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REPLICAÇÃO DO DNA

- Processo de autoduplicação, mantendo o padrão de herança ao longo


das gerações.
- Uma molécula parental origina duas moléculas filhas idênticas.
- Cada fita parental serve de molde para a síntese de uma fita
complementar.
- A replicação do DNA é semiconservativa, pois só uma das fitas é
original, sendo a outra recém sintetizada.
- A DNA polimerase III adiciona nucleotídeos em uma velocidade de 500 a
5000 nucleotídeos por minuto.

Quais são os requisitos para a replicação do DNA? Primeiramente, é necessário


um molde de DNA unifilamentar, desoxirribonucleotídeos, além de enzimas e
proteínas.

Nossas células produzem as enzimas e proteínas envolvidas neste processo,


enquanto os nucleotídeos estão presentes no citoplasma. Os nucleotídeos são
estruturas químicas obtidas através dos alimentos.

Resumidamente, como vai se dar a replicação?

Primeiramente, ocorre o reconhecimento da origem de duplicação. Se dá então o


desenrolamento da fita dupla parental. Após ocorrer o rompimento, vai ser
necessário que exista algo que mantenha as fitas separadas. Mantendo as fitas
abertas inicia-se a síntese de novas fitas de DNA que serão alongadas. O DNA
molde volta a se enrolar e temos o término da replicação.

O sentido da síntese de DNA se dá no sentido 5’-3’.

1) Iniciação: o primeiro passo é saber em que ponto a molécula de DNA vai se


abrir; é importante lembrar que o DNA apresenta múltiplas origens de
replicação, dado o seu tamanho. Essas origens de replicação parecem estar
localizadas em sequências específicas de DNA, porém essas origens de
replicação estão em distâncias variáveis uma das outras.

As origens de replicação são sequências de DNA ricas em A-T. é fácil


pensar porque isso acontece: entre adenina e timina há somente duas pontes
de hidrogênio, tornando mais simples a separação das fitas de DNA, com
menor gasto de energia.
A replicação do DNA se dá então nos dois sentidos, sendo então
bidirecional, com as forquilhas de replicação (replicossomo) prosseguindo
nos dois sentidos.

No genoma humano existem cerca de 10.000 origens de replicação, com


intervalos de 30.000 a 300.000 pares de bases.

As origens de replicação possuem sequências de replicação autônoma


(ARS), justamente as sequências de DNA ricas em A-T que são
reconhecidas pelos fatores de permissão de replicação (MCM), um grupo
de proteínas que se liga nesse local. Além disso, um complexo
multiprotéico também se liga à essas origens de replicação, iniciando
então a abertura do DNA.

Aqui começa a participação de várias enzimas:

DNA topoisomerase: deselicoidização das fitas.


DNA helicase: separa as bases nitrogenadas, rompendo as pontes de
hidrogênio.
Proteínas SSB: se ligam as fitas de DNA unifilamentar, de cada lado,
mantendo as fitas separadas.

A RNA primase constrói um primer ou iniciador (10 a 15 nucleotídeos), uma


sequência de nucleotídeos que se liga à fita de DNA (sendo complementar). Os
primers são inseridos pois a DNA polimerase necessita de OH livre para inserir o
próximo nucleotídeo complementar, através de uma ligação fosfodiéster. Assim a
nova fita cresce no sentido 5’-3’, sendo a leitura do molde no sentido 3’-5’.

A síntese do DNA e leitura do molde é feita pela DNA POLIMERASE III

2) Alongamento: O DNA tem duas fitas que estão servindo como molde. A
síntese de DNA nas duas fitas ocorre de maneira diferente.

- Síntese da fita contínua (fita molde 3’-5’): síntese que utiliza como
molde a fita de DNA que está sendo lida no sentido 3’-5; esta fita de
DNA que está sendo sintetizada é idêntica à fita molde que está sendo
lida no sentido 5’-3’.

- Síntese da fita descontínua (fita molde 5’-3’): a fita descontínua já


está no sentido da replicação, porém isso é um problema, já que a
DNA polimerase III não tem a capacidade de fazer a síntese de DNA
no sentido 3’-5’ (lembrar que o sentido em que a fita filha é sintetizada
é oposto ao sentido de leitura da fita molde). Logo existem
particularidades nesse processo:
Na fita descontínua existe a necessidade de síntese de vários
primers que permitem a síntese de DNA por ação da DNA polimerase
III. ou seja permitem a síntese no sentido 5’-3’. Essa síntese é
denominada descontínua pois acontece aos pedaços.

Além disso, a síntese está indo contra o sentido da forquilha de


replicação, percorrendo somente pedaços curtos. Esses pedaços
curtos são chamados de fragmentos de Okazaki.

A DNA polimerase I remove os primers de RNA, de modo que sobram espaços


entre os fragmentos de Okazaki. Como esses fragmentos irão se unir? A ligação
é feita pela DNA ligase que catalisa a formação de uma ligação fosfodiéster, unindo
os fragmentos.

* A DNA polimerase I além de remover os primers de RNA da fita descontínua,


também remove o único primer de RNA da fita contínua.

3) Terminação: As forquilhas de replicação (replicossomos) se encontram


formando uma nova fita de DNA igual à fita mãe.

O que acontece se a DNA polimerase III ficar cansada e inserir um


nucleotídeo errado? Isso pode acontecer?

Sim, isso pode acontecer, entretanto existem mecanismos que realizam o reparo
deste erro.

Entre esses mecanismos temos a atividade exonucleasica 3’-5’ das DNAs


polimerases I e III. Ou seja, existem algumas classes de DNAs polimerases I e III
que além de realizarem a síntese do DNA no sentido 5’-3’, também realizam um
processo de revisão da fita, em sentido contrário, 3 '5'.

Então a DNA polimerase III, ao adicionar um nucleotídeo errado, percebe esse erro
e para o processo de replicação, andando para trás, removendo o nucleotídeo
errado e adicionando o correto.

Logo, a DNA polimerase III (e também a I) apresenta atividade polimerásica


(síntese de DNA, 5 '3') e exonucleasica (3 '5').
CLASSES DE DNA POLIMERASE EM EUCARIOTOS

Em humanos, a DNA polimerase épsilon faz a síntese na fita contínua, enquanto


na fita descontínua a síntese é feita pela DNA polimerase delta.

COMO OCORRE A REPLICAÇÃO DO DNA NOS CROMOSSOMOS?


TELÔMEROS E A TELOMERASE.

O DNA, no núcleo, está no formato de cromossomo. Quando a replicação chega


na ponta dos cromossomos, temos um processo de replicação diferente.

P.S: A ação da telomerase se dá SOMENTE na fita descontínua!

Na fita descontínua, quando a replicação chega na ponta dos cromossomos, a


sequência está em blocos, com a repetição sequencial da seguinte sequência:
GGTTA. A DNA primase não consegue construir primer para essa sequência,
não reconhece. Para contornar esse problema temos a ação da enzima DNA
telomerase que carrega o primer correspondente as sequências conservadas dos
telômeros, permitindo assim a leitura dessas sequências pela DNA polimerase
delta.

Isso permite o aumento da ponta dos telômeros, impedindo assim que a ponta
dos cromossomos não perca fragmentos com o passar das gerações.

A telomerase é uma transcriptase reversa, sintetizando DNA a partir de um


molde de RNA. Esse molde de RNA é justamente o primer de RNA que a enzima
carregar permite a leitura dos telômeros pela DNA polimerase delta.
Somente organismos unicelulares apresentam telomerase, além dos
humanos. Nos humanos as telomerases estão presentes somente nas células
germinativas (gametas) e células somáticas proliferativas (células da medula
óssea e células que revestem o intestino).

Dito isso, concluímos que a maioria das células somáticas têm pouca ou
nenhuma atividade de telomerase. A consequência disso é o encurtamento dos
telômeros, tornando os cromossomos instáveis e promovendo seu
encurtamento com o passar das gerações.

Esse fenômeno está intimamente ligado ao envelhecimento celular, estando


relacionado então com o nosso envelhecimento.

ENFOQUE CLÍNICO

1) Disceratose congênita: se caracteriza por uma falha progressiva de


medula óssea, com os indivíduos apresentando hiperpigmentação reticulada
da pele, cabelos e unhas distróficas e medula óssea insuficiente. Está
associada ao funcionamento defeituoso da enzima telomerase, levando
a telômeros encurtados, com consequente morte celular prematura e quebra
cromossômica espontânea. Os descendentes herdam os telômeros
encurtados.

2) Síndrome de Werner: doença autossômica recessiva rara associada a


envelhecimento precoce, cujo quadro cutâneo pode simular o
espessamento cutâneo característico da esclerose sistêmica (ES).
Apresentam uma série de sinais e sintomas similares ao envelhecimento em
estágios precoces de suas vidas (aparência senil, alopecia precoce ou
cabelos precocemente grisalhos). Apresentam geralmente também
alterações cutâneas (hiperqueratose, pele esclerótica ou atrófica), catarata,
aterosclerose, diabetes melito tipo 2 (DM2), hipogonadismo e risco
aumentado para o desenvolvimento de neoplasias. Ocorre por mutações no
gene WRN, localizado no cromossomo 8p12 e identificado como uma
helicase tipo RecQ.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO GENE

Um gene codificante de proteína pode ser visualizado como um segmento de uma


molécula de DNA que contém um código para uma sequência de aminoácidos
de uma cadeia polipeptídica e as sequências reguladoras necessárias para a
sua expressão, como por exemplo a região promotora e os elementos de
regulação.
Mas os genes são sequências codificantes contínuas? Não, na maioria dos
genes, as sequências codificantes são interrompidas por uma ou mais sequências
não codificantes, denominadas íntrons.

Mas os íntrons são transcritos? Inicialmente sim, o RNA primário contém íntrons.
Porém essas sequências não codificantes não estão presentes no RNAm maduro
no citoplasma, visto que são removidas durante o splicing.

Quais são as sequências codificantes? Os éxons que se alternam com os


íntrons. Além disso, a coleção de éxons codificantes em qualquer gene em
particular é flanqueada por sequências adicionais que são transcritas, mas não
traduzidas, chamadas de regiões não traduzidas 5′ e 3′. Ou também sequências
5’UTR e 3’UTR.

Os íntrons estão presentes em todos os genes do nosso genoma? Na verdade


não. Mas é importante salientar que estão presentes na grande maioria. Em muitos
genes, o tamanho cumulativo dos íntrons compõe uma proporção muito maior
do comprimento total de um gene do que os éxons. Embora alguns genes
tenham apenas alguns pares de quilobases de tamanho, outros estendem‑se por
centenas de pares de quilobases. Além disso, alguns genes são muito grandes;
por exemplo, o gene da distrofina no cromossomo X (nos quais mutações levam
à distrofia muscular de Duchenne) abrange mais de 2 Mb, dos quais, notavelmente,
menos de 1% consiste em éxons codificantes.

O gene é formado apenas pelas sequências codificantes de nucleotídeos


reais? Não, na estrutura do gene também estão presentes sequências adjacentes
necessárias para a expressão adequada do gene. Isto, para a produção adequada
de RNAm normal, no local correto e no tempo certo. Essas sequências fornecem os
sinais moleculares de início e parada para a síntese de RNAm.

A sequência de DNA que antecede o local de início da transcrição recebe qual


nome? Sequência a montante, ou upstream. É aí que está presente a região
promotora que inclui sequências responsáveis pelo início adequado da
transcrição.

A sequência de DNA além do local de término da transcrição recebe qual


nome? Sequência a jusante ou downstream.

A sequência promotora é conservada? Sim, ela é frequentemente conservada


entre vários genes diferentes, desempenhando papel importante na regulação
gênica.
Além dos promotores há outros elementos reguladores, localizados tanto em 5’
ou 3’ de um gene ou em seus íntrons. Esses elementos reguladores incluem os
acentuadores, os insuladores e as regiões de controle do locus. Alguns desses
elementos reguladores encontram-se a uma distância significativa da porção
codificante de um gene.

* A sequência promotora e os elementos reguladores podem ser locais de


mutação em doenças genéticas que podem interferir na expressão normal de um
gene.

* Importante lembrar também que na região não traduzida 3’ (sequência 3’


UTR) temos a presença de um sinal para a adição de uma sequência de resíduos
de adenosina, a chamada cauda poliA, à extremidade do RNAm maduro.

Mudanças nas sequências dos promotores causam doenças genéticas

No estágio embrionário, as gônadas são indiferenciadas. Somente a partir de um


determinado estágio do desenvolvimento embrionário que as gônadas se
diferenciam em testículos e ovários. Um gene, denominado SRY, localizado no
telômero do cromossomo Y, tem importância crucial nesse processo. O produto
desse gene desencadeia a determinação testicular durante o desenvolvimento
embrionário, com a produção de hormônios androgênicos entre a oitava e a nona
semana de gestação.

O que acontece se um indivíduo apresentar mutação na região promotora do


gene SRY? O indivíduo irá manifestar a Síndrome da Feminização testicular ou
Insensibilidade Andrógena. Ocorre deleção na região promotora do gene SRY, em
um dos sítios de consenso de ligação, impedindo a formação de um complexo de
transcrição, com consequente diminuição na expressão do gene SRY. Esse
acontecimento leva à ausência de formação dos testículos e reversão sexual
completa na paciente.

Famílias de genes

Muitos genes pertencem a famílias gênicas, que compartilham sequências de


DNA estreitamente relacionadas e codificam polipeptídeos com sequências de
aminoácidos estreitamente relacionadas.

Uma família gênica pequena e clinicamente importante é composta de genes


que codificam as cadeias de proteínas encontradas nas hemoglobinas.
Acredita‑se que o aglomerado de genes da β‑globina no cromossomo 11 e o
aglomerado de genes da α‑globina no cromossomo 16 tenham surgido pela
duplicação de um gene precursor primitivo há cerca de 500 milhões de anos.

Esses dois aglomerados contêm múltiplos genes que codificam cadeias de


globina estreitamente relacionadas.

Os padrões éxon‑íntron dos genes funcionais de globina foram conservados


durante a evolução; cada um dos genes funcionais de globina possui dois íntrons
em localizações semelhantes.

PSEUDOGENES

Sequências de DNA que se assemelham muito aos genes funcionais, mas não
produzem qualquer RNA funcional ou produto proteico. São de dois tipos: não
processados e processados.

- Não processados: representam genes mortos que antes eram funcionais,


mas que perderam a sua função por inativação.

- Processados: formados por um processo denominado retrotransposição,


que envolve a transcrição do DNA e em seguida a geração de uma cópia de
DNA, denominada DNAc, a partir do RNAm por transcrição reversa. Estes
genes não possuem íntrons, visto que a retrotransposição ocorre no RNAm
maduro que já sofreu o splicing. Por fim, esse DNAc é integrado ao genoma
em um local geralmente distante do gene original.

*Em muitas famílias existem tanto ou mais pseudogenes quanto genes


funcionais.

GENES DE RNA NÃO CODIFICANTE

Existem cerca de 20.000 a 25.000 genes de RNAnc, além dos 20.000 genes
codificantes de proteínas. Esses genes codificam quais RNAs?

RNAt: 70 a 100 nucleotídeos, trazem os aminoácidos corretos para a posição


correta ao longo do molde de RNAm, para serem adicionados à cadeia polipeptídica
em crescimento. São específicos para um aminoácido particular. São os elos
moleculares entre os códons e aminoácidos específicos.

RNAr: compõem a estrutura dos ribossomos.

RNAs nucleolares (RNApno): envolvidos na modificação de RNAr.


RNAInc: moléculas de RNA bem longas; desempenham papel na regulação gênica,
no silenciamento gênico e em doenças humanas.

microRNAs (miRNA): cerca de 22 bases de comprimento; suprimem a tradução


de genes específicos, que são seus alvos.

Como é feita essa supressão? Os microRNAs se ligam aos RNAms produzidos


por estes genes-alvo, impedindo assim sua consequente tradução.

* Alguns miRNAs mostraram regular negativamente centenas de RNAms cada;


combinados, prevê‑se que os miRNAs, portanto, controlem a atividade de até
30% de todos os genes codificantes de proteínas no genoma.

EXPRESSÃO GÊNICA

O início da transcrição de um gene está sob a influência de promotores e outros


elementos reguladores, bem como de proteínas específicas conhecidas como
fatores de transcrição, que interagem com sequências específicas dentro dessas
regiões.

A transcrição de um gene é iniciada no início de uma região 5′ transcrita, mas


não traduzida, a chamada sequência 5′ UTR, imediatamente a montante das
sequências codificantes.

Após a modificação nas extremidades 5′ e 3′ do transcrito de RNA primário, as


porções correspondentes aos íntrons são removidas e os segmentos
correspondentes aos éxons são removidos em conjunto, um processo chamado de
splicing de RNA. Após o splicing, o RNAm resultante é transportado do núcleo
para o citoplasma, onde o RNAm é finalmente traduzido em uma sequência de
aminoácidos do polipeptídeo codificado.

1) TRANSCRIÇÃO:

A transcrição de genes codificantes de proteínas pela RNA polimerase II é iniciada


no início da sequência 5’UTR. A síntese do RNAm segue na direção 5’ para 3’,
enquanto a fita molde é lida na direção 3’ para 5’.
O RNA sintetizado apresenta o mesmo sentido e a mesma sequência de bases
nitrogenadas (substituindo T por U) da fita de DNA não transcrita. Logo essa fita é
denominada fita de DNA codificante, ou senso.

A fita de DNA que sofre a transcrição é denominada fita de DNA não


codificante, ou antissenso. Ela não tem o mesmo sentido e nem a mesma
sequência de bases nitrogenadas apresentada pelo RNAm.

O transcrito primário de RNA é processado pela adição de uma estrutura


química de “cap” (ou capuz) na extremidade 5′ do RNA e pela clivagem da
extremidade 3′, seguida pela adição de uma cauda poliA à extremidade 3′ do
RNA; a cauda poliA parece aumentar a estabilidade do RNA poliadenilado
resultante.

A localização do ponto de poliadenilação é especificada em parte pela


sequência AAUAAA (ou uma variante desta), geralmente encontrada na porção
3′ não traduzida do transcrito de RNA (sequência 3’UTR).

* Todas essas modificações pós‑transcricionais ocorrem no núcleo, assim


como o processo de splicing de RNA.

O RNAm maduro é então transportado para o citoplasma onde ocorre a tradução.


TRADUÇÃO e CÓDIGO GENÉTICO

A síntese proteica ocorre nos ribossomos, complexos macromoleculares


compostos de RNAr (codificados pelos genes de RNAr 18S e 28S) e várias dúzias
de proteínas ribossômicas.

A chave para a tradução é um código que relaciona aminoácidos específicos com


combinações de três bases nitrogenadas ao longo do RNAm. Cada conjunto de
três bases constitui um códon, específico para um determinado aminoácido.

Em qualquer posição, existem quatro possibilidades (A, T, C ou G); assim, para três
bases, existem 43, ou 64, possíveis combinações de trincas. Esses 64 códons
constituem o código genético.

Como existem apenas 20 aminoácidos e 64 códons possíveis, a maioria dos


aminoácidos é especificada por mais de um códon; portanto, o código é
considerado degenerado.

* Apenas a metionina e o triptofano são, cada um, especificados por um único


códon.

* A base na terceira posição da trinca frequentemente pode ser uma purina (A ou


G) ou uma pirimidina (T ou C) ou, em alguns casos, qualquer uma das quatro
bases, sem alterar a mensagem codificada.
A tradução de um RNAm processado é sempre iniciada em um códon que
especifica metionina. A metionina é, portanto, o primeiro aminoácido codificado
de cada cadeia polipeptídica, embora seja geralmente removida antes de a
síntese de proteínas ser concluída.

AUG é o códon para metionina, sendo denominado códon iniciador,


responsável por estabelecer a matriz de leitura do RNAm.

Um local determinado em cada RNAt forma um anticódon de três bases que é


complementar a um códon específico no RNAm.

A ligação entre o códon e o anticódon leva o aminoácido adequado à próxima


posição no ribossomo, onde será inserido a cadeia polipeptídica crescente. A
inserção se dá através de uma ligação peptídica na extremidade carboxílica dessa
cadeia.

A tradução termina quando um códon de parada (UGA, UAA ou UAG) é


encontrado na mesma matriz de leitura que o códon iniciador.

INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO

Há bem mais de 1.000 fatores de transcrição de ligação ao DNA, sendo que


alguns deles são universais em sua expressão, enquanto outros são específicos
para o tipo celular ou tecido.

Uma sequência promotora importante encontrada em muitos genes é a TATA box,


uma região conservada rica em adeninas e timinas que está, aproximadamente,
25 a 30 pb a montante do sítio de início da transcrição. A TATA box determina a
posição do início de transcrição.

Uma segunda região conservada, a CAT box (na verdade CCAAT), está a poucas
dúzias de pares de bases mais a montante. Mutações experimentalmente
induzidas e as de ocorrência natural nesses elementos de sequência, bem como
em outras sequências reguladoras ainda mais a montante, levam a uma redução
acentuada no nível da transcrição, demonstrando assim a importância desses
elementos para a expressão gênica normal.

Nem todos os promotores de genes contêm os dois elementos específicos


que acabamos de descrever.
Em particular, os genes que são expressos na maioria ou em todos os tecidos,
os chamados genes de manutenção, muitas vezes não têm os boxes CAT e TATA,
que são mais típicos dos genes tecido‑específicos.

Os promotores de muitos genes de manutenção contêm uma alta proporção de


citosinas e guaninas em relação ao DNA circundante. Tais promotores ricos em
CG são muitas vezes localizados em regiões do genoma chamadas de ilhas
CpG, assim denominadas por causa da concentração surpreendentemente alta do
dinucleotídeo CpG.

As ilhas de CpG também são importantes porque elas são alvos de metilação de
DNA.

A transcrição pela RNA polimerase II (RNA pol II) é sujeita à regulação em


múltiplos níveis, incluindo a ligação com o promotor, o início da transcrição, o
desenrolamento da dupla‑hélice de DNA para expor a fita‑molde e o alongamento à
medida que a RNA pol II se move ao longo do DNA.

Além das sequências que constituem um promotor em si, existem outros


elementos de sequência que podem alterar significativamente a eficiência da
transcrição:

Os acentuadores são elementos reguladores que podem atuar à distância de um


gene para estimular a transcrição. Ao contrário dos promotores, os acentuadores
são independentes tanto em posição como em orientação e podem estar
localizados a 5′ ou 3′ do sítio de início da transcrição. Estão envolvidos na
especificidade tecidual ou no nível de expressão de muitos genes, em conjunto
com um ou mais fatores de transcrição.

A interação de acentuadores com proteínas reguladoras específicas leva a


níveis aumentados de transcrição.

A expressão normal dos genes também requer sequências mais distantes,


chamadas de região controladora de locus (RCL), localizadas a montante do sítio
de início da transcrição.
PROCESSAMENTO DO RNA

1) Revestimento cap: adição de revestimento de 7-metilguanosina na


extremidade 5’ (cap). Este revestimento protege o RNA da degradação,
sendo reconhecidos por fatores protéicos durante a tradução e influenciando
na remoção de íntrons. Ocorre enquanto o RNA ainda é sintetizado.

2) Adição da cauda poli A - Poliadenilação: adição de adeninas (50 a 250


adeninas) como uma cauda na extremidade 3’ UTR (sequência que será
transcrita, mas não traduzida). A adição é feita pela enzima poli A
polimerase. A cauda poli A confere estabilidade ao RNA e auxilia no
transporte do RNA para o citoplasma. Ocorre ao final da síntese de RNA.

3) SPLICING DE RNA:

As reações de splicing são guiadas por sequências específicas no RNA primário,


em ambas as extremidades, 5′ e 3′, dos íntrons.

A sequência 5′ consiste em nove nucleotídeos, dos quais dois, o dinucleotídeo


GT, praticamente não variam entre sítios de splicing de diferentes genes.

A sequência 3′ consiste em aproximadamente uma dúzia de nucleotídeos, dos


quais dois, o dinucleotídeo AG, são obrigatórios para o splicing normal.

Essas sequências conservadas, em ambas as extremidades, também podem


ser AGGU.

O significado clínico do splicing de RNA é ilustrado pelo fato de que mutações


dentro das sequências conservadas nos limites íntron‑éxon comumente
prejudicam o splicing de RNA, com consequente redução da quantidade normal
de RNAm maduro.

Mutações nos dinucleotídeos GT ou AG eliminam o splicing normal do íntron


que contém a mutação.

Como vai acontecer a remoção dos íntrons? Existem três processos:

- Spliceossomos: forma de remoção mais comum. Os spliceossomos


consistem em pequenos RNAs nucleares associados à proteínas. Possuem
atividade catalítica, clivando o RNA nas sequências conservadas AGGU. No
exemplo apresentado, os spliceossomos U1 e U2 ligam-se aos sítios de
corte, localizados nas extremidades 3’ e no meio do íntron, respectivamente.
A partir daí começam a chegar mais spliceossomos formando um
conglomerado. Este conglomerado faz com que a molécula de RNA, na
região de íntron, forme uma alça que se torna cada vez mais afunilada, até
que a molécula de RNA é clivada exatamente na junção íntron-exón. Essa é
a primeira clivagem, após isso os spliceossomos se soltam da fita de RNA,
partindo para a outra extremidade, onde vão realizar a segunda clivagem.

- Recomposição autocatalítica - cofator guanina (transferência de


ligações): o próprio íntron faz sua clivagem. Ele necessita de guanina
como cofator. Esse íntron acaba se auto-pareando, formando alças, e
na presença da guanina ele é capaz de se auto clivar.

- Nuclease e ligase: ação enzimática. A nuclease reconhece o sítio de


corte, cliva, como uma tesoura. Os íntrons saem e os exons se unem
por ação da ligase.

* E outros RNAs também sofrem processamento? Eles não sofrem capeamento


e poliadenilação, somente splicing.
Sequência de nucleotídeos do gene da β ­globina humana completo. É mostrada a sequência
da fita de 5′ a 3′ do gene. As áreas acastanhadas com letras maiúsculas representam
sequências exônicas que correspondem ao RNAm maduro. As letras minúsculas indicam
íntrons e sequências flanqueadoras. As sequências CAT e TATA box na região flanqueadora 5′
são indicadas na cor marrom. Os dinucleotídeos GT e AG, importantes para o splicing de RNA
nas junções íntron-­éxon, e o sinal AATAAA, importante para a adição de uma cauda poliA,
estão também realçados. O códon iniciador ATG (AUG no RNAm) e o códon de parada TAA
(UAA no RNAm) são mostrados em letras vermelhas. A sequência de aminoácidos de β­
globina é mostrada acima da sequência codificante.
EPIGENÉTICA

Estados epigenéticos podem ser estabelecidos por mecanismos que modificam o


DNA e alteram o empacotamento da cromatina ou o acesso a ela, sendo que
essas mudanças de cromatina podem ser altamente dinâmicas e transitórias,
capazes de responder rapidamente às necessidades da célula, ou podem ser de
longa duração, capazes de serem transmitidas através de múltiplas divisões
celulares ou mesmo para gerações subsequentes.

Mecanismos epigenéticos não alteram a sequência de DNA e isso os


distinguem de mecanismos genéticos.

As mudanças epigenéticas e a sequência de DNA compõem o conjunto de sinais


que orientam o genoma a expressar seus genes no momento certo, no lugar
certo e nas quantidades certas.

Entre os mecanismos que estabelecem estados epigenéticos temos:

1) Metilação do DNA: Modificação de bases de citosina por metilação


do carbono na quinta posição no anel de pirimidina. Geralmente
ocorre no C de dinucleotídeos CpG, presentes nas ilhas CpG,
inibindo a expressão gênica pelo recrutamento de proteínas
específicas que se ligam a metil-CpG. A ligação dessas enzimas ao
dinucleotídeo metilado acarreta no recrutamento sequencial de
enzimas de modificação que silenciam a transcrição.

A metilação do DNA é feita pelas enzimas DNA metiltransferases. Outra


forma de silenciamento da transcrição é a ligação do grupo metila ao
sulco principal do DNA, impedindo a ligação dos fatores de transcrição
e proteínas necessárias para o processo transcricional.

Uma desmetilação extensa ocorre durante o desenvolvimento das células


germinativas e nas fases iniciais de desenvolvimento embrionário, para
restaurar a totipotência ou pluripotência do zigoto e das células‑tronco.

O DNA hipometilado está relacionado ao aumento do processo


transcricional.

O DNA hipermetilado está relacionado à supressão do processo


transcricional.
2) Modificações de histonas: modificações em qualquer um dos tipos
principais de histonas: H2A, H2B, H3 e H4. Essas modificações
incluem a metilação, a fosforilação, a acetilação das histonas e a
ubiquitinação, ocorrendo em resíduos de aminoácidos específicos,
localizados principalmente nas “caudas” N‑terminais de histonas.

Essas modificações epigenéticas influenciam a expressão gênica, afetando a


compactação da cromatina ou sua acessibilidade e sinalizando
complexos de proteínas que — dependendo da natureza do sinal — ativam
ou silenciam a expressão gênica naquele local.

Qual grupo de proteínas especiais promove a modificação das


histonas? Grupo polycomb (PcG), agindo na repressão do processo
transcricional.

Importante frisar que a modificação individual de uma histona não é


capaz de influenciar a atividade de transcrição de um gene, sendo
necessária a presença combinada de múltiplas modificações.

Além da transcrição, as modificações de histonas influenciam o reparo do


DNA e a sinalização do ponto de verificação do ciclo celular. A
ubiquitinação da histona H2B é necessária para o reparo de quebras de
fita dupla de DNA. Essa modificação leva a metilação de outra histona,
acarretando em alterações na estrutura da cromatina e acesso aos genes
que sintetizam proteínas necessárias para o reparo da quebra de fita dupla.

A metilação das histonas pode aumentar ou diminuir o processo


transcricional, enquanto a acetilação, por promover a desestabilização da
cromatina, torna-a mais acessível, promovendo um aumento do processo
transcricional.

3) Variantes de histonas: Algumas histonas são produtos de genes


completamente diferentes, sendo consideradas variantes. Estes
genes estão localizados em partes diferentes do genoma, e suas
sequências de aminoácidos são diferentes das histonas verdadeiras.

As variantes de histonas substituem — completa ou parcialmente — a


histona principal correspondente, para gerar estruturas de cromatina
especializadas.

Algumas variantes marcam regiões específicas ou locus no genoma com


funções altamente especializadas; por exemplo, a histona CENP‑A é uma
variante de histona da H3, sendo encontrada exclusivamente em
centrômeros funcionais, contribuindo para as características essenciais da
cromatina centromérica, responsáveis por marcar a localização de
cinetocoros ao longo do cromossomo.

Outras variantes são mais transitórias; por exemplo, H2A.X é uma histona
variante de H2A envolvida na resposta a danos ao DNA, marcando regiões
do genoma que requerem reparo do DNA.

EXPRESSÃO GÊNICA É RESULTADO DA INTEGRAÇÃO DOS


SINAIS GENÔMICOS E EPIGENÔMICOS

O perfil de expressão gênica de qualquer célula em um determinado


indivíduo em um determinado momento (quer no contexto do ciclo celular,
no desenvolvimento precoce ou durante toda uma vida) e sob um
determinado conjunto de circunstâncias (conforme influenciado pelo meio
ambiente, estilo de vida ou doença) é, assim, a soma integrada de vários
efeitos diferentes, mas inter‑relacionados, incluindo os seguintes:

• A sequência primária dos genes, suas variantes alélicas e os seus produtos


codificados.

• As sequências reguladoras e o seu posicionamento epigenético na


cromatina.

• As interações com os milhares de fatores transcricionais, RNAnc e outras


proteínas envolvidas no controle de transcrição, splicing, tradução e
modificações pós‑traducionais.

• A organização do genoma em domínios subcromossômicos.

• As interações programadas entre as diferentes partes do genoma.

• O empacotamento tridimensional e dinâmico da cromatina no núcleo.

EXPRESSÃO GÊNICA MONOALÉLICA

1) Rearranjo somático: Observado nos genes que codificam imunoglobulinas e


receptores de células T, que fazem parte da resposta imunológica do
organismo.

Os genes que codificam esses anticorpos são submetidos ao rearranjo


somático. Esse rearranjo ocorre pelo corte e colagem de sequências de
DNA nas células precursoras dos linfócitos, promovendo assim uma
reorganização dos genes. Esse rearranjo ocorre aleatoriamente, envolvendo
apenas um dos dois alelos. Logo, a expressão de RNAms maduros para as
subunidades da cadeia pesada ou leve de imunoglobulina é exclusivamente
monoalética.

O mesmo acontece nos genes de receptores de células T.

Esse mecanismo é exclusivo para essas linhagens celulares.

2) Expressão monoalélica aleatória: Resulta da regulação epigenética


diferencial dos dois alelos, sendo a escolha também aleatória. No caso
da família gênica de RO, apenas um único alelo de um gene de RO é
expresso em cada neurônio sensorial olfativo. Esse mecanismo pode
aumentar a diversidade de respostas das células que interagem com o
ambiente externo. Não é restrito aos sistemas imunes e sensoriais, visto
que um bom número de genes humanos têm demonstrado passar por
esse silenciamento alélico aleatório; esses genes estão distribuídos
amplamente em todas as células autossômicas.

3) Imprinting de origem parental: Neste caso, diferente dos outros dois


mecanismo, a escolha do alelo a ser expressado não é aleatória; o alelo a
ser expresso depende da origem parental, ou seja, se veio do pai ou da
mãe. Envolve a introdução de marcadores epigenéticos na linhagem
germinativa de um dos progenitores, definindo o alelo a ser expresso.
Esses marcadores podem ser inseridos em um único gene ou em vários
genes.

Ocorre durante a gametogênese, antes da fertilização. O estado


imprintado do gene persiste até a idade adulta, através de centenas de
divisões celulares, de modo que somente a cópia paterna ou materna é
expressa nos tecidos.

O imprinting é reversível; se um menino receber um alelo de origem


materna com imprinting, este alelo, nas células germinativas, deve ser
convertido em um alelo de imprinting paterno, para ser transmitido para sua
prole.

Apesar da região imprintada poder abranger mais do que um único gene,


esse mecanismo é restrito a um segmento genômico delimitado. Ou
seja, o imprinting parental não vai se espalhar por todo o cromossomo, ele
tem um limite, uma “fronteira”, digamos assim, até onde ele pode ir.
Geralmente envolve centenas de pares de quilobases a alguns megabases
de tamanho.

Ocorre principalmente nos cromossomos 11, 14 e 15.


CROMATINA SEXUAL

4) Inativação do cromossomo X: mecanismo de compensação de dose, com


a finalidade de equilibrar a expressão dos genes localizados no
cromossomo X entre células masculinas e femininas, que resulta no
silenciamento epigenético da maioria dos genes em um dos dois
cromossomos X. O cromossomo X a ser silenciado é escolhido
aleatoriamente.

O cromossomo X inativo pode ser diferenciado do ativo através da


observação de metilação do DNA, modificações de histonas e a presença
alta de uma variante de histona, denominada macroH2A.

A escolha aleatória está sob controle de um locus complexo chamado de


centro de inativação do X. Essa região contém um gene de RNAnc
incomum, o XIST. A inativação de X não pode ocorrer na sua ausência.

O produto de XIST é um RNAnc longo que permanece no núcleo em


estreita associação com o cromossomo X inativo, meio que “cobrindo” ele.

Inativação aleatória do cromossomo X no início do desenvolvimento feminino. Um pouco depois


da concepção de um embrião feminino, tanto os cromossomos X de herança paterna como os de
herança paterna (pat e mat, respectivamente) estão ativos. Na primeira semana da embriogênese,
um ou outro X é escolhido ao acaso para se tornar o futuro X inativo, por meio de uma série de
eventos envolvendo o centro de inativação do X (quadrado preto). Esse X torna­-se então o X
inativo (Xi, indicado pelo sombreamento) naquela célula e em sua progênie, e forma o corpúsculo
de Barr em núcleos interfásicos. O embrião feminino resultante é, assim, um mosaico clonal de
dois tipos de células epigeneticamente determinadas: uma expressa alelos do X materno (células
em rosa), enquanto a outra expressa alelos do X paterno (células em azul). A proporção dos dois
tipos de células é determinada aleatoriamente, mas varia entre mulheres normais e entre as
mulheres que são portadoras de alelos de doenças ligadas ao X.

Para visualizarmos a cromatina sexual, podemos utilizar a Técnica da


Cromatina Sexual.

Em quais situações clínicas essa técnica é utilizada? Situações em que


existem dúvidas quanto ao sexo do paciente, mulheres com amenorréia ou
crescimento retardado e homens com problema de fertilidade.

Quais são as células utilizadas como material biológico? Células da


mucosa oral, sedimento urinário, líquido amniótico e bulbo capilar.

A melhor fase para observação da cromatina sexual é durante a


interfase, onde a cromatina sexual está em grau máximo de condensação.
A cromatina sexual, também chamada de corpúsculo de Barr, é o resultado
da inativação do cromossomo X; fenómeno que já foi explicado
anteriormente.

O corpúsculo de Barr está preferencialmente grudado à carioteca.

A inativação do cromossomo X se dá entre o 13o ao 16o dias de vida


embrionária, onde o blastocisto apresenta menos de 100 células.

A inativação do X é reversível nas células germinativas e irreversível


nas células somáticas.

Na imagem acima pode distinguir os sexos através da técnica da cromatina


sexual. Sabendo que a cromatina está preferencialmente grudada à
carioteca, podemos inferir que o indivíduo da segunda imagem é uma mulher.

MOSAICISMO SOMÁTICO

O mosaicismo somático, citado anteriormente, está ligado à cor da pelagem


de muitos mamíferos, com mosaico de manchas. Em uma ninhada de gatos,
por exemplo, iremos visualizar filhotes com padrões diferentes de pelagem,
resultantes da inativação do X paterno ou materno.
MANUTENÇÃO DA INATIVAÇÃO DO CROMOSSOMO X

A manutenção da inativação se dá pela metilação do DNA. A metilação


como já foi explicado anteriormente é catalisada pelas enzimas DNA
metiltransferases e etc… Só voltar na parte de epigenética que tem lá os
detalhes.

Se os cromossomos X extras são inativos, as pessoas com


cromossomos X (ou faltando) não deveriam ser
fenotipicamente normais?

Isso ocorre porque 25% dos genes do cromossomo X inativo escapam da


inativação. Esses genes encontram-se nas pontas dos braços curtos e longos
do cromossomo X.

Desses genes que escapam (16), 12 deles têm homólogos no cromossomo


Y. Desse modo temos a compensação da dose.
MUTAÇÕES GÊNICAS

As mutações são as fontes primordiais de toda variação genética, doenças e


distúrbios em seres humanos.

A maior parte das variações estão no DNA não codificante que representa a maior
parte do nosso material genético (75%).

- TIPOS DE MUTAÇÕES GÊNICAS COM BASE NA NATUREZA


MOLECULAR:

MUTAÇÃO DE PONTO (2/3 das variações genéticas): O tipo mais simples de


mutação gênica é uma substituição de base, a alteração de um único nucleotídeo no
DNA. Pode ser de substituição ou INDELS.

1) Substituição: existem dois tipos de substituições de base.

Em uma transição, uma purina é substituída por uma purina diferente ou


uma pirimidina é substituída por uma pirimidina diferente.

Em uma transversão, uma purina é substituída por uma pirimidina ou uma


pirimidina é substituída por uma purina. O número de possíveis transversões
é duas vezes o número de possíveis transições, mas as transições surgem
com maior frequência porque transformar uma purina em uma purina
diferente ou uma pirimidina em uma pirimidina diferente é mais fácil do que
transformar uma purina em uma pirimidina ou vice-versa.

2) INDELS (inserção ou Deleção): Outra classe de mutações gênicas inclui as


inserções e deleções (coletivamente chamadas indels) – a adição ou a
remoção, respectivamente, de um ou mais pares de nucleotídeos.

Embora as substituições de base sejam consideradas o tipo mais comum de


mutação, a análise molecular revelou que as inserções e deleções são
mais frequentes.

As inserções e deleções nas sequências codificadoras de proteínas podem


levar a mutações no quadro de leitura (frameshift), mudanças de troca de
quadro do gene. As mutações no quadro de leitura em geral alteram todos
os aminoácidos codificados pelos nucleotídeos após a mutação e,
então, elas têm efeitos drásticos no fenótipo. Nesse caso a proteína perde
totalmente sua função.
Algumas mutações de troca de quadro também introduzem códons de
parada prematuros, interrompendo prematuramente a síntese de
proteína e resultando em proteína encurtada. Nem todas as inserções e
deleções levam a mutações de troca de quadro. Quando isso ocorre, temos
uma mutação sem sentido, definindo uma proteína que pode ser
parcialmente funcional.

3) Repetições expandidas de nucleotídeos: As mutações nas quais o número


de cópias de um conjunto de nucleotídeos aumenta são chamadas de
repetições expandidas de nucleotídeos.

O número de repetições se relaciona frequentemente com a gravidade ou


a idade de início da doença. O número de repetições também tem relação
com a instabilidade das repetições de nucleotídeos: quando ocorrem mais
repetições, a probabilidade de expansão para mais repetições aumenta.

Essa associação entre o número de cópias de repetições de nucleotídeos, a


gravidade da doença e a probabilidade de expansão leva a um fenômeno
conhecido como antecipação, no qual as doenças causadas por
expansões repetidas de nucleotídeos se tornam mais graves em cada
geração. Mais raramente, o número de repetições de nucleotídeos diminui
em uma família.

A maioria dessas doenças é causada pela expansão de um conjunto de


três nucleotídeos (chamado de trinucleotídeo), em sua maioria CNG, onde
N pode ser qualquer nucleotídeo.
- TIPOS DE MUTAÇÕES GÊNICAS COM BASE NO EFEITO
FENOTÍPICO:

1) Mutação silenciosa: Por causa da redundância do código genético,


alguns códons diferentes especificam o mesmo aminoácido. Uma mutação
silenciosa muda um códon para um códon sinônimo que especifica o
mesmo aminoácido, alterando a sequência de DNA sem mudar a sequência
de aminoácidos da proteína.

Mas afinal, todas as mutações silenciosas são REALMENTE


silenciosas? Na verdade não, se isso cair na prova corre pra página 739 do
Pierce.

2) Mutação de sentido trocado (não sinônima) ou missense: Muda um


códon com sentido em um diferente códon com sentido, por substituição de
base, resultando na incorporação de um aminoácido diferente na proteína. A
proteína pode ser parcialmente funcional.

3) Mutação neutra: Um tipo de mutação missense. A mutação neutra altera a


sequência de aminoácidos da proteína mas não muda sua função de
forma significativa. Ocorrem quando um aminoácido é substituído por
outro que é quimicamente semelhante ou quando o aminoácido afetado
tem pouca influência na função da proteína.

4) Mutação sem sentido (não sinônima) ou nonsense: Troca do códon por


um códon de parada, por substituição, levando ao término prematuro da
tradução e síntese de uma proteína alterada. A proteína pode ser
parcialmente funcional quando a mutação ocorre no final da síntese.

5) Mudança do quadro ou matriz de leitura: Já foi explicada anteriormente.


Se dá por alteração das trincas, por inserção ou deleção, promovendo um
realinhamento das trincas e a perda completa da estrutura e função da
proteína.

6) Mutação de perda de função: Modifica a estrutura da proteína de modo que


ela não funciona mais corretamente – ou a mutação pode ocorrer em
regiões regulatórias que afetam a transcrição, a tradução ou a recomposição
da proteína. Essas mutações são frequentemente recessivas.
7) Mutação de ganho de função: Faz com que a célula produza uma
proteína ou produto de gene cuja função não existe normalmente. Esse
caso pode ser um produto totalmente novo do gene ou um produzido em
um tecido inadequado ou em um momento inadequado do
desenvolvimento.

Por exemplo, uma mutação em um gene que codifica um fator de


crescimento pode fazer com que o receptor mutante estimule o crescimento
de forma constante, mesmo na ausência do fator de crescimento. As
mutações de ganho de função são dominantes na sua expressão.

O QUE OCASIONA AS MUTAÇÕES?

As mutações podem ocorrer de forma espontânea ou induzida.

1) ESPONTÂNEAS: Podem ocorrer por pareamento incorreto entre as bases


nitrogenadas ou deslizamento no filamento de dna, situação que ocorre em
fragmentos de trinucleotídeos, formando alças que escondem o nucleotídeo
que deveria ser replicado, impedindo assim sua leitura.

2) INDUZIDAS: Exposição a agentes que causam riscos para a saúde.

- Exposições crônicas: duram entre 10% a 100% da vida de alguém.


- Exposições subcrônicas: menores do que 10% do período vital (fumantes
passivos, por exemplo).
- Exposições agudas: exposições de um dia ou menos a um agente
altamente perigoso, com altas taxas de radiação.

AGENTES QUÍMICOS: Podem agir como análogos de bases (são semelhantes


às bases nitrogenadas), substituindo as bases nitrogenadas normais na fita de DNA,
causando pareamento incorreto e promovendo assim um efeito mutagênico. Ou
seja, os agentes químicos induzem pareamento errado entre as bases e modificam
quimicamente as bases.

RADIAÇÃO IONIZANTE: Deslocamento de um elétron de uma órbita mais interna


para uma mais externa, liberando energia que desestabiliza as reações químicas e
formam radicais livres que danificam e quebram o DNA. O radical livre propicia a
formação de dímeros de timina, esses dímeros bloqueiam a transcrição e a
replicação. Podem ser reconhecidos e sua clivagem é realizada pelos mecanismos
de reparo ao DNA.

Se precisar ler sobre elementos de transposição e os efeitos mutagênicos da


transposição pula pra página 759 do Pierce.

SISTEMA ENZIMÁTICO DE REPARO AO DNA

Menos de um 1 milhão de lesões no DNA tornam-se uma mutação, o responsável


por essa defesa é o sistema enzimático de reparo ao DNA. Associado ao
sistema enzimático temos a ação das enzimas DNA ligase e DNA polimerase.

O reparo de DNA pode ocorrer por excisão de base (ocorre no pareamento errado,
retirando a base incorreta), excisão de nucleotídeo e correção de pareamento
(na formação de alças ou remoção).

Se precisar de mais detalhes sobre o funcionamento do sistema de reparo ao


DNA pula pra página 772 do Pierce.

Se ela pedir na prova uma doença causada por deficiência nesse sistema, fala
sobre o xenoderma pigmentoso.
Variações genéticas

- Descontínuas: muito simples e fácil de estudar, uma determinada característica


vai ter duas formas bem distintas e separadas, sendo facilmente identificável.
Costumamos ver principalmente nas doenças. Há também uma relação
previsível entre fenótipo e genótipo, ou seja, se a pessoa ela tem aquilo no
genótipo dela, iremos ver no fenótipo! As variações genéticas então são
definidas como herança monogênica.

- Contínuas: uma característica tem uma gama de fenótipos, sendo dos fenótipos
intermediários mais comuns na população e mais facilmente encontrada. Já não há
mais a certeza que aquele genótipo vai resultar naquele fenótipo, pois a
variação genética e a interação ambiental resultam em diferenças. As variações
genéticas contínuas são definidas como herança poligênica.

- Síndrome ou doença genética: Conjunto consistente e definitivo de


sintomas e sinais. No paciente vamos observar um padrão de anormalidades
múltiplas, relacionadas com uma patogenia. Como exemplo temos a
síndrome de Down, resultante de uma trissomia do cromossomo 21, nesse
caso temos uma anormalidade no cromossomo; também podem haver
síndromes relacionadas com anormalidades no gene, como por exemplo a
acondroplasia.

- Condição genética: menos limitante, não impõe uma série de condições


limitantes à vida de um indivíduo; um exemplo é o albinismo.

HEREDOGRAMAS
*para gêmeos dizigóticos o triângulo não fecha!

Qual a importância?

Herança monogênica

Determinada por apenas um gene, sendo o alelo dominante ou recessivo,


chamada também de mendeliana. 3% dos genes humanos contribuem com o
aparecimento de doenças genéticas.

Os alelos estão localizados nos cromossomos. Quando localizados nos


cromossomos de 1 a 22, temos uma herança monogênica autossômica.
Quando o alelo está no cromossomo X, temos uma herança monogênica
ligada ao X. Ambos os casos podem ser dominante ou recessivo.

- Herança monogênica autossômica: mesma probabilidade de homens e


mulheres serem afetados. A expressão do fenótipo define se a herança é
recessiva ou dominante. Se indivíduos heterozigotos e homozigotos
apresentam o fenótipo falamos que a herança é dominante; se somente
indivíduos homozigotos apresentam o fenótipo então a herança é recessiva.

1) Autossômica recessiva: ocorre somente nos homozigotos, afeta indivíduos de


ambos os sexos na mesma proporção, abrange aproximadamente 900 distúrbios e
é necessários dois alelos mutantes para a expressão da característica. Isso ocorre
por mutação de perda de função.

*Muito comum genitores não afetados com prole afetada. Isso indica que os
pais são heterozigotos, portadores da mutação, porém sem expressá-la,
confirmando recessividade para esta herança.
*Heranças recessivas apresentam alta probabilidade de serem expressos em
casamentos consanguíneos.

*Os afetados não estão presentes em todas as gerações.

Exemplos:

ALBINISMO
FENILCETONÚRIA

FIBROSE CÍSTICA

SÍNDROME DE MOHR
2) Autossômica dominante: ocorre tanto em homozigotos quanto em
heterozigotos, com os afetados possuindo somente alelos dominantes. Geralmente
os afetados aparecem em todas as gerações. Características comuns são
resultados de genótipos encontrados com frequência na população.

Exemplos:

DOENÇA DE HUNTINGTON

*Quanto mais repetições a pessoa houver no códon CAG, mais cedo e mais
grave é o início da doença.

CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
ACONDROPLASIA

*Em homozigose é letal.

HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR
FIBROMATOSE GENGIVAL HEREDITÁRIA

A distinção entre herança dominante e recessiva não é absoluta. Existem


exceções, como:

ANEMIA FALCIFORME
*Mutação de ponto na 2o posição do códon de glutamina, ocorrendo uma
transição entre A e T.

Ou seja, se o heterozigoto viajar para um local com baixa pressão de oxigênio,


suas hemoglobinas se afoiçam.

3) MONOGÊNICA LIGADA AO SEXO: Cromossomo X e Y estão distribuídos de


modo desigual entre homens e mulheres, sendo que cerca de 500 genes já foram
mapeados no cromossomo X, estando 70% associados ao fenótipo de doenças.
Homens são homozigotos e as mulheres podem ser homozigotas ou heterozigotas.

Nos homens não existem portadores, ou eles são normais ou são afetados. Nas
mulheres, a maioria é portadora, sendo filhas de pai afetado.

Não há transmissão direta de homem para homem. Lembrando que na herança


ligada ao sexo os mais afetados são os homens.

Como saber se a característica é dominante ou recessiva?


Quais são as doenças recessivas ligadas ao X?

HEMOFILIA

DALTONISMO
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE

Quais são as doenças dominantes ligadas ao X?

INCONTINÊNCIA PIGMENTAR - SÍNDROME DE BLOCH-SULZBERGER

*Letal em homens.
HIPOFOSFATEMIA ou RAQUITISMO RESISTENTE À VITAMINA D - SÍNDROME
DE RETT

SÍNDROME DO X FRÁGIL

*Teste genético: PCR e Southern blotting.


- Fatores que afetam os padrões dos heredogramas:

1) Idade de início: nem todos os distúrbios genéticos são congênitos, como a


doença de Huntington.

2) Heterogeneidade genética: mais de uma herança por trás de uma determinada


síndrome genética, resultando em fenótipos similares gerados por genótipos
diferentes.

Exemplos:

3) Penetrância incompleta: situação em que o genótipo nem sempre produz o


fenótipo esperado, como por exemplo na polidactilia. Apesar de uma grande parte
de uma população apresentar o alelo para esta condição, poucos possuem o
fenótipo correspondente. Ou seja, temos uma variação na expressão do fenótipo.

Se a polidactilia apresenta 64% de penetrância, isso quer dizer que em uma


população de 100 pessoas, 64 irão apresentar o fenótipo característico.

O que influencia a penetrância? O ambiente, situação em que pessoas de mesmo


genótipo podem apresentar uma gama de fenótipos de acordo com o local onde
vivem. Além disso, temos a interação com outros genes.

4) Expressividade variável: grau pelo qual uma característica é expressa em uma


determinada doença, pessoas de mesmo genótipo apresentam quadro clínico de
intensidade diferente. Um exemplo é a polidactilia

5) Alelos letais: não temos como saber, pois os indivíduos morrem em estágios
iniciais de desenvolvimento, com certos genótipos não aparecendo na prole.
CARACTERÍSTICAS COMUNS CONDICIONADAS POR GENES DOMINANTES E
RECESSIVOS
Características quantitativas

Nessa situação não conseguimos observar um grupo específico de pessoas que


apresentam uma determinada característica, o que vemos é um gradiente de
fenótipos.

Conseguimos observar uma distribuição contínua normal dos fenótipos.

Por exemplo, vamos em todas as maternidades de Manaus observar todos os


bebês que nasceram em 24 horas e verificamos o peso desses bebês. O peso é
uma característica quantitativa, não vamos encontrar dois grupos de bebês com
pesos distintos, o que encontramos é um gradiente de fenótipos (peso). Isso ocorre
porque esse fenótipo é condicionado por vários genes, não somente um único gene.

Temos então os poligenes ou QTLs (locus de características quantitativas).

Herança poligênica ou multifatorial (quantitativa)

Herança e expressão de um fenótipo determinado por muitos genes. Estes genes


estão localizados em locus diferentes, mas agem juntos.

Estes genes podem interagir de três formas:

1) Ação aditiva: cada gene expressa um determinado quantitativo da


expressão.

2) Dominância e recessividade: uma determinada característica é


determinada por 4 genes. 3 destes genes estão em recessividade, o quarto
gene está em dominância, impedindo assim a expressão destes 3 genes.

3) Interação gênica: a expressão de um gene é necessária para ativar a


expressão dos outros.

- É determinada por vários genes e fatores ambientais, por isso recebe


também o nome de multifatorial.
- Apresenta distribuição em curva normal na população devido aos muitos
genes com efeito aditivo. A curva normal é formada pela distribuição dos
indivíduos em cada classe fenotípica, ocorrendo devido à segregação
casual dos alelos de diferentes locus.

Quanto maior o número de locus envolvidos maior será o número de


classes fenotípicas; menor também é a probabilidade de se formarem
homozigotos ou indivíduos com fenótipos extremos.

- A partir do número de genes envolvidos em uma determinada característica,


é possível determinar o número de fenótipos possíveis CAUSADOS por efeito
aditivo. Como?
As características comuns do ser humano estão ligadas a um maior número
de locus envolvidos.

PELE
ALTURA

COR DOS OLHOS

*a forma como esses genes interagem entre si é diferente entre as pessoas.


* Uma pessoa para ter olhos azuis vai precisar da combinação dos alelos aa,
bb e cc. Se ela tiver a combinação de bb e cc, mas não tiver o alelo aa, a
melanina vai ser depositada, mascarando o olho azul programado para estar
presente.

HETEROCROMIA
Como saber o papel dos genes (grande ou pequeno) na determinação de um
dado fenótipo?

É possível calcular isso através de uma fórmula denominada herdabilidade, definida


pela proporção entre variação genética em relação à variação genética total
(variação genética + variação do ambiente).

A herdabilidade é diretamente proporcional à variação genética. Ou seja,


quanto maior a herdabilidade maior o papel dos genes na determinação da
característica.

Alta herdabilidade significa um alto risco do aparecimento de determinada


doença nos descendentes.

Por exemplo, meu pai tem esquizofrenia, sendo meu parente de primeiro grau as
chances de eu também manifestar esquizofrenia são muito grandes. Se meu avô,
que é um parente de segundo grau, tem esquizofrenia, as chances de eu manifestar
diminuem!

HERANÇA MULTIFATORIAL COM EFEITO LIMIAR

- Malformações congênitas não possuem distribuição contínua na população,


existindo um limiar que separa a população em dois grupos: normais e anormais
(moderadas a grave).

São dois grupos muito distintos. Conclui-se então que quando se trata de
patologias a herança multifatorial apresenta comportamento linear, com
distribuição em curva diferente do que foi apresentado para características como
pele, peso, altura, etc...

Quando o limiar for ultrapassado, por acúmulo de genes prejudiciais, ocorre a


manifestação de uma determinada doença ou malformação com contribuição de
fatores ambientais nocivos.
Quando se trata de uma patogenia a curva normal se apresenta da seguinte
maneira:

Em amarelo temos as pessoas normais, em vermelho as pessoas que apresentam


malformações. O ponto de transição entre os dois grupos é justamente o limiar.

Por exemplo, o gráfico representa uma doença que apresenta 10 genes. No


extremo esquerdo temos os indivíduos em que os 10 genes são favoráveis. No
ápice da curva temos os indivíduos em que os genes favoráveis estão em maior
quantidade do que os prejudiciais. Próximo ao limiar estão os indivíduos que
apesar de serem normais, apresentam uma quantidade considerável de genes
prejudiciais. No limiar estão aqueles que apresentam mais genes prejudiciais do
que favoráveis, resultando na doença. Ou seja, quanto mais próximo do efeito
limiar, mais propenso os indivíduos estão de apresentar aquela doença.
Quanto cada fator contribui para a característica? Isso depende da
herdabilidade.

*A maioria das doenças complexas ainda estão sendo estudadas em relação


aos fatores genéticos relacionados!

DOENÇAS MULTIFATORIAIS COMPLEXAS

HEMOCROMATOSE
O que podemos observar neste exame?

- Neste exame, a genética não explica porque esse homem apresenta


acúmulo de ferro, indicando que a sua condição é decorrente
principalmente de fatores ambientais associados!

- Como esse homem é heterozigoto para o alelo C282Y (ou seja,


apresenta o alelo selvagem e o alelo mutante), se ele casar com uma
mulher também heterozigota para o mesmo alelo, há a possibilidade da
prole apresentar a hemocromatose, nesse caso causadas pelo
genótipo!
ALZHEIMER
DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA
ACONSELHAMENTO GENÉTICO
HERANÇA MITOCONDRIAL

- Mutações nestes genes mitocondriais podem levar ao surgimento de doenças.

- O DNA mitocondrial apresenta altas taxas evolutivas, isso ocorre pela alta
produção de radicais livres o que torna esse DNA mais propenso a sofrer
mutações.

- Não possui íntrons.

- Genes de cópias únicas, visto que sua herança é somente materna.

- As doenças são herdadas exclusivamente pela mãe.

- Crianças de mulheres afetadas são igualmente afetadas, diferente do que


acontece com a prole de homens afetados, que é sempre normal.

- A expressão de alguns genes mitocondriais é influenciada por genes


nucleares.
O que podemos observar nesse heredograma e que são indicativos para herança
mitocondrial?

1) Todos os filhos de uma mulher afetada apresentam a doença.

2) Somente as mulheres passam a característica para seus descendentes.

- O grau da severidade da doença dependerá da quantidade de mito-


côndrias defeituosas passadas da mão para os filhos. Por que isso?

Porque as mitocôndrias também são replicadas, ocorrendo também replicação do seu


DNA. Quando ocorre a replicação, nem todas as células recebem o DNA alterado, pois isso
acontece de forma aleatória. Porém quanto mais mitocôndrias defeituosas, mais DNA
mutante está presente, acarretando em fenótipos mais graves.

- Doenças mitocondriais são multissistêmicas, afetando preferencialmente SNC


e sistema muscular.

DOENÇAS MITOCONDRIAIS

NEUROPATIA ÓPTICA HEREDITÁRIA DE LEBER


Erros Inatos do Metabolismo

Os erros inatos do metabolismo são distúrbios bioquímicos, geneticamente


determinados, que devido a um defeito enzimático específico produz um bloqueio
metabólico que pode originar uma doença.

Uma via metabólica exige a ação sequencial de muitas enzimas.

A mutação em genes de uma dessas enzimas leva ao bloqueio metabólico, com


consequente falta do produto daquela via (a partir do ponto em que ocorre o
bloqueio metabólico).

Exemplo:
Quando ocorrem esses erros inatos? Durante a embriogênese.

Temos os erros inatos da morfogênese, resultando em dismorfologia decorrente


de erros na formação dos órgãos. Pode ocorrer por fatores externos, como por
exemplo o uso excessivo de cigarro durante a gestação.

Os erros inatos do metabolismo não resultam em características físicas anormais,


mas sim em alterações nos processos metabólicos.

- Abrange cerca de 500 doenças, com a maioria se apresentando na infância.

- Incidência individual baixa, porém olhando o conjunto, essas doenças são


encontradas de forma regular (1:800 RN).

- Ampla faixa de sinais e sintomas clínicos, desde um soluço (perceptível) até


problemas psiquiátricos.

- A manifestação dos sintomas depende da gravidade do defeito metabólico. Ou


seja, em qual fase da via metabólica ocorreu o bloqueio metabólico.

- As doenças são marcantes, sem formas intermediárias. Ou tem ou não tem, não
existe meio termo.

- Congênitas ou surgem muito cedo na vida.

- Tendem a aparecer nos irmãos, mas não nos genitores afetados.

- Ocorrem em famílias cuja consanguinidade parental está aumentada.

- São herdáveis, sendo a grande maioria de herança autossômica recessiva.


Alguns por genes recessivos ligados ao sexo.

1) Assintomáticos - não geram doenças. em algumas situações os assintomáticos


só são assintomáticos até que os sintomas sejam evidenciados pela ingestão de
certas substâncias.

2) Sintomáticos - representam a grande maioria dos pacientes, com sintomas


agudos e graves na maior parte.
A maioria dos EIM são tratáveis por medidas que incluem:

* O grande divisor de águas é o reconhecimento e a intervenção precoce do


distúrbio.

DOENÇAS:

1) HIPOLACTASIA PRIMÁRIA (INTOLERÂNCIA A LACTOSE)

- Incapacidade de absorção de moléculas orgânicas ou inorgânicas pelo intestino.

- Costumam ser desencadeados pela dieta. Ou seja, o indivíduo precisa entrar em


contato para apresentar os sintomas.

- Pode se manifestar clinicamente a partir da puberdade ou final da adolescência.

A enzima lactase hidrolisa a lactose para que ocorra sua absorção no lúmen intesti-
nal, porém quando essa hidrólise não ocorre (por deficiência da enzima lactase),
a lactose, por osmose, leva a desvio de líquidos para a luz intestinal, causando
diarréia.

A lactose acumulada fermenta e causa distensão abdominal, cólicas e


timpanismo.

A deficiência congênita da lactase é resultante de alteração no gene LCT, localiza-


do no braço longo do cromossomo 2.
* O indivíduo que tem a presença da enzima funcional também pode
desenvolver a intolerância à lactose. Na maioria dos RNs a atividade da lactase é
máxima no período perinatal (até os 8 meses de vida).

A partir de 2 anos e meio temos dois grupos de indivíduos:

- LACTASE NÃO PERSISTENTE: Indivíduos que perdem gradativamente a


capacidade de degradar lactose, ou seja, a lactase vai perdendo a sua função,
resultando em hipolactasia primária que se manifesta na adolescência ou vida
adulta.

Por que isso ocorre? Apesar de o LCT do indivíduo ser completamente normal,
temos um gene denominado MCM6, localizado no braço longo do cromossomo 2.

Este gene faz interação gênica com o LCT, regulando a expressão deste gene,
causando assim a diminuição na produção da enzima lactase.

Por que o MCM6 nesses indivíduos consegue regular a expressão do LCT? A


resposta para isso está na evolução humana. Antes que o homem conseguisse
domesticar a vaca (por exemplo), o RN de uma mulher primitiva só se alimentava de
leite durante a amamentação, após isso, como a criança não iria ingerir mais leite
(tornado o LCT inútil), o próprio organismo, por uma questão de adaptação,
promovia a regulação e desativação deste gene por ação do MCM6.

- LACTASE PERSISTENTE: Indivíduos são capazes de digerir a lactose na vida


adulta.

Mas nesses casos, por que o MCM6 não interage com o LCT, promovendo sua
inibição? Bom, foi descoberto que o MCM6 apresenta um polimorfismo de 4
variações genéticas. Essas mutações fazem com que o MCM6 perca a capacidade
de regular a atividade do LCT. Logo indivíduos que carregam essas mutações se
tornam lactase persistente.

Como detectar a intolerância à lactose? Existe um exame genético chamado


ANÁLISE MOLECULAR DE HIPOLACTASIA PRIMÁRIA.

É um procedimento extremamente confiável, onde basta identificar se o indivíduo


possui ou não mutação no gene MCM6. A identificação é feita através da coleta de
material biológico (amostra sanguínea) e consequente sequenciamento do gene.

O resultado costuma sair em até 7 dias úteis.


Qual o tratamento?

2) GALACTOSEMIA

- Doença rara do metabolismo da Galactose, devido a alteração de umas das


enzimas responsáveis pela conversão da galactose em glicose.

- Dependendo da enzima afetada, a doença se manifesta de forma diferente.

- Herança autossômica recessiva.

- Ocorre por alteração no gene GALT, localizado no braço curto do cromossomo 9.


Este gente sintetiza a enzima de mesmo nome, a GALT, uma das enzimas da via
metabólica de conversão da galactose em glicose.
*Já foram mapeadas mais de 200 mutações no gene GALT.

- Causa danos principalmente às células do sistema nervoso central. Suas


principais manifestações clínicas são: falência renal, hepatomegalia, catarata e
danos cerebrais.

Como diagnosticar a galactosemia?

Amniocentese - ocorre ainda na vida uterina. Retirada de líquido amniótico com


material biológico do feto.

Teste do pezinho, análise de metabólitos na urina ou dosagem da enzima.

Quais são os sinais e sintomas mais frequentes nos RNs e pacientes no


período juvenil/adulto?
Tratamento?

Reposição enzimática, eliminação total da galactose na dieta (mais adequado), rã


terapia (uso de carne de rã, onde estão presentes muitos dos nutrientes contidos
no leite).

3) FENILCETONÚRIA

Ocorrem por mutações no gene PAH que possui 90 kb e 13 éxons. Está


localizado no cromossomo 12. É uma mutação de sentido trocado em 60% dos
casos e mutação sem sentido em 6%.

A fenilalanina precisa ser convertida em tirosina por ação da enzima


fenilalanina hidroxilase. Quando esta enzima não está ativa (devido mutação
no PAH) o indivíduo desenvolve o PKU.

Ocorre então acúmulo da fenilalanina e escassez da tirosina. A fenilalanina


que está acumulada segue por uma via alternativa, formando fenilcetonas. As
fenilcetonas se acumulam, sendo extremamente tóxicas para vários órgãos.

A rota metabólica fenilalanina-tirosina envolve também a enzima tirosinase


que faz a conversão da tirosina em melanina. Quando o gene que sintetiza esta
enzima está defeituoso a tirosina não é convertida. Ocorre então falta de
melanina, com consequente desenvolvimento do albinismo.

- EXISTEM 3 TIPOS:

* com base na atividade enzimática.

1) CLÁSSICA: Atividade enzimática abaixo de 1%, com níveis altos de fenilalanina


no sangue (mais de 20 mg/100 ml). Tem tratamento.

2) LEVE: Atividade enzimática entre 1 e 3%. Níveis de fenilalanina entre 10 a 20


mg/100ml no sangue. Tem tratamento.

3) HIPERFENILALANINEMIA TRANSITÓRIA ou PERMANENTE: Atividade


enzimática acima de 3%, com concentração de fenilalanina no sangue abaixo de 10
mg/100ml. Sem tratamento.

Os 3% são suficientes para não acumular fenilalanina no sangue, nesse caso


não é necessário tratamento pois esse acúmulo não causa problemas graves e o
paciente consegue viver normalmente.
QUADRO CLÍNICO:

- Microcefalia.

- Pele muito clara.

- Grave déficit intelectual.

DIAGNÓSTICO:

- Amniocentese.

- Teste do pezinho.

- Análise de metabólitos na urina (pelo acúmulo das fenilcetonas na urina).

- Mulher grávida fenilcetonúrica.

TRATAMENTO:

- Dieta com baixo teor de fenilalanina.

- Uso de complementos alimentares.

4) MUCOPOLISSACARIDOSES (MPS)

Doenças genéticas causadas por mutações nos genes codificadores de


enzimas lisossomais que degradam glicosaminoglicanos (GAGs).

- 11 tipos diferentes de MPS, de acordo com a enzima deficiente.

- Extremamente raras.

- Muitas podem se tornar agudas se não diagnosticadas precocemente e tratada de


forma adequada.

- Causam alta degradação do SNC.

- Os pacientes costumam morrer sem diagnóstico preciso.


Como as mucopolissacaridoses causam tantos problemas?

- Maior prevalências em regiões com alta consanguinidade, por exemplo: estados


do Nordeste, sul de Minas, norte do Paraná e Campinas-SP.

QUADRO CLÍNICO:

- Face infiltrada.

- Baixa estatura.

- Disostose múltiplas.

- Vários órgãos e sistemas comprometidos.

- Deterioração mental progressiva.

NEUROLIPIDOSES (NPS):
NEOPLASIAS

Câncer é o nome usado para descrever as formas mais agressivas de neoplasia,


um processo patológico caracterizado por uma proliferação celular
descontrolada que leva ao surgimento de uma massa ou tumor (neoplasma).

Ocorre em virtude de um desequilíbrio entre os processos normais de


proliferação celular e de desgaste celular.

Para um neoplasma ser um câncer, contudo, ele também deve ser maligno, o que
significa que não somente seu crescimento é descontrolado, mas também é
capaz de invadir os tecidos vizinhos que circundam o local original (o sítio
primário) e podem‑se disseminar (“metastatizar”) para locais mais distantes.

Existem três classes principais de câncer:

- Sarcomas, casos em que o tumor é originado no tecido mesenquimal, tal


como osso, músculo ou tecido conjuntivo, ou no tecido do sistema nervoso.

- Carcinomas, casos em que o tumor se origina no tecido epitelial, tal como as


células de revestimento do intestino, brônquios, ou ductos mamários.

- Neoplasmas malignos hematopoiéticos e linfóides, tais como leucemia e


linfoma, que se disseminam por toda a medula óssea, sistema linfático e
sangue periférico

Independentemente do fato de um câncer ocorrer esporadicamente em um


indivíduo, como resultado de mutação somática, ou repetidamente em muitos
indivíduos em uma família como um traço hereditário, o câncer é uma doença
genética.

Muitas formas de câncer apresentam uma incidência mais alta em parentes de


pacientes do que na população geral. Sendo que em alguns casos a incidência é
aumentada é decorrente primariamente da herança de um único gene mutante com
alta penetrância.

Importante frisar que os cânceres hereditários representam menos de 5% de


todos os casos.
MUTAÇÕES GÊNICAS CONDUTORAS E PASSAGEIRAS

1) Mutações passageiras: corresponde a maioria das mutações, ocorre de


maneira aleatória, não é recorrente em tipos específicos de câncer,
ocorreram enquanto câncer já estava se desenvolvendo, ou seja, não são
a causa dele.

2) Mutações condutoras: envolvidos no desenvolvimento ou na progressão


do câncer em si, sofrem mutações (assim chamadas mutações gênicas
condutoras) que provocam o desenvolvimento ou a progressão de um câncer.
Entre esses genes está o TP53 que codifica a proteína p53, encontrado na
vasta maioria de cânceres.

As mutações condutoras podem ocorrer por erros de replicação isolados,


resultando em nucleotídeos únicos; pequenas mutações de
inserção/deleção no genoma; mutações cromossômicas e
subcromossômicas.

Por exemplo, a translocação BCR-ABL, entre os cromossomos 9 e 22,


resulta na leucemia mielóide crônica. O estilhaçamento cromossômico,
situação em que os cromossomos se quebram em muitos fragmentos e se
reúnem aleatoriamente, também pode levar ao desenvolvimento do câncer,
pela ativação de um proto-oncogene.

Além disso, deleções ou a multiplicação (amplificação gênica) de um


segmento de cromossomo também podem levar à superexpressão ou ao
silenciamento de genes condutores.

As mutações afetam diretamente genes específicos que regulam processos que


são prontamente reconhecidos como sendo importantes na oncogênese.

Quais são esses processos? Regulação do ciclo celular, proliferação celular,


diferenciação e saída do ciclo celular, inibição do crescimento e apoptose.

É importante ressaltar também que as mutações condutoras não afetam


somente esses genes diretamente envolvidos com a oncogênese, mas
também genes que agem de forma mais global e afetam indiretamente a
oncogênese. Esses genes indiretos estão relacionados com a expressão gênica,
ao nível da transcrição, pós-transcrição, durante a tradução e até mesmo após a
tradução (codificando microRNAs reguladores).
Os microRNAs estão subexpressos ou sub-regulados em vários tumores,
ocasionando efeitos oncogênicos, visto que muitos genes condutores serão
desregulados.

Os genes diretos e indiretos podem ser subdivididos em duas categorias:

1) Proto-oncogenes: Genes normais que sofrem mutação e


tornam-se genes condutores. Essas mutações levam a atividade
excessiva desses genes que passam a ser denominados oncogenes
ativados.

Uma única mutação em um alelo pode ser suficiente para ativar


um proto-oncogene. As mutações podem ser altamente específicas
(mutação de ponto, por exemplo), passando por translocações
cromossômicas, até eventos de amplificação gênica.

- Como ocorre a ativação de oncogenes por mutações pontuais, no


contexto do câncer esporádico? Para explicar como ocorre, vamos usar o
exemplo do gene RAS, um proto-oncogene. O RAS codifica uma grande
família de pequenas proteínas, denominadas proteínas G que servem como
interruptores de “liga-desliga” para ativar ou inibir moléculas
envolvidas no processo transcricional. O oncogene ativado e seu
proto-oncogene diferem apenas em único nucleotídeo. Somente isso já
leva à síntese de uma proteína anormal, capaz de sinalizar continuamente,
levando à um descontrole da atividade mitótica.

- Como ocorre a ativação de oncogenes pela translocação dos


cromossomos? Temos dois casos para tratar, o primeiro é a translocação
entre os cromossomos 9 e 22. Os pontos de quebra da translocação estão
no interior dos íntrons de dois genes. Isso resulta na formação de um gene
anormal, composto por partes destes dois genes. A proteína codificada é
então uma proteína quimérica com novas propriedades. Neste caso os dois
genes que sofrem a fusão são os genes ABL1, presente no cromossomo 9q
e o BCR, presente no cromossomo 22q, resultando na formação da proteína
quimérica, a BCR-ABL1, considerada um oncogene ativo.

No segundo caso temos uma translocação que leva a ativação de um


oncogene. No linfoma de Burkitt, o proto-oncogene MYC é translocado de
8q para 14q. Acontece que ele acaba ficando bem próximo ao locus do gene
de cadeia pesada de imunoglobulina, que vai estar associado à
acentuadores. Esses acentuadores então, próximos do MYC, aumentam a
atividade dele, desregulando sua expressão e ocasionando uma divisão
celular descontrolada.

- A telomerase atua como um oncogene? A resposta é sim , PORÉM isso


acaba gerando uma certa confusão e deve ser melhor esclarecido. Nas
células somáticas as telomerases praticamente não são expressão ou não
estão presentes, causando um progressivo encurtamento dos telômeros com
consequente interrupção da divisão celular. É intuitivo pensar então que
uma célula cancerígena, que se divide descontroladamente, pararia de
se dividir naturalmente, por conta do encurtamento dos telômeros, mas
isso não acontece. Mas por que? Bom, em células cancerígenas, as
mutações afetam também o gene que codifica a telomerase, de modo
que essas enzimas são sintetizadas, impedindo a interrupção da divisão
celular. Logo, a telomerase acaba atuando como um oncogene,
permitindo a divisão celular descontrolada dessas células somáticas
alteradas.

2) Genes supressores de tumor (TSGs): Genes normais que sofrem


mutações, causando perda de expressão de proteínas necessárias
para controlar o desenvolvimento de neoplasias.

Exige duas mutações em ambos os alelos para ocorrer perda de


função. As mutações podem ser de sentido trocado (missense), sem
sentido (nonsense), mudança de matriz de leitura (frameshift) ou
até deleções gênicas com perda de um segmento ou mesmo um
cromossomo inteiro.

A perda de função também pode ser consequência de


silenciamento epigenômico durante a transcrição ou silenciamento
traducional pelos miRNAs.

A inativação dos genes supressores de tumor no câncer, pode ser


explicada pela TEORIA DOS DOIS EVENTOS: Para ilustrar melhor
essa teoria, vamos considerar a forma hereditária do câncer infantil
retinoblastoma. Este câncer pode ser iniciado precocemente quando
uma célula, em uma pessoa heterozigota (ou seja, uma pessoa que já
carrega uma mutação em um dos alelos do TSG do retinoblastoma),
sofre uma segunda mutação, dessa vez em uma célula somática,
inativando o segundo alelo do gene do retinoblastoma. A
consequência é que a célula perde a função de ambos os alelos,
dando origem a um tumor.
Logo, na forma hereditária da doença, o indivíduo já recebeu de um
dos genitores o alelo mutante (presente em sua linhagem
germinativa), sendo necessária somente mais uma mutação para
o desenvolvimento do tumor, desta vez em sua linhagem
somática.

O retinoblastoma hereditário apresenta os aspectos


característicos da grande maioria dos cânceres hereditários (ao
contrário dos esporádicos): idade de manifestação mais precoce,
doença bilateral, multifocal, com o desenvolvimento de um
segundo tumor independente.

Na forma esporádica de retinoblastoma, ambos os alelos também


são inativados, mas, nesse caso, a inativação resulta de dois
eventos somáticos que ocorrem na mesma célula.

Qual a natureza do segundo evento? O primeiro evento é uma


mutação herdada, sendo uma mudança na sequência do DNA. O
segundo evento pode ser causado por uma variedade de mecanismos
genéticos, epigenéticos ou genômicos.
P.S: Se precisar ler sobre genes supressores de tumor em
síndromes de câncer de origem autossômica
dominante/retinoblastoma (página 407/THOMPSON), perda de
heterozigosidade e câncer de mama familiar, câncer de colo
hereditário, síndrome de Lynch (página 410 em
diante/THOMPSON), Mutações nos Genes Supressores de Tumor
Causando Síndromes de Câncer Pediátrico Autossômico
Recessivo (página 414/THOMPSON), ocorrência familiar do
cancer (página 415/THOMPSON), aplicação da genômica para
individualizar a terapia do câncer (421/THOMPSON em diante),
câncer e o ambiente (424/THOMPSON).
Alterações cromossômicas

Estabilidade do número (46) e estrutura dos cromossomos é fundamental


para o desenvolvimento harmonioso do indivíduo.

Os cromossomos contêm os genes, ou seja, uma mudança na estrutura ou


número dos cromossomos gera alteração na expressão dos genes, resultando em
doenças.

Ou seja, as mutações podem ocorrer no DNA ou no cromossomo, quando o


DNA já está condensado.

- Grande proporção de perdas reprodutivas, malformações congênitas


e atraso intelectual.

- Mais de 100 síndromes genéticas identificáveis.

- São encontradas em 1% dos nativivos, 2% da gestação de mulheres acima


de 35 anos e em metade de todos os abortos espontâneos.

Essas alterações podem ser numéricas ou estruturais.

O que seriam as alterações numéricas? Por exemplo: no cromossomo 21, ao


invés de apresentar um PAR, temos 3 cromossomos 21!

O que seriam alterações estruturais? Por exemplo: Deleção de um pedaço no


braço P do cromossomo 5. Temos então perda de genes, resultando em síndromes
genéticas.

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS

O fenótipo é afetado por mudanças no número de cromossomos.

Euploidia: conjunto de cromossomos extras. exemplo: 2n + n

Lembrando que n=23, logo 2n=46. O indivíduo do exemplo teria então 69


cromossomos.

Condição muito rara, sendo uma alteração cromossômica mais frequente em


abortos espontâneos (tornando difícil a detecção de euploidias em humanos).

É causada pela dispermia, situação onde temos dois espermatozóides em um


único óvulo.
Outra forma é a incorporação de um corpúsculo polar no óocito, formando
um ovócito diplóide.

As triploidias normalmente estão mais relacionadas à incorporação do


córpusculo polar no óocito. A dispermia é a causa secundária.

- Triploidias resultam na grande maioria dos casos em aborto. 1 a 2%


nascem, entretanto morrem ainda na infância.

- As tetraploidias resultam em indivíduos 4n, ou seja, apresentando 94


cromossomos, resultando em aborto no primeiro trimestre da gestação.

Aneuploidia: alteração em parte do cariótipo, ocorrendo somente em um ou


mais cromossomos de cada par, não no conjunto. As aneuploidias podem ser
do tipo monoploidia, triploidia, tetraploidia e também pentaploidia.

As principais são as trissomias e monossomias (ocorrem principalmente em


cromossomos sexuais; nos cromossomos autossômicos é difícil sua deteccção,
visto que a maior parte dos casos resultam em aborto).

- Aneuploidias ocorrem em 3 a 4% de todas as gestações clinicamente


reconhecidas.

As principais causas são:

- Erros na meiose.

- Erros na mitose (mosaicismo).

CAUSAS DAS ANEUPLOIDIAS NA MEIOSE: não disjunção dos cromossomos


homólogos na meiose I ou não disjunção das cromátides irmãs durante a meiose II.
- Análise de cariótipo:
*Se utiliza o sangue como material biológico para a análise do cariótipo.

*No cariótipo não se identifica a síndrome, o médico que vai identificar e


comunicar!
* As trissomias ocorrem predominantemente no cromossomo 16!

CAUSAS DAS ANEUPLOIDIAS NA MEIOSE - MOSAICISMO:

- Células mutadas e células normais no mesmo indivíduo: A alteração


ocorre em uma única célula originada a partir do zigoto. As células filhas
dessa célula alterada, formadas a partir de mitose, serão TAMBÉM alteradas.

As células não derivadas desta célula alterada serão normais. Temos então
um mosaico.

- Essa alteração ocorre na mitose.

- O mosaicismo tem relação direta com o fenótipo de sua síndrome. Os


sinais e sintomas costumam ser mais brandos.

- O mosaicismo vai estar presente em todos os tecidos do indivíduo ou


em apenas um, isso depende da fase do desenvolvimento em que a
mutação ocorreu. Quanto mais cedo ocorre a mutação, mais tecidos são
afetados.

- Pode resultar em abortos, pode passar despercibido ou podem gerar


doenças em determinados tecidos.
ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS X ABORTOS ESPONTÂNEOS

- 42% dos abortos espontâneos são causados por alterações


cromossômicas.

- Em fetos humanos abortados já foi encontrada uma trissomia para cada


um dos cromossomos.

- A maior indicação para o estudo cromossômico dos tecidos fetais é o


abortamento de repetição.

ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS

- Resultam de quebras nos cromossomos, com reunião em uma configuração


diferente.

- Presente em 1:375 neonatos.

- As causas das quebras podem ser espontâneas ou por ação de agentes


externos (radiação, substâncias químicas)

- Rearranjos cromossômicos:

1) Balanceados: sem perda de material cromossômico. Exemplo: Cromossomos 1 e


2 perdem pedaços de seus braços curtos. O pedaço perdido do cromossomo 1 vai
para o 2, enquanto o pedaço do cromossomo 2 vai para o 1. Temos então um
equilíbrio.

2) Não balanceados: O cromossomo 1 perde seu braço curto. O cromossomo 14


permanece intacto. O braço curto do cromossomo 1 segue para o cromossomo 14,
ocorrendo fusão. Ou seja: O cromossomo 1 perdeu um pedaço e o
cromossomo 14 ganhou, gerando desequilíbrio.

PRINCIPAIS TIPOS DE ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS:

- DELEÇÃO: Perda de um pedaço do cromossomo. Exemplo: quebra do braço


curto de um determinado cromossomo, levando consigo todos os genes ali
presentes que não podem mais ser transcritos e consequentemente expressos.

Apesar de ainda existir uma cópia daquele gene no homólogo, teremos a


haploinsuficiência, situação onde a presença de uma única cópia de um gene não
é suficiente para expressar a proteína correspondente ao gene perdido, resultando
em uma síndrome genética.

46, XX , del (16q)

- TRANSLOCAÇÃO: Alto risco de gametas não-balanceados e prole com alteração


não balanceada, sendo a causa mais comum em casos de abortos recorrentes.
Pode ser simples, quando não há troca de segmentos entre os cromossomos,
ocorrendo em único sentido! Ou seja, apenas um dos cromossomos envolvidos
perdeu um fragmento (que se ligou ao outro cromossomo).

Ou recíproca, quando os dois cromossomos envolvidos trocam fragmentos entre si.

Nomenclatura:

46, XY, t (2p;15q)

*p: braço curto do cromossomo.

*q: braço longo do cromossomo.


Também existe a translocação robertsoniana que resulta no risco de gametas
não balanceados e prole com alteração não balanceada. Acontece nos
cromossomos acrocêntricos (braço curto muito pequeno).

Exemplo:

Ou seja, houve quebra do braço curto do cromossomo 14, com consequente


ligação do cromossomo 21 inteiro ao cromossomo 14.
Nomenclatura:

* a terminologia pode ser t rob ou der.


*indivíduo com síndrome de Down causada por translocação entre
cromossomos 14 e 21.

Como pode ocorrer a segregação de um indivíduo com translocação


robertsoniana nos cromossomos 14 e 21?

- DUPLICAÇÃO: Repetição de um segmento cromossômico, causando um aumento


do número de genes que resulta em crossing-over desigual entre as cromátides
homólogas durante a meiose.

Sua importância está mais ligada ao aspecto evolutivo, tendo uma importância
clínica menor.
- ISOCROMOSSOMO: Forma-se quando a divisão do centrômero durante a divisão
celular ocorre transversalmente ao invés de longitudinalmente, resultando em
fenótipo semelhante à síndrome de TUNNER.

EXEMPLO:

- INVERSÃO: Reorganização na sequência dos genes, devido a duas quebras de


um cromossomo seguida de soldadura do segmento quebrado em posição
invertida.

São rearranjos balanceados e raramente causam problemas nos portadores.

*Pericêntrica: envolve o centrômero do cromossomo.

*Paracêntrica: não envolve o centrômero do cromossomo.

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