Moisés
Curitiba-PR
2019
Copyright by Jefferson Moises Santos da Silva 2019
Revisão
Álvaro Posselt
Ilustração
Internet
Impressão e acabamentos
Ogg Digital Grafica
ISBN 978-65-901180-0-4
CDD: 158.1
e a você!
Ao compor um verso
respiro e nele insiro
todo o universo
Alvaro Posselt
Introdução
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– Com o que você se preocupa mais: comer, beber ou
respirar?
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E assim você pode utilizar o controle da respiração
como uma estratégia metacognitiva capaz de atuar no
controle da ansiedade, aumento do poder de concentração,
fortalecimento da autoestima, aperfeiçoamento das relações
interpessoais e vivência da prática meditativa visando a
melhoria da qualidade de vida nos mais diversos ambientes
sociais, entre eles, escolas, academias e empresas dos mais
variados setores.
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Primeira parte
Respire, você está vivo!
Para quem está cansado, tenso, estressado, ansioso,
deprimido ou sofrendo de uma terrível síndrome do pânico,
nada melhor do que respirar! Não da maneira habitual, como
se respira na correria do dia a dia, mas respirar de forma lenta,
profunda e ritmada, aliando a isso pequenas pausas
respiratórias sem ar nos pulmões.
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De acordo com Ramacharáca, um renomado yogue
indiano que viveu no século passado, a porcentagem de seres
humanos civilizados que respiram corretamente é muito
pequena. O resultado disso se evidencia no peito contraído,
nos ombros curvos, no terrível aumento das doenças dos
órgãos respiratórios e também nos casos de ansiedade e
depressão.
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Diversas fórmulas podem ser criadas para facilitar
os momentos em que somos invadidos pelo medo, tristeza,
raiva ou ansiedade, mas o que importa agora é
primeiramente aprender que existe na respiração algo mais
que trocas gasosas e fazer um bom uso deste novo capital de
conhecimento.
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Trata-se de uma reforma do pensamento que, na
opinião do filósofo Edgard Morin, permite o pleno emprego
da inteligência para responder a desafios interdependentes,
permitindo a ligação das culturas dissociadas. Uma reforma
paradigmática, concernente à nossa aptidão para organizar
este conhecimento totalmente novo, que é cultivar o hábito de
se estar presente em cada respiração para assim começarmos a
descobrir, como escreveu Paulo Freire, que é possível um vir a
ser mais como seres evolutivos.
***
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A SER A PRINCIPAL DOENÇA NO MUNDO. Sendo que
nos mesmos estudos a ansiedade estava na origem de 40% dos
casos de depressão.
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momento da apresentação em uma escola. O tema foi
justamente sobre os efeitos da ansiedade na aprendizagem, que
acabou sendo o título do meu primeiro livro.
Surpreso, indagou:
Questionei a plateia:
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– O que é mais importante: comer, beber ou respirar? A
resposta é simples, esclareci. Enquanto estou conversando
com vocês, ninguém precisou comer nem beber absolutamente
nada. Mas já usamos, aproximadamente, trinta ou mais das
vinte mil respirações que fazemos diariamente.
– Respire Fundo!
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Segunda parte
Respira a ti mesmo
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Inspirando, eu acolho meu sofrimento; expirando,
eu o devolvo em forma de amor.
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é algo para sempre. Ainda que façam bem, sabemos que
existem diversos efeitos colaterais.
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desgovernada e cometem muitos erros por simples falta de
atenção.
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Estamos respirando em todo lugar e a todo instante,
seja caminhando, dirigindo, aguardando na fila a nossa vez de
ser atendido ou mesmo no elevador enquanto aguardamos o
andar escolhido, por isso é possível realizar a seguinte técnica
respiratória:
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preocupação muito maior e acabamos nos esquecendo de
respirar?
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Terceira parte
Respirando complexidades!
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Tudo isso por conta da própria cobrança que
impomos a nós mesmos. Uma cobrança decorrente do modo
de pensar ocidental que, segundo Edgar Morin, é uma cultura
de especialização que tende a fechar sobre si mesma. Sua
linguagem torna-se esotérica, não somente para o mais
comum dos cidadãos, mas também para o especialista de
outra disciplina.
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Meditação, como o próprio Krishnamurti (1895-1986)
fez questão de enfatizar, não é um escape do mundo; não é
atividade egocêntrica, isolante, porém, antes, a compreensão
do mundo e seus costumes. Pouco tem o mundo para oferecer
além de alimento, roupa e morada, e do prazer e suas aflições.
Meditação é um movimento para fora deste mundo, pois
temos de estar totalmente fora dele. Então, o mundo tem
significação e é constante a beleza do céu e da Terra. Então, o
amor não é prazer. Daí nasce uma ação que não é resultado
da tensão, da contradição, da busca de autopreenchimento ou
da arrogância do poder.
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respiração. No próprio yogasutras está escrito que a mente
torna-se calma pela exalação e retenção sem ar.
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tibetano entoará o mantra om mane padme hum, que quer dizer
“a joia na flor de lótus”, com a finalidade de se libertar dos
sofrimentos causados pelo orgulho, inveja, desejo, ganância,
etc.
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O mais importante, e Krishnamurti esclarece isso
muito bem, é começar pela “outra margem”, por aquilo que
não se conhece, pois quando começamos pelo que já é
conhecido, isso fortalece ainda mais os nossos
condicionamentos.
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Portanto, não podemos enfatizar que meditar seria
um conhecimento subjetivo. Ele é subjetivo da perspectiva de
nossa relação com questões mensuráveis e quantificáveis. Por
outro lado, questões objetivas, nessa mesma perspectiva, não
podem ser consideradas objetivas no aspecto meditativo, pois
para esse, o objetivo é justamente aquilo que os métodos
quantificantes e qualificantes não são capazes de qualificar
nem de mensurar.
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instantaneidade, característica do mundo atual, pode nos
colocar em um mundo de produtos descartáveis e
adquiríveis. O conhecimento não é nenhum nem outro.
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No que concerne à atenção dedicada à respiração na
criação cênica, é voz corrente a importância da respiração na
criação e na interpretação de um papel a ponto de os atores
afirmarem que “atuar é respirar”.
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E é esse sentido que, segundo Paz, forma o mundo do
ser humano. Um mundo que tolera a ambiguidade, a
contradição, a loucura ou a confusão, não a carência de
sentido. O próprio silêncio está povoado de signos.
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antes de se desmanchar, ergue-se numa plenitude na qual tudo
– forma e movimento, impulso para cima e força da gravidade
– alcança um equilíbrio sem apoio, sustentado em si mesmo.
Esse instante conteria todos os instantes, pois sem deixar de
fluir, o tempo se detém repleto de si.
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Da mesma forma, B.K.S. Iyengar, mestre em yoga
mundialmente conhecido, fala-nos que a respiração é a base
do yoga e que no coração do yoga está o PRANA, a energia da
vida que forma o mundo e que também se encontra no interior
de cada ser humano, esperando ser percebida e realizada.
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Já para o psicopedagogo Jorge Visca, a aprendizagem não é
algo que se restringe à escola. A escola, obviamente, transmite
uma série de conhecimentos, mas não é somente na escola
que se aprende. A aprendizagem é algo que acontece no
sujeito que aprende.
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Refiro-me aqui à sabedoria como sendo o exercício
daquela “ética vivaz” mencionada por Paulo Freire e que é
indispensável para a convivência humana. A ética que se sabe
afrontada na manifestação discriminatória de raça, de gênero,
de classe. É por essa ética inseparável da prática educativa,
não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou adultos,
que devemos lutar.
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De acordo com Barbosa Silva, autora do livro Mentes
inquietas, a ansiedade pode ser definida como uma reação
bioquímica e comportamental, que tem suas origens na reação
de ataque e fuga que se manifesta como uma expressão do
instinto de conservação.
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O que nos faz pensar que há muito que se aprender
sobre esta metáfora da vida que é a respiração, conforme fica
evidente no depoimento dado por uma aluna da 5ª série que,
ao ser questionada sobre o que havia aprendido em relação à
sua respiração, respondeu:
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Quarta parte
Respirar é preciso
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“Porque respirar não tem gosto”, ou então, “você não
tem que se preocupar em comprar, pois é de graça!”, ou
mesmo, “respirar é algo que acontece naturalmente, mesmo
que respirando errado”.
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“É uma sensação estranha de querer que as coisas aconteçam
rapidamente. Um nervosismo”;
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Não é meu objetivo entender tal mecanismo, pois
como diz um provérbio popular indiano: “se alguém foi ferido
por uma flecha, você primeiro salva a pessoa e depois procura
o arqueiro”.
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No mundo todo, crianças, jovens, adultos e idosos
estão sofrendo de ansiedade e fazendo uso de medicação. Ao
invés de medicação, sugiro mais respiração!
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No começo, eu levava semanas para me recordar da
respiração, depois dias, e agora minha distração é questão de
minutos. Estou quase que a todo instante em mindfulness, ou
seja, em estado de atenção plena sobre minha respiração.
A resposta é:
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Quando respiramos profundamente, descobrimos a
verdadeira paz. Compreendemos que a alma, ya, está fazendo
todo o seu trabalho, kri.
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daquilo que nos é vital, como é o caso da respiração, mostra
que estamos ao mesmo tempo distantes e presentes.
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Quinta Parte
Virando a ansiedade de cabeça para baixo
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Você quer ser um agente de transformação? Pense
nisso! E comece, literalmente, dando uma virada contra a
ansiedade. Claro, trata-se de um alívio e não da libertação
propriamente dita que requer também atividade esportiva e
psicoterapia.
Viparita karani
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Sempre que sou convidado para participar de uma
palestra em escolas, empresas ou academias, procuro
esclarecer que a técnica da respiração profunda envolvendo o
alongamento diafragmático é algo que tem origem na hatha
yoga com a finalidade de melhorar a capacidade respiratória,
garantindo um corpo mais saudável. Tanto que agora escrevo
este guia de aprendizagem para demonstrar que o controle da
ansiedade envolve necessariamente o controle da respiração,
pois a ansiedade é um sintoma de respiração difícil ou
bloqueada. E a inversão auxilia na liberação da tensão
diafragmática promovendo um massageamento nos órgãos
internos.
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completo o ar dos pulmões. Só então é que devemos iniciar
uma respiração profunda, que virá acompanhada de uma
suave expansão do abdômen.
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Outros casos interessantes fazem parte do tempo que
trabalhei com crianças pequenas e pedia para que elas
completassem a frase: quando eu respiro, sinto...
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Em seguida, pedi que imaginassem uma luz azul
invadindo a mente e começassem a pensar somente em
situações alegres e, mais uma vez, observassem a respiração.
Stella escreveu:
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Então concluí que a respiração muda sim!
De acordo com seus sentimentos.
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Ele ficou sem responder.
– Deu, tio!
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Decidi brincar com o Cauan de jogo do pensamento.
Até então uma simples estratégia para mantê-lo em silêncio e
concentração, mas que revelou uma intrigante descoberta.
– E agora?
– Triângulo!
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Um círculo com um triângulo desenhado dentro,
visto numa dimensão superior a que eu enviei, ou seja, minha
imagem foi transformada por ele em algo tridimensional
dando origem a um cone, um chapéu de palhaço! Algo que
sequer passou pela minha imaginação.
– Opa! – digo.
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– Comecem novamente.
E assim segue...
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É como quando movimentamos o sofá da sala e
embaixo dele encontramos poeira acumulada.
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Começam a surgir também sintomas como dores de
cabeça, dores nas costas, sentimentos de baixa autoestima,
preocupações, inseguranças, e é claro, a ansiedade e a
depressão. Não há mais como escapar, é uma vontade maior
que agora se sobrepõem à nossa própria vontade e que diz:
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a) Sente-se preferencialmente com a coluna ereta;
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f) Volte a respirar pela narina direita de forma lenta,
profunda e ritmada;
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Novamente, é importante lembrar aqui a mensagem
de Krishnamurti que diz que o mais importante é começar
pela outra margem. Começar por aquilo que não se conhece.
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Significa reconhecer que além de não termos o
controle de certas situações, nada nos pertence de fato. Tudo
são empréstimos. Até mesmo este corpo que possuímos é
emprestado. Vamos ter que o deixar algum dia. Para dar um
passo à frente, preciso deixar o que ficou para trás.
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Ainda sobre desapego, existe uma estória que diz
mais ou menos assim:
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me de coordenar os movimentos, esqueço-me da respiração.
Lembro de volta e, assim, vou respirando, vivendo... Ao
mesmo tempo em que percebo a enormidade de pessoas à
minha volta que sequer fazem ideia do que é respirar.
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De fazer com que ela, assim como a onda antes de se
desmanchar, alcance, como na poesia de Octávio Paz, “um
equilíbrio sem apoio sustentado em si mesmo num instante
que contém todos os instantes e que, sem deixar de fluir, o
tempo se detém repleto de si”.
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Sexta parte
Respiro, logo existo!
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“Respirar todo mundo respira, o negócio é saber
respirar”.
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O que acontece, porém, é que a maioria das pessoas
respira, por assim dizer, para não morrer; uma respiração
meramente fisiológica e inconsciente.
Em outras palavras:
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ele era. É este homem exterior que tem que se abrir,
entregar-se e mudar.
– Eu estava doente!
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Lembrando que se você suspeita estar com depressão,
procure logo um psiquiatra. Assim como você, eu também
evitava tomar os remédios.
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Sétima parte
Respirando a gente se aprende!
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Respiração baixa:
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respirar, pois, inconsciente do que está fazendo e portanto, de
maneira incontrolável, mantém contra sua respiração um
sistema de tensões motoras tais como o tensionamento do
diafragma, da garganta e o estufar do peito para parecer dono
de si mesmo.
Respiração média:
Respiração alta:
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cotovelos junto ao corpo, deixando que as pontas dos dedos se
direcionem para o pescoço. Em seguida, descanse as palmas
das mãos nesse ponto e respire somente nessa região, sem
movimentar as demais, baixa e média.
Respiração profunda:
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Os benefícios dessa respiração são inúmeros. Dentre
eles, na opinião de Hermógenes, podemos citar a melhoria da
qualidade do sangue pela maior eliminação de gás carbônico,
desenvolvendo sensivelmente a resistência orgânica e
aumentando notavelmente a energia psíquica; desenvolve a
autoconfiança, o autodomínio e o entusiasmo para viver.
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Últimos suspiros
Respire fundo!
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Agradecendo a preciosa informação, o filósofo fez
depois a mesma pergunta para o terceiro operário e, para o
espanto de seu discípulo, o operário respondeu: “Estou
participando da construção de uma belíssima catedral. Vocês
querem participar?”.
Com amor,
Prof. Moisés
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Sobre o autor
Jefferson Moisés Santos da Silva – o prof. Moisés -
estudou da educação infantil ao ensino médio em São
Bernardo do Campo – São Paulo. Curitibano por adoção,
possui formação em ciências contábeis e pedagogia, com pós-
graduação em psicopedagogia clínica e institucional. É
também instrutor de yoga e de meditação com
aperfeiçoamento na Índia. Aprofundou seus estudos na
Faculdade de Teologia da Itália Setentrional em Milão.
No campo profissional desenvolve, desde 2001,
atividades de yoga e meditação mindfulness em empresas,
academias e escolas através de palestras, workshops e cursos
de capacitação com o objetivo de diminuir a ansiedade,
fortalecer a concentração, aumentar a criatividade, melhorar a
qualidade do sono e contribuir para o desenvolvimento da
inteligência emocional e dos relacionamentos interpessoais.
É de sua autoria os livros “Os efeitos da ansiedade na
aprendizagem”, “Rebeldia sem prosa” e “A teologia da
gaivota”.
yogamoises@hotmail.com
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