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XXX Encontro Anual da Compós, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo - SP, 27 a 30 de julho de 2021
Abstract: This paper aims to analyze the role of Brazilian celebrities in the #EleNão (#NotHim)
movement. I revisit the concepts of standing and footing in order to discuss their
fruitfulness for the comprehension of the role celebrities can play in politics. The
methodology is built from a pragmatic approach, which looks at the actions of
celebrities and guides the analysis of 62 videos of famous women from five axes of
positioning: as citizens; as women; as mothers; as lesbians or transgenders; as black
women. The analysis discusses some values that guide celebrities’ actions to
apprehend their insertion in politics, as well as their role in feminist struggles, in the
advocacy for human rights, and in the contemporary democracy.
1. Introdução
1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Sociabilidade do XXX Encontro Anual da Compós,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo - SP, 27 a 30 de julho de 2021.
2
Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de
Minas Gerais e Coordenadora do GRIS/UFMG (Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade). Doutora em
Comunicação pela mesma instituição. E-mail: paulaguimaraessimoes@yahoo.com.br. Agradeço à CAPES, ao
CNPq e a FAPEMIG o apoio ao desenvolvimento de meus projetos. Agradeço, ainda, à University of California
Irvine (UCI), ao Center for the Study of Democracy (CSD) e ao meu supervisor Professor David S. Meyer que
me receberam para uma experiência como pesquisadora visitante na UCI, entre setembro de 2019 e maio de 2020.
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contexto enfrentado pelo Brasil em 2021 – depois de ser criticada por sua isenção nas eleições
presidenciais de 2018 e no movimento #EleNão. Partindo desse cenário marcado por uma
política de celebridade (WHEELER, 2013), procuramos analisar justamente esse movimento
construído contra a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 e, particularmente, o papel de
celebridades brasileiras em sua adesão ao #EleNão.
O objetivo é apreender o posicionamento sustentado por personalidades brasileiras
naquele contexto, evidenciando como elas constroem seu engajamento no referido movimento
– através das ações empreendidas por elas. Nesse sentido, realizamos uma análise pragmatista
de vídeos postados por famosas que aderiram ao #EleNão. A proposta não é perceber a eficácia
dessa atuação das celebridades no campo político, mas perceber em nome de que ideias elas
sustentaram um posicionamento contra a candidatura de Bolsonaro e o que ela representava
para o país.
Para tanto, o texto está dividido em quatro partes: 1) primeiro, discuto o modo como os
estudos de celebridades vem sendo desenvolvidos, destacando a abordagem pragmatista que
busco ajudar a consolidar; 2) em seguida, retomo o conceito de standing – e como ele pode ser
relacionado à noção de footing – para discutir sua proficuidade para a análise das celebridades;
3) apresento brevemente o movimento #EleNão e sua inserção no contexto político brasileiro;
4) discuto a metodologia (decorrente da abordagem pragmatista) e apresento a análise a partir
de eixos de posicionamento verificados na investigação. Com isso, é possível apreender a
inserção das celebridades brasileiras em uma política de celebridades, bem como seu papel nas
lutas feministas, na defesa dos direitos humanos e da própria construção da democracia
contemporânea.
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É importante destacar, contudo, a dimensão social e cultural do carisma (Geertz, 1997; Marshall, 2006): ele é
constituído na relação entre os indivíduos e as esferas de poder em um contexto sócio-cultural. Ou seja, é
relacional (Coelho, 1999), como discutimos em outros trabalhos (AUTOR, ano).
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Essas são algumas das abordagens que podem ser acionadas para refletir sobre as
celebridades na contemporaneidade. O objetivo aqui não é aprofundar a discussão sobre os
vários tipos de perspectivas, mas atentar para as muitas formas através das quais as
personalidades famosas podem ser estudadas, a fim de evidenciar o modo como eu venho
buscando desenvolver uma análise das celebridades.
Sem negar as dimensões histórica, subjetiva e mercadológica das celebridades, e
atentando para a sua inserção contextual, eu tenho buscado desenvolver uma perspectiva
pragmatista das figuras públicas, devedora de reflexões oriundas tanto de autores clássicos
como John Dewey (1954, 2005) e George Herbert Mead (1934) como de abordagens mais
contemporâneas, como a de Hans Joas (2000, 2012). Uma perspectiva pragmatista se volta para
a inserção do fenômeno no terreno da experiência, entendida como uma interação entre sujeito
e mundo em um processo de mútua afetação. A experiência envolve uma ação que desencadeia
consequências que afetam a vida dos sujeitos, os quais, por sua vez, (re)agem em função dessa
afetação.
Nesse sentido, uma abordagem pragmatista das celebridades (FRANÇA, SIMÕES,
2020a, 2020b) se volta para as ações que elas realizam no mundo, para sua performance, para
o modo como elas se posicionam no mundo e em relação a outros sujeitos, afetando a vida das
pessoas e convocando-as a se posicionar em relação a temas debatidos.
Como as celebridades agem no mundo? De muitas maneiras. Elas agem no desempenho
de suas atividades profissionais: elas atuam em um campo de futebol ou uma passarela da
moda; elas fazem um videoclipe para lançar um novo álbum; elas postam vídeos em seu canal
do Youtube ou escolhem representar certos papéis em um filme ou uma telenovela. Elas agem
também em sua vida privada, muitas vezes tornada pública na tela da TV, nas revistas de fofoca
ou nas redes sociais digitais: namorar, viajar, casar, divorciar, ter filhos/as, levar crianças na
escola ou à praia são ações realizadas por sujeitos célebres na vida cotidiana – ações
corriqueiras que os aproximam dos anônimos que também as realizam em sua experiência
prática. Seja olhando para a vida profissional ou para a vida privada – que constituem a
experiência pública de uma celebridade – o que buscamos é apreender os valores que orientam
as ações analisadas.
Entendemos que são os valores encarnados por uma celebridade que constroem a
adesão (ou a repulsa) dos públicos em relação a ela. Nesse processo, valores são evidenciados
e/ou criticados em um processo que atua na atualização do universo de valores de uma
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Prática política voltada a competição pela produção e controle de imagens públicas de personagens e instituições
políticas. (GOMES, 2004, p. 242)
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O conceito pode ser entendido, segundo Meyer e Gamson, como “uma legitimidade
socialmente construída para se engajar publicamente em uma questão particular” (MEYER;
GAMSON, 1995, p. 190, tradução nossa). É um conceito que vem do campo do Direito e se
refere ao direito de alguém (um reclamante) de abrir um caso e ser ouvido em um tribunal.
Nesse sentido, pode ser pensado como a legitimidade que uma pessoa tem de ser ouvida em
determinado caso ou como sua capacidade de influenciar uma decisão e fazer reivindicações.
Meyer e Bourdon acionaram esse conceito jurídico de standing e o traduziram para o trabalho
sobre os movimentos sociais, a fim de discutir o debate sobre armas nos Estados Unidos.
Segundo eles,
Standing no sistema legal é dicotômico: ou se está dentro ou fora. Um juiz toma
decisões sobre quais informações adicionais são relevantes e, portanto, admissíveis,
e como pesar reivindicações e requerentes específicos em relação a um padrão formal
de lei. Na arena política, o processo é menos rotinizado, obviamente não
regulamentado e muito mais incerto. Standing não é dicotômico, mas gradativo e
relacional. Aquele que é ouvido é atendido com mais ou menos seriedade por
diferentes ouvintes, e o grau de atenção pode variar com o tempo. (MEYER;
BOURDON, 2019, p. 16, tradução nossa)
Os autores chamam a atenção para o fato de que, na esfera pública, existem múltiplas
audiências disponíveis que podem ouvir aqueles que reivindicam legitimidade para defender
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Optamos por não traduzir os dois conceitos por considerar que não há um bom correspondente na língua
portuguesa.
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uma determinada causa. Ao contrário dos tribunais, o standing na esfera política é mais
segmentado em locais e públicos. “Além disso, em uma arena política cada vez mais
fragmentada, as reivindicações de legitimidade precisam ser reajustadas constantemente e
estão sujeitas a renegociação.” (MEYER; BOURDON, 2019, p. 16). Além disso, na esfera
pública, “os grupos reivindicam sua posição com base na experiência pessoal e também com
base na expertise” (MEYER; BOURDON, 2019, p. 46).
Assim, ao olhar para aqueles que reivindicam standing na arena pública, Meyer e
Bourdon (2019) destacam: as vítimas (aqueles que sofrem as consequências de armas de fogo,
por exemplo), os especialistas (como médicos e educadores) e as celebridades:
As celebridades têm acesso imediato e rotineiro à atenção do público em decorrência
de sua notoriedade. [...] Sua notoriedade permite-lhes chamar a atenção para seus
pontos de vista sobre assuntos de interesse público. Às vezes, isso é bom para as
causas que eles endossam, mas as celebridades também podem aumentar sua própria
visibilidade ao se envolverem em uma causa política atual. (MEYER; BOURDON,
2019, p. 58, tradução nossa)
Conforme observado por Marshall (2006, p. X), o status de celebridade confere a uma
pessoa certo poder discursivo, colocando sua voz acima das demais e fazendo-a emergir como
legitimamente significativa nos sistemas de mídia. Este processo não é, no entanto, isento de
ambiguidades. Meyer e Gamson (1995) apontam que a participação de celebridades em um
movimento “oferece uma série de vantagens e restrições claras” (MEYER; GAMSON, 1995,
p. 181-182). Em todo caso, as celebridades podem ser vistas como atores importantes no apoio
a certas ideias a partir do poder discursivo que assumem na cena pública.
A partir desse entendimento, podemos pensar que o standing reivindicado por uma
celebridade está relacionado não apenas à legitimidade que ela possui para discutir determinado
assunto na esfera pública, mas ao tipo de posição que ela assume ao fazê-lo. É nesse sentido
que procuro relacionar o standing com footing, um conceito desenvolvido por Goffman em
Forms of Talk (1981) para pensar sobre como uma pessoa se posiciona em relação a outra em
uma interação social. Para o autor, uma mudança no enquadramento de uma situação - isto é,
na resposta à pergunta “o que está acontecendo aqui?” - implica uma mudança na posição dos
sujeitos envolvidos nessa interação. Footing, então, é entendido como postura, alinhamento,
posicionamento.
Ao relacionar, então, standing e footing para refletir sobre as ações das celebridades,
procuro pensar não apenas sobre sua legitimidade para debater e defender determinadas causas,
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mas como eles constroem um posicionamento sobre elas. Eles apoiam sua postura em nome de
quais ideias? Qual é a sua posição e quais os valores revelados neste processo?
Esses conceitos direcionam meu olhar para a ação da celebridade e permitem
desenvolver a análise pragmatista apresentada anteriormente. Ao olhar para a atuação das
celebridades brasileiras no contexto eleitoral de 2018, busco apreender que tipo de postura foi
sustentada por elas e o que tal posição política pode revelar acerca do contexto brasileiro
contemporâneo. O objetivo não é apreender os resultados de sua atuação, mas compreender os
significados que emergem com a postura assumida pelas celebridades ao ingressarem no
movimento #EleNão.
6
El Pais, 12 nov. 2015. Available at:
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/13/opinion/1447369533_406426.html. Acess on: 15 nov. 2019.
7
Cf. Nascimento, 2018; Arruzza, Bhattacharya e Fraser, 2019.
88
A hashtag foi impulsionada depois que uma menina de 12 anos, que participava do programa televisivo
MasterChef, foi assediada nas redes sociais.
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A convocação para a união das mulheres contra esse candidato extrapolou as redes
sociais digitais e ganhou as ruas de todo o país no dia 29 de setembro de 2018. Manifestações
aconteceram em várias cidades do Brasil e do mundo, construindo, segundo a pesquisadora
Céli Pinto, “a maior manifestação de mulheres da história do país”.9 Várias celebridades
aderiram ao movimento e divulgaram vídeos em suas redes sociais convocando seus públicos
a participarem das manifestações.
Entendemos que essa adesão de celebridades brasileiras ao #EleNão pode ser entendida
como uma forma de ação dessas personalidades na cena pública. Uma ação que exibe um
posicionamento em relação a várias temáticas e é alicerçada em valores assumidos por elas ao
justificarem sua inserção no movimento. Assim, para analisar tais posicionamentos, meu olhar
incide sobre vídeos postados por celebridades que aderiram ao movimento.
Para realizar a coleta de dados, foram realizadas buscas na Internet em três locais: 1)
Youtube; 2) Instagram; 3) Google. A ideia, ao buscar depoimentos nas três plataformas, é trazer
um conjunto diversificado de posicionamentos, que não representam a totalidade das
celebridades que aderiram ao #EleNão, mas podem dar uma mostra significativa de tais
posicionamentos.
No Youtube, foi feita uma procura por “celebridades #EleNão” e selecionado o
primeiro vídeo dos resultados, que traz um compilado dos depoimentos de 20 celebridades
aderindo ao movimento (18 mulheres e 2 homens)10. No Instagram, a busca foi realizada por
9
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45700013. Acesso em 31 de março de 2021.
10
O vídeo está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fZ_vVBe_M9o>. Foi coletado no dia 30 de
setembro de 2019, quando contava com mais de 200 mil visualizações.
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TABELA 1
Número de seguidores por celebridade no Instagram em 06 de novelbro de 2019
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Várias celebridades convocadas não aderiram ao movimento – ou seus posicionamentos não foram encontrados
na busca no Google.
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1) Como cidadãs
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Esse e outros posicionamentos de Bolsonaro podem ser encontrados, entre outros registros, no livro de
Piovezani e Gentile (2020) A linguagem fascista.
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o propósito da política democrática é construir o “eles” de tal modo que não sejam
percebidos como inimigos a serem destruídos, mas como adversários, ou seja,
pessoas cujas idéias são combatidas, mas cujo direito de defender tais idéias não é
colocado em questão. Esse é o verdadeiro sentido da tolerância liberal-democrática,
a qual não requer a condescendência para com idéias que opomos, ou indiferença
diante de pontos de vista com os quais discordamos, mas requer, sim, que tratemos
aqueles que os defendem como opositores legítimos. (MOUFFE, 2005, p. 20)
2) Como mulheres
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É, assim, contra o machismo e a misoginia evidentes nas falas de Jair Bolsonaro que
afrontam os direitos das mulheres que as celebridades analisadas se posicionam. A igualdade
salarial entre homens e mulheres é reivindicada, assim como é questionada a ideia de que as
mulheres devem ganhar menos porque engravidam e de que ter uma filha mulher é “uma
fraquejada”. Elas falam da união e da força das mulheres para fazer diferença nas eleições.
A cantora Marília Mendonça, por exemplo, usa de sua própria experiência como
cantora sertaneja para romper com o machismo no contexto brasileiro. Ela convoca as mulheres
a refletirem se merecem esse retrocesso em suas vidas e se posiciona contra o preconceito e a
favor do amor.13 A atriz Camila Pitanga destaca a falta de respeito do candidato, que defende
valores fascistas, às mulheres. Na fala da atriz Letícia Sabatella, destaque conferido à “união
das mulheres, que pode fazer diferença nessas eleições para barrar um candidato racista,
machista, fascista, homofóbico.” E a atriz Dira Paes adere ao movimento chamando a atenção
para a voz das mulheres: “#EleNão porque ele não nos representa, porque ele nos julgou muito
mal, ele achou que poderia falar o que quisesse e que nós íamos ficar caladas. Não, nós não
nos calamos”.
A apresentadora Fernanda Lima evoca explicitamente o movimento feminista para
contestar as ideias e os posicionamentos de Bolsonaro: “É muito fácil dizer que não é feminista,
trabalhando, votando, indo e vindo e sendo uma mulher livre. Mas a gente não pode esquecer
quantas mulheres já morreram, lutando pra que a gente possa estar aqui hoje, cercadas de alguns
direitos”.
Implícita ou explicitamente, essas celebridades falam em defesa dos direitos das
mulheres ameaçados diariamente pela sociedade patriarcal e, naquele momento, pela
candidatura de Bolsonaro. Elas fazem uso de seu poder discursivo (MARSHALL, 2006) para
fazer ecoar tantas pautas do movimento feminista que atentam para a pluralidade da experiência
das mulheres. É nesse sentido que podemos subdivir essa categoria de standing em outras três
dela decorrentes pois as celebridades se posicionam como 1) mulheres e mães; 2) como
mulheres e lésbicas ou trans; 3) como mulheres e negras. Isso revela a interseccionalidade
(CRENSHAW, 2002) das opressões vivenciadas por inúmeras mulheres e a necessidade de se
13
Depois de sofrer ameaças a si mesma e sua família, em virtude de sua adesão ao movimento #EleNão, Marília
Mendonça apagou o vídeo de seu Instagram e pediu desculpas a seus fãs, dizendo que não iria mais se posicionar
politicamente.
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4) Como mulheres lésbicas, como mulheres trans (ou simpatizantes da causa LGBT)
Um outro eixo que pode ser percebido no posicionamento das celebridades analisadas
diz respeito às causas LGBT. Algumas delas acionam sua experiência como mulher lésbica
para denunciar a ameaça representada por Bolsonaro, como faz a atriz Bruna Linzmeyer:
“#EleNão porque o meu corpo de mulher e sapatão merece andar na rua sem ser violentada, e
eu mereço ganhar o mesmo salário que um homem que tenha a mesma profissão que eu ganha.”
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A artista trans Linn da Quebrada também aciona sua identidade de gênero para justificar sua
adesão ao movimento: segundo ela, jamais apoiaria um candidato que, além de ter um péssimo
planejamento de governo, apoia a violência e “prega ódio a corpos como o meu”. A cantora
trans Liniker denuncia que o candidato “viola todas as leis de direitos humanos”, pois é “racista,
misógino, transfóbico, sexista”. Como uma mulher trans e negra, ela se coloca na busca por
um “país de direitos e de respeito” – sinalizando a sobreposição de opressões vividas por ela e
tantas outras mulheres.
Grande parte das celebridades, mesmo que não se posicionem como lésbicas ou trans,
denunciam a homofobia manifesta pelo então candidato Bolsonaro para justificar sua adesão
ao movimento. É preciso lembrar aqui que ele disse que preferia ter um filho morto a um filho
gay; que defendeu a violência para “curar” os homossexuais; que “as minorias têm que se
curvar às maiorias; as minorias se adequam ou simplesmente desaparecem”; “que a sociedade
brasileira não gosta de homossexual”, entre outras declarações homofóbicas.
Uma última categoria de posicionamento que foi evidenciada pela análise diz respeito
à postura como mulheres e negras. A atriz Camila Pitanga se coloca contra o candidato que
acha “racismo normal, se coloca contra cotas e projetos sociais que dão dignidade às pessoas”.
A atriz Juliana Alves afirma que o candidato “representa o genocídio da população pobre e
preta”, além do massacre aos indígenas e da perseguição às mulheres. Ela denuncia a violência
presente no discurso do candidato que não parece interessado na resolução do grave problema
da desigualdade social no Brasil – que afeta, sobretudo, a população negra.
A cantora Preta Gil também se posicionou contra o candidato, dizendo que é “#EleNão
há sete anos”. Ao ser indagado por ela, em um programa de TV, sobre o que faria se um de
seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra, Bolsonaro afirmou: “eu não vou discutir
promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem
educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu”. 14 Em outras
entrevistas, ele afirmou que não viajaria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser
14
Bolsonaro foi condenado por essas declarações racistas a pagar 150 mil reais por danos morais ao Fundo de
Defesa dos Direitos Difusos (FDDD), do Ministério da Justiça.
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operado por um médico cotista, que negros quilombolas não serviam pra nada, nem pra
procriar, entre outras declarações racistas. É importante destacar que celebridades não negras
também denunciaram o racismo de Bolsonaro – em empatia e solidariedade com as pessoas
afetadas pelo discurso preconceituoso do candidato.
Assim, ao denunciar esse e outros preconceitos de Bolsonaro – em relação aos negros,
aos homossexuais, às mulheres, aos indígenas, celebridades reiteraram os valores do respeito,
da igualdade, da dignidade das pessoas para integrar o movimento #EleNão. Algumas delas
reivindicam claramente a defesa dos direitos humanos para aderir ao movimento.
Para a atriz Chandelly Braz, “ele subverte o significado dos direitos humanos, ele faz
uma população acreditar que os direitos humanos estão a serviço da impunidade, o que é muito
grave”. A atriz Maria Casadevall se posiciona “contra um candidato que representa toda sorte
de retrocessos, de indiferença aos direitos humanos; de ameaça aos nossos direitos já
adquiridos”. A defesa da atriz Mariana Lima é de “que o Brasil seja um lugar de direitos
humanos compartilhados, onde as pessoas possam viver o esplendor das suas diferenças”.
Ao assumirem a defesa dos direitos humanos para justificar sua adesão ao movimento
“EleNão, celebridades atentam para o próprio fundamento desses direitos que estariam
ameaçados pela eleição de Jair Bolsonaro. Afinal, como discute Joas (2012), a fundamentação
dos direitos humanos está ligada à necessidade do reconhecimento da dignidade humana como
valor universal:
Proponho conceber a crença nos direitos humanos e na dignidade humana universal
como resultado de um processo específico de sacralização – processo durante o qual
cada ser humano individual, gradativamente e com motivação e sensibilização cada
vez mais intensas, foi passando a ser entendido como sagrado, e essa compreensão
foi institucionalizada no direito (JOAS, 2012, p. 19).
5. Para concluir
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O grupo se manteve após a eleição de 2018 com o nome Mulheres Unidas com o Brasil; contava, em 14 de
novembro de 2019, com quase 2,5 milhões de membros. Atualmente, o grupo é nomeado Mulheres Unidas com
o Brasil e tem cerca de 238 mil membros.
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acrítica. Celebridades podem ter aderido ao movimento apenas para conquistar visibilidade e
garantir fãs, mas essa é uma questão muito difícil de ser mensurada. 16 Ao mesmo tempo, é
inegável que elas atuaram na amplificação do movimento – tanto ao postar vídeos nas redes
sociais quanto ao participar dos protestos nas ruas do país.
Ou seja, as celebridades politizadas naquele contexto usaram seu prestígio e seu
potencial de visibilidade para promover o movimento #EleNão. Como destacado por David P.
Marshall (2006, p. x), o status de celebridade confere a uma pessoa um certo poder discursivo,
situando sua voz acima das outras e fazendo-a despontar como legitimamente significante nos
sistemas midiáticos. Nesse sentido, as celebridades usaram seu poder discursivo para se
posicionar em defesa dos direitos das mulheres e dos direitos humanos de forma mais ampla,
evidenciando seu compromisso com a democracia.
As celebridades aqui analisadas atuaram em um movimento que foi apontado como “a
maior manifestação de mulheres da história do Brasil”.17 Para a pesquisadora Céli Pinto, "O
que aconteceu agora foi uma popularização do feminismo. Está espraiado na sociedade.
Ninguém mais pode dizer que é contra os direitos das mulheres". Assim, ao fazer valer sua voz
para ecoar as pautas feministas, celebridades podem ser vistas como atuantes nesse processo
de popularização e podem participar da luta por “um feminismo para os 99%”, como sugerem
Arruzza, Bhattacharya e Fraser (2019, p. 29). Um feminismo atento à diversidade das
experiências das mulheres que podem se posicionar de muitas maneiras – como é possível
perceber na análise aqui apresentada. Elas se posicionam como mulheres, como mães, como
lésbicas, como trans, como negras e colocam na cena pública a pluralidade de existências que
impulsionou a adesão ao movimento #EleNão.
As celebridades que compõem o recorte da pesquisa também se engajaram na defesa
dos direitos humanos, ou seja, na reivindicação de que a dignidade das pessoas – de todas as
pessoas, independente de raça, gênero, classe social – deve ser respeitada. Trata-se de uma
sacralidade inviolável, para usar os termos de Joas (2012). Ao acionar o poder discursivo
(MARSHALL, 2006) de que dispõem na defesa dos direitos humanos, celebridades
reivindicam igualdade, respeito e amor como valores importantes na construção de uma
sociedade mais justa.
16
A cantora Anitta teve um papel contraditório no movimento #EleNão. Ela foi cobrada por seus fãs a se
posicionar contra a candidatura de Bolsonaro, mas demorou muito a aderir ao movimento. Isso causou críticas e
conflitos entre seus fãs – apoiadores e não apoiadores do movimento.
17
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45700013. Acesso em 31 de março de 2021.
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XXX Encontro Anual da Compós, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo - SP, 27 a 30 de julho de 2021
Ao personificarem tais lutas – pelos direitos das mulheres, dos negros, dos
homossexuais, enfim, pelo direito a essa sacralidade que garante o respeito a toda existência –
celebridades cumprem um papel importante na defesa e na sustentação de um modo de vida
democrático. Se a democracia deve ser pensada assim, como um modo de vida, tal como sugere
Dewey (1954), é uma forma de viver alicerçada na liberdade, na igualdade e no respeito que é
defendida nos posicionamentos analisados.
Assim, ao decidirem integrar o movimento #EleNão e agir em sua promoção,
celebridades desempenharam um papel político importante, conferindo visibilidade às lutas
feministas, à defesa dos direitos humanos e à própria defesa da democracia. A julgar pelo
resultado das eleições presidenciais brasileiras de 2018, com a vitória de Jair Bolsonaro,
poderia dizer que o movimento e as celebridades fracassaram. Mas, apesar da derrota, as ideias
que as celebridades e o próprio movimento propagaram – e que foram discutidas aqui ao longo
da análise – persistem no contexto brasileiro e impulsionam a resistência diária aos
autoritarismos e às ameaças aos direitos conquistados que marcam o contexto brasileiro
contemporâneo.
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