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INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
5 GOVERNANÇA ............................................................................... 14
Prezado aluno!
Bons estudos!
1 CONCEITOS BÁSICOS
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2 NOÇÕES BÁSICAS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fonte: genjuridico.com.br
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3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
Fonte: www.todapolitica.com
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São entes da administração direta a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios e seus respectivos órgãos (OLIVEIRA, 2018, livro eletrônico), todos
dotados de autonomia política e administrativa, e da administração indireta as
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista. A distinção entre administração indireta tem amparo constitucional
(art. 37, caput, CR-88) e legal (art. 4o, DL nº 200/67).
O exercício eficiente da função administrativa, que compreende a prestação
de serviços públicos, a fiscalização de atividades privadas e a execução de obras
públicas (CARVALHO, 2017, p. 159-160), pode ser realizado de duas formas:
diretamente pelos entes políticos a que competem (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), que o fazem através de seus órgãos e agentes, ou indiretamente,
mediante a criação e delegação de atribuições a pessoas responsáveis pelo
desempenho das atividades que, fica claro, competiriam aos entes federativos. No
primeiro caso, tem-se o fenômeno da centralização ou prestação centralizada de
serviços e, no último, a descentralização ou prestação descentralizada dos serviços.
Administração Direta
Administração Indireta
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e técnicas. São as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e as
sociedades de economia mista.
Constituída de entidades com personalidade jurídica e compreende as
empresas públicas e as sociedades de economia mista, que integram a Administração
por relação de vinculação e cooperação, como: as Autarquias, Fundações Públicas, e
Sociedade de Economia Mista. Suas características: personalidade jurídica; criação
autorizada por Lei; patrimônio próprio; capacidade de autoadministração ou
autonomia própria; sujeitos ao controle pelo Estado; não tem liberdade para
modificação ou fixação de seus próprios fins; e, tem auto-gestão financeira, etc
(MARQUES, 2013).
Governar, de acordo com Nogueira (2001, p. 99) significa “deter uma posição
de força a partir da qual seja possível desempenhar uma função imediatamente
associada ao poder de decidir e implementar decisões ou, ainda, de comandar e
mandar nas pessoas”. Nessa perspectiva os conceitos governabilidade e governança
se colocam indissociáveis, pois “mantêm entre si uma relação muito forte, sendo
complementares, em seu vínculo instável, dinâmico e indissolúvel” (ARAÚJO, 2002,
p. 6).
Conforme elucida Silva (2017), a Governabilidade se refere à capacidade
política de governar, que deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu governo
com a sociedade. Está presente quando a população legitima o exercício do poder
pelo Estado. A legitimidade, nesse contexto, deve ser entendida como a aceitação do
poder do Governo ou do Estado pela sociedade. Araújo (2002, p. 6) comenta que:
Modelo Patrimonialista
Até 1930 predominou no Brasil o modelo Patrimonialista. Neste modelo, os
governantes consideram o Estado seu patrimônio, dispondo dos bens públicos como
sendo de sua propriedade. Conforme Paludo (2012), mesmo de forma desorganizada,
o patrimonialismo foi o primeiro modelo de administração do Estado. Neste modelo
administrativo não havia distinção entre a administração de bens públicos e bens
particulares: “tudo que existia nos limites territoriais de seu “reinado” era tido como
domínio do soberano, que podia utilizar livremente os bens sem qualquer prestação
de contas à sociedade” (PALUDO, 2012, p. 50). Por sua vez, Junquilho (2010) pontua
como principais características do modelo Patrimonialista a arbitrariedade nas ações
do "Soberano", a confiança e obediência de seus servidores, a fidelidade das forças
militares e a pessoalidade enraizada nas ações administrativas.
Fonte: olaamigos.com.br
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Modelo Burocrático
Fonte: sites.google.com/site/uttcrissty/burocracia
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[...] trouxe novos conceitos à Administração Pública: a separação entre a
coisa pública e a privada, regras legais e operacionais previamente definidas,
reestruturação e reorientação da administração para atender ao crescimento
das demandas sociais e aos papéis econômicos da sociedade da época,
juntamente com o conceito de racionalidade e eficiência administrativa no
atendimento às demandas da sociedade. (PALUDO, 2012, p. 56).
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Modelo Gerencial
Fonte: www.luperciohilsdorf.com.br
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prover bens públicos e semipúblicos, que cabe ao Estado diretamente produzir ou
indiretamente financiar” (2006, p. 27). A Administração Pública Gerencial “nasce como
um novo modelo de administração, em que se prima pela qualidade do serviço público,
profissionalizando e aperfeiçoando continuamente seus servidores” (BARBOSA,
2012, p. 6).
Chaves e Silva (2010, p. 3) explicam que a Administração Pública Gerencial
5 GOVERNANÇA
Fonte: www.serpro.gov.br
Silva (2017), explica que, “ a governança por sua vez, refere-se à capacidade
administrativa e financeira do Estado, ganhando aplicabilidade por parte dos agentes
públicos que possibilitam a formulação e implementação das políticas públicas
determinadas, dando vida às ações do Estado na relação com a sociedade civil e o
mercado”. Na iniciativa privada a governança corporativa representa o modo como as
organizações são administradas e controladas, e como interagem com as partes
interessadas. “Inclui políticas, regulamentos/instruções, processos, estratégia e
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cultura, e orienta-se pelos princípios da transparência, equidade, responsabilidade por
resultados, cumprimento das normas e accountability” (PALUDO, 2012, p. 138).
Bento (2003, p. 85), argumenta que a governança diz respeito "[...] aos pré-
requisitos institucionais para a otimização do desempenho administrativo, isto é, o
conjunto dos instrumentos técnicos de gestão que assegure a eficiência e a
democratização das políticas públicas”. Nesse sentido, é o braço operacional da
governabilidade e deve ser entendida como um instrumento de governabilidade
(ARAÚJO, 2002).
Segundo Junquilho (2010), governança pública, pode ser compreendida como
a capacidade de governar, capacidade de decidir e implementar políticas públicas que
atendam às necessidades da população. A governança pode ser considerada um elo
entre os interesses do mercado e da sociedade civil, ao passo que a governabilidade
inclui a participação do mercado e da sociedade civil nas decisões, o que dificulta
ainda mais a distinção dos termos governança versus governabilidade (PALUDO,
2012).
Para Secchi (2009), a participação dos cidadãos é um objetivo a ser alcançado,
sendo que o cidadão se torna um parceiro da "nova governança pública", uma vez
que a sociedade passa a colaborar com o Estado no alcance de objetivos coletivos
que visem o bem comum de determinada comunidade.
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5.2 Governança Corporativa
6 CIÊNCIA POLÍTICA
Para Souza (2006), não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que
seja política pública. Pode-se resumir política pública como o campo do conhecimento
que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação e,
quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (SOUZA,
2006).
O conceito de políticas públicas não está isento de controvérsias que revelam
visões de mundo diferenciadas e, em alguns casos, opostas. A política pública pode
ser compreendida como um campo de investigação que nasce da ciência política,
como seriam as investigações em torno do estudo de governos, administração
pública, relações internacionais e comportamento político (MELAZZO, 2010).
Dias e Matos (2012) esclarecem que de forma sucinta as políticas públicas
tratam da gestão dos problemas e das demandas coletivas através da utilização de
metodologias que identificam as prioridades, racionalizando a aplicação de
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investimentos e utilizando o planejamento como forma de se atingir os objetivos e
metas predefinidos.
Segundo Secchi (2013), qualquer definição de política pública é arbitrária. O
autor afirma que política pública é um conceito abstrato que se materializa por meio
de instrumentos variados (projetos, leis, campanhas publicitárias, esclarecimentos
públicos, decisões judiciais, gasto público direto, contratos formais) e que a forma
mais didática de esclarecer um conceito é utilizar exemplos. Assim, são exemplos de
operacionalizações de políticas públicas nas diversas áreas de intervenção: saúde;
educação; segurança, gestão; meio ambiente; saneamento; habitação; previdência
social etc. (SECCHI, 2013).
O processo de elaboração de políticas públicas também não apresenta
consenso quanto ao número de fases, etapas ou o seu ciclo, consoante as alegações
de Viana (1996), Dias e Matos (2012) e Secchi (2013). Pode-se observar nas
argumentações de Viana (1996), Matos e Dias (2012) e Secchi (2013) que a avaliação
constitui uma das fases (etapas) das políticas públicas e a análise de política pública,
de acordo com Serafim e Dias (2012), constitui um conjunto de elementos que
possibilita um rico olhar explicativo normativo sobre o processo de elaboração de
políticas públicas.
As políticas públicas para Guba e Lincoln (2011), são as ações realizadas,
predominantemente, direta ou indiretamente pelo Estado para atender a demanda dos
diferentes grupos sociais, seja beneficiando alguns ou prejudicando outros. Dias e
Matos (2012) argumentam que o conceito de política pública pressupõe que há uma
área ou domínio da vida que não é privada ou somente individual, mas que existe em
comum com outros. Essa dimensão comum é denominada propriedade pública, não
pertence a ninguém em particular e é controlada pelo governo para propósitos
públicos.
Os destinatários das políticas públicas são os indivíduos, grupos e
organizações para os quais a política pública foi elaborada. Também conhecidos
como policytakers, os destinatários geralmente são rotulados como uma categoria
passiva de atores, ou seja, uma categoria que mais recebe influência do que provoca
no processo de elaboração de políticas públicas (SECCHI, 2013).
Segundo Lima (2012), as políticas públicas representam um conjunto de
decisões e não uma decisão isolada e que existem dois nomes para as mesmas:
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política pública estatal para as políticas cujo ator protagonista seja o Estado e a política
privada de interesse público para as políticas, cujo ator protagonista não seja o estado,
mas tenham o objetivo de enfrentar um problema da sociedade. As políticas públicas
governamentais representam o conjunto organizado de ações e decisões
governamentais, voltadas, em grande parte das vezes, para a solução de problemas
da sociedade.
Fonte: receitas.tce.mg.gov.br
Silva (2009) apud Bezerra Filho (2013, p.5) conceitua o orçamento como o
ramo das ciências das finanças que estuda a lei do orçamento e o conjunto de normas
que se referem à sua preparação, sanção legislativa, execução e controle, ou seja,
considera a fase jurídica de todas as etapas do orçamento. Já sob o aspecto subjetivo,
Silva entende o orçamento como a faculdade adquirida pelo povo de aprovar, a priori,
por seus representantes legitimamente eleitos, os gastos que o Estado realizará
durante o exercício.
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A definição de orçamento público do glossário do Senado Federal (2014) toca
nos instrumentos de planejamento:
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tais atividades. Em termos mais amplos, economia pública, e o termo mais curto,
finanças governamentais, são frequentemente utilizadas.
De acordo com Richard Musgrave (1973, p.23), “finanças públicas é a
terminologia que tem sido tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da
política económica que envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios
públicos”.
A respeito de Finanças Públicas, Miranda (1995, p.32) diz: “o que importa é
erguer a sistemática que serve à lei: é fazê-la fecunda, no seu plano e dentro dos
limites em que tem de ser aplicada. Indispensável, portanto, erigir um conceito de
finanças públicas, haurido de sua própria essência. ”
De acordo com Nunes (1999, p.23) “finanças é um conjunto de recursos
materiais e demais disponibilidades do Estado, provenientes de seus rendimentos e
outras fontes, que ele aplica para fazer funcionar regularmente e aperfeiçoar o seu
organismo económico-administrativo”. Para Martins et al (1988, p.18): “Finanças
Públicas é o género e diz respeito a tudo que pertence às receitas e despesas
públicas”.
É de ressaltar que as finanças públicas, em sentido amplo, compreendem tanto
a arrecadação de impostos, taxas, e outros resultados financeiros quanto à aplicação
dos recursos e os mecanismos de interferência na vida nacional.
Fonte: www.escolavirtual.gov.br
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9 AUDITORIA E CONTROLADORIA GOVERNAMENTAL
Fonte: www.ibccoaching.com.br
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Souza et. al. (2010, p. 4) expõem que “a controladoria governamental pode ser
definida como um órgão incumbido de comandar o sistema de controle interno,
auditoria interna, contabilidade e aperfeiçoar os demais sistemas de controles,
objetivando a busca de resultados”.
Souza et. al. (2010, p. 6) acreditam que “o ‘Controller’ ou Controlador
Governamental é o responsável por comandar a Controladoria Governamental para o
exercício de suas funções, tais como: avaliar a gestão pública; apurar os custos dos
programas, das entidades públicas e apurar o resultado econômico das entidades
públicas”.
Na administração pública brasileira, as auditorias governamentais internas do
Poder Executivo são atribuições da controladoria. De acordo com Slomski (apud
SUZART; MARCELINO; ROCHA, 2009, p. 06), a controladoria, na forma de unidade
administrativa, é o órgão administrativo responsável pela gerência holística do sistema
de informações a fim de dar suporte aos gestores no que diz a respeito à correta
mensuração de resultados. Seja na forma de órgão de um ente da Federação ou na
forma de procedimentos executados por setores ou funcionários, a controladoria se
efetiva no setor público por meio do follow-up dos recursos públicos (SUZART;
MARCELINO; ROCHA, 2009, p. 14).
Todavia, ressalta-se que a função controle não pode ser confundida com
auditoria governamental interna. A auditoria governamental interna fiscaliza o controle
interno da Administração. O controle interno é responsabilidade de todo agente
público e a auditoria governamental interna é responsabilidade de unidades
administrativas governamentais específicas.
O conceito de auditoria governamental preventiva da Declaração de Lima é o
mesmo conceito de procedimento de controle interno de prevenção da Resolução
CFC nº 1.135/2008. A Auditoria Governamental no Brasil é de responsabilidade da
Controladoria Geral da União (CGU), conquanto para o Tribunal de Contas da União
(TCU) prevalece a “Auditoria” como uma tipificação de Fiscalização.
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10 TERCEIRIZAÇÃO E PARCERIAS NO SETOR PÚBLICO
Fonte: www.pontomais.com.br
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licitação, o Estado transfere para empresas privadas, atividades de apoio ou
meramente instrumentais à prestação do serviço público, a fim de que o ente público
possa melhor desempenhar suas competências institucionais (DI PIETRO, 2008;
OLIVEIRA, 2013).
As crises de 1960/70, em especial a Crise do Petróleo de 1973, são o marco
do surgimento da terceirização e de sua expansão como parte de um novo modelo
produtivo que surge com o toyotismo (OLIVEIRA, 2005).
A terceirização chegou ao Brasil com as multinacionais nos idos do primeiro
processo de industrialização promovido na década 1950, tendo sido objeto de
regulamentação pelos Decretos-Leis 1.212 e 1.216 de 1966, Decreto 62.756 de 1968
e Decreto-Lei 1.034 de 1969 (FERRAZ, 2006). No setor público, a terceirização tem
como marco o Decreto-Lei n.º 200/1967, documento em que recebeu a denominação
de “execução indireta dos serviços” (BRASIL, 1967; FERRAZ, 2007).
O objetivo desse decreto era implementar uma ampla reforma administrativa,
adotando como postulados fundamentais a desconcentração e a descentralização das
atividades de execução da Administração Pública Federal mediante sua transferência
para o setor privado, por meio da celebração de contrato. A condição, entretanto, era
que a iniciativa privada estivesse suficientemente desenvolvida e capacitada a
desempenhar tais encargos (SILVA; RIBEIRO, 2017).
Em 1970, foi editada a Lei n.º 5.645, exemplificando alguns encargos de
execução passíveis de terceirização, basicamente os serviços transporte,
conservação, operação de elevadores, limpeza e outras ditas assemelhadas
(DELGADO, 2014). Quatro anos mais tarde, a Lei 6.019/74 autorizou a contratação
do trabalho temporário. Tempos depois, pela Lei n.º 7.102/83, autorizava-se a
terceirização do trabalho de vigilância bancária, primeira possibilidade de terceirização
em caráter permanente para a iniciativa privada (CASSAR, 2014; DELGADO, 2014).
Alguns anos se passaram até que a terceirização novamente recebesse
atenção pelo Estado, o que ocorre mais intensamente na década de 90, com a reforma
gerencial, pela qual a doutrina neoliberal encontra espaço na máquina estatal
brasileira (MOTTA, 2007). Portanto, a terceirização se insere na máquina pública sob
um discurso que propala a necessidade de modernização do Estado, num processo
que visa a aproximação entre os mercados de trabalho público e privado (BRESSER-
PEREIRA, 2005). A Administração Pública passa a se espelhar no setor privado, de
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quem toma emprestados os principais avanços práticos e teóricos, sob justificativa de
substituir a velha administração pública, burocrática e arcaica, por um jeito novo de
administrar, a partir de uma visão gerencial, eficiente e voltada para os resultados
(SILVA; RIBEIRO, 2017).
No setor público, a terceirização é inserida como uma das espécies de
privatização (em sentido amplo) de certas atividades do Estado, que são repassadas
para serem realizadas por um parceiro privado, através da celebração de contrato, e
se transformou em importante ferramenta para a realização das atividades
desenvolvidas pela Administração Pública (DI PIETRO, 2012).
No setor público, a determinação do parceiro se dá na maior parte pelo preço
e não com base nesses fatores, ocorrendo apenas contratação de um mero prestador
de serviços ou fornecedor de bens. Cabe, então, questionar se a terceirização
apresenta resultados favoráveis à Administração Pública como os obtidos pelo setor
privado, que tem como uma de suas premissas a de que “a escolha do parceiro é
fundamental e não deve ter por prioridade a obtenção imediata do menor preço”
(RAMOS, 2001, p.156).
No contexto da Nova Gestão Pública, as parcerias público-privadas surgiram
para suprir uma lacuna deixada pela burocracia (red tape), uma deficiência na entrega
de serviços públicos de qualidade ao cidadão, até então tidos como distante de suas
necessidades. A burocracia, com todo seu rito processual e controle, foi taxada como
a grande culpada pelo crescimento exagerado do Estado. A lógica de “fazer mais com
menos” aproximou o modus operandi do setor privado na prestação de serviços e
atividades de interesse público. Essa demanda movimentou a prática de PPPs
(Parceiras Público Privadas) nos governos ao redor do mundo e num movimento de
mimetismo diversos países tentaram adaptar tais instrumentos de parceria (MELO;
SECCHI, 2012).
Estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico
e da Central Única dos Trabalhadores - DIEESE/CUT (DIEESE/CUT, 2011)
demonstram que a terceirização tem implicado em visível precarização das relações
de trabalho, por meio da redução dos salários e da extrema vulnerabilidade do vínculo
de emprego. O mesmo estudo demonstrou que, em dezembro de 2010, a diferença
entre a remuneração salarial dos trabalhadores terceirizados para os contratados foi
de menos 27,1% para os trabalhadores terceirizados (SILVA; RIBEIRO, 2017).
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11 O PÚBLICO E O PRIVADO NA GESTÃO PÚBLICA
Fonte: www.iped.com.br
É com base no discurso de que o Estado entrou em crise por ter gasto demais
com os serviços sociais, que o Estado brasileiro é reformado na década de 1990. Tal
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reforma provocou mudanças profundas na provisão dos direitos sociais, entre eles a
educação, e também na relação entre o público e o privado (BRAGA, 2013).
O autor acima ainda explica que, desde então, a ideia que se espalhou é que
o setor privado pode oferecer melhor serviços sociais, enquanto o Estado não pode,
sozinho, fornecer esses serviços de forma eficaz e com qualidade. No caso específico
da educação, o problema da má qualidade da educação é atribuído à má gestão das
escolas públicas. Como resultado, defende-se a parceria público-privada na educação
onde o privado introduz mecanismos empresariais na gestão da escola pública: é a
escola com gestão empresarial.
Falando sobre a adoção dos valores do mercado privado nas instituições do
setor público, Ball (2004) afirma que tais valores “são celebrados em quase todos os
Estados do ocidente”, legitimando e dando “impulso para certas ações e
compromissos – espírito empresarial, competição e excelência”. Nesse contexto,
exalta-se a gestão privada em parceria com Estado e rebaixa-se a administração
pública. Segundo ele:
Na base disso tudo está o mito político eficiente que celebra a “superioridade”
da gestão do setor privado em “parceria” com o Estado, sobre e contra a
modalidade conservadora, burocrática e apática de administração do setor
público. Ele “realça o contraste entre termos que retratam um passado
estereotipado e demonizado e outros que oferecem um futuro visionário e
idealizado” (Clarke e Newman, 1997, p. 49). Esse mito apaga as falhas
“normais” e “anormais” da gestão do setor privado... e, ao mesmo tempo,
romantiza e purifica as práticas do setor privado (BALL, op.cit, p. 1117).
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12 A GESTÃO PÚBLICA E SEUS PROCESSOS FUNDAMENTAIS
Fonte: irbcontas.org.br
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O estudo de Vázquez e colaboradores (2005:153) reconhece que as políticas
de participação social no Brasil “são resultados de anos de luta e pressões pela
democratização do Estado” e que essas “levaram a mudanças organizacionais com a
criação de diversificadas portas de entrada individuais e coletivas para a participação
da população”. Não obstante, são muitos os desafios na direção de melhorar a forma
de pôr em prática as conquistas estabelecidas no plano legal, incluindo proporcionar
à população um conjunto de ações de divulgação e capacitação para fazer valer o uso
de mecanismos institucionais de participação e democratização da gestão pública e
do controle social (KLEBA, et.al. 2015).
Para que esse processo de democratização possa avançar, é indispensável
que sociedade civil e governos qualifiquem sua intervenção nesses espaços públicos.
O desafio em contribuir para a democratização e ampliação da participação na gestão
pública — primaz finalidade dos conselhos gestores de políticas públicas — exige que
os envolvidos influenciem a dinâmica de funcionamento e os conteúdos da pauta
dessas instâncias pela apropriação de informações, meios e condições, de forma a se
constituírem efetivamente sujeitos, protagonistas do processo decisório.
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A lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as
diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de natureza continuada (BRASIL, 1988b).
Giacomoni (2003, p.198) diz que o PPA constitui a síntese dos esforços de
planejamento da administração pública, orientando a elaboração dos demais
planos e programas de governo, assim como o próprio orçamento anual. As
peças orçamentárias devem relacionar-se entre si e o PPA deve conter todas
as ações de forma coordenada, mas sem vinculação com valores financeiros
ou orçamentárias. Já o orçamento deve conter a previsão de receitas e a
fixação das despesas (necessárias para que se atinjam as metas
estabelecidas a partir das diretrizes do PPA) expressas monetariamente.
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A LDO e os orçamentos anuais têm de ser compatíveis com o que dispõe o
PPA, bem como todos os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos na Constituição ou quaisquer outros instituídos durante um período de
governo. As emendas parlamentares à LDO e ao orçamento somente serão
apreciadas pela comissão mista pertinente do Congresso Nacional se compatíveis
com a lei que institui cada PPA. Ou seja, este plano é concebido com evidente caráter
coordenador das despesas governamentais e o poder de subordinar a seus propósitos
todas as iniciativas que não tenham sido inicialmente previstas (GARCIA, 2000).
Após interagir com o PPA e extrair seus projetos e ações, a responsabilidade
constitucional da LDO é orientar a elaboração da LOA. Sob esse entendimento,
Andrade et al. (2005, p. 72) afirmam que:
Frota et. al. (2007) explica que, a LDO é a lei anterior à lei orçamentária, que
define as metas e prioridades em temos de programas a serem executados pelo
Governo. O projeto de LDO deve ser enviado pelo Poder Executivo até o dia 15 de
abril de cada ano. A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração do
orçamento fiscal da seguridade social e de investimento das empresas estatais,
buscando sintonizar a Lei Orçamentária Anual – LOA com as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública estabelecidos no PPA.
A LDO, conforme define Nascimento (2001, p. 18), “é um meio para se atingir
um fim: o Orçamento –Programa Anual”. Sendo assim, complementa o autor, seu
conteúdo deverá definir não apenas normas para elaboração da LOA, mas também
dispositivos sobre questões que, de alguma forma, possam vir a afetar o Orçamento
Programa Anual.
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12.3 Lei Orçamentária Anual (LOA)
A LOA é o orçamento propriamente dito, uma lei que estima as receitas e fixa
as despesas públicas para o período de um exercício financeiro. A LOA contém todos
os gastos do Governo Federal e seu projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional
até o dia 31 de agosto de cada ano (BRASIL, 2020).
A LDO define os objetivos do exercício, e a LOA é um instrumento que
possibilita a realização das ações governamentais. Portanto, por meio da LOA, a
administração pode completar o trabalho do plano: disponibilizando os recursos
financeiros necessários para o cumprimento, as ações necessárias para atingir a meta
dentro de um exercício.
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