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PROPOSTA DE METODOLOGIA
PARA ANÁLISE DE PASSIVOS AMBIENTAIS DA
ATIVIDADE MINERÁRIA
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SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO 1
2. OBJETIVOS 5
3. LEGISLAÇÃO MINERAL E AMBIENTAL BRASILEIRA 6
3.1. Legislação mineral brasileira 6
3.1.1. Constituição da República Federativa do Brasil 6
3.1.2. O Código de Mineração 7
3.1.3. Legislação relevante 8
3.2. Legislação ambiental brasileira 10
3.2.1. Legislação ambiental relevante 11
3.2.1.1. Resoluções do CONAMA 12
3.3. Normas técnicas 13
4. CONCEITOS BÁSICOS 15
4.1. Atividade minerária 15
4.1.1. Etapas da atividade minerária 16
4.1.1.1. Prospecção e pesquisa 16
4.1.1.2. Desenvolvimento 18
4.1.1.3. Lavra 18
4.1.1.4. Beneficiamento 19
4.1.1.5. Desativação 19
4.2. Empreendimentos minerários 22
5. RISCO, IMPACTO E PASSIVO AMBIENTAL 24
5.1. Risco 24
5.1.1. Risco e perigo 26
5.1.2. Risco ambiental 27
5.1.3. Avaliação de risco ambiental 28
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LISTA DE QUADROS
Quadro 5.1: Definições associadas ao termo Risco, segundo Augusto Filho (2001).
Quadro 5.4: Poluentes mais comuns nas águas residuárias de mineração. Modificado a partir
de Sanchéz (1995).
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LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1: Etapas de uma Análise de Riscos, modificado a partir de Brandt (2000).
Figura 5.2: Fluxograma - síntese das interrelações entre Risco, Impacto e Passivo ambiental.
Figura 6.2: Foto de uma pilha de estéril proveniente da lavra de carvão mineral.
Figura 6.3: Foto de uma barragem construída atender a lavra de ouro em garimpo.
Figura 6.5: Foto mostrando processo erosivo instalado em solo do tipo distrófico.
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SIGLAS E ABREVIAÇÕES
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1. INTRODUÇÃO
A questão ambiental, embora tenha sido motivo de preocupação do homem desde longínquas
eras, só recentemente ganhou dimensão planetária. A ação predatória do homem sobre a
natureza foi conseqüência das duas grandes revoluções por que passou a humanidade: a idade
do ferro e a industrial. A primeira transformou o homem, de mero coletor de alimentos em seu
produtor, ainda que o fizesse precariamente, pois sua ação dependia exclusivamente da energia
resultante da sua pequena força física ou dos animais que domesticou. A segunda, muito mais
preocupante, pois ao substituir a energia animal pela mecânica, aumentou exponencialmente os
efeitos deletérios da ação humana sobre o meio ambiente. A partir desta concepção pode-se
inferir que o homem talvez seja a espécie animal de vida mais breve e efêmera do planeta, pois
é o único a incorporar em seus avanços científicos e tecnológicos um grande potencial auto
destruidor.
Em diversos países, incluindo o Brasil, por algum tempo, a poluição foi vista como um indicativo
de progresso. Esta “cultura” prevaleceu até o surgimento de problemas que se agravaram e se
fizeram notar através de problemas de saúde provocados pela poluição. Segundo Braga et al
(2005) as primeiras iniciativas relacionadas ao controle da poluição tiveram então como foco a
saúde do trabalhador no ambiente de trabalho. Foram desenvolvidas normas de saúde e
segurança ocupacional, cujas primeiras sementes, nos Estados Unidos da América, foram
plantadas no início do século XX. Posteriormente a preocupação passou a ser a população
situada nos arredores de empreendimentos emissores de poluentes.
A poluição atmosférica foi a primeira a se manifestar de maneira mais evidente e mais intensa,
afetando a saúde da população, e levando à necessidade de se estabelecer uma legislação
para o seu controle. Em meados de 1970, nos Estados Unidos, foi criada a primeira norma para
controle da poluição atmosférica, a Clean Air Act, que foi o resultado de um esforço iniciado em
1955, com a publicação da Lei Pública 84-159, conhecida como Air Pollution Control Act of 1955
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(AMS, 2004). A publicação desta lei constituiu em um marco para o surgimento de uma
legislação ambiental.
A partir desta época verificou-se uma evolução nos modelos de regulamentação com a
introdução dos conceitos de gerenciamento, ou gestão do meio ambiente e a incorporação de
mecanismos de coerção através da imposição de penalidades e multas.
Com uma melhor compreensão dos efeitos resultantes das atividades humanas sobre o meio
ambiente, houve uma evolução no modelo de regulamentação ambiental, que passou a
incorporar os conceitos de planejamento e gerenciamento dos recursos naturais, além dos
mecanismos de coerção.
Atualmente, existe uma farta legislação de proteção ambiental e de gestão dos recursos
ambientais, o que, em tese, poderia parecer suficiente para assegurar a sua preservação ou
manejo sustentado. Há, no entanto necessidade de uma análise profunda dos instrumentos
existentes e de sua reformulação para que possam realmente conduzir ao desenvolvimento
sustentável (Braga et al, 2005).
Segundo MMSD (2002, in SINGEO & ABGE 2006), no ramo da atividade minerária, para o
sucesso de uma política de desenvolvimento sustentável, será necessária uma melhoria na
capacidade e desempenho de todos no setor mineral, a indústria, em todos os estágios, desde a
exploração até o beneficiamento. Segundo o mesmo relatório as atividades de mineração
causam um impacto ambiental significativo. É necessário um manejo mais efetivo desses
impactos, relacionados com imensas quantidades de resíduos, com a melhoria dos sistemas de
avaliação dos impactos e da gestão ambiental e com a tarefa de planejar eficazmente o
fechamento da mina.
O relatório da MMSD foi realizado em países onde a atividade minerária apresenta valores
consideráveis para a economia local, mas o quadro verificado pode se estender ao Brasil, onde
o cenário mineral engloba desde a chamada mineração artesanal até grandes corporações do
setor mineral.
No Brasil, as melhores e mais modernas operações de mineração apresentam hoje uma grande
melhoria em relação às práticas passadas e, a maioria das principais companhias está
comprometida em dar continuidade ao processo de desempenho ambiental. Mas, em muitos
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casos, as práticas antigas eram bastante agressivas, gerando grandes passivos ambientais,
como acontece em alguns casos isolados.
Taveira (2003) já cita em seu trabalho que o setor mineral em países desenvolvidos é visto
como o responsável por danos ambientais passados e não é bem quisto, apesar de ser
desenvolvido com rígidos regulamentos. Em países em desenvolvimento a opinião é a mesma,
porém o setor é visto como fonte de geração de renda e emprego pela comunidade que será
atingida, sendo as questões econômicas postas à frente das ambientais, ou seja, enquanto a
mineração está em operação, independentemente de estar sanando ou não os seus danos
ambientais, o fato de haver geração de riquezas para a população ameniza sua
responsabilidade ambiental. Ao cessar deixa o passivo ambiental para a sociedade,
perpetuando a imagem negativa da atividade.
Segundo Scliar (2006, in SINGEO & ABGE 2006) algumas características realimentam a visão
negativa da mineração brasileira como, por exemplo:
‘’- os passivos ambientais, sociais e econômicos que fazem parte da paisagem e história
das comunidades mineiras mesmo nos casos em que a lavra se encerrou há dezenas de anos;
- grandes minas a céu aberto do país são visíveis por todos que transitam nas principais
estradas de, por exemplo, Minas Gerais, Bahia e Goiás, pois foram historicamente construídas
para servir a esses depósitos minerais;
- a disseminação desorganizada da mineração informal de areia, brita e argila nos
arredores de grandes centros urbanos e dos garimpos de gemas, ouro e cassiterita e outras
substâncias minerais acarretando em sérios problemas sociais, econômicos e ambientais
amplamente divulgados na imprensa;
- o alto nível de acidentes de trabalho nas minas legalizadas e, principalmente nas
extrações informais’’.
O abandono de um empreendimento, uma vez encerrada a sua vida útil, deixando o meio
contaminado e degradado, foi prática comum não somente na mineração mas, na atividade
industrial de um modo geral, durante os dois séculos de industrialização. Atualmente a
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É durante a fase de desativação do empreendimento minerário que se deve gerir os efeitos dos
impactos, no sentido de mitigá-los, para que não haja a geração de passivos ambientais que,
além do problema já acarretado, fatalmente, serão o veículo propagador da imagem negativa da
mineração.
No entanto, ao se recorrer aos recursos legais e à conceituação técnica atuais, não é possível
se obter o embasamento técnico e legal necessários para a definição e enquadramento destes
impactos gerados em situações de desativação ou paralisação das atividades dos
empreendimentos minerários.
Diante deste cenário, que ocorre hoje em nível nacional, surge a necessidade de se definir ou
redefinir conceitos relacionados ao meio ambiente e à atividade minerária no país. O principal
deles diz respeito ao que realmente é passivo ambiental gerado pela atividade minerária no
Brasil.
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2. OBJETIVOS
O fato ou problema que levou à proposição deste estudo foi a dificuldade de se definir alguns
conceitos relacionados à atividade minerária e ao meio ambiente. O primeiro obstáculo é a
inexistência ou deficiência, em termos de abrangência, do que realmente seja passivo ambiental
decorrente de atividades minerárias.
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Não é feita nenhuma referência acerca da legislação em vigor em outros países, o que não
significa que estas não foram levadas em conta na definição de certos conceitos e na adoção da
metodologia de trabalho. No entanto, como este trabalho está focado no setor mineral brasileiro,
considerou-se desnecessárias certas analogias ou comparações entre legislações diferentes. A
legislação ambiental vigorante nos estados possui caráter mais restritivo, portanto foram
considerados alguns instrumentos que se referem à quantificação de parâmetros e indicadores
ambientais.
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Ressalta-se ainda o que estabelece o artigo 20, inciso IX: “os recursos minerais, inclusive os do
subsolo são bens da União”. Portanto, as jazidas, em lavra ou não, demais recursos minerais e
os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade
do produto da lavra, que deverá ser devidamente autorizado pela União.
A Constituição Federal, diz que compete aos Municípios “suplementar a legislação federal e a
estadual no que couber”, cabendo a estes legislar sobre assuntos de interesse local promover
“adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
da ocupação do solo urbano”.
O Código de Mineração atual foi promulgado por Decreto-Lei n° 227 de 28 de fevereiro de 1967,
que atualizou o antigo código de 1940. O código estipula que a União é responsável pela
administração dos recursos naturais do país e pela indústria que trata a produção,
comercialização e distribuição dos produtos minerais.
a) Capítulo II, art. 6º “Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral
ou fóssil, de valor econômico (1), aflorando à superfície ou existente no interior da terra”.
b) Capítulo II, art. 6º “Considera-se mina a jazida em lavra, ainda que suspensa”.
c) Capítulo II, art. 9º: Classificam-se as jazidas, segundo a forma representativa do direito
de lavra, em duas categorias:
I – Mina Manifestada, a em lavra ou não, ainda que transitoriamente suspensa a
16 de julho de 1934 e que tenha sido manifestada na conformidade do art. 10 do
Decreto n° 24.624, de 19 de julho de 1934, e da Lei n° 94, de 10 de setembro de
1935.
II – Mina Concedida, a objeto de concessão de lavra.
d) Capítulo II, art. 10: “Consideram-se partes integrantes da mina:
a) os edifícios, construções, máquinas aparelhos e instrumentos destinados à
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e) Capítulo III, art. 12, parágrafo único: “Independe de concessão o aproveitamento das
minas manifestadas e registradas, as quais, no entanto, ficam sujeitas às condições
estabelecidas neste Regulamento, relativamente à lavra, tributação e à fiscalização das
minas concedidas”.
f) Capítulo III, art 15: “Reger-se-ão por leis especiais:
I – as jazidas de substâncias minerais objeto de monopólio estatal;
II – as substâncias minerais ou fósseis de interesse arqueológico;
III – os espécimes minerais ou fósseis, destinados a museus, estabelecimentos
de ensino e outros fins científicos;
IV – as jazidas de águas subterrâneas.”
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são:
I – regime de concessão, quando depender de portaria de concessão do Ministro
de Estado de Minas e Energia;
II – regime de autorização, quando depender de expedição de alvará de
autorização do Diretor-Geral do DNPM;
III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em
obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no DNPM;
IV – regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de
permissão do Diretor-Geral do DNPM;
V – regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de
execução direta ou indireta do Governo Federal.
Art. 6°: Classificam-se as minas, segundo a forma representativa do Direito de Lavra, em
duas categorias:
I – mina manifestada, a em lavra, ainda que transitoriamente suspensa a 16 de
julho de 1934, e que tenha sido manifestada na conformidade do art. 10 do Decreto n° 24.642,
de 10 de julho de 1934, e da Lei n° 94, de 10 de dezembro de 1935;
II – mina concedida, quando o direito de lavra é outorgado pelo Ministério de
Minas e Energia.
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Em 1981, já decorrida uma década desde a Primeira Conferência Mundial sobre o Meio
Ambiente, realizada em Estocolmo, pela Organização das Nações Unidas - ONU, o Brasil
definiu a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal n° 6.938, de 31/08/81). Nessa lei, a
avaliação de Impactos Ambientais e o “Licenciamento de Atividades Efetiva ou Potencialmente
Poluidoras” foram dois dos instrumentos criados para que fossem atingidos os objetivos dessa
política, ou seja: “...preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar no país condições propícias ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana...” (Braga et al,
2005).
Após cinco anos, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução n°
001/86, definiu o conceito de Impacto Ambiental no que se refere ao exercício de atividades
consideradas potencialmente poluidoras.
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Portanto, no Brasil, a evolução da legislação ambiental, sob certos aspectos foi semelhante ao
que ocorreu em outros países, tendo sido criada uma estrutura bastante complexa para o seu
desenvolvimento e implantação. Por se tratar de uma República Federativa, no Brasil o
estabelecimento das normas de controle ambiental considera três níveis hierárquicos, como
ocorre no caso de normas relacionadas a outros temas, ou seja, à União cabe o
estabelecimento de normas gerais que são válidas em todo o território nacional; aos Estados
cabe o estabelecimento de normas peculiares; enquanto aos Municípios cabe o estabelecimento
de normas que visem atender aos interesses locais (Machado 1992).
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Segundo ABNT (acesso on line), não se pretende que esta norma seja usada como uma norma
de especificação para propósitos de certificação ou registro, ou para estabelecimento de
quaisquer outros requisitos de conformidade de sistema de gestão ambiental.
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4. CONCEITOS BÁSICOS
Este tópico foi desenvolvido em acordo com as legislações mineral e ambiental brasileira, em
especial aos documentos referidos no capítulo anterior. Foram resgatados os conceitos já
definidos no Código de Mineração e legislação correlata (Decreto-Lei n° 227, de 28 de fevereiro
de 1976, regulamentado pelo Decreto-Lei n° 62.934, de 2 de julho de 1968), conceitos técnicos
atualizados pela literatura, através de consulta a trabalhos científicos, entrevistas com pessoal
técnico especializado, além de consultas on line.
Inicialmente se faz necessária a definição dos conceitos de jazida e mina. Segundo o C.M.
considera-se como jazida “toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, de valor
econômico (1), aflorando à superfície ou existente no interior da terra”; ou seja, uma vez
encerrada a pesquisa o depósito pode apresentar características econômicas que compensem
sua exploração e passa a ser considerado uma jazida mineral. Se apresentar apenas uma
concentração anormal de um ou mais minerais, porém sem valor econômico imediato, tem-se
uma ocorrência mineral.
O C.M. define mina como a jazida em lavra, ainda que suspensa. A NRM n° 1 estabelece que o
termo mina abrange: a) as áreas de superfície ou subterrâneas nas quais se desenvolvem as
operações mencionadas no item anterior e, b) toda máquina, equipamento, acessório,
instalação, edifício, estrutura de engenharia civil utilizados.
Taveira (1997) define mineração como o conjunto de atividades que têm por objetivo assegurar
economicamente, com o mínimo possível de perturbação ambiental, a justa remuneração e
segurança, a máxima utilização dos bens minerais naturais descobertos (jazidas), criando
procedimentos adequados para a sua exploração e comercialização.
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A NRM n° 1 define atividade de mineração como sendo aquela que abrange desde a pesquisa,
lavra, beneficiamento, distribuição, até o consumo ou industrialização de bens minerais. Este
conceito será aplicado em todo o trabalho pela denominação “Atividade Minerária” , também
definida em etapas, descritas a seguir.
Uma descrição sucinta das atividades minerárias, no que tange aos aspectos ambientais,
estabelece as seguintes etapas:
- Prospecção
- Pesquisa;
- Desenvolvimento;
- Lavra;
- Beneficiamento;
- Desativação do empreendimento.
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Pereira (2003) cita que a Prospecção Mineral é precedida de estudos de Economia Mineral, que
em primeira instância objetiva responder a uma questão fundamental: “ O que pesquisar?”;
obviamente do ponto de vista do mercado econômico. Respondida esta questão passa-se então
à Prospecção Mineral propriamente dita.
Como visto nas citações acima, os termos pesquisa e prospecção muitas vezes são
amplamente confundidos. A prospecção deve ser entendida somente como a fase inicial do
empreendimento minerário, que reúne todos os trabalhos necessários à descoberta e definição
de um depósito mineral, ou seja, a prospecção define uma ocorrência mineral. A pesquisa
mineral compreende todos os trabalhos necessários à quantificação do depósito mineral;
portanto a pesquisa define se a ocorrência mineral vai se tornar uma jazida ou não.
Cálculo de Reserva
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III - Reserva Inferida: estimativa feita com base no conhecimento dos caracteres geológicos do
depósito mineral, havendo pouco ou nenhum trabalho de pesquisa”.
4.1.1.2. Desenvolvimento
Compreende todos os trabalhos necessários para preparar a jazida para a lavra, ou seja,
decapeamento, abertura de acessos tais como estradas, rampas subterrâneas, poços, etc.,
obras civis, instalação de equipamentos, dentre outros.
4.1.1.3. Lavra
Os métodos de lavra são basicamente subterrâneos e a céu aberto, com possibilidades variadas
de lavra, descritos a seguir.
b) A céu aberto com posterior transição à lavra subterrânea: o fator condicionante é o custo de
lavra.
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c) Subterrânea.
d) Subterrânea com transição para céu aberto: esta possibilidade é a menos comum, sendo
inúmeros os fatores a serem considerados.
e) Lavra simultânea: ocorre por uma combinação simultânea dos dois métodos de lavra a céu
aberto e subterrânea.
4.1.1.4. Beneficiamento
4.1.1.5. Desativação
Esta etapa é considerada a mais importante dentro do escopo deste trabalho. As condições em
que uma mina se encontra por ocasião do encerramento de suas atividades é um fator
primordial na ocorrência de futuros passivos ambientais.
Serão consideradas as mesmas possibilidades previstas nas NRM n° 20, que prevêem a
paralisação ou suspensão temporária, ou a renúncia em qualquer fase da operação da mina,
desde que obedecidas exigências mínimas estabelecidas, e em função de três importantes
fatores:
a) preservação do patrimônio mineral;
b) preservação do meio ambiente;
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Decisões sobre os diversos aspectos das operações são tão difíceis e dispendiosas para serem
revertidas, que precisam ser tomadas de forma correta desde o início. A melhor forma de fazer
isto é através do desenvolvimento de um plano de fechamento logo no início das operações.
Isso pode guiar decisões individuais tomadas durante o período de exploração da mina de modo
que garanta que elas caminhem em direção a esse objetivo. A maioria dos planos de
fechamento de minas, atualmente, enfoca apenas os aspectos ambientais da desativação. A
integração de fatores sociais e econômicos é um passo necessário na transformação do
investimento mineral em desenvolvimento sustentável (SINGEO 2006).
Segundo Oliveira Jr. (2001), quanto mais cedo for preparado o plano de desativação de uma
mina, mais tempo se tem para conhecer todos os parâmetros necessários ao emprego de um
programa de desativação de qualidade. Na verdade, quanto mais cedo tiverem início os
trabalhos que visam a reintegrar o meio o mais próximo possível das suas condições originais,
mais chances existirão de tornar isto possível.
Qualquer planejamento será de tão melhor qualidade quanto melhor a qualidade das
informações e do conhecimento que se tenha acerca dos parâmetros necessários ao
estabelecimento de qualquer programa (Silva 2000).
Oliveira Jr. (2001) define plano de desativação de uma mina como o conjunto de ações
preparadas na fase anterior às operações mineiras (fase de desenvolvimento), reavaliado
periodicamente durante a vida útil da mina, visando encontrar o desenvolvimento sustentável
após sua desativação, com a participação de todos os interessados (empresa, comunidade e
demais cidadãos).
Segundo Lima & Wathern (1999) e Mchaina (2000) o objetivo mais amplo de um plano de
desativação é assegurar que a desativação e recuperação de um sítio satisfaçam os seguintes
requisitos:
- permitir um uso produtivo e sustentável do local degradado após a mineração e que
seja aceitável por todos os envolvidos (comunidade, empresa e órgão ambiental);
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Noronha & Warthurst (1999) tratam dos aspectos do planejamento da desativação e citam que o
objetivo principal deste planejamento é a redução da extensão dos danos ambientais e do lapso
de tempo entre a ocorrência do dano e a recuperação. Portanto um plano de desativação deve
contemplar toda vida útil da vida da mina e o seu gerenciamento ambiental, incluindo:
- reduzir a geração de estéril e encorajar a reciclagem;
- utilizar a energia de forma eficiente, sem desperdícios;
- usar produtos químicos de forma eficiente e minimizar qualquer dano decorrente do seu
manuseio, estocagem, uso e disposição;
- estabilizar os resíduos para reduzir o potencial de drenagem ácida ou contaminação da
água desde o início das operações;
- dispor e conter estéreis para alcançar descarga zero ao longo do tempo;
- recuperar e revegetar progressivamente;
- assegurar o uso da terra viável para a região após a mineração;
- assegurar que não haja impactos ambientais prejudiciais à saúde das comunidades
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locais;
- assegurar que as comunidades locais não se tornem empobrecidas como resultado
desta atividade ou no fim da vida da mina;
- distribuir os custos de recuperação durante a vida da mina.
Segundo o C.M. –art.79, alterado pela Lei n° 8901, de 30 de junho de 1994, art. 2º “Empresa de
Mineração é a firma ou sociedade constituída sob as leis brasileiras que tenha sua sede e
administração no País, qualquer que seja sua forma jurídica, com o objetivo principal de realizar
exploração e aproveitamento de jazidas minerais no território nacional”. Portanto o controle
efetivo da empresa de mineração deve estar em caráter permanente sob a titularidade direta ou
indireta de pessoas físicas residentes e domiciliadas no País, ou de entidade de direito público
interno.
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Os estudos e pesquisas inseridos no contexto deste trabalho incluíram todas as formas de lavra
e foram considerados os diversos tipos de empreendimentos mineiros, sem discriminação de
porte, ou situação legal da atividade. Partiu-se do princípio de que uma vez que esteja sendo
exercida uma atividade de extração de um bem mineral, quaisquer que sejam as condições, ela
se inclui na definição do termo Atividade Minerária, aqui considerado.
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5.1. RISCO
É difícil ou quase impossível se precisar quando tiveram início os primeiros estudos sobre riscos
e incertezas. Adams (1995) cita que os termos Risco e Incerteza assumiram um papel de
termos técnicos na literatura desde 1921, quando no trabalho de Frank Knight intitulado “Risk,
uncertainty and profit”, este pronunciou: “if you don´t know for sure what will happen, but you
know the odds, that´s risk, and if you don´t even know the odds, that´s uncertainty”.
Beck (2000) em seu livro tido como clássico, “A Sociedade do Risco”, afirma que vivemos em
uma verdadeira sociedade do risco, propondo uma distinção entre uma primeira modernidade
(caracterizada pela industrialização, sociedade estatal e nacional, pleno emprego, etc.) e uma
segunda modernidade, ou “modernidade reflexiva”, em que as insuficiências e as antinomias da
primeira modernidade tornam-se objeto de reflexão. A ciência e a tecnologia, assim como as
instituições da sociedade industrial engendrada na primeira modernidade, não foram pensadas
para o tratamento da produção e distribuição dos “males”, ou seja, dos riscos associados à
produção industrial (Castro et al, 2005).
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Riscos físicos
São as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, podendo, a
depender da intensidade, provocar danos físicos nestes.
São considerados agentes físicos: ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas,
umidade, radiações extremas, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes, iluminação
deficiente, infra-som, ultra-som.
Riscos químicos
São as diversas substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela
via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo
através da pele ou por ingestão.
À exemplo dos agentes físicos, estes agentes também necessitam de instrumentos específicos
para que sejam avaliados, embora, em alguns casos, a atividade de campo restringe-se a
"coletar" o agente para que seja enviado a um laboratório especializado que determinará a
concentração do mesmo.
Riscos biológicos
São microorganismos que podem contaminar o trabalhador e são, basicamente, as bactérias, os
fungos, os bacilos, os parasitas, os protozoários, os vírus, entre outros mais. Geralmente são
avaliados biologicamente e em laboratórios apropriados através da coleta de sangue, fezes,
urina ou outro meio de pesquisa nos empregados.
Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso das indústrias de
alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios, etc.
Para avaliar estes agentes são necessários instrumentos específicos, todos obedecendo a
critérios mínimos de normas internacionais.
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Isto leva ao uso destes termos de forma indiscriminada e muitas vezes confusa, mesmo em
literatura científica; fato que dificultou a definição destes termos. Quando se trata das definições
de Risco, diversas são as fontes de consulta, mas a maioria voltadas para as áreas de
Segurança do Trabalho.
No que se refere ao foco deste trabalho, ou seja, no campo da mineração, pode-se dizer que, no
Brasil, em especial na área de Geologia de Engenharia, o termo Perigo não é tão empregado
nos textos acadêmicos e trabalhos técnicos. Risco é o termo usado frequentemente, sendo
definido como “a possibilidade de ocorrência de um acidente”. Acidente este definido como um
fato já ocorrido, onde foram registradas conseqüências sociais e econômicas (perdas e danos)
(Cerri & Amaral 1998). A definição de Risco é associada, neste campo científico, a uma
“situação de perigo ou dano ao homem e à suas propriedades, em razão da possibilidade de
ocorrência de um processo geológico, induzido ou não” (Zuquette & Nakazawa 1998).
O quadro 5.1 apresenta definições de Augusto Filho (2001) para os termos em questão
baseadas na IUGS (International Union of Geological Sciences).
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Quadro 5.1: Definições associadas ao termo Risco, segundo Augusto Filho (2001).
TERMO DEFINIÇÃO
Apesar de existirem muitos trabalhos e perspectivas acerca do termo Risco, pouco existe sobre
Risco Ambiental. Os estudos e considerações acerca dos riscos ambientais só atualmente vêm
sendo desenvolvidos em diversas atividades, incluindo a indústria, mineração, e até o setor
financeiro que tem levado em conta o risco ambiental como fator decisivo em análises de
viabilidade econômico/financeira de diversos empreendimentos.
Segundo Castro et al (2005) o termo risco normalmente acompanha um adjetivo que o qualifica:
risco ambiental, risco social, risco tecnológico, risco natural, risco biológico, dentre outros
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Os respectivos autores adotam diversas abordagens para o Risco Ambiental, podendo ser
distinguidas três principais: 1 – abordagem relacionada às geociências ou, com enfoque em
processos catastróficos e rápidos; 2 – abordagem que trata dos riscos tecnológicos e sociais; 3
– abordagem empresarial e financeira.
A noção de Risco Ambiental, segundo Egler (1996), foi sistematizada originalmente por Talbot
Page em 1978, quando este distinguiu a visão tradicional da noção de poluição da noção de
risco, tendo origem no setor de energia nuclear. Egler (1996) define três categorias para análise
de risco: risco natural, risco tecnológico e risco social.
Para Kolluru (1994) o conceito de Risco Ambiental tem importância fundamental na avaliação e
determinação de alvos de uma política nacional de meio ambiente. Cada problema ambiental
impõe a possibilidade de dano à saúde humana, à natureza, ao sistema econômico ou à
qualidade da vida humana. A Avaliação de Risco é o processo que estima a forma, dimensão e
categoria do risco.
A Avaliação de Risco Ambiental – ARA, é feita por meio da Análise de Risco, descrita nos
próximos itens.
São vários os métodos de Análise de Risco. Como ficou claro anteriormente, dentro deste
termo, enquadra-se uma enorme gama de estudos e avaliações com escopo e finalidades
diferentes, aplicados nos mais variados campos, como medicina, economia, administração de
empresas, área militar, engenharia de segurança, etc (Brandt 2000).
No que se refere à engenharia de segurança e meio ambiente, são também diversos os tipos de
análise de risco aplicáveis, sendo algumas qualitativas (SR - Série de Riscos, APP - Análise
Preliminar de Perigos, WIC - What-If / Checklist, TIC - Técnica de Incidentes Críticos, HAZOP -
Estudo de Operabilidade e Riscos, etc.) e outras quantitativas (AMFE - Análise de Modos de
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Falhas e Efeitos, AAF - Análise de Árvore de Falhas, AAE - Análise de Árvore de Eventos, etc.).
A Análise de Risco trata de diversos conceitos definidos a seguir, que foram modificados a partir
de Brandt (2000), que por sua vez extraiu alguns conceitos a partir de CETESB/1994; Norma BS
8800, Fantazzini & Cicco (1993), Peter Calow (1999).
Análise de Risco
É todo e qualquer processo de identificação que visa estimar todas as possibilidades de
ocorrência de um acidente, na tentativa de se evitar que ele aconteça.
Emergência
Situação gerada pela ocorrência de um acidente e que exige a adoção imediata de medidas de
controle.
Efeitos
São as conseqüências danosas advindas da consumação dos perigos identificados.
Perigo
Fonte ou situação com o potencial de provocar danos em termos de ferimentos humanos ou
problemas de saúde, danos à propriedade, ao ambiente, ou a uma combinação destes fatores.
Risco
É a combinação da probabilidade e a conseqüência de ocorrer um evento perigoso
especificado.
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São medidas adotadas para eliminar ou debelar os efeitos gerados pelos acidentes, no
momento em que estes ocorrem.
Crítica lesões de gravidade moderada na população externa ou impactos ambientais com reduzido
tempo de recuperação.
A partir dos conceitos definidos acima são criadas as chamadas Análises de Risco Ambiental
(também abreviadas na forma de – ARA, comumente empregadas como Análise Preliminar de
Risco Ambiental - APRA) em suas diversas categorias ou modalidades; moldadas segundo os
padrões e atividades de cada empreendimento. A APRA em muitos casos é complementar à
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INÍCIO
IDENTIFICAÇÃO
DOS PERIGOS
DEFINIÇÃO DOS
CENÁRIOS DE ACIDENTES
AVALIAÇÃO DOS
RISCOS
MEDIDAS DE REDUÇÃO
RISCO
TOLERÁVEL
PGR
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Figura 5.1: Etapas de uma Análise de Riscos, modificado a partir de Brandt (2000).
5.1.3.1. Avaliação de Riscos Ambientais
Carpenter (1995) cita que a ARA tenta quantificar os riscos à saúde humana, aos bens
econômicos e aos ecossistemas, gerados a partir de atividades humanas e fenômenos naturais
que causam perturbações ao meio ambiente.
Carpenter (1995) cita que a Avaliação de Risco Ambiental apresenta a freqüência e o grau de
severidade de conseqüências adversas ao meio ambiente, proveniente de atividades ou
intervenções planejadas.
Portanto o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deve incluir a ARA quando o risco é alto, a fim de
complementar a análise da viabilidade ambiental de determinados empreendimentos e,
complementando, se prevenir os impactos advindos dos riscos.
Alguns autores dividem a Avaliação de Risco Ambiental em áreas (riscos à saúde, ao meio
ambiente e segurança). Ressalta-se, no entanto, que qualquer avaliação de risco tem início
como a identificação do perigo ou definição do problema. Uma vez definidos os perigos, parte-
se para a identificação das populações receptoras potenciais e os locais de exposição.
Finalmente segue-se à etapa de caracterização do risco, onde são caracterizadas a natureza
e magnitude das conseqüências de tal exposição.
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Kirchoff (2004) cita que o EIA pode não ser completamente informativo quando as incertezas
são grandes e importantes na análise do problema. Isso em decorrência do uso de um número
para representar o intervalo de valores que um parâmetro medido pode ter, e poder levar o
analista – segundo seu juízo de valores – as escolhas mais otimistas ou conservadoras. Dessa
maneira, pode não ser suficiente a elaboração do EIA, a fim de se verificar a conciliação entre
empreendimento e qualidade ambiental.
O mesmo autor sugere ainda que para algumas questões específicas, a avaliação de viabilidade
ambiental pode requerer mais que um EIA, sendo que a Avaliação de Risco (AR) é uma
ferramenta que pode interagir com o EIA de forma a complementar esta avaliação. Enquanto o
EIA dá resposta sobre a viabilidade ambiental do empreendimento através da análise dos
impactos previsíveis associados ao mesmo, a AR, para complementar a avaliação sobre a
viabilidade ambiental do empreendimento, tenta quantificar riscos associados à determinada
ação antrópica.
No Brasil a AR é um instrumento muito pouco utilizado, mas com uso crescente, pois tem sido
uma ferramenta bastante útil em atividades como gasodutos, que normalmente estão sempre
associados a grandes riscos.
Como ficou definido, o termo Risco Ambiental e suas conceituações são bastante genéricos,
não sendo conhecida na literatura nenhuma referência específica a este termo em relação à
atividade minerária, a não ser em relatórios e documentos de circulação interna de algumas
empresas. O termo é empregado em diversas atividades que envolvam qualquer tipo de risco e
de qualquer natureza.
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b) atmosferas explosivas;
c) deficiências de oxigênio;
d) ventilação;
e) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n° 1, de 11/04/94, da
Secretária de Segurança e Saúde no Trabalho;
f) investigação e análise de acidentes no trabalho;
g) ergonomia e organização do trabalho;
h) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados;
i) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos
e trabalhos manuais;
j) equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se no mínimo o
constante na NRM n° 6, de que trata a Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978, do
MTE;
l) estabilidade do maciço;
m) plano de emergência e;
n) outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias.
Todas as considerações feitas sobre os termos Risco e Risco Ambiental permitem concluir:
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Na década de 1960 passou a consolidar-se o conceito, hoje corrente, de impactos sobre o meio
ambiente (Braga et al 2005). Em 1981, decorridas já quase duas décadas , o Brasil definiu a
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal n° 6.938, de 31/08/81). Nessa lei, a avaliação
de Impactos Ambientais e o “Licenciamento de Atividades Efetiva ou Potencialmente Poluidoras”
foram dois dos instrumentos criados.
Após cinco anos, o CONAMA, por meio da Resolução n° 001/86, definiu Impacto Ambiental
como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:
I – a saúde, segurança e o bem-estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota;
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais.”
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A já citada Resolução CONAMA n° 001/86 definiu ainda como deve ser feita a avaliação de
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O detalhamento do conceito hoje corrente de impactos sobre o meio ambiente, demonstrou que
sua avaliação podia ser feita com razoável margem de objetividade, de modo que ela pudesse
ter aceitação e representatividade social e transformar-se em instrumento do processo de
tomada de decisões no licenciamento ambiental. Para tanto, essa avaliação deveria ter
características técnicas mínimas regulamentadas pelo poder público e ser traduzida em um
documento público acessível aos vários segmentos da sociedade interessados no processo de
licenciamento (Braga et al 2005).
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Sendo que a AIA é baseada numa conjunção de fatores descritos no diagnóstico ambiental da
área a ser implantado o empreendimento; incluindo obviamente os meios físico, biótico e
antrópico. Todos estes fatores associados ao prognóstico da hipótese de não-implantação do
empreendimento.
Os métodos, no entanto, passaram a ser cada vez mais específicos à medida em que o
aprofundamento do conhecimento permitiu tipificar causas e correspondentes efeitos em
diferentes segmentos do ambiente, em face de intervenções também específicas. Atualmente,
estão disponíveis métodos bastante elaborados e detalhados, visando apoiar a avaliação de
impactos de empreendimentos das mais diferentes naturezas.
Na medida em que a avaliação de impactos ambientais passou a ser uma atividade
institucionalizada e regulamentada pelo poder público nacional, estadual e inclusive local, um
dos critérios essenciais para a formulação ou a utilização de um método é o da verificação das
peculiaridades dessa ação pública, a começar pela definição do que é legalmente considerado
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impacto ambiental. No caso brasileiro, por exemplo, considera-se que um método é tanto mais
adequado quanto maior sua utilidade para dar suporte ao conjunto mínimo de atividades e
produtos legalmente exigidos na execução dos EIA/RIMA (arts. 6º e 9º da Resolução CONAMA
n° 001/86) (Braga et al 2005).
Segundo os mesmos autores, embora existam muitos métodos para a avaliação de impactos
ambientais, nenhum deles abrange todas essas atividades ou possibilita a análise de quaisquer
tipos de projetos ou sistemas ambientais.
Munn (1975) cita como atributo desejável em um método a sua capacidade de atender às
seguintes funções na avaliação de impactos: - identificação, - predição, - interpretação, -
comunicação, e monitoramento.
Além destes, destaca-se ainda que um método deve ser claro o bastante para se fazer
entendido pelo público em geral, não somente pelo corpo técnico; fator primordial na análise do
documento do EIA/RIMA e portanto na escolha do método.
Em termos de glossário ambiental, indicador de impacto ambiental diz respeito aos elementos
ou parâmetros que fornecem a medida da magnitude de um impacto ambiental. Dividem-se em
quantitativos (representado em escala numérica) ou qualitativos (classificado em categorias ou
níveis), podendo ser biológicos, físicos e químicos.
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O item 4.1.1 deste trabalho descreve as etapas da atividade minerária; a partir deste é
apresentado o quadro 5.3 a seguir, modificado do trabalho de Sanchéz (2004), que enfoca os
impactos gerados por estas atividades. É apresentada então uma descrição das atividades de
relevância ambiental em empreendimentos mineiros.
A seguir são descritos em detalhes os principais impactos ambientais incidentes sobre os meios
físico, biótico e antrópico. A análise é feita considerando as três etapas inerentes à atividade
mineradora, que são: implantação, operação e com enfoque especial na etapa de desativação
do empreendimento.
- Levantamentos topográficos.
Pesquisa e Prospecção
- Abertura de acessos.
- Prospecção geofísica e geoquímica.
- Coleta de amostras.
- Sondagens.
- Ensaios de beneficiamento.
- Decapeamento/terraplanagem.
Desenvolvimento
- Supressão de vegetação.
- Abertura de acessos.
- Remoção de camadas do solo.
- Implantação de rede elétrica.
- Construção de obras civis de apoio.
- Construção de instalações industriais.
- Montagem de equipamentos.
- Contratação de mão-de-obra.
- Disposição do estéril removido.
- Sondagens.
Cont.
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Cont.
- Escavação mecânica.
Lavra
- Desmonte por detonação.
- Desmonte hidráulico.
- Carregamento e transporte.
- Drenagem.
- Disposição do estéril.
Os impactos incidentes sobre o meio físico recaem sobre três ambientes: solos, águas
superficiais e subterrâneas e sobre a atmosfera. Segue-se uma descrição detalhada da forma
como ocorrem os impactos.
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Além da deposição inadequada de resíduos, outro fator bastante comum no início das
operações de lavra, é a remoção da camada superficial do solo, expondo as camadas
subjacentes, e fazendo com que haja a perda de compactação, por aumento da taxa de
infiltração, o que acarreta em uma perda dos nutrientes naturais do solo.
Durante a vida útil de uma mina, a céu aberto, as atividades de decapeamento, remoção de
estéril, abertura de acessos, a própria retirada da camada mineralizada, produzem um impacto
na maioria das vezes irreversível, pois dificilmente o perfil topográfico original será mantido.
Sem a implantação de um programa de recuperação adequado, poderá gerar um impacto visual
de grandes proporções.
Este tipo de impacto muitas vezes está associado a outros (muitas vezes considerados como
Impactos de segunda ordem), como alteração do nível do lençol freático local ou regional.
Outro fator que deve ser considerado é deposição de estéril e minério, o que ocorre tanto em
minas a céu aberto quanto nas subterrâneas. Em empreendimentos de grande porte, como é o
caso das minerações de ferro e manganês do Quadrilátero Ferrífero, este é um fator
preponderante na topografia, gerando grandes pilhas bastante elevadas, que alteram
brutalmente a topografia original, criando um relevo que não condiz com o original.
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As atividades minerárias envolvem a utilização da água em diversas etapas, que vão desde a
fase de pesquisa até as operações de rebaixamento de lençol freático para remoção da camada
mineralizada. A água pode ser utilizada como o próprio meio onde se dá a extração mineral,
caso da lavra por dragagem em leito de rios, lagos ou reservatórios; na desagregação do
minério, caso do método de desmonte hidráulico; nas operações de beneficiamento de minério
via úmida, tais como moagem, ciclonagem, flotação, cianetação; na expedição do minério,
agregada a este, no caso do transporte na forma de polpa; na mitigação de outros impactos,
como a emissão de particulados, controlada por aspersão de água; nas águas de chuvas, que
circulam por toda a área da mina; na geração de efluentes oriundos de refeitórios, sanitários, e
abastecimento de combustíveis. Ainda podem estar associadas aquelas águas de superficiais
ou subterrâneas que funcionam como corpos receptores de efluentes provenientes da área da
mina.
Todas estas formas de utilização culminam com a geração de grandes volumes de efluentes,
alterados ou poluídos, que poderão contaminar os corpos d’água locais ou até mesmo regionais
e o lençol subterrâneo; gerando impactos de segunda ordem que irão afetar a fauna, flora e as
condições de abastecimento de água potável.
Os poluentes introduzidos na água pela mineração podem originar-se do próprio minério, como
é o caso das minas de carvão em que ocorre a geração de ácido sulfúrico. Pode haver geração
de contaminantes oriundos do tratamento do minério, ou partículas sólidas provenientes do
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Sanchez (1995) propõe uma série de poluentes mais comuns nas águas residuárias de
mineração, que foi modificado e apresentado no quadro 5.4, respectivamente com as medidas
de controle.
Qualquer sistema de gestão de recursos hídricos implantado em uma atividade minerária deverá
prever a adoção de medidas de controle para os efluentes sanitários, pluviais e oleosos da mina
e instalações que, em conjunto com a gestão de resíduos sólidos, irão contribuir para
minimização dos impactos ambientais sobre a qualidade das águas, fazendo com que não
hajam passivos.
Quadro 5.4: Poluentes mais comuns nas águas residuárias de mineração. Modificado a
partir de Sanchez (1995).
PRINCIPAIS MEDIDAS DE
POLUENTE ORIGEM EFEITOS/IMPACTOS
CONTROLE
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PRINCIPAIS MEDIDAS DE
POLUENTE ORIGEM EFEITOS/IMPACTOS
CONTROLE
Cont.
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Cont.
PRINCIPAIS MEDIDAS DE
POLUENTE ORIGEM EFEITOS/IMPACTOS
CONTROLE
C. Impactos na atmosfera
Os cortes de taludes, pilhas de estéril e outras superfícies desnudas também são fontes de
geração de poeira. A supressão da vegetação também emissões locais de poeiras.
Para as emissões gasosas dos veículos e máquinas, o controle de manutenção dos mesmos
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Este tipo de impacto tem incidência direta sobre o meio, ocasionando uma situação de
desconforto ambiental, mas podendo ter abrangência regional. Pode atingir as populações do
entorno, e ocasionar o afugentamento da fauna local.
Os efeitos vibratórios são causados pela energia liberada na detonação de explosivos, cuja
intensidade varia em função da eficiência da operação de detonação.
O gerenciamento de estudos sobre o meio biótico e suas interações com o meio físico deve ter
início na fase de implantação do empreendimento, onde já devem estar previstas as etapas de
desmate para locação da mina e respectivas instalações.
Em alguns empreendimentos com largos anos em atividade o que se tem hoje é uma gama de
pesquisadores, órgãos do governo e os próprios empreendedores empenhados em se conhecer
e estabelecer critérios numa tentativa de retorne às condições originais ou pelo menos uma
recuperação das áreas degradadas. Isto ocorre em áreas clássicas de passivo ambiental da
atividade minerária ou empreendimentos de grande porte, com elevada produção e, portanto,
condições suficientes para a implantação de um sistema de gestão ambiental que vise a
recuperação de áreas degradadas.
Um ecossistema “consiste num conjunto integrado de fatores físicos, ecológicos e bióticos que
caracterizam um determinado lugar, estendendo-se por um determinado espaço de dimensões
variáveis. É uma totalidade integrada e sistêmica, que envolve fatores abióticos e bióticos, em
sua funcionalidade e processos metabólicos. O ecossistema forma uma unidade fundamental do
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meio físico e biótico, em que coexistem e interagem uma base inorgânica e uma base orgânica
constituída pro organismos vivos, gerando produtos específicos (turfeira, brejo, floresta de terra
firme, cerradões e pradarias, entre muitas outras)” (ACIESP 1997). Estas definições permitem
que se tenha uma noção da fragilidade de um ecossistema, dada a intrincada rede de
interrelações e interdependência, com cada elemento desempenhando um papel específico e
essencial na manutenção do equilíbrio.
A atividade minerária atua de forma a “quebrar” este equilíbrio; primeiramente com a remoção
da vegetação, ocasionando o afugentamento da flora local. Posteriormente o que ocorre é um
novo afugentamento, por ocasião dos ruídos gerados e, alguns casos, alterações nos
ecossistemas aquáticos.
Existe uma relação entre as alterações no meio físico e no meio biótico, pois uma é
conseqüência da outra ou, como já citado, são interdependentes. Como pode ser visto no item
anterior, onde se tem o efeito das alterações no meio físico, em que quase todos incidem sobre
a biota. A seguir é feita uma descrição sucinta dos impactos mais evidenciados sobre o meio
biótico, em decorrência da implantação da atividade minerária.
Outro fator relevante é que a retirada da cobertura vegetal, com a exposição do solo, pode
afetar as nascentes, alterando não só a qualidade das águas subterrâneas mas, o equilíbrio
hidrodinâmico regional.
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A principal medida mitigadora deste tipo de impacto é o desmate feito de maneira controlada,
sendo feito somente em áreas estritamente necessárias à implantação do empreendimento,
promovendo o aproveitamento da madeira resultante do corte e a proteção das nascentes
através da manutenção das faixas de vegetação ciliar.
As ações de desmate controlado, alem do translocamento da fauna podem mitigar este tipo de
impacto.
Medidas mitigatórias como a manutenção das matas ciliares para proteção dos cursos d’água e
nascentes, além mais uma vez de ações de desmate controlado, e controle de lançamentos de
efluentes, podem diminuir sensivelmente a intensidade deste tipo de impacto.
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1. Estudos de base. Nesta fase são feitos levantamentos iniciais (mapeamento de biótipos,
levantamentos de vegetação, levantamentos faunísticos terrestres e aquáticos), devidamente
registrados, para que se tenha um banco de dados acerca da fauna e flora regionais,
possibilitando as futuras ações como, por exemplo, implantação de viveiros. Nesta fase devem
ser escolhidos os indicadores para posterior monitoramento. Esta fase deveria preceder à
implantação do empreendimento.
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A maioria dos empreendimentos minerários de grande porte estão localizados na zona rural,
sendo raras são as exceções, citando-se também os casos em que os núcleos populacionais
crescem no entorno da mineração e em função dela. Nos casos mais próximos da zona rural, os
impactos incidentes sobre o meio antrópico são pouco intensos. Já quando se trata daqueles
próximos a grandes núcleos populacionais, como é o caso comum de algumas pedreiras, os
impactos são mais intensos, consequentemente atingindo uma camada maior da população.
Sanchez (1995) relaciona os principais impactos da atividade minerária sobre o meio antrópico:
Impactos Sociais
- Impacto visual.
- Impactos sobre a saúde e desconforto ambiental.
- Alteração na dinâmica demográfica.
- Qualificação da mão de obra.
- Alterações na forma de uso do solo.
- Interferências em comunidades indígenas.
Impactos Econômicos
- Substituição ou incremento das atividades econômicas.
- Aumento da demanda por serviços sociais e de infra-estrutura.
- Aumento local de preços.
- Alteração das opções de uso do solo.
- Aumento da oferta de empregos.
- Aumento da arrecadação tributária.
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Impactos Culturais
- Perda do patrimônio histórico-cultural
- Alteração das relações sócio-culturais
A seguir é feita uma breve discussão acerca dos principais impactos, onde foram destacados
aqueles geradores de passivos em decorrência de paralisação ou encerramento das atividades
minerárias. Ressalta-se que a maioria dos impactos estão interligados sendo que muitos são
decorrentes de alterações do meio físico e biótico.
A. Impacto visual
Sanchez (1995) cita que a avaliação deste tipo de impacto depende dos volumes de material
movimentado, dimensões da cava ou frente de lavra, e do número de pessoas que as vêem.
Depende, sobretudo, do que será afetado com a implantação do empreendimento, ou seja,
locais considerados como de beleza cênica.
Para atenuar estes impactos, a medida mais comum é a implantação de cortinas arbóreas, e
disposição de pilhas de rejeito e estéril em locais adequados, afastados.
Este tipo de impacto não é mensurável ou quantificado, em função da percepção das pessoas e
do simples fato de que não se medem padrões estéticos.
Estes impactos são decorrências de alterações no meio físico (alterações na qualidade das
águas, poluição atmosférica e poluição sonora) e no meio biótico (introdução de patologias por
insetos vetores, decorrentes intervenções antrópicas em áreas de doenças endêmicas, como
ocorre na região norte do país, nas áreas de malária).
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Este é o impacto mais comumente verificado, pois está presente em toda e qualquer atividade
minerária. A alteração na forma de uso do solo e conseqüente alteração das opções de uso,
nem sempre são negativas do ponto de vista econômico. O que deve ser previsto na etapa de
fechamento é que a população tenha outras opções de uso garantindo a subsistência. Na
verdade devem ser mantidas algumas características físicas e químicas do solo, o mais próximo
das originais ou dentro de parâmetros aceitáveis, de forma que se permita o reuso. Exemplo
mais típico é o caso de alguns pólos de produção de areia para construção civil que
transformaram grandes várzeas de rios em uma sucessão de lagoas e crateras, impossibilitando
o retorno da antiga atividade agrícola.
Este tipo de impacto é uma decorrência de alterações nos meios físico e biótico, que se refletem
nas atividades de subsistência das populações como é o caso da pesca, agricultura, criação de
animais.
F. Impactos culturais
A Constituição Federal define o que seja patrimônio cultural em seu artigo 216:
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Este cenário legal deve ser o ponto de partida no tratamento de qualquer impacto decorrente da
atividade minerária e que venha a incidir sobre o aspecto cultural.
Os bens culturais são classificados em tangíveis e não tangíveis. Goodland & Webb (1987)
apresentam duas classificações para o patrimônio cultural:
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intangível.
Os bens tangíveis são afetados de diversas formas. Além do seu deslocamento ou até mesmo
extinção de alguns, eles podem ser danificados por meio de emissão de poluentes, ou vibrações
provocadas por equipamentos ou explosivos.
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O passivo ambiental é um produto dos impactos das atividades econômicas sobre o meio
natural, sendo que os danos ambientais podem afetar os recursos hídricos, a atmosfera, o solo
e subsolo, a biodiversidade, a saúde e qualidade de vida humana, as atividades econômicas e o
patrimônio histórico e cultural.
Em lugar de esclarecer, a definição de passivo ambiental muitas vezes deixa dúvidas e leva a
raciocínios controvertidos. Isto talvez se deva ao fato de que é um problema somente
considerado recentemente, e com um vasto caminho de discussões e considerações a serem
feitas.
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Portanto, a etapa de desativação e suas implicações, tanto do ponto de vista técnico como do
não cumprimento da legislação vigente, interessam como sendo a fase em que realmente passa
a se verificar a ocorrência de passivos ambientais incidentes tanto sobre o meio natural como o
antrópico.
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Uma terceira situação que poderia ser considerada é a geração de passivos decorrentes das
atividades de pesquisa mineral. Uma vez que a maioria destas implica em impactos de baixo
potencial, de curto prazo, e na maioria das vezes são absorvidos naturalmente pelo meio
impactado e ainda, considerando-se o fato de que não existem recursos legais que definam ou
estabeleçam critérios para definição de impactos provenientes da pesquisa mineral, esta etapa
não é considerada neste trabalho.
O conceito de passivo ambiental decorrente da atividade minerária pode ser definido como:
- “Aquele que é gerado quando, no encerramento das atividades minerárias, não
foi executada nenhuma ação ou projeto, no sentido de recuperação do meio ambiente,
que possibilite o seu retorno às condições originais ou o restabelecimento das
condições de equilíbrio”.
A partir desta visão, que à primeira impressão parece bastante simplista, é inquestionável que
algum método ou parâmetro deverá servir como indicador para que, numa análise inicial, se
possam detectar quais são realmente os passivos gerados por um determinado
empreendimento. Estes indicadores constituem a proposta metodológica deste trabalho.
Primeiramente deve-se ter noção das causas geradoras de passivos, ou seja, quais os riscos
iniciais a que o empreendimento esteve sujeito, os impactos ocasionados pela concretização
destes riscos e que culminaram com a geração de passivos. Portanto é fundamental que se
tenha em mente a analogia entre risco, impacto e passivo ambiental.
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É fundamental então a análise das duas diversas situações em que pode ocorrer um impacto
ambiental:
- situações previsíveis, inerentes ao processo, como atividades de decapeamento,
rebaixamento do lençol freático, disposição de resíduos sólidos, etc.
- situações acidentais ou de risco: quando os impactos são decorrentes de acidentes
ou situações de risco concretizado, como por exemplo: vazamentos de substâncias nocivas,
deslizamentos ou desmoronamentos, rompimentos de barragens, etc.
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RISCO AMBIENTAL
PGR Acidente
IMPACTO AMBIENTAL
Reversível Irreversível
Mitigado Não
mitigado
PASSIVO AMBIENTAL
Figura 5.2: Fluxograma - síntese das interrelações entre Risco, Impacto e Passivo
ambiental.
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Reversível
AGENTES MEIO
QUÍMICOS FÍSICO Irrevers./
Não mitigado
AGENTES
Reversível
FÍSICOS
MEIO
PASSIVO
BIÓTICO
Irrevers./
Não mitigado
AGENTES
BIOLÓGICOS
Reversível
Medidas de
MEIO
recuperação
ANTRÓPICO
Irevers./
Não mitigado
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Atendendo ao objetivo principal deste trabalho, que é a criação de uma metodologia de análise
de passivos ambientais que permita aos órgãos ambientais e à sociedade decidirem quanto à
complexidade de um quadro de degradação apresentado por um empreendimento do setor
mineral, foi criada então uma metodologia baseada em critérios objetivos e tecnicamente viáveis
através da adoção de indicadores ambientais.
A NBR ISO 14031 trata do tema Gestão Ambiental e estabelece diretrizes para a avaliação de
desempenho ambiental de empresas, através do estabelecimento de indicadores de
desempenho ambiental, classificados em duas categorias: Indicador de Condição Ambiental
(ICA) e Indicador de Desempenho Ambiental (IDA).
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Segundo FIESP (2006) diferentes indicadores têm sido criados para qualificar e/ou quantificar
situações nas mais diversas áreas, tais como: saúde (índice de natalidade, índice de
mortalidade, etc.), educação (índice de repetência, índice de analfabetismo, etc.), economia
(renda per capta, por exemplo), sociologia (índice de desenvolvimento humano) e meio
ambiente (qualidade do ar, das águas, etc.). Ainda segundo os mesmos autores, a maioria dos
indicadores não espelha a qualidade dos temas abordados em sua totalidade, mas
indiretamente servem de referência para abordá-los e trata-los em seus aspectos mais
sensíveis.
Da mesma forma os indicadores de passivos ambientais também não podem ser quantificados
de forma absoluta, tendo em vista a complexidade da relação entre as atividades antrópicas e o
meio ambiente.
Uma outra ferramenta, mas não menos importante, foi o conhecimento do que são os principais
impactos decorrentes desta atividade e das leis que determinam parâmetros e limites
quantitativos e qualitativos. Somente a partir de então foi possível o estabelecimento dos
indicadores baseados em índices quantitativos estabelecidos pela legislação e normatização
técnica vigentes.
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II - Mesmo sabendo-se que, nem a intensidade dos impactos nem a reação do ambiente
são previsíveis de forma absoluta, e muitas vezes não são quantitativamente valoráveis,
os indicadores de passivos ambientais atuarão no sentido de se mensurar o efeito de um
fato já ocorrido.
Neste tópico é feita uma descrição dos indicadores selecionados e estabelecimento dos limites
e critérios adotados. Inicialmente, no entanto algumas considerações devem ser feitas.
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ocasionados por ações inerentes à qualquer atividade minerária. Ressalta-se aqui o termo
inerente no sentido de enfatizar que é impraticável o desenvolvimento de operações mineiras
sem que hajam intervenções ou alterações nas condições originais do meio. Partindo deste
princípio, são relacionadas quatro atividades que são as que normalmente ocorrem em
empreendimentos mineiros:
- Supressão de vegetação;
- Alterações na topografia original;
- Rebaixamento do lençol freático;
- Alterações sócio-econômicas locais.
Os indicadores descritos nos próximos itens não consideram as atividades acima mas, em
alguns casos, são uma decorrência destas ações que, quando não controladas levam à geração
de passivos ambientais.
A dimensão final da cava (ou pit final) de uma mina varia inicialmente em função da reserva de
minério, e em segundo plano do método de lavra adotado, que proporcionará um maior ou
menor aproveitamento da jazida. No fechamento ou suspensão temporária de uma mina a céu
aberto, deverão ser previstos pelo menos os dois parâmetros condicionantes:
1- Condições geotécnicas do maciço;
2- Área, altura e inclinação dos taludes gerados.
Os dois parâmetros estão interrelacionados, pois tanto a altura quanto a largura e inclinação dos
taludes gerados são uma função das condições geotécnicas do local, além, obviamente dos
serviços executados e equipamentos utilizados na lavra.
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1. Lavra a céu aberto com exposição de rocha fresca – nestes casos, onde os
taludes apresentam rocha fresca aflorante, deve ser constatado se os
parâmetros de comportamento geotécnico e geomecânico do maciço estão
adequados, verificando a ocorrência de situações de instabilidade. As NRM
item 2.4.2.1 prevêem como situações indicativas de potencial instabilidade nos
taludes, as seguintes ocorrências: fraturas ou blocos desgarrados do corpo
principal, nas faces dos bancos das cavas e abertura de trincas no topo do
banco, abertura de fraturas em rochas com eventual surgimento de água,
feições de subsidências superficiais, estruturas em taludes negativos,
percolação de água através de planos de fraturas ou quebras mecânicas,
surgimento de ruídos anormais.
2. Lavra a céu aberto com exposição de rocha intemperisada - nos casos de
lavra de rochas intemperisadas, cujo comportamento geotécnico não permite o
estabelecimento de grandes taludes e, portanto é maior a ocorrência de
situações de instabilidade, deve ser verificada a implantação de medidas de
reabilitação do talude. A medida mais usual é a cobertura vegetacional, que
impede a instalação de processos de erosionais, carreamento de partículas
sólidas e conseqüentes deslizamentos ou desmoronamentos de massa; além
de atenuar o impacto visual, contribuindo para a inserção do talude no cenário
topográfico local. A figura 6.1 mostra uma cava em estágio avançado de
regeneração com o avanço da vegetação e incorporação do talude à
paisagem.
Reafirmando, para que ocorram passivos ambientais determinados pela situação da cava final
de uma mina, sugerem-se as seguintes verificações:
1 - execução de laudo geotécnico específico para a determinação das condições de estabilidade
do talude ou taludes finais, ou;
2 – execução de laudo especializado para verificação da existência de processos erosivos em
estágio avançado, ocasionando desmoronamentos ou movimentos de massa.
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Figura 6.1: Foto da antiga cava da mina de manganês da Serra do Navio/AP. Detalhe para o
estágio avançado de recomposição da vegetação com o avanço da floresta equatorial.
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Cava final da - Lavra a céu aberto com - Verificação através de laudo geotécnico
mina exposição de rocha fresca das condições de estabilidade dos
taludes finais.
Nas atividades de lavra subterrânea o fenômeno costuma ser associado à abertura de vias
subterrâneas. Nos dois tipos de lavra a subsidência é um fenômeno previsível e até mesmo
inerente ao processo, mas podem ocorrer acidentes decorrentes de falhas de projeto; nestes
casos as proporções podem ser bastante grandes.
Para este indicador serão consideradas as seguintes condições de aplicabilidade: lavra a céu
aberto com rebaixamento de lençol freático e lavra subterrânea. Não será feita discriminação
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quanto ao método de lavra subterrânea uma vez que a verificação do indicador se faz em
campo com a constatação da existência de terrenos subsidentes.
Também não será considerada a localização do empreendimento, uma vez que os efeitos
poderão ser sentidos em longo prazo, afetando tanto o meio biótico quanto o antrópico.
A disposição de estéril é um fator a ser considerado tanto em lavras a céu aberto como
subterrânea, sendo preponderante nas operações de lavra em que há geração de grandes
volumes de massa estéril. Normalmente este material é depositado em pilhas, algumas vezes
bastante elevadas, e nem sempre obedecendo à critérios geotécnicos, e que alteram a
topografia local interferindo na paisagem natural.
O estéril pode ser aproveitado para a recuperação de cavas (por enchimento das mesmas), mas
na maioria dos casos a disposição em áreas de bota-fora e aterros é inevitável. O problema da
disposição do estéril pode ser verificado não somente nos grandes empreendimentos mineiros,
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mas tem ocorrido também em pequenas minerações, como é o caso das lavras de rochas
ornamentais, onde a atividade algumas vezes é desenvolvida artesanalmente, sem a existência
de um plano de lavra que contemple um maior aproveitamento do material, gerando grandes
volumes de massa estéril proveniente de operações de decapeamento e remoção da camada
de material superficial geralmente fraturada. Em algumas lavras o problema pode ser agravado,
pois o fraturamento se estende em profundidade, o que obriga o não aproveitamento de grandes
parcelas da jazida.
O estéril, normalmente é inerte quimicamente, não gerando grandes passivos ambientais. Pode
ocorrer o contrário, contaminando águas e o solo, como é o caso da lavra de carvão mineral em
Criciúma/SC. A lixiviação das pilhas de estéril por infiltração de águas pluviais gera
contaminação regional de águas superficiais e subterrâneas. Localmente, o pH das águas é
extremamente ácido, atingindo valores de até 2,5, além da contaminação por outras
substâncias. Nestes casos sugere-se a obediência ao disposto na Norma ABNT 10.004 de
31/05/2004, Resíduos sólidos – Classificação. Esta norma classifica os resíduos sólidos quanto
aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, e seu gerenciamento adequado.
São classificados em dois grupos: perigosos (Classe I) e não perigosos, que são subdivididos
em não inertes (Classe IIA) e inertes (Classe IIB). Os maiores passivos ocorrem quando da
contaminação por disposição de estéril Classe I ou IIA.
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A abordagem deste indicador, como pode ser visto, não é feita do ponto de vista quantitativo.
Neste caso é difícil se mensurar, uma vez que mesmos volumes de estéril podem ocupar áreas
de diferentes tamanhos, devido às condições de compactação. A DN 74/COPAM classifica o
porte do empreendimento segundo a área útil da pilha de estéril, mas no tratamento de
passivos, estes dois fatores não são relevantes, dada a dificuldade de mensuração dos efeitos
de ambos.
Figura 6.2: Foto de uma pilha de estéril proveniente da lavra de carvão mineral, onde se vê o
estágio de regeneração com aplicação de cobertura de solo e replantio. Criciúma/SC.
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O rejeito é gerado nas operações de tratamento de minério. Quando o tratamento é feito através
de processos pouco complexos como moagem e classificação granulométrica, ou seja, sem a
presença de água, a disposição mais comum é através de pilhas ou bota-foras. Quando o
tratamento é feito em via úmida, o rejeito gerado é constituído pela mistura de partículas sólidas
e água, denominada de polpa ou lama, usualmente disposta em barragens de sedimentação ou
de decantação, quando é necessária a injeção de reagentes floculantes.
A abordagem deste indicador também é apenas qualitativa, sendo os motivos os mesmos que
se aplicam à disposição de estéril. A abordagem qualitativa é feita considerando-se duas formas
de disposição – em pilhas em bota-foras ou disposição em barragens de contenção.
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A complexidade dos aspectos que tratam de barragens de rejeitos é muita alta, envolvendo
inúmeros fatores geotécnicos que devem ser considerados mesmo após a implantação da
barragem, no sentido de não ocorrerem danos ambientais. As fotos das figuras 6.3. e 6.4
mostram duas formas de construção de barragens baseadas em diferentes critérios
geotécnicos. No primeiro caso (foto 6.3) a barragem foi construída em um garimpo para
disposição de rejeitos sob a forma de lama, proveniente da lavra de ouro. Neste local a lavra é
feita por desmonte hidráulico, e o rejeito, sob a forma de polpa (mistura de água e material
argiloso) é depositado em uma bacia de contenção. Na foto percebe-se a falta de preparo do
terreno para a construção, sem desmate controlado dos entornos, o eixo construído em terreno
argiloso, com grande potencial de rompimento e transposição eminente que se pode ver pela
altura do nível d’água. Ressalta-se ainda como agravante a existência de uma drenagem a
jusante.
A foto 6.4 mostra uma barragem de contenção de rejeitos provenientes de uma planta de
tratamento de bauxita situada em Barcarena/PA. Na foto notam-se os aspectos positivos em sua
construção: primeiramente com revestimento por manta impermeabilizante, obediência a
critérios geotécnicos, implantação de cortina arbórea ao fundo, instalação de vertedouros,
dentre outros. A conjunção destes fatores atua no sentido de atenuar a possibilidade de
ocorrência de danos ambientais e, consequentemente a geração de passivos por ocasião do
encerramento da vida útil da barragem.
Os maiores passivos gerados são a restrição de uso das áreas devido a fatores geotécnicos,
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Figura 6.3: Foto de uma barragem construída atender a lavra de ouro em garimpo, de forma
desordenada e sem critérios geotécnicos. No centro se vê o “eixo” locado em terreno
inconsistente, ao fundo porções de mata ciliar destruídas. Serra do Navio/AP.
Figura 6.4: Foto de uma barragem de decantação de rejeitos provenientes da planta de tratamento
de bauxita. Barcarena/PA.
Quadro 6.4: Condições de ocorrência de passivo ambiental relacionado à disposição de
rejeitos e resíduos.
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Uma massa de solo pode ser considerada como um conjunto de partículas sólidas, encerrando
vazios de tamanhos e formas variadas que, por sua vez, podem estar preenchidos com água, ar
ou ambos. O solo pode ser equacionado da seguinte forma (Fiori & Carmignani, 2001):
Solo = sólido + líquido + gases
Os mesmos autores citam que uma massa de solo pode ser descrita através de suas
propriedades físicas, como peso específico, teor de umidade, índices de vazios, entre outras, e
suas propriedades mecânicas, como ângulo de atrito interno, resistência ao cisalhamento,
coesão, etc.
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Os estudos sobre processo de erosão são muito complexos e de alto custo. Deve-se ter em
mente que as propriedades físicas do solo podem ser medidas com relativa facilidade em
laboratórios e que uma pequena variação de seus valores não modifica substancialmente o
comportamento e equilíbrio dos solos. Entretanto, estas podem variar muito em função de
condições externas, como por exemplo, quantidade de chuvas, ocupação antrópica, etc. Da
mesma forma, uma pequena variação das propriedades mecânicas pode influir
consideravelmente na distribuição de esforços e na natureza do equilíbrio, modificando
radicalmente a segurança das obras (Fiori & Carmignani, 2001).
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Figura 6.5: Foto mostrando processo erosivo instalado em solo do tipo distrófico, sujeito à
desmoronamentos e movimentos de massa; localizado em via de acesso à cava de uma mina de
ferro. Mariana/MG.
6.2.1.6. Qualidade das águas superficiais e subterrâneas
As atividades minerárias envolvem a utilização da água em diversas etapas, que vão desde a
fase de pesquisa até as operações de rebaixamento do lençol freático para remoção da camada
mineralizada. A água pode ser utilizada como o próprio meio onde se dá a extração mineral,
caso da lavra por dragagem em leito de rios, lagos ou reservatórios; na desagregação do
minério, caso do método de desmonte hidráulico; nas operações de beneficiamento de minério
via úmida, tais como moagem, ciclonagem, flotação, cianetação; na expedição do minério,
agregada a este, no caso do transporte na forma de polpa; na mitigação de outros impactos,
como a emissão de particulados, controlada por aspersão de água; nas águas de chuvas, que
circulam por toda a área da mina; na geração de efluentes oriundos de refeitórios, sanitários, e
abastecimento de combustíveis. Ainda podem estar associadas aquelas águas de superficiais
ou subterrâneas que funcionam como corpos receptores de efluentes provenientes da área da
mina.
Todas estas formas de utilização culminam com a geração de grandes volumes de efluentes,
alterados ou poluídos, que poderão contaminar os corpos d’água locais ou até mesmo regionais
e o lençol subterrâneo; gerando impactos de segunda ordem que irão afetar a fauna, flora e as
condições de abastecimento de água potável.
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influência.
Sugere-se para a avaliação de qualidade das águas superficiais, que os valores de parâmetros
para os corpos d’água situados na área de influência do empreendimento estejam dentro dos
limites estabelecidos no mínimo para a Classe 3, em conformidade com a Resolução CONAMA
357, de 17 de março de 2005.
Outro fator ainda a ser considerado é a existência de trabalhos anteriores que determinem as
características químicas do aqüífero antes da implantação do empreendimento, para que se
estabelecesse uma comparação. De posse de valores que estabeleçam o background, haveria
condições de verificação da contaminação. Isto acontece atualmente na implantação de um
empreendimento, mas naqueles em funcionamento e, pior ainda, nos desativados, isto se torna
praticamente impossível. A maioria dos empreendimentos desativados são anteriores à
legislação ou até mesmo anteriores ao início dos trabalhos de hidrogeologia no país. Ressalta-
se que a legislação atual não trata dos aspectos que dizem respeito especificamente à
qualidade das águas subterrâneas
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enquadramento das águas subterrâneas, sugere-se que seja verificada em análises a presença
de anomalias (valores anômalos de elementos ou substâncias) que são decorrentes do tipo de
resíduo gerado pelo empreendimento.
Figura 6.6: Foto mostrando galeria de mina de carvão subterrânea. O nível do lençol freático foi
atingido fazendo com que houvesse lixiviação das camadas de carvão que contêm pirita, e
consequentemente houve contaminação por ácido sulfúrico. Criciúma/SC.
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Qualidade das - Minas com lavra a céu - Alterações nas águas - Verificação do enquadramento
águas aberto ou subterrânea. superficiais. dentro dos limites estabelecidos
para a classe da bacia hidrográfica
regional.
- Alterações nas águas
subterrâneas em minas - Análises para verificação de
com geração de resíduos anomalias.
Classe I ou IIA..
As atividades minerárias podem causar alterações na dinâmica fluvial. O fato mais comum é a
transposição de cursos d’água para a lavra em pontos meandrantes do rio; caso típico de
garimpos de ouro e diamante. Nestes locais é feito um barramento com desvio do curso
permitindo a lavra em condições secas.
Outra ocorrência menos comum é o desvio de pequenos cursos para locação de áreas de
empréstimo, por exemplo, na implantação de barragens e pilhas de estéril de grandes
proporções.
Nestes casos o impacto é irreversível, mas pode ser controlado de maneira a não interferir na
dinâmica regional. No caso de lavras em leito de rios como é o caso dos garimpos, o rio pode
retornar ao seu curso original, uma vez cessado o barramento.
Os efeitos deste tipo de impacto são difíceis de mensurar, pois dependem de conhecimentos
pretéritos da dinâmica fluvial, levantamento da biota afetada, dentre outros, dificultando a
abordagem em termos quantitativos. A abordagem qualitativa pode ser feita através da
verificação de comunidades ou núcleos populacionais localizados a jusante que possam ter sido
afetados pela redução de vazão.
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aplicabilidade
Dinâmica fluvial - Minas com lavra a céu - Alteração no curso - Verificação da diminuição de
aberto e em leito de rios. d’água. vazão.
Figura 6.7: Foto do rio Gualaxo / MG - área de garimpo de ouro, onde se vê a alteração do curso
natural do rio para extração do metal nos meandros abandonados.
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Segundo Silva (1986) o aproveitamento das águas subterrâneas tem aumentado muito nos
últimos 20 anos devido ao crescimento da demanda e em função da degradação da qualidade
das águas superficiais, como conseqüência do crescimento populacional e do desenvolvimento
industrial e agropecuário.
A mesma autora ainda cita como principais vantagens da utilização de águas subterrâneas para
abastecimento:
- custo de construção dos poços que geralmente é menor do que as obras de captação
de águas superficiais;
- na maioria das vezes a qualidade das águas subterrâneas é adequada ao consumo
direto, sem a necessidade de tratamento prévio (a não ser em casos de contaminação);
- é uma alternativa de abastecimento viável para pequenas comunidades.
A superexploração de aqüíferos pode levar à sua exaustão total, ou ter como conseqüência o
rebaixamento dos seus níveis de águas, acarretando em um aumento dos custos de
bombeamento, diminuição do rendimento dos poços e a possibilidade de recalques nos
terrenos.
Isto é o que ocorre quando a lavra atinge o nível do lençol freático e são instalados poços de
bombeamento para drenagem do aqüífero. Na maioria das vezes os efeitos são sentidos em
todo o aqüífero regional. E nos casos em que existem comunidades próximas com dependência
real ou potencial das águas subterrâneas, ocorre o descrito no parágrafo anterior. Outro efeito
comum principalmente em áreas cársticas é o surgimento de áreas de subsidência, citado no
item 6.2.1.2.
O mesmo pode ocorrer nos casos em que a as instalações atinjam a zona de recarga do
aqüífero, impermeabilizando-a.
Este indicador é de difícil mensuração técnica, mas através de dados pré-existentes de vazões
de poços na região pode-se ter uma noção em termos quantitativos. Sugere-se que a simples
verificação em campo da existência de rebaixamentos do nível de água em poços além da área
em que se desenvolveu a atividade, além da verificação da existência de subsidências em
terrenos da área de influência seja suficiente para a constatação da existência de um passivo
ambiental. Ressalta-se que as áreas de subsidência devem ser verificadas se realmente são
provenientes do rebaixamento do lençol freático, e não de processos naturais.
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No entanto, fica difícil analisar com precisão a perda real de espécies da fauna e flora por
ocasião da implantação de um determinado empreendimento minerário. Ressalta-se o fato de
que muitos deles foi instalada antes da legislação ambiental e, principalmente, antes da
divulgação das listas de espécies ameaçadas de extinção, recurso recente tanto em nível
estadual como federal.
A determinação deste passivo é bastante complexa, e sugere-se que seja feita por técnico
especializado, através de laudo específicos que determinem a pré-existência de espécies
ameaçadas, que deveriam seguir as listas mais recentes:
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- Listra das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (IN MMA 03/2003);
- Lista Nacional das Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Ameaçadas de
Extinção (IN 05/2004);
- Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (Portaria IBAMA n°
37 N/1992).
O que ocorre em muitas regiões do país, com a instalação de uma empresa de mineração, é a
expectativa imediata de melhorias através da geração de empregos diretos ou indiretos, e que a
empresa se constitua em um suporte para a economia local. Em alguns locais, principalmente
naqueles mais remotos, com condições sócio-econômicas precárias, isto é o que realmente
acontece, com a empresa assumindo o papel do governo na tomada de decisões locais e
através de melhorias da infra-estrutura e execução de serviços que competem ao próprio
governo.
Quando a mina é fechada sem um planejamento que permita dar o suporte à comunidade local,
o que geralmente ocorre é o caos econômico e consequentemente social, pois, o município se
vê sem o que muitas vezes é o seu principal provedor de recursos. Em alguns casos, como
ocorre nas regiões de surtos garimpeiros, surgem verdadeiras cidades-fantasma, com a
migração quase total da população.
Mesmo diante disto deste quadro, algumas considerações devem ser feitas; a começar pela
principal característica da atividade minerária: a sua vida útil. É de conhecimento de toda a
população que a mineração é uma atividade com princípio, meio e fim, sendo estas etapas bem
definidas e muitas com data de encerramento já prevista e conhecida pela própria população do
local. Portanto, a ciência destes fatos deveria ser a mola propulsora do governo local, na
tomada de decisões no sentido de se buscar outras fontes de renda. Ressaltam-se nestes casos
os fundos arrecadados pela CFEM, que foram criados também com este objetivo.
Como se analisar um passivo deste âmbito, que na maioria das vezes decorre de falhas não
somente do empreendimento como dos governos, principalmente o local? No que diz respeito à
situação sócio-econômica em que se vêem os municípios após a desativação de
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É inquestionável o fato de que a avaliação deste indicador é muito complexa e envolve questões
políticas e sociais que, para serem levantadas, envolveriam no mínimo vários anos de
pesquisas com uma gama enorme de profissionais. Com as ferramentas disponíveis atualmente
para este trabalho torna-se impossível quantificar ou mesmo uma tentativa de análise deste tipo
de passivo. Portanto, o trato de passivos relacionados ao meio antrópico será relacionado a
itens que permitam a sua mensuração, mesmo que aproximada, como os descritos a seguir.
A Constituição Federal define o que seja patrimônio cultural em seu artigo 216:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
A Resolução CONAMA no 347/05, estabeleceu que na outorga da concessão mineral deve ser
considerada a presença de bens de valor natural, científico e cultural, a fim de estender às
atividades de mineração a tarefa de proteção ao patrimônio natural e cultural informando,
sempre que for o caso, aos órgãos competentes.
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As modificações na forma de uso e ocupação do solo são uma decorrência indireta de impactos
sobre os meio físico já previstos neste trabalho: supressão de vegetação, contaminação do solo
por disposição inadequada de resíduos, deslocamento de populações para ocupação do espaço
físico pelo empreendimento.
Portanto, a análise de passivos neste caso deve considerar a existência de situações que não
permitam o uso do solo para outras atividades, uma vez que o empreendimento já tenha sido
desativado.
Isto pode ser ocasionado por contaminação de parcelas do solo por resíduos tóxicos, alterando
as suas propriedades físicas e químicas, que impedem o seu uso. Sugere-se que este seja o
critério de avaliação neste caso. Através de laudo técnico pode-se comprovar a existência no
solo de substâncias que impedem o seu uso ou que alterem as suas propriedades físicas.
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Segundo estudos recentes, caso não haja deslocamento de depósitos de descarte e de rejeitos
da refinaria e minas, a exposição das populações locais ao chumbo e arsênio ainda perdurará
por um longo período de tempo. Consequentemente sendo impedida de também usar o solo
para o exercício de suas atividades de subsistência.
A presença deste tipo de passivo pode ser verificada pela existência em áreas remotas de
antigos equipamentos de lavra ou tratamento de minérios abandonados, totalmente danificados
e sem condições de uso. Isto ocasiona um impacto visual, impede o avanço da vegetação e o
retorno da área às suas condições originais.
Em se tratando de obras civis o mesmo ocorre, com alguns agravantes do tipo: presença de
antigos depósitos de substâncias nocivas construídos sem critérios de permeabilidade, sendo
passíveis de contaminação, antigas vilas construídas pela mineração que são abandonadas,
construções necessárias ao processo operacional que são abandonadas; tudo isto formando um
mosaico de impacto visual, impedimentos de retorno às condições originais, gerando conflitos
locais no caso de residências abandonadas.
Também pode ocorrer o contrário como é o caso da vila da Serra do Navio que foi totalmente
reaproveitada por outras empresas de mineração, constituindo-se em um impacto positivo para
a comunidade local. O mesmo ocorreu com a ferrovia e estradas construídas por ocasião da
instalação da mina, que hoje atendem à população.
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Sanchéz (1994) cita em seu trabalho que além da modificação da beleza cênica, e de afetar o
conforto e bem-estar da população, a dimensão das áreas visíveis e o contraste visual dessas
com o seu entorno implica também na desvalorização de bens imóveis, portanto em danos
econômicos. Mas deve-se atentar ao fato de que neste caso então já havia uma intervenção
antrópica anterior ou decorrente da implantação da mineração, nem sempre estando em
situação de conservação. Muitas vezes as populações passaram a existir em função da própria
mineração.
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Sugere-se que este passivo, por não ser mensurável, não seja considerado e sim os efeitos
decorrentes deste, caso sejam comprovadamente existentes.
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Figura 6.9: Foto mostrando lago gerado em cava final que atingiu o nível do lençol freático, com
camada de calcário sobrejacente. Nota-se a formação de um lago de cor azulada, cor
provavelmente proveniente do calcário, que serve como área de lazer para a população local.
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Qualidade das águas 1. Cursos d’água com parâmetros fora dos limites estabelecidos para a
classe 3 ou classe da bacia hidrográfica regional, segundo a Res.
CONAMA 357/2005.
2. Presença de anomalias nas águas subterrâneas relacionadas à
disposição de resíduos sólidos de classe I ou IIA.
Alterações na forma de uso do solo 1. Existência comprovada por análises, de substâncias nocivas que afetem
a qualidade e propriedades do solo.
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- a verificação de passivos muitas vezes só pode ser feita através de laudos técnicos
especializados portanto, onde se lê “comprovada” ou “comprovadamente”, entenda-se por
“comprovado através de laudo técnico especializado”.
- poderiam ser acrescentados alguns indicadores, como por exemplo: indicador de saúde
humana. Este se relacionaria às alterações da saúde humana provocadas por atividades de
extração e beneficiamento de minérios. Neste trabalho decidiu-se por não tratá-lo como
indicador e sim, como um efeito direto ou indireto de outros, como: alterações da qualidade da
água e do ar e contaminação química do solo.
Ressalta-se ainda que foi feita uma tentativa de generalização através dos casos de passivos
ambientais mais conhecidos e de maior ocorrência na atividade minerária, mas que não foram
desconsiderados os casos isolados e pontuais. A abrangência deste tipo de estudo é muito
grande e envolveria profissionais de outras áreas.
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Bergamini Jr. (1999) afirma que um passivo ambiental deve ser reconhecido quando existe uma
obrigação por parte da empresa que incorreu em um custo ambiental ainda não desembolsado,
desde que atenda ao critério de reconhecimento como uma obrigação. Portanto, as alterações
ambientais ocasionadas pelas empresas é que fazem constituir o seu passivo.
Como forma de identificação e mensuração dos passivos ambientais pode-se utilizar ‘Due
diligencies’ que se refere a um trabalho direcionado para a identificação de todos os aspectos
econômicos, financeiros e físicos que estejam afetando, ou poderão vir a afetar, a situação
patrimonial da companhia. Nesse contexto, certamente as variáveis ambientais também serão
alvo de atenção. Trata-se de dois documentos de caráter altamente técnico, exigidos pelas
autoridades governamentais para a autorização de instalação e funcionamento de algumas
atividades econômicas.
Outros instrumentos que podem ser utilizados são os Estudos Ambientais, que identificam os
impactos provocados ao meio ambiente, fatos geradores dos passivos ambientais, e a partir
desses documentos identificam os efeitos ambientais e mensuram os custos inerentes aos
mesmos. Este é o instrumento mais comum em se tratando de empreendimentos minerários.
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Custos são todos os gastos utilizados para a condução das atividades de uma empresa,
estando relacionados ao processo de produção, podendo ser identificados como: matéria prima,
mão de obra, desgaste de máquinas, impostos em geral, etc. (Iudicíbus 1999). Dentro deste
universo se inserem hoje os custos ambientais de uma empresa, que por sua vez podem ser
definidos como a soma de todos os gastos relacionados à preservação ou recuperação do meio
ambiente.
Para o setor mineral, Taveira (1997) define o custo ambiental como “a antecipação, medida em
termos monetários, incorrida ou potencialmente a incorrer, para atingir os objetivos de avaliar,
reabilitar e recuperar uma área degradada por um empreendimento mineral, ou mantê-la em
condições ambientais aceitáveis, através das ações de proteção, monitoramento e prevenção”.
Os custos ambientais podem ser incorridos nas ações de avaliação, prevenção, minimização,
monitoramento, e reabilitação dos impactos sobre os meios físico, biótico e antrópico,
provocados por empreendimentos do setor mineral, nas fases de planejamento, construção,
operação e fechamento (Taveira 1997).
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- localização: quanto mais próxima dos centros urbanos, maiores os custos com
monitoramento, por sua vez aquelas próximas às áreas de preservação também requerem
maiores cuidados.
- Custos de mitigação: são os gastos em ações para reduzir o impacto ambiental do projeto.
- Custos institucionais: são os custos do processo legais, ou seja, os gastos com: elaboração
de estudos ambientais nas etapas de planejamento, implantação, e operação; elaboração de
estudos e relatórios exigidos pelos órgãos ambientais; pagamento de multas e ações judiciais;
obtenção de licenças ambientais e; obtenção de certificações, pagamentos de seguros, dentre
outros.
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Desativar uma mina e seus componentes (lavra subterrânea, lavra a céu aberto, pilhas de estéril
e minério lixiviado, barragens de rejeitos, equipamentos, obras civis e infra-estrutura) implica em
custos e um cronograma de desembolso que deve ser planejado (Oliveira Jr. 2001).
O passivo ambiental é um produto dos impactos das atividades desenvolvidas sobre o meio
natural, envolvendo, portanto, todos os custos das atividades que sejam desenvolvidas nesse
sentido, podendo os danos ambientais serem relativos a recursos hídricos, à atmosfera, ao solo
e ao subsolo, perda da biodiversidade, danos à saúde e à qualidade de vida, impactos na
atividade econômica e, por fim, impactos sociais e culturais.
Para se estimar o cálculo dos custos é necessário se ter em mente, em primeira mão, o tipo de
lavra e as implicações ambientais decorrentes desta. Segundo Oliveira Jr. (2001) de acordo com
as características de cada tipo de lavra e formas de beneficiamento, podemos então definir
quais os objetivos da recuperação e quais as medidas a serem adotadas. A partir de então
serão definidas as ações e custos decorrentes destas.
A forma de tratar o problema proposta por Oliveira Jr. (2001) pode ser estendida para os casos
em que o empreendimento minerário já foi desativado e apresenta passivos ambientais. Os
custos ambientais deverão então ser computados da seguinte forma:
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ambientais. É inquestionável então que, diversos são os itens de custos a serem considerados
na análise financeira de passivos ambientais.
O que dizer então dos casos em que, por exemplo, foi extinta uma parcela de Floresta
Equatorial? Como calcular os custos de um passivo decorrente de um impacto irreversível?
Primeiramente devem ser levantadas algumas questões.
Os custos considerados em uma produção normalmente são os internos, ou seja, que dizem
respeito à sua contabilidade (custos de operação); os custos externos são excluídos do cálculo.
Normalmente constituem externalidades, como destruição de uma paisagem, extinção de uma
espécie, etc. Os custos associados a estes processos destruidores não são estimados
normalmente (Cavalcanti 2004).
Como então calcular ou medir o imensurável? Uma hipótese ou tentativa seria a criação de
indicadores econômico-ecológicos que estimem a degradação ambiental.
No entanto, Cavalcanti (2004) cita que o perigo de se atribuir valor monetário a bens e serviços
ecológicos é tanto de levar, por um lado, a que se acredite que eles valem aquilo que os
cálculos mostram, quanto de fazer, por outro, pensar que os ativos naturais possam ser assim
somados à ativos construídos pelo homem (ambos referidos á mesma base me dinheiro),
tornando-os substituíveis.
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cálculo de custo das ações de medidas compensatórias. Por exemplo, criação de uma
área de preservação como compensação pelo desmate feito em outra área.
Neste tópico é feita uma discussão acerca das responsabilidades legais dos passivos
ambientais.
Voltando ao primeiro caso, o trato de responsabilidades pro passivos gerados sem a exigência
legal de recuperação poderá ser feito por recorrência a Constituição Federal que obriga a
recuperação de danos ambientais por parte do agente. Outra ferramenta é a ação civil pública
instituída pela Lei n.º 4717/65 e recepcionada pela Constituição Federal, art. 5º, LXXIII, que
confere a qualquer cidadão o poder agir contra o agente que provocar danos à natureza.
Diversos instrumentos jurídicos devem ser considerados no trato desta questão, que é bastante
abrangente. Uma discussão mais consistente atingiria um nível de detalhe só alcançado por
profissionais da área judicial, além de fugir do escopo do trabalho.
Um outro tópico que não foi considerado no decorrer do trabalho mas, aqui cabe ser ressaltado
ou reafirmado, é a questão das denominadas MPE´s ou minerações de pequena escala, que se
encontram fora do marco legal. Esta poderia ser uma terceira situação de empreendimentos
geradores de passivo ambiental, mas que não foi considerada, uma vez que se convencionou
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tratar por minerador todo aquele que desenvolve qualquer atividade de extração mineral.
Portanto, sendo responsável por danos provenientes desta atividade, que venham a ocorrer.
Ressalta-se ainda o fato de existirem ferramentas legais para o trato de pessoas, naturais ou
jurídicas, que exerçam atividades minerárias sem o cumprimento das exigências legais, e que
não cabem ser aqui discutidas. Nestes casos as primeiras medidas legais a serem tomadas
dizem respeito ao cumprimento do Código de Mineração e só então parte-se para as exigências
legais ambientais.
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Desenvolvimento - PNUD
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