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ATENDIMENTO MUNICIPAL AO AUTISMO

PLANO TERAPÊUTICO DE FONOAUDIOLOGIA

CRUZEIRO DO SUL-ACRE
2021
PLANO TERAPEUTICO FONOAUDIOLOGICO PARA O TRANSTORNO ESPECTRO
AUTISTA
O fonoaudiologo tem um compromisso integral com a pessoa com Transtorno espectro
autista trabalhando em um a equipe multidisciplinar, especialmente melhorando a
comunicação das mesmas uma vez que através dela expressamos nossos sentimentos e
pensamentos, tornando-a essêncial para todo individuo.
Com base nisso, trabalhamos nos aspectos de dificuldades e alterações funções
estomatognáticas (sucção, respiração, deglutição, mastigação e articulação), adequando os
aspectos musculares, sensoriais e motores, melhorando os orgãos fonoarticulatórios
promovendo funcionalidade para melhora da comunicação (fala e linguagem).
O trabalho pode ser realizado de forma global, desenvolvimento motor e oral do paciente,
proporciando bem estar e sobretudo qualidade de vida, visando o individuo como todo e
sobretudo respeitando as limitações e o desenvolvimento de cada um, pois cada crinaça com
TEA possui sua particularidade.
OBJETIVO:
Treinar os pacientes para que sejam capazes de produzir corretamente cada um dos sons que
apresentam dificuldades. Os sons que serão treinados, seguirão a ordem da aquisição natural e
serão trabalhados um de cada vez, até que mesmos consigam produzi-los adequadamente e
estabiliza-los em sua linguagem espontânea.

Diante do exposto, trabalharemos os seguintes tópicos:


1. Percepção:
Tornar a criança consciente das características perceptuais do som alvo [r, s, l, z]; de
acordo com Helena Mota (2001), ensinar um som em uma determinada estrutura
silábica poderá resultar na utilização de outros sons que ocorrem nesta mesma
estrutura;
2. Produção:
Realizar um número suficiente de produção corretas do som alvo até que a criança use
esse som de forma consistente na fala espontânea;
Escolher sons-alvos que façam parte do repertório fonético da criança e que são
adquiridos mais cedo;
3. Questões auditivas:
Ouvir várias palavras contendo o som-alvo ou sequência de sons-alvo com uma
pequena amplificação. onde terá uma lista de palavras contendo o alvo da sessão e a
criança ouve sem repeti-las.
Para Hodson & Paden (1983), é importante que a criança use fones de ouvido que
proporcionem uma pequena amplificação do som, durante o bombardeio auditivo, pois
estudos como os de Clifton & Elliott (1982), demonstraram que as crianças com
desordens fonológicas podem ter grande dificuldade em perceber os sons sem alguma
amplificação.

4. Será utilizada na terapia de fala a ludoterapia, podendo explorar o conteúdo


interno do paciente, através do qual a criança, brincando, projeta sua interação, seja ele
adulto ou criança.

4.1 Brincadeiras: Como a criança não tem ainda a linguagem, a expressão verbal
amadurecida, sua forma natural de auto-expressão é o brincar.
As brincadeiras em grupo proporcionam as crianças o envolvimento com situações
imaginárias, onde cada uma poderá exercer papéis diferentes de sua realidade, além de
estarem necessariamente submetidas à regras de comportamento e atitude.

Santa Marli Pires dos Santos (1997), "Brincar é a forma mais perfeita para
perceber a criança e estimular o que ela precisa aprender e se desenvolver."

Jogo dos carrinhos coloridos

Colocar as rodas dos carros com a cor referente do papel. (Trabalha a


psicomotrocidade, com movimentos de pinça)

Jogo das bolinhas

Como colocar as bolinhas no copo (trabalha a concentração e agilidade)


Massinha de modelar

Quebra cabeça e Jogo da memória

Desenhos e Pinturas
Ambos são Importantes para o desenvolvimento da coordenação motora e da percepção do
individuo com o espaço em que está inserido, motivando na concentração desenvolver e
exercer sua criatividade..
Brinquedos
Com os brinquedos a criança por meio do tato, da audição, do olhar, do paladar ou do olfato,
crianças aprendem noções de tamanho, forma, som, textura e como funcionam as coisas.
Portando os brinquedos devem ter diferentes texturas, diversas cores e fazer sons variados
para desenvolver a percepção sensorial.
Através deles as crianças aprendem noções de tamanho, forma, som, textura e como
funcionam as coisas.
Brincar com brinquedos de montar e desmontar

Faz de conta
Uso de bonecas, casinhas, carrinhos, fantasias e tudo que estimule o faz de conta.

Leitura
Livros de histórias com figuras coloridas.

Observação: ALGUMAS TÉCNICAS CONVENCIONAIS E ATRAVÉS DE


EQUIPAMENTOS E RECURSOS ESPECÍFICOS TORNAMOS O ATENDIMENTO
DO AUTISTA MAIS DINÂMICO, ATRATIVO E LÚDICO.
5. Estimulação visual:
Instruções do tipo: “Olhe para mim” ou “Veja o que os meus lábios estão fazendo”
ou “Olhe no espelho e ponha sua língua na posição em que a minha está”.

6. As sessões terapêuticas serão realizadas duas vezes por semana, com duração de 40
minutos, devido a alta demanda afim de contemplar todos os pacientes.
7. Quanto a organização é realizada da seguinte forma:
 Frequencia;
 Modelo de planejamento (registros);
 Objetivos das atividades e sequencias de atividades, os aspectos do
 trabalho, se é de motricidade orofacial e outros;

8. Roda de conversa com os pais ou cuidador com o terapeuta afim de orientá-


los a realizarem atividades diariamente em casa, visando sempre o bem estar do
paciente e o sucesso da terapia, sem contar que os PAIS podem fazer trocas de
experiências. Duração de 10 minutos após a terapia
O acolhimento e o cuidado a essas crianças e a suas famílias são essenciais para que se
conquiste o maior ganho funcional possível nos primeiros anos de vida, fase em que a
formação de habilidades primordiais e a plasticidade neuronal estão fortemente
presentes, proporcionando amplitude e flexibilidade para progressão do
desenvolvimento nas áreas motoras, cognitiva e de linguagem (MARIA-MENGEL;
LINHARES, 2007).

Por isso, faz-se necessário a parceria da família e o profissional, principalmente, a


criança participando de todas as atividades que é oferecida no centro, senão o
profissional não obtém resultados satisfatórios.
HELIANA DOS SANTOS BARBARY
FONOAUDIÓLOGA CRFa 9-1867

CRUZEIRODO SUL-ACRE
2021

ATENDIMENTO MUNICIPAL AO AUTISMO

PLANO TERAPÊUTICO DE FONOMUSICOTERAPIA


CRUZEIRO DO SUL-ACRE
2021
TERAPIA MUSICAL

Este recurso utilizado para a realização das atividades lúdicas com o paciente autista,
pois esta alcança diferentes áreas da nossa psique, que dificilmente são atingidas através
de outras fontes de estímulos e de conhecimento. A música manifesta sensibilidade,
emoção, diferentes timbres, melodias e harmonias, numa forma de linguagem emocional,
que nos leva a reagir de maneira produtiva nas áreas de percepções que são somente
experienciadas através dela (BANAROW, 1999; BARRETO & SILVA, 2004). Música é a
arte dos sons que possui diferentes propriedades capazes de estimular o desenvolvimento
do paciente, atingindo de forma prazerosa não só a percepção auditiva, mas também
influenciando na movimentação do corpo, na fala propriamente dita e no pensamento
lógico e estético (GOMES, 2008).

OBJETIVO:
 Esquema corporal: é a construção mental que a criança realiza gradualmente
de acordo com o uso que faz de seu corpo, interagindo o corpo com os objetos
do seu meio e das pessoas que convive (OLIVEIRA, 2002);
 Coordenação motora global e fina: – a global está relacionado às atividades
de grandes músculos e depende da capacidade de equilíbrio postural do
indivíduo, a coordenação fina está relacionada às atividades manuais,
utilizando pequenos músculos (OLIVEIRA, 2002);
 equilíbrio estático e dinâmico: um conjunto de habilidade estática (sem
movimento) e dinâmico (com movimento), atingindo o controle postural e o
desenvolvimento das aquisições de locomoção (AGUIAR, 2007);
 lateralidade: está relacionado à capacidade que o ser humano possui de
utilizar preferencialmente um lado do corpo que o outro, podendo ser
observado na mão, no olho, no pé e na orelha (OLIVEIRA, 2002);
 Estruturação espacial: a capacidade de perceber a posição do corpo do sujeito
no espaço, assim como a posição dos objetos em relação a si mesmo e dos
objetos entre si (MUSSALEM, 2005);
 Estruturação temporal: relacionada com o tempo, é capacidade que a criança
possui em saber antes, agora e depois, lento e rápido, obedecendo a um ritmo e
dentro de um determinado tempo (SANTOS, 2007);
 Ritmo: está incluído nas noções de tempo concomitante com as noções do
espaço, originando os movimentos (ritmo) que podem ser lentos, moderados e
acelerados (AGUIAR, 2007; EL-HAGE, 2007);
 Percepção: está ligada a memória, a atenção e a consciência. Os estímulos que
chegam até nós, provocam uma sensação que nos permite a percepção e a
discriminação (AGUIAR, 2007).

Nossa proposta para terapia fonoaudiológica usando como recurso a musicoterapia, é


utilizar as letras musicais que “falem” das áreas psicomotoras, concomitante às áreas
cognitivas estimulando-as assim, conseguindo sanar dificuldades do TEA, proporcionando
melhorias em sua qualidade de vida (SANTOS, 2003).

É muito importante um ambiente preparado e propício para realizar as terapias


propostas em:
 Um local espelhado: assim, o paciente vai ter o reflexo dos seus movimentos
feitos e a do terapeuta através do espelho.
 Um aparelho de som, que reproduza as músicas com eficácia para o bom
entendimento da melodia e da letra.
 Podemos utilizar outros recursos para incrementar a terapia, como a utilização
de fantasias infantis, para alegrar o ambiente e interpretar a músicas
selecionadas, bem como brinquedos específicos, como uma boneca e carrinhos,
que ao longo da música se tornam elementos terapêuticos para reconhecimento
das estruturas corporais, estrutura espacial e temporal e como objeto de
transição de uma atividade para outra (BROOK, 2005).
 Dessas, pode-se selecionar ainda, músicas que podem ser trabalhadas em grupo
e outras que podem ser melhor exploradas em estimulação individualmente
(SANTOS, 2003).

Dentre o vasto repertório musical disponível no mercado artístico, são descritas


algumas músicas que podem ser utilizadas para estimular cada área psicomotora e cada área
cognitiva da criança com com especialidade.
A música infantil ‘Cabeça, ombro, joelho e pé’, pode ser utilizada como recurso para
estimular o esquema corporal, com o objetivo da criança reconhecer seu corpo e o corpo do
outro no espaço.
Cabeça, ombro, joelho e pé (Xuxa Meneguel)
Cabeça, ombro, joelho e pé
Joelho e pé (2x)
Olhos, ouvidos, boca e nariz
Cabeça, ombro, joelho e pé...

A coordenação motora global, entendida como a capacidade da criança realizar


movimentos amplos, pode ser estimulada partir da letra musical descrita abaixo, sendo
realizada em grupo, fazendo com que as crianças,além disso, explora-se o cognitivo à medida
que se solicita a atenção às formas realizadas na coreografia (COSTE, 1992; SANTOS, 2003).

Batalha do aquecimento (autor desconhecido)


Vamos para a batalha do aquecimento
Vamos aquecer aqui neste momento
Os braços para cima e para baixo...
A coordenação motora fina, por sua vez, trabalha especificamente o uso de
movimentos mais elaborados das mãos e dedos com o intuito de pegar objetos (preensão),
aproximá-los e manipulá-los (COSTE, 1992). Nesse caso, pode-se trabalhar essa habilidade
em grupo utilizando a música do ‘indiozinho’. Pede-se que as crianças contem representando
com os dedos, e realizam gestos para representar a boca do jacaré e o movimento do bote
quase virando no rio. Tais movimentos devem ser encenados através das mãos e as crianças
devem ficar enfileiradas como se estivessem em uma canoa. Uma dica muito importante é que
esta terapia deve ser feita em frente ao espelho para que, além de observar o colega, cada
criança se observe realizando os movimentos (SANTOS, 2003).

Os Indiozinhos (Eliana)
1,2,3, indiozinhos...4,5,6, indiozinhos
7,8,9, indiozinhos...10 num pequeno bote..

Atividade fortemente explora a integração sensorial, já que trabalha a percepção


auditiva, a propriocepção visual e a percepção do sistema vestibular.
Sugere-se para a estimulação a cantiga do ‘Saci Pererê’, pois o personagem folclórico
pula de uma perna só, e também na música tocam instrumentos musicais, criando um desafio
para criança, que terá que cantar, pular e tocar os instrumentos musicais pedidos. Adquirindo
esta etapa do equilíbrio corporal, as crianças hemiplégicas tornam-se mais confiantes em si
mesmas aumentando sua valorização pessoal (SANTOS, 2003).

O saci pererê (autor desconhecido - folclore)


O saci pererê, pula de uma perna só
Ele toca o pandeiro, toca como ele só...

A lateralidade
Identifica a dominância lateral da criança e a música ‘Rock Pock’ podemos trabalhar e
estimular a dominância lateral da criança induzindo-a a conhecer sua própria lateralidade.
Pode ser trabalhada em grupo, na qual as crianças fazem movimentos com a mão direita
depois com a mão esquerda, assim com as outras partes do corpo.
Rock Pock’ (autor desconhecido - folclore)
Eu ponho a mão direita dentro, eu ponho a mão direita fora
Eu ponho a mão direita dentro, e sacudo ela agora
Eu danço Rock e pock, rock e pock ,rock e pock
Assim é bem melhor...

A estruturação espacial
É o reconhecimento do nosso corpo no espaço, ou seja, a percepção que temos do
mundo, na qual o corpo é a principal referência (COSTE, 1992). A área psicomotora pode ser
estimulada através da cantiga ‘Periquito’, o que com que a criança vivencie noções de espaço
‘por cima, por baixo, pra frente, para trás’ (SANTOS, 2003). A letra da música diz assim:

Periquito (Folclore judeu – autor desconhecido)


Periquito, periquito parece com papa (2x)
Por baixo, por cima, pra frente e pra trás (2x)

Estruturação temporal
Está completamente relacionada ao corpo, espaço e ao tempo, na qual o corpo se
movimenta coordenando-se dentro de um determinado espaço em função de um tempo e em
relação a um sistema de referência (OLIVEIRA, 2002). Além disso, as noções temporais
como, passado, presente e futuro; antes, durante e depois estão inclusas dentro da orientação
temporal e garantem a localização dos acontecimentos temporais (SANTOS, 2007).
A música ‘O tempo’, é um ótimo recurso para estimulação temporal, pois esta trabalha
estações do ano, meses do ano, dias da semana, e também podemos estimular a emoção da
criança, com o sentimento da saudade ou o da felicidade como a letra musical apresenta.

O tempo (Bia Bedran)


Primavera, verão, outono, inverno...
Segunda-feira, terça-feira
Quarta-feira...
Janeiro, fevereiro, março, abril
Maio, junho e julho...
Passa o tempo, passa... passa o tempo sem parar
Saudade que não se mata, com o tempo vai melhorar
Mentiras soltas ao vento, o tempo vai revelar.
verdade que não se cala, chama o tempo pra contar...
Passa o tempo, passa, passa o tempo sem parar.

Ritmo (Estruturação Temporal)


Se insere na estruturação temporal, sustentando a adaptação do tempo (COSTE, 1992).
Toda criança se relaciona com os ritmos da vida desde seu nascimento: o ritmo da respiração;
o compasso dos batimentos cardíacos; o tempo de se alimentar; o aconchego do colo da mãe;
o ritmo do andar, da música; dias de sol e noites de lua; primavera, verão, outono e inverno. O
movimento da vida humana é dinâmico e segue lado a lado com a natureza (SANTOS, 2003).
A música ‘O macaquinho’, representa um personagem muito alegre e saltitante, e
realiza movimentos como pular, andar, correr. Dessa forma, conseguimos reter a atenção para
escutar seus batimentos cardíacos percebendo seu próprio corpo enquanto deitam ‘para
sonhar’ (SANTOS, 2003).

O macaquinho (autor desconhecido)


Anda, anda, anda macaquinho, anda, anda, anda sem parar...
Pula, pula, pula macaquinho, pula, pula, pula até cansar
Corre, corre, corre macaquinho, corre, corre, corre sem parar
Deita, deita, deita macaquinho, deita, deita, deita dorme até sonhar

Proporciona a estes um trabalho em terapia de forma mais lúdica e interativa. A


música, como sendo um alvo terápico tem o poder de aliviar a tensão e facilitar a linguagem.
Contribui para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor despertando a criatividade,
tornando o ambiente mais recepitivo, onde o paciente fica mais interessado e disposto.
GUSTAVO NATAL SILVA DE BRITO
FONOAUDIÓLOGO CRFa 9-1864

CRUZEIRO DOSUL-ACRE
2021

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