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A América à mesa do rei

As viagens de Descobrimentos levadas a cabo, em especial pelos por‑


tugueses e pelos castelhanos, a partir do século xv, acabaram por
promover uma revolução alimentar ao longo da Época Moderna. Se as
especiarias orientais tiveram rápido impacto na culinária portuguesa
desde o século xvi2, o mesmo não se pode afirmar de outros produtos,
especialmente os americanos. Efectivamente, entre a descoberta des‑
ses novos géneros alimentares e a sua introdução no quotidiano das
populações europeias houve um espaço de tempo considerável, embora
diferisse consoante a espécie3. Notemos que alguns desses alimentos
só se impuseram definitivamente nos séculos xviii e xix. Como é evidente,
nem todos os novos produtos descobertos foram adoptados, até por‑
que o seu cultivo nem sempre era possível na Europa de então e, em
muitos casos, o seu transporte também não se justificava, quer pelo
preço, quer pela rapidez de deterioração. Além disso, alguns precon‑
ceitos, nomeadamente o facto de os alimentos antes desconhecidos
serem utilizados pelas populações autóctones, levou a alguma descon‑
fiança e má vontade, mas a qualidade e o sabor, especialmente dos
frutos, acabaram por se impor.
Os mais significativos bens alimentares autóctones do continente
americano adoptados na alimentação europeia, embora em alguns
casos tardiamente, foram o ananás (Ananaz sativus – Lindl – Schult), a
batata (Solanum tuberosum L.), a batata­‑doce (Ipomoea batatas L.), o
cacau (Theobroma cacao L.), o milho maís (Zea mays L.), o peru (Melea‑
gris gallopavo) e o tomate (Lycopersicum esculentum Mill). A mandioca
foi a grande derrotada (Manihot esculenta). O consumo destes e de
outros novos produtos começou no próprio continente americano com
os Europeus que por lá se fixavam ou que por lá passavam. Porém, a
adopção destes géneros superou a geografia inicial, tendo lentamente
entrado no receituário português e no de outros pontos da Europa,
constituindo a grande diferença entre a alimentação da Época Medie‑
val e a da Época Moderna4. De qualquer modo, importa realçar que a
adopção deu­‑se após uma europeização dos ingredientes americanos,
isto é, depois de estes passarem a ser preparados e consumidos à
maneira dos diversos povos europeus, que os foram integrando nas
respectivas dietas.
Se a descoberta dos sabores americanos no século xvi só revolu‑
cionou definitivamente a culinária europeia dois séculos depois e se a
substituição de produtos foi o caminho mais fácil para evitar as fomes,
a consciência dos ganhos de produtividade só tenuemente se vez sentir.
Partindo da premissa de que não se pode discutir a preparação e o con‑
Isabel M. R. Mendes sumo alimentares sem ter consciência de que tais actos são consequên‑
Drumond Braga 1 cias das realidades sociais e culturais dos envolvidos, teremos sempre
FLUL presente que a cultura da alimentação é polivalente e poliglota. O acto
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 337

de comer não é susceptível de ser reduzido a um mero consumo de bens


materiais é, antes de mais, uma representação cultural. Vejamos, pois,
como foram aparecendo os sabores americanos à mesa do rei.
Do grupo dos alimentos americanos que foram entrando no
receituário português, ou seja, o ananás, a batata, a batata­‑doce, o cacau,
o milho maís, o peru e o tomate, apenas encontrámos a presença de
peru e cacau na mesa régia do período em estudo. Embora os receitu‑
ários dos séculos xvii e xviii apresentem pratos preparados com batata,
batata­‑doce e tomate5, ao mesmo tempo que a broa se vulgarizou entre
os populares de boa parte do reino, não parece que tais géneros tenham
integrado a mesa do rei, até porque estavam, na maioria dos casos,
ligados a um consumo dos pouco abastados. Já o ananás, um produto
de luxo, começará a marcar presença nas refeições das elites do princípio
do século xix6. Centremo­‑nos, então, no peru e no cacau.
O peru, uma ave galiforme selvagem originária de uma área que
se estende do leste da América do Norte até ao México, foi domesticado
pelos astecas e encontrado pelos castelhanos. Estes levaram­‑no para
Castela e, daí, a ave passou a Portugal. Para José de Anchieta7, e para
Fernão Cardim8, teriam sido os portugueses a introduzir o peru no Bra‑
sil. O êxito do peru na Europa, incluindo a Península Ibérica, foi rápido.
Inicialmente foi considerado um produto de prestígio, só presente nas
mesas abastadas. Em Castela, no final do século xvi, o receituário escrito
já registava pratos de peru. O seu consumo foi frequente na corte dos
Áustrias9. Em Portugal, o primeiro livro de cozinha impresso, a Arte de
Cozinha de Domingos Rodrigues, cuja primeira edição datou de 1680,
registava vinte e quatro receitas de peru10. Lucas Rigaud, em 1780, no
Cozinheiro Moderno ou Nova Arte de Cozinha, dedicou todo o capítulo
oitavo à ave, apresentando trinta e uma receitas com ela confecciona‑
das11. Em qualquer dos casos citados, algumas preparações culinárias
são semelhantes às de outras aves, especialmente galinha, pato e pombo,
e outras, a pratos de carneiro e de coelho.
Mesmo antes de ter entrado no receituário impresso português,
o peru fez parte de refeições quinhentistas e seiscentistas de elementos
do clero e da nobreza. No que à mesa real respeita, sabe­‑se que, por
exemplo, em 1647, quando D. Luísa de Gusmão presenteou as suas
damas, estantes no paço, com um jantar, por ocasião do auto­‑de­‑fé
celebrado a 15 de Dezembro, a refeição, presumivelmente para trinta e
quatro damas, importou 33 198 réis e meio e contou, entre os diversos
manjares, com perus assados no forno12. Na centúria seguinte, encontram­
‑se mais informações acerca do consumo desta ave na mesa real. Por
exemplo, em 1787, Beckford deu conta de uma merenda servida a
D. Maria I e à sua família, durante a qual foram apresentados perus
recheados, entre outras iguarias13.
338 a mesa dos reis de Portugal

Cacau em flor.
Rio de Janeiro, Jardim Botânico.
Foto da autora.

O médico Francisco de Mello Franco, no início do século xix, con‑


siderou o peru a ave mais útil a seguir à galinha. Depois de referir a
origem americana da ave e a sua abundância em toda a Europa, deteve­
‑se a adjectivá­‑la como deliciosa. Mas não deixou de opinar que a
domesticação do peru degenerara a ave que, então, era mais do uso de
gente abastada do que dos enfermos, pois, para efeito medicinal, a
galinha não só era mais adequada, como também era menos onerosa14.
Já então era comum o consumo do peru pelo Natal.
Muitas mais notícias se podem encontrar a respeito do consumo
do cacau15. Trata­‑se de um dos géneros mais ligados à sociabilidade
alimentar das elites da Época Moderna. O cacau é originário das bacias
dos rios Orenoco e Amazonas. Era consumido pelas populações indíge‑
nas, que aproveitavam, sobretudo, a polpa que envolvia as favas do
cacau e o óleo, que era utilizado para fins terapêuticos e também como
combustível ritual. Este fruto tinha como principais inimigos os macacos,
os ratos e diversos insectos16, que decerto terão sido os seus primeiros
consumidores. Aos animais terá também ficado a dever­‑se a dispersão
para norte, até às actuais Costa Rica e Nicarágua, e para sul, até ao
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 339

Cacau maduro na árvore.


Rio de Janeiro, Jardim Botânico.
Foto da autora.

Equador17. O cacaueiro é, nesta conformidade, uma planta das regiões


quentes e tropicais por excelência.
Os maias do período clássico (séculos iii­‑x) foram os primeiros a
cultivar cacau de forma sistemática. Nessa época, servia como moeda e
era também consumido como bebida, uma vez que aquele povo des‑
cobriu que secando, moendo e misturando as favas de cacau com água
se obtinha uma bebida: o xocolatl18. O cultivo do cacau passou para o
povo Toltec (séculos x­‑xii) e, posteriormente, para os astecas (séculos xii­
‑xvi), que não só o utilizavam como moeda e como bebida consumida
quente ou morna, à qual juntaram baunilha, especiarias e farinha de
milho, como ainda usavam a flor do cacau para curar determinados
males19. No sul da América Central, era utilizado há muito como alimento
e como bebida pelos índios, desde as actuais Honduras até à Colômbia,
passando pelo Panamá. No Brasil, algumas tribos utilizavam a polpa
desfeita em licor suave, o que, na expressão de Sebastião da Rocha Pitta,
servia de «regalado vinho aos naturais»20.
No início do século xvi, ao contactarem com os astecas, os castelha‑
nos viram pela primeira vez como aqueles apreciavam o cacau enquanto
340 a mesa dos reis de Portugal

bebida nutritiva, fortificante e afrodisíaca21. As primeiras descrições da


planta do cacau e da bebida despertaram a atenção dos europeus. Rapi‑
damente, os castelhanos deram início à exploração do cacau. A primeira
carga chegou a Sevilha em 1585, mas só no século xvii passou a haver uma
«paixão obsessiva» pelo chocolate, depois de a bebida ter sofrido diversas
transformações. A mais importante, atribuída aos carmelitas de Oaxaca
(México), consistiu em acrescentar açúcar de cana ao cacau e à baunilha,
ao mesmo tempo que suprimiam as especiarias22.
No Brasil, o cacau era espontâneo e só começou a ser obtido no
século xvii, na Amazónia. Inicialmente era colhido nos matos pelos índios,
mas, dado o seu valor económico, a Coroa mandou­‑o cultivar, por ordem
régia de 1 de Novembro de 1677. Antes, foram pouco eficazes, se não
mesmo infrutíferas, as tentativas para levar os colonos a plantarem a
variedade mais doce, o chamado cacau manso. Mesmo assim, registaram­
‑se algumas experiências23: pensemos que, em 1665, D. Vasco de Mas‑
carenhas, vice­‑rei do Brasil, pediu a Paulo Martins, capitão­‑mor da
capitania do Pará, «garfos nascidos ou sementes de cacao, para que se
podessem plantar ou semear na Bahia». Desconhece­‑se se o pedido foi
satisfeito24. Refira­‑se ainda o bem documentado interesse económico
do produto a nível internacional, antes daquela ordem régia.
Duarte Ribeiro de Macedo, enviado extraordinário a França
(1668­‑1676), extremamente preocupado em defender os interesses
económicos portugueses, não perdia a oportunidade de dar conheci‑
mento do estado do comércio internacional e das medidas proteccio‑
nistas francesas, ao mesmo tempo que fazia sugestões a respeito das
acções que Portugal deveria desenvolver. O enviado, ao ter conhecimento
– via carta datada de 22 de Outubro de 1674, de João Furtado de Men‑
donça, governador do Brasil (1671­‑1675) – que, no Pará, havia grande
quantidade de cacau, imediatamente se informou sobre a possibilidade
de o transaccionar em França25. Em outra carta, de 14 de Dezembro de
1675, Duarte Ribeiro de Macedo aconselhava que Portugal remetesse
uma amostra de cacau aos agentes do país em La Rochelle e Rouen26.
Na segunda metade do século xviii, o cultivo do cacau estendeu­‑se
com êxito ao Maranhão e à Baía, onde se aclimatou muito bem. Por volta
de 1750, chegou a representar noventa por cento da carga da frota
proveniente do Maranhão27. A partir de 1760, com a Companhia Geral
do Grão­‑Pará e Maranhão (1755­‑1778) – que tinha o monopólio do
comércio da região –, o cacau exportado via Belém representou oitenta
e dois por cento do volume global das exportações28. Entre os grupos
abastados, a moda de beber chocolate tornou­‑se uma realidade um
pouco por toda a Europa29, o mesmo aconteceu no Portugal setecentista,
contando com antecedentes documentados para a segunda metade do
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 341

D. João V tomando chocolate em casa


do duque de Lafões. Óleo sobre marfim,
1720, da autoria de A. Castrioto. Museu
Nacional de Arte Antiga, Lisboa (58 Min).
Foto: Luís Pavão/DDF/IMC.

século xvii. Veja­‑se o caso de D. Afonso VI, que em 1670 foi sangrado cinco
vezes, segundo os médicos, devido a três tipos de excessos «comer,
tabacos e chocolate»30.
O cacau revolucionou a confecção de bebidas frias e quentes,
bolos, biscoitos, cremes, pudins e gelados, se bem que de forma bem
mais moderada em Portugal do que, por exemplo, em Espanha, onde o
impacto do cacau foi francamente maior31. A moda de beber chocolate
não passou em claro aos estrangeiros que, frequentemente, aludiram
ao facto nos seus relatos sobre Portugal32. Mas, enquanto em Portugal
beber uma chávena de chocolate, pelo menos de chocolate de qualidade,
era um hábito quase sempre próprio de festas, em Espanha a democra‑
342 a mesa dos reis de Portugal

tização do consumo era, na mesma época, uma realidade mais signifi‑


cativa do que no nosso país, embora houvesse chocolateiros espalhados
por cidades como Lisboa e Porto.
Ao longo do século xviii, em qualquer ponto da Europa, o chocolate,
o chá, o café, as chamadas bebidas exóticas, foram produtos indispen‑
sáveis nos espaços de sociabilidade das elites, tais como casas de chá,
cafés, tertúlias e academias. Deste modo, quer pelo preço, quer pelo seu
significado social e cultural, o consumo de chocolate era próprio da
realeza – recordemos que D. João V foi retratado com uma chávena de
chocolate33 –, da nobreza, do alto clero e dos abastados em geral, cujos
meios de fortuna e o tempo disponíveis para as recepções e para o ócio
permitiam determinado estilo de vida.
No interior das casas particulares, o consumo era igualmente uma
realidade. A título de exemplo, veja­‑se a carta de bispo do Pará, D. Frei João
de São José de Queiroz, a Frei Manuel do Cenáculo, datada de 17 de
Setembro de 1762, na qual se pode verificar a referência à oferta de «uma
saca com duas arrobas de cacau não do cultivado mas do sertão para que
Vossa Reverendíssima resista ao frio e no estio se refresque que eu cuido
que em Galiza me ofereceram na canícula chocolate para refresco»34.
Em 1770, dando conta da prática comum de consumir chocolate,
publicou­‑se um papel intitulado Caffè Vingado no qual também se fez
alusão ao chocolate. Insistiu­‑se na cópia de modas estrangeiras rapida‑
mente adoptadas em Portugal. Aí pode ler­‑se: «Os chás, cafés, / Chocolates,
manteigas, os biscoitos, / Alfinetes, batatas, fitas, leques, / Os trajes, pen‑
teados; as mostardas, / Cozinheiros, as danças, cortezias, / A letra, a língua,
os géstos, tudo, tudo / Nos vem dos Estrangeiros, / ou nos veio»35.
Durante o século xviii, alguns estrangeiros que visitaram Portugal
não deixaram de notar o consumo de chocolate. Por exemplo, Arthur
William Costigan, em 1778, pouco depois de ter chegado ao país, referiu
numa carta que, em Tavira, ao pequeno­‑almoço, tinha tomado uma
chávena de chocolate36. Não foi esta a única vez que este estrangeiro
mencionou o consumo daquela bebida. Numa outra carta, enviada de
Lisboa no ano seguinte, ao comentar certa reunião nocturna notou que
durante a mesma fora servido chá e chocolate37. Ainda em 1779, ao
referir­‑se à época da Quaresma, escreveu que, após as procissões, eram
servidas bebidas, nomeadamente chá e chocolate38, e que, entre a
nobreza, era comum beber­‑se chocolate pela manhã, depois da missa39.
William Beckford, em Junho de 1787, ao descrever um pequeno­‑almoço
na casa do marquês de Penalva, D. Fernando Teles da Silva Caminha e
Meneses, escreveu: «A refeição, que consistia em chocolate, doces, chá
e excelente café, era servida em porcelana de Dresden, admiravelmente
pintada. Nunca assisti a um tão agradável almoço em Inglaterra. As
toalhas e guardanapos eram lindíssimos e curiosamente bordados com
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 343

armas e flores, em vermelho sobre fundo branco. Muitas salvas com


enormes morangos perfumavam a casa, de cujas janelas se via uma
grande extensão do Tejo»40.
Na corte portuguesa o chocolate era um produto bastante apre‑
ciado, tal como acontecia na sua congénere espanhola41. Na corte de
D. Maria I, foram frequentes as referências à compra do produto e à sua
utilização em diversas refeições. Por exemplo, para um jantar servido em
Queluz, a 14 de Janeiro de 1778, foram adquiridos oito arráteis de «xico‑
late ordinario» e quatro de chocolate fino. Para um outro jantar, a 8 de
Dezembro de 1778, compraram­‑se quatro arráteis de chocolate, cuja
qualidade se ignora42. Igualmente no Palácio de Queluz e também em
Dezembro, mas de 1781, num jantar servido aos músicos e num outro,
foram gastos quatro arráteis de cada vez43. Em 1785, para um jantar na
Bemposta foram destinados oito arráteis44. Mais tarde, em Novembro de
1789, por ocasião da sagração da igreja da Estrela, foram utilizadas qua‑
tro arrobas de chocolate, as quais importaram 15$36045. No mesmo ano,
a propósito da vinda do infante D. Pedro Carlos para a corte portuguesa,
a pedido de D. Carlota Joaquina, após o falecimento dos pais daquele,
os infantes Gabriel de Bourbon e Mariana Vitória de Bragança, foram
dispendidas sete arrobas de chocolate, no valor de 76$480, durante a
jornada pelo Alentejo46. Outras viagens de membros da corte portuguesa
implicaram gastos com chocolate. Numa, a Vila Viçosa, em Janeiro de
1796, foram compradas quatro arrobas que custaram 74$880. Contudo,
o valor por arrátel variava consoante a qualidade, havendo uns adquiri‑
dos por $800, outros por $600 e outros por $24047. Finalmente, em 1796,
D. Maria I, ao decidir patrocinar a mesa do duque de Lafões, D. João
Carlos de Bragança, na qualidade de marechal­‑general e governador das
armas da corte, mandou destinar­‑lhe diversos produtos, entre os quais
chocolate no valor de 26$040, o qual era de várias qualidades, pois os
preços por arrátel eram diversificados: $400, $300, $200 e $16048. Isto é,
chocolate obtido a preços mais baixos do que os antes referidos. Ainda
mais baratos foram os vinte e quatro arráteis gastos numa jornada a
Mafra, no ano seguinte, cifrados em 4$320, isto é, $180 cada arrátel49.
Ocasionalmente, temos outras informações acerca do preço do
chocolate, permitindo continuar a observar variações e, apesar de nem
sempre estar indicado, parece plausível que muitas dessas discrepâncias
de preço tivessem em conta as diferentes qualidades do produto. Em
Dezembro de 1782, uma arroba (ou seja, 14,688 quilos) custou 5$60050.
Em Agosto do ano seguinte, foi adquirida meia arroba por 3$84051. Em
Fevereiro de 1784, foram compradas duas meias arrobas, uma por 2$400
e outra por 3$84052. No ano seguinte, em Janeiro foram pagas diversas
quantias relativas a verbas de chocolate, num total de 188$160. O preço
por arrátel (um arrátel equivale a 0,459 quilos) foi de $480, $300, $240
344 a mesa dos reis de Portugal

Chocolateira em prata, da autoria


de François Thomas Germain, produzida
em 1760­‑1761. Museu Nacional
de Arte Antiga, Lisboa (1872 Our).
Foto: Luís Pavão/DDF/IMC.

e $150, de acordo com a qualidade53. Em Março, foram adquiridos ses‑


senta e quatro arráteis por 51$20054. Para um jantar, servido a 11 de Abril
de 1785, foram dispendidos $800 por seis arráteis de chocolate e $240
por igual quantidade55. Mais tarde, em 1789, uma arroba de chocolate
destinada a certas castelhanas que estavam na corte custou 4$800, e
duas outras, para as mesmas destinatárias, foram compradas a 7$68056.
Em 1790, em Janeiro e Fevereiro, compraram­‑se diversas quantidades
de chocolate, ultrapassando­‑se as 10,6 arrobas. O preço da totalidade
das compras foi de 41$28057. Em 1791, foram pagas diversas quantias
referentes a chocolate: em Janeiro, quatro arrobas por 15$360; em Julho,
duas e meia que custaram 9$600, o mesmo acontecendo em Agosto58.
Em 1792, foram adquiridas três arrobas por 19$200, no mês de Julho e
duas outras, em Dezembro, cifradas em 9$60059. Em 1793, os valores
pagos foram mais baixos. Então, três arrobas compradas em Março e
outras tantas em Abril custaram cada uma 14$400. Quatro arrobas
liquidadas em Julho e Novembro valeram, mais uma vez em cada uma
das aquisições, 19$200; e uma arroba paga em Julho custou 4$800. Ou
seja, o valor por arroba foi constante ao longo do ano60. O mesmo acon‑
teceu em 1794, ano em que foram adquiridas seis arrobas em Fevereiro,
uma em Março, seis em Maio, duas em Outubro e oito em Novembro,
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 345

todas ao preço de 4$800 cada61. No ano de 1797, a corte de D. Maria I


despendeu 2$880 por meia arroba de chocolate62. Em 1799, por arroba
e meia foram pagos 9$600, isto é, 6$400 por arroba63.
A par dos gastos com o chocolate propriamente dito, também se
registam despesas com o seu transporte e preparação. Assim aconteceu,
por exemplo, em Março de 1780, quando foram pagos $480 aos homens
que retiraram os «caixões» do barco e $100 aos que os carregaram para
a Ajuda64. Quantia semelhante, $480, foi gasta em 178165. Anos mais
tarde, em 1793, foram despendidos 43$200 pelo frete de dois caixotes
de chocolate que vieram de Espanha para a princesa D. Carlota Joa‑
quina66. No ano seguinte, nova verba, desta feita no valor de 38$400, foi
gasta para pagar o transporte de mais dois caixotes com chocolate e
biscoitos para a referida princesa do Brasil67. A preparação do chocolate
também implicava gastos: apontem­‑se os $800 pagos em 1786 a Antó‑
nio de Oliveira de Andrade por «xicolate desmanchado»68.
Beber chocolate implicou a criação de novos objectos. Referimo­‑nos
às chocolateiras, uma vez que as chávenas já eram utilizadas para beber
chá, embora se tenham fabricado algumas especificamente para o choco‑
late, de formato maior, umas vezes com asa outras vezes sem ela e, em
alguns casos, com tampa. Acredita­‑se que foi nos conventos da Nova Espa‑
nha que as chocolateiras apareceram69. Parecidas com cafeteiras, possuíam
asa e tampa com buraco, no qual era introduzido um pau, um batedor ou
molinete – de origem indígena – para bater a bebida. Inicialmente foram
produzidas de forma grosseira, em argila e em cobre, posteriormente foram
fabricadas com materiais nobres, como a prata e a porcelana.
Nesta conformidade, é natural que as chocolateiras estivessem
presentes nas casas dos abastados, como se pode verificar nos inventários
de bens. Por exemplo, D. Catarina de Bragança, rainha viúva de Carlos II da
Grã­‑Bretanha (1638­‑1705), e D. Pedro II (1648­‑1706) possuíam exemplares
de prata, cuja origem nos é desconhecida. No inventário de D. Catarina, a
chocolateira foi descrita e avaliada como: «huma chocolateira de prata
com o gonzo sem eixo tem aza e o pee de gomos e folhagens e armas
peza quatro marcos huma onça e duas oitavas ao ditto preço70 o moreni‑
lho he de pao que não entra no pezo»71. No de D. Pedro II, pode ler­‑se
«huma checolateria de prata liza com sua tapadoura, armas talhadas no
bojo seu canudo, e nelle cabo de pâo santo ondeado, e cravado peza assim
como estâ com o pâo tres marcos, tres onças e sete outavas avaliada a
prata em tres marcos, e huma onça, e ao ditto preço em dezasete mil e
quinhentos reis»72. Refira­‑se que Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, até à
data, não conseguiu localizar nenhuma chocolateira de produção portu‑
guesa, pondo a hipótese bastante pertinente de, em alguns casos, estarmos
perante tipologias confundidas com cafeteiras73.
346 a mesa dos reis de Portugal

Mais tarde, D. Maria I (1734­‑1816) também foi dona de uma cho‑


colateira de prata e de outra de folha­‑de­‑flandres. Em Maio de 1778, uma
parte da baixela de prata foi mandada limpar em França, entre as peças
contam­‑se cinco «chicolateiras», a par de cinco cafeteiras grandes lavra‑
das e de um bule grande74. Antes já tinham sido adquiridas duas cho‑
colateiras de folha­‑de­‑flandres, no valor de $16075. Em 1780, a Casa Real
registou diversos pagamentos de peças de prata, entre os quais se con‑
tava um referente a uma chocolateira feita por António Rodrigues de
Leão, a par de outras de folha­‑de­‑flandres, cujo artífice desconhecemos:
uma grande avaliada em $550, uma mais pequena, no valor de $450 e
uma terceira com o bico de prata que custou $36076. Por seu turno, os
paus de bater o chocolate custavam $400 cada, de acordo com um
pagamento efectuado em Maio de 178577.
Além de se beber, também se comia chocolate. Isto é, se o consumo
de cacau começou com a ingestão de uma bebida, à medida que o
tempo foi passando, os cozinheiros foram aproveitando as potenciali‑
dades do cacau na culinária para bolos, pudins, biscoitos, cremes,
mousses, gelados e licores. Mesmo assim, a maneira como se procedia
ao tratamento do cacau, antes de este ser transformado em bebida, e a
confecção da própria bebida foram sendo explicadas pelos autores desde
o seiscentista Domingos Rodrigues aos setecentistas Bluteau, Francisco
Borges Henriques, João Daniel e outros. Efectivamente, até ao século xix,
raramente se encontram receitas de doces confeccionados com o refe‑
rido ingrediente – entre as excepções contam­‑se conservas de café e de
chocolate e um creme de baunilhas, chocolate e café, apresentados por
Lucas Rigaud, sucessivamente plagiado. No século xviii, aparece ainda
uma calda de chocolate para nevar, no primeiro livro de doçaria portu‑
guesa, a Arte nova e curiosa78. A partir do século xix, a situação altera­‑se.
Às receitas de chocolate para beber, juntam­‑se algumas pretensamente
dietéticas, os chamados chocolates de saúde, também eles bebidas, e
começam a aparecer outras receitas diversificadas. Além dos cremes de
chocolate, porventura os mais populares, dado que foram objecto de
receitas em mais de uma dúzia de títulos diferentes, encontramos tam‑
bém receitas de molhos, gelados e sorvetes, pudins, biscoitos, bolinhos,
bolos, bombons, rebuçados, pastilhas e até de licores. Autores mais
sofisticados, como João da Mata e Olleboma, apresentaram, respectiva‑
mente, profiteroles e mousses e soufflés de chocolate79.
Em suma, apesar de a batata, a batata­‑doce e o tomate serem
actualmente produtos que integram a alimentação quotidiana de boa
parte da população portuguesa, tal só passou a acontecer de forma
recorrente a partir do século xviii. Por seu lado, o milho, que se popula‑
rizou através da panificação, difundiu­‑se mais cedo. Contudo, estes
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 347

produtos americanos baratos e pouco prestigiados começaram por ser


utilizados para fazer face às carências endémicas das populações e, sem
usufruírem de qualquer tipo de prestígio, estiveram ausentes das mesas
régias. A situação conhecerá alterações no século xix. O mesmo não
aconteceu com o cacau e com o peru, consumos valorizados desde cedo
e associados, em especial o primeiro, ao luxo e à sociabilidade dos pri‑
vilegiados à mesa. A América à mesa do rei, durante toda a Época
Moderna, foi praticamente sinónimo do hábito de tomar chocolate.

1 *
Professora auxiliar com Agregação e de nomeação 9
María de los Ángeles Pérez Samper, «La integración
definitiva da Faculdade de Letras da Universidade de los productos americanos en los sistemas ali‑
de Lisboa. isabeldrumondbraga@hotmail.com mentarios mediterráneos», XIV Jornades d’Estudis
2
Sobre as especiarias, cf. Luís Filipe F. R. Thomaz, Històrics Locals. La Mediterrània Àrea de Convergèn‑
«Especiarias do Velho e do Novo Mundo (notas cia de Sistemas Alimentaris (segles v­‑xviii), [Palma de
histórico­‑filológicas)», Arquivos do Centro Cultural Maiorca], Institut d’Estudis Baleàrics, 1996,
Português, vol. 24, Lisboa, Paris, 1995, pp. 219­‑345. pp. 136­‑139.
Veja­‑se também: Idem, A questão da pimenta em 10
Domingos Rodrigues, Arte de Cozinha, Sintra, Cola‑
meados do século xvi. Um debate político do governo res Editora, 2001. A primeira edição é de 1680.
de D. João de Castro, Lisboa, Universidade Católica 11
Lucas Rigaud, Cozinheiro Moderno ou Nova Arte de
Portuguesa, Centro de Estudos dos Povos e Cultu‑ Cozinha, Sintra, Colares Editora, 1999. A primeira
ras de Expressão Portuguesa, 1998; Marília dos edição é de 1780.
Santos Lopes, Ao cheiro desta canela. Notas para a
história de uma especiaria rara, [Lisboa], Montepio
12
O documento foi revelado e publicado por José da
Geral, Público, 2002. Cunha Saraiva, «Um jantar no século xvii», Feira da
Ladra, t. 3, Lisboa, 1931, pp. 161­‑167.
3
Veja­‑se, por exemplo, Brian Cowan, «New Worlds,
New Tastes. Food Fashions after the Renaissance»,
13
Diário de William Beckford em Portugal e Espanha,
Food: The History of Taste, dir. de Paul Freedman, introd. e notas de Boyd Alexander, trad. e pref. de
Londres, Thomas and Hudson, 2007, p. 213. João Gaspar Simões, 3.ª ed., Lisboa, Biblioteca
Nacional, 1988, p. 150.
4
Isabel M. R. Mendes Drumond Braga, A herança das
Américas em Portugal. Trópico das cores e dos sabo‑
14
Francisco de Mello Franco, Elementos de Hygiene, ou
res, Lisboa, CTT Correios, 2007. Dictames para conservar a Saude e prolongar a Vida,
2.ª ed., Lisboa, tipografia da Academia, 1819, p. 143.
5
Idem, «O livro de cozinha de Francisco Borges
Henriques», Do primeiro almoço à ceia. Estudos de
15
Cf. I. M. R. M. Drumond Braga, A herança das Amé‑
história da alimentação, Sintra, Colares Editora, ricas em Portugal..., pp. 133­‑221; Idem, «O caminho
2004, pp. 61­‑99, Idem, «Alimentação, etiqueta e de uma delícia», Revista de História da Biblioteca
sociabilidade em Portugal no século xviii», Cultura, Nacional, n.º 6, Rio de Janeiro, 2005, pp. 62­‑65;
religião e quotidiano. Portugal século xviii, Lisboa, Idem, «O chocolate à mesa: sociabilidade, luxo e
Hugin, 2005, pp. 165­‑231. exotismo», Colóquio Formas e Espaços de Sociabili‑
dade. Contributos para uma História da Cultura em
6
Idem, Os menus em Portugal. Para uma história das Portugal, Lisboa, Universidade Aberta, 2008
artes de servir à mesa, Lisboa, Chaves Ferreira Publi‑ [CD­‑Rom]; Leila Mezan Algranti, «´Bebida dos
cações, 2006. deuses’: técnicas de fabricação e utilidades do
7
José de Anchieta, Cartas, informações, fragmentos chocolate no império português (séculos xvi­‑xix),
históricos e sermões (= Cartas Jesuíticas III – O império por escrito. Formas de transmissão da
1554­‑1594), Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, cultura letrada no mundo ibérico séculos xvi­‑xix, org.
1933, p. 428. de Leila Mezan Algranti e Ana Paula Megiani, São
8
Fernão Cardim, Tratados da terra e gente do Brasil, Paulo, Alameda, 2009, pp. 403­‑426.
transcr., introd. e notas por Ana Maria Azevedo, 16
Paul Le Cointe, A cultura do cacau na Amazónia, 2.ª
Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações ed., Rio de Janeiro, Tipografia do Ministério da
dos Descobrimentos Portugueses, 1997, p. 159. Agricultura, 1934, pp. 1, 20.
348 a mesa dos reis de Portugal

17
Nikita Harwich, Histoire du chocolat, Paris, Éditions de Portugal, dir. de Joel Serrão, 2.ª ed., vol. 1, Porto,
Desjonquères, 1992, p. 12. Figueirinhas, 1983, pp. 419­‑423; José Jobson de
18
Sobre as mais diversas ideias acerca da etimologia Andrade Arruda, «A produção económica», O Im‑
da palavra chocolate, cf. Ignacio H. de la Mota, El pério Luso­‑Brasileiro. 1750­‑1822, coord. de Maria
libro del chocolate, Madrid, Pirámide, 1992, Beatriz Nizza da Silva (= Nova História da Expansão
pp. 100­‑106. Portuguesa, dir. de Joel Serrão e A. H. de Oliveira
Marques, vol. 8), Lisboa, Estampa, 1986, pp. 100­‑108;
19
Gregorio Bondar, A cultura do cacao na Bahia, São Maria Beatriz Nizza da Silva, «Cacau», Dicionário da
Paulo, Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, história da colonização portuguesa no Brasil, coord.
1938, pp. 7­‑9; Elise Gaspard­‑David, l’homme et le de Maria Beatriz Nizza da Silva, Lisboa, Verbo, 1994,
chocolat, Lyon, Le Léopard d’Or, 1991, pp. 23­‑40; p. 119; Lucinda Saragoça, Da «Feliz Lusitânia» aos
Nikita Harwich, Histoire du chocolat..., p. 23. confins da Amazónia (1615­‑62), pref. de Joaquim
20
Sebastião da Rocha Pitta, Historia da America Por‑ Veríssimo Serrão, Lisboa, Cosmos, Câmara Munici‑
tugueza, Lv. I, Lisboa Ocidental, Oficina de José pal de Santarém, 2000, pp. 96 e 170.
António da Silva, 1877, pp. 33­‑34. 29
Sobre o percurso destes géneros na Europa cf.
21
Sobre o uso do cacau na época pré­‑colombina, cf. Fernand Braudel, Civilização material, economia e
Annie Perrier­‑Robert, Le chocolat. Les carnets gour‑ capitalismo séculos xv­‑xviii, trad. de Telma Costa, t.
mands, [s.l.], Éditions du Chêne, 1998, pp. 7­‑15; 1, Lisboa, Teorema, 1992, pp. 213­‑223; Carson I. A.
Maguelonne Toussaint­‑Samat, A History of Food, 5.ª Richie, Comida e civilização. De como a história foi
ed., trad. de Anthea Bell, Oxford, Blackwell, 1999, influenciada pelos gostos humanos, trad. e notas
pp. 574­‑576; Katherine Khodorowsky, Hervié de José Labaredas, Lisboa, Assírio & Alvim, 1995,
Robert, 100% Chocolat. La sage du chocolat enrobée pp. 156­‑158, 169­‑173; Maguelonne Toussaint­
de 40 recettes gourmandes, Paris, Solar, 2001, ‑Samat, A History of Food..., pp. 574­‑606; M. A. Pérez
pp. 7­‑10; Chocolate, trad. de Ana Maria Chaves, Samper, «La alimentación en tiempos del empe‑
Porto, Asa, 2003, pp. 6­‑7. rador : un modelo europeo de dimensión univer‑
22
G. Bondar, A cultura de cacao..., p. 14 ; Nikita sal», Carlos V. Europeísmo y universalidad, coord. de
Harwich, Histoire du chocolat..., pp. 59­‑65; Alain Juan Luis Castellano, Francisco Sánchez­‑Montes
Huetz de Lemps, «Boissons coloniales et essor du González, vol. 5, Madrid, Sociedad Estatal para la
sucre», Histoire de l’alimentation, dir. de Jean­‑Louis Conmemoración de los Cententenarios de Felipe
Flandrin e Massimo Montanari, Paris, Fayard, 1996, II y Carlos V, 2001, pp. 515­‑516; Caroline Le Mao,
p. 632. «A la table du Parlement de Bordeaux: alimentation
et auto­‑alimentation chez les parlamentaires
23
Pedro Calmon, História do Brasil, vol. 3, Rio de
bordelais au début du xviiie siècle», Du bien manger
J a n e i ro, L i v r a r i a d e J o s é O l í m p i o, 1 9 5 9 ,
et du bien vivre à travers les ages et les terroirs, [s.l.],
pp. 737­‑738.
Maison des Sciences de l’Homme d’Aquitaine,
24
G. Bondar, A cultura de cacao..., p. 23. 2002, p. 158. Sobre a sua difusão no Brasil, cf. Luís
25
Apud. Virgínia Rau, «Política económica e mercan‑ da Câmara Cascudo, História da alimentação no
tilismo na correspondência de Duarte Ribeiro de Brasil, vol. 1, Belo Horizonte, Itatiaia, São Paulo,
Macedo (1668­‑1676)», Estudos sobre História Econó‑ Universidade de São Paulo, 1983, p. 300, vol. 2,
mica e Social do Antigo Regime, Lisboa, Presença, pp. 423­‑425; José Newton Coelho Meneses,
1984, p. 251. Cf. também Ana Maria Homem Leal O continente rústico. Abastecimento alimentar nas
de Faria, Duarte Ribeiro de Macedo. Um diplomata Minas Gerais setecentistas, Diamantina, Maria
moderno (1618­‑1680), Lisboa, Ministério dos Negó‑ Fumaça, 2000, p. 117.
cios Estrangeiros, 2005, p. 365. 30
Lisboa, ANTT, MNE, caixa 558, doc. 49.
26
V. Rau, «Política económica...», p. 252. 31
Montserrat Gispert Cruells, «Las plantas americanas
27
Jacques Marcadé, «O quadro internacional e impe‑ que revolucionaron los guisos, aderezos y repos‑
rial», O Império Luso­‑Brasileiro. 1620­‑1750, coord. de tería de la comida occidental», Los sabores de
Fréderic Mauro (= Nova História da Expansão Por‑ España y América. Cultura y alimentación, Huesca,
tuguesa, dir. de Joel Serrão e A. H. de Oliveira La Val de Onsera, 1999, pp. 227­‑228; María de los
Marques, vol. 7), Lisboa, Estampa, 1991, p. 66. Ángeles Pérez Samper, «Comer, beber y divertirse»,
A título de exemplo, cf. os mapas das exportações Fiesta, juego y ocio en la historia, dir. de Ángel Vaca
dos produtos do Maranhão em 1776 e 1778 publi‑ Lorenzo, Salamanca, Universidad de Salamanca,
cados in As gavetas da Torre do Tombo, vol. 6, Lisboa, 2003, pp. 210­‑215.
Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1967, 32
Carlos Veloso, A alimentação em Portugal no século
pp. 431­‑433. xviii nos relatos dos viajantes estrangeiros, Coimbra,
28
Manuel Nunes Dias, «Cacau», Dicionário de História Minerva, 1992, p. 128.
A mesa dos reis. Espaços, objectos e utências A América à mesa do rei 349

33
Cf. Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga, D. João 58
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3616.
V servido de uma chávena de chocolate pelo duque 59
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3617.
de Lafões. Miniatura assinada por A. Castrioto
(1720).
60
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3619.
34
Évora, BPE, Cod. cxxvii/1­‑5, n.º 142.
61
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3620.
35
Apud Maria Antónia Lopes, Mulheres, espaço e
62
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3625.
sociabilidade. A transformação dos papéis femininos 63
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3628.
em Portugal à luz de fontes literárias (segunda 64
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3598.
metade do século xviii), Lisboa, Horizonte, 1989,
p. 77.
65
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3599.
36
Arthur William Costigan, Cartas sobre a sociedade e
66
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3619.
os costumes de Portugal. 1778­‑1779, vol. 1, trad., pref. 67
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3620.
e notas de Augusto Reis Machado, Lisboa, Lisóptica, 68
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3609. Sobre os gastos com
1989, p. 54. a preparação do chocolate, cf. Lisboa, BNP, Cod.
37
Idem, Cartas sobre a sociedade..., vol. 2, p. 43. 7376 [Receitas de milhores doces e de alguns
38
Idem, Cartas sobre a sociedade..., vol. 2, p. 79. guizados particullares e remedios de conhecida
experiencia que fes Francisco Borges Henriques
39
Idem, Cartas sobre a sociedade..., vol. 2, p. 167. para o uzo da sua caza. No anno de 1715. Tem seo
40
Diário de William Beckford em Portugal e Espanha, alfabeto no fim. 1715­‑1729], fol. 62.
3.ª ed., introd. e notas de Boyd Alexander, trad. e 69
Nikita Harwich, Histoire du chocolat..., p. 66.
pref. de João Gaspar Simões, Lisboa, Biblioteca
Nacional, 1988, p. 52.
70
Isto é, cada marco de prata valia 5600 réis.
71
V. Rau, Inventário de bens da rainha da Grã­‑Bretanha
41
Sobre o consumo de chocolate na corte de Espa‑
D. Catarina de Bragança, Coimbra, Imprensa da
nha, cf. María de los Ángeles Pérez Samper, «La
Universidade, 1947, p. 57.
integración de los productos americanos...»,
pp. 118­‑121. 72
Inventario post mortem del­‑rei D. Pedro II, ed. e
introd. de Virgínia Rau e Eduardo Borges Nunes,
42
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3593.
Lisboa, Instituto de Alta Cultura, Centro de Estudos
43
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3599. Históricos anexo à Faculdade de Letras da Univer‑
44
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3608. sidade de Lisboa, 1969, pp. 46­‑47.
45
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3612. 73
Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, Artes da mesa em
46
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3612. Portugal do século xviii ao século xxi, Porto, [s.n.],
2002, p. 33.
47
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3623. 74
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3594.
48
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3624. 75
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3594.
49
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3624. 76
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3598.
50
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3601. 77
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3607.
51
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3602. 78
Arte Nova e Curiosa para Conserveiros, e Copeiros e
52
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3606. mais Pessoas que se ocupam em fazer Doces e Con‑
53
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3608. servas com Frutas de várias qualidades e outras
54
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3608. muitas Receitas particulares da mesma Arte, estudo
e actualização do texto de Isabel M. R. Mendes
55
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3607. Drumond Braga, Sintra, Colares, 2004.
56
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3612. 79
I. M. R. M. Drumond Braga, A herança das Américas...,
57
Lisboa, ANTT, CR, caixa 3614. pp. 201­‑206.

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