INTRODUÇÃO À
TEOLOGIA
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Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
REFLEXÃO INICIAL
Aurélio Agostinho, Bispo de Hiponna e doutor da Igreja Antiga, que viveu em fins do
séc. IV e início do séc. V, gostava de argumentar, com muita propriedade, que o
cristão genuíno une contemplação e ação, entendimento e amor (num sentido
prático – amor atitude), fé e entendimento – conforme a expressão: crede ut
intelligas, intellige ut credas (do lat. = creia para entender, entenda para crer). Na
verdade, o problema do conhecimento, ainda que não seja a única prioridade no
processo redentivo, está na raiz de nossa relação com Deus. Jesus disse: “Se
alguém quiser fazer a vontade de dele [Deus], conhecerá a respeito da doutrina...”
(Jo 7:17).
2º) O DEUS DA BÍBLIA EXISTE, E ATÉ ONDE ELA O REVELA, DEUS É COMO A
BÍBLIA O REVELA. “A mais imprescindível pressuposição da Teologia é a existência
de Deus” (Gn 1:1; Hb 11:6). Em última análise, o cristão aceita a existência de Deus
pela fé.
filosóficas. Se a natureza foi criada por Deus, ela reflete a razão divina e segue leis
e normas racionais, isto é, possui uma racionalidade inerente. E, se a natureza
reflete racionalidade, a razão humana é capaz de apreendê-la.
Mas não nos é orientado pela Bíblia que tenhamos posturas intelectuais inflexíveis
e as tomemos como absolutas por “capricho” ou “conveniência”, seja de cunho
intelectual ou de cunho histórico. E é aqui que existe uma segunda aplicabilidade do
termo, que na verdade é a aplicação primária. Para enfocar essa acepção mais
primária, que foi esquecida, evoco Carl Braaten quando diz que: “A dogmática é uma
parte da teologia, talvez o cerne, mas certamente não a sua totalidade”. Ou seja,
trata daquele núcleo de conceitos e crenças cristãs singulares e inegociáveis,
chamados dogmas, que nos definem como cristãos. Mas esse cerne (constituído
nos dogmas) possuiria, então, uma índole especial na medida que “fala em nome da
verdade absoluta do único Deus e do sentido último de toda humanidade e de todo
o mundo. Trata-se da escandalosa reinvindicação do evangelho a respeito de Jesus,
o Cristo de Deus. A dogmática é uma resposta crente do intelecto a essa imperiosa
reinvindicação. É um eco do evangelho no reino das ideias” . Nesse sentido, trata
de temáticas da teologia sistemática que se definem mais notoriamente como
dogmas. Ex. 1: na acepção secundária do termo, são modelos de teologia dogmática
a Católica Romana, a Ortodoxa Oriental (ou Bizantina), a Cóptica, a Adventista, a
das Testemunhas de Jeová e a Mórmon, pois por meios oficiais ou oficiosos, tornam
normativa a sua maneira de ver a fé cristã, que é de caráter rígido e apresentada
nas obras literárias institucionais, e se apoia nas tradições históricas, nos credos, no
magistério institucional ou em documentos oficiais dos que as representam ou
governam. Ex. 2: na acepção primária do termo, produzem sistemas de teologia
dogmática os Luteranos e os Anglicanos, pois tentam tratar certas temáticas
vinculadas a dogmas bíblicos, em tratados próprios, de modo especial.
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I – CRITÉRIOS FILOSÓFICOS
HISTÓRICA. Naquilo que a Bíblia ensinou quanto ao que ocorreu no “lá e então” e
que naquele contexto foi exigido das pessoas, ela é autoridade histórica. Millard
Erickson adverte: “É possível que algo tenha autoridade histórica sem ter autoridade
normativa”.
NORMATIVA. Se ao cotejarmos o texto bíblico restar comprovado que há um
princípio permanente por traz da expressão histórica do seu ensino, este ensino, de
modo contextualizado ao “aqui e agora”, possui autoridade normativa para nós.
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Não usam instrumentos musicais, bem como aceitam mosaicos e pinturas, mas não
esculturas nos templos.
Veneram Maria como Theótokos (gr. = Mãe de Deus), mas não aceitam a doutrina
da Imaculada Conceição (católica);
Pregam a infalibilidade da Igreja, mas não a infalibilidade do Papa ou de qualquer
líder religioso.
Rejeitam as doutrinas do purgatório e da “filioque” (para eles, grosso modo, dizer
que o Espírito Santo “procede do Filho” – filioque – é errado, pois segundo eles o
Espírito procede do Pai).
As vertentes mais expressivas de sua teologia e de sua mística, baseiam-se na
adoção de um dos cinco a sete principais ritos ortodoxos tradicionais da celebração
litúrgica, a saber: o Bizantino, o Armênio, o Alexandrino (ou Copta ), o Antioquino
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(ou Siríaco ), o Persa (ou Caldeu ) e o Etíope. Apoiam sua espiritualidade no conceito
de Mysterium Tremendum (lat.). Tal conceito diz respeito ao senso de que a Igreja
expressa sua espiritualidade em fórmulas de adoração e de súplica, fazendo
prevalecer a escuta reverente. Associado ao Mysterium Tremendum está o conceito
de Teoandropia. Teoandropia é a forte consciência de que como a humanidade do
Cristo foi assumida pela divindade, assim continua essa operação na liturgia da
igreja e se reverbera nos fiéis.
Solus Christus – Somente Cristo é mediador da Nova Aliança. Nem Maria, nem os
santos, nem o clero, nem os concílios possuem essa prerrogativa.
Sola Fide & Sola Gratia – Salvação se dá pela Fé em Cristo Jesus, mediante a
sobrenatural, misericordiosa e soberana graça divina.
Sola Scriptura – A Escritura Sagrada é a Máxima Fonte e Autoridade Doutrinária
para a Igreja – todas os outros meios de conhecimento e prática da fé são por ela
julgados e ela é maior que qualquer autoridade humana ou institucional.
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pela perspectiva católica, mas nos demais assuntos é calvinista. Nesse sentido, é
uma perspectiva que tem especificidades, é bastante consistente, mas não é de todo
original.
esmagadoramente o maior fator, nesta categoria. Nesse sentido é que dizemos que
é uma perspectiva indeterminista, pois implica que Deus, de algum modo e em última
análise, “escolheu auto-limitar-se” em função da responsabilidade moral de que
dotou o ser humano quando o criou. As implicações do sinergismo são mais
aparentes e problemáticas no que tange à hamartiologia e à soteriologia, porque
implicam numa negação (ao menos aparente) de alguns aspectos da soberania
divina, conforme revelados na Bíblia. As discussões mais acirradas sobre esta
perspectiva, dão-se sobre as implicações da doutrina bíblica da eleição (e da
predestinação), conforme a entendem os arminianos. O Arminianismo,
historicamente derivou de uma reação crítica à perspectiva determinista do
Calvinismo. Na sua versão metodista, o arminianismo é um sistema bastante
consistente. Mas suas versões mais ligadas ao pentecostalismo, não goza do
mesmo grau de consistência.
ARGUMENTO COSMOLÓGICO:
A ciência exige uma causa para todo efeito:
• A causa do sem fim é a existência do infinito;
• A causa da eternidade é a existência do Eterno;
• A causa do espaço ilimitado é a onipresença;
• A causa do poder é a onipotência;
• A causa da sabedoria é a onisciência;
• A causa da personalidade é o pessoal;
• A causa das emoções é o emocional;
• A causa da vontade é a evolução;
• A causa da ética é a moral;
• A causa da espiritualidade é o espiritual;
• A causa da beleza é a estética;
• A causa da retidão é a santidade;
• A causa do amar é o amor;
• A causa da vida é a existência;
• A causa de tudo se concentra em Deus.
2) A REVELAÇÃO DE DEUS:
a) Impulsionador Primário: Se tudo é energia, só Deus criou a força para iniciar esta
energia geradora de toda a vida.
b) Cosmológico: Existe um universo em vez de não haver nenhum, que deve ter sido
causado por algo, além de si mesmo e que precisa continuar existindo; assim, se
teve princípio, teve causa e assim só Deus criou esta 1ª matéria.
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6) RELAÇÃO NO MUNDO:
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Criação e Providência
1) Deus por seu poder e bondade infinitos, criou o mundo do nada, sem perda de
sua substância, deu existência ao mundo;
2) que não abandonou, depois de criá-lo; continua a influir em todo momento sobre
ele, com sabedoria e amor, conservando e dirigindo no sentido dos fins dados na
ordem da criação.
Imanência e Transcendência:
a) Deus está unido ao mundo que criou;
b) dele se distingue em real independência de Deus, ser infinito, pessoal, autônomo,
inteligente e livre, distinto do universo que criou, a conserva e o dirige.
7) MANEIRAS DE SE REVELAR:
a) Teofanias(manifestações)-Deus próximo, entre anjos, fogo, nuvem, fumaça, zéfiro
suave (voz mansa) e Anjo do Senhor(2ª.pessoa da trindade);
b) Comunicações diretas (auto revelação):Voz audível, Urim e Tumim (peças da
roupa do Sumo-sacerdote), sonho, revelação, visão e pelo Espírito Santo.
c) Milagres (experiência mística): poder de Deus em situações especiais: Maná,
sarça ardente, abertura do Jordão;
d) Escrituras: revelando aspectos de Deus e sua obra;
e) Abordagens: racionais (reflexão); intuitivas (ideias) ou filosóficas (ver a natureza).
8) SUA NATUREZA ESSENCIAL:
1)Puramente espiritual, de infinitas perfeições (3 elementos):*Deus é puramente
Espírito (Jo.4:24) autoconsciente, auto determinativo, sem corpo limitado, não visto
por nossos sentidos.
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