Setembro de 2004
Índice
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................3
2. MECÂNICA TÉCNICA...............................................................................................................................................4
2.1. CENTRO DE GRAVIDADE DE SUPERFÍCIES PLANAS COMPOSTAS POR RETÂNGULOS ...............................................4
2.2. MOMENTO DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS COMPOSTAS POR RETÂNGULOS ..................................................8
2.2.1. CGs dos retângulos, colineares com o centro de gravidade da seção total. ....................................................9
2.2.2. CGs dos retângulos não – colineares com o centro de gravidade da seção total ..........................................11
2.3. MÓDULO RESISTENTE ELÁSTICO ..........................................................................................................................12
2.4. MOMENTO ESTÁTICO DE UMA ÁREA ....................................................................................................................13
2.5. RAIO DE GIRAÇÃO DE UMA ÁREA.........................................................................................................................14
2.6. EXEMPLO RESOLVIDO ..........................................................................................................................................14
2.7. FORÇA E MOMENTO DE UMA FORÇA EM TORNO DE UM PONTO ............................................................................17
3. ANÁLISE ESTRUTURAL.........................................................................................................................................18
3.1. EQUILÍBRIO DE UM CORPO SUJEITO A UM SISTEMA DE FORÇAS COPLANARES........................................................18
3.2. TIPOS DE APOIOS ESTRUTURAIS ............................................................................................................................19
3.3. TIPOS DE CARREGAMENTOS ESTRUTURAIS ...........................................................................................................20
3.3.1. Carga Concentrada ........................................................................................................................................20
3.3.2. Carga Uniformemente Distribuída .................................................................................................................21
3.4. REAÇÕES DE APOIO E DIAGRAMAS DE ESFORÇOS SOLICITANTES.........................................................................21
3.5. EXEMPLO RESOLVIDO ..........................................................................................................................................24
4. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS...........................................................................................................................26
2
1. Introdução
Este curso tem por objetivo principal, capacitar técnicos projetistas e reciclar engenheiros
estruturais no cálculo e dimensionamento de estruturas metálicas de suportação, com aplicação
direcionada para estruturas offshore.
Para tanto, será necessária a revisão de conceitos fundamentais e importantes de disciplinas
básicas direcionadas para a área de estruturas em cursos de Engenharia. Estas disciplinas são:
Mecânica Técnica, Resistência dos Materiais e Análise Estrutural. A disciplina de Estruturas Metálicas
(ou Estruturas de Aço), nada mais é que o resultado da fusão dos conceitos mais importantes das três
disciplinas anteriormente citadas, conforme mostra a Figura 1.
Entretanto, sabemos se tratar de disciplinas de vasto conteúdo programático, com aplicações
nos diversos campos da Engenharia Estrutural. Nos cabe então a tarefa de saber filtrar os tópicos mais
importantes de cada uma, focando o objetivo principal deste curso, mencionado anteriormente.
3
2. Mecânica Técnica
Para que se possa calcular a posição do centro de gravidade de uma superfície plana composta
por retângulos, é necessário que se saiba que, para um retângulo de largura ‘b’ e altura ‘h’, a posição
de seu centro de gravidade em relação à um dado sistema de eixos cartesianos de referência é dada
como se mostra na Figura 2 a seguir:
Sabendo-se que a área A do retângulo vale: A = b × h , temos que a ordenada (Ycg) do centro
de gravidade, doravante denominado cg, vale: Ycg = h/2. A abscissa (Xcg) do centro de gravidade,
conseqüente e analogamente vale: Xcg = b/2.
No caso do retângulo, é intuitivo que as coordenadas vertical e horizontal do centro de
gravidade, valem, respectivamente, a metade da altura h e a metade da largura b do mesmo. Isso se
deve ao fato que o retângulo é uma figura geométrica duplamente simétrica, conforme mostrado na
Figura anterior, onde podem ser vistos ainda os dois eixos de simetria do retângulo, respectivamente
com a posição vertical e com a posição horizontal.
No caso das superfícies planas compostas por retângulos, este conceito de simetria também
pode ser largamente aplicado, principalmente nas superfícies empregadas em perfis de aços estruturais,
tais como o perfil “I” de flanges iguais, conforme visto na Figura 3:
Estes perfis costumam se apresentar no mercado de forma padronizada, em conformidade com
os critérios de produção dos diferentes fabricantes. Entretanto, em algumas situações especiais, estes
4
perfis “I” são fabricados, através do corte e soldagem das chapas justapostas, de acordo com as
dimensões estabelecidas pelo projetista.
Neste caso é fácil perceber que a área A do perfil “I”, é o somatório das áreas dos retângulos
que o compões, e vale:
A ordenada do cg (Ycg), neste caso vale: Ycg = h/2. Da mesma forma que foi feito para o caso
anterior do retângulo, temos que a abscissa do cg (Xcg), localizada facilmente devido à dupla simetria
da forma em “I’, valendo, conseqüentemente: Xcg = bf/2, onde, conforme a terminologia usada para
designação de dimensões de perfis” I “, largamente utilizada no meio técnico”:
5
de um flange, relativamente ao outro. É possível ainda que não haja o flange inferior deixando assim o
perfil de ser um “I”, passando a ser um “T” conforme mostrado na Figura 7.
Conforme visto nas Figuras 4, 5 e 6 seguintes, para estes casos, não há simetria em relação ao
eixo vertical. Nestes casos não se pode afirmar que a ordenada do cg (Ycg) seja igual à metade da
altura. Porem, em contrapartida pode-se afirmar que a abscissa do cg (Xcg), pode ser determinada por
simetria, pois esta se verifica em relação ao eixo horizontal. Pode-se notar inclusive, que a
representação de simetria foi suprimida em todas as Figuras para que se possa enfatizar que é
necessária uma metodologia para determinação da ordenada (Ycg).
6
Figura 6 - Perfil "I" com flanges de espessura e largura diferentes
7
Para facilitar o procedimento, é comum a construção de uma tabela, que no exemplo representa
a subdivisão da superfície em 3 retângulos, com o seguinte formato:
A ordenada (Ycg) do cg é o quociente entre o somatório das áreas e o somatório dos momentos
estáticos, conforme visto a seguir:
∑ YcgA
Ycg =
∑A
Outra propriedade geométrica importante das seções planas dos perfis estruturais é o seu
momento de inércia. Da mesma forma que mostrado para o caso da determinação do centro de
gravidade para seções compostas pro retângulos, o momento de inércia total de uma determinada
seção, também é obtido através da subdivisão em retângulos. Para isto é necessário que se conheça o
momento de inércia de um retângulo em relação a um eixo que passe pelo seu centro de gravidade.
8
Nesta situação, os momentos de inércia do retângulo da Figura acima em relação aos eixos que
passam pelo seu cg, são obtidos através das seguintes definições:
bh 3
Ix =
12
hb 3
Iy =
12
Se admitirmos que h>b, conseqüentemente, Ix será sempre maior que Iy, daí a designação de
eixo forte para Ix e de eixo fraco para Iy. Este mesmo conceito será aplicado às seções planas
constituídas por retângulos.
Da mesma forma que nos casos anteriores, para as seções compostas por retângulos, deve-se
subdividi-las em retângulos de dimensões conhecidas. Neste caso é possível que se depare com duas
situações diferentes a serem consideradas:
2.2.1. CGs dos retângulos, colineares com o centro de gravidade da seção total.
Como esta área não se equivale a área da seção “I”, para que o momento de inércia da seção final
seja equivalente ao da área real da seção “I”, é necessário então que se subtraia o momento de inércia
das áreas excedentes, quais sejam as chamadas de retângulos 2, representadas pelas linhas tracejadas
conforme mostrado na Figura 9 e cujas áreas valem:
⎛ bf − tw ⎞
A2 = ⎜ ⎟hw
⎝ 2 ⎠
9
Figura 9 - Momento de inércia em relação ao eixo x subtraindo-se áreas
I x = I 1 − 2I 2
Onde:
bf × h 3
I1 =
12
⎛ bf − tw ⎞ 3
⎜ ⎟hw
I2 = ⎝ 2 ⎠
12
10
Figura 10 - momento de inércia em relação ao eixo y adicionando-se áreas
I x = I 1 + 2I 2
Onde:
hw × tw 3
I1 =
12
tf × bf 3
I2 =
12
2.2.2. CGs dos retângulos não – colineares com o centro de gravidade da seção total
No caso de seções compostas por retângulos cujos centros de gravidade não coincidem com o
cg da seção total, o momento de inércia deve ser calculado através do “Teorema de Steiner” ou
“Teorema dos Eixos Paralelos”. Este teorema enuncia que, conhecido o momento de inércia de uma
área em relação a um eixo qualquer, pode-se determinar o momento de inércia desta mesma área em
relação a qualquer outro eixo, desde que sejam conhecidos os valores da área e a distância entre os
eixos.
A Figura 11 mostra esquematicamente o que foi posto anteriormente.
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Figura 11 - Teorema de Steiner
Utilizando-se este teorema, pode-se facilmente calcular o momento de inércia das seções dos
tipos mostrados nas Figuras 4, 5, 6 e 7. Em outras palavras, o momento de inércia da área em relação a
um eixo qualquer pode ser calculado como:
I x1 = I x + Ad 2
O módulo resistente elástico de uma seção é definido como sendo o quociente entre o momento
de inércia em relação a um dos eixos da seção transversal e a distância do cg da seção à extremidade
superior ou inferior da seção considerada. A Figura 12 elucida com mais detalhes o que foi dito
anteriormente.
12
De um modo mais genérico, não necessariamente teremos sempre uma seção simétrica, como a
vista na Figura 3. Entretanto, conhecidos a altura total da seção e posição do centro de gravidade,
mesmo as não simétricas, é possível calcular o módulo resistente elástico.
Ix
Wxsup =
Ysup
Ix
Wxinf =
Yinf
No caso particular da seção “I” duplamente simétrica e bastante utilizada em estruturas offshore
mostrada na Figura 3, Ysup = Yinf = Ycg = h/2. Bem como Xsup = Xinf = Xcg = bf/2. Neste caso, os
módulos resistentes da seção, para cada eixo serão iguais a:
Ix
Wx = (módulo resistente do eixo forte)
Ycg
Iy
Wy = (módulo resistente do eixo fraco)
Xcg
Conforme visto no item 2.1, para determinação do cg de superfícies planas compostas por
retângulos, quando se multiplica uma determinada área pela distância do seu centro de gravidade a um
determinado eixo, define-se o momento estático desta área em relação ao referido eixo. Daí a
denominação de “Teorema dos Momentos Estáticos”. Sendo assim, o momento estático de uma área
em relação a um eixo, fica definido como sendo o produto desta área ao eixo. Quando esta área for
composta por retângulos, conforme o caso analisado anteriormente, o momento estático total da área,
será o somatório simples dos produtos das áreas pelas distâncias dos seus centros de gravidade, aos
eixos desejados.
Assim sendo, pode-se escrever a expressão que define o momento estático de uma área em
relação a um eixo:
me = A × d
Onde A representa o valor da área e d representa a distância do centro de gravidade da área A
ao eixo desejado.
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2.5. Raio de Giração de uma Área
É definido para cada eixo, e representa matematicamente, a raiz quadrada do quociente entre o
momento de inércia do eixo e a área da seção total:
Ix Iy
ix = e iy =
A A
Para a seção “I” cujas dimensões estão em mm e que possui flanges de largura (bf) diferentes
conforme mostra a Figura 13 determinar:
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Solução:
Com a finalidade de facilitar a solução do problema, a seção “I” apresentada será decomposta em
retângulos de propriedades geométricas conhecidas (área, ordenada do cg e momento de inércia em
relação a um eixo que passa pelo cg, o eixo x). Assim sendo, obtivemos os retângulos 1, 2 e 3 e as
respectivas distâncias dos seus centros de gravidade a um eixo horizontal de referência que passa pela
face de baixo do flange inferior, conforme mostra a Figura 14:
∑ y i Ai 76000
Ycg = = ∴ Ycg = 44.71mm
∑ Ai 1700
2. Momento de Inércia:
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⎛ 55 × 10 3 ⎞ ⎛ 5 × 80 3 ⎞ ⎛ 75 × 10 3 ⎞
I x = ⎜⎜ + 550 × 50.29 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ + 400 × 5.29 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ + 750 × 39.712 ⎟⎟
⎝ 12 ⎠ ⎝ 12 ⎠ ⎝ 12 ⎠
I x = (4583.33 + 1390996.26) + (213333.33 + 11193.64 ) + (6250 + 1182663.08)
I x = 2809019.64mm 4
⎡ ⎛ 45.29 ⎞⎤
mex = [(10 × 55) × 50.29] + ⎢(45.29 × 5) × ⎜ ⎟⎥
⎣ ⎝ 2 ⎠⎦
mex = 31787.46mm 3
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2.7. Força e Momento de uma Força em Torno de um Ponto
Ambos são grandezas vetoriais e, por este motivo são representados por setas. Entretanto, o
momento em torno de um ponto é definido com sendo um vetor resultante do produto vetorial entre
uma força (carga) e a menor distância entre a linha de ação desta força e o ponto considerado,
conforme pode-se observar na análise da Figura 17.
M = P×d
onde: M = Momento;
P = Força;
d = Menor distância entre a linha de ação da força e o ponto em torno do qual
deseja-se obter o valor do momento.
Figura 17 - Momento
Estes conceitos são utilizados quando da determinação das reações de apoio de uma estrutura e
na determinação dos esforços seccionais atuantes em uma seção de uma barra de uma estrutura.
Para a determinação das reações de apoio, são utilizadas as “Equações Universais da Estática”,
que garantem o equilíbrio externo dos corpos rígidos (estruturas).
Para a determinação dos esforços seccionais, estas reações de apoio serão consideradas como
parte do carregamento atuante em conjunto com as cargas atuantes na estrutura. Será garantido o
equilíbrio interno dos esforços quando se verificar que os esforços atuantes na seção considerada,
apresentarem os mesmos valores quando calculados para faces opostas da seção.
Estas considerações serão vistas com maiores detalhes no item 3, que será apresentado
detalhadamente a seguir.
17
3. Análise Estrutural
A análise estrutural tem por finalidade, a caracterização dos esforços atuantes nas seções da
estrutura. Estes esforços são caracterizados por dois tipos de força (Solicitação Axial e Força Cortante)
e um tipo de momento (Momento Fletor).
Nesta etapa, vamos direcionar nossa atenção para as estruturas planas que se referem ao caso mais
comum em estruturas offshore.
Dizemos que um corpo plano “C“ como por exemplo o mostrado na Figura 18, sob a ação de um
sistema de forças coplanares está em equilíbrio, se o sistema de forças não produzir no corpo nenhum
tipo de movimento, quer seja de translação ou de rotação.
Qualquer sistema de forças pode ser reduzido a dois vetores aplicados em um ponto, são eles o
vetor força resultante e o vetor momento resultante.
O vetor força resultante é responsável pela translação do corpo e o vetor momento resultante é
responsável pela rotação do corpo.
Pelo exposto nos itens acima, fica fácil de se entender que:
Para que o corpo não venha a sofrer translação a força resultante não deve existir, ou seja, deve ter
módulo zero, o que nos permite dizer que as projeções da resultante sobre um par de eixos ordenados
XY coplanares com o sistema, serão nulas.
Para que um corpo não venha a sofrer rotação, o momento resultante não deve existir, ou seja, deve
ter módulo zero.
Assim sendo para que este corpo “C“, sujeito ao sistema de forças já especificado, esteja em
equilíbrio, há de se verificar as equações abaixo, que são chamadas de equações universais da estática
plana.
18
3.2. Tipos de apoios estruturais
Quando analisamos um corpo para o qual desejamos que seja estabelecido equilíbrio, há de se
apoiar o corpo em algum lugar. Por outro lado, quando este corpo é uma estrutura, os apoios serão
classificados em função do grau de impedimento à movimentação que eles possibilitam, não
esquecendo que serão 3 (três) os movimentos que poderão advir:
• Translação horizontal,
• Translação vertical,
• Rotação.
Assim, um apoio estrutural que venha a impedir uma das componentes de translação é chamado de
apoio do primeiro gênero, o apoio que venha a impedir as duas componentes de translação é chamado
de apoio do segundo gênero e o apoio que venha a impedir os três movimentos é chamado de apoio do
terceiro gênero, conforme visto na Figura 19.
Conforme mostrado na Figura 20, é uma força aplicada em um ponto de uma estrutura, portanto
esta carga é teórica, haja visto que a materialização de um ponto é impossível. No entanto, poderemos
dizer que uma carga é concentrada, quando a peça que transmite a carga é pequena em relação à peça
que recebe a carga.
Geralmente estas cargas são devidas a vigas que se apóiam em vigas, ou do apoio de vigas em
pilares (ou colunas). Neste caso, elas seriam a reação dos apoios das peças que se apóiam, atuando
como carregamento nos elementos de sustentação.
As unidades de carga concentrada são as mesmas unidades de forças.
Exemplos de unidades:
Conversão de unidades.
20
3.3.2. Carga Uniformemente Distribuída
Conforme mostrado na Figura 21, é a carga que se distribui ao longo de um comprimento com uma
taxa de carga (q) constante.
Obs: Para efeito de cálculo das reações de apoio, a carga uniformemente distribuída é
substituída por sua resultante aplicada no centro de gravidade da carga.
Para que seja garantido o equilíbrio estático do sistema de forças atuantes em um corpo rígido,
conforme foi mostrado na Figura 18, é necessário que sejam satisfeitas as três equações universais de
equilíbrio da estática:
∑M = 0 P
∑V = 0
∑H = 0
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A primeira equação preconiza que, o somatório de momentos relativos às forças atuantes no
sistema em relação a qualquer ponto “P” do corpo tem que ser nulo; A segunda diz que o somatório de
forças na vertical (direção y) também tem que ser nulo, assim como exposto na terceira, que mostra
que para o sistema de forças atuantes no corpo “C” esteja em equilíbrio estático, o somatório de forças
na horizontal (direção x) também deve ser nulo.
Assim sendo, concluímos que, o corpo rígido em questão é um elemento estrutural, como por
exemplo, uma viga. O ponto “P” considerado representa qualquer ponto desta viga. Comumente este
ponto é um dos apoios desta viga.
E, finalmente, as forças que atuam no sistema, são as cargas mencionadas no item 3.3.
Como temos um sistema com três equações, o número máximo de incógnitas (reações)
matematicamente possíveis de serem determinadas por este sistema de equações é três. Desta forma
seriam classificadas como sendo isostáticas as estruturas que se enquadrassem nessa condição.
Aquelas que possuem mais que três reações de apoio para serem determinadas são chamadas de
hiperestáticas.
Nas Figuras 22 e 23, vemos respectivamente, uma estrutura isostática (3 reações de apoio) e uma
estrutura hiperestática (6 reações de apoio).
22
Os diagramas de esforços solicitantes servem para mostrar a distribuição dos esforços internos na
estrutura analisada. Os esforços que podem atuar em estruturas planas são:
ql 2
M max =
8
Onde “q” é o valor da carga uniformemente distribuída, “l” é o comprimento do vão e Mmax é o
momento máximo atuante na viga. O esforço cortante máximo (Vmax) atuante na viga é encontrado nos
apoios, e vale:
ql
Vmax =
2
O caso das vigas bi – apoiadas, submetidas a cargas uniformemente distribuídas é muito comum
em estruturas metálicas. As reações nos apoios destas vigas, serão cargas concentradas de compressão
nas colunas nas quais elas se apóiam, conforme mostrado anteriormente na Figura 20.
23
3.5. Exemplo Resolvido
Seja a viga da Figura 24, bi – apoiada, com vão total de 5.00m, submetida à um carregamento
uniformemente distribuído de 17.66 kN ao longo de todo o seu vão:
HA
VB
VA
Solução:
1. ∑M A =0
∑V = 0
V A + VB − (17.66 × 5.00) = 0
V A + VB − 88.3 = 0
V A = 88.3 − VB
V A = 88.3 − 44.15
V A = 44.15kN
∑H = 0
HA = 0
ql 2 17.66 × 5.00 2
2. M max = = = 55.2kNm
8 8
ql 17.66 × 5.00
3. Vmax = = = 44.15kN
2 2
24
4. Os diagramas apresentados nas Figuras 25 e 26 foram obtidos com o software FTOOL.
Figura 25 - Diagrama de momentos fletores de uma viga bi - apoiada submetida a carga uniformemente distribuída
Figura 26 - Diagrama de esforços cortantes de uma viga bi - apoiada submetida a carga uniformemente distribuída
OBS:
• Os valores fornecidos pelo programa FTOOL para o momento fletor máximo e para o
esforço cortante máximo foi exatamente o mesmo obtido pelas fórmulas clássicas da teoria
da isostática;
• Observa-se que nos apoios o momento fletor é nulo, e o esforço cortante é máximo. No
meio do vão acontece exatamente o contrário, ou seja, o momento fletor é máximo e o
esforço cortante é nulo.
• A diferença encontrada nas reações de apoio pela fórmula clássica e pelo FTOOL, se deve
exclusivamente à questão de arredondamento.
25
4. Resistência dos Materiais
A Resistência dos Materiais estuda as tensões internas nos materiais, provocadas pelos esforços
solicitantes (Momento Fletor, Força Cortante e Solicitação Axial), estudados no capítulo 3 anterior.
Para que sejam calculadas as tensões, além dos esforços solicitantes, é necessário que sejam
conhecidas às propriedades geométricas da seção transversal, estudas no capítulo 2 (CG, área,
momento de inércia, módulo resistente elástico, momento estático e raio de giração). A distribuição
das tensões dependem destas propriedades geométricas da seção.
Ao se executar um ensaio de tração em um corpo de prova de comprimento L1, para cada força
axial aplicada corresponderá um novo comprimento, assim sendo podemos dizer que para cada tensão
irá corresponder uma deformação, e com isto pode-se construir um gráfico com os vários pares (σ × ε )
até a ruptura do corpo de prova, conforme mostra a Figura 27.
ε ε ε
Um material é dito dúctil quando apresenta grandes deformações antes de romperem-se (ex: aço,
alumínio).
Um material é dito frágil quando apresenta deformações relativamente pequenas antes de
romperem-se (ex: ferro fundido, concreto).
O limite entre um material dúctil e o frágil é uma deformação de 5 %.
Nos aços poderemos ter dois aspectos para o diagrama tensão x deformação, conforme mostrado
na Figura 28.
26
ε ε
Figura 28 - Curvas tensão deformação de diferentes tipos de aço
Nos gráficos da Figura 28, percebe-se que os trechos OP são trechos lineares, e é esta relação
linear entre (σ × ε ) que traduz a lei de Hooke.
Entretanto, ao aplicarmos uma carga axial de tração em uma barra de comprimento L1, esta tende a
se alongar, e o comprimento da mesma tende a assumir um valor, L2, conforme mostra a Figura 29.
Assim sendo, a variação de comprimento ∆L da barra, pode ser definida pela seguinte expressão:
∆L = L 2 − L1
∆L
ε=
L1
Conforme visto na Figura 28, o trecho linear (OP) da curva tensão deformação é uma reta de
inclinação ϕ . À tangente deste ângulo denominamos módulo de elasticidade (E) do material,
também chamado de módulo de Young, conforme a expressão a seguir:
E = tgϕ
27
Nos aços estruturais, costuma-se adotar o seguinte valor para a constante do módulo de
elasticidade, ou módulo de Young:
Esta proporcionalidade observada por Hooke, obviamente só ocorre na região linear do gráfico
(entre os pontos O e P). Nesta região se por ventura cessar o carregamento, a barra volta a ter o
comprimento inicial (L1) e, por este motivo, a região é chamada de zona elástica. Fora desta região, ou
seja entre os pontos P e R, estaremos numa zona chamada de plástica, visto que se nesta região for
interrompido o carregamento, o corpo de prova não volta a ter o comprimento inicial, ficando uma
deformação permanente chamada de deformação residual, conforme visto na Figura 30.
O limite entre a zona elástica e plástica, o ponto P, é chamado de limite de proporcionalidade, e
neste intervalo é válida a Lei de Hooke que pode ser equacionada da seguinte forma:
σ = Eε
Neste intervalo, durante o processo de acréscimo de carga de tração de uma barra, se o ponto P não
for ultrapassado, sempre que se descarregar gradativamente o corpo de prova, o gráfico que se pode
construir é idêntico ao gráfico produzido quando se carregava o corpo de prova, conforme pode ser
observado na Figura 30.
O gráfico (σ × ε ) para aço doce, apresenta uma anomalia, chamada patamar de escoamento,
vista na Figura 31, que mostra a existência de um aumento na deformação do corpo de prova, sem que
seja promovido um acréscimo de tensão, a tensão correspondente à este patamar é chamada de tensão
28
de escoamento. Já no caso de aço duro este patamar é inexistente, porém define-se como tensão de
escoamento, para este caso, a tensão correspondente a uma deformação residual de 0,2%.
ε ε
σe = fy
Tensão admissível é a tensão que se utiliza para desenvolver cálculos estruturais. Esta tensão é
obtida dividindo-se a tensão de escoamento, por um coeficiente menor do que 1, denominado
coeficiente ou fator de segurança, que segue as normas de projeto adotadas. Geralmente os fatores de
segurança são 0.6 para tensões normais (σ ) , e 0.4 para tensões cisalhantes (τ ) . σ adm = 0.6 f y ;τ adm = 0.4 f y
29
4.2. Estudo da tensão normal (σ )
As tensões normais podem ser provocadas, tanto pelo momento fletor, quanto pela solicitação
axial. Entretanto, pode haver superposição de efeitos de tensão normal quando a barra a ser verificada
(viga ou coluna), estiver solicitada simultaneamente por ambos. Neste caso, as tensões normais
provocam um efeito denominado ‘flexão composta’.
O processo de verificação da estrutura, obviamente se dá para a seção mais solicitada de cada barra
que compõe a estrutura em questão. Portanto, em uma barra solicitada simultaneamente por momentos
fletores e axiais de tração ou compressão, devem ser verificadas tanto para seção que possui o
momento fletor máximo e o axial correspondente, quanto para a seção que possui o axial máximo e o
momento fletor correspondente.
Uma barra de estrutura (viga ou coluna), pode estar solicitada axialmente por esforços de tração ou
compressão. Para tanto, deve-se observar sinal do diagrama de esforços axiais (N), sendo
convencionado que os axiais de tração são positivos (+), enquanto os axiais de compressão são
negativos (-). Obviamente as tensões normais (σ ) serão trativas ou compressivas, dependendo do axial
que as provocaram. De modo geral, as tensões normais provocadas pela solicitação axial (N), são
definidas com sendo:
N
σ=
A
N N
30
4.4. Tensão normal devida ao momento fletor
Diferentemente do considerado para as tensões normais provocadas pela solicitação axial (N), as
tensões normais provocadas pelo momento fletor, não são trativas ou compressivas, dependentes da
natureza da solicitação axial que as provocaram.
Quando provocadas por momento fletores, as tensões normais tracionarão sempre uma parte da
seção transversal e comprimirão a outra parte, conforme mostra a Figura 34. O limite entre as regiões
de tração e compressão da seção transversal é um eixo, perpendicular ao vetor momento fletor,
denominado linha neutra (ou eixo neutro).
M (a)
M (b)
Figura 34 - Caso (a) momento traciona parte acima da linha neutra e caso (b) traciona parte abaixo da linha neutra
M
σ=
W
Onde M é momento fletor atuante na seção e W é o módulo resistente elástico da seção, que por
sua vez depende do seu momento de inércia e da posição do seu centro de gravidade.
É possível ainda que o momento fletor atue em um plano horizontal. Neste caso, o módulo
resistente elástico considerado será aquele relativo ao outro eixo principal de inércia.
4.5. Exemplos resolvidos sobre tensão normal
A treliça mostrada na figura abaixo está apoiada através de pinos nos pontos A e C conforme
mostrado na Figura 35. As barras AB e BC estão conectadas através de um pino no ponto B. Será
usado aço comum com E = 205000 MPa e f y = 235MPa .
A
P = 60 kN
2,0 m
P
B
C
3,0 m
Figura 35 - Treliça
32
Solução:
1. Como nas treliças não se despertam momentos fletores, as equações de equilíbrio interno,
se resumem às de equilíbrio de forças nas direções horizontal e vertical. Fica assim definido
então o método dos nós. Entretanto, conforme já dito anteriormente, é possível lançar mão
de recursos computacionais e, com esta finalidade, está sendo utilizado neste exemplo
também o software FTOOL. Pode-se observar na Figura 36, que os resultados obtidos para
os esforços atuantes nas barras foi idêntico ao diagrama de esforços normais fornecidos
pelo software.
2
tgθ = = 0.667
3
sin θ = 0.56
cos θ = 0.83
y
∑x = 0
N AB sin θ N BC − N AB cosθ = 0
N BC = N AB cosθ
N AB
60kN N BC = 108.2 × 0.83
N BC = 90kN
N AB cos θ N BC θ
x
∑y=0
N AB sin θ − 60 = 0
60
N AB =
0.56
N AB = 108.2kN
2. Como o valor da tensão admissível para o aço comum é o mesmo, tanto para tração quanto
para a compressão, será adotado o maior valor de solicitação axial encontrado na estrutura,
que foi o de 108.2 kN de tração na barra AB. Será adotado o mesmo diâmetro encontrado
para a barra BC.
Uma viga simplesmente apoiada está submetida a uma carga concentrada P1 = 60 kN no meio do
vão AB e a uma outra carga P2 = 10 kN no ponto C, no extremo do balanço, conforme mostra a Figura
37. As dimensões da seção transversal estão em mm. Esta viga será fabricada com aço especial com
E = 205000 MPa e f y = 355MPa .
y
P1 P2 200 200
8
ys
A C
B 300 x
yi
2,5 m 2,5 m 2,5 m
10mm
Figura 37 – viga de seção “T”
Solução:
1. O momento atuante na seção onde atua a carga P1 foi calculado pela equação de equilíbrio
de momentos e a partir do diagrama de momentos fletores extraído com o auxílio do
software FTOOL. Observe na Figura 38 que os resultados são idênticos.
V B × (2.5 + 2.5) − 60 × 2.5 − 10 × 7.5 = 0
5VB = 225 ∴VB = 45kN
V A + VB − 60 − 10 = 0
V A = 60 + 10 − 45 ∴V A = 25kN
M P1 = 25 × 2.5 = +62.5kNm
34
Figura 38 - Diagrama de momentos fletores da viga de seção "T"
2.
i yi(mm) Ai(mm2) yiAi(mm3)
1 304 3200 972800
2 150 3000 450000
- ∑ 6200 1422800
∑ y i Ai 1422800
y inf = = ∴ y inf = 229.5mm
∑ Ai 6200
y sup = 308 − 229.5 = 78.5mm
3.
⎛ 400 × 8 3 ⎞ ⎛ 10 × 300 3 ⎞
I x = ⎜⎜ + 3200 × 74.5 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ + 3000 × 79.5 2 ⎟⎟
⎝ 12 ⎠ ⎝ 12 ⎠
I x = (17066.67 + 17760800) + (22500000 + 18960750)
I x = 59238616.67mm 4
Ix 59238616.67
W xsup = = = 258120.33mm 3
y sup 229.5
Ix 59238616.67
W xinf = = = 754632.06mm 3
y inf p 78.5
4.
M 62.5 × 10 6
σ T
max = inf = ∴ σ max
T
= 242.14 MPa
Wx 258120.33
M 62.5 × 10 6
σ max
C
= sup
= ∴ σ max
C
= 82.82 MPa
Wx 754632.06
5. Como a tensão máxima de tração atuante na seção onde atua a carga P1 é maior que a
tensão admissível de tração do material, registrada na porção tracionada da seção
35
transversal (ou seja, abaixo da linha neutra), podemos concluir que a viga não é capaz de
suportar o carregamento indicado, estando, portanto, sujeita a colapso por flexão.
Em outras palavras, se a tensão máxima atuante é maior que a tensão admissível do aço
considerado, a viga não passa.
As tensões cisalhantes são provocadas pela força cortante. Ao contrário da tensão normal que,
como o próprio nome já diz atua normal (ou ortogonal, ou perpendicular) a seção transversal, a tensão
cisalhante (ou tensão de cisalhamento) atua paralelamente a seção transversal. O tipo de solicitação
que atua desta forma é a força cortante, conforme pode ser observado na Figura 39, mostrada a seguir:
O valor da tensão cisalhante atuante em uma seção transversal de uma viga pode ser determinado a
partir da seguinte expressão:
Vme
τ=
Ib
36
Onde:
Figura 40 - Largura da seção na linha neutra (b) correspondente a espessura da alma do perfil
37
Por este motivo, todas as vigas devem ser sempre, necessariamente, verificadas quanto à tensão
normal admissível e quanto à tensão de cisalhamento admissível, ou seja:
Os coeficientes de segurança 0.6 e 0.4 devem atender às normas vigentes no projeto em questão.
Conforme visto anteriormente, o perfil da viga do problema 4.5.2 não atendia a tensão normal
máxima atuante na viga. Por este motivo, foi substituído pelo perfil do problema 2.6. Verifique se esta
viga, com a nova seção transversal é capaz de suportar o carregamento indicado. Incluir a verificação
da tensão de cisalhamento.
Solução:
Extraindo as propriedades do perfil do exemplo 2.6, temos conforme mostra a Figura 41:
I x = 2809019.64mm 4
W xsup = 50805.20mm 3
W xinf = 62827.54m 3
mex = 31787.46mm 3
38
M 62.5 × 10 6
σ max
T
= inf
= ∴ σ max
T
= 995MPa
Wx 62827.54
M 62.5 × 10 6
σ max
C
= = ∴ σ max
C
= 1230MPa
W xsup 50805.20
Conforme podemos observar, o novo perfil adotado, também não atende ao critério das tensões
normais atuantes na seção transversal, conforme mostra a equação abaixo:
σ max = 1230MPa > σ adm = 0.6 f y = 0.6 × 355 = 213MPa (não passa)
Para verificar quanto às tensões cisalhantes, é necessário que se obtenha o esforço cortante máximo
atuante na viga. Com esta finalidade é interessante traçar o diagrama de esforços cortantes visto na
Figura 42.
35000 × 31787.46
τ max = = 79MPa
2809019.64 × 5
Conforme visto, a seção sugerida para a viga atende ao critério de tensões cisalhantes. Entretanto,
ela não atende ao critério de tensões normais. Em resumo, para que a viga possa ser especificada para a
finalidade a que ela vai se destinar, ela tem que atender aos dois critérios. Desta forma, a viga não
pode ser utilizada.
39
atuante com a tensão admissível à compressão, esta também dever ser comparada com a tensão de
flambagem, que depende das propriedades geométricas da seção da barra e de seu comprimento.
A tensão de flambagem na fase elástica de uma barra sujeita a um esforço axial de compressão
pode ser obtida através da fórmula de Euller:
π 2E
σ fl =
λ2
Onde λ é o índice de esbeltez da barra. Este índice de esbeltez é uma grandeza adimensional que
mede o quanto uma barra pode ser esbelta. Por isso, depende exclusivamente de grandezas geométricas
da referida barra, quais sejam, o seu comprimento de flambagem e o seu raio de giração. Desta forma,
temos que:
l fl
λ=
i
l fj = µ .l
A tensão admissível de flambagem é considerada como sendo 25% da tensão de flambagem obtida
com a fórmula de Euler, na fase elástica.
40
π 2E
σ adm = 0.25
λ2
fl
É fato que o arqueamento devido a flambagem, ocorrerá na direção na qual a barra possua o maior
índice de esbeltez, ou seja, na direção em que ela é mais esbelta. Obviamente, a direção mais esbelta
da barra é aquela que é calculada com o raio de giração devido ao eixo fraco.
Em outras palavras, para que a flambagem seja forçada a ocorrer na direção menos esbelta, ela já
ocorreu na direção mais esbelta.
Em resumo, na situação em que uma barra esteja submetida à carga axial de compressão, a tensão
atuante deve ser comparada, tanto com a tensão admissível à compressão quanto com a tensão
admissível a flambagem calculada para a barra.
41
5. Verificação da estrutura de um pipe rack em aço
O presente exemplo tem por objetivo consolidar os conceitos tratados anteriormente sob a forma de
um exemplo prático.
Para tanto, será utilizada uma estrutura comum em plataformas offshore, que serve, principalmente,
para suporte de tubulações, daí a denominação pipe (tubo) rack (suporte).
O pipe rack a ser verificado possui vão de suporte de 5.0m, e 3.0m de altura, pois sob a tubulação
se encontra localizada uma rota de fuga, conforme pode ser visto na Figura 44. Este pipe rack será
implantado na conversão de um petroleiro, cujo espaçamento entre cavernas é de 4760mm, em FPSO,
conforme mostra a Figura 45.
Sendo assim, optou-se por locar colunas exatamente nas cavernas, pois se verifica que estas regiões
do main deck capazes de suportar as cargas provenientes das colunas do pipe rack.
42
Dados de Projeto:
(*) Os valores fornecidos são meramente ilustrativos. Em um caso real deve-se consultar as normas e
projetos vigentes para que se disponha de fórmulas para cálculo das acelerações e pressões devidas ao
vento, (geralmente dependem das coordenadas do cg da estrutura em relação a center line, mid ship
section, além da elevação (descontado o calado mínimo)).
Conforme informado, o peso total atuante na viga do pipe rack, será o peso da tubulação
adicionado do peso das calhas elétricas e instrumentação. Para facilitar a interpretação dos resultados,
este peso será passado de toneladas para kilogramas.
Em seguida, será multiplicado pelo espaçamento entre cavernas (espaçamento longitudinal) e, em
seguida dividido por 2 devido ao fato da tubulação estar sempre suportada, no mínimo, por duas vigas.
Como o comprimento de cada viga é de 5.00m, para que se tenha uma carga distribuída
uniformemente devido aos vários tubos (muito próximos) apoiados sobre elas, este valor será dividido
por 5000mm (5.0m).
43
5.2. Propriedades geométricas dos perfis
I 146562500
Wx = x =
y cg 150
W x = 977083mm 3
me x = (250 × 12.5 × 143.75) + (10 × 137.5 × 68.75)
me x = 449218.75 + 94531.25
me x = 543750mm 3
Iy 32575000
Wy = =
xcg 125
W y = 260600mm 3
me y = 2(120 × 12.5 × 65)
me y = 195000mm 3
44
5.2.2. “H” 250x250x8x10
I 80153000
Wx = x =
y cg 125
W x = 641224mm 3
me x = (250 × 10 × 120) + (8 × 115 × 57.5)
me x = 300000 + 52900
me x = 352900mm 3
230 × 8 3 ⎛ 10 × 250 3 ⎞
Iy = + 2⎜⎜ ⎟⎟ = 26041666.67 − 9813.33
12 ⎝ 12 ⎠
I y = 26051480mm 4
Iy 26051480
Wy = =
xcg 125
W y = 208412mm 3
Ix 80153000
ix = = = 108.25mm
A 6840
Iy 26051480
iy = = = 61.72mm
A 6840
45
5.3. Verificação da viga V1
Para que se tenha o real efeito do carregamento vertical, deve-se considerar a plataforma com a
máxima aceleração vertical possível, determinada a partir das normas vigente no projeto e, que no caso
deste exemplo, foi considerada 14m/s2.
q v = qa v = 1.262 × 14
q v = 17.66 N / m
ql 2 17.66 × 5.00 2
M max = = = 55.2kNm = 55186250 Nmm
8 8
ql 17.66 × 5.00
Vmax = = = 44.15kN = 44150 N
2 2
σ max < σ adm (condição de segurança)
M max 55186250
σ max = = = 57 MPa
Wx 977083
0.6 f y = 213MPa > σ max = 57 MPa (passa a tensão normal, inclusive à fadiga, 150 MPa)
46
τ max < τ adm (condição de segurança)
ql = qal = 1.262 × 2
ql = 2.52 N / mm
⎛ altura}
..do.. perfil
⎞
Pv × ⎜ 0 .3 × 5000 ⎟
⎜ ⎟
vl = ⎝ ⎠ = 36kg / m = 360 N / m = 0.36 N / mm
5000
qtotall = ql + vl = 2.52 + 0.36 = 2.92 N / mm
M max 9000000
σ max = = = 35MPa
Wy 260600
0.6 f y = 213MPa > σ max = 35MPa (passa a tensão normal, inclusive à fadiga, 150MPa )
47
5.4. Verificação da coluna C1
44150N
7200N
Conforme visto anteriormente, esta tensão atuante deverá ser comparada com os valores
admissíveis para compressão, flambagem e fadiga, devendo necessariamente atender a ambos
simultaneamente. Podemos então observar através das equações abaixo que a primeira e a terceira
são automaticamente satisfeitas, restando apenas a verificação da segunda que diz respeito a
flambagem.
Vale lembrar que, quando da análise quanto a flambagem, apesar de termos raios de giração
distintos em relação aos eixos (x e y ) de inércia, ambas direções devem ser verificadas, pois as
condições extremas da coluna podem variar conforme estas direções.
l fl = µ.l
l flx = 0.7 × 3000 = 2100mm
Entretanto, a inércia que tenta impedir esta flambagem da direção x é a do eixo y. Por este
motivo, o índice de esbeltez desta direção é calculado com o raio de giração do eixo y.
l flx 2100
λx = = = 34.03
iy 61.72
Direção y:
l fl = µ .l
l flx = 1.0 × 3000 = 3000mm
Da mesma forma que foi analisado para a direção x, a inércia que tenta impedir esta flambagem
da direção y é a do eixo x. Por este motivo, o índice de esbeltez desta direção é calculado com o
raio de giração do eixo x.
l fly 3000
λy = = = 27.71
ix 108.25
Conforme visto anteriormente, o índice de esbeltez da coluna da direção x é maior que o índice
de esbeltez na direção y, de onde podemos concluir que a flambagem tende a ocorrer na direção x
(pois ela é mais esbelta nesta direção).
49
Assim sendo, para o cálculo da tensão admissível a flambagem desta coluna, será considerado o
menor índice de esbeltez, pois se sabe que, estando no denominador de uma fração, este fator tende
a tolerar menores valores para as tensões de flambagem.
Em outras palavras, sabemos que haverão duas tensões admissíveis a flambagem, uma para
cada direção da seção transversal da coluna. Valerá aquela que apresentar o menor valor, pois as
condições para ambas as direções devem ser satisfeitas para que se garanta a estabilidade da
coluna.
π 2 × 205000
σ adm
fl = 0.25 = 437 MPa
34.03 2
σ adm
fl = 437 > σ max = 7 MPa (passa a flambagem)
Conforme vimos anteriormente, o conjunto não é travado segundo sua direção transversal. Por
este motivo, é necessária uma análise do mesmo como um pórtico deslocável horizontalmente
conforme visto na Figura 51. Com esta finalidade, vamos utilizar a ferramenta computacional
FTOOL para a obtenção dos esforços atuantes no conjunto, nesta direção.
⎛ l arg ura
} .do . flange
⎞
120 × ⎜ 0.25 × 3000 ⎟
⎜ ⎟
vt = ⎝ ⎠ = 30kg / m = 300 N / m = 0.30 N / mm
3000
O carregamento final atuante no pórtico, pode ser observado na Figura 47. Os diagramas de
momento fletor (M), solicitação axial (N) e esforço cortante (V), podem ser vistos nas Figuras 48,
49 e 50.
50
Figura 47 - Carregamentos atuantes no pórtico transversal
51
Figura 49 - diagrama de esforços axiais (ou normais)
Neste caso, observa-se a partir das Figuras 48 e 49 que a viga V1 se encontra solicitada tanto
pela ação do momento fletor (M) quanto axialmente (N). Desta forma, haverá uma superposição
dos efeitos das tensões normais provocadas por ambos esforços, ocasionando assim o que
chamamos de flexão composta.
Assim sendo, as tensões normais máximas atuantes serão calculadas da seguinte forma:
0.6 f y = 213MPa > σ max = 28MPa (passa a tensão normal, inclusive à fadiga, 150MPa )
0.6 f y = 213MPa > σ max = 53MPa (passa a tensão normal, inclusive à fadiga, 150MPa )
5.6. Conclusões
Dos cálculos mostrados anteriormente, podemos concluir que os perfis especificados para
montagem do pipe rack em questão atendem, com folga às solicitações mecânicas que lhes serão
impostas. Sendo assim, seria de boa prática adotar medidas econômicas, tais como: Sugerir que
seja empregado aço comum (mais barato), com tensão de escoamento f y = 235MPa , pois os
valores de tensões admissíveis para este aço seriam suficientes em todas as verificações feitas
anteriormente, ou seja:
Outra medida possível de ser sugerida seria a diminuição das dimensões da seção transversal
dos perfis, mesmo trabalhando-se com aço especial.
Pode-se ainda, sugerir o emprego de perfis cujas propriedades se encontram tabeladas em
catálogos de fabricantes. Desta forma ficaria mais fácil o cálculo do módulo resistente necessário e
seriam adotados os perfis mais econômicos encontrados nestas tabelas, da seguinte forma:
M max
σ max =
Wnec
M max M
σ adm > σ max ∴ σ adm > ∴Wnec > max
Wnec σ adm
σ adm > 0.6 f y
M max
Wnec >
0.6 f y
Ou seja, conhecido o momento fletor máximo atuante, seria possível obter, para um dado tipo
de aço estrutural, o módulo resistente elástico necessário, sem excessos.
54
6. Referências bibliográficas
3. Curso de Mecânica, Volume II, 3º edição, Adhemar Fonseca, Ed. Livros Técnicos e
Científicos, 1977.
4. Curso de Análise Estrutural, Volume 1, 8º edição, José Carlos Süssekind, Ed. Globo, 1991.
6. Resistência dos Materiais, 2º edição, Ferdinand P.Beer / E. Russell Russell Johnston Jr., Ed.
Mc Graw Hill, 1989.
7. Resistência dos Materiais, 3º edição, Ferdinand P.Beer / E. Russell Russell Johnston Jr., Ed.
Mc Graw Hill, 1995.
11. Estruturas Metálicas, Cálculos, Detalhes, Exercícios e Projetos, Antonio Carlos da Fonseca
Bragança Pinheiro, Ed. Edgard Blücher, 2001.
12. Estruturas de Aço, 7º edição, Walter Pfeil e Michele Pfeil, Ed. LTC,2000.
55