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Universidade Federal de Juiz de Fora

Ilustração

Professora: Eliane Bettocchi Godinho

Alunos: ​Lucas Cristian de Oliveira

Juiz de Fora, 10 de Julho de 2019

Relatório referente a obra “Marcas de um (des)Governo”.

A partir de reflexões e apontamento levantados pela professora em sala de aula, com base
em técnicas, estéticas e conceitos, surgiu a possibilidade da criação de uma peça de temática
livre, onde as e os estudantes pudessem expressar de maneira ilustrativa, buscando desenvolver
suas próprias técnicas, referências e possibilidades artísticas. Dentro deste cenário, me apeguei
na ideia de criação de um lambe-lambe, material artístico muito presente na paisagem urbana,
com origens históricas que remetem a mais de 100 anos.

Entendendo esse cenário onde a arte urbana se faz presente, e buscando assimilar a
situação política atual do nosso país, comecei a pesquisar técnicas que pudessem me fazer
alcançar o objetivo pretendido, tendo destaque especial para o design gráfico e a colagem,
procedimentos que eu conseguiria trabalhar e ter resultados satisfatórios, produzindo uma
imagem que atendesse as minhas necessidades e vontades.

Tendo em mente os processos, as técnicas e objetivos a serem alcançados, comecei a


pesquisar formas de fazer com a imagem tomasse forma, perpassando uma pesquisa de
reportagens, notícias e capas onde o personagem em questão (nosso atual presidente) fosse
destaque e suas falas fossem evidenciadas, para que assim houvesse material suficiente para uma
base onde pudesse trabalhar e que a mensagem a ser construída fosse possível, e com isso em
perspectiva, utilizando o retrato oficial da posse presidencial, busquei vetorizar a fotografia do
político em questão, a fim de poder ter mais liberdade nos aspectos de edição e com isso poder
manusear o desenho da melhor maneira possível. A partir desse momento e de posse das
manchetes e capas, foi criado um fundo onde a mensagem não buscam ser clara e/ou objetiva,
mas sim impactante e que a associação ao personagem principal fosse natural.

A próxima fase do trabalho gráfico ficou por conta da edição da faixa presidencial, que
buscando fazer uma brincadeira com a famigerada frase “Nossa Bandeira Jamais Será
Vermelha”, traz para a obra um aspecto de incômodo e estranhamento geral ao público, e
finalizando a obra, a inserção de uma mancha de sangue entre a figura presidencial e as
manchetes, de maneira a fazer uma alusão a como suas falas podem vir carregadas de sangue,
dor e crueldade.

Recepção a Obra

Com a trabalho em mãos, fiz o exercício de mostrar a imagem para algumas pessoas para sentir
quais seriam as relações com a obra, chegando a algumas conclusões bastante peculiares a
respeito do cartaz exposto, destacando-se as questões de ser uma peça de impacto imediato,
podendo causar estranhamos e descontentamento por se tratar de uma figura presidencial, mesmo
em pessoas de ideologias contrárias ao personagem retratado; o apego ao senso estético e busca
por uma harmonia que fizesse com que a obra fosse estranha ao olhar, por não se tratar de algo
que busque ser “belo” e /ou “harmônico”; a exaltação de parte do público que possuem
tendências contrárias ao que é dito/defendido pelo personagem em questão; e em como uma obra
como a apresentada pode servir como ferramenta de reflexão e questionamento, uma vez que a
busca entre conexões entre os símbolos aqui apresentados podem parecer óbvios e/ou simplórios,
mas que carregam camadas de subtextos que fazer com que o público se questione sobre suas
próprias referências, perpassando por suas fontes e suas ligações com a atual gestão do nosso
País.
Conclusões sobre o processo.

Busquei fazer essa obra com o intuito de criar uma peça que incomodasse a todas e todos
que vissem de primeira, mas que pela forma de distribuição (espalhada e colada pelos muros da
cidade), fizesse com que a reflexão sobre a personalidade política em questão pudesse sempre ser
revisitada, mas pego pensando em como uma obra como essa pode perder o impacto quando
extremamente reproduzida, fazendo o caminho inverso, gerando uma banalização da mensagem,
uma vez que aquilo que é muito visto acaba sendo diluído, como acontece com violência e os
casos de programas sensacionalistas da Tv aberta. Me pego pensando se a melhor maneira de
lidar com a mensagem seria ter essa grande exposição ou se a obra deveria ser trabalhada de
outra maneira para que o impacto, desejo inicial da produção, se mantivesse vivo e efetivo.

Fazer uma obra com esses objetivos me fez refletir em como lidamos com o grotesco e com
mórbido, e se o excesso de exposição ao qual estamos inseridos faz com que obras assim sejam
vistas só como mais uma intervenção que o tempo dará conta, com ou sem a devida atenção que
o artista, no caso, eu, almejava.

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