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A BANDEIRA CAÍDA
Os trabalhadores estenderam pelo mundo o seu czares e implantaram uma república eocialista ao som os processos de um imperialismo novo. A politica tem
movimento reivindicador agitando uma bandeira ideal: da "Internacional". Os ecos desse canto proletário razões que a razão desconhece. Silenciou a "Interna-
o hino que despertava as almas, a música sonora que multiplicavam-se pela face da terra, dando alento aos cional". Foi substituída por uma hnda peça musical,
fazia ecoar estrofes imponentes, frases vigorosas vibran- irmãos oprimidos. Vinha com eles a palavra de ordem: marcha de belos efeitos marciais e cadência impressio-
do dentro dos muros do capitalismo e fazendo estreme- trabalhadores de todos os países, uni-vos. E desenro- nante. Mas aquele grito constante que chamava os
cer os alicerces da fortaleza secular: A pé, ó vitimas da lavam-se pelas ruas das cidades as multidões de boina trabalhadores à luta, já não se ouv». Já não vem de
fome! e blusa, estandartes vermelhos de sindicatos, insígnias onde vinha antes. Era uma bandeira sonora, um es-
Terminavam as reuniões e os comícios proletários, de classes e ofícios, punhos fechados, olhos brilhantes, tandarte ideal, • deixaram-no cair,
após a afirmação de direitos sagrados e o juramento da caras anêmicas, peitos inflamados, fazendo subir o Não ficará caída essa bandeira. Nós que sempre
luta sem tréguas pelo pão e pela liberdade, com a exe- clamor do povo entre palácios, em cujas fachadas estivemos na barricada das idéias, sem compromissos
cução da "Internacional", o hino dos trabalhadores: A assomavam temerosos os que nunca souberam o que é nem abastardamentos, sem alianças e sem planos de
pé, ó vitimas da fome! fome, para ouvirem a voz feita de milhões de vozes e salvação pela ditadura de classe; nós que mantemos
Protestava se contra as violências, contra as prisões ; milhões de lágrimas, de milhões de queixas e milhões a verdadeira luta sccial, tendo como objetivo um
reverenciava se a memória dos mártires de Chicago, de desafios: A pé, ó vitimas da fome! mundo sem senhores; nós que formamos a legião uni-
sacrificados pelo ódio burguês; condenava se o estran- Depois, a noite do fascismo cobriu metade do uni- versal da propaganda libertária, saberemos desfraldar
gulamento das greves, a vingança e a cobardia dos verso. Os falsos amigos do proletariado inventaram agora e sempre a bandeira dos oprimidos, abandonada
inimigos do povo escondidos atrás da forca, das baio- fórmulas bastardas de um-corporativismo destinado a por quem dela se serriu e acabou esquecendo, num
netas ou das masmorras policiais, entoando o hino da manter a escravidão industrializada. Proibiram&e as comodismo sintemático, o sofrimento dos seus irmãos
esperança, com toda a intensidade dos corações revol- manifestações livres, e o hino doa trabalhadores foi do mundo inteiro.
tados, com toda a ansiedade da multidão sedenta de banido do próprio seio dos trabalhadores. Tornou-se A luta continua. Ainda mesmo no dia em que
justiça e de liberdade: A pé, ó vitimas da fome! crime até ouvi-lo. Ai daquele que se atrevesse a entoar conseguis emos formar uma sociedad» libertária em
as suas terríveis estrofes! Mas elas entravam ainda algum ponto do universo, uma terra sem amos limi-
Muitos trabalhadores tombaram na luta, ou foram
onde quer que houvesse um receptor de rádio. Porque tada geograficamente por fronteiras do velho mundo
torturados pela asfixia da sua voz rebelde, teimosa, de um ponto longínquo onde se haviam fixado tantas
que não queria calar o sofrimento, que não aceitava capitalista, não poderíamos considerar-nos livres nem
esperanças de ressurreiçãq, a "Internacional" se-espa- arriar a bandeira da luta pela grande emancipação.
a cumplicidade dos acordos ilusórios. E quantos teriam, lhava todos os dias, pelas ondas sonoras da radiodifu
nos seus derradeiros instantes de vida ou de liberdade, são que não conhece fronteiras. Por isso bradarcHioi sempre, passando a palavra
atirado à cara dos algozes numa lufada justiceira, de rua em rua, de terra em terra, suprindo a falta
Isso também acabou. 4^ governo de um partido do rádio que se calou, ocupando o lugar da onda
numa formidável ameaça, o grito do seu hino impla- proletário, que tirou do proletariado a sua força para
cável : A pé, 6 vitimas da fome ! desertora, clamando, clamando, fazendo reunir milhares
lhe impor afinal urn regiríie de força, achou motivos e milhões de vozes em que se misturam lágrimas e
Lá onde parecia raiar o sol da emancipação, nas para renegar o hino perfi^liado há quase trinta anos.
bandas do Oriente que teve civilizações, esquecidas, queixas e desafios: A pé, 6 vítimas da fome!
Motivos fortes hão de tei' eidc, coisas da política de
milhões de trabalhadores derrubaram a tirania dos um estado que pretende ^lombater imperialismoa com T' fftrrdra. da Silva
unesp"^ Cedap
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2 AÇÃO DIRETA 7-5-1946
Nesta página doutrinária inseriremos, traduzidos, artigos de militantes es-
trangeiros numa seleção cuidadosa Pretendemos que os anarquistas brasi-
leiros para os quais, na maioria, é inacessível a imprensa anarquista mundial,
tenham conhecimento dos escritores anarquistas mais representativos do
passado e do presente.
O
e vergonhosa dos dentistas extra-
LíDER
Com prazer traduzimos do
numerários da Prefeitura os quais,
quinzenário Tierra y Libertad
sob o beneplácito do Sindicato
25-12-45, do México, o se-
dos Odontologistas, estão classifi-
guinte editorial cujos concei-
cados no mesmo padrão de um
tos assentam como luva aos que a peste branca. E' uma ver- perados. O pulque venenoso serve bléia geral de autênticos produtores. enfermeiro, percebendo quantia in-
nossos líderes políticos ou gonha para todos os mexicanos. de anestesia a sua tragédia moral Os próprios trabalhadores devem
sindicais. Tomamos a liberda- O lider pactua com a burguesia e física. assentar e manter os litígios com ferior à de um servente ». E per-
gunta o snr. Silva porque não
de de grifar algumas írases. e acaba com qualquer conflito Enquanto isso o líder prova o seus exploradores sem ingerência procura Assis agir melhor defenden-
A classe trabalhadora do Méxi- sem consultar os grevistas. Pla- champanhe na boca da sua queri- de lideres bacharéis ou generais. do os interesses dos sacrificados
co tem três inimigos mortais: o neja e vende greves e muitas da de ocasião. O explorado há de encarar cs dentistas, ele que percebe quatro
líder, o bacharel e o general. vezes inicia movimentos de mas- O líder é útil ao governo por patrões desterrando o líder para mil cruzeiros de vencimentos pelo
sas sem permissão das mesmas, que mantêm a multidão e o enca- sempre, inutilizando-o, suprimin- cargo de presidente do tal sindi-
Não haverá redenção possível
claro, para abiscoitar alguma san- minha pela senda do vício. do-o se preciso. cato !!!
para os obreiros mexicanos, es-
cadilha política. O homem alcoolizado, a crian- Vamos ilustrar esse artigo. No
cravos da mina, da oficina e do Ora, a denúncia do snr. Silva
campo enquanto a dita trilogia O líder recebe da caixa do sin ça tuberculosa, a mulher perver- Diário Carioca de 5-2-946, quarta contra o líder do seu sindicato
intervier nas lutas mantidas pelo dieato, é subvencionado pelo go- tida, o ancião idiotizado são pro- página, um dentista, o snr. José pode surpreender a todo o mundo
proletariado de nosso país contra verno e recebe a propina mensal duto do liderismo. Não há conje- Silva reclama energicamente contra menos a nós. Surpreender-nos-ia,
o capitalismo, constituído, em sua da burguesia. rências culturais nem livros aber- o snr. Adauto de Assis, presidente ao contrário, um presidente que
maior parte, por estrangeiros, cri- Gasta automóiel, vive em lu- tos nos sindicatos, porque ao líder do Sindicato de Odontologistas do zelasse pela classe. Os presidentes,
olos 6 mestiços: aventureiros fi- xuosa residência de Chapuliepec convém manter o operário na mais Rio de Janeiro. No tempo da fingidamente eleitos, só assumem
lhos de aventureiros e descenden- e os filhos andam b<;m trajados. completa ignorância. ditadura Vargas, a censura não o lugar com o placet do Ministé-
tes de capatazes (jue a juntaram Os trabalhadores mexicanos habi- A juventude recebe ensino mi teria deixado sair a reclamação. Diz rio do Trabalho. São pois pessoas
seus milhões, de relho em punho, tam um quarto estreito, sem luz litar nos centros sindicais e Uções o snr. Silva: « Será naturalmente de sua inteira confiança, postas
pegando e vilipendiando os po- e sem ar, nas infectas casas do patrioteiras. Galvanizam, assim, motivo de surpresa saber-se que ali para cuidarem dos interesses
bres indígenas, eternas vítimas de cortiço. Não tem dez centavos seus sentimentos e tornam-se au- um sindicato trabalha contra seus do listado e dos patrões. Para
invasores, curas e militares. para uma planilla e seus pimpo- tômatos em vez de homens.
associados. É o que sucede, entre- arranjar esse posto que rende
O líder não é o dirigente, nem Ihos andam descalços, consumidos O líder fez do elemento traba- tanto, com o Sindicato dos Odon- quatro contos mensais, essa ma-
o orientador da classe obreira or- pela anemia. Os campônios me- lhador do México um corpo sem tologistas sob a presidência do mato, há séria cai ação e, entre os
ganizada. E' o amo, o vivedor e xicanos exaurem-se nos sulcos da energia, multidão sem pulso, vasto cavadores, o Ministério manda es-
snr. Adauto de Assis (é o lldr).
o traidor. Vive sem trabalhar e c terra, depauperados, fracos, maci- rebanho, que obedece, pena e colher precisamente o mais sub-
amigo do bacharel, do deputado e lentos. Suas pupilas apagadas são Esse meu colega nada tem feito misso aos seus ditames, o mais
cala. de aproveitável pela classe sempre resignado a contrariar os sindica-
do general, quer dizer, vivedor do protesto mudo contra os .líderes
Cumpre destroçar o líder nas trabalhando contra ela, quando se dos em favor da burguesia.
Estado e do governo, porque des- do ejido. Odeiam a terra, o cam-
po e a cidade. Os mineiros saem organizações operárias criando faz necessária a sua intervenção. Pois Q snr. Silva não compre-
ses sujeitos saem os juizes, os mi-
dos seus poços tristes e deses- uma resistência nascida na Assem- Haja vista a situação humilhante ende isso, crente ainda na possi-
nistros e os presidenles eleitos e
reeleitos. Porfírio Diaz foi presi- bilidade de um líder de sindicato
dente durante trhita anos, come-
tendo crimes imensos. A não re-
O QUE DIZEM OS NOSSOS do Estado ser defensor da classe.
J Saiba que o líder aqui é o
eleição é burla. Em seis anos de (CRÔNICA DAS IDÉIAS) mesmo em toda a parte.
mando presidencial, podem-se pra- Se for líder político vai trair
ticar atropelos e assassínios. Não — Em La Protesta de Buenos e republicano espanhol Angel ra os quais renovar se e viter- os trabalhadores nas Câmaras,
é assassínio dissolver a tiros, na Aires, número de março, Tomás Osório y Gallardo. Emprega o no Porém, renovar se não e voltar apoiando os governos e a burgue-
rua, uma manifestação obreira? Soria protesta que, ainda hoje, Sentido de caus, desordem. atrás... Sustentamos que para a
O líder iraternizii com os pa os escritores burgueses empreguem — No mesmo peiiódico E. Anarquia só se vai por caminhos sia, sem achar ruim o automóvel
caro e as refeições rios nuns caros
trões e organiza, nos despacho; a palavra anarquiano aenlido de í^egus, em Fwitnsáe futgo, àiz: auarqui&ias, íUIUIíMO ciaio ciunliu restaurantes.
das gerências, a iníqua e deni- desordem, Jalla. de direção, de ■'.\fé na Anar-juia tem de ser o Estado e contra todos os que
Os tolos foram feitos para sus-
grante lei oficial da mordida que administração, conjusão, etc. Se persistente como a gota da água, vivem fazendo concessões a tudo tentar os esperrtos.
se estende como chaga por toda não conhecem o valor do termo, e certeira e oportuna como essa o que nega a megestade do in-
a vida política, social e intele- estudem primeiro. O pior, porém, palavra e essa voz; senão, não divíduo". Os sindicatos amarelos, do Es-
ctual do México. A mnráila é é que tal o façam autores que será. No entanto, o que hoje Achamos excelente a frase-pro- tado, estão mesmo a calhar para
pior que o paludismo do trópico, conhecem o que é anarqui&mo e abundam são baüaJ^inos de corda grama do camarada E. Nrgus: manter seus presidentes a quatro
pior que a gripe espanhola, pior cita o exemplo do escritor cristão bamba, chamados inovadores, pa- (Conclui na página 4) contos por mês !! 1
{Continuação do numero S) rar a técnica industrial. Isso é milhões. E esse mesmo autor pois, é regular a concorren de indivíduos ou pelo próprio
perfeitamente exato e nada obje- observa que várias tentativas cia ecoBÔmica. estabelecendo nor- Estado, cem exclusão dos demais.
líl taríamos se os males por ela ge- teem sido feitas para aproveitar mas na competição, impedindo, Uma sociedade onde o capital é
12 — Propriedade e autorida- rados não fossem tão extensos e essas cachoeiras, mas todas hão normalmente, que se transforme particular denomina se capitalista.
de— Se alguém se apropriasse da profundos, que reduzem o pro- sido improfícuas por desacordos em saque e morticínio. O anarquismo propõe uma socie-
luz solar, os outros homens se gresso humano a lenta e doloro- indeslindáveis entre os proprietá- A organização da autoridade dade onde o capital teja comum
revoltariam e, por todos os meios, sa marcha através dos mais du- rios. chama-se Estado. a todos. Quer, pois, uma socieda-
tratariam de piivá-lo desse ódio ros sofrimentos. Veremos adian- Porém, o vício mais essencial 15 — Sétupla ifição do Estado de comunista.
80 monopólio. Igualmente, con- te todos os desastres resultantes da concorrência é ser ela o detur- — Como órgão da defe.-a dos Desse Cisracterístico geral decor-
quanto há séculos habituados ao da concorrência; mas, desde já, pador feroz e constante da na- proprietários contra os pn letá- rem outros caracteres do capital.
regimem da propriedade, os não entremostraremos o seu vício fun- tureza humana. Com efeito, ela rios e de regularização da con- Primeiro, êle é transmissível. Nes-
proprietários se revcltariam con- damental com uma simples cultiva e afia os instintos egoís- corrência entre possuidores, assu- se regimem, sendo o indivíduo
tra 09 possuidores das terras, se .ibservação. tas e abafa ou embota os altru- me o Estado sete feições: a fei- dono do capital, pode vendê-lo,
estes não se defendessem, usando Se o problema do homem é lu ção econômica, a feição jinancei- trocá-lo, dá Io. Em regimem anár-
ístas. O homem torna-se lobo,
da força, da violência, de todos tar contra as energias naturais ra, a feição política, a feição mi- quico, o capital é social, pertence
ou, na frase latina, homo lúpus.
03 meios. Estudaremos esses desfavoráveis para anula Ias ou litar, a feição jurídica, a feição à sociedade e é, por isso inlraLS-
O povo, na sua sabedoria, diz; missível.
meio^t, um por um, mais tar- evitá-las, transformando as, quan- — Amigos, amigos, negócios a- pedagógica, e a feição religiosa.
de. Eles constituem, na realida to possível, em favoráveis e apro- 16 — A feição econômica — O A transmifsibilidade do capital
parle — . Nos negócios, quer di-
de, um aparelhamento compli- veitáveis, evidentemente melhor homem, para apropriar-se das gera a sua acumutabüidade. Qual-
zer, na luta comercial, na con-
cado. o fará pela colaboração inieligen energias necessárias à vida, tem quer indivíduo pode acumular,
corrência econômica, desaparecem para seu uso e abuso exclusivo,
A organização dessa força com- te de todos, do que pela encar- de acionar as energias cósmicas
os amigos, todos somos, uns dos todo o oapilal por êle adquiiido
pressiva chama-se autoridade e niçada luta de uns com os ao seu filcance. Quando êle ape-
outros, inimigos. Brigam os ir- pela concorrêticia, dentro do di-
os órgãos são vários: rei, presi- outros. A última guerra, a guer- nas recebe essas energias, por
dente da República, ministros, mãos por causa das heranças e reito, quer dizer, sem ir de
ra mundial, foi o mais exlraor rios de dinheiro se gastam com exemplo, o calor solar, esse ctdor
chefes de polícia, delegados, almi- dinário esforço conjugado dos ho- encontro às leis, ou fugindo às
processos, falências e o mais. é um dom gratuito, uma energia leis, mas evitando à polícia e os
rantes, generais, juizes etc, etc. mens, corpóreo e mental, da his-
O anarquismo propõe, em vez não acionada por êle. Quando, tribunais (roubos, furtos, estelio-
13 — A concorrência — Os pos tória. Se todo esse inculculável porém, esse mesmo calor é apro-
suidores, entretanto, não lutam acervo de energias naturais se da concorrência, a colaboração, a natos, etc, impunes) Em regimem
harmonia do trabalho, pois só veitado para evaporar a água anárquico, o capital é inacumu-
somente contra os não possuido- voltassem: contra as energias na-
essa harmonia, multiplicando as de uma salina, torna-se força tável, pois os indivíduos, como
res; procuram, de todo o jeito, turais desfavoráveis, o homem
extorquir se mutuamente. Cada forças humanas contra a nature- acionada pelo homem para um veremos, teem eòmente o usufruto
teria, em cinco anos, realizado
qual desej a mais. possuir, enricjue- formidável progresso. Um sábio za, dará fartura e bem-estar a fim produtivo e constitui um ca- dos bens.
cer sempre e todos inVeslèíííi, sem francês calculou que, sé uma todos. pital. A terra lavrada é capital. O leitor deve refletir muito
•tergiversarem, uns èotitra Òs ou- fração insignificante do dinheiro V Note-se que essa concorrência O próprio corpo humano é capi- nesse caráter da transmissibilidade
tros, enganando,. subornando, fuí- gasto pela França em canhões, não se limita aos indivíduos de tal. Os instrumentos de produção, e acumulabilidade do capital, pois
tando. Essa luta chama-se con- metralhadoras, carabinas, navios um mesmo território ou país; es- também. Chama-se poie, capital nesse fato assenta o eixo mesmo
corrência. e aviões, durante a guerra, fosse tende se aos possuidores de to- toda energia acionada para ca- da sociedade capitalis, o regimem
aplicado a captar as cachoeiras do das as nações e é portanto in- ptar energia útil. da exploração organizada. E' pela
Essa concorrência, dizem os de-
fensores da propriedade, é o maior Ródano, essa energia elétrica, ain- lernacional ou mundial. 17 — Os característicos da iei- transmissão e acumulação que os
incentivo do progresso, pois esti da hoje desaproveitada, forneceria 14 — O Estado — Nessa luta ção econômica— O que, porém, parasitas e agiotas, comerciantes
. mula os homens para a luta pela trabalho para mais de cem mi- ferrenha, os homens se estraça- caracteriza a feição econômica do espertos, banqueiros, usurárics,
vida, fazendo-os inventar apare- lhões de homens. Entretanto, a lhariam se dão fossem regulada Estado é ser o capital por êle todos, enfim, enriquecem.
lhos,, aperfeiçoar máquinas, desco- população da França decresce, suas investidas pela autoridade. garantido particular, isto é, deti-
brir processes de fabricação, apu- não havendo atingido quarenta A segunda função da autoridade^ do por um indivíduo, um .grupo (Continua )
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7-5-1946 AÇÃO DIRETA
OVIMENTO ANARQUISTA
Documentos para a História
Atuação anarquista nos sindicatos hublevacão Ffanco-Falan-
Solidarida'1, de Montevidéu, taria conhecer é o seguinte: "Ha- criado, escorraçando, primeiro, to- te em 1919, inaugurou o fanfar-
órgão da Federación Obrera Re- verá ou não ambiente para a cria- dos os polícos dos sindicatos, uma ronismo fascista. Consequênaia:
gional Uruguaya, defendendo a ção, no México e nos demais Central Obreira forte, mais foi te revolução do primeiro 5 de julho.
gista e a Olifa Constfutiva
atuação dos anarquistas nos sin- países americanos, de Centrais ainda se considerarmos o movi- Arthur Rernardes quis seguir-lhe
dicatos como poderoso meio de Obreiras com tendência anárquica? mento muito maior em S. Paulo. o exemplo de presidente auto ío Píoletaiiado Espanhol
propaganda e preparação revolu- E, se não há tal ambiente, qnais Reforçando a opinião de Soli- crata Conseqüência: revolução do por Manoel Peres
cionária, escreve: «Repetidas os meios ,-mais certos, em cada daridad afirmamos: "O Estado segundo 5 de Julho, com reação
Prólogo.
vezes temos sustentados que não país, de o criar primeiro para de- não pôde destruir nossa Federação. violenta.
devemos atribuir todo o mal cau pois organizar a Central?". A união dos trabalhadores, com o Nesse 1924, a polícia de Ber- O povo brasileiro e de igual
sado àa idéias e aos movimentos Isso é o que propomos acima método da ação direta, é realmen- nades, cujo chefe, Gemin^ano forma a maioria dos povos da
obreiros nelí^s inspirados, unica- de tudo, hoje em dia, ao exame te arma acima de qualquer esti- Franca, ainda sofreu rudes golpes América desconhecem, em seus
mente à reação dos Estados. Esse detido dos anarquistas de toda a mação. A história miimciosa do da Federação, embora enfraque- menores detalhes, não só o que
mal, pode-se apurar, provém ain América, Temos de criar centrais movimento brasileiro de 1912 a cida, valendo-se do estado de sí- foi a chamada Queria Civil Es-
da de não preocupação dos anar- do tipo C. N. T. em todos paises 1919 o prova exuberantemente e tio, atirou-se em cheio contra os panhola, como também as mara-
quistas ou libertários com as americanos. Possuímos o modelo. mesmo depois, aiiida sob o fas anarquistas. Chamo a atenção de vilhosas realizações postas em prá-
questões obreiras e agremiação do Importa somente plantar, nmdar cismo, após 1930". todos para o seguinte fato. Vito- tica pelos trabalhadores da Es-
proletariado, dadas principalmen- no solo da América. panha numa das epopéias mais
Mas, perguntareis, porque de- rioso Bernarde8, voltando eu da
te suas preferências aos grupos e Ora, no Brasil, tínhamos antes sapareceu essa Federação? Como prisão em 1925, apurei os no-sos heróicas e brilhantes que registra
organização especificamente aiiár de 1919. a poderosa Federação se desfez tão absolutamente ? destroços: numerosos anarqui•^tas a história humana.
quica. Atualmente, há países ©n Operária Brasileira de tendência Eu vou contar o que foi aquela
A história é tristíssima e a enviados para Clevelândia (limites
de o míil prossegue em estado francamente anárquica. Havia sin- tragédia e vou contá-la porque
mesmo ocorrida em vários países. com a Venezuela) e, quasi todos,
latente, não por causa de situa- dicatos amarelas, portm poucos, mortos; outros foragidos, outros a vivi intensamenie participando,
ções repressivas,, senão por falta fracos e sem eficiência. Em 1919, caiu no mundo a ao lado daquele povo generoso,
de atividades no terreno gremial mais tremenda praga de todos os encarcerados ou deportados; mas, de todas as inquietações e de to-
Como se formou a Federação? tempos, incomparavelmente mais dos comunistas, nem um só preso
e o nenhum interesse por criar dos os momentos de alegria que
um movimento obreiro anar- Quando me fiz anarquista em daninha que a influensa espanhola: ou deportado, aquela luta inesquecível propor-
1912, havia uns três pequenos o bolchevismo, esse filho bastardo Assim, quando, em fins de 1925,
quista». cionava a todos os que amamos
sindicatos no Rio onde predomi- do socialismo, estatal, mascarado reiniciamos a, luta, estávamos, por a liberdade e a justiça.
Depois, referindo se à situação assim dizer, aniquilados. Todavia,
navam anarquistas. Esses shidica- com o nome de revolucionário.
mexicana continua: Prometo sinceramente dizer a
tos abrangiam uns três a quatro O bolchevismo russo, por ação não esmorecemos e reencetamos a verdade, sem paixões, sem secta-
«Pelo exposto, longe de nos mil operários e sua movimentação tarefa de salvar os sindicatos.
nefasta, subrepticia, infamante de
negar que os companheiros me- reivindicadora era insignifícaTite.
Trotsky, achou, no Rio de Janeiro, Nossa obra foi eficiente; mas, a rismos, sem espírito partidário,
xicanos, que preferem a atuação pois não quero imitar os que,
O grupo anarquista do Rio, em uma receptora condigna: Astrogil- luta era desigual porque tínhamos cegos pelo fanatismo, atribuem
nos grupos e ateneus, e se dedi-
perfeito entendimento com o de do Pereira. Este anarquista rene- contra nós desfazendo nossa obra, a um grupo de homens e a um
cam à consolidação de ura mo-
S. Paulo e, mais tarde, de Porto gado inií^iou em surdina, com as- a todo instante, com tenacidade só partido, todos os êxitos da lu-
vimento especificadamente anár-
Alegre e Pelotas, começou intensa pirações, parece, a chefe, a cam- mais digna de outros fins, o cu- ta, lançando sobre , os demais
quico, realizem labor eminente-
propaganda. Os sindicatos estavam panha desmoralizadora dos com- pim daninho do bolchevismo sectores as responsabildades dos
mente anarquista e trabalham
dominados por políticos famosos: panheiros anarquistas nos sindi- russo. erros e das derrotas que surgi-
afanosamente pela Revolução So-
Irineu Machado, Evaristo de Mo catos, de perfeito acordo com as Todavia ainda esse foi superado ram durante a guerra.
cial. Longe de nós tal propósito.
rais, Nicanor do Nascimento e diretrizes assinadas por Tiostky e e íamos vencendo galhardamente
O que pretendemos é sugerir que, Na Espana, não lutou um par-
outros. public 'das no Boletim Comunista quando GetúHo, com ares de libe-
se no México e demais paises ame- ral, chefe da Aliança Liberal, tido ou uma organização, lutou
Tão intensa foi a campanha que de França
ricanos chegasse a preponderar o um povo inteiro, e esse povo de-
rara noite não falávamos em al- Os novos métodos foram sedu- contra Washington Luiz, inaugura
objetivo imediato de criar um fendia heroicamente a sua liberda-
gum sindicato. zindo companheiros aié dos mais o Ministério do Trab illio e arvo- de, tstava integrado por todos oa
anarquista, se faria obra levolu- Em T918, quando estourou a eficientes. O que o Estado com ra o ministro Lindolfo Color em partidos e todas as or^aniüaçôi.s.
cionária mais vasta e profunda e greve de 18 de novembro, malo- sua policia iião pudera conseguir, legislador fascista. Vejamos pois, em primeiro lu-
lograríamos contar com muito grada com a traição do tenente a polítici ditatorial russa logrou Empenhamo-nos em tremenda gar, qual foi a origem da Guerra
mais possibilidades para que o de cavalaria Ajus, o número dos rapidamente, de tal maneira que, luta contra o fascismo ministerial. Civil Espanhola e como foi rea-
anarquismo possua um poderoso sindicatos componentes da F. O. B. ao despertarmos nós, anarquistas, Lindolfo Color, em S. Paulo, ao lizada a invasão nazi-fascista,
movimento obreiro realmente afim eleva-se a mais de trinta e acolhia em 1919, com a desorganização do querer falar aos trabalhadores, é para depois expor, com todos os
e apto a cpor-se, resolutamente, o respeitável número, só no Rio, nosso diário A Voz do Povo sabo- extrepitosamente vaiado e a Fede- pormenores, o que chamamos —
. a todas as forças autoritárias de de 150,000. tado por Astrogildo e os gráficos, ração Operaria Brasileira decreta A Obra Construtiva do Proletaria-
cima e de baixo". A burguesia assustou se. O chefe estavam minados quasi todos os a não aceitação da carteira proiis- do Espanhol, ou seja, a prática
de polícia Aurelino Leal reagiu sindicatos. sional e repele a lei sindical de
A essas, palavras, com que es- do verdadeiro socialismo em ple-
Todavia, nossa reação foi tre- Color.
tamos, os do Brasil, de perfeito fortemente, mas nada conseguiu. Foi uma batalha memorável.
na guerra.
acordo, faz Tierra y Liberiad, do Ao contrário quando nos safamos menda. Lutamos corpq a corpo e A guerra mundial começou na
do cárcere e do processo em 1919, tínhamos certeaa de vencer. Po- O Estado perderia certamente a Espanha
México, o seguinte comentário batalha. A Federação decreta
fundamos, com sede e tabuleta na rém, o golpe quebrara a resis-
que Ação Direta acha indispensá- Contrariando a opinião inter-
Avenida Rio Branco, um diário tência daquela fortaleza que era greve geral contra as carteiras.
vel traduzir para conhecimento a Federação, A decisão fora tomada em S. nacional que declara ter sido
anarquista A voz do Povo.
dos militantes brasileiros: "Esta- Paulo, onde pessoalmet:te lutei, iniciada a Guerra Mundial no
Em sete anos, pois, havíamos i Ora, Epitacio Pessoa, presiden-
mos identificados com a necessi- ao lado de Lenenroth e outros ca- dia 4 de setembro de 1939, como
dade da intervenção dos anarquis- maradas, contra os bolchevistas conseqüência da invajão da Po-
tas no movimento operário, pelos
mesmos motivos expostos pelos
Luci Fabri visita o Brasil que tentaram empolgar a assem- lônia pelas hordas de Hitler, eu
bléia. Os trabalhadores estavam I afirmo cetegoricamente que ela
companheiros de Solidaridad. E todos conosco, menos a facção começou na Espanha, no dia, 17
como se referem a nós no pre- comunista. de Julho de 1936, quando o
cedente escrito, cumpre cientifi- E que sucedeu? Havendo per- traidor Francisco Franco Baha-
cá-los de que existe, aqui no Mé- dido a partida durante a noite, monde deu, em Santa Cruz do
xico, nenhuma Central Obreira os comunistas declararam, no dia Tenerife, capital das Ilhas Caná-
afim. Todas elas são refúgio de seguinte, por todos os jornais que rias, o grito de "Abajo Ia Repú-
vivedores e tipos que do liderismo aceitavam as carteiras e aconse- blica, y arriba Espana".
fizeram profissão. Há-os como lhavam seus adeptos a irem tra O chefe supremo da subleva-
Henrique Rangel, ex anarquista balhar. ção seria o general Sanjurjo que
e atual secretário da Confedera- De modo que, a expciência nos morreu tragicamente num desas-
ção Proletária Nacional, que pre- mostra que a luta principal há tre de avião quando de Portugal
tende aparecer como sindicalista, de ser, nos sindicatos, contra o voava para Madríd afim de
quando sen afã não passa de, partidos políticos mascarados de dirigir o movimento Esse desas-
surpreendendo a boa fé de coia- revolucionários. Todos eles, se os tre, e mais tarde a morte do
panheiros do exterior, ter seu ap io trabalhadores não lhes satisfazem general Emílio Mola, também
moral para ocupar a posição des- as ambições, os traem com a mais num desastre de avião, determinou
frutada para Lombardo Toledano, objecta semcerimônia. que Franco, que seria apenas um
presidente da Continental refor- Posto assim o problema, volta- auxilar de Sanjurjo, fosse eleva-
mista deste Continente. Pomos, rei a ele no próximo número. do à categoria de Cheje do Novo
assim, de sobreaviso a todos os Estado Espanhol . .
companheiros e sindicatos afim José Oiticlca {^Conclui rta página .^ )
para que estejam alerta se os con-
vidarem a algum Congresso Con- A conhecida anarquista mostra a querida Luce ao NOS ARRAIAIS MOSCOVITAS...
tinental que não seja patrocinado italiana Luce Fabri, atual- lado de Edgard Leuenroth
BOB JORNAIS:
pela Associação Continental consti- mente fixada no Uruguai e (o de chapéu) e o compa-
tuída e com sede na Argentina. editora de Studi sociali es- NATAL, 25 de Abril — O Anastácio, como "refinados la-
Na sombra, prepara-se essa baixa nheiro italiano Bibi, ex- líder comunista desta capital, drões", acusando-os, alem disso,
manobra. A Confederação, patro-
teve no Rio e, de passagem, combatente em Espanha.
Djalma Maranhão, foi expulso de causadores do "déficit" do
cinada pelo renegado Rangel é tão em São Paulo. Luce a todos encantou do partido, pelos dirigentes da partido, que monta a cincoenta
digna de desaparecer como suas Infelizmente seu estado de eom a sua sensibilidade fe- seção local do P. C. B., em vir- mil cruzeiros.
gêmeas existentes neste país" saúde obrigou-a a afastar-se minina e admirou com seu tude da publicação que fez, na A carta do Sr. Djalma Maranhão
Agradecemos a Tierra y Libertad do Rio e pouco esteve no
a informação, porém, voltando à pasmoso conhecimento dos imprensa, de uma longa carta- causou grande alvoroço, notada-
aberta, no qual denuncia aqueles mente no seio dos elementos co-
importantíssima sugestão de soli- nosso convívio. problemas anárquicos em dirigentes, que são os Srs. José munistas daqui, esperando-se que
dariedad, o que mais nos impor- A fotografia acima nos todo o mundo. Costa, Miguel Moreira e João os acusados apresentem defesa.
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AÇÃO DIRETA 7-5-1964
AÇÃO DIRETA acha de grande utilidade e interesse traduzir,
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