamento!

Há um ensinamento em Ifá que se traduz da seguinte forma: “Owe n'ifa npa


ọlọgbọn ní ngbọ ọmọran ní ǹmọ”, ou seja, “Quem tem ouvido dócil escuta e
quem tem sabedoria entende e aplica”.

O pensamento cristão se baseia (de forma muito resumida e muito rasa) em


culpa e absolvição. Já nascemos nos sen ndo culpados pela morte do
Salvador e vivemos a nossa vida tentando nos moldar a uma moral religiosa, a
fim de obtermos o famigerado perdão final.

Tal ideologia, a meu ver, se baseia num Deus puni vo, cuja personalidade
tem traços latentes de rania. Não é assim que eu consigo enxergar Deus e foi
assim que eu consegui compreender a magnitude da religiosidade iorubá.

Dentro da filosofia Iorubá, Olódùmarè (Deus) não é intervencionista. Ele


criou os humanos e nos deixou aqui para sermos “administrados” (por assim
dizer) pelos Orixás. Seguindo esse pensamento, Deus não interfere em
nossas escolhas, Deus não fica esperando um erro nosso, para que sejamos
punidos por todos os erros que a humanidade vem cometendo ao longo de
sua criação.

Para o povo iorubá, existe a necessidade sobre o entendimento de quem


somos. Afinal, para saber quem somos nós, é imperioso que saibamos a
totalidade da qual fazemos parte. Assim, nesse pensamento, cada um de nós
é uma parte do Criador e, quando tudo está conectado, esse todo é
Olódùmarè.

Assim sendo, se nós fazemos parte dessa totalidade, quando estamos


conectados, viramos a totalidade em si, que pode ser definida como
Olódùmarè.

Olódùmarè fala através de nós, Olódùmarè fala através dos Orixás,


Olódùmarè fala através da própria Natureza (que também é representa va
dos Orixás).

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 7


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Ainda em referência a Olódùmarè, a tradução é Ol'oní (senhor de) òdù (muito
grande) màrè (aquele que sempre é).

Nessa totalidade divina residem todas as coisas e é importante entender que


em todas as coisas estão con das também a luz, a sombra, a morte e a vida.

Olódùmarè não é bondoso. E, também, não é maldoso. Deus é equilíbrio. É


ordem e desordem. E assim também somos nós: ordem e desordem, bem e
mal, posi vo e nega vo. Qualquer um dos lados em excesso está fora da
ordem, ou seja, em desequilíbrio.

E não há que se falar, ainda, em julgamento final. Dentro do pensamento


iorubá não existe o julgamento depois. Nossas reações e nosso julgamento
são imediatos: A lei do retorno é implacável.

E qual seria o critério de como saber se estamos, efe vamente, agindo de


acordo com esse equilíbrio? Como saber se estamos agindo dentro da é ca?
A resposta é simples: pergunte-se que se o que você está fazendo gostaria
que fosse feito com você, na mesma proporção? E isso serve para as relações
interpessoais e com a natureza. As suas ações ou suas omissões impactam
direta e indiretamente absolutamente tudo ao seu redor.

Não se esqueça nunca: Você é parte do todo e o que você faz ao


todo impacta diretamente em você!

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 8


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
O QUE É ORÍ?
Já que compreendemos o pensamento iorubá sobre Olódùmarè (Deus), é
preciso entender o conceito de Orí. Mas afinal, o que é Orí?

Orí tem uso e sen do amplo dentro da concepção iorubá. No significado


literal, Orí quer dizer cabeça. Num significado mais profundo, Orí é o ápice de
todas as coisas. Podemos dizer, sim, que absolutamente tudo na Natureza
tem Orí, através de formas específicas de consciência.

Orí é a nossa divindade individual, é a nossa existência. Orí é a


predes nação individual de cada um. É a única divindade que nos
acompanha desde o momento em que chegamos na Terra. Orí é a divindade
que determina o que cada um de nós somos e seremos. Orí é a grande mola
propulsora da nossa existência.

Orí é a fonte da nossa sorte, a fonte de nossa prosperidade, a fonte da


riqueza, a fonte da vitória.

Kò sí Òrìṣà í ń dáá níí gbèé lẹyìn Orí ẹni ii


(“Não há Orixá que possa apoiar o homem sem o consen mento do seu
Orí”).

Nada acontece na nossa vida, seja bom ou seja ruim, se Orí não permi r. A
força de Orí é tão imensa que nenhum Orixá (nem o próprio Olódùmarè)
pode abençoar Orí se Orí não quiser. Orí, na qualidade de divindade pessoal,
é mais importante do que qualquer Orixá na existência de uma pessoa.

Não é necessário se iniciar em qualquer Orixá para cultuar Orí. Não é


necessário sequer seguir a religião dos Orixás para cultuar Orí.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 9


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
A ESCOLHA DO ORÍ
Ọbàtálá molda os corpos de todos os seres humanos. Após ter o corpo
moldado, Olódùmarè realiza o sopro vital em nosso corpo, através do emi.
Quando está finalizada a forma humana, vamos à casa de Àjàlá Alamo Ìpín
para que ocorra a escolha de nosso Orí.

Àjàlá é o artesão responsável por moldar todas as cabeças. Àjàlá é aquele


com a incumbência de dar forma a todas as cabeças. Nem sempre Àjàlá
acerta na confecção de suas obras e, por isso, podemos entender o fato de
que nem todos os Orís são iguais ou perfeitos.

Na escolha das cabeças encontramos Ìpín (des no). Esse fragmento divino
que escolhemos na casa de Àjàlá é trazido com Orí.

Não existe des no bom ou ruim. Será Orí quem irá determinar se o
des no será um bom des no.

Orí é a base de informação sobre todos os detalhes do des no, sobre tudo o
que será vivido desde a concepção até a morte. Contudo, Orí não é uma
sentença inalterável do des no.

Aprender sobre Orí é aprender sobre nossa própria existência, sobre a


capacidade de superarmos situações e adquirirmos autoconhecimento para
discernir sobre qual o melhor caminho a seguir.

Quando viemos para a Terra, chegamos aqui com nosso des no escolhido
por Orí. Contudo, fatores como a hereditariedade, ambiente, família, caráter
(ou a ausência dele) e com as nossas a tudes, podemos seguir em direções
contrárias ao nosso Orí.

Evidente que algumas questões são intocáveis (como a data de nosso


nascimento e a morte) e outras partes da predes nação que podem ser
melhoradas. Inclusive, também, podem ser pioradas. Tudo depende do Orí
de cada um.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 10


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
O caminho do Orí pode ser descoberto e revelado através de Ifá. A maior
importância em se cultuar Orí é escutarmos a importância de nossas vidas.
O obje vo de venerarmos o nosso Orí é sabermos o que viemos fazer na
Terra.

Afinal, tudo o que queremos fazer pode não ser favorável à nossa vida.

Inclusive, a escolha do bom des no por Orí ressalta, obrigatoriamente, a


necessidade de muito trabalho e muito esforço para a materialização de todo
esse sucesso.

Orí é quem dá origem às existências sicas. É ele quem determina o aspecto


sico, duração da vida na terra, ocorrências de sucesso e, inclusive, é o
próprio Orí quem determina quais Orixás serão cultuados.

Podemos considerar Orí como sendo a carga espiritual, mental, emocional e


material na vida do ser humano. Dele vem a felicidade, a tristeza, o
contentamento, a irritação, a disposição e o cansaço, ou seja, Orí nos dá tudo
de bom e tudo de ruim.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 11


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
ORÍ INÚ E ORÍ ÔDÊ
Orí Inú é a nossa cabeça interna e pode ser classificado, muito su lmente,
como a nossa iden dade espiritual. É em Orí Inú que está gravado o Ìpín, o
des no individual de cada um de nós.

Orí Òdẹ (ôdê) pode ser representado por nossa cabeça sica e é a base da
personalidade/iden dade de cada um. Orí Òde é o nosso comportamento,
nossas emoções, nossas influências internas e externas. A influência de Orí
Òde é tamanha que pode chegar a neutralizar ou mesmo anular Orí Inú.

Existe, portanto, a necessidade entre manter Orí Inú e Orí Òde sempre em
equilíbrio, a fim de manter a predes nação e nossa iden dade social no
mesmo patamar. Precisamos manter o equilíbrio entre a nossa vida
co diana e a nossa porção divina.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 12


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
A IMPORTÂNCIA DE ÌWÀ
Para que Orí funcione corretamente, depende de ìwà, que é o caráter do
indivíduo. E falar em caráter não é uma questão moral, é uma questão de
estratégia de vida.

O bom comportamento ajuda a atrair coisas boas. Ìwà faz com que a sorte se
manifeste, mas não impõe a aceitação, que só acontece com o caráter.

ÌWÀ É A MATERIALIZAÇÃO DO AXÉ DO ORÍ

O grande adversário que qualquer um pode ter é justamente o caráter. Uma


pessoa que tem sorte, não pode esquecer que sua sorte tem que ser aceita e
ela só será aceita se houver ìwà, ou seja, bom comportamento.

Pessoas dotadas de ìwà réré (bom caráter) têm a tudes relevantes e


demonstram possuir bom caráter. Esse po de pessoa, onde quer que esteja,
favorece a união, dificulta processos de ruptura e na sua volta há ocorrências
favoráveis e felizes.

Por sua vez, pessoas dotadas de ìwà burúkú (mau caráter) manifestam
a tudes irreverentes, irresponsáveis, impacientes e são considerados
indivíduos de mau caráter e personalidade perturbada. Esse po de pessoa,
onde quer que esteja, favorece a ruptura, a desunião e a intriga.

Quem tem bom Ìwà terá sorte, ou seja, a tudes e comportamentos, como
expressões da personalidade e do caráter cons tuem os principais fatores
de atração da fortuna, trazendo sorte, de maneira aparentemente mágica,
para as pessoas dotadas de ìwà réré.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 13


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
ORÍ E A RELAÇÃO ENTRE AÇÃO,
SENTIMENTO E DIREÇÃO
Uma questão que devemos enfa zar sempre é: um bom Orí, um bom
des no, a religiosidade do culto a Orí, pra cada com devoção e os bons
comportamentos (a tudes, caráter, paciência, empa a etc.) não são
suficientes para concre zar todas as potencialidades e o sucesso de Orí.

Podemos dizer que Orí tem uma relação muito ín ma entre o coração, as
mãos e os pés.

O coração é o elemento mais importante da cons tuição sica humana, na


condição de agente da alma. Em nosso coração contém uma infinidade de
sen mentos, percepções, devoção espiritual.

As mãos simbolizam a materialização das ações que são determinadas por


Orí. E precisamos sincronizar o axé de nossas mãos com nosso Orí, para que
nunca haja falta de sincronia entre o predes no e nossas a tudes.

Os pés possibilitam a direção, o movimento que conduz aos obje vos


perseguidos por Orí, a fim de viabilizar o des no. Os pés permitem a
locomoção na direção correta para a concre zação do des no. Inclusive, a
função dos pés, espiritualmente falando, é tão profunda que ele é propiciado
juntamente com Orí em alguns rituais.

Em outras palavras, devoção não basta para que você tenha um bom Orí. É
necessário que suas a tudes e seu pensar estejam alinhados com os seus
gestos e a sua locomoção.

Não existe fórmula mágica. Não basta rezar e querer, você também
precisa agir.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 14


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
ORÍRÉRÉ E ORÍ BURÚKÚ
Cada Orí pode ser réré ou burúkú.

Oríréré significa o bom Orí e Oloríréré designa o “dono do bom Orí”, aquele
que se comporta bem. As pessoas que possuem bom comportamento, boa
postura e boas a tudes são pessoas dotadas de boa sorte/boa vida.

Ao contrário, o Orí Burúkú ou Olorí burúkú é aquele que não tem sorte, é a
pessoa para quem nada dá certo na vida. Uma vida sem sen do, sem diretriz
nem rumo, carregada de sofrimentos, carente de prá cas de virtudes, é
indica va da ausência de Oríréré.

O Oríréré (bom Orí) é man do e fortalecido através do bom caráter (ìwà


pele). Aquele que possui ìwà burúkú (mau caráter) pode estragar as próprias
oportunidades de sucesso e progresso em virtude de ações incorretas.
Pessoas afortunadas e que não adotam o bom caráter terminam por perder
sua sorte original.

Cada indivíduo deve iden ficar e reconhecer os erros que comete, buscar
formas de não os cometer mais e ainda providenciar recursos para sanar os
efeitos de erros passados. Podemos até nos arrepender de atos come dos
no passado, mas o arrependimento não isenta de assumir no presente as
consequências desses atos.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 15


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
ORÍ COLETIVO
Conforme já dissemos, tudo o que existe na Natureza tem o seu próprio Orí.
Cada um de nós tem o Orí individual e, também, há o Orí cole vo.

As nossas relações interpessoais formam um Orí cole vo e isso implica no


fato de que cada grupo, cada família, cada sociedade, cada comunidade tem
o seu próprio Orí.

Assim como acontece com o Orí individual, o Orí de um grupo é o que vai
determinar o des no desse grupo. Podemos entender, então, que o encontro
de Orís em um cole vo qualquer é sempre pré-determinado, ou seja, os Orís
se encontram para produzir um impacto espiritual.

Vale lembrar que a influência do Orí cole vo pode impactar beneficamente


no seu des no individual. Contudo, ele também pode impactar de forma
nega va no seu caminho e isso precisa ser observado com muita cautela.

Precisamos uns dos outros. Somos todos interligados a partes de um todo. As


sociedades tradicionais Iorubá nos ensinam que a colaboração, o
compromisso com a cole vidade e a solidariedade só fazem mul plicar o axé
em nossa existência. O acolhimento e a empa a nos fazem mais fortes.

A nossa existência deve ser celebrada, em primeiro lugar, por nós mesmos. E,
imediatamente, em seguida, devemos enxergar que fazemos parte de um Orí
cole vo feito de micro e macrorrelações, que dão sen do a tudo isso.

Orí é um exercício diário de autodeterminação e, também, de


autorresponsabilização. É importante termos em mente que nossas ações
(ou omissões) a ngem diretamente o Orí cole vo ao qual pertencemos (e
vice-versa).

Já diz o ditado Iorubá: “Tí Orí kàn bá sunwon á rán´gba” (“Se uma cabeça é
abençoada impactará posi vamente duas centenas de outras”).

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 16


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
ORÍ E OS PROCESSOS DIVINATÓRIOS
O significado literal da palavra Orixá, em Iorubá é a escolha do Orí. Isso
significa que Orí é o maior de todos os Orixás.

Todos os Orixás foram precedidos por seus próprios Orís. Todos os Orixás,
sem exceção, foram e são o que são graças ao Orí de cada um deles.

Vale dizer que Orí é tão relevante que orienta todos os processos oraculares
dentro de Ifá, pois por meio dessa consulta oracular é que temos a
possibilidade de alinhar nossa vida com nosso des no pessoal e cole vo.

É pela consulta oracular que se acessa o conhecimento dos caminhos a serem


trilhados e de tudo o que é compa vel e incompa vel com o des no da
pessoa.

Ọrúnmìlà, o Orixá do des no e da sabedoria, possui o epíteto de Eleri Ìpín


(testemunha do des no) porque foi o único Orixá que testemunhou a
escolha do des no por Orí.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 17


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
OS INIMIGOS DE ORÍ
Além das batalhas diárias que enfrentamos, é imperioso destacar a
existência de dois fenômenos que atrapalham a materialização do bom
des no e, consequentemente, enfraquecem Orí.

Obviamente, todos os aspectos desse e-book e muitos outros serão tratados


mais profundamente dentro do curso de Orí, mas é importante salientarmos
as questões básicas.

Importante ressaltar que a dualidade faz parte da própria Natureza e da


essência de toda a criação.

Os Ajogún não são uma luta divina contra o mal. Os Ajogún fazem parte da
própria divindade, fazem parte do todo e são instrumentos de equilíbrio para
os seres humanos. Os Ajogún ensinam a humanidade a desenvolver e
aprender virtudes.

O nome Ajogún significa, literalmente, "guerreiros contra o homem" sendo o


nome que se dá ao cole vo de forças nega vas que são lançadas contra a
humanidade, de uma forma geral.

Acredita-se que os Ajogún são em número de 200 + 1. Isso não quer dizer que
sejam 201. O +1 é correspondente a um número infinito, isso quer dizer que a
lista de Ajogún não se resume a 200, podendo ser muito mais. Por outro lado,
entende-se que as divindades da direita são em número de 400 + 1.

Os Ajogún mais conhecidos são 08: ikú (morte), àrùn (doenças), òfò
(prejuízos), ègbà (paralisia), òràn (tribulações), èpè (pragas), èwòn (prisão)
e èse (as perdas de uma forma geral).

Sobre Elénìní podemos afirmar que sua função primordial é frustrar todas as
(boas) intenções de nosso Orí. Elénìní testa a nossa determinação e o nosso
caráter, conduzindo diretamente a uma derrota inevitável.

Há uma crença de que Elénìní foi testemunha de todo o nosso des no e,

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 18


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
portanto, devemos ofertá-la sempre antes de virmos à Terra, sob pena de
sermos atacados pelo infortúnio durante toda a nossa vida.

Uma coisa importan ssima para salientar é que vencemos os nossos


inimigos espirituais derrotando as nossas próprias fraquezas.

É uma batalha árdua, diária e constante.

Salientamos que essas questões de Ajogún ou Elénìní não devem ser


consideradas, sob nenhum aspecto, como elementos cristãos ou
comparadas ao demônio (lembre-se da nossa fala inicial sobre a
descolonização de pensamento religioso cristão).

Reduzir a religiosidade iorubá às questões de dualidade entre o bem e o mal


e/ou a luta entre Deus e o mal, é reduzi-la em seu aspecto mais profundo: o
fato de que a nossa criação foi baseada nessa dualidade. Ou seja, a existência
do mal é uma fonte de equilíbrio para todos os seres.

A incidência de Ajogún e de Elénìní na vida de qualquer pessoa pode ser


atenuada através do trabalho da própria pessoa sobre o seu íwá (caráter),
através da personalidade, empa a, comportamento e boas ações. Além do
mais, também pode ser atenuada através do cuidado com Orí.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 19


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
O CULTO A ORÍ
É inegável o fato de que Orí também se cansa. Todos esses esforços e lutas
diárias e constantes desgastam a força vital e o axé de Orí.

E um Orí cansado traz desequilíbrio, falta de rumo na vida e desarmonia.

Um Orí distante ou adormecido não favorece e nem apoia, ocasionando um


clico interminável de infortúnios na vida.

A fim de promover a recarga energé ca de Orí, por meio do alinhamento


dentre Orí Inú e Orí Òde, é sempre recomendável a realização de ritual de
Iborí, pelo menos, uma vez ao ano.

Não obstante, o culto permanente, diário e constante a Orí não deve ser
terceirizado a qualquer pessoa senão a si próprio(a/e) pois, quando Orí é
manipulado, espiritualmente falando, através de devoção, reage
imediatamente.

Cuidados Diários com Orí


Gestos bastante simples podem despertar o Orí e fazer com que ele responda
como, por exemplo:

- Todos os dias, pela manhã, tão logo você abra os olhos, acaricie seu Orí,
abrace seu Orí, agradeça a bênção de estar vivo e peça que ele seja sempre
seu melhor amigo, que te livre de todos os seus inimigos, principalmente os
internos;

- Você pode oferecer alguns elementos específicos para Orí, como forma de
culto e agradecimento;

- Em momentos de muito nervosismo, acaricie e agrade seu Orí para acalmá-


lo ou, simplesmente, lave a cabeça com água em temperatura fresca. Caso
não tenha a possibilidade de lavar a cabeça imediatamente, basta colocar um

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 20


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
pouco de água sobre Orí pedindo calma e clareza;

- Cante can gas para seu Orí. A can ga é uma forma de reza altamente eficaz,
seja para louvar Orí, seja para acalmar e apaziguar a raiva;

- U lize-se de elementos que estejam ao seu dispor nos momentos de maior


tensão: água, cân cos, ar puro, mudança de ambiente... faça o que for
necessário, mas não permita que seu descontrole tome conta de qualquer
situação;

- Cul ve o bom caráter, os bons pensamentos, a paciência e a empa a. Esses


são atributos imprescindíveis dentro do culto a Orí.

Inclusive, é bom lembrar que algumas medidas devem ser evitadas, para
que Orí mantenha-se fresco e calmo: não permita que qualquer pessoa
toque o seu Orí, apenas aquelas que você considera muito especiais e de
extrema confiança, pois Orí é um assentamento, Orí é divino e não deve ser
tocado por qualquer pessoa.

Outra dica: Evite tomar sol em horário de pico no Orí, a fim de não o


aquecer. O sol quente ou as altas temperaturas favorecem o desequilíbrio
sico e mental de Orí.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 21


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Elementos que podem ser u lizados nos cuidados diários com Orí:

Omí tútù, a água fresca:

A água fresca, pelo menos dentro da família a


qual pertenço, é considerada uma bênção.
Inclusive, a maior parte dos Orixás aceita a
água como primeira oferenda. Todo o ritual de
O r í ( s e j a d e a g ra d e c i m e nto, s e j a d e
apaziguamento) tem a presença da água.

A água promove a renovação energé ca, a


água traz tranquilidade para os momentos de
instabilidade emocional. A água é responsável por limpar as energias
nega vas do nosso corpo e, também, é um elemento extremamente eficaz
de fortalecimento do Orí, em decorrência de todas as suas propriedades
energé cas.

Podemos usar a água para um dia que seja par cularmente desafiador. Da
mesma forma, podemos usar a água apenas para agradecer as bênçãos.

Você pode se u lizar do elemento água no banho (lembre-se, a água precisa


ser fresca!) ou, no decorrer do dia, molhando um pouco sem necessidade de
molhar a cabeça toda, apenas para o apaziguamento necessário.

Ẹfun Africano:

O Ẹfun é um elemento sagrado dentro da


Religiosidade Tradicional Iorubá e, também,
nas religiões de matriz africana.

O Ẹfun não é a pemba. O Ẹfun é feito de


taba nga (mineral re rado do leito dos rios)
e a pemba é feita de calcário, o que lhes
confere potencialidades diferentes.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 22


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
O Ẹfun é u lizado para a pureza e renovação energé ca. A sua principal
função é abrandar, aliviar, proteger e tranquilizar.

Usamos o Ẹfun para acalmar Orí num dia que esteja par cularmente
desafiador.

Podemos u lizar o Ẹfun passando sobre a cabeça entre a testa e a nuca, num
traço só, bem no meio da cabeça. Outra forma bastante eficaz é ralar um
pouco do Ẹfun e misturar o pó no Omí tútù e ingerir (de uma vez ou ao longo
do dia).

Èmí-èmí (Banha de Orí):

A forma litúrgica e artesanal da banha de Orí


confere a esse elemento uma potencialidade
ímpar.

A banha de Orí serve para nos proteger contra


as energias nega vas, para neutralizar
dificuldades e aflições e promover nossa
harmonia interior.
Uma curiosidade é que a banha de Orí é
confeccionada por mulheres de Gana do Norte, que colhem os frutos no chão
e levam à aldeia cantando. Secam e moem as nozes até que virem óleo,
cantando. Misturam esse óleo com a água até que estejam na textura ideal de
manteiga, sempre cantando. Acredita-se que a banha de Orí tenha magia
con da nela, daí porque seu uso é tão recomendado.

Vale dizer que, inclusive, ela pode ser sacralizada e u lizada em partes do
corpo, que apresentem dores ou contusões.

No tocante à u lização nos rituais diários (ou litúrgicos) de Orí, ela pode ser
passada diretamente no Orí antes de dormir. Pode ser passada no corpo
todo, a fim de fortalecer nosso corpo sico.

Ela pode ser misturada na água com Ẹfun e ingerida (em pouca quan dade,
obviamente).
Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 23
E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Água de Coco Seco:

A água do coco seco confere propriedades de


resistência e apaziguamento. Também confere
proteção a todo mal e procede a quebra de
energias nega vas. Ela acalma Orí em
momentos de tensão, raiva, aflição e medo.

Você deve colocar a água de coco diretamente


no Orí, em temperatura ambiente e sem
misturar com a água do banho.

Você pode par r o coco ao meio ou fazer três furos com uma faca pontuda
nos olhos do coco (aquela região é bastante amolecida) e re rar a água por
esses ori cios.
Depois de u lizar a água, você pode consumir a polpa do côco da forma que
achar melhor.
Um aviso importan ssimo: água de coco em caixinha não vale, ok?

Oyin (Mel):

Os elementos doces, re rados da natureza, têm


enorme importância dentro do culto dos
Orixás, a fim de proporcionar doçura e
apaziguamento em relações espirituais ou na
nossa vida co diana.

O mel de abelha puro (não aquele xarope


misturado com açúcar) traz doçura a nossa vida.
O mel tem propriedades capazes de favorecer o
nosso próprio comportamento, a fim de que não sejamos agressivos,
amargos e impacientes.

O mel tem a capacidade de fazer com que a nossa amabilidade se


sobreponha a nossa amargura perante a vida ou perante os outros.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 24


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Ewé Àbámodá: (folha da fortuna/folha de ifá)

Seu nome cien fico é Bryophyllum calycinum e


é conhecida como “folha da fortuna” ou “folha
de ifá”.

O nome Àbámodá significa: “O que você


deseja, você realiza.”

A sua função litúrgica é muito abrangente,


porém, no culto a Orí ela é usada para acalmar,
dar prosperidade e abundância.
Vale lembrar que toda folha tem seu Ofo (encantamento) específico. Mas, ao
re rar a ewé àbámodá, você deve pedir licença a Òsanyìn, humildemente,
pedir aquilo que deseja ao seu Orí: “Que aquela folha acalme, que lhe dê
paciência, que lhe dê tranquilidade ou o que mais lhe falar o coração.”

Uma dica valiosa é dormir com a folha entre o travesseiro e a fronha.


Você pode, inclusive, passar a folha por seu Orí, acariciando-o e pedindo tudo
aquilo que você deseja.
E, também, você pode quinar a folha com água e fazer um banho para Orí,
através da u lização de todos os elementos acima citados (água, água de
coco, banha de Orí, mel e folha de ifá) para fazer um excelente banho para
Orí, com conhecimento das propriedades de todos os elementos u lizados.

Orín (Cân cos):

As can gas são fontes importan ssimas de fortalecimento de axé pessoal.


Através da voz, do som, somos levados a uma conexão invisível, espiritual,
oportunidade na qual abrimos nossa consciência para que seja despertado
em nós tudo aquilo que deveríamos ser.

A boca e os sons que dela saem simbolizam os caminhos do axé que


percorrem o nosso corpo e a nossa espiritualidade: seja de dentro para fora,
seja de fora para dentro.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 25


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Os Iorubás buscam a felicidade no presente. A felicidade, para o povo Iorubá
é ser forte e ser forte é estar dotado de axé. E, do axé, dependem a fer lidade,
a prosperidade e a longevidade (que são condições da felicidade).

E uma das manifestações para atrair axé para vida é cantando!


Portanto, uma das maneiras de expressar a felicidade e louvar Orí é através
de can gas, que tanto podem nos ajudar a superar as dificuldades quanto
melhorar nossas vidas.

Orín (Cân cos): (Faça o download dessas can gas em áudio junto com o e-book)
Orí mi má tàn mí je̩ Meu Orí não me engana
Èlẹ̀
̩ dá mi mà tàn mi je̩ Meu Espírito não me engana
Sebí ìwọ nì mo gbójú lé Porque você é quem eu confio
Àní ìwọ nì mo fèyìn Porque você é o único que me apoia
Ẹlèdá̩ mi mà tàn mí je̩ Meu espírito não me engana

Óórí iire ee Um bom Orí, um bom des no


Oorí rere mí rẹ òòò Meu Orí é de sorte e de riqueza
Óórí iire ee Um bom Orí, um bom des no

Sebí orí ni ǹ o máa sìn o Meu Orí que eu vou cultuar


Ẹlẹda ni n o máa sìn o Meu Espírito que eu vou cultuar
Má jẹ́ n jìyà Não me deixe sofrer
Má je ìyà ó jẹ mi o Não me deixe passar necessidade
Sebí orí ni ń ó máa sìn o Meu Orí que eu vou cultuar

Orí àbíyè Orí que nos traz a sobrevivência e a superação


Ẹni orí bá gb'ẹbọ rẹẹ̀ Aquele cujo ebó for aceito por seu Orí
Kó óó yọ̀ sẹ̀ n sẹ̀ n Terá mo vos para se alegrar

Ṣebí Orí loniro ẹní o É o Orí da pessoa que a apóia


Ṣebí Orí loniro ẹní É o Orí da pessoa que a apóia
Ẹnìkan o lẹ dání ro óo O de outra pessoa não
Ẹnìkan o lẹ dání ro óo O de outra pessoa não

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 26


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
RITUAIS LITÚRGICOS PARA ORÍ
Além do culto diário, que é um excelente “despertador” do axé de Orí e,
também, um mantenedor do ire (posi vo) em sua vida, há liturgias
específicas realizadas por sacerdotes/isas/ises com a finalidade de que Orí
volte ao equilíbrio, se apazigue e tenha carga energé ca suficiente para
enfrentar os desafios diários.

Seja o ritual de Orí Bíbó (alimentar Orí), seja o ritual de Iborí (devoção a Orí
mediante ritualís ca específica), podem gerar energia favorável a todas as
mudanças necessárias, porém, estas terão efeito breve caso não haja um
compromisso real de transformação pessoal e muita disciplina, com a
finalidade de promover as alterações de a tude e de conduta.

Tanto o Orí Bíbó quanto o Iborí são cultos de fortalecimento da cabeça de


cada um, a fim de criar capacidade emocional, mental, espiritual e intui va
para que haja possibilidade de enxergar a própria vida e equalizar tudo o
que precisa ser feito e quando precisa ser feito.

O ritual de Iborí, por ser mais completo, restaura e promove o alinhamento


entre Orí Inú e Orí Òde, sendo sugerido que tal ritual seja feito, no mínimo,
uma vez por ano.

Existe uma necessidade imperiosa de ampliação das consciências


individuais, de desenvolvimento pessoal, de busca de autoconhecimento e
de aprimoramento das virtudes. A ampliação da consciência propicia
serenidade, confiança, bem-estar e melhor qualidade de vida em todos os
seus aspectos.

A Religião Tradicional Iorubá compar lha com outras religiões o obje vo de


es mular nas pessoas o desejo de serem melhores a cada dia: mais
solidárias, mais bondosas, mais pacientes, mais tolerantes, mais amáveis,
enfim, mais capazes de manifestar a nobreza de seus Orís e de par cipar de
um projeto cole vo de vida de boa qualidade.

Todos os aspectos abordados aqui estão de forma resumida, a fim de se

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 27


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
tornar um guia simples e prá co de consulta para questões diárias a Orí.

Para um conhecimento mais completo de todas as questões que envolvem o


culto a Orí, sugerimos que faça o curso completo "OFICINA DE ORÍ", do qual
esse e-book faz parte.

Ìgbádùn rẹpẹtẹ! (Alegria abundante)

REFERÊNCIAS
(Fontes impressas e virtuais)

SÀLÁMÌ, Síkírù – Exu e a Ordem do Universo


SÀLÁMÌ, Síkírù – Ogun, Dor e Júbilo nos Rituais de Morte
FATUNMBI, Awo Fa´lokun - Orí
JAGUN, Márcio de – Orí: A Cabeça como Divindade
FATJON KOSTA – Orí
ABÍMBÓLÁ, Wande – Ifá: An Exposi on of Ifá Literary Corpus
BASCOM, William – Ifá Divina on: Communica on Between God and Men in West Africa
ABÍMBÓLÁ, Kola – Yoruba Culture, A Philosophical Account
FATUNMBI, Awo Fa´lokun – Iwa Pele (The Metaphysical Founda ons of Ifa Book)
OGUNADE, Raymond – Ori: Yoruba Personality Guide
ABIMBOLA, Wande – A Concepção Iorubá da Personalidade Humana

QUEM É ÌYÁLÒRÌṢÀ IFÁṢEUN

Joana Arruda foi iniciada para Ọrúnmìlà pela família


Odùduwà, de Bàbá King e atualmente pertencente ao clã
Ìyówùú, da cidade de Ọyọ (Estado de Ọyọ)/Nigeria, onde
cumpriu suas obrigações sacerdotais.

Ifáṣeun, como prefere ser chamada, é Sacerdo sa a frente


̀
do Ilé Àṣẹ Ìṣẹnbáyé, templo de Religiosidade e Cultura
Tradicional Iorubá, situado na cidade de Itu/SP.

Ifáṣeun é casada, é mãe de dois filhos e advogada.

Manual Prático de Orí por Ìyálòrìṣà Ifáṣeun 28


E-BOOK

MANUAL
PRÁTICO
DE ORÍ
Ficha Técnica
Realização:
Estudar em Casa Real EAD
Direção de Conteúdo:
Ìyálòrìṣà Ifáṣeun Sówùnmí Ìyówùú
Direção de Criação e Design:
Daniel Cattaruzzi, inspirado nos originais de Buh Caviquini
Produção, Diagramação e Montagem:
Daniel Cattaruzzi
Revisão:
Stella Regina Azevedo Alves dos Anjos

SIGA-NOS EM NOSSAS
REDES SOCIAIS

@temploisenbaye @casareal777

/casareal777

/casarealjorgescritori

Você também pode gostar