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FUNDAMENTOS DE FÍSICA

AULA 2

Prof. César Chiesorin Baganha


CONVERSA INICIAL

Bem-vindo à nossa disciplina! Os conhecimentos de básicos de física


possibilitam um entendimento amplo do mundo em que vivemos, e fazem com
que enxerguemos o mundo à nossa volta com outros olhos. Esperamos que
aproveite esta aula. Vamos começar?

CONTEXTUALIZANDO

Movimento e força fundamentam duas das principais análises da física: a


cinemática e a dinâmica clássica. Essas formulações do movimento eram tão
resolvidas que, por mais de duzentos anos, foram tratadas sem contraposição,
até por volta de 1905, quando as ideias de relatividade especial começaram a
despontar. Hoje em dia todos os mecanismos de máquinas e aplicações em
engenharia usam as ideias de mecânica clássica para interpretar os esforços e
solicitações em vigas e estruturas. Devido à sua grande importância nas diversas
áreas do conhecimento, iniciamos agora um estudo sobre a cinemática e
dinâmica de corpos.

TEMA 1 – CINEMÁTICA: CONCEITOS, MOVIMENTOS E VETORES

O estudo da cinemática do movimento consiste na análise do espaço


percorrido e do deslocamento de um corpo, com sua velocidade e aceleração.
No caso cinemático, interessa o movimento dos corpos, mas não
necessariamente é importante saber as causas de tais movimentos. Quando
vemos um carro se deslocando em uma rua, uma rocha rolando sobre uma
ladeira ou um lançamento de projétil, estamos interessados no movimento
descrito pelo corpo. Até podemos ter uma ideia do que causou o movimento,
mas nesse momento só nos interessa a cinemática do corpo em estudo.
A base do estudo da cinemática de um corpo é fundamentada na ideia de
um referencial. O referencial é um ponto ou uma localização no espaço ao qual
será definido um ponto zero no estudo do movimento. Uma pessoa observando
um carro se deslocando na rua pode ser um referencial. Uma pessoa correndo
pode ser exemplo de um referencial em movimento. Na Figura 1, tem-se um
referencial que se refere ao ponto inicial de saída do avião e à linha tracejada
corresponde a trajetória gerada por ele.

2
No referencial, é colocado o sistema de coordenadas do corpo se
deslocando, ou da distância entre esses corpos.

Figura 1 – Conceito de trajetória

Crédito: Oleksandr Vasyliev/Shutterstock.

A Figura 2 apresenta o lançamento de três projéteis com velocidades


iniciais diferentes. Nesse caso, o referencial é comum aos três, e por isso é
possível comparar as trajetórias dos três projeteis de acordo com as linhas
pontilhadas. Esse referencial comum apresenta agora um eixo na direção
horizontal e um eixo na direção vertical. Esses eixos correspondem aos eixos
coordenados ou ao sistema de coordenadas. O sistema de coordenadas mais
utilizado é similar ao que se apresenta na Figura 2, e refere-se aos eixos
cartesianos, lineares. Neste curso introdutório, vamos abordar na maioria das
vezes o referencial cartesiano, porém também são comuns em física os
referenciais polares (2D), cilíndrico (3D) e esférico (3D).

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Figura 2 – Referencial com sistema cartesiano para o lançamento de três
projéteis com velocidades iniciais diferentes.

Crédito: Titov Nikolai/Shutterstock.

De acordo com o sistema cartesiano, é possível ter, fisicamente, três eixos


perpendiculares entre si; pode-se descrever movimentos em uma, duas e até
nas três direções simultaneamente. Um exemplo de eixos cartesianos
bidimensionais é apresentado na Figura 3. Note que podem ser aplicáveis
valores positivos e negativos a esses sistema de coordenadas, e a resolução da
escala pode se dar de acordo com os números reais ℜ.

Figura 3 – Exemplo de um Plano Cartesiano bidimensional

Crédito: Yu_Peri/Shutterstock.

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Geralmente são atribuídas as coordenadas “x” para a direção horizontal,
“y” para a coordenada na direção vertical e “z” para a coordenada que está
entrando no quadro. Nos sistemas ditos dextrogiros, a direção positiva do eixo
“z” é obtida por meio da regra da mão direita. Apontando o dedo indicador na
direção “x”, ao mesmo tempo em que aponta o dedo médio na direção “y”, o
sentido positivo do “z” é obtido pela direção que o polegar aponta. No caso da
Figura 3, o eixo “z” positivo estaria saindo do papel. Os valores de “z” negativos
seriam no sentido da entrada no papel.
É comum representar um ponto qualquer do espaço por (x,y,z). A Figura
4 apresenta uma trajetória desenvolvida por um corpo. Com base no referencial
e no sistema de coordenadas, pode-se obter tanto o espaço percorrido quanto
o deslocamento da partícula.
O espaço percorrido corresponde à soma de toda a trajetória feita pelo
corpo. Se toamos o exemplo da figura 4, até o ponto A5 a partícula descreveu
um movimento retilíneo; com base nos eixos coordenados, pode ser medido o
seu espaço percorrido por meio do Teorema de Pitágoras. Assim, até a posição
A5 o espaço percorrido da partícula é dado por 5√2 unidades de comprimento.
No caso do deslocamento, o que importa seria o ponto inicial e o ponto
final da trajetória. Assim, o ponto inicial da trajetória é P1(0,0) e o ponto final da
trajetória é P5(5,5). O deslocamento será dado por P5-P1 = (5,5) – (0,0) = (5,5).
Como trata-se de um problema bidimensional, a linha reta que une esses dois
pontos corresponde ao deslocamento. Nesse caso, o módulo do deslocamento
vale o mesmo que o valor do espaço percorrido, ou seja, 5√2.

Figura 4 – Espaço percorrido e deslocamento no plano 2D

Crédito: Yu_Peri/shutterstock.

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Por exemplo: com base na trajetória da Figura 1, considerando um
sistema de coordenadas cartesianos na posição de saída do avião, explique o
que seria o espaço percorrido por ele e o seu deslocamento. Solução: se for
inserido um sistema de coordenadas cartesianas no ponto de saída do avião, o
espaço percorrido seria todo o caminho que ele fez durante a viagem, enquanto
que o deslocamento se refere à linha reta que une o início da viajem com a
posição atual do avião. As manobras que ele realizou durante o percurso não
são contabilizadas, mas apenas a distância entre o ponto inicial e final da
trajetória.

1.1 Movimentos unidimensionais

Os movimentos unidimensionais são muito recorrentes no curso de física,


o que simplifica o estudo do movimento. Uma caixa sendo arrastada, um carro
se deslocando ao longo do tempo, uma mola sendo contraída são exemplos de
movimentos unidimensionais. Nesse caso, o plano cartesiano 1D corresponde
somente ao eixo “x”, enquanto a partícula ou corpo rígido se desloca nesse eixo.
Um deslocamento de uma partícula num plano cartesiano 1D é dado por:

∆𝑥𝑥 = 𝑥𝑥𝑓𝑓 − 𝑥𝑥𝑖𝑖 ,

Em que 𝑥𝑥𝑓𝑓 corresponde à posição final do corpo e 𝑥𝑥𝑖𝑖 à posição inicial do


corpo.
Considerando que a posição inicial e 𝑥𝑥𝑖𝑖 do corpo corresponde a um tempo
𝑡𝑡𝑖𝑖 , e o instante de tempo que o corpo está em 𝑥𝑥𝑓𝑓 é 𝑡𝑡𝑓𝑓 , pode-se considerar a
velocidade média vm como o deslocamento dividido pelo intervalo de tempo
∆𝑡𝑡 = 𝑡𝑡𝑓𝑓 − 𝑡𝑡𝑖𝑖 :

∆𝑥𝑥 𝑥𝑥𝑓𝑓 − 𝑥𝑥𝑖𝑖


𝑣𝑣𝑚𝑚 = =
∆𝑡𝑡 𝑡𝑡𝑓𝑓 − 𝑡𝑡𝑖𝑖

Note que, como a velocidade é dependente das posições final e inicial


apenas, no intervalo de tempo ∆𝑡𝑡 o valor da velocidade representa somente uma
noção da velocidade de um corpo em movimento.
Por exemplo: um motorista de ônibus parte da cidade de Curitiba em
direção à cidade de São Paulo, a uma distância de 410 km em linha reta. Ele
inicia a viagem às 8:00 da manhã. As 11:00 da manhã ele faz uma pausa de 30

6
minutos, continuando a viagem até as 14:30, quando finalmente chega a São
Paulo. Com base nessas informações, qual foi a velocidade média que o
motorista percorreu durante este trajeto?
Solução: Utilizando a equação da velocidade média, o deslocamento do
motorista depende apenas dos pontos inicial e final da trajetória. Assim,
considerando que em Curitiba o ponto inicial é zero, a posição final é em 410 km.
Assim: ∆𝑥𝑥 = 423,7 km.
O tempo total do trajeto deve contar também o tempo em que ele ficou
parado. Ele iniciou a viagem às 8:00 e chegou às 14:30. Logo, o tempo que ele
levou para chegar foi de 6 horas e 30 minutos. Perceba que 6 horas e 30 minutos
1
não equivale a 6,3 horas! Por fração, temos que o total em horas foi de 6 + 2 =
12 1 13
+2= h = 6,5 h.
2 2

Assim, a velocidade média do ônibus foi de:

∆𝑥𝑥 410
𝑉𝑉𝑚𝑚 = = = 63,1 km/h
∆𝑡𝑡 6,5

No SI, a velocidade é medida em metros/segundo.


A velocidade medida no velocímetro do automóvel é diferente da
velocidade média. A velocidade instantânea “v” é uma medida associada ao
deslocamento do eixo do virabrequim do automóvel em intervalos de tempo
muito próximos, tomando intervalos de tempo ∆𝑡𝑡 muito próximos de zero e
fazendo associação com o deslocamento do automóvel.
Movimento Retilíneo Uniforme MRU
A posição em cada instante de tempo de um corpo se deslocando ao
longo de uma reta com velocidade instantânea v constante é dada por
𝑥𝑥(𝑡𝑡) = 𝑥𝑥0 + 𝑣𝑣𝑚𝑚 ∙ 𝑡𝑡
Em que 𝑥𝑥(0) = 𝑥𝑥0 .
Exemplo: Um móvel se desloca ao longo de uma linha reta com
velocidade média de 1 m/s. Considerando que a posição inicial dele é em 𝑥𝑥0 =
0, qual será a posição deste móvel em t=1s, 2s, e t=100s?
Solução: x(t) é uma função do tempo, assim, substituindo os valores de
tempo na equação do MRU, tem-se que
𝑥𝑥(1) = 0 + 1 ∙ 1 = 1m
𝑥𝑥(2) = 0 + 1 ∙ 2 = 2m

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𝑥𝑥(100) = 0 + 1 ∙ 100 = 100m
Exemplo: Um gato corre na calçada a velocidade de 0,7m/s constante e
faz um movimento retilíneo e uniforme. Se ele consegue manter esta velocidade
constante por 10s, qual será o deslocamento total do animal?
Solução: O deslocamento do gato é dado por ∆𝑥𝑥 = 𝑥𝑥(𝑡𝑡) − 𝑥𝑥0
Com isso, passando o valor de 𝑥𝑥0 da equação de MRU para a esquerda
da igualdade
𝑥𝑥(𝑡𝑡) − 𝑥𝑥0 = +𝑣𝑣𝑚𝑚 ∙ 𝑡𝑡
∆𝑥𝑥 = +0,7 ∙ 10 = 7 m
Perceba que não é preciso dar a informação da posição inicial do gato
para determinar o seu deslocamento em linha reta.

1.2 Movimento Retilíneo e Uniformemente Variado MRUV

Outro exemplo comum em física são os movimentos de corpos com


velocidade uniformemente variada. Enquanto que no caso do MRU a velocidade
é constante e a posição final é uma função linear ao longo do tempo, no caso do
movimento uniformemente variado quem aumenta (ou diminui) linearmente é a
velocidade. A variação da velocidade em função do tempo é a aceleração “a” do
sistema. No caso de uma aceleração constante, fica indicado que a variação da
velocidade foi linear:

∆𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑓𝑓 − 𝑣𝑣𝑖𝑖


𝑎𝑎 = =
∆𝑡𝑡 𝑡𝑡𝑓𝑓 − 𝑡𝑡𝑖𝑖

Consideramos que 𝑣𝑣𝑓𝑓 é a velocidade final, 𝑣𝑣𝑖𝑖 a velocidade inicial e 𝑡𝑡𝑓𝑓 − 𝑡𝑡𝑖𝑖 o
o intervalo de tempo entre o tempo final e inicial da medida da velocidade. No
sistema internacional, a aceleração tem dimensão de m/s2.
Vejamos um exemplo. Um carro parte do repouso e alcança uma
velocidade de 30 m/s em um intervalo de tempo de 15s. Considerando que a
velocidade foi aumentada uniformemente, qual foi a aceleração constante
utilizada? Solução: Se o carro parte do repouso, sua velocidade inicial é zero. O
intervalo de tempo de 15s corresponde ao ∆𝑡𝑡 usado no movimento acelerado.
Assim, a aceleração é dada por:

30 − 0
𝑎𝑎 = = 2 m/s2
15

8
No caso de um MRUV, a função horária da posição do corpo é dada por:

𝑎𝑎 ∙ 𝑡𝑡 2
𝑥𝑥(𝑡𝑡) = 𝑥𝑥𝑖𝑖 + 𝑣𝑣𝑖𝑖 ∙ 𝑡𝑡 +
2

Temos que 𝑥𝑥𝑖𝑖 é a posição inicial do móvel, 𝑣𝑣𝑖𝑖 a velocidade inicial do móvel,
𝑎𝑎 é a aceleração e 𝑡𝑡 o tempo.
Por exemplo: considerando o carro do exemplo anterior, qual foi o
deslocamento durante os 15 segundos? Solução: O carro parte do repouso,
então a velocidade inicial 𝑣𝑣𝑖𝑖 é nula. O deslocamento do carro é dado por ∆𝑥𝑥 =
𝑥𝑥(𝑡𝑡) − 𝑥𝑥𝑖𝑖 . Assim, substituindo valores na função horária temos:

2 ∙ 152
𝑥𝑥(15) − 𝑥𝑥𝑖𝑖 = 0 ∙ 15 +
2
2 ∙ 152
∆𝑥𝑥 = + = 225 m
2

1.3 Grandezas escalares e vetoriais

Uma grandeza física é dita um escalar quando é caracterizada


plenamente apenas por uma análise da sua magnitude. A massa de um corpo é
a mesma se vista de qualquer direção. A temperatura de uma sala também é
uma grandeza escalar, pois dado um valor de temperatura, já é suficiente para
caracterizá-la. O volume de uma substância também é uma grandeza escalar,
pois caracteriza a substância independentemente de onde ela esteja.
Uma grandeza física é vetorial se, para poder caracterizá-la
adequadamente além da intensidade ou de seu módulo, ainda é necessário dizer
a sua direção e seu sentido. A velocidade de um corpo pode ter módulo de 10
m/s, porém isso o caracteriza perfeitamente, pois além da magnitude a direção
e o sentido da velocidade devem ser determinados. Assim, velocidade é uma
grandeza vetorial. A força aplicada a um objeto também corresponde a uma
grandeza física vetorial – nela, além do seu módulo, é necessário determinar o
sentido e a direção de aplicação.

TEMA 2 – DINÂMICA: TIPOS DE FORÇAS, TIPOS ENERGIAS E LEI DA


CONSERVAÇÃO

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A aplicação de uma força sobre um corpo é o motivo de ele apresentar
um deslocamento. Nesse caso, o estudo da dinâmica do corpo pode prever o
sentido do movimento, e um resultado de muitas forças aplicadas sobre ele gera
um deslocamento resultante, que pode ser tratado pela cinemática do corpo.
As forças que atuam em um corpo podem ser forças de contato, que se
referem a uma interação entre um agente que está aplicando a força para uma
agente que está recebendo esta força, como também há as forças de superfície,
bastante utilizadas em mecânica de fluidos, que correspondem a forças
distribuídas na superfície ou volume de controle. Por fim, há forças de ação a
distância, quando os campos de força provenientes de determinada substância
interagem a longa distância com os agentes que recebem essa força, sem que
haja necessariamente uma interação.
Issac Newton, no seu livro Principia, descreveu as suas leis da mecânica
clássica e da gravitação universal, tomando por base algumas ideias
desenvolvidas por Galileu Galilei. Apesar do conceito de força já existir, a
definição de força “F” como uma variação da quantidade de movimento de um
corpo implicou grandes avanços da mecânica clássica. Vejamos a equação:

𝐹𝐹⃗ = 𝑚𝑚𝑎𝑎⃗

É utilizada para descrever um corpo de massa “m” invariante no tempo,


que fica sujeito a uma aceleração “a”, vetorial. A unidade de força no sistema
internacional é o Newton “N” e 1N = 1kg.m/s2 .
No caso de um sistema de forças, a força resultante aplicada sobre um
corpo corresponde a:

F���=Σ�=��𝐹𝐹⃗𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟= 𝛴𝛴𝐹𝐹⃗ = 𝑚𝑚𝑎𝑎⃗

O somatório das forças vetorialmente é o produto da massa pela


aceleração. Essa equação também é válida para sistemas em que a massa não
varia com o tempo. A aceleração obtida já é a aceleração que o corpo adquire
devido à aplicação das forças.
Com base nessa equação, pode-se notar que, se a aceleração de um
corpo é nula, não existe força atuando sobre ele; assim:

𝐹𝐹⃗ = �0⃗

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O corpo pode estar parado ou em um movimento retilíneo e uniforme,
com velocidade constante. No caso em que se tem uma resultante das forças 𝐹𝐹⃗
como um vetor constante,

𝐹𝐹⃗ = 𝑚𝑚𝑎𝑎⃗,

a aceleração 𝑎𝑎⃗ é um vetor constante sobre a massa m e o corpo está se


deslocando em um movimento uniformemente variado.
Por exemplo. Uma caixa de massa m= 50kg está sendo empurrada para
a direita por uma força de 50N, porém, a força de atrito atuando sobre a caixa é
de 20 N constante também. Com qual aceleração a caixa está se deslocando?
Vejamos a solução, com base na seguinte equação:

𝐹𝐹⃗𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟= Σ𝐹𝐹⃗ = 𝑚𝑚𝑎𝑎⃗

A força de 50N está para a direita, enquanto que a força de atrito tenta
resistir a esse movimento da caixa com uma magnitude de 20N, que está para a
esquerda. Tratando esse problema unidimensionalmente, as forças atuando
nesse corpo estão na horizontal.
Assim, considerando o sentido positivo de aplicação da força para a
direita, o somatório das forças vetorialmente é:

Σ𝐹𝐹⃗ = +50 − 20 = 30 N

Ou seja, 30 N é o resultado da soma de forças atuando no corpo no


sentido positivo adotado. Assim, para determinar a aceleração, basta dividir
esse valor pela massa da caixa:

30
= 𝑎𝑎⃗ = 0,6 m/s2
50

Logo, a aceleração é positiva; ela está na direção do sentido positivo


adotado, que era positivo para a direita. E é também uma aceleração constante.
Pode-se determinar a cinemática desse movimento agora, utilizando as
equações de um movimento retilíneo uniformemente variado ou a equação de
Torricieli:

𝑣𝑣 2 = 𝑣𝑣𝑖𝑖2 + 2𝑎𝑎Δ𝑥𝑥

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Compara-se diretamente a mudança quadrática nas velocidades em
termos do deslocamento gerado pelo corpo. Essa equação não depende
explicitamente do tempo.

2.1 Tipos de Força

Os tipos de força encontrados na natureza de ação a distância,


provenientes de campos, são a força gravitacional, a força elétrica e a força
magnética. Associadas a essas forças, sempre existem campos de forças que
fazem a interação de um corpo com um corpo ou carga teste.
Também existem as forças de contato, entre as quais pode-se citar a
força de atrito, a força normal e a de tração. É necessária uma interação direta
entre as partes, para que ocorra a aplicação da força.

2.2 Energia

O conceito de energia é bastante difícil de ser explicado, apesar de ser


muito utilizado. A energia surge como uma característica de um dado sistema,
uma propriedade intrínseca sua. Mas a definição de que a energia de um corpo
é a capacidade que tem de realizar trabalho pode ser útil, pois nesse caso existe
um consumo de energia disponível para se realizar esse trabalho.
As forças podem gerar trabalho. Por definição, o trabalho “W” de uma
força constante 𝐹𝐹 é dado por:

𝑊𝑊 = 𝐹𝐹 ∙ ∆𝑥𝑥 ∙ cos(𝜃𝜃).

F é a força, ∆𝑥𝑥 o deslocamento, e 𝜃𝜃 o ângulo que a força F faz com a


direção do deslocamento. A unidade de trabalho e energia no SI é o Joule “J”,
que equivale a 1 newton vezes metro “N.m”.

2.3 Energias associadas ao movimento

Um corpo em movimento tem uma energia associada que é conhecida


como energia cinética. Essa energia tem equação dada por:

1
𝐸𝐸𝑐𝑐 = 𝑚𝑚𝑣𝑣 2
2

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Como a energia cinética é uma característica do movimento de um corpo,
se por algum motivo existe a variação da energia cinética, pode-se provar que
essa variação é igual ao trabalho realizado por ele. Assim, tem-se o teorema da
energia cinética:

𝑊𝑊 = ∆𝐸𝐸𝑐𝑐 = 𝐸𝐸𝑐𝑐 𝐹𝐹 − 𝐸𝐸𝑐𝑐 𝑖𝑖

Vejamos um exemplo. Um carro de 900 kg acelera a uma velocidade v1=


10 m/s para uma velocidade v2=30 m/s em 10 segundos. Calcule o trabalho
realizado pelo motor para obter essa mudança de velocidade. A solução é dada
de maneira direta pela equação do teorema trabalho-energia cinética:

1 1
𝑊𝑊 = ∆𝐸𝐸𝑐𝑐 = 𝑚𝑚𝑣𝑣𝐹𝐹2 − 𝑚𝑚𝑣𝑣𝑖𝑖2
2 2
1 1
𝑊𝑊 = 900 ∙ 302 − 900 ∙ 102 = 360kJ
2 2

Ou seja, o trabalho realizado pelo motor para acelerar o carro de 10 a 30


m/s corresponde a 360.000 J.

2.4 Energia potencial

A energia cinética de um corpo está relacionada com a velocidade com


que ele está se deslocando. Essa seria uma energia característica da partícula
ou corpo. No caso da energia potencial, o meio no qual este corpo está imerso
pode também transferir energia para ele. Por exemplo, uma montanha russa que
transforma energia potencial da altura que o carrinho chega em velocidade para
o carrinho. Uma mola armazena energia potencial que pode ser convertida em
energia cinética de um corpo sobre a mola; ao mesmo tempo, pode amortecer
uma queda. A força gravitacional realiza uma energia potencial para um corpo
que esteja a ponto de cair em queda livre.
Quando uma força é independente da trajetória que faz, apenas dos
pontos inicial e final, ela é dita como força conservativa. Forças que são
conservativas independem do tempo e da trajetória, e não têm perdas.
Forças dissipativas reduzem a energia do sistema, fazendo com que parte
da energia inicial seja perdida. Isso acontece quando as forças dependem do
tempo ou quando os potenciais dependem da velocidade de deslocamento.
Um exemplo de energia potencial conservativa é o potencial gravitacional:

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𝐸𝐸𝑝𝑝 = 𝑚𝑚𝑚𝑚ℎ

Temos que m corresponde à massa do corpo, g é a gravidade local e h é


a distância entre os pontos inicial e final da trajetória. Por exemplo: uma massa
de 500g é solta em queda livre de uma altura de 50m. Qual é a energia potencial
gravitacional a que essa massa foi submetida?
Vejamos a solução. Com base na equação da energia potencial, temos:

𝐸𝐸𝑝𝑝 = 0,5. 9,8.50 = 245 J

Somente o fato de colocar a massa a uma distância de 50m já é suficiente


para que ela tenha uma energia potencial associada.

2.5 Conservação da energia mecânica

Em sistemas ditos conservativos, nos quais os trabalhos só dependem do


ponto inicial e final, as forças independem do tempo; a soma da energia cinética
com a energia potencial de um dado sistema deve permanecer constante.
Definimos a energia mecânica de um sistema como:

𝐸𝐸𝑀𝑀 = 𝐸𝐸𝑐𝑐 +𝐸𝐸𝑝𝑝

A energia mecânica total é conservada. Assim, uma mudança na energia


cinética irá alterar a energia potencial de forma, que a soma das energias
potencial e cinética de um corpo permanece a mesma. Assim:

∆𝐸𝐸𝑚𝑚 = 0

Para forças conservativas:

∆𝐸𝐸𝑚𝑚 = 𝑊𝑊𝐹𝐹𝐹𝐹

Para forças dissipativas, a energia mecânica média não é mais constante.


Como exemplo, vamos considerar o problema anterior da massa de 500g
sendo solta de uma altura de 50m. Com base na conservação da energia
mecânica total, mostre qual a velocidade com que a partícula cairá no chão.
Solução: Com base na conservação da energia mecânica:

∆𝐸𝐸𝑚𝑚 = 0

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𝐸𝐸𝑚𝑚2 − 𝐸𝐸𝑚𝑚1 = 0
𝐸𝐸𝑚𝑚2 = 𝐸𝐸𝑚𝑚1
𝐸𝐸𝑐𝑐2 + 𝐸𝐸𝑝𝑝2 = 𝐸𝐸𝑐𝑐1 + 𝐸𝐸𝑝𝑝1

Como o sistema tinha apenas energia potencial inicialmente, e quando a


massa chega ao chão toda a energia é cinética, tem-se:

𝐸𝐸𝑐𝑐2 + 0 = 0 + 𝐸𝐸𝑝𝑝1
1
𝑚𝑚𝑣𝑣𝐹𝐹2 = +𝑚𝑚𝑚𝑚ℎ
2

Simplificando a massa, tem-se que a velocidade final da partícula quando


toca o chão é dada por:

𝑣𝑣𝐹𝐹2 = 2𝑔𝑔ℎ
𝑣𝑣𝐹𝐹2 = 2.9,8.50
𝑣𝑣𝑓𝑓 = 31,30 m/s

Ou seja, uma velocidade de aproximadamente 113 km/h!

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TEMA 3 – DINÂMICA: GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

A teoria heliocêntrica proposta pro Nicolau Copérnico era muito mais


satisfatória do que o modelo geocêntrico, segundo o qual todos os astros
giravam em torno da Terra. Os trabalhos de Copérnico e posteriormente de
Kepler, associados com a explicação da gravitação universal por Newton,
conseguiam explicar de maneira satisfatória por que as estrelas estavam mais
distantes de acordo com os períodos do ano. Kepler realizou uma serie de
experimentos para mostrar que a terra girava em torno do sol. Como conclusão,
apontou três leis que foram denominadas de leis de Kepler e provadas por
Newton.
A primeira lei de Kepler é conhecida como lei das órbitas: as órbitas que
os planetas fazem não são circulares, mas sim elípticas. Com essa teoria, o
modelo heliocêntrico ganha mais força; uma explicação mais detalhada das
trajetórias elípticas concordava mais com os experimentos do que apenas as
órbitas circulares.
A segunda lei de Kepler corresponde à lei das áreas: um planeta percorre
áreas iguais em tempos iguais. Com base na Figura 5, é possível ver que as
áreas A1 e A2 são iguais para um período de tempo igual: ∆𝑡𝑡1 = ∆𝑡𝑡2 .

Figura 5 – Segunda lei de Kepler

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A terceira lei de Kepler é conhecida como a lei dos períodos: o quadrado
do período “T” de translação de um planeta em torno do Sol é proporcional ao
raio médio elevado ao cubo da orbita deste planeta.
Assim, temos:

𝑇𝑇 2 ∝ 𝑟𝑟𝑚𝑚3

É possível relacionar as trajetórias dos planetas ao redor do sol


considerando o sol não como sendo o centro, mas ocupando um dos focos de
uma elipse. A Figura 6 exemplifica essa lei Kepler.

Figura 6 – Geometria da terceira lei de Kepler

Com base nas teorias de Kepler e na ideia de forças de ação a distância,


Newton escreve o livro Principia, mostrando as teorias sobre as leis de Kepler,
além de apresentar seu estudo sobre forças gravitacionais.
A lei da Gravitação Universal de Newton sugere que existe uma força de
atração entre as massas, e que a intensidade da força gravitacional é
proporcional ao quadrado das massas e inversamente proporcional ao quadrado
da distância entre elas.

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Figura 7 – Idealização da força atrativa entre astros aplicada a lei da gravitação
universal de Newton

Em formulação matemática:

𝑀𝑀1 ∙ 𝑀𝑀2
𝐹𝐹 = 𝐺𝐺
𝑅𝑅 2

G corresponde à constante gravitacional e tem valor de

−11
𝑚𝑚2
𝐺𝐺 = 6,67. 10 𝑁𝑁. 2
𝑘𝑘𝑘𝑘

M1 e M2 são as massas dos corpos e R2 é a distância entre eles.


Com base na equação de Newton, é possível determinar a aceleração da
gravidade por fazer:
𝑀𝑀𝑇𝑇 ∙ 𝑚𝑚
𝐹𝐹 = 𝐺𝐺
𝑅𝑅𝑇𝑇2
MT é a massa da Terra e RT o raio da Terra. Assim, um corpo m que está
sob a superfície da Terra será associado a uma força gravitacional:

𝐹𝐹 = 𝑚𝑚. 𝑔𝑔

Corresponde à força peso do material, considerando que g é a aceleração


da gravidade. No nível do mar, a gravidade corresponde a g=9,789 m/s2.
Exercício: Considerando valores para a massa da terra e raio da terra,
mostre qual é o valor da aceleração da gravidade terrestre para uma distância
de 100 Km somado ao raio da Terra. Quando a aceleração da gravidade da Terra
será zero?

TEMA 4 – EQUILÍBRIO DOS CORPOS

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Como um arranha-céu não cai por efeitos de ventos e deslocamentos de
terra? Qual a necessidade de uso de treliças para montar pontes e estruturas?
O que evita que um eixo mecânico sob rotação não entorte devido aos esforços?
A resposta para todas essas perguntas está no ramo da física conhecido como
estática. Nela são tratados o equilíbrio dos corpos e limites de força para que
estruturas não caiam, nem rotacionem. No caso de estática, o equilíbrio dos
corpos é mantido se a soma de forças for nula, e se o somatório de torques
também o for, para evitar momentos de giro.

4.1 Condições de equilíbrio de corpos rígidos

Se pensarmos que, para que um corpo rígido esteja em equilíbrio, a força


resultante sobre ele deve ser nula, estaremos corretos, pois no caso estaremos
pensando em mudanças de aceleração possíveis para esse corpo. Porém, se as
forças opostas não são colocadas no mesmo ponto, o corpo material poderá
apresentar um braço de giro, ou seja, a força aplicada em uma posição do corpo
pode fazer com que haja um torque sobre o corpo. Mesmo cancelando-se as
forças, os torques podem rotacionar o corpo. Assim, a condição de equilíbrio
de corpos diz que a somatória vetorial das forças deve ser nula e qie a
somatória dos torques também deve ser nula.

Σ𝐹𝐹⃗ = �0⃗
�⃗ = �0⃗
Σ𝑇𝑇

Essas são as condições da estática. Pode-se definir um equilíbrio estático


e um equilíbrio dinâmico a um corpo rígido. Quando a somatória de forças de
um corpo é nula, o corpo pode estar se movendo em velocidade constante
“v=constante” ou parado “v=0”.
Quando o corpo se desloca com velocidade constante, dizemos que ele
apresenta um equilíbrio dinâmico. No caso do corpo parado, dizemos que ele
apresenta um equilíbrio estático. O equilíbrio estático é particularmente
importante para a construção de pontes, viadutos e arranha-céus, para
estabilizar sistemas e prever falhas e manutenções requeridas em sistemas
mecânicos. O equilíbrio dinâmico é interessante para a determinação de
sistemas de referência e referenciais inerciais.

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Quando a somatória dos torques é nula, o corpo pode estar se
movendo com velocidade angular “𝝎𝝎= constante” ou parado, “𝝎𝝎= 0”.
O torque sobre um corpo relaciona um braço de giro, e é responsável pela
rotação do corpo. Se temos um equilíbrio dinâmico, a velocidade angular do
corpo rígido é constante e ele está rotacionando sobre o eixo com velocidade
angular constante. No caso de um equilíbrio estático, o corpo rígido não tende a
girar. Resumindo, as condições de equilíbrio são:

• Equilíbrio estático

o “v”= 0 e 𝜔𝜔 = 0

• Equilíbrio dinâmico

o “v”= constante e/ou 𝜔𝜔 =constante.

20
TEMA 5 – FLUIDOS EM REPOUSO

Os fluidos em repouso são tratados com princípios da hidrostática –


apesar do nome, não estão relacionados apenas com água. Óleos, gases, água,
vapores e até vidros são considerados fluidos; a hidrostática trabalha com as
pressões e forças de volume e de área geradas por esses fluidos. Alguns termos,
como a densidade e a massa específica de um fluido, são abordados aqui, bem
como o conceito de pressão e empuxo; são bastante importantes para o estudo
de corpos flutuantes, como regiões interessantes para se colocar uma piscina,
até os níveis jusante e montante de barragens.

5.1 Densidade e massa específica

Em física, a densidade de um corpo corresponde a uma relação


matemática entre a massa total dividida pelo volume ocupado pelo corpo.

𝑀𝑀 𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑑𝑑 = � �
𝑉𝑉 𝑚𝑚3

No SI, a unidade de densidade corresponde a kg/m3.


Essa relação corresponde a uma densidade média do objeto a ser
medido, pois refere-se aos valores totais de massa e de volume do corpo. Essa
equação é bastante significativa para corpos com uma distribuição homogênea
de massa pela sua superfície. Agora, considerando corpos com uma massa
dependente da posição no interior do objeto, é interessante utilizar o conceito de
massa específica 𝜇𝜇 do corpo. Ela corresponde a uma medida do valor de um
elemento de massa dentro do sólido dividida pelo elemento de volume que a
massa de objeto ocupa no interior do sólido. O conceito de massa específica é
bastante importante para a mecânica de fluidos. Matematicamente, pode-se
escrever a massa específica de um corpo como:

𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜇𝜇 =
𝑑𝑑𝑑𝑑

Temos que 𝑑𝑑𝑑𝑑 corresponde a um elemento de massa e 𝑑𝑑𝑑𝑑 é o elemento


de volume correspondente. Para meios homogêneos, a densidade e a massa
específica são iguais.

21
5.2 Pressão

Quando uma força é aplicada sobre uma superfície, ela tende a ser
distribuída sobre a área da superfície. No caso mais comum, considera-se que
ela se distribui uniformemente sobre a superfície. Esse conceito de pressão é
muito importante na análise de corpos rígidos e na mecânica de sólidos, e
também para a fluídica e mecânica de fluidos. Define-se então a pressão ”p”
como sendo a força “F” distribuída sobre uma área “A” da superfície de um meio
material:

𝐹𝐹 𝑁𝑁
𝑝𝑝 = � �
𝐴𝐴 𝑚𝑚2

No sistema internacional, a pressão é dada em N/m2, que equivale a 1


Pascal “Pa”.

5.3 Fluidos

A definição de fluidos considera a capacidade desses meios materiais de


se adaptar a um reservatório. Enquanto sólidos apresentam uma forma definida,
um fluido se adapta ao formato do recipiente de maneira homogênea.
Exemplos de fluidos são gases, vapores e líquidos.

5.4 Pressão desenvolvida por fluidos

Vamos considerar um fluido em um recipiente, conforme mostra a figura


a seguir.

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Figura 8 – Pressão sobre um fluido

A pressão sobre as paredes do reservatório provenientes desse fluido é


isostática. No caso do fundo do recipiente, a pressão gerada pelo fluido
corresponde ao seu peso.

𝐹𝐹 𝑚𝑚 ∙ 𝑔𝑔 𝜇𝜇 ∙ 𝑉𝑉 ∙ 𝑔𝑔 𝜇𝜇 ∙ (𝐴𝐴 ∙ ℎ) ∙ 𝑔𝑔
𝑝𝑝𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 = = = = = 𝜇𝜇 ∙ ℎ ∙ 𝑔𝑔
𝐴𝐴 𝐴𝐴 𝐴𝐴 𝐴𝐴

Temos que ℎ é a profundidade do fluido, ou altura do fluido a ser


calculada, 𝑔𝑔 é a aceleração da gravidade, A é a área da superfície circular do
fluido e 𝜇𝜇 é a massa específica do fluido.
Se imaginarmos que o reservatório de fluido da Figura 8 está aberto, além
da pressão do fluido sobre o fundo do recipiente, ainda existe a pressão
atmosférica 𝑝𝑝𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 que atua sobre ele. No nível médio dos mares, a pressão
atmosférica corresponde a:

𝑝𝑝𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 1,05. 105 Pa

Dessa forma, a pressão total 𝑝𝑝𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 sobre a superfície inferior do recipiente


corresponde a:

𝑝𝑝𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 = 𝑝𝑝𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 + 𝑝𝑝𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓


𝑝𝑝𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 = 𝑝𝑝𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 + 𝜇𝜇 ∙ 𝑔𝑔 ∙ ℎ

Uma escala bastante utilizada em mecânica de fluidos é a atmosfera.

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1 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 1,05. 105 Pa

Essa é a pressão da atmosfera no nível do mar.


Usando a equação acima para a pressão total, tem-se que a cada 10,7 m,
a pressão da água aumenta em 1 atm.
Exercício: Utilizar a equação acima para a pressão total, sabendo que a
massa específica da água a 20ºC e no nível do mar corresponde a 𝜇𝜇 = 103 kg/m3 ,
e que a aceleração da gravidade no local é 𝑔𝑔 = 9,8 m/s2. Mostre que a cada
10,7 metros a pressão da água aumenta 1 atm.

5.5 Princípio de Pascal

Os fluidos transmitem integralmente a pressão que recebem. Como


exemplo, temos a Figura 9, que demonstra tipos possíveis de expansão de uma
bexiga por um fluido. A expansão pode ser homogênea, com a pressão interna
do fluido igual à pressão atmosférica (caso da figura da esquerda), e a pressão
interna podendo ser maior do que a pressão externa (direita). Nesse caso, a
expansão da bexiga se dá de maneira não uniforme. O princípio de Pascal é
muito aplicado em prensas hidráulicas e em sistemas de direção de automóveis.

Figura 9 – Pressão em uma bexiga

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5.6 Empuxo

Você já notou que um objeto que está submerso em um líquido parece


ser mais fácil de trazer para a superfície do que se levantássemos esse mesmo
objeto no ar livre? Essa sensação é real, devido às pressões que o fluido faz no
corpo, que geram uma força total de reação conhecida como empuxo. Quando
colocamos um objeto em um recipiente contendo água, como por exemplo o
bloco amarelo da Figura 10, podem ocorrer três possíveis consequências. Na
primeira o bloco pode afundar, na segunda o bloco pode ficar flutuando mas
imerso no fluido e na terceira ele volta à superfície e fica boiando.

Figura 10 – Corpos flutuantes e empuxo

O empuxo 𝐸𝐸 faz com que seja possível a formação de um peso aparente


𝑃𝑃𝑎𝑎𝑎𝑎 no objeto. Quando colocamos um objeto no fluido, ele desloca uma
quantidade de fluido. O empuxo relacionado ao objeto relaciona-se ao peso do
líquido que foi deslocado por esse objeto.
Se o peso do objeto "𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 " for maior do que a força de empuxo ”𝐸𝐸”, o objeto
afunda. No caso em que o peso do objeto é igual ao do empuxo, ele fica
flutuando, ainda que submerso. E caso o peso do objeto seja menor do que o
empuxo, o objeto volta à superfície.
Resumindo:

• 𝑃𝑃𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑃𝑃 − 𝐸𝐸
• 𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 > 𝐸𝐸 − afunda

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• 𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = 𝐸𝐸 − flutua imerso
• 𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 < 𝐸𝐸 − volta a superfície

5.7 Teorema de Arquimedes

Arquimedes relacionou a flutuação de corpos com a sua densidade.


Assim, com base no que já foi mostrado, o empuxo 𝐸𝐸 correspode ao peso do
líquido deslocado:

𝐸𝐸 = 𝜇𝜇𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 ∙ 𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 ∙ 𝑔𝑔

𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 é o volume do líquido que foi deslocado pelo objeto, enquanto


𝜇𝜇𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 é a massa específica do líquido. O peso do objeto 𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 é dado por:

𝑃𝑃𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = 𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 ∙ 𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 ∙ 𝑔𝑔


𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 é o volume do objeto total, 𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 é a massa específica do objeto.
No caso do objeto estar submerso, o volume de líquido deslocado é o
mesmo do volume do objeto. Assim, usando as condições do objeto para
𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 , o critério de submersão deste objeto é:

 Afunda: 𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 > 𝜇𝜇𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙


 Flutua submerso: 𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = 𝜇𝜇𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙
 Volta a superfície: 𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 < 𝜇𝜇𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙

No caso em que o objeto flutua na superfície, 𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 < 𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 , tem-se:

𝜇𝜇𝑙𝑙í𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 ∙ 𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 ∙ 𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜

Que corresponde a:

𝜇𝜇𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
=
𝜇𝜇𝑙𝑙í𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜

Ou seja, para um corpo flutuante, o empuxo corresponde à fração do


𝑉𝑉𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
corpo que está submersa.
𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜

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FINALIZANDO

Nesta aula, trabalhamos os princípios da estática e da dinâmica, muito


importantes para as áreas de física e para as engenharias de maneira geral.
Trouxemos uma aplicação das leis de Newton e Kepler para determinação da
gravidade e da Gravitação Universal. Também fizemos uma brevíssima
introdução sobre a hidrostática e seus conceitos relativos. Obrigado pela atenção
e até a próxima!

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